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GOVERNO FHC 1º MANDATO (1995-1999) Fernando Henrique Cardoso é um sociólogo, professor e político brasileiro Serviu como 34º Presidente do Brasil de 1º de janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 2002 Foi o primeiro presidente brasileiro a ser reeleito para um mandato subsequente I N T R O D U Ç Ã O Um exímio estudioso da teoria da dependência conhecido por sua pesquisa sobre escravidão e teoria política O principal conceito da teoria da dependência é o de que existe uma relação de subordinação entre países no sistema capitalista Em uma posição de domínio estão as chamadas economias "centrais" -os países da Europa, Estados Unidos, Japão I N T R O D U Ç Ã O No restante do mundo, predominariam as economias "periféricas", os países da América Latina, África, boa parte da Ásia Os países de economia periférica foram, em geral, colônias dos países centrais ou então apresentaram um desenvolvimento tardio. Têm que importar capitais e tecnologia dos países centrais I N T R O D U Ç Ã O Ideis sistematizados por Fernando Henrique Cardoso e pelo sociólogo chileno Enzo Faletto no livro "Dependência e Desenvolvimento na América Latina“ (1966 e 1967) De maio de 1993 a abril de 1994, foi Ministro das Finanças e renunciou em abril de 1994 para lançar sua campanha presidencial Na eleição de 3 de outubro, ele conquistou a presidência no primeiro turno com 54% dos votos, mais que o dobro de seu adversário mais próximo, Luiz Inácio Lula da Silva I N T R O D U Ç Ã O PRESIDÊNCIA LINHAS GERAIS Sua presidência viu avanços institucionais na área de direitos humanos Criou uma secretaria nacional (1996) e um novo programa de governo, discutido com representantes da sociedade civil, para tratar do assunto. Em 2000, exigiu a divulgação de alguns arquivos militares confidenciais relativos à Operação Condor (1968- 1989), rede de ditaduras militares sul-americanas que sequestrou e assassinou oponentes políticos D I R E I T O S H U M A N O S FHC foi o primeiro presidente brasileiro a criar programas para enfrentar a desigualdade e a enorme lacuna entre ricos e pobres Ele iniciou os seguintes programas: Bolsa Escola, Auxílio Gás, Bolsa Alimentação e Cartão Alimentação Ruth Cardoso esboçou um plano para que as diferentes bolsas existentes fossem unificadas em torno de apenas um eixo – no caso, a família D E S I G U A L D A D E O governo Cardoso aprofundou o programa de privatizações lançado por Collor Várias empresas estatais em áreas como siderurgia, telecomunicações e mineração – p.ex, a Telebras e a Companhia Vale do Rio Doce A mais profunda desnacionalização da história brasileira P R I V A T I Z A Ç Õ E S Debate político polarizado entre “neoliberais” e “desenvolvimentistas” Ironicamente, desta vez Cardoso foi contra o último grupo, gerando alvoroço entre ex- colegas acadêmicos e aliados políticos que o acusavam de renegar seu trabalho intelectual anterior Os economistas ainda discutem sobre seus efeitos de longo prazo Melhor lucratividade X Aumento do desemprego e precarização do trabalho P R I V A T I Z A Ç Õ E S POLÍTICA EXTERNA Dada sua experiência anterior como Ministro das Relações Exteriores (1992-1993) e seu prestígio como um sociólogo de fama internacional Ele era respeitado no cenário mundial, construindo amizades com líderes como Bill Clinton e Ernesto Zedillo Sinalizava ao país a possibilidade de um futuro pródigo diante do mundo globalizado A S C E N S Ã O Segundo o próprio FHC, em texto publicado na Revista Brasileira de Política Internacional, em 2001 A política externa de seu governo foi orientada pela “democracia, estabilidade monetária e abertura de mercados” No entanto, esta autodefinição é reavaliada pelo historiador Amado Cervo A L I N H A M E N T O C O M O S E U A Observa que a política externa de FHC esteve mais preocupada, de fato, em corresponder às imposições internacionais Do que em promover os interesses brasileiros, abrindo mão, desta forma, de desenvolver uma política externa própria A L I N H A M E N T O C O M O S E U A Sua respeitabilidade internacional somada à confiança interna conquistada, sobretudo, através da estabilidade econômica Possibilitariam ao presidente FHC as condições ideais para a edificação de um novo conceito de diplomacia DIPLOMACIA PRESIDENCIAL D I P L O M A C I A P R E S I D E N C I A L “[...] condução pessoal de assuntos de política externa, fora da mera rotina ou das atribuições ex officio, pelo presidente, ou, no caso de um regime parlamentarista, pelo chefe de estado e/ou pelo chefe de governo”. DANESE, Sérgio França. Diplomacia Presidencial. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999. D I P L O M A C I A P R E S I D E N C I A L A estratégia relegou o Ministério das Relações Exteriores a um papel secundário na formulação da política externa do país Ao MRE não restou senão se ocupar dos aspectos técnicos e burocráticos das iniciativas políticas e econômicas decididas fora do ministério D I P L O M A C I A P R E S I D E N C I A L [...] não apenas a diplomacia presidencial passou a ocupar grande parte do debate e da informação sobre política externa, mas o próprio enfoque da política externa em geral passou a ser fortemente marcado pelo prisma da diplomacia presidencial, que começou a organizar a ação diplomática, como vetor e elemento que lhe dá coesão e sentido DANESE, S. Diplomacia Presidencial. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999. D I P L O M A C I A P R E S I D E N C I A L Quando o presidente tem uma participação pessoal, ativa, efetiva, na concepção e na execução da política externa Difere do tipo de diplomacia na qual o presidente conduz a política externa de modo institucional, protocolar, somente desempenhando as funções prescritas na Constituição Atenção a elementos que esta última não atenta, como a opinião pública, a ânsia por resultados, a projeção e a visibilidade em contraste com o anonimato dos diplomatas D I P L O M A C I A P R E S I D E N C I A L A diplomacia presidencial exercida por FHC foi importante para a expansão do universalismo na política externa brasileira Uma das marcas do Universalismo foi aprofundamento da presença do Brasil em várias áreas do mundo Cabe observar que João Figueiredo (1979-1985) também havia apostado numa política externa Universalista U N I V E R S A L I S M O Fernando Henrique Cardoso procurou privilegiar as alianças com as grandes potências Universalismo desenvolvido pelo governo de João Figueiredo e Saraiva Guerreiro, ministro das Relações Exteriores, se esforçava para manter a autonomia do Brasil Definindo-o como um país de Terceiro Mundo e comungando com o Movimento dos Países Não-Alinhados U N I V E R S A L I S M O Momento em que o cenário internacional estava difícil em virtude da política conservadora orquestrada por Ronald Reagan e Margaret Thatcher Para Hélio Jaguaribe, a política externa de Figueiredo fundamentou-se em três premissas básicas Uma lúcida compreensão de realidade brasileira U N I V E R S A L I S M O A clara identificação dos principais interesses do país no cenário internacional Uma realista identificação e avaliação de nossos meios de ação, relativamente a nossos interesses e a nossas possibilidades JAGUARIBE, Hélio. Reflexões sobre o Atlântico Sul. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. O Universalismo proposto por Fernando Henrique Cardoso instaurou uma política externa delineada por quatro campos de atuação Possibilitar a integração regional, com o aprofundamento do Mercosul Diversificar os parceiros para as relações bilaterais Criar condições para o desenvolvimento de acordos multilaterais, a partir do apoio de organizações internacionais, em particular a OMC Buscara elevação do Brasil à condição de potência internacional, tornando-se membro permanente do Conselho de Segurança da ONU Para Fernando Henrique Cardoso, presidente eleito num contexto de nova ordem mundial e de nova pax americana Onde os Estados Unidos emergem após o fim da guerra fria como única superpotência, reunindo força militar e hegemonia estratégica global A adesão a uma agenda internacional identificada com os interesses do FMI e do Banco Mundial se tornaria um desafio e um discreto desejo de seu governo U N I V E R S A L I S M O Para o governo FHC, o projeto de política externa que visava a conquista de um espaço autônomo da política internacional Valorizando a relação Sul-Sul como forma de fortalecer os interesses dos países em desenvolvimento Se tornaria inviável frente às recentes demandas políticas e econômicas internacionais, marcadas pela agressividade do setor comercial U N I V E R S A L I S M O Para FHC, tal projeto de inserção internacional de viés terceiro-mundista Tinha como fundamento um conceito de Estado Empresário que estava “ultrapassado” E sem condições de dar respostas efetivas às novas necessidades locais, regionais e mundiais U N I V E R S A L I S M O O tema da crise do Estado-Nação contava, então, com um vasto aporte conceitual e teórico Tema de debate por historiadores, cientistas políticos, economistas e analistas de relações internacionais Comprometidos com a onda neoliberal U N I V E R S A L I S M O Nas últimas décadas, o país tem-se transformado em pelo menos três dimensões fundamentais. E em todas as três houve conseqüências importantes para a política externa. (...) O Brasil passou de um regime autoritário à democracia. (...) Abriu seus mercados de forma significativa, reduzindo tarifas e cortando barreiras não-tarifárias. Por fim, foi capaz de estabilizar sua moeda, após décadas de inflação fora de controle. Essas três dimensões de mudança tornaram possível que nós avançássemos naquilo que vem a ser um genuíno processo de construção de um novo Estado no Brasil. Não um mero embelezamento do velho Estado, que já não tem um papel a desempenhar no mundo de hoje. Nem tampouco uma demolição do Estado, como nas propostas neoliberais de um Estado mínimo. Ao contrário, estamos redesenhando a administração pública para livrá-la de distorções seculares, para torná-la mais transparente e, portanto, mais forte e mais capaz de implementar políticas públicas. A privatização foi parte desse processo, mas estamos indo muito além. Estabelecemos novos instrumentos para proteger o interesse público, tais como agências regulatórias, fundos de ciência e tecnologia, um novo modelo de gestão pública e planejamento (...) Em virtude dessas mudanças, a relação do Brasil com o sistema internacional é hoje consideravelmente diferente do que era há quinze ou vinte anos. Com o retorno à democracia (...) abrimos o caminho para um melhor relacionamento com a comunidade internacional em todos os temas que, no passado, haviam sido sensíveis, como os direitos humanos, o desenvolvimento social, o meio ambiente ou a não-proliferação nuclear. Em todas essas áreas, a democracia operou um milagre simples: o de tornar claro para todos os brasileiros que ninguém está mais interessado do que nós mesmos na promoção desses valores em nosso país. Uma vez que isso está claramente estabelecido, as influências que vêm de fora em matéria de direitos humanos, de meio ambiente etc. deixam de ser recebidas por nós como ameaças à nossa soberania – como foram durante os anos de regime autoritário –, e passam a ser vistas, antes, como meios e modos adicionais que fortalecem o nosso esforço em uma luta justa: a da proteção dos direitos humanos, a da preservação do meio ambiente ou a da promoção do desenvolvimento social. Fernando Henrique. A política externa do Brasil no início de um novo século: uma mensagem do Presidente da República Cardoso. Rev. bras. polít. int. vol.44 no.1 Brasília Jan./June 2001 Francis Fukuyama O Fim da História O Estado se fragiliza diante do triunfo do liberalismo globalista Samuel Huntington O Choque de Civilizações O clássico Estado-Nação se decompõe frente às culturas supranacionais Concordavam com a tese de que o Estado perde espaço no mundo globalizado As grandes questões da contemporaneidade não estariam relacionadas aos interesses nacionais Mas sim a outros paradigmas que se encontram acima do Estado Na esteira destas e de outras tantas reflexões sobre o novo papel do Estado-nação Os governantes dos países latino-americanos passaram a edificar políticas domésticas e externas que partiam do pressuposto de que o “fracasso” do Estado era absolutamente inevitável O Estado Desenvolvimentista e Empresário cedeu lugar para a criação de um modelo de Estado denominado de Normal “Eliminar o Estado Empresário, privatizar os empreendimentos estatais, realizar superávit primário, proteger o capital e os investimentos estrangeiros e adaptar as instituições e a legislação de modo a produzir um novo marco regulatório”, seriam medidas importantes para se instituir o chamado Estado Normal. Como diriam os governantes latino-americanos da época: “nosotros queremos ser normales” CERVO, Amado Luiz (org.) O Desafio Internacional: a política exterior do Brasil de 1930 até os nossos dias. Brasília: Ed. Universidade de Brasília,1994. Portanto, a adesão ao ideário do Estado Normal foi praticamente unânime entre os países latino-americanos, inclusive o Brasil O abandono das propostas desenvolvimentistas e a adoção de reformas de Estado de cunho neoliberais Foram a base da nova política interna e externa dos países do continente Americano No caso brasileiro, o presidente Fernando Henrique Cardoso Exemplar em apresentar pessoalmente ao mundo crescentemente competitivo o NOVO BRASIL Naquele momento marcado pelas reformas estruturais e pela estabilidade e abertura econômica O governo brasileiro, comprometido com a nova agenda política e econômica Reforçaria o ideário do Estado Normal, resultando no aumento da vulnerabilidade externa do país E no aprofundamento de sua dependência financeira e tecnológica Neste sentido, o Estado Normal revelou- se com consequências negativas para o Brasil, tanto no aspecto econômico como no político Debilitou a autonomia da política externa brasileira Momento em que a submissão aos interesses das grandes potências se sobrepôs aos interesses nacionais, historicamente defendidos pelo Itamaraty Mas, vale ressaltar que, em que pese os ajustes neoliberais e a convergência com as medidas postuladas pelo Consenso de Washington Como privatizações, controle das contas públicas, desregulamentação e abertura de mercados internacionais A política externa de Fernando Henrique Cardoso não deixaria de contrariar alguns interesses dos Estados Unidos que merecem ser apontados ALCA Temor Brasileiro: Isolamento Confronto Direto Cúpula das Américas, realizada em Dezembro de 1994 em Miami, Estados Unidos ALCA Posição Ambígua Redução das Taxas Alfandegárias Aumento Significativo de Comércio MULTILATERALISMO E TNP A atitude brasileira em priorizar a relação com as Grandes Potências e com os Organismos Internacionais estaria de acordo com o novo conceito de multilateralismo A partir dos anos 1990 passou também a representar o ideário neoliberal Um dos traços daquele novo conceito de multilateralismo foi a excessiva dose de idealismo O mundo interdependente e globalizado passou a ser visto pelos governos afinados com o novo ideário como um espaço “feito de regras justas, transparentes e benéficas para todos” Este idealismo é característico dos governos neoliberais da década de 1990 Coube a FHC colocar o Brasil em sintonia com a globalização e com o multilateralismoEsta percepção de ordem internacional se revelou utópica Correspondeu muito mais a um desejo dos chefes de Estados das Grandes e Médias Potências Do que a realidade política e econômica do mundo pós-Guerra Fria Com foco na aproximação e na adaptação brasileira as demandas internacionais A política externa de Fernando Henrique Cardoso, em 1998, ratificou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) Lampreia: Atitude de grande importância, especialmente pelo fato de ter terminado com os problemas e constrangimentos que prejudicavam a inserção internacional do país Vale registrar que a percepção do Ministro Lampreia está longe de ter ser consensual entre os especialistas Não representou nenhuma melhoria ou novas possibilidades econômicas e políticas para o país no cenário internacional Esta atitude teria apenas reforçado a imagem de chefe de Estado do presidente Fernando Henrique Cardoso A posição do governo brasileiro com relação ao TNP demonstraria, enfim, submissão aos interesses internacionais, sobretudo norte-americanos Ocorreria num momento em que uma das marcas do governo era exatamente a inexistência de um projeto nacional que fosse estratégico na área de tecnologia bélica O Brasil e a Diplomacia Presidencial da era FHC estabelece, desta forma, uma inflexão na política externa brasileira Com os investimentos do Estado sendo gradativamente retirados das áreas estratégicas E um comportamento pró-ativo em abandonar as antigas políticas do Itamaraty O país ao aceitar ser signatário do TNP, caminharia na contramão da política externa autônoma que marcou vários governos brasileiros
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