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Cinemática dos Fluidos Transporte de Calor e Massa Professor: Adriano Possebon Rosa Departamento de Engenharia Mecânica Faculdade de Tecnologia Universidade de Brasília Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 1 / 70 Introdução Sumário 1 Introdução 2 Descrição Lagrangiana 3 Descrição Euleriana 4 Campo de Aceleração 5 Derivada Material 6 Visualização do Escoamento 7 Representação Gráfica 8 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido 9 Vorticidade Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 2 / 70 Introdução A cinemática estuda o movimento sem necessariamente considerar as forças e os momentos que causam esse movimento. Tem como objetivo descrever/visualizar o movimento de um fluido. Para descrever o movimento podemos ter duas abordagens: a descri- ção lagrangiana e a descrição euleriana. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 3 / 70 Descrição Lagrangiana Sumário 1 Introdução 2 Descrição Lagrangiana 3 Descrição Euleriana 4 Campo de Aceleração 5 Derivada Material 6 Visualização do Escoamento 7 Representação Gráfica 8 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido 9 Vorticidade Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 4 / 70 Descrição Lagrangiana Na descrição lagrangiana nós acompanhamos os objetos individu- almente. Cada partícula tem um vetor posição, um vetor velocidade e um vetor aceleração. Os três são dependentes do tempo. As leis de Newton são usadas para descrever o movimento desses ob- jetos e podemos prever com exatidão aonde eles vão. Funciona bem para poucas partículas. Vetor posição de cada partícula: ~XA(t), ~XB(t), ~XC(t), · · · Vetor velocidade de cada partícula: ~VA(t), ~VB(t), ~VC(t), · · · Vetor aceleração de cada partícula: ~aA(t), ~aB(t), ~aC(t), · · · Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 5 / 70 Descrição Lagrangiana ~XA ~XB ~XC ~VA ~VB ~VC Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 6 / 70 Descrição Euleriana Sumário 1 Introdução 2 Descrição Lagrangiana 3 Descrição Euleriana 4 Campo de Aceleração 5 Derivada Material 6 Visualização do Escoamento 7 Representação Gráfica 8 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido 9 Vorticidade Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 7 / 70 Descrição Euleriana Acompanhar cada partícula de fluido se torna uma tarefa bem compli- cada. Por isso, o movimento de um fluido é quase sempre apresentado por meio da descrição euleriana. Na descrição euleriana nós temos variáveis de campo, que são fun- ções do tempo e do espaço. A partícula que ocupa uma determi- nada posição tem a velocidade dada pelo campo de velocidade naquele ponto. O mesmo vale para a aceleração e para a densidade, por exem- plo. Dessa forma, nós não acompanhamos a posição e a velocidade de uma partícula de fluido com identidade fixa. Em vez disso, nos preocupa- mos com um ponto do espaço. A porção (ou partícula) de fluido que ocupa uma determinada posição em um determinado instante de tempo tem a propriedade dada pelo campo naquela posição e tempo. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 8 / 70 Descrição Euleriana Exemplos de campos. Campo de Velocidade: ~V = u(x, y, z, t)̂ı+ v(x, y, z, t)̂+ w(x, y, z, t)k̂ Campo de Aceleração: ~a = ax(x, y, z, t)̂ı+ ay(x, y, z, t)̂+ az(x, y, z, t)k̂ Campo de Pressão: p = p(x, y, z, t) Campo de Densidade: ρ = ρ(x, y, z, t) Campo de Temperatura: T = T (x, y, z, t) Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 9 / 70 Descrição Euleriana Exemplo. Campo de pressão para um fluido em movimento de corpo rígido. p = p(x, y, z, t) = p0 − ρgz − ρgx (1) x z ~g ~a L=2 L=2 ho zs Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 10 / 70 Descrição Euleriana Exemplo. Considere um modelo simples de escoamento para um bocal convergente. ~V = (1 + x)̂ı− ŷ (2) Note que nesse caso u = 1 + x e v = −y. Temos um vetor para cada ponto do espaço. A partícula de fluido passando por esse ponto tem essa velocidade. Para o ponto x = 0 e y = 0 temos: ~V (0, 0) = 1ı̂+ 0̂. Para x = 1, y = 0: ~V (1, 0) = 2ı̂+ 0̂. ~V (2, 0) = 3ı̂+ 0̂ ~V (0, 1) = 1ı̂− 1̂ ~V (0, 2) = 1ı̂− 2̂ ~V (1, 1) = 2ı̂− 1̂ ~V (2, 2) = 3ı̂− 2̂ ~V (−1,−1) = 0ı̂+ 1̂ E assim por diante. Veja o gráfico no próximo slide. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 11 / 70 Descrição Euleriana 0 1 2−2 −1 0 1 2 −2 −1 Figura: Campo de velocidade. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 12 / 70 Descrição Euleriana 0 1 2−2 −1 0 1 2 −2 −1 Figura: Campo de velocidade. Aproximação para um duto convergente. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 13 / 70 Descrição Euleriana Ponto de estagnação: é o ponto do escoamento em que a velocidade é zero. No escoamento do exemplo anterior, o ponto de estagnação é (−1, 0). Dado um campo de velocidade ~V , como encontrar a aceleração de uma partícula de fluido que ocupa uma dada posição (x, y, z). Ou seja, como encontrar o campo de aceleração ~a ? Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 14 / 70 Campo de Aceleração Sumário 1 Introdução 2 Descrição Lagrangiana 3 Descrição Euleriana 4 Campo de Aceleração 5 Derivada Material 6 Visualização do Escoamento 7 Representação Gráfica 8 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido 9 Vorticidade Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 15 / 70 Campo de Aceleração Considere uma partícula de fluido no ponto ~Xp(t) = xp(t)̂ı+ yp(t)̂+ zp(t)k̂ . Essa partícula está se movendo ao longo do tempo. Estamos acompa- nhando usando a descrição lagrangiana. A velocidade dessa partícula é obtida a partir da derivada no tempo da posição: ~Vp(t) = d ~Xp dt Então: ~Vp(t) = dxp(t) dt ı̂+ dyp(t) dt ̂+ dzp(t) dt k̂ Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 16 / 70 Campo de Aceleração A aceleração dessa partícula, acompanhando o movimento, é dada pela derivada da velocidade com relação ao tempo: ~ap(t) = d~Vp(t) dt Mas nós queremos o campo de aceleração, ou seja, queremos obter a aceleração na descrição euleriana, a partir do campo de velocidade. Em qualquer instante de tempo t, a velocidade dessa partícula de fluido é igual ao valor do campo de velocidade no ponto em que a partícula está, que é (xp(t), yp(t), zp(t)). (Obs.: note que quando estamos na descrição lagrangiana as variáveis dependem apenas do tempo t. Já na descrição euleriana as variáveis dependem de x, y, z, t, pois são funções de campo.) Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 17 / 70 Campo de Aceleração Ou seja: ~Vp(t) = ~V (xp(t), yp(t), zp(t), t) . Em termos de componentes: ~Vp(t) = dxp(t) dt ı̂+ dyp(t) dt ̂+ dzp(t) dt k̂ = = ~V (xp(t), yp(t), zp(t), t) = u(xp(t), yp(t), zp(t), t)̂ı+ + v(xp(t), yp(t), zp(t), t)̂+ w(xp(t), yp(t), zp(t), t)k̂ O que resulta em: dxp(t) dt = u(xp, yp, zp, t) dyp(t) dt = v(xp, yp, zp, t) (3) dzp(t) dt = w(xp, yp, zp, t) Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 18 / 70 Campo de Aceleração Para a aceleração temos: ~ap(t) = d~Vp(t) dt = d~V (xp(t), yp(t), zp(t), t) dt (4) Queremos a derivada total de ~V com relação a t. Mas xp, yp e zp dependem do tempo. Vamos usar a regra da cadeia para calcular a derivada de ~V : ~ap(t) = d~V (xp(t), yp(t), zp(t), t) dt = ∂~V ∂xp dxp(t) dt + + ∂~V ∂yp dyp(t) dt + ∂~V ∂zp dzp(t) dt + ∂~V ∂t (5) Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 19 / 70 Campo de Aceleração Assim (veja equação 3): ~ap(t) = ∂~V ∂t + u ∂~V ∂xp + v ∂~V ∂yp + w ∂~V ∂zp (6) Essa é a aceleração de uma partícula de fluido que em um dado instante de tempo t ocupa a posição (xp, yp, zp). Essa equação possibilita o cálculo da aceleração a partir do campo de velocidade. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 20 / 70 Campo de Aceleração Considere agora uma partícula de fluido em umaposição (x, y, z) qual- quer. A aceleração dessa partícula de fluido é dada por: ~a(x, y, z, t) = ∂~V ∂t + u ∂~V ∂x + v ∂~V ∂y + w ∂~V ∂z (7) Temos então a aceleração de uma partícula de fluido como uma va- riável de campo. A aceleração de uma dada partícula de fluido que ocupa a posição (x, y, z) no tempo t é dada por essa equação. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 21 / 70 Campo de Aceleração Como é um campo vetorial, a aceleração tem 3 componentes: ~a(x, y, z, t) = ax(x, y, z, t)̂ı+ ay(x, y, z, t)̂+ az(x, y, z, t)k̂ (8) Essas componentes são dadas por: ax = ∂u ∂t + u ∂u ∂x + v ∂u ∂y + w ∂u ∂z (9) ay = ∂v ∂t + u ∂v ∂x + v ∂v ∂y + w ∂v ∂z (10) az = ∂w ∂t + u ∂w ∂x + v ∂w ∂y + w ∂w ∂z (11) Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 22 / 70 Campo de Aceleração Podemos reescrever a equação (7) com a ajuda do operador ~∇: ~a(x, y, z, t) = d~V dt = D~V Dt = ∂~V ∂t + (~V · ~∇)~V (12) O termo ∂~V /∂t representa a aceleração local. O termo (~V · ~∇)~V representa a aceleração advectiva. Essa acele- ração representa o efeito de uma partícula de fluido que se move para um novo local no escoamento onde a velocidade é diferente. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 23 / 70 Campo de Aceleração Temos o operador nabla ~∇ = ı̂ ∂ ∂x + ̂ ∂ ∂y + k̂ ∂ ∂z e ~V · ~∇ = (uı̂+ v̂+wk̂) · ( ı̂ ∂ ∂x + ̂ ∂ ∂y + k̂ ∂ ∂z ) = u ∂ ∂x + v ∂ ∂y +w ∂ ∂z ~V · ~∇ é um operador: deve ser sempre aplicado em alguma variável. Sozinho não faz sentido. Assim como o ~∇ e a própria derivada d/dx. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 24 / 70 Campo de Aceleração Exemplo. Vamos voltar no segundo exemplo, onde tínhamos um mo- delo simples de escoamento para um bocal convergente: ~V = (1 + x)̂ı− ŷ . Vamos determinar o campo de aceleração para esse escoamento. Te- mos: u = 1 + x v = −y w = 0 (13) As componentes do campo de aceleração são: ax = ∂u ∂t + u ∂u ∂x + v ∂u ∂y + w ∂u ∂z = 0 + (1 + x)(1) + 0 + 0 (14) ay = ∂v ∂t + u ∂v ∂x + v ∂v ∂y + w ∂v ∂z = 0 + 0 + (−y)(−1) + 0 (15) az = ∂w ∂t + u ∂w ∂x + v ∂w ∂y + w ∂w ∂z = 0 + 0 + 0 + 0 (16) Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 25 / 70 Campo de Aceleração Portanto, o campo de aceleração é: ~a = (1 + x)̂ı+ ŷ (17) É importante notar que o campo de velocidade não depende do tempo, mas mesmo assim a aceleração não é nula. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 26 / 70 Campo de Aceleração 0 1 2−2 −1 0 1 2 −2 −1 Figura: Campo de aceleração. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 27 / 70 Campo de Aceleração 0 1 2−2 −1 0 1 2 −2 −1 Figura: Campo de velocidade (vermelho) e de aceleração (roxo). Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 28 / 70 Derivada Material Sumário 1 Introdução 2 Descrição Lagrangiana 3 Descrição Euleriana 4 Campo de Aceleração 5 Derivada Material 6 Visualização do Escoamento 7 Representação Gráfica 8 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido 9 Vorticidade Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 29 / 70 Derivada Material Observe a equação (12). O operador diferencial total d/dt recebe um nome especial: derivada material. Esse operador recebe uma notação especial: D/Dt. Assim, enfatiza-se a diferença entre a derivada parcial ∂/∂t e a derivada material D/Dt. Temos: D Dt = ∂ ∂t + (~V · ~∇) (18) A derivada material (ou total) D/Dt representa a variação de uma propriedade do escoamento (ou do fluido) quando o observador se move junto com uma dada partícula de fluido. Ou seja, quando o observador está se movendo através do campo de escoamento. A derivada local (derivada parcial com relação ao tempo), ∂/∂t, representa a variação de uma dada propriedade no tempo quando o observador está parado em um dado ponto do fluido. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 30 / 70 Derivada Material Podemos aplicar a derivada material em outras propriedades do fluido, tanto escalares quanto vetoriais. Pressão: Dp Dt = ∂p ∂t + (~V · ~∇)p (19) Temperatura: DT Dt = ∂T ∂t + (~V · ~∇)T (20) Densidade: Dρ Dt = ∂ρ ∂t + (~V · ~∇)ρ (21) Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 31 / 70 Visualização do Escoamento Sumário 1 Introdução 2 Descrição Lagrangiana 3 Descrição Euleriana 4 Campo de Aceleração 5 Derivada Material 6 Visualização do Escoamento 7 Representação Gráfica 8 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido 9 Vorticidade Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 32 / 70 Visualização do Escoamento O estudo quantitativo da dinâmica dos fluidos exige uma matemática mais avançada. Mas é possível aprender muito com a visualização do escoamento, que é um exame visual das características do campo de escoamento. Ou seja, um estudo mais qualitativo. Uma imagem vale mais que mil palavras. Existem muitos padrões de escoamento que podem ser visualizados fisicamente (experimentalmente) e/ou computacionalmente. Veremos aqui: Linhas de Emissão Linhas de Trajetória Linhas de Corrente Linhas de Tempo Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 33 / 70 Visualização do Escoamento Linhas de Emissão Uma linha de emissão é o conjunto das posições das partículas de fluido que passaram sequencialmente através de um ponto prescrito no escoamento. ~V Objeto Tinta ou Fumaça 1 Linha de Emisso 23 4 5678 Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 34 / 70 Visualização do Escoamento As linhas de emissão são o padrão mais comum gerado por um experimento físico. Se você inserir um pequeno tubo em um escoamento e introduzir uma corrente de fluido sinalizador (tinta ou fumaça), o padrão observado é uma linha de emissão. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 35 / 70 Visualização do Escoamento Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 36 / 70 Visualização do Escoamento Linhas de Trajetória Uma linha de trajetória é a trajetória real percorrida por uma partí- cula de fluido individual em um determinado período de tempo. Uma linha de trajetória é um conceito lagrangiano, pois apenas se- guimos o caminho de uma partícula à medida em que ela se movimenta ao longo do campo de escoamento. No experimento: uma partícula marcada (por cor ou brilho) + uma câmera com o obturador aberto por um determinado período = uma curva que representa a linha de trajetória. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 37 / 70 Visualização do Escoamento (x1; x2) t = 0 (x1; x2) t = tfinal Part́ıcula de Fluido Figura: Trajetória de partículas suspensas durante um período de onda completo. Fotografia de longa exposição. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 38 / 70 Visualização do Escoamento Linhas de Corrente Uma linha de corrente é uma curva que é tangente em todos os pontos ao vetor velocidade local instantâneo. As linhas de corrente não podem ser observadas experimentalmente, exceto nos campos de escoamento em regime permanente, nos quais elas são coincidentes com as linhas de trajetória e linhas de emissão. Um fluido não pode cruzar uma linha de corrente, por definição. Equação para a linha de corrente:( dy dx ) ao longo da linha de corrente = v u (22) Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 39 / 70 Visualização do Escoamento Linhas de corrente e vetores de velocidade para o exemplo ~V = (1 + x)̂ı− ŷ . 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 40 / 70 Visualização do Escoamento Escoamento em uma cavidade fechada com a tampa de cima se mo- vendo. Resultado de simulação computacional. 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Figura: Campo de velocidade. Vetores unitários, mostrando apenas a direção. 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 0.00.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Figura: Linhas de corrente. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 41 / 70 Visualização do Escoamento Em escoamentos em regime permanente, as linhas de corrente, as linhas de trajetória e as linhas de emissão são idênticas. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 42 / 70 Visualização do Escoamento Linhas de Tempo Uma linha de tempo é um conjunto de partículas de fluido adjacentes que foram marcadas no mesmo instante (anterior) de tempo. São úteis em situações nas quais a uniformidade de um escoamento (ou sua falta) deve ser examinada. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 43 / 70 Representação Gráfica Sumário 1 Introdução 2 Descrição Lagrangiana 3 Descrição Euleriana 4 Campo de Aceleração 5 Derivada Material 6 Visualização do Escoamento 7 Representação Gráfica 8 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido 9 Vorticidade Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 44 / 70 Representação Gráfica Independentemente do modo como os resultados são obtidos (de forma analítica, numérica ou experimental), em geral é preciso representar graficamente os dados de escoamento de forma que permitam ao leitor ter uma ideia de como as propriedades do escoamento variam com o tempo e/ou espaço. Algumas formas de representação: Gráficos de Perfil Gráficos Vetoriais Gráficos de Contorno Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 45 / 70 Representação Gráfica Gráficos de Perfil Um gráfico de perfil indica como o valor de uma propriedade escalar varia ao longo de alguma direção escolhida no campo de escoamento. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 46 / 70 Representação Gráfica Gráficos Vetoriais Um gráfico vetorial é uma matriz de setas que indicam o módulo e a direção de uma propriedade vetorial em um determinado instante de tempo. 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 Figura: Gráfico vetorial de velocidade para o campo ~V = (1 + x)̂ı− ŷ. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 47 / 70 Representação Gráfica Gráficos de Contorno Um gráfico de contorno mostra as curvas de valor constante de uma propriedade escalar (ou módulo de uma propriedade vetorial) em determinado instante. Gráficos de contorno são usados para representar a pressão, a tempe- ratura, o módulo da velocidade, a concentração de espécies químicas, etc. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 48 / 70 Representação Gráfica Figura: Gráfico de contorno de pressão no escoamento em torno de um caminhão, mostrando a influência de um dispositivo redutor de arrasto. Resultado computacional. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 49 / 70 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido Sumário 1 Introdução 2 Descrição Lagrangiana 3 Descrição Euleriana 4 Campo de Aceleração 5 Derivada Material 6 Visualização do Escoamento 7 Representação Gráfica 8 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido 9 Vorticidade Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 50 / 70 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido Os quatro tipos fundamentais de movimento ou deformação de um elemento de fluido são: (a) translação; (b) rotação; (c) deformação linear; (d) deformação por cisalhamento. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 51 / 70 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido Como o fluido pode estar em constante movimento, é preferível des- crever essas grandezas em termos de taxas. Temos a velocidade (taxa de translação), a velocidade angular (taxa de rotação), a taxa de deformação linear e a taxa de deformação por cisalhamento. Conhecendo o campo de velocidade do escoamento é possível deter- minar todas essas grandezas. Vamos ver como determinar cada uma delas. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 52 / 70 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido Velocidade A translação e a rotação são facilmente entendidas, uma vez que tam- bém são observadas no movimento de partículas sólidas. O vetor taxa de translação é o próprio vetor velocidade. Em coordenadas cartesianas: ~V = uı̂+ v̂+ wk̂ (23) Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 53 / 70 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido Taxa de Rotação A taxa de rotação ou velocidade angular em um ponto é definida como a taxa de rotação média de duas retas inicialmente perpendicu- lares que se cruzam nesse ponto. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 54 / 70 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido No caso bidimensional: ω = d dt ( αa + αb 2 ) = 1 2 ( ∂v ∂x − ∂u ∂y ) (24) No caso geral: ~ω = 1 2 ( ∂w ∂y − ∂v ∂z ) ı̂+ 1 2 ( ∂u ∂z − ∂w ∂x ) ̂+ 1 2 ( ∂v ∂x − ∂u ∂y ) k̂ (25) Essa é a velocidade angular de um elemento de fluido em um deter- minado ponto. Note que é uma velocidade angular com relação ao próprio elemento. Regra da mão direita. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 55 / 70 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido Taxa de Deformação Linear Objetos sólidos como fios, hastes e vigas se esticam quando são puxa- dos. O mesmo vale para elementos de fluido. A taxa de deformação linear é definida como a taxa de aumento de comprimento por unidade de comprimento. Temos uma taxa de deformação para cada direção. Elas estão relaci- onadas com o vetor velocidade por: �xx = ∂u ∂x �yy = ∂v ∂y �zz = ∂w ∂z (26) �xx representa a taxa de deformação linear na direção x. �yy e �zz têm significados análogos. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 56 / 70 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido Se o escoamento é incompressível, o volume total do elemento de fluido deve permanecer constante; portanto, se o elemento se estica em uma direção, ele deve se encolher na quantidade apropriada na outra direção ou nas outras direções. A taxa de deformação volumétrica de um elemento de fluido é definida como sendo o aumento de seu volume por unidade de volume, ou seja, 1 A D A Dt . Essa taxa de deformação volumétrica é igual à soma das 3 taxas de deformação linear: 1 A D A Dt = ∂u ∂x + ∂v ∂y + ∂w ∂z = ~∇ · ~V (27) O escoamento é incompressível quando ~∇ · ~V = ~0. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 57 / 70 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido Taxa de Deformação por Cisalhamento A taxa de deformação por cisalhamento em um ponto é defi- nida como metade da taxa de diminuição do ângulo entre duas retas inicialmente perpendiculares que se cruzam no ponto. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 58 / 70 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido No caso bidimensional da figura: �xy = − 1 2 d dt αa−b = 1 2 ( ∂u ∂y + ∂v ∂x ) (28) �xy representa a taxa de deformação de cisalhamento em um ponto para duas retas inicialmente orientadas nas direções x e y. No caso geral tridimensional: �xy = 1 2 ( ∂u ∂y + ∂v ∂x ) = �yx �xz = 1 2 ( ∂u ∂z + ∂w ∂x ) = �zx �yz = 1 2 ( ∂v ∂z + ∂w ∂y ) = �zy (29) Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 59 / 70 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido Podemos reunir todas essas taxas de deformação em uma única matriz: ~~� = �xx �xy �xz�yx �yy �yz �zx �zy �zz = = ∂u ∂x 1 2 ( ∂u ∂y + ∂v ∂x ) 1 2 ( ∂u ∂z + ∂w ∂x ) 1 2 ( ∂u ∂y + ∂v ∂x ) ∂v ∂y 1 2 ( ∂v ∂z + ∂w ∂y ) 1 2 ( ∂u ∂z + ∂w ∂x ) 1 2 ( ∂v ∂z + ∂w ∂y ) ∂w ∂z (30) Essa matriz representa o tensor taxa de deformação. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 60 / 70 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido Em um escoamento geral, o elemento de fluido pode sofrer translação, rotação, deformação linear e deformação por cisalhamento ao mesmo tempo. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 61 / 70 Movimento eDeformação de um Elemento de Fluido Exemplo. Determine o comportamento de elemento de fluido em um escoamento bidimensional com o seguinte campo de velocidade: ~V = x2ı̂+ (−2xy − 1)̂ . (31) Resposta. Temos u = x2, v = −2xy − 1 e w = 0. Esse escoamento é incompressível, pois ~∇ · ~V = ∂u ∂x + ∂v ∂y + ∂w ∂z = (2x) + (−2x) + 0 = 0 . Um elemento de fluido possui velocidade angular dada por ~ω = 1 2 ( ∂v ∂x − ∂u ∂y ) k̂ = 1 2 (−2y) k̂ = −yk̂ Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 62 / 70 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido As taxas de deformações são: �xx = ∂u ∂x = 2x �yy = ∂v ∂y = −2x �zz = ∂w ∂z = 0 (32) �xy = �yx = 1 2 ( ∂u ∂y + ∂v ∂x ) = 1 2 (0 + (−2y)) = −y (33) �xz = �zx = �yz = �zy = 0 (34) O tensor taxa de deformação nesse escoamento é dado por: ~~� = 2x −y 0−y −2x 0 0 0 0 (35) Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 63 / 70 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido Com essas informações, sabemos que um elemento de fluido posicio- nado no primeiro quadrante terá seu volume conservado, irá transladar para a direita e para baixo, irá girar no sentido horário, irá esticar na direção x e encolher na direção y, e irá mudar sua forma, deixando de ser um paralelogramo. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 64 / 70 Vorticidade Sumário 1 Introdução 2 Descrição Lagrangiana 3 Descrição Euleriana 4 Campo de Aceleração 5 Derivada Material 6 Visualização do Escoamento 7 Representação Gráfica 8 Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido 9 Vorticidade Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 65 / 70 Vorticidade Vetor vorticidade: ~Ω = ~∇× ~V (36) A vorticidade é o dobro da velocidade angular de uma partícula de fluido: ~Ω = 2~ω. Se ~Ω = ~0 em um ponto então a partícula de fluido nessa região não está girando. O escoamento nessa região é irrotacional. Se ~Ω = ~0 em todos os pontos do domínio, então o escoamento é irrotacional. Se ~Ω 6= ~0 em um dado ponto do escoamento, a partícula de fluido que ocupa esse ponto está girando. O escoamento nessa região é rotacional. Em um mesmo escoamento podemos ter regiões rotacionais e re- giões irrotacionais. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 66 / 70 Vorticidade Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 67 / 70 Vorticidade Em escoamentos gerais: ~Ω = ~∇× ~V = ∣∣∣∣∣∣ ı̂ ̂ k̂ ∂ ∂x ∂ ∂y ∂ ∂z u v w ∣∣∣∣∣∣ = = ( ∂w ∂y − ∂v ∂z ) ı̂+ ( ∂u ∂z − ∂w ∂x ) ̂+ ( ∂v ∂x − ∂u ∂y ) k̂ . (37) Em escoamento bidimensionais: ~Ω = ~∇× ~V = ( ∂v ∂x − ∂u ∂y ) k̂ (38) Ω = ∂v ∂x − ∂u ∂y (39) Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 68 / 70 Vorticidade Exemplo. O campo de vorticidade do escoamento dado por ~V = (1 + x)̂ı− ŷ (40) é ~Ω = ~∇× ~V = ∣∣∣∣∣∣ ı̂ ̂ k̂ ∂ ∂x ∂ ∂y ∂ ∂z (1 + x) (−y) 0 ∣∣∣∣∣∣ = ~0 (41) Assim, esse escoamento é irrotacional, pois a vorticidade é zero em todos os pontos. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 69 / 70 Vorticidade Exemplo. Considere agora o escoamento entre duas placas planas paralelas. Temos: ~V = Vpy ` ı̂+ 0̂+ 0k̂ Parede fixa Parede móvel ` F dβ Perfil de Velocidade Vpda u(y) = Vp ` y x y A vorticidade é: ~Ω = ~∇× ~V = ∣∣∣∣∣∣ ı̂ ̂ k̂ ∂ ∂x ∂ ∂y ∂ ∂z Vpy ` 0 0 ∣∣∣∣∣∣ = −Vp` k̂ (42) Esse escoamento é rotacional. Cinemática dos Fluidos Transp. de Calor e Massa ENM/FT/UnB 70 / 70 Introdução Descrição Lagrangiana Descrição Euleriana Campo de Aceleração Derivada Material Visualização do Escoamento Representação Gráfica Movimento e Deformação de um Elemento de Fluido Vorticidade
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