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MATERIAIS DA 
CONSTRUÇÃO
Hudson Goto
Concreto: características 
fundamentais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Caracterizar o concreto, os tipos e a importância dos agregados.
 � Identificar noções de traço e fator água/cimento, ligados à resistência 
final.
 � Comparar adições, aditivos e água de amassamento, suas influências 
no produto final.
Introdução
Neste capítulo, você estudará as características dos concretos e seus prin-
cipais tipos, quando serão apresentadas noções de dosagem de misturas 
que resultam nas determinações dos traços de concreto. Buscando apro-
fundar mais o conhecimento, serão detalhadas algumas características 
e componentes, como o fator água/cimento, os agregados, as adições e 
aditivos, e a água de amassamento utilizados nessa mistura.
O concreto é um dos materiais mais empregados na construção civil 
ao redor do mundo, principalmente por sua resistência no estado endu-
recido e sua acomodação às mais diversas formas no estado fresco. Nesse 
sentido, há um interesse cada vez maior no estudo e desenvolvimento 
dos seus materiais constituintes e na melhoria dos processos produtivos, 
buscando um produto final uniforme, com desempenhos e durabilidade 
de acordo com as necessidades dos usuários.
Assim, estudar cada componente do concreto, procurando enten-
der a sua função e a forma de interação com os demais componentes, 
compreende a base para a especificação adequada dos materiais e do 
produto final a ser empregado nas obras do setor da construção civil, 
evitando desperdícios, retrabalhos ou até mesmo acidentes.
Caracterização do concreto, tipos e agregados
O concreto é um material composto, heterogêneo e isotrópico, que consiste 
essencialmente em um meio de ligação no qual se incorporam partículas ou 
agregados. Em concretos de cimento hidráulico, o aglomerante é formado 
a partir da mistura do cimento com a água (MEHTA; MONTEIRO, 2014). 
Para um melhor entendimento, pode-se nomear as misturas dos componentes 
conforme a seguinte divisão:
 � pasta de cimento — mistura de cimento e água;
 � argamassa — mistura de cimento, água e agregado miúdo (p. ex., areia);
 � concreto simples (ou convencional) — mistura de cimento, água, agre-
gado miúdo e agregado graúdo (p. ex., pedra britada).
Outros elementos também podem ser incluídos na mistura do concreto, 
como o ar incorporado, o ar aprisionado, as adições, os aditivos, os pigmentos 
e as fibras (TUTIKIAN; HELENE, 2011).
O concreto convencional, que pode ser misturado nas obras por meio de 
betoneiras ou em centrais de dosagem, apresenta razoável resistência à com-
pressão, normalmente entre 20 e 40 MPa, e uma reduzida resistência à tração, 
normalmente próximo de 10% de sua resistência à compressão. Atualmente, 
podem ser produzidos concretos com resistências muito altas, acima de 50 MPa 
(FUSCO, 2008).
De acordo com Mehta e Monteiro (2014), pode-se classificar o concreto 
em três amplas categorias segundo a sua unidade de peso:
 � concreto de peso normal — composto de areia natural e cascalho ou 
agregados britados, geralmente com peso aproximado de 2.400 kg/m3, 
sendo o mais utilizado para finalidades estruturais;
 � concreto leve — para situações nas quais se deseja uma taxa de resis-
tência por peso, utilizando-se agregados naturais ou agregados com 
baixa densidade na massa de concreto. Em geral, apresenta peso abaixo 
de 1.800 kg/m3;
 � concreto pesado — utilizado para anteparos radioativos, é um concreto 
produzido a partir de agregados de alta densidade e geralmente pesa 
mais de 3.200 kg/m3.
Concreto: características fundamentais2
Para distinguir as propriedades da microestrutura, Mehta e Monteiro (2014) 
também comentam que o concreto pode ser classificado em três categorias, 
com base na capacidade de resistência à compressão:
 � concreto de baixa resistência — menos de 20 MPa;
 � concreto de resistência moderada — entre 20 e 40 MPa;
 � concreto de alta resistência — mais de 40 MPa
Considerando as inovações recentes no campo do concreto, pode-se citar 
os concretos especiais, cuja estrutura ou material apresenta certas alterações, 
com o objetivo de melhorar algumas propriedades específicas. Em geral, 
pela maior complexidade para atingir tal característica, esses concretos são 
preferencialmente misturados em centrais de dosagem, com maior controle 
dos materiais, normalmente medidos em massa.
a) Concreto com agregados reciclados
Surge em decorrência de restrições de extração ou problemas com a des-
tinação de resíduos de demolição de construções e resíduos domésticos, que 
acabam afetando a obtenção convencional dos agregados. Esses resíduos 
podem ser transformados em agregados para uso no concreto, sendo de grande 
interesse econômico e ambiental. Para a reutilização dos agregados, deve-se 
efetuar um adequado tratamento, e o agregado proveniente de demolição 
requer conhecimento especializado, pois pode conter substâncias deletérias 
(NEVILLE; BROOKS, 2013).
b) Concreto reforçado com fibras
Pode ser definido como o concreto produzido com cimento, contendo 
agregados miúdos ou miúdos e graúdos, com a adição de fibras descontínuas 
discretas. Essas fibras podem ser de material natural (asbesto, sisal, celulose, 
etc.) ou industrializadas (vidro, aço, carbono, polímeros, etc.). O reforço com 
fibras melhora a resistência ao impacto e a resistência à fadiga, reduzindo 
também a retração hidráulica. Em geral, a quantidade de fibras é pequena, 
entre 1 e 5% em volume, e, para que tenham comportamento como reforço 
(armaduras), a resistência a tração, o alongamento na ruptura e o módulo 
de elasticidade das fibras devem ser significativamente maiores do que as 
propriedades da matriz (NEVILLE; BROOKS, 2013).
3Concreto: características fundamentais
c) Concreto de alta resistência inicial (CAR)
Compreende um tipo de concreto que supera a resistência à compressão 
de 50 MPa nas primeiras idades, ou seja, apresenta alta resistência inicial à 
compressão. Para atingir essa resistência, o concreto deve ser compacto e 
apresentar microfissuração reduzida (TUTIKIAN; HELENE, 2011). Esse 
tipo é utilizado normalmente em situações que exigem maior velocidade de 
execução, como na indústria de pré-moldados, em estruturas convencionais 
ou protendidas, na fabricação de tubos e artefatos de concreto, etc. 
O custo unitário do CAR, quando comparado ao do concreto convencional, é bastante 
superior, pelo alto consumo de cimento, a incorporação de aditivo superplastificante, 
a adição de sílica ativa, a necessidade do uso de agregados de alta qualidade e a maior 
complexidade do seu uso. Contudo, a resistência superior do CAR leva a reduções do 
consumo de concreto, do peso de aço, das solicitações nas fundações, nas áreas de 
formas e de custos de manutenção da estrutura, o que pode compensar as diferenças 
de custos unitários, viabilizando o uso do CAR na construção civil (FREITAS, 2005 apud 
CAMPOS, 2015).
d) Concreto de alto desempenho (CAD)
Trata-se de um tipo de concreto que, além da alta resistência, tem como foco 
a alta durabilidade (baixa permeabilidade). Pode-se considerar um concreto 
de alto desempenho, em termos de resistência, como acima de 80 MPa. A 
baixa relação água/cimento, em geral em torno de 0,25, chegando algumas 
vezes a 0,20, compreende outro fator para que o seu alto desempenho. Desse 
modo, é necessária a utilização de aditivos superplastificantes para atingir a 
trabalhabilidade necessária. Apresenta como vantagem a redução da seção 
de pilares ou da quantidade de armadura para uma mesma seção transversal 
(NEVILLE; BROOKS, 2013).
Concreto: características fundamentais4
e) Concreto autoadensável (CAA)
Caracteriza-se como uma mistura que expele o ar aprisionado sem a ne-
cessidade de vibração manual, fluindo por obstáculos, como as armaduras, 
preenchendo as formas. O CAA é muito útil para peças estruturais com elevada 
taxa de armadura, em qualquer forma de obstáculos, tanto em concretopré-
-moldado quanto no moldado in loco, tendo como única limitação a necessidade 
de uma superfície superior horizontal. Para ser classificada dessa forma, a 
mistura deve apresentar fluidez e capacidade de passar entre armaduras de 
pequeno espaçamento e resistir à segregação (NEVILLE; BROOKS, 2013).
Outros tipos, como os concretos com altos teores de adições e pozolanas, os 
aparentes, os coloridos, brancos, duráveis e muitos outros ainda poderiam ser 
citados. Em geral, há um grande número de concretos modificados atualmente.
Em relação aos agregados, como compõem mais da metade do volume 
de concreto, sua qualidade tem de grande importância, pois podem limitar 
a resistência, a durabilidade e o desempenho do concreto se apresentarem 
propriedades indesejáveis.
Os agregados para o concreto simples podem ser divididos em graúdos e 
miúdos, de acordo com a sua distribuição granulométrica.
Consideram-se agregados graúdos aqueles cuja maior parte das partículas 
fica retida na peneira com abertura de malha de 4,75 mm (MEHTA; MON-
TEIRO, 2014; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 
2009). Como exemplo, pode-se citar o pedregulho natural ou a pedra britada 
proveniente de processos de britagem de rochas estáveis. Já os agregados 
miúdos são aqueles que passam na peneira de malha de 4,75 mm e ficam 
retidos na peneira 75 μm (MEHTA; MONTEIRO, 2014; ASSOCIAÇÃO BRA-
SILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2009). Como exemplo, a areia natural 
quartzosa ou a artificial, também obtida a partir de processos de britagem de 
rochas estáveis. O diâmetro máximo de 4,75 mm é, na verdade, o diâmetro 
característico superior do agregado, ou seja, pode ser ultrapassado por apenas 
5% da quantidade considerada, em massa (FUSCO, 2008; ASSOCIAÇÃO 
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2009).
Em geral, as areias podem ser classificadas comercialmente conforme o 
Quadro 1, com base na determinação do módulo de finura, que consiste na 
soma dos percentuais acumulados, em massa, de todas as peneiras da série 
normal, dividindo-se por 100 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS 
TÉCNICAS, 2009). A nomenclatura utilizada pode variar de acordo com a 
região considerada.
5Concreto: características fundamentais
Fonte: Adaptado de Fusco (2008).
Nomenclatura Módulo de finura (MF)
Areia grossa MF > 3,90
Areia média 2,40 < MF < 3,90
Areia fina MF < 2,40
Quadro 1. Classificação da areia
Do mesmo modo, os agregados graúdos podem ser classificados comer-
cialmente pelas faixas de tamanho predominantes de seus grãos e diâmetros 
característicos máximos, conforme o Quadro 2. Ressalta-se a necessidade 
de sempre avaliar os diâmetros mais adequados para o método de mistura e 
lançamento adotados para cada situação de concretagem.
Fonte: Adaptado de Fusco (2008).
Nomenclatura Dimensões (mm)
Diâmetro máximo 
característico (mm)
Brita 0 4,8 a 9,5 9,5
Brita 1 9,5 a 19 19
Brita 2 19 a 25 25
Brita 3 25 a 50 50
Brita 4 50 a 76 76
Brita 5 76 a 100 100
Quadro 2. Classificação da brita
Já a forma e a textura dos agregados são características importantes para 
a produção de concretos com bom desempenho.
O arredondamento avalia a angulosidade das arestas ou dos cantos de uma 
partícula ou agregado, podendo ser controlado pelas resistências mecânicas e 
à abrasão da rocha matriz e pelo desgaste ao qual se submete a partícula. Uma 
Concreto: características fundamentais6
classificação geral de arredondamento pode ser verificada na norma britânica 
BS 812:1:1975, citada por Neville (2017), conforme o Quadro 3.
Fonte: Adaptado de Neville (2017).
Classificação Descrição Exemplos
Arredondado Totalmente desgastado pela 
ação da água ou totalmente 
conformado por atrito
Seixo de rio ou de zona 
litorânea; areias de deserto, 
de origem eólica e de 
zona litorânea marítima
Irregular Naturalmente irregular ou 
parcialmente conformado 
por atrito com arestas 
arredondadas
Outros seixos, flint
Lamelar Espessura menor do que 
as outras duas dimensões
Rochas lamelares
Anguloso Arestas bem definidas 
na interseção de faces 
razoavelmente planas
Pedras britadas de todos os 
tipos, talus e escória britada
Alongado Em geral, anguloso; 
comprimento 
consideravelmente 
maior do que as outras 
duas dimensões
Lamelar e 
alongado
Comprimento bem 
maior do que a largura 
e largura bem maior 
do que a espessura
Quadro 3. Classificação da forma das partículas
A forma dos agregados miúdos influencia as propriedades da mistura, pois 
as partículas angulosas exigem maior quantidade de água para determinada 
trabalhabilidade. Para os agregados graúdos, a forma equidimensional é a mais 
desejável, pois agregados com diferenças significativas entre suas dimensões 
resultam em superfícies específicas maiores, preenchendo os espaços entre 
agregados de modo anisotrópico, o que reduz o desempenho do concreto 
(NEVILLE, 2017).
7Concreto: características fundamentais
Já a textura da superfície do agregado afeta a sua capacidade de aderir à 
pasta de cimento, influenciando a demanda de água da mistura, principalmente 
no caso dos agregados miúdos. A textura superficial dependerá da natureza, 
das dimensões dos grãos e da porosidade da rocha matriz, bem como do grau 
das forças atuantes sobre a superfície que a tenham alisado ou tornado ásperas 
(NEVILLE, 2017).
Em princípio, a forma e a textura superficial dos agregados influenciam 
significativamente na resistência do concreto, sendo a resistência à flexão mais 
afetada do que a resistência à compressão, com efeitos mais significativos em 
concretos de alta resistência (NEVILLE, 2017).
A aderência entre os agregados e a pasta de cimento é importante para a resistência 
final do concreto, principalmente quanto à resistência à flexão. A aderência se dá, 
em parte, pela capacidade rugosa da superfície dos agregados de proporcionar o 
intertravamento com a pasta de cimento hidratada do concreto. Superfícies mais 
rugosas resultarão em maior aderência pelo intertravamento mecânico (NEVILLE, 
2017). Cuidado especial também deve ser dado para o recebimento de agregados 
graúdos com sinais de sujeira ou poeira na superfície, pois esses elementos podem 
evitar a aderência da pasta de cimento ao agregado.
Noções de traço e fator água/cimento
No estado endurecido, o concreto deve apresentar as propriedades especifi-
cadas pelo projetista estrutural, enquanto, no estado fresco, as propriedades 
são determinadas pelo tipo de obra e pelas técnicas de execução, como trans-
porte, lançamento e adensamento, bem como pelas próprias características 
geométricas da estrutura a ser concretada. Assim, com base nesses requisitos, 
dimensiona-se a composição da mistura, ou estudo de dosagem, que resultará 
na definição do seu traço.
A dosagem pode ser definida como o processo de seleção dos componentes 
adequados e a determinação de suas proporções com a finalidade de produzir 
um concreto econômico, com algumas propriedades mínimas, como traba-
lhabilidade, resistência e durabilidade (NEVILLE; BROOKS, 2013). Essas 
Concreto: características fundamentais8
proporções podem ser expressas em massa ou volume, sendo preferível a mais 
rigorosa, expressa em massa seca dos materiais (TUTIKIAN; HELENE, 2011).
Portanto, como exemplos, são descritos os métodos de dosagem do Instituto 
Brasileiro do Concreto (Ibracon) e do American Concrete Institute (ACI).
O método de dosagem do Ibracon pode ser classificado como teórico-
-experimental, em que uma parte é executada em laboratório, precedida por 
uma parte analítica de cálculo, baseada em leis de comportamento dos con-
cretos. O parâmetro mais importante para o método é o fator a/c, sem exigir 
conhecimentos prévios sobre o cimento, as adições ou os agregados. Em 
geral, o método Ibracon considera que a melhor proporção entre os agrega-
dos é aquela que consome a menor quantidade de água para obter um dado 
abatimento requerido, avaliando a interferência do aglomerante (cimento + 
adições) na proporção total de materiais. Os limites de aplicação do método 
são (TUTIKIAN; HELENE,2011):
 � resistência à compressão — 5 MPa ≤ fc ≤ 150 MPa;
 � relação a/c — 0,15 ≤ a/c ≤ 1,50;
 � abatimento — 0 mm ≤ abatimento ≤ autoadensável;
 � dimensão máxima do agregado — 4,8 mm ≤ Dmáx ≤ 100 mm;
 � teor de argamassa seca — 30% < α < 90 %;
 � fator água/materiais secos — 5% < H < 12%;
 � módulo de finura do agregado: qualquer um;
 � distribuição granulométrica do agregado: qualquer uma;
 � massa específica do concreto: > 1.500 kg/m3.
O método de dosagem do ACI considera tabelas e gráficos elaborados a 
partir de valores médios de resultados experimentais, abrangendo uma classe 
de resistência à compressão do concreto, aos 28 dias, entre 15 MPa e 40 MPa 
e fatores a/c de 0,39 a 0,79. A consistência do concreto no estado fresco deve 
estar entre 50 mm (plástica) e 150 mm (fluida) (TUTIKIAN; HELENE, 2011).
O objetivo principal do método consiste em fornecer um baixo teor de areia 
para misturas plásticas, possibilitando ao operador identificar se a mistura 
apresenta pouca ou muita argamassa, apenas visualmente. Caso seja necessário 
corrigir o traço pelo baixo teor de argamassa, deve-se acrescentar mais areia à 
mistura, mantendo-se constante o fator a/c. A desvantagem do método refere-se 
ao fato de que os materiais são proporcionalizados a partir de valores tabelados, 
que não abrangem todos os materiais existentes (TUTIKIAN; HELENE, 2011).
Resumidamente, pode-se relacionar alguns princípios da dosagem dos 
concretos (TUTIKIAN; HELENE, 2011):
9Concreto: características fundamentais
 � a resistência à compressão de um concreto é explicada pela resistência 
da pasta de cimento em 95% dos resultados ensaiados;
 � a máxima resistência será, teoricamente, alcançada com uma pasta de 
cimento simples;
 � para cada dimensão máxima característica do agregado graúdo, há 
um ponto ótimo de resistência do concreto, crescente com a redução 
dessa dimensão;
 � a resistência à compressão dos concretos depende essencialmente do 
fator água/cimento (a/c);
 � o concreto será mais econômico quanto maior a dimensão máxima 
característica do agregado graúdo e quanto menor o seu abatimento. 
Portanto, concretos de consistência seca, para uma mesma resistência, 
são mais baratos que de consistência plástica ou fluida;
 � a consistência do concreto fresco depende diretamente da quantidade 
de água por m3;
 � para determinadas resistência e consistência, há uma distribuição gra-
nulométrica ótima (relação entre agregados miúdos e graúdos), que 
minimiza a quantidade de pasta.
Após a etapa de dosagem, define-se o traço unitário, a expressão das 
quantidades relativas dos componentes do concreto, que pode ser executado 
tanto em central de dosagem (concreto usinado) quanto na própria obra. O 
traço unitário das proporções dos materiais, em massa, em relação à massa 
de cimento (kg/kg) é assim expresso:
1:a:b:a/c
Em que:
 � 1 = massa de cimento em relação à massa de cimento (Mc/Mc = 1);
 � a = massa de areia em relação à massa de cimento (Ma/Mc = a);
 � b = massa de brita em relação à massa de cimento (Mb/Mc = b);
 � a/c = massa de água em relação à massa de cimento (Mágua/Mc = a/c);
Por exemplo, se determinada mistura de concreto for composta de 1 saco 
de cimento de 50 kg, 100 kg de areia, 200 kg de brita 1 e 25 kg de água, então 
tem-se:
Concreto: características fundamentais10
Traço unitário: 50/50:100/50:200/50:25/50 → 1:2:4:0,50 
(cimento:areia:brita:água)
Quando o traço é executado na própria obra, normalmente não se medem 
os materiais em massa, mas em volume, como os agregados e a água de 
amassamento. Deve-se ressaltar que a mudança na forma de medição dos 
materiais, de massa para volume, normalmente resulta na redução do controle 
de qualidade da mistura.
Assim, pode-se citar o seguinte exemplo:
 � traço unitário: 1:3:4:0,5 (cimento:areia:brita:água);
 � massa específica do cimento: ρc = 3,14 kg/dm3;
 � massa unitária da areia: ρa = 1,51 kg/dm3;
 � massa específica da areia: γa = 2,63 kg/dm3;
 � massa unitária da brita: ρb = 1,47 kg/dm3;
 � massa específica da brita: γb = 2,75 kg/dm3;
 � traço em massa para 1 saco de cimento de 50 kg: 50:150:200:25.
O traço em massa também pode ser expresso em função de 1 saco de 
cimento de 50 kg e os demais materiais em volume, da seguinte maneira:
50: : : → 50 : 99,34 : 136,05 : 25150
1,51
200
1,47
25
1
Para a dosagem dos materiais em obras de menor responsabilidade, pode-
-se adotar as padiolas, recipientes utilizados para a dosagem dos agregados 
expressos em volume unitário produzidas em madeira, compensado ou aço. 
Normalmente, são montadas para que consigam ser carregadas por dois operá-
rios ou sobre rodas. Como referência, pode-se adotar padiolas com dimensões 
de base de (45 × 35) cm, e a altura dependerá do volume de cada agregado 
(Figura 1).
11Concreto: características fundamentais
Figura 1. Exemplo de padiola.
Fonte: Adaptada de Torres (2015).
h
45 cm
35 cm
Para facilitar o manuseio, pode-se considerar o peso máximo de uma padiola 
de 70 kg, podendo variar conforme a disponibilidade da mão de obra. Logo, 
do traço apresentado, têm-se o seguinte.
Para a areia
 � Vpadiola = 3,50 dm ∙ 4,50 dm ∙ H → H =
Vpadiola
15,75 dm3
 � Padiola de areia: H = = = 6,31 dm = 63,1 cm
Vpadiola
15,75 dm2
99,34 dm3
15,75 dm2
 � Massa de areia/padiola: 
m = V ∙ ρa = (3,5 dm · 4,5 dm · 6,31 dm) · 1,51 = 150,07 kg
kg
dm3
 � 150,05 kg
70 kg = 2,14 → 2,50 padiolas
 � 63,1 cm2,50 = 25,24 cm → 2,50 padiolas com 25,25 cm
Para a brita
 � Padiola de brita: H = = = 8,64 dm = 86,4 cm
Vpadiola
15,75 dm2
136,05 dm3
15,75 dm2
Concreto: características fundamentais12
 � Massa de areia/padiola: 
m = V · ρa = (3,5 dm · 4,5 dm · 8,64 dm) · 1,47 = 200,03 kg
kg
dm3
 �
200,03 kg
70 kg = 2,85 → 3,00 padiolas
 �
86,4 cm
3,00 = 28,80 cm → 3,00 padiolas com 28,80 cm
Dessa maneira, para utilização em obra, o traço pode ser expresso da 
seguinte maneira:
 � 1 saco de cimento;
 � 2,5 padiolas de (35 × 45 × 25,25) cm de areia;
 � 3 padiolas de (35 × 45 × 28,80) cm de brita;
 � 25 litros de água.
O consumo de cimento pode ser assim calculado:
 � Consumo cimento =
100
1
γc
a
γa
b
γb
+ + + a/c
 (para 1 m3 ou 1.000 dm3
 de concreto)
 � Consumo cimento = 13,14 kg/dm3
3,0
2,63 kg/dm3
4,0
2,75 kg/dm3+ + = 292,94 kg/m
3.
Para ter acesso a exemplos de traços de concreto para obras de pequeno porte, 
relacionados a suas respectivas resistências, acesse o link a seguir.
https://goo.gl/NHIzAs
Já o fator água/cimento influencia diretamente na porosidade capilar da 
mistura, que, por sua vez, interfere na durabilidade e na resistência do concreto. 
Os poros capilares, que formam uma rede de canais intercomunicantes por 
toda a massa de concreto, decorrem da evaporação do excesso de água de 
13Concreto: características fundamentais
amassamento. Após o endurecimento, parte dessa água evapora, formando 
uma rede de capilares com poros menores saturados de água e maiores com ar e 
vapor em seu interior, dando origem a uma película de água adsorvida ao longo 
das paredes. Assim, o volume de água em excesso dependerá principalmente 
da relação água/cimento da mistura; em menor quantidade, pode-se formar 
vazios resultantes da água aprisionada sob as grandes partículas de agregados 
ou das armaduras (FUSCO, 2008; NEVILLE, 2017).
Cerca de 5% de vazios no concreto podem provocar uma redução de apro-
ximadamente 30% na resistência à compressão do concreto. Até mesmo 2% 
de vazios podem resultar em uma diminuição de resistência superior a 10%. 
Logo, sob o ponto de vista de trabalhabilidade, para determinado método de 
adensamento, deve-se dimensionar um teor ótimo de água na mistura, de 
modo que a soma dos volumes de bolhas de ar e espaços decorrentes da água 
seja mínima. Maiores valores de massa específica relativa do concreto serão 
obtidos no teor ótimo de água (Figura 2) (NEVILLE, 2017).
Figura 2. Influência da relação água/cimento na resistênciaà compressão do concreto.
Fonte: Mehta e Monteiro (2014).
28 dias
50
40
30
20
10
0
0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 0,7
Relação água/cimento
7 dias
3 dias
1 dia
Re
si
st
ên
ci
a 
à 
co
m
pr
es
sã
o 
(M
Pa
)
Concreto sem ar incorporado
Amostras: corpos de prova cilindricos
de 150 x 300 mm confeccionados com
cimento ASTM tipo 1 ou comum
Concreto: características fundamentais14
A ausência de controle de água pode causar fissuras no concreto, pela retração hidráu-
lica que ocorre durante o endurecimento da estrutura. O excesso de água é um dos 
catalisadores da retração. A falta de cura (procedimentos de proteção para minimizar a 
perda de água) e a exposição excessiva ao sol ou calor também influenciam o fenômeno.
Adições, aditivos e água de amassamento
As adições minerais podem ser definidas como os materiais gerados prin-
cipalmente a partir de subprodutos industriais, adicionados aos materiais 
cimentícios [p. ex., sílica ativa, cinzas volantes, escória granulada de alto 
forno, metacaulim, etc. (ANDRADE, 2017)].
Sobre os possíveis efeitos das adições minerais, Andrade (2017) cita os 
seguintes:
 � auxiliam na retenção de água de amassamento, reduzindo a exsudação 
e a segregação no estado fluido;
 � reagem quimicamente como hidróxido de cálcio, produzindo silicato de 
cálcio hidratado (C-S-H) adicional e aumentando a resistência mecânica 
e durabilidade;
 � atuam fisicamente, proporcionando o refinamento dos poros, também 
contribuindo para o aumento da durabilidade.
No Quadro 4, é apresentada a classificação das adições minerais de acordo 
com Mehta e Monteiro (2014).
15Concreto: características fundamentais
Classificação
Composição química 
e mineralógica
Características dos grãos
Cimentantes e pozolânicas
Cinza volante 
com alto teor 
de cálcio
Silicatos vítreos, 
contendo basicamente 
cálcio, alumínio e álcalis. 
Pequena quantidade 
de matéria cristalina, 
geralmente quartzo. 
Teor de carbono 
inferior a 2%
Pó com 10% de partículas 
maiores que 45 μm; superfície 
específica de 30 a 40 m2/g 
e textura lisa; partículas 
esféricas menores que 
20 μm de diâmetro
Escória 
granulada de 
alto forno
Silicatos vítreos, 
contendo 
principalmente 
cálcio, magnésio, 
alumínio e sílica. Em 
pequenas quantidades 
compostos de melilite
Quando não processado, tem 
a dimensão de um grão de 
areia. Processado ou moído, 
apresenta partículas menores 
que 45 μm, o que corresponde 
a uma superfície específica 
de 50 m2/g. Textura rugosa
Pozolanas altamente reativas
Sílica ativa Sílica pura na forma 
não cristalina
Pó finíssimo de partículas 
esféricas sólidas de diâmetro 
médio de 1 μm. Superfície 
específica em torno de 20 m2/g
Cinza de 
casca de arroz 
queimada à 
temperatura 
controlada
Sílica pura não cristalina Partículas geralmente menores 
que 45 μm. Altamente 
celulares com superfície 
específica de até 50 m2/g
Metacaulim Calcinação da caulinita Moída até atingir um 
diâmetro médio de 1,5 μm
Pozolanas comuns
Cinza volante 
com baixo teor 
de cálcio
Silicatos vítreos 
contendo basicamente 
ferro, alumínio e álcalis. 
Pequena quantidade 
de quartzo, mulita, 
hematita, magnetita 
e silimanita
Pó com partículas esféricas 
com diâmetro médio de 20 
μm. Superfície específica 
de 20 a 30 m2/g
Quadro 4. Classificação das adições minerais
(Continua)
Concreto: características fundamentais16
Fonte: Adaptado de Mehta e Monteiro (2014).
Quadro 4. Classificação das adições minerais
Classificação
Composição química 
e mineralógica
Características dos grãos
Pozolanas comuns
Materiais naturais Aluminosilicatos, 
quartzo, feldspato, mica
Partículas moídas, com 
diâmetro abaixo de 45 μm. 
Textura rugosa
Pozolanas pouco reativas
Escória 
granulada 
de alto-forno 
resfriada 
lentamente, 
cinza de 
grelha, cinza 
de casca de 
arroz queimada 
em campo
Consistem basicamente 
de silicatos cristalinos e 
pequena quantidade de 
matéria não cristalina
Devem ser moídas para 
que se obtenha um pó 
fino e se desenvolva uma 
atividade pozolânica
(Continuação)
Andrade (2017) ainda comenta que o uso de adições melhora certas carac-
terísticas do material, como a impermeabilidade, a diminuição da porosidade 
capilar, a maior resistência a sulfatos e a redução do calor de hidratação.
A NBR 12.653 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 
2015) cita que as pozolanas são um tipo de adição mineral que, por si só, tem 
pouca ou nenhuma característica aglomerante, mas que, quando finamente 
moída e na presença de água, reage quimicamente com o hidróxido de cálcio 
do cimento para formar compostos com propriedades aglomerantes.
A sílica ativa é um tipo de pozolana resultante do processo de fabricação 
de ferrosilício e silício-metálico em grandes fornos elétricos com temperaturas 
acima de 2.000°C. O elevado teor de sílica em sua composição confere à sílica 
ativa alta reatividade pozolânica, podendo contribuir na resistência e durabi-
lidade do concreto em substituição parcial ao cimento (ANDRADE, 2017).
Ainda segundo Andrade (2017), o metacaulim proporciona um efeito filler 
(preenchimento) e de densificação da zona de transição pela elevada finura 
desse material, podendo substituir parte do cimento Portland. Proporciona 
17Concreto: características fundamentais
melhorias também no estado fresco, como a maior coesão e a diminuição 
da exsudação. No estado endurecido, aumenta a resistência e durabilidade.
Os aditivos, embora não sejam componentes essenciais da mistura do 
concreto, têm se tornado cada vez mais importantes e difundidos. Em alguns 
países, uma mistura sem aditivos é considerada quase uma exceção. Os aditivos 
podem oferecer significativas vantagens físicas e econômicas ao concreto, como 
a utilização desse material em situações em que antes existiam dificuldades 
consideráveis ou mesmo insuperáveis, possibilitando, ainda, maior variedade 
de componentes na mistura (NEVILLE, 2017).
O aditivo pode ser definido como um produto químico adicionado ao 
concreto em casos especiais, em quantidades máximas de 5% em relação 
à massa de cimento, durante a mistura do próprio concreto ou outra prévia, 
complementar, com o objetivo de obter alguma alteração específica nas pro-
priedades normais da mistura. Os aditivos podem ser de composição orgânica 
ou inorgânica (NEVILLE, 2017).
A norma norte-americana da American Society for Testing and Materials 
(ASTM) C494-10 classifica os aditivos da seguinte forma (NEVILLE, 2017):
 � tipo A – redutor de água;
 � tipo B – retardador;
 � tipo C – acelerador;
 � tipo D – redutor de água e retardador;
 � tipo E – redutor de água e acelerador;
 � tipo F – redutor de água de elevado desempenho ou superplastificante;
 � tipo G – redutor de água de elevado desempenho e retardador ou su-
perplastificante e retardador;
 � tipo S – desempenho específico.
Em relação à forma de utilização, os aditivos podem ser empregados nos 
estados sólido ou líquido (forma mais comum em razão da maior capacidade 
de dispersão durante a mistura do concreto). Utilizam-se dosadores calibrados, 
adicionando-se o aditivo à água de amassamento. A seguir, serão detalhados 
alguns tipos de aditivos.
Os aditivos aceleradores têm a função de acelerar a resistência inicial 
do concreto, ou seja, do seu tempo de pega e endurecimento. Esse tipo de 
aditivo pode ser utilizado em concretos lançados a baixas temperaturas (entre 
2 e 4°C), na produção de pré-moldados (quando há a necessidade de rápida 
desforma) ou sem serviços urgentes de reparo. Sua utilização em temperaturas 
Concreto: características fundamentais18
elevadas pode causar o aumento da liberação de calor, resultando em fissuras 
por retração (NEVILLE, 2017).
Os aditivos retardadores, ao contrário dos aceleradores, provocam um atraso 
no tempo de pega da pasta de cimento, retardando também o endurecimento. 
São úteis em concretagens em condições de altas temperaturas ambientais, 
situações em que o tempo de pega normal é diminuído pela temperatura ele-
vada. Em geral, auxiliam nas etapasde transporte, lançamento e adensamento 
do concreto, prolongando o tempo de uso da mistura. Também podem auxiliar 
no caso de grandes concretagens com lançamentos contínuos, com retardo 
controlado das várias camadas de lançamento, em vez de uma construção 
segmentada, com juntas construtivas (NEVILLE, 2017).
Os aditivos redutores de água têm a função de reduzir o teor da água da 
mistura, geralmente entre 5 a 10%, diminuindo, consequentemente, a relação 
água/cimento para uma mesma trabalhabilidade. Eles podem melhorar as 
propriedades do concreto no estado fresco quando produzidos com agregados 
de má distribuição granulométrica. O concreto que contém o aditivo redutor de 
água, em geral, apresenta baixa segregação e boa fluidez (NEVILLE, 2017).
Os aditivos superplastificantes também são aditivos redutores de água, mas 
com ação significativamente maior, dando origem a concretos com valores 
bastante baixos de relação água/cimento. As longas moléculas dos superplas-
tificantes envolvem as partículas de cimento, atribuindo-lhes cargas altamente 
negativas, de modo que passam a se repelir. Isso resulta na defloculação e 
na dispersão das partículas de cimento. Essa ação dispersante aumenta a 
trabalhabilidade do concreto para um fator a/c predeterminado, podendo 
alterar o abatimento de 75 para 200 mm, mantendo a mistura coesa. Também 
podem agir elevando significativamente a resistência, pela redução no fator 
a/c, mantendo uma trabalhabilidade normal (NEVILLE, 2017).
Em essência, a água de amassamento objetiva produzir uma mistura com 
trabalhabilidade adequada, bem como hidratar o cimento ou parte dele, con-
forme visto anteriormente. A água estará envolvida em toda a vida útil do 
concreto; excluindo-se as ações resultantes do carregamento, a maioria das 
ações atuantes no concreto em serviço envolve a água, seja ela pura, seja 
transportando sais e sólidos. A água de amassamento também atua nos se-
guintes aspectos e etapas: reações de pega e hidratação, exsudação, retração 
por secagem, fluência, ingresso de sais, ruptura brusca de concretos de relação 
a/c muito baixa, colmatação, manchamento superficial, ataque químico do 
concreto, corrosão de armaduras, carbonatação, reação álcali-agregado, entre 
outros (NEVILLE, 2017).
19Concreto: características fundamentais
Em qualquer situação, deve-se sempre considerar o controle rigoroso da 
composição química dos aditivos empregados para a obtenção de efeitos 
específicos.
A água destinada ao amassamento do concreto deve ser isenta de impurezas 
capazes de prejudicar o desempenho do concreto. De acordo com a NBR 6118 
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014), águas potá-
veis são consideradas satisfatórias. Caso sejam utilizadas águas não potáveis, 
deve-se realizar controles laboratoriais, para identificar o nível de matéria 
orgânica, os resíduos sólidos existentes e os teores de sulfatos (normalmente 
expressos em íons SO4
2–) e de cloretos (expressos em íons Cl–) (FUSCO, 2008).
Neville (2017) cita que águas com pH entre 6 e 8, ou até mesmo 9, que não 
tenham sabor salobro, são adequadas para o uso, além do fato de que colora-
ções escuras ou mau cheiros não significam, necessariamente, a existência 
de substâncias deletérias. O autor ainda comenta que uma maneira simples 
de verificar se a água é adequada consiste em comparar o tempo de pega do 
cimento e a resistência de cubos de argamassa utilizando a água em questão 
com os resultados obtidos com águas reconhecidas como “boas” ou destiladas. 
Uma tolerância de cerca de 10% é considerada satisfatória, tendo em vista as 
variações aleatórias de resistência.
As águas naturais levemente ácidas são inofensivas, porém aquelas que 
contêm ácidos húmicos ou orgânicos podem refletir negativamente no processo 
de endurecimento do concreto. Essas águas, e as águas altamente alcalinas, 
devem ser ensaiadas. Águas salobras, que contêm cloretos e sulfatos, quando 
não excedem 500 ppm e 1.000 ppm de SO3, respectivamente, são consideradas 
inofensivas. Águas com grandes quantidades de cloretos (como a água do 
mar) tendem a gerar umidade constante e eflorescências, questão ainda mais 
significativa quando da presença de armaduras no concreto, já que estes podem 
induzir a corrosão das armaduras (NEVILLE, 2017).
ANDRADE, D. S. Microestrutura de pastas de cimento Portland com nanossílica coloidal e 
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trução Civil)– Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília, Brasília, 2017. Dis-
ponível em: <http://repositorio.unb.br/handle/10482/31070>. Acesso em: 30 set. 2018.
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concreto: procedimento. Rio de Janeiro, 2014. 238 p.
Concreto: características fundamentais20
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7211: agregados para concreto: 
especificação. Rio de Janeiro, 2009. 9 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12653: materiais pozolânicos: 
requisitos. Rio de Janeiro, 2015. 6 p.
CAMPOS, H. F. Concreto de alta resistência utilizando pó de pedra como substituição parcial 
do cimento Portland: estudo experimental. 2015. 152 f. Dissertação (Mestrado em Enge-
nharia de Construção Civil)– Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 2015. Disponível 
em: <https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/38859>. Acesso em: 30 set. 2018.
FUSCO, P. B. Tecnologia do concreto estrutural: tópicos aplicados. São Paulo: Pini, 2008. 328 p.
MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: microestrutura, propriedades e materiais. 2. 
ed. São Paulo: Ibracon, 2014. 782 p.
NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017. 912 p.
NEVILLE, A. M.; BROOKS, J. J. Tecnologia do concreto. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 
2013. 472 p.
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Leituras recomendadas
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view/11985>. Acesso em: 30 set. 2018.
21Concreto: características fundamentais
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