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1 MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I Renata de Oliveira Marinho 2 Renata de Oliveira Marinho Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Bacharelada em Ciência e Tecnologia na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Atuei como Estagiária em Engenharia Civil na empresa MARCON consultoria e projetos. Desenvolvi atividades também junto a Empresa Júnior de Engenharia Civil da UFERSA, Pilares Engenharia Júnior, como Membro da Diretoria de Recursos Humanos e na execução de projetos. Fiz parte do programa de monitoria no ano de 2017. Atuei no GPE (Grupo de Pesquisa em Eletroquímica) com trabalhos sobre Galvanoplastia, do GEEP (Grupo de Engenharia de Estruturas e Pavimentação) e desenvolvi pesquisa em patologias de estruturas, como estruturas de concreto armado. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I 1ª edição Ipatinga – MG ANO 3 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luiza Mendes Leite Fernanda Cristine Barbosa Guilherme Prado Salles Lívia Batista Rodrigues Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Eliza Perboyre Campos © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br http://www.faculdadeunica.com.br/ 4 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científicos (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 5 SUMÁRIO INTRODUÇÃO AOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO .................................. 8 1.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8 1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS ......................................................................... 9 1.3 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS .......................................................................... 13 1.4 PROPRIEDADES FÍSICAS ....................................................................................... 14 1.5 PROPRIEDADES ELÉTRICAS ................................................................................... 16 1.6 PROPRIEDADES TÉRMICAS ................................................................................... 16 1.7 PROPRIEDADES MECÂNICAS..................................................................................20 FIXANDO O CONTEÚDO...........................................................................................24 AGREGADOS E AGLOMERANTES .......................................................... 26 2.1 DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS AGREGADOS .......... 26 2.1.1 QUANTO À DIMENSÃO DA PARTÍCULA .............................................................. 26 2.1.2 QUANTO À ORIGEM ............................................................................................. 27 2.1.3 QUANTO À MASSA ESPECÍFICA .......................................................................... 29 2.2 CARACTERÍSTICAS DOS AGREGADOS ............................................................... 29 2.3 ÍNDICES DE QUALIDADE E TIPOS DE AGREGADOS ............................................ 30 2.3.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO ............................................................................ 30 2.3.2 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO ...................................................................................... 30 2.3.3 RESISTÊNCIA À ABRASÃO .................................................................................... 31 2.3.4 FORMA DOS GRÃOS ............................................................................................ 31 2.3.5 COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA .................................................................... 32 2.3.6 ABSORÇÃO E UMIDADE SUPERFICIAL ................................................................. 33 2.3.7 INCHAMENTO ....................................................................................................... 34 2.4 PROPRIEDADES DOS AGREGADOS ..................................................................... 34 2.5 TIPOS DE AGREGADOS ........................................................................................ 36 2.5.1 AREIA ..................................................................................................................... 36 2.5.2 BRITA ...................................................................................................................... 37 2.5.3 SEIXO ROLADO ..................................................................................................... 37 2.5.4 ARGILA EXPANDIDA ............................................................................................ 38 2.5.5 AGLOMERANTES ................................................................................................... 39 2.5.6 PEGA ..................................................................................................................... 39 2.6 TIPOS DE AGLOMERANTES ................................................................................... 40 2.6.1 ASFALTOS .............................................................................................................. 41 2.6.2 PROPRIEDADES DO ASFALTO PARA A PAVIMENTAÇÃO ................................... 42 2.6.3 CAL ........................................................................................................................ 43 2.6.4 GESSO ................................................................................................................... 46 2.6.5 CIMENTO PORTLAND ............................................................................................ 48 2.6.6 HIDRATAÇÃO........................................................................................................ 50 2.6.7 PROPRIEDADES DO CIMENTO PORTLAND........................................................... 53 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 57 CONCRETO.............................................................................................61 3.1 CONCEITO, HISTÓRIA, COMPONENTES E TIPOS ................................................. 61 3.2 COMPONENTES DO CONCRETO ......................................................................... 63 3.3 CLASSIFICAÇÃO DO CONCRETO ....................................................................... 64 3.4 CLASSIFICAÇÃO DO CONCRETO ....................................................................... 64 3.5 MICROESTRUTURA E ZONA DE TRANSIÇÃO DO CONCRETO ............................ 66 3.6 FASE DO AGREGADO .......................................................................................... 68 3.7 FASE PASTA DE CIMENTO HIDRATADA ............................................................... 68 3.8 ZONA DE TRANSIÇÃO .......................................................................................... 71 3.9 DOSAGEM DO CONCRETO ................................................................................. 71 UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 6 3.9.1 DETERMINAÇÃO DO TRAÇO A PARTIR DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO ...... 72 FIXANDO O CONTEÚDO ..................................................................................... 81 ARGAMASSA .......................................................................................... 85 4.1 CONCEITOS E CONSTITUÍÇÃO ............................................................................ 85 4.2 CLASSIFICAÇÃO E TIPOS ..................................................................................... 86 4.3 PROPRIEDADES NO ESTADO FRESCO E ENDURECIDO ....................................... 91 4.4 DOSAGEM ............................................................................................................. 93 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 96 MATERIAIS CERÂMICOS ...................................................................... 100 5.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO ......................................................................... 100 5.2 MATERIAIS CERÂMICOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL........................................... 101 5.3 PROCESSO DE FABRICAÇÃO ............................................................................ 104 FIXANDO O CONTEÚDO: .................................................................................. 107 MACROMOLÉCULAS ORGÂNICAS FORMADAS E VIDROS ................ 110 6.1 DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES ....................................................................... 110 6.2 APLICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL .............................................................. 111 6.3 PROCESSO DE FABRICAÇÃO ............................................................................ 115 6.3.1 POLÍMEROS ......................................................................................................... 116 6.3.2 VIDROS ................................................................................................................ 116 FIXANDO O CONTEÚDO: ................................................................................... 119 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO .......................................................... 122 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 123 UNIDADE 04 UNIDADE 05 UNIDADE 06 7 CONFIRA NO LIVRO A unidade I apresenta um breve histórico introdutório dos materiais de construção, bem como, sua evolução. Também é possível entender a classificação dos materiais e quais as propriedades essenciais para seu estudo e aplicação. A unidade II apresenta conceitos e aplicações dos principais agregados e aglomerantes disseminados na construção civil, bem como, suas propriedades físicas e químicas e a importância de entende-las. A unidade III apresenta sobre a dosagem do concreto e a importância de se ter um traço de qualidade. Também é mostrado como se calcula o traço do concreto baseado nas prescrições normativas. A unidade IV exibe os principais pontos de estudos das argamassas ao indicar o conceito, constituição, propriedades, ensaios e dosagem destes materiais tão utilizados na construção civil. A unidade V apresenta os principais materiais cerâmicos utilizados na construção civil, suas características e o processo de fabricação destes materiais amplamente utilizados na área. A unidade VI exibe conceitos, constituição, classificações, fabricação e utilização dos polímeros e vidros empregados na construção civil, indicando os principais aspectos destes materiais. 8 INTRODUÇÃO AOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO 1.1 INTRODUÇÃO Quando se trata de materiais de construção pode-se dizer que os mesmos são indispensáveis para executar uma obra e isso, desde os elementos estruturais até os acabamentos finais da mesma. Entretanto, muitas vezes, há sempre um maior enfoque em suas propriedades mecânicas, deixando a mercê aspectos relativos à sua interação com o meio. Os materiais de construção civil podem ser entendidos como elementos de diversas naturezas, no qual desempenham funções específicas e previsíveis proporcionando a existência de um determinado ambiente construído e atrelado a uma finalidade, seja ela transporte, habitação, serviços e etc. A transformação dos materiais de construção é constante, sendo notória sua evolução ao longo dos séculos. Na antiguidade, muito se utiliza os materiais sem nenhuma intervenção, isto é, assim como o mesmo era encontrado na natureza. Com a evolução, os materiais passaram por processos de transformação que propiciaram maior facilidade no manuseio do material como, por exemplo, a lapidação de pedras, moldagem de argila, corte da madeira e etc. Entretanto, tem-se também materiais que passaram por poucos processos de intervenção como o concreto, ou seja, utiliza-se o concreto da mesma forma que era utilizado desde de sua descoberta e para a mesma finalidade, o que mudou ao passar dos anos foi o seu processo de produção. Processo esse que aprimorou o material e que é realizado com um processo de qualidade mais cauteloso. Note que os materiais vivem em constante evolução e isso não difere no ramo da construção civil, já que os materiais de construção vivem um processo contínuo de adaptação para aprimoramento dos processos construtivos. Porém, para se realizar mudanças adequadas nos materiais de construção se faz necessário conhecer suas propriedades e aplicações atreladas de cada tipo de material. UNIDADE 01 9 De acordo com Ribeiro (2002), para se caracterizar um material de maneira tecnológica, é fundamental que se conheça suas propriedades intrínsecas, isto é, derivadas da sua natureza, origem e constituição da mesma; entender o seu comportamento quando submetido a solicitações variadas; e, por fim, quanto as especificações técnicas que o mesmo deve atender para cumprir as funções estabelecidas previamente. Dentro das condições técnicas que se faz necessário um material de construção ter, podemos citar boa resistência, trabalhabilidade, durabilidade, higiene e segurança. Além disso, os materiais de construção civil devem atender especificações econômicas e estéticas, isto é, devem ter um custo benefício adequado e proporcionar conforto ao usuário. Portanto, de acordo com Verçosa (2015), o conhecimento sobre materiais de construção civil deve ser predominantemente experimental, tecnológico. As qualidades dos materiais podem ser estabelecidas pela observação continuada, pela experiência adquirida ou por ensaio de laboratório especializados. Como não seria prático que cada novo engenheiro fosse adquirindo aos poucos essaexperiência, é preciso que esses conhecimentos sejam difundidos por meio do ensino. Assim sendo, essa é a finalidade da disciplina Materiais de Construção Civil. 1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS Há mais de uma forma e/ou critério de classificação dos materiais de construção, dentre elas temos a classificação quanto à origem, quanto a função e quanto a formação atômica e química do material. Quanto a origem os materiais podem ser classificados como: Naturais: são materiais nos quais não é necessário realizar nenhuma intervenção para seu uso, isto é, podem ser utilizados na maneira como são encontrados na natureza. Em algumas situações, tratamentos mais simples, como lavagem ou redução de tamanho, são necessários antes de serem usados. A madeira, areia e a pedra, são exemplos comuns desse tipo de material. Artificiais: os materiais artificiais são aqueles que passam por intervenções industriais, onde são utilizados de uma matéria-prima natural e transformados a partir dela. Tijolos, telhas e aço, são exemplos de materiais artificiais. Combinados: são aqueles adquiridos por meio da combinação entre 10 materiais naturais e artificiais, por exemplo, para a obtenção do concreto utilizamos de cimento, areia, brita e água, onde o cimento e a brita são obtidos por processos artificiais e, em contrapartida, a areia e água são materiais naturais. Outro exemplo desse tipo de material é a argamassa. Quanto a função dos materiais, os mesmos podem ser ditos como: Materiais de vedação: sua função é de isolamento ou vedação de ambientes servindo como divisórias entre os mesmos e os materiais mais comuns nessas aplicações são o tijolo, gesso e vidro. Materiais de proteção: são utilizados com o intuito de proporcionar o aumento da vida útil da construção, dando proteção e durabilidade a mesma. Tais materiais podem ser as tintas, impermeabilizantes, dentre outros. Materiais com função estrutural: são materiais que suportam carga e os esforços atuantes no sistema estrutural, como exemplo temos a madeira, o aço, o concreto, determinados tipos de alvenaria. Como dito, os materiais, de forma geral, também podem ser classificados pela sua estrutura atômica e química, no Quadro 1, podemos observar tais materiais. Quadro 1: Classificação dos materiais quanto a formação atômica e química Classificação Conceito Representação Metais Compostos de combinação de elementos metálicos que possuem grande quantidade elétrons livres, constituindo-se ligações metálicas. Cerâmicos Materiais formados por compostos de elementos metálicos (Al, Na, K, Mg, Ca, Si) e um dos cinco seguintes elementos não-metálicos: O, S, N, C e P. 11 Polímeros Um polímero é um composto formado por longas cadeias moleculares, em que cada molécula é formada por unidades repetidas ligadas entre si. Os polímeros podem ser separados em plásticos e borrachas, por exemplo: Polímeros Termoplásticos, Polímeros Termorrígidos e Elastômeros. Livro: Introdução aos Processos de Fabricação, Autor:Mikell P. Groover Compósitos São formados pela união de dois ou mais materiais com o objetivo de obterem-se propriedades especiais não apresentadas isoladamente. Semicondutores Apresentam propriedades mecânicas muito próximas das cerâmicas, entretanto, por aspectos técnicos formam um grupo separado, motivado por terem características diferentes no que concerne a tecnologia empregada. - São materiais de composição como o silício e o germânio, além do gálio, arsênio, cádmio 12 e telúrio. - São uma subclasse dos materiais cerâmicos Biomateriais Materiais empregados em implantes no corpo humano para substituição de partes danificadas, principalmente ossos. Materiais avançados São aqueles que possuem aplicações em alta tecnologia, isto é, dispositivos ou produtos que operam utilizando princípios sofisticados, como equipamentos eletrônicos, sistemas de fibra ótica, espaçonaves, aeronaves, foguetes, etc. Materiais não- convencionais Por questões de sustentabilidade do planeta, alguns setores da construção têm desenvolvido projetos e utilizados materiais ecologicamente mais corretos, além de utilizar maior quantidade de resíduos e de materiais e produtos reciclados. Com isso, adentra- se o uso de bambu, blocos de RCD, dentre outros. Fonte: Adaptado de Bauer (2019) 13 1.3 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS As qualidades externas que definem e distinguem um corpo podem ser entendidas como suas propriedades. Um material é reconhecido por suas características e pela forma como se comporta em torno de agentes externos. De acordo com Bauer (2019), as principais propriedades dos corpos são: extensão, impenetrabilidade, inércia, atração, porosidade, divisibilidade e indestrutibilidade. A extensão pode ser entendida como a capacidade de ocupação em um determinado lugar no espaço, isto é, toda e qualquer matéria ocupa um lugar no espaço. E isso independe do estado físico da matéria e pode ser medida em volume. A impenetrabilidade significa que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo ou duas porções de matéria. Um exemplo básico disso é quando se coloca água em um determinado recipiente e você insere sua mão dentro. Se o recipiente estiver cheio de água, com a inserção da sua mão a mesma irá transbordar. Já a inércia retrata que um corpo permanece em movimento ou repouso, a menos que ocorra uma interferência e uma força aja sobre ela. Por exemplo, em um jogo de vôlei a bola só entra em movimento quando se é aplicada uma força por Conhecer os tipos de materiais e suas características é de extrema importância para o desenvolvimento de produtos finais disseminados na construção civil. Anteriormente, conhecemos e entendemos um pouco sobre os tipos de materiais mais utilizados e para ampliar esse conhecimento é importante realizar pesquisa e buscar sempre entender melhor cada tópico. O livro Materiais de Construção de L.A. Falcão Bauer está disponível na Biblioteca Virtual Pearson e irá auxiliar no aprofundamento do conhecimento sobre este capítulo, sugere-se a leitura do capítulo 1 do livro, entretanto, seja curioso(a) e busque por mais! Disponível em: https://bit.ly/3NjWwrn. Acesso em 20 jan. 2023. Além do livro de Materiais de Construção de L.A. Falcão Bauer e o livro de Ciência e Engenharia de Materiais Uma Introdução do autor William D. Callister, Jr., sugiro também para complementar e aprofundar o conhecimento o livro de Introdução aos Processos de Fabricação do autor Mikell P. Groover. Disponível em: https://bit.ly/40ME51w. Acesso em: 20 jan. 2023. https://bit.ly/3NjWwrn https://bit.ly/40ME51w 14 um jogador. A atração é a propriedade dos corpos que, de acordo com a lei de atração das massas, a matéria atrai a matéria. Já a porosidade se refere a descontinuidade da matéria, ou seja, há espaços vazios entre as massas. A divisibilidade dos corpos permite que, mesmo que um corpo seja partido em pequenas partes, ele mantenha suas propriedades. Por exemplo ao cortar um pão com uma faca, as fatias irão possuir as mesmas propriedades e características do pão inteiro. E, por fim, a indestrutibilidade diz respeito que nenhuma matéria pode ser destruída, mas pode ser transformada. 1.4 PROPRIEDADES FÍSICAS A homogeneidade do material é uma propriedade determinante para direcionar o uso de um material. Quanto a homogeneidade, os materiais podem ser isotrópicos e anisotrópicos, onde os materiais isotrópicos apresentam uma igualdade nas três direções (x, y e z) e os anisotrópicos se caracterizam por haver uma variação em, pelo menos, uma de suas direções.Vale salientar, que boa parte dos materiais encontrados no meio, são anisotrópicos. A massa específica do material varia de acordo com o núcleo do átomo, da sua estrutura química, da organização molecular e da eficiência de empacotamento. A massa específica é entendida como a relação entre massa e volume. Ela é expressa com as unidades: kg/m³ e g/cm³. 𝜌 = 𝑚 𝑉 Onde, 𝜌 = massa específica do material; m = massa; V = volume. Já a massa unitária, de acordo com a NBR 7810, pode ser entendida como a massa do volume aparente, isto é, aquela no qual inclui o volume de vazios entre os grãos. Portanto, a principal diferença entre a massa unitária e a massa específica de um material é que uma considera o volume de vazios e a outra não considera, respectivamente. 15 Figura 1: Diferença entre massa específica (a) e massa unitária (b) (a) Representação da massa específica. (b) Representação da massa unitária. Fonte: Autora (2023) Também temos a dureza que pode ser entendida como a resistência dos materiais a deformações permanentes. Além disso, a tenacidade de um material diz respeito a resistência do material em relação a choques ou percussões, ou seja, é a quantidade de energia que se necessita para que um material deforme até romper. A maleabilidade também é uma das principais propriedades dos materiais e pode ser conhecida, também, como plasticidade. A mesma retrata sobre a capacidade de um material ou corpo de ser moldado, de se diminuir sua espessura sem romper. A deformação plástica de um corpo é permanente, ou seja, com a retirada da aplicação do carregamento não retorna ao seu estado inicial. A ductibilidade diz respeito a capacidade que um material antes de sofre ruptura, ou seja, o material pode ser submetido a uma deformação plástica grande ou pequena antes de se romper. Quando um material é muito dúctil, isso quer dizer que o mesmo pode chegar à espessura de um fio antes do seu rompimento. Já os Massa específica e densidade podem ser ditas iguais? A relação entre massa e volume é conhecida como massa específica, e a relação entre massa e volume é conhecida como densidade. No entanto, os dois não são os mesmos porque a densidade se refere a um corpo, enquanto a massa específica se refere a uma substância. A massa específica do ferro, por exemplo, é igual a 7900 kg /m³. Se qualquer objeto sólido fosse inteiramente feito de ferro, sua massa específica e densidade seriam as mesmas? E se o mesmo sólido possuir uma região de vazios (oca), sua massa específica e densidade são as mesmas? 16 materiais pouco dúcteis rompem sem grandes deformações plásticas. A durabilidade de um material está atrelada a capacidade do mesmo permanecerem inalterados ao passar do tempo, com as mesmas propriedades ao longo do tempo. Já a resistência à abrasão é uma propriedade ligada ao uso contínuo do mesmo, isto é, quanto o material resiste sem perder massa, volume e qualidade durante seu uso. Por fim, a elasticidade é o oposto da plasticidade e está atrelada a capacidade que um corpo tem de retornar a sua forma inicial após aplicação de um carregamento. A deformação elástica pode ser do tipo linear e não-linear. 1.5 PROPRIEDADES ELÉTRICAS Dentre as propriedades elétricas dos materiais temos como principais: Resistividade elétrica: diz respeito à passagem de corrente através de um corpo, onde a resistividade é determinada em ohm vezes metro, veja a equação a seguir. 𝜌 = 𝑅𝐴 𝐼 Onde R é a resistência do material através do qual a corrente elétrica está passando (Ω), A é a área da seção reta perpendicular à direção da corrente (m²) e I é a distância entre dois pontos onde é medida a voltagem (m). Condutividade elétrica: é entendida como o inverso da resistividade, ou seja, a facilidade de um corpo conduzir eletricidade e é representada pela equação a seguir. 𝜎 = 1 𝜌 Onde, 𝜌 é a resistividade e 𝜎 condutividade elétrica [(Ω. m)−1]. 1.6 PROPRIEDADES TÉRMICAS Dentre as propriedades térmicas dos materiais temos como principais: Capacidade térmica: pode ser entendida como a propensão que um material possui em absorver calor da sua vizinhança externa, representando a 17 quantidade de energia necessária para produzir um aumento unitário da temperatura. A equação abaixo representa essa propriedade. 𝐶 = 𝑑𝑄 𝑑𝑇 Onde dQ é a energia necessária para produzir uma variação de temperatura dT. Condutividade térmica: capacidade que um determinado material possui em transferir calor, no qual está associado ao fluxo de calor por condução. Observe a equação a seguir. 𝑞 = −𝑘. 𝐴. 𝑑𝑇 𝑑𝑥 Onde q é o fluxo de calor por unidade de tempo e área perpendicular à direção do fluxo (kcal/m².h), k condutividade térmica do material (kcal/m².h.oC), A seção transversal do corpo perpendicular ao fluxo de calor (m²) e dT/dx é o gradiente de temperatura através do corpo. Dilatação térmica: é uma propriedade que caracteriza a expansão e retração do material quando submetidos a resfriamento ou aquecimento. A mesma depende do seu coeficiente de dilatação térmica e da magnitude de resfriamento ou aquecimento do material, onde a dilatação pode ser linear ou volumétrica. Algumas características dos materiais determinam o seu coeficiente de dilatação, por exemplo, materiais com ligações químicas fortes possuem baixos coeficientes de dilatação térmica como os materiais cerâmicos e metálicos com elevado ponto de fusão. Da mesma forma, os materiais com ligações químicas fracas possuem elevados coeficientes de dilatação como os polímeros com baixos pontos de fusão. 1.7 PROPRIEDADES MECÂNICAS Dentre as propriedades mecânicas dos materiais temos como principais: Tração: pode ser entendida como uma força de contato que puxa ou traciona um determinado corpo promovendo o alongamento do corpo e separação das suas partes, onde a capacidade de tração de um corpo é definida através de ensaios experimentais. Compressão: a compressão também é são forças de contato que comprime um corpo e tende a reduzir uma das suas dimensões e aumentar sua seção 18 transversal. A capacidade de resistir a esforços de compressão de um corpo também é determinada através de ensaios. Cisalhamento: o cisalhamento surge quando há aplicação de forças em sentidos iguais ou opostos no corpo e com direções iguais, mas com intensidades aplicadas distintas do corpo avaliado. A resistência ao cisalhamento de um corpo também é determinada através de ensaios experimentais. Flexão: é uma deformação que surge quando uma estrutura é alongada no sentido perpendicular ao eixo horizontal. Torção: pode ser entendida como um momento aplicado (uma força aplicada que produzirá rotação no corpo) no plano transversal ao eixo do corpo. Tensão: é a relação da força aplicada (tração ou compressão) pela área de aplicação (Figura 2.a). 𝜎 = 𝐹 𝐴 Onde 𝜎 é a tensão, F a carga aplicada em uma direção perpendicular à área da seção e A é a área da seção. Deformação: entendida como a mudança de um corpo, podendo ser de forma e de tamanho, quando aplicada uma força no mesmo (Figura 2.b). 𝜀 = 𝑙𝑓 − 𝑙𝑖 𝑙𝑖 = ∆𝑙 𝑙𝑖 Onde 𝜀 é a deformação específica do material, li o comprimento inicial, lf comprimento final e ∆l o alongamento. 19 Figura 2: Propriedades mecânicas dos materiais: tensão e deformação (a) Tensão em um corpo. (b) Deformação em um corpo. Fonte: Botelho (2013) Elasticidade: é uma propriedade que diz respeito a capacidade de um material voltar ao seu estado original após sofrer a aplicação de um carregamento, apresentando um comportamento linear entre a tensão aplicada ao corpo e sua deformaçãovalidando a lei de Hooke. Um exemplo de um material elástico é a mola perfeita, entretanto, a maioria dos materiais não são lineares e possuem apenas uma região elástica inicial, após isso, inicia-se a região plástica. Plasticidade: é uma propriedade que diz respeito a deformação permanente que ocorre nos materiais, havendo a ruptura nas ligações intramoleculares e cessando a proporcionalidade entre tensão e deformação. No regime plástico a lei de Hooke não é mais válida. 20 Figura 3: Caracterização do regime elástico e plástico Fonte: Botelho (2013) Na Figura 3, podemos notar a tensão (𝜎) 1,2 e 3, onde a tensão 1 é a região limite da elasticidade, a 2 o início da região plástica e a 3 a tensão de ruptura do material. Ductilidade: os materiais podem ser entendidos como frágeis, dúcteis e quase- frágil, onde a ductilidade de um material é o nível de deformação plástica antes da ruptura do mesmo. Os materiais com pequenas deformações plásticas são frágeis, como o ferro fundido e materiais cerâmicos. Já os materiais com elevadas deformações plásticas são materiais dúcteis, como o aço. Por fim, os materiais quase- frágeis, são aqueles que apresentam um comportamento intermediário, como o concreto. 21 Figura 4: Comportamento dos materiais frágeis, quase-frágeis e dúcteis Fonte: Hibbeler (2019) Tenacidade: capacidade de um material absorver energia até a sua ruptura, isto é, a resistência que o material proporciona a ruptura por choque ou percussão. Resiliência: capacidade de um material absorver energia na sua fase elástica e com a remoção do carregamento, recuperar a energia. Fadiga: é a ruptura de um material quando o mesmo é submetido ao carregamento repetidas vezes, podendo provocar ruptura frágil em materiais dúcteis. A fadiga surge na aplicação de cargas dinâmicas e variáveis e por isso o material pode chegar à ruptura antes de atingir o limite da sua resistência. Viscosidade: medida da resistência interna de uma substância ao fluxo quando submetida a uma dada tensão. 22 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (Adaptada da CODEVASF - 2021) Ensaios em laboratório são necessários para a obtenção de algumas propriedades mecânicas do material. O teste de tração é bastante usado para tal e consiste em usar um corpo de prova padrão de um determinado material e tracionar até a sua ruptura. Com esse teste, é possível obter o comportamento mecânico do material pela curva tensão-deformação. Tendo como referência o texto anterior, julgue os itens a seguir e assinale a alternativa correta. a) Em um material dúctil, a região plástica tem comportamento linear plástico, a ruptura do material ocorre na região linear elástica e ocorrem deformações permanentes na região plástica. b) Em um material quase-frágil, a região elástica tem comportamento linear elástico, onde após a retirada do carregamento nessa região, há uma deformação residual. c) O aço possui uma pequena região plástica, caracterizando uma ruptura frágil. d) O ferro fundido possui uma pequena região plástica, caracterizando uma ruptura frágil. e) O concreto é um material dúctil. 2. (Adaptada da CODEVASF - 2021) Em relação as propriedades dos materiais assinale a alternativa correta. a) Em um material dúctil, a região plástica tem comportamento linear plástico, a ruptura do material ocorre na região linear elástica e ocorrem deformações permanentes na região plástica. b) Em um material dúctil, é possível dividir a curva tensão-deformação em uma região elástica e outra plástica. Nessa curva, o material tem um comportamento inicial linear elástico, que possibilita a obtenção do módulo de elasticidade. c) São exemplos de propriedades mecânicas do material: a tenacidade do material, que é capacidade do material em absorver energia antes de sua ruptura; e o módulo de elasticidade, que relaciona a tensão e deformação na 23 região plástica. d) Com relação às propriedades mecânicas dos materiais, a tensão de escoamento é a tensão máxima que o material resiste a tração; e o módulo de resiliência, a energia absorvida até o limite de ruptura. e) Todas as alternativas anteriores estão corretas. 3. (EBSERH – 2020) Considere as seguintes propriedades dos materiais de: (I) de recuperar a forma original logo que cessa o esforço; (II) de deixarem-se deformar permanentemente sem sofrer rupturas; (III) de absorver energias até a ruptura, incluindo deformações elásticas e plásticas. As denominações Plasticidade, Tenacidade e Elasticidade, correspondem, respectivamente, às propriedades: a) III, II e I b) III, I e II c) II, I e III d) II, III e I e) I, II e III 4. (EBSERH – 2020) Durante a etapa de seleção dos materiais em um projeto, o engenheiro deve conhecer suas características de deformação a fim de garantir o melhor desempenho possível do componente. Neste tema, analise os gráficos a seguir e assinale a alternativa correta. a) A curva 1 refere-se a um material de comportamento dúctil, pois o ensaio mostra uma reta no gráfico de tensão-deformação. b) A curva 1 refere-se a um material de comportamento frágil. c) Fica evidente que a curva 2 refere-se a um material de comportamento frágil, pois um mesmo valor de tensão aparece em mais de um ponto da curva. 24 d) Ambos os materiais apresentam comportamento frágil, pois o ensaio termina com a ruptura do corpo de prova. e) Não é possível analisar o gráfico, uma vez que não há informações sobre o tamanho do corpo de prova. 5. (EBSERH – 2020) Leia o texto a seguir, adaptado do livro "CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia de materiais = Uma introdução. 8.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012.", a respeito de Fadiga em Materiais. "A fadiga é uma falha que ocorre em estruturas submetidas a tensões _____. Sob tais circunstâncias, é possível ocorrer uma falha sob um nível de tensão consideravelmente _____ao limite de resistência à tração ou ao limite de escoamento para uma carga _____. Mesmo em metais com natureza normalmente _____a falha por fadiga é de natureza _____." Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente as lacunas. a) estáticas /superior / dinâmica / dúcteis / frágil b) estáticas / inferior / dinâmica / frágeis / dúctil c) dinâmicas e variáveis / superior / estática / frágeis / dúctil d) dinâmicas e variáveis / inferior / estática / dúcteis / frágil e) dinâmicas e variáveis / superior / estática / dúcteis / frágil 6. (UFPE – 2019) Em relação aos ensaios para analisar as propriedades mecânicas dos materiais, é correto afirmar que ductibilidade é a capacidade de o material: a) resistir à penetração em sua superfície, e (a ductibilidade) está relacionada à tensão limite de resiliência do material. b) deformar-se lentamente quando submetido a tensões menores que a de escoamento sob temperaturas elevadas. c) deformar-se plasticamente sem atingir a ruptura e pode ser obtida da análise do alongamento e da estricção. d) resistir a cargas estáticas e/ou dinâmicas, seja de tração, compressão, torção ou azimutal. e) absorver energia quando deformado elasticamente, e devolvê-la quando descarregada. 25 7. (HAGEMANN – 2011) Painéis de gesso acartonado são placas que podem ser utilizadas para criar paredes leves e fechar ambientes sem acarretar muitas cargas no pavimento onde são colocadas. Quanto à função, este material pode ser classificado como: a) Material Natural b) Material Artificial c) Material Composto d) Material de Vedação e) Material de Proteção 8. (HAGEMANN – 2011) A argila expandida é um agregado utilizado na confecção de concretos leves e isolantes térmicose acústicos e é obtido através de tratamento térmico. A argila, formada por silicatos de alumínio e óxidos de ferro e alumínio pode ter propriedades expansivas quando exposta a altas temperaturas, que promovem a expansão de gases, fazendo com que a argila se transforme em grãos porosos de variados diâmetros. Quanto à origem do material, a argila expandida pode ser classificada como: a) Material Natural b) Material Artificial c) Material com Função Estrutural d) Material de Vedação e) Material de Proteção 26 AGREGADOS E AGLOMERANTES 2.1 DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS AGREGADOS Segundo Bauer (2019), os agregados são matérias-primas mineiras essenciais e muito importantes para a sociedade. Os mesmos podem ser ditos como materiais granulares e variam de tamanho, sendo conhecidos como agregados graúdos e agregados miúdos. De acordo com a NBR 7211:2005, os agregados graúdos variam de 4,75 a 75 mm e os agregados miúdos variam de 0,075 a 4,75 mm. Sua utilização é diversa, sendo utilizado em pavimentações, lastros de ferrovias, obras geotécnicas, concretos, argamassas e em construções em geral. Os agregados podem ser definidos como fragmentos de rochas, conhecidos como pedras e areias. Tais fragmentos são materiais granulares, como observado no parágrafo anterior, que podem ser do tipo naturais ou artificiais. E sua principal função é atuar como material inerte nas argamassas e concretos. Vale salientar que, no Brasil 85% dos agregados britados são derivados de granitos, 10% são gerados a partir de rocha calcária e 5% de basaltos (BAUER, 2019). A brita é um dos agregados mais utilizados no Brasil e no mundo. Os agregados podem ser classificados quanto à dimensão da partícula, quanto à origem e quanto à massa específica. 2.1.1 Quanto à dimensão da partícula De acordo com NBR 7211:2009 os agregados, quanto as suas dimensões, podem ser miúdos, graúdos e fíllers. Miúdo ou fino: é aquele no qual passa na peneira 4,75 mm (peneira de malha quadrada) e ficam retidos na peneira 0,075 mm, conforme ABNT. Graúdos ou grossos: são os grãos que passam na peneira de 75 mm e ficam retidos na peneira de 4,75 mm, conforme ABNT. UNIDADE 02 27 Fíller: são aqueles que passam na peneira 0,075, conforme ABNT. Figura 5: Peneiras do ensaio de granulometria Fonte: Autora (2017) 2.1.2 Quanto à origem Quanto a origem dos agregados os mesmos podem ser naturais, artificiais e industrializados. Naturais: são aqueles que se encontram na natureza em estado de utilização como a areia de rios, seixos rolados, cascalhos, pedregulhos, dentre outros. Artificiais: são provenientes do britamento de rochas como os pedrisco e pedras britadas. Industrializados: são provenientes de processos industriais como a argila expandida, escória britada e escória de alto-forno. Figura 6: Agregado natural (a), agregado artificial (b) e agregado industrializado (c) (a) (b) (c) Fonte: Disponível em: https://shutr.bz/426yR1F. Acesso em: 22 jan. (2023) https://shutr.bz/426yR1F 28 A brita é originada por processos de britagem sendo um produto artificial e, como já mencionado, a brita é um dos principais agregados utilizados na construção civil. Com isso, vamos entender melhor como se dá o processo de produção da brita através da Figura 7. Figura 7: Processo de fabricação da brita Fonte: Adaptado de Bauer (2008) apud Hagemann (2011) Dentro da classificação quanto a origem dos agregados há uma divisão dentro dos materiais artificiais e torna-se agregados artificiais e industrializados, onde os mesmos possuem características intrínsecas. 29 2.1.3 Quanto à massa específica Os agregados podem ser do tipo leves, normais e pesados, variando de acordo com sua massa específica. Agregados leves: são aqueles que a massa unitária é inferior a 1500 kg/m³ e sua principal aplicação se dá na produção de concretos leves. Vale salientar, que essa massa pequena é devido a sua microestrutura celular ser altamente porosa. São exemplos desse tipo de agregado a escória de alto-forno, lodo de esgoto e argila expandida e uma das suas utilizações é em concreto pré-moldado. Agregados normais: são aqueles no qual a massa unitária varia entre 1500 kg/m³ e 1800 kg/m³ e sua principal aplicação é nos concretos convencionais. São exemplos desse tipo de agregado a areia, brita e pedregulho. Agregados pesados: são aqueles que possuem a massa unitária superior a 1800 kg/m³ e sua principal aplicação é na produção de concretos pesados, nos quais são utilizados em blindagens de radiação, como em usinas nucleares. São exemplos desse tipo de agregado a barita, limonita e magnetita. 2.2 CARACTERÍSTICAS DOS AGREGADOS O primeiro arranha-céu do mundo em concreto armado com 100 metros de altura, foi inaugurado em 1925 e é o Palácio Salvo em Montevidéu (Figura 26). Figura 26: Palacio dito em sua definição, devem ser elementos inertes, isto é, que não reage quimicamente quando misturado com outro material. Portanto, os agregados devem seguir determinados critérios, como: Não deve conter constituintes que reajam com o cimento fresco ou endurecido, no caso de produção de argamassas ou concretos; Não deve sofrer variações de volume com a umidade; Não deve conter incompatibilidade térmica entre seus grãos e a pasta endurecida. 30 2.3 ÍNDICES DE QUALIDADE E TIPOS DE AGREGADOS O conhecimento e aplicação adequada dos índices de qualidade de um material, garantem a produção de outros materiais com boa qualidade e durabilidade. Os principais índices de qualidade, são: Resistência à compressão; Resistência à tração; Resistência à abrasão; Forma dos grãos; Composição granulométrica; Absorção e umidade superficial; Inchamento. 2.3.1 Resistência à compressão A resistência varia de acordo com o esforço de compressão aplicado, isto é, se o mesmo é aplicado a paralela ou perpendicularmente ao veio da pedra. No Quadro 2 podemos observar a resistência à compressão dos materiais mais utilizados. Quadro 2: Resistência à compressão de agregados Material Resistência à compressão Granito (Serra da Cantareira) 154 Mpa Granito (Rio de Janeiro) 120 Mpa Basalto 150 MPa Fonte: Adaptado de Bauer (2019) 2.3.2 Resistência à tração Assim como a resistência à compressão, também depende da direção do esforço aplicado na pedra relativo ao veio da mesma. Comumente, sua ordem de grandeza varia entre 10 a 15 Mpa. 31 2.3.3 Resistência à abrasão A abrasão pode ser entendida como o desgaste superficial dos grãos de agregado devido sofrerem atrição. Tal propriedade caracteriza a capacidade que o agregado tem de não se alterar quando manuseado, ou seja, quando passam pelo processo de transporte, carregamento, estocagem e basculamento. 2.3.4 Forma dos grãos Segundo Bauer (2019), a forma de uma partícula se dá expressando as três dimensões da mesma e formando um paralelepípedo. Entretanto, para o concreto realiza-se uma avaliação mais simplificada, utilizando um único parâmetro, o índice de forma. Tal índice é determinado através da relação entre o comprimento e espessura de 200 partículas. A figura 8 representa a análise de forma de uma partícula. Figura 8: Representação da análise de forma de uma partícula Fonte: Bauer (2019) Ribeiro (2002) retrata que a forma das partículas interfere diretamente no empacotamento dos agregados e os grãos podem ser do tipo angulosos, arredondados e irregulares. Angulosos: apresenta arestas vivas e cantos angulosos. Por exemplo, pedras britadas de todos os tipos.Arredondados: apresenta cantos arredondados sem arestas. Por exemplo, seixos ou areias de rio ou de praia. Irregulares: apresenta irregularidades naturais. Por exemplo seixos de 32 escavação. Figura 9: Tipos de forma dos agregados Fonte: Disponível em: https://bit.ly/2ItVJVe. Acesso em: 26 dez.(2022) 2.3.5 Composição granulométrica De acordo com Bauer (2019), a distribuição granulométrica dos agregados é obtida geralmente pelo ensaio de peneiramento. Os grãos podem ser contínuos e bem graduados, descontínuos e uniformes. Na Figura 10, observamos tais características. Sabendo que o concreto é um dos materiais mais utilizados na construção civil e que o mesmo, aliado a outros materiais, é responsável pela resistência dos esforços que atuam em uma determinada edificação, torna-se imprescindível entender os agregados que o compõe e qual melhor agregado a ser utilizado no mesmo. Com isso, assista ao vídeo explicativo para assimilar melhor o conteúdo abordado. Disponível em: https://bit.ly/2AyCNyt. Acesso em: 27 jan. 2023. https://bit.ly/2ItVJVe https://bit.ly/2AyCNyt 33 Figura 10: Granulometria das partículas Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3Kc1h4s. Acesso em: 22 fev. 2023 2.3.6 Absorção e umidade superficial Botelho (2013), retrata que a umidade, quando presente na superfície dos agregados, acarreta o afastamento dos grãos, alterando o seu volume aparente. A água na superfície dos grãos se interconecta em função da tensão superficial, gerando maior afastamento entre as partículas. De acordo com a NBR 9937:2003 – referente a absorção de água e massa específica para agregados graúdos – e a NBR 9777:2001 – referente aos agregados miúdos -, a absorção de água representa a massa de água absorvida nos poros do agregado, durante 24 horas, sob pressão atmosférica, na condição saturado com superfície seca. A mesma pode ser expressa pela seguinte formulação: AA (%) = [(Massa Úmida – Massa seca) / Massa seca] * 100. https://bit.ly/3Kc1h4s 34 Figura 11: Absorção da água e definição do agregado na condição saturada com superfície seca Fonte: Bauer (2019) 2.3.7 Inchamento Pode ser entendido como o aumento do volume de uma determinada massa de agregado ocasionado pelo aumento da umidade. O inchamento do agregado pode ser determinado através de ensaio e o procedimento a ser seguido neste ensaio está disposto na NBR 6467(2006). 2.4 PROPRIEDADES DOS AGREGADOS Para efeitos de dosagem e qualidade do concreto, deve-se conhecer as propriedades físicas dos agregados, como o volume ocupado pelas partículas do agregado, os poros existentes dentro das partículas, a massa específica e a massa unitária, dentre outras propriedades. As principais propriedades físicas dos agregados são: Massa específica Massa unitária Índice de vazios Compacidade Área específica Durabilidade 35 Umidade A massa específica já foi retratada anteriormente e seu conceito de aplicação é o mesmo, ela relaciona a massa do grão pelo volume do grão. 𝛾 = 𝑀𝑔ã𝑜 𝑉𝑔𝑟ã𝑜 Para as rochas mais utilizadas, a massa específica varia entre 2600 e 2700 kg/m³. Segundo a NBR 7251:2008, a massa unitária, também retratada anteriormente e com mesmo conceito de aplicação, relaciona a massa dos agregados pelo volume total, isto é, inclui o volume de vazios entre os grãos. Se faz relevante conhecer a massa unitária aparente, na dosagem do concreto, pela necessidade de transformar um traço em massa para volume e vice-versa, assim como, para cálculos de consumo de materiais. 𝛾0 = 𝑀𝑎𝑔𝑟𝑒𝑔𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑉𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 O índice de vazios associa o volume total de vazios e o volume total de grãos. 𝑖 = 𝑉𝑣 𝑉𝑔 Onde Vv é o volume de vazios e Vg é o volume de grãos. Vale salientar que nos agregados miúdos o volume de vazios é sempre menor do que nos agregados graúdos e quando há uma mistura dos graúdos com miúdos, há uma redução do volume de vazios. E isso interfere diretamente na resistência à compressão do concreto, quando a porosidade e índice de vazios é reduzido e a compacidade aumentada, melhora significativamente a resistência do concreto. A compacidade é a relação entre o volume total ocupado pelos grãos e o volume total do agregado. 𝑐 = 𝑉𝑔 𝑉𝑎 A compacidade ela é de extrema importância na determinação do grau de compactação de um material granular, não coesivo, como as areias. E a compacidade relativa varia entre 0% a 100%, onde em 100% significa que o material está em sua máxima compactação e com o mínimo índice de vazios. Já quando a mesma está em 0% a compactação é mínima e o índice de vazios máximo. A área específica também é uma propriedade física dos agregados importante, a mesma significa a soma das áreas das superfícies de todos os grãos 36 contidos na unidade de massa do agregado. Já em termos de durabilidade o agregado deve apresentar uma boa resistência ao ataque de elementos agressivos. A umidade também já foi apresentada no tópico anterior como um índice de qualidade, na qual possui o mesmo conceito e aplicação, bem como, a mesma formulação. Isto é, é a razão entre a massa de água contida numa amostra e a massa dessa amostra seca e expressa em percentual. ℎ = 𝑀𝑎 𝑀𝑠 × 100 = 𝑀ℎ − 𝑀𝑠 𝑀𝑠 × 100 onde: h = umidade do agregado (%) Mh = massa da amostra úmida (g) Ms = massa do agregado seco (g) Ma = massa de água (g) 2.5 TIPOS DE AGREGADOS 2.5.1 Areia É um agregado miúdo que pode ser originário de fontes naturais como leitos de rios, depósitos eólicos, bancos, cavas, praias, dunas, escória ou de processo de britagem. A areia passa por um processo de lavagem e de classificação antes de ser comercializada, no Quadro 3 podemos observar a classificação dos seus grãos de acordo com a NBR 7211 (2022). Quadro 3: Distribuição da granulometria da areia segundo a NBR 7211 O livro Materiais de Construção de L.A. Falcão Bauer está disponível na Biblioteca Virtual Pearson. Para aprofundar o conhecimento sobre este capítulo, sugere-se a leitura do capítulo 4 do livro. Disponível em: https://bit.ly/3oGV8EY. Acesso em: 02 fev. 2023. https://bit.ly/3oGV8EY 37 Areia Granulometria (mm) Fina 0,075 a 0,42 Média 0,42 a 1,2 Grossa 1,2 a 2,4 Fonte: NBR 7211 (2022) Entretanto, Bauer (2019) apresenta uma outra distribuição da granulometria da areia, conforme observa-se no Quadro 4. Quadro 4: Distribuição da granulometria da areia Areia Granulometria (mm) Fina 0,15 a 0,6 Média 0,6 a 2,4 Grossa 2,4 a 4,8 Fonte: Bauer (2019) 2.5.2 Brita Esse agregado é obtido através de rochas compactas que ocorrem em jazidas, passando pelo processo industrial da fragmentação controlada da rocha maciça. Figura 12: Fragmentação da rocha maciça e obtenção das britas Fonte: ZERPE PAISAGISMO E AGRICULTURA LTDA (2014) 2.5.3 Seixo rolado O seixo rolado também conhecido como pedregulho ou cascalho é um sedimento fluvial de rocha ígnea que possui formação de grãos com diâmetro 38 superior a 5 mm e pode alcançar diâmetros até superiores, chegando a 100 mm (BAUER, 2019). O seixo também pode ser de origem marítima e, vale ressaltar, que concretos produzidos com cascalho possuem uma melhor trabalhabilidade que os preparados com brita. Entretanto, a aderência entre os materiais é menor devido a interface lisa do mesmo. Figura 13: Seixo rolado Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3lT4ZGD. Acesso em: 22 fev.(2023) 2.5.4 Argila expandida É um agregado leve devido seu peso específico ser reduzido, a mesma também éproduzida em altas temperaturas, acima de 1000°C, onde há a produção de gases quando aquecidas a altas temperaturas. A argila é formada por silicatos de alumínio e óxidos de ferro e é utilizada, principalmente, em concretos leves com função de enchimento que atingem no máximo 30 Mpa. Além disso, a mesma é um excelente isolante térmico e disseminada no setor de jardinagem. https://bit.ly/3lT4ZGD 39 Figura 14: Argila expandida Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3FXi7Bq. Acesso em 22 fev. 2023 2.5.5 AGLOMERANTES É um material ativo e ligante, geralmente pulverulento, cujo objetivo principal é fazer uma massa que favoreça a unificação dos grãos adicionados. Muito utilizado na construção civil para obtenção de argamassas e concretos que são utilizados na elaboração de pastas e também no preparo de natas. De acordo com Lisboa et al. (2017), os aglomerantes podem ser classificados como aéreos, hidráulicos e poliméricos, no Quadro 5 a seguir podemos observar essa classificação. Quadro 5: Classificação dos aglomerantes Tipo Conceito Aéreos São aglomerantes que endurecem pela a ação química do 𝐶𝑂2 no ar. Hidráulicos São aglomerantes que endurecem pela ação exclusiva da água. Poliméricos São aglomerantes que tem reação devido a polimerização de uma matriz. Fonte: Adaptado de Ribeiro (2002) 2.5.6 Pega Um dos principais conceitos no entendimento e aplicação de aglomerantes é https://bit.ly/3FXi7Bq 40 a pega, onde a mesma diz respeito a perda de fluidez da pasta. Um exemplo clássico que pode ser facilmente visualizado é quando se adiciona água a um aglomerante hidráulico, o cimento por exemplo, isso provoca reações químicas de hidratação que irão originar à formação de compostos. Essa formação de compostos, aos poucos, vai provocando a perca de fluidez da pasta até a mesma deixar de ser deformável para pequenas cargas e torne-se rígida. Com isso, podemos dividir o processo de pega em duas etapas: início da pega e fim da pega. Início da pega: para um aglomerante hidráulico, o início da pega começa a ser contabilizado a partir do lançamento da água no aglomerante e vai até o início das reações químicas com os compostos do aglomerante. Pode ser caracterizado pelo aumento brusco da viscosidade e pela elevação de temperatura da pasta. Fim da pega: para o mesmo caso do aglomerante hidráulico, o fim da pega se caracteriza com a solidificação da pasta completamente, porém, isso não indica que a mesma já atingiu toda a sua resistência. Relacionado aos cimentos mais utilizados aqui no Brasil, o início da pega pode ser classificado da seguinte forma: Cimentos de pega normal tem início de pega maior que 60 minutos; Cimentos de pega semi rápida tem início de pega maior que 30 e menor que 60 minutos; Cimentos de pega rápida tem início de pega menor que 30 minutos. 2.6 TIPOS DE AGLOMERANTES Os principais tipos de aglomerantes são os asfaltos, cal, gesso e o cimento Portland e o Sorel. O processo de hidratação dos aglomerantes, no qual está atrelado a sua resistência, pode durar anos e anos. Isso quer dizer que ele só irá atingir sua resistência total após longos anos, por exemplo, o concreto com 28 dias atinge sua resistência calculada em torno de 95% e o restante só será obtida em anos, devido a continuidade do processo de hidratação. 41 2.6.1 Asfaltos É a matéria hidrocarbonada com coloração preta e que está presente em diversos petróleos crus de forma dissolvida (Figura 15). O asfalto é vastamente utilizado na construção civil e suas principais vantagens estão atreladas ao poderoso ligante que o mesmo é, rapidamente adesivo, altamente impermeável, bem como, de longa durabilidade. Além disso, a sua consistência plástica oferece flexibilidade na sua aplicação e é bastante resistente ao ataque de ácidos, álcalis e sais. No Quadro 6 observamos os principais tipos de asfaltos. Figura 15: Asfalto Fonte: Disponível em: https://shutr.bz/42KHOz3. Acesso em: 22 fev.(2023) https://shutr.bz/42KHOz3 42 Quadro 6: Principais tipos de asfaltos Tipo Conceito/aplicação Cimentos asfálticos são materiais termoplásticos que variam a consistência de firma a duro, em condições normais de temperatura, no qual devem ser aquecidos até atingir sua fluidez para facilitar a aplicação Asfaltos líquidos Nestes asfaltos a fase semi-sólida de materiais encontra-se dissolvida em óleos de grau de volatilidade variada, variando conforme a cura lenta, média e rápida. Emulsões asfálticas São misturas homogêneas de cimentos asfálticos e água, com uma pequena quantidade de um agente emulsificador normalmente usados como ajuda no processo de fabricação. Fonte: Adaptado de Lisboa et al. (2017) 2.6.2 Propriedades do asfalto para a pavimentação Deve ser um adesivo termoplástico, isto é, passa do estado líquido ao sólido de maneira reversível e sua colocação no pavimento se dá com altas temperaturas. O mesmo também deve ser impermeável à água e quimicamente pouco reativo, onde garante boa durabilidade. Os principais ensaios que envolvem a caracterização do asfalto são: Ensaio de penetração; Ensaio de viscosidade; Ensaio de ponto de amolecimento; Ensaio de ductilidade; Ensaio de solubilidade; Ensaio de durabilidade; Ensaio de ponto de fulgor; Susceptibilidade térmica. 43 2.6.3 Cal Bauer (2019, p.32) diz que, por muitos séculos foram empregados cal ou gesso para ligar fragmentos de rochas — pedra britada e areia —, e viabilizar todo tipo de construção e uma infinidade de obras que a engenhosidade humana foi capaz de criar, desde antigas civilizações. O emprego da cal remonta à Antiguidade. A queima do calcário foi uma prática adotada pelos antigos gregos e pela civilização romana para obtenção de um ligante. Ainda de acordo com Bauer (2019), a cal pode ser entendida como um aglomerante aéreo, ou seja, que é um material que reage em contato com o ar e dentro desse processo de reação, a cal se transforma em um material tão rígido quanto a rocha calcária da qual ele é originado. A cal pode ser comprada de forma virgem e hidratada, entretanto, atualmente há uma maior demanda para a compra da hidratada, já que a cal virgem necessita fazer o processo de hidratação in loco e a mesma gera reações químicas fortes e deve-se ter cuidado com o seu manuseio. O processo de hidratação da cal virgem para uso em argamassa é lento, na Figura 16 podemos observar o processo de fabricação da cal. 44 Figura 16: Processo de fabricação da cal Fonte: Bauer (2019) Na Figura 17 podemos observar os principais minerais que constituem as rochas carbonatadas cálcio-magnesianas e o processo de geração da cal virgem. Figura 17: Processo de geração da cal virgem Fonte: adaptado de Bauer (2019) Na Figura 18, observamos o processo de hidratação da cal e as reações químicas geradas a partir de tal. 45 Figura 18: Processo de hidratação da cal Fonte: Bauer (2019) A cal ela pode ser do tipo virgem, hidratada e hidráulica. A cal virgem é um aglomerante produzido pela calcinação de rochas de carbonato de cálcio (CaCO3) a temperaturas inferiores ao ponto de fusão do material (850–900 0C). Já a cal hidratada é um produto manufaturado que passou pelo processo de hidratação A mesma é vendida em sacos de 20 kg na forma seca em pó bastante fino (PAIVA, 2016). Ainda segundo Paiva (2016), a cal hidráulica tem características semelhantes ao cimento Portland e era utilizada nas construçõesantigas antes do seu surgimento. Sua principal característica é o endurecimento pela a ação da água. De acordo com Bauer (2019), os principais ensaios físicos que envolvem a cal são: Finura: Verifica-se quanto de material ficou retido em cada peneira; Plasticidade: Avalia se a argamassa feita com a amostra de cal está bem trabalhável, ou seja, se tem uma boa plasticidade; Retenção de água: Avalia a capacidade da cal reter água; Incorporação de areia: Verifica se a quantidade de areia incorporada na argamassa atende a um valor mínimo; Estabilidade: Verifica a presença de substâncias expansivas na cal hidratada, ou seja, que tem a tendência de reagir depois que a argamassa já está colocada e seca na parede. E suas principais aplicações são em argamassas, blocos de solo, mistura com o cimento Portland, pintura e estabilização de solos. 46 2.6.4 Gesso Bauer (2019, p.55) retrata que, Trata-se de um ligante empregado pelo homem há milhares de anos, desde as civilizações mais antigas, como a egípcia e a grega. A tradição de sua aplicação está vinculada à facilidade de seu processo produtivo e à abundância da gipsita ou gipso, matéria-prima mineral encontrada em diversos países. A tecnologia de produção requer um moderado consumo de energia, o que simplifica, assim, os aparatos industriais de produção. É um aglomerante, constituídos basicamente de sulfatos mais ou menos hidratados e anidros de cálcio; são obtidos pela calcinação da gipsita natural, constituída de sulfato biidratado de cálcio geralmente acompanhado de uma certa proporção de impurezas, como sílica, alumina, óxido de ferro, carbonatos de cálcio e magnésio (Bauer, 2015). No Quadro 7 nota-se as principais características do gesso: Quadro 7: Principais características do gesso Características do gesso Endurecimento rápido Plasticidade da pasta fresca e lisura da superfície endurecida Retração evitada por pequena expansão dimensional Após endurecido, não é estável na água Fonte: Adaptado Lisboa et al. (2017) A obtenção do gesso ocorre por três etapas: 1) extração da rocha, 2) diminuição do tamanho da mesma por trituração e 3) a queima do material ou calcinação. Na Figura 19 observa-se o processo de produção por calcinação. O mecanismo de endurecimento do gesso ocorre pela ação química do CO2 do ar e é obtido pela desidratação total ou parcial da gipsita, que é composta de sulfato de cálcio mais ou menos impuro, hidratado com moléculas de água. 47 Figura 19: Processo de calcinação Fonte: Adaptado de Lisboa et al. (2017) Normalmente, o gesso possui tempo de pega entre 15 e 20 minutos. A temperatura da água funciona como acelerador de pega e a quantidade como retardador, ou seja, quanto maior a temperatura da água, mais rápido o material reage; e quanto maior a quantidade de água, mais lentamente ocorrem as reações. Lisboa et al. (2019) cita que, o uso do gesso na construção civil é conveniente devido às seguintes propriedades: Facilidade de moldagem, o que o faz um material excelente para fabricação de ornamentos utilizados como acabamentos e efeitos decorativos. Ótima aparência: o gesso depois de endurecido apresenta superfície lisa e branca, dando ótimo acabamento, tanto em revestimentos de argamassa como em painéis ou adornos. Os revestimentos em gesso eliminam a necessidade de massa corrida na pintura, que precisa ser aplicada nos revestimentos com argamassa convencional. Boas propriedades térmicas, acústicas e impermeabilidade do ar, sendo um excelente isolante contra propagação de fogo. Boa aderência a tijolos, concreto, pedra e ferro, podendo ser utilizado como revestimento de paredes de alvenaria sem necessidade de aplicação de chapisco, necessário para as argamassas convencionais. Entretanto, sua espessura deve ser pequena, exigindo paredes ou tetos regularizados. Por outro lado, não possui boa aderência a superfícies de madeira e é desaconselhável seu uso em superfícies metálicas, pelo risco de corrosão. Produtividade elevada: a aplicação dos revestimentos em gesso é mais rápida e fácil do que a das argamassas convencionais e seu tempo de cura é menor, fazendo com que se possa iniciar a pintura mais cedo. O gesso pode ser classificado como gesso liso e gesso acartonado. O gesso liso é fácil de moldar e vastamente utilizado em arquiteturas internas. Tal características o tornam ideal para a elaboração de: sancas, roda tetos, forros e 48 divisórias, bancadas, aparadores, arandelas, colunas, Arco, outros elementos além de servir bem para esconder vigas e tubulações aparentes ou até mesmo disfarçar pequenos defeitos. O gesso não é só bonito e barato: as peças confeccionadas com este material apresentam bom isolamento térmico e acústico. Sua plasticidade permite produzir formas especiais e elementos diferenciados, que dependem da criatividade de quem trabalha com ele. Além de manter equilibrada a umidade do ar em áreas fechadas (especialmente naqueles onde há sistemas de condicionamento de ar), devido à sua facilidade em absorver água. Contudo, não é possível abusar de suas características; molhadas, as peças têm diminuída a resistência mecânica, limitando assim o seu uso a ambientes internos. Em suas infinitas aplicações, o gesso se destina principalmente a dois tipos de segmento: construtivo, como em revestimentos, divisórias e forros, e decorativo, na arquitetura de interiores. Já o gesso acartonado são chapas fabricadas industrialmente mediante um processo de laminação contínua de uma mistura de gesso, água e aditivos entre duas lâminas de cartão. O Drywall, expressão originada da língua inglesa que significa “muro seco” ou “parede seca”, é uma técnica de revestimento que substitui paredes e forros construídos em alvenaria. A estrutura é resistente, porém leve, lisa, de fácil manuseio e instalação. Para efeitos de comparação, uma parede construída com alvenaria convencional pesa, em média, 150 kg aproximadamente. Já utilizando o drywall, a mesma parede pesaria cerca de 30 kg. Os painéis de drywall não são apenas placas, como as divisórias comuns; a estrutura proporciona a instalação entre vigas e permite a passagem, em seu interior, dos sistemas hidráulicos e elétricos, como são feitos em paredes e tetos de alvenaria convencionais. 2.6.5 Cimento Portland A NBR 11172:1990 explana que o cimento Portland é um aglomerante hidráulico artificial, obtido pela moagem de clínquer e adicionado de uma ou mais formas de sulfato de cálcio. De acordo com a mesma norma, o clínquer é um produto granulado que é 49 obtido através da queima até a fusão parcial ou completa dos constituintes minerais, no qual torna-se um componente com características hidráulicas após o processo de moagem. E o clínquer Portland é formado por silicatos e aluminatos de cálcio hidráulicos que são provenientes de uma mistura homogênea entre de calcário e argila, na qual é queimada até a fusão. Na Figura 20, podemos ver uma ilustração da formação do cimento. Figura 20: Processo de formação do cimento Fonte: Adaptado de Bauer (2019) O processo de fabricação do cimento associado as suas etapas estão ilustradas na Figura 21. 50 Figura 21: Processo de fabricação do cimento Portland Fonte: Notas de aula de Pinto (2017) O processo de homogeneização do cimento pode ser realizado via seca e via úmida, onde o via seca se dá pela mistura a seco e a via úmida a matéria prima é moída e homogeneizada dentro da água. A via úmida está em desuso devido o consumo de energia para esse processo. Sobre os elementos constituintes do cimento, Bauer (2019) diz que, Os constituintesfundamentais do cimento Portland são a cal (CaO), a sílica (SiO2), a alumina (Al2O3), o óxido de ferro (Fe2O3), certa proporção de magnésia (MgO) e uma pequena porcentagem de anidrido sulfúrico (SO3), que é adicionado após a calcinação para retardar o tempo de pega do produto. Ainda como constituintes menores, possui impurezas, como óxido de sódio (Na2O), óxido de potássio (K2O), óxido de titânio (TiO2) e outras substâncias de menor importância. Os óxidos de potássio e sódio constituem os denominados álcalis do cimento. 2.6.6 Hidratação A hidratação do cimento está associada a uma série de reações de dissolução e formação de cada fase hidratada e a hidratação está associada a resistência como função de formação das fases. Com isso, os principais fatores que influenciam na hidratação é a temperatura, distribuição granulométrica, adições, fator água/cimento e características do clínquer. 51 Figura 22: Principais produtos de hidratação do cimento Portland Fonte: Notas de aula de Pinto (2017) Na Figura 23, nota-se os estágios de hidratação do cimento. Figura 23: Estágios de hidratação do cimento Portland Fonte: Notas de aula de Pinto (2017) No estágio I o Silicato Tricálcico – Alita (𝐶3𝑆) é dissolvido progressivamente formando uma camada de gel C-S-H que precipita na superfície das partículas de cimento. Nesse estágio ocorre o aumento dos íons 𝐶𝑎 +2 e 𝑆𝑂4 −2, presente na fase líquida formando a etringita. No estágio II é o período de dormência, onde a taxa de hidratação dos minerais no clínquer é muito lenta. A concentração de 𝐶𝐴(𝑂𝐻)2 na fase líquida é 52 máxima, diminuindo com o tempo. A pasta de cimento nesta fase torna-se plástica e com trabalhabilidade. No estágio III é o período de aceleração ou pega inicial. Ocorre a hidratação da maior parte da fase 𝐶2𝑆 (Silicato dicálcico – belita). A portlandita (𝐶𝐴(𝑂𝐻)2) precipita e diminui a concentração dos íons 𝐶𝑎 +2 presente na fase líquida. No estágio IV e V ocorre uma desaceleração da reação e a taxa de calor liberado é reduzido. A reação do 𝐶3𝑆 é mais lenta que a do 𝐶3𝑆 e a quantidade de 𝐶𝐴(𝑂𝐻)2formada é menor. Nas Figura 24.a e 24.b pode-se observar a taxa de hidratação de cada estágio pelo tempo e a evolução da resistência à compressão devido a hidratação versus o tempo. Figura 24: (a) taxa de hidratação do cimento versus o tempo e (b) evolução da resistência do cimento versus o tempo (a) (b) Fonte: Notas de aula Pinto (2019) Na Figura 25 observamos o processo de aglomeração do cimento a cada estágio de hidratação. 53 Figura 25: Processo de aglomeração do cimento Fonte: Disponível em: https://bit.ly/40HRbh3. Acesso em: 22 fev.(2023) 2.6.7 Propriedades do cimento Portland As propriedades físicas do cimento Portland são consideradas sob três aspectos distintos: propriedades do produto em sua condição natural, em pó, da mistura de cimento e água e proporções convenientes de pasta e, finalmente, da mistura da pasta com agregado normalizado. No Quadro 8 temos as propriedades do cimento e seus respectivos conceitos. Quadro 8: Propriedades do cimento Propriedade Características Pega e endurecimento É o processo de enrijecimento (perda da consistência plástica) e solidificação da pasta plástica de cimento. Os termos início e fim de pega são usados para descrever os estados escolhidos da pega. TEMPO DE INÍCIO DE PEGA é o início da solidificação da pasta. Marca o tempo a partir do qual não se deve mais manuseá-la (mistura, https://bit.ly/40HRbh3 54 transporte, lançamento, vibração e acabamento), ou seja, ela se torna não trabalhável. TEMPO DE FIM DE PEGA é o tempo para torná-la totalmente rígida. Não deve ser longo para possibilitar a retomada das atividades construtivas dentro de um tempo razoável após o lançamento do concreto. Já o endurecimento é o aumento de resistência da pasta de cimento depois da pega. (Embora durante a pega, a pasta adquira uma certa resistência). Finura Quanto mais finamente moído estiver o cimento, mais rapidamente ele reagirá com a água formando os compostos de hidratação. Propriedade fundamental que deve ser cuidadosamente controlada. Uma das últimas operações na fabricação do cimento é a moagem do clínquer com o sulfato de cálcio. Associada com a resistência nas primeiras idades. Resistência Existem vários ensaios de resistência nas especificações do cimento. tração direta tração na flexão (ensaio indireto) tração por compressão diametral (ensaio indireto) compressão direta 55 Fatores que influenciam a resistência à compressão da argamassa e do concreto: Coesão da pasta de cimento - muito influenciada pela relação água cimento Aderência dos agregados à pasta de cimento - influenciada pelo tipo e textura superficial do agregado Estabilidade de volume Indesejáveis expansões volumétricas bem posteriores ao endurecimento do concreto podem ocorrer devido a: hidratação lenta de alguns compostos (MgO livre e CaO livre). reação de alguns compostos presentes na pasta de cimento endurecida (Na2O, K2O, SO3) com outros compostos, podendo resultar numa reação álcali-sílica e/ou na formação de etringita secundária. Ambas podem desagregar a pasta de cimento endurecida. Calor de hidratação O calor de hidratação é a quantidade de calor, em Joules/g de cimento não hidratado (anidro), que se desprende até a hidratação completa, a uma temperatura estabelecida. Varia em função da idade. Resistência aos agentes agressivos Em contato com águas agressivas (superfície, subterrânea, solo): 56 águas puras dissolvem a cal hidratada e depois o C-S-H. águas ácidas, de chuva, do mar atacam a pasta de cimento hidratada de resíduos industriais podem conter outros ácidos e atacar a pasta de cimento hidratada. águas sulfatadas ataca o cimento hidratado por reação com o C3A hidratado produzindo fissuração, que por sua vez, facilita o ataque conduzindo à deterioração do concreto. Fonte: Adaptado de Bauer (2019) O livro Materiais de Construção de L.A. Falcão Bauer está disponível na Biblioteca Virtual Pearson. Para aprofundar o conhecimento sobre este capítulo, sugere-se a leitura do capítulo 3 do livro. Disponível em: https://bit.ly/3Lh5Vxb. Acesso em: 02 fev. 2023. Note que no estudo das propriedades do cimento, há diversos fatores que influenciam na resistência à compressão do concreto e argamassa, produtos onde o cimento é mais utilizado. Mediante isso, reflita sobre a influência dos agregados e sua resistência, o mesmo contribui para a resistência do concreto e/ou argamassa já que é um material inerte? https://bit.ly/3Lh5Vxb 57 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (CESPE CEBRASPE – 2008) Os aglomerantes são materiais de construção que, ao serem misturados com água, formam pasta com capacidade de cimentar outros materiais. Eles são provenientes da industrialização de diversos materiais básicos e, ao final do processo, apresentam características particulares. A esse respeito, assinale a opção correta. a) Aglomerantes aéreos apresentam maior resistência mecânica que os aglomerantes hidráulicos. b) Aglomerantes hidráulicos só conservam suas propriedades, após a formação da pasta, na presença da água. c) O tempo de pega é uma característica constante para todos os aglomerantes, com valores aproximadamente iguais entre si. d) O cimento portland comum é um aglomerante simples, obtido a partir do clínquer. e) O gesso é um aglomerante
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