<html><head> <style> @import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700); </style> </head><body><div class="ql-snow"><div class="pd-html-content"><div class="ql-editor"><h1 class="ql-align-center"><strong style="color: rgb(255, 255, 255); background-color: rgb(61, 20, 102);">ATIVIDADE</strong></h1><h2 class="ql-align-center"><strong style="background-color: rgb(107, 36, 178); color: rgb(255, 255, 255);">INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO TRIBUNAL DO JURI</strong></h2><p class="ql-align-center"><br></p><p class="ql-align-justify">O Tribunal do Juri se trata de um dos instrumentos utilizados pelo legislador constituinte para fazer valer os valores democráticos no Processo Penal por meio do <span style="background-color: rgb(235, 214, 255);">retorno à sociedade da atividade de julgar os suspeitos de cometimento de crimes dolosos contra a vida</span>. </p><p class="ql-align-justify">Nucci (2015) aponta que que o instituto <span style="background-color: rgb(235, 214, 255);">teve origem na Grécia</span>. Contudo, passou a a ser mais utilizado pela sociedade moderna a partir de sua aplicação prevista pela Carta Magna Inglesa, em 1215, a qual instituiu que ninguém poderia ser condenado senão segundo as leis do país e através do julgamento de seus pares. Ou seja, na Inglaterra de 1215, já se previa o julgamento dos suspeitos por pessoas do próprio povoo. No Brasil, entretanto, o Tribunal do Juri passou a ser aplicado em 1822, com a edição do decreto do Príncipe Regente, permanecendo nos textos legislativos do país desde então (MELO; NUNES, 2018). F<span style="background-color: rgb(235, 214, 255);">oi, entretanto, por meio da Constituição de 1988 que o instituto se consolidou enquanto instrumento democrático, vez que a Carta estabeleceu como cláusula pétrea aquela que o previa, nos termos de seu art. 60, §4º, IV</span>. </p><p class="ql-align-justify">Uma vez garantido constitucionalmente, o Tribunal do Júri passou a ser exercido e aplicado nos moldes dos princípios que guarnecem todo o Processo Penal, principalmente o devido processo legal, a imparcialidade, dentre outros. Assim, hoje, o Tribunal do Júri é visto como uma garantia ao devido processo legal, segundo os ensinamentos de Nucci (2015). Sobre o assunto, discorre o autor que:</p><p class="ql-align-justify ql-indent-7">Assim, temos a instituição do júri, no Brasil, para constituir o meio adequado de, em sendo o caso, retirar a liberdade do homicida. Nada impede a existência de garantia da garantia, o que é perfeitamente admissível, bastando ver, a título de exemplo, que o contraditório é também garantia do devido processo legal. Insista-se: não é garantia direta da liberdade do indivíduo acusado de crime doloso contra a vida, mas sim do devido processo legal. Logo, se o júri condenar ou absolver, está cumprindo, igualmente, sua função (NUCCI, 2015).</p><p class="ql-align-justify">O autor também ressalta a importância da função de jurado, classificando-o como um serviço público de relevância notável, sendo essencial para a consolidação dos princípios constitucionais do processo penal pelo qual passam os acusados de crimes dolosos contra a vida (NUCCI, 2015). </p><p class="ql-align-justify">Justamente por se tratar de um instrumento importante para a consolidação dos princípios constitucionais, inclusive o da parcialidade do julgador, é importante que<span style="background-color: rgb(235, 214, 255);"> os jurados envolvidos no tribunal do júri exerçam sua função com total imparcialidade, de modo que estejam abertos às argumentações e provas apresentadas durante os julgamentos.</span> Sobre o assunto, Pacelli (2015) aponta que é exigido dos jurados um compromisso de imparcialidade, razão pela qual são a eles aplicados as mesmas normas de impedimento, incompatibilidade e suspeição também aplicáveis aos próprios juízes. </p><p class="ql-align-justify">A imparcialidade é um dos princípios mais importantes do processo penal e do procedimento do tribunal do júri, inclusive, vez que está intimamente associada a outros princípios, como a plena defesa do réu. Na verdade, segundo Mougenot (2010), esta é consideravelmente prejudicada na hipótese de os jurados agirem com parcialidade, tendo em vista que essa atitude implica diretamente no prejuízo à defesa do réu. Por isso, o autor discorre acerca da relevância de se garantir que os jurados que compõem o Conselho de Sentença sejam selecionados segundo critérios legais democráticos e constitucionais. </p><p class="ql-align-justify"><span style="background-color: rgb(235, 214, 255);">Entretanto, essa tão importante característica do instituto vem, nos últimos anos, sendo ameaçado pelo avanço da mídia e a hipervalorização do sensacionalismo</span>. </p><p class="ql-align-justify">O que ocorre é que, nos últimos anos, houve uma notável mudança tecnológica em todo o mundo, a qual permitiu que os meios de comunicação como um todo evoluíssem, se tornando mais rápidos e mais abrangentes como nunca antes em toda a história. Por obvio, a volatilidade das informações e a velocidade com que elas são compartilhadas se transformou em uma importante característica dos meios de comunicação contemporâneos para os canais de noticias e de redes sociais, por meio dos quais são transmitidas as informações e noticias ocorridas durante o dia com uma velocidade surpreendente.</p><p class="ql-align-justify">Sobre o assunto, é importante que, inicialmente, descrevamos o termo <em>mídia </em>como um conjunto de meios de comunicação utilizados em massa por uma determinada sociedade, principalmente para a troca de informações, assim como prescreve LOPES e ALVES (2018). </p><p class="ql-align-justify">Segundo LOURENÇO e SCARAVELLI (2018), os altos índices de criminalidade contribuem para o sucesso da imprensa, dos jornais de comunicação e da mídia como um todo, tendo em vista que eles se utilizam das ocorrências criminosa para a divulgação de notas, imagens e comentários, os quais influenciam fortemente a opinião do público que consome esse tipo de conteúdo. </p><p class="ql-align-justify">Em tese, conforme aponta SANTOS (2018), o exercício do jornalismo deveria ser realizado por meio do objetivismo e da representação real dos fatos, sem que qualquer juízo de valor fossem transmitido, de modo que anacronismos sejam evitados. Inclusive, a autora se preocupa em fazer a associação com a necessidade de objetivismo no jornalismo com o próprio Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, da seguinte forma: </p><p class="ql-align-justify">Dito isto, a liberdade de impressa se demonstra imprescindível a consecução do seu objetivo. Todavia, apesar da indispensabilidade da liberdade de impressa para que esta consiga cumprir seu papel social, também é indiscutível que nenhuma liberdade é absoluta no ordenamento jurídico brasileiro. Então, há a necessidade de mecanismos que sejam capazes de delinear os limites para a atuação da imprensa. Assim, foram estabelecidas a responsabilidade, tanto penal quanto civil, para a mídia. No entanto, tais limitações não se tratam de uma censura a impressa, sendo fundamental para evitar que outros direitos sejam violados (SANTOS, 2018).</p><p class="ql-align-justify">LOPES e SCARAVELLI (2018), apoiados nos ensinamentos de Marcos Luiz Alvez de Melo (2017), apontam que <span style="background-color: rgb(235, 214, 255);">o apelo popular nos crimes contra a vida sempre teve grande força, a qual foi capaz de construir um novo formato televisivo de notícias, os quais espetacularizam o crime e fomentam socialmente um ódio cego a ele e ao próprio criminoso</span>, tendo como consequência uma sede social por uma justiça irreal, a qual apenas se satisfaz por meio de uma vingança selvagem, preceitos estes que destroem totalmente os princípios do processo penal e da própria democracia. Tal fenômeno, segundo SANTOS (2018), tem íntima relação com a predominância dos interesses econômicos sobre os demais âmbitos da vida em sociedade, vez que a mídia e o jornalismo se concentram em grandes empresas. Sob essa perspectiva, o âmbito criminalístico seria como uma fonte abundante de notícias, as quais possuem grande potencial lucrativo. </p><p class="ql-align-justify">Logo, já de plano é possível perceber a influência que o sensacionalismo influenciado pela mídia pode gerar ao procedimento do tribunal do júri quando associada à rapidez com que as noticias são disseminadas pela sociedade. <span style="background-color: rgb(235, 214, 255);">O principal prejuízo obtido é a completa supressão da imparcialidade e da plena defesa do acusado</span>. </p><p class="ql-align-justify">O que ocorre é que, por meio do sensacionalismo e do afastamento da objetividade do jornalista ao transmitir a matéria, há a flagrante ofensa ao princípio da presunção de inocência. Dessa forma, o jurado que manteve contato com a noticia veiculada já estará atuando no júri com a convicção de que o criminoso é o culpado pelo crime cometido. Não apenas isso, como pode ocorrer o espelhamento de um caso em outro e o jurado não assimilar a argumentação apresentada pelo acusado da forma como deveria ser assimilada, vez que eivado de parcialidade (SANTOS, 2018). </p><p class="ql-align-justify">Logo, <span style="background-color: rgb(235, 214, 255);">há evidente colisão entre direitos e garantias individuais</span>, conforme aponta LOPES e SCARAVINELLI (2018), envolvendo o direito à liberdade de expressão e o direito à ampla defesa dos acusados envolvidos em processos criminais oriundos de crimes dolosos contra a vida. </p></div><div name="pdEndOfFile"></div></div></div></body></html>
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