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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TUCURUÍ – XIII CURSO DE BACHAREL E LICENCIATURA EM ENFERMAGEM Aira Beatriz Gomes Pompeu Darlana Corrêa da Costa Isabelle Guerreiro de Oliveira Guilherme Henrique Nascimento Alves SURDEZ TEMPORÁRIA E DEFINITIVA Tucuruí- PA 2020 Aira Beatriz Gomes Pompeu Darlana Corrêa da Costa Isabelle Guerreiro de Oliveira Guilherme Henrique Nascimento Alves SURDEZ TEMPORÁRIA E DEFINITIVA Trabalho acadêmico apresentado à disciplina de Enfermagem Ocupacional com cunho avaliativo do sétimo semestre, do Curso de Bacharel em Enfermagem da UEPA do Campus XIII. Orientador (a): Prof.ª Tania de Sousa Pinheiro Medeiros Tucuruí- PA 2020 Sumário 1.INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................... 4 1.1.Surdez ............................................................................................................................................................ 4 1.2.Perda Auditiva Induzida por Ruído (Pair) ..................................................................................................... 5 1.3.Qual o nível de decibéis é considerado alto? ................................................................................................. 5 2.CONCEITO .......................................................................................................................................................... 5 2.1.O que é perda auditiva temporária? ............................................................................................................... 5 2.2.O que é perda auditiva permanente? .............................................................................................................. 5 3.FISIOPATOLOGIA ............................................................................................................................................. 6 4.AVALIAÇÃO DA PAIR ..................................................................................................................................... 7 5.TRATAMENTO E REABILITAÇÃO ................................................................................................................. 8 6.PREVENÇÃO ...................................................................................................................................................... 8 7. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SURDEZ OCUPACIONAL ............................................................ 9 8. NOTIFICAÇÃO ................................................................................................................................................ 11 9.CONCLUSÃO.................................................................................................................................................... 11 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................ 13 ANEXO I ............................................................................................................................................................... 15 1.INTRODUÇÃO Em frações de milésimos de segundos, uma onda sonora sai do ambiente externo, passa pelo canal auditivo e chega até o seu cérebro. Esse processo de funcionamento do sistema auditivo é complexo e essencial para que você aprecie o mundo à sua volta, os sons da natureza, as músicas e a fala das pessoas (BANDONI, 2019). A capacidade de entender um som se baseia basicamente em duas propriedades: a frequência, isto é, a quantidade de ondas sonoras por unidade de tempo, e a intensidade, que é o que denominamos de “volume” do som, que, na verdade, é determinada pela amplitude da onda. O ser humano é capaz de capturar sons que variam desde a frequência de 16 Hz (Hertz, ou seja, oscilações por segundo) até 20.000 Hz, desde que cheguem até o ouvido com magnitude suficiente (medida em decibéis, dB) (POTON, 2018). O som segue se iniciando com a transmissão das ondas vibratórias do ar, que entram pela orelha externa, para as estruturas da orelha média, e então para a orelha interna, onde são convertidas em estímulos elétricos e seguem um complexo caminho nervoso até o cérebro onde por fim ganham significado (POTON, 2018). 1.1.Surdez É comum em trabalhadores expostos a ruídos constantes, a surdez pode ser temporária ou definitiva. É uma doença silenciosa, que se caracteriza pela perda auditiva progressiva, levando o trabalhador lentamente à perda parcial ou total da audição, por desgastar o ouvido de forma irreversível. Comum em operadores de telemarketing, metalúrgicos e trabalhadores da Construção Civil, especialmente se não há uma fiscalização rígida e um compromisso do trabalhador com a utilização de protetores auriculares (DUPONT DE NEMOURS, 2019). Fonte: fq-para-todos.webnode.pt 1.2.Perda Auditiva Induzida por Ruído (Pair) É a perda provocada pela exposição por tempo prolongado ao ruído. Configura-se como uma perda auditiva do tipo neurossensorial, geralmente bilateral, irreversível e progressiva com o tempo de exposição ao ruído (CID 10 – H 83.3) (BRASIL, 2006). Consideram-se como sinônimos: perda auditiva por exposição ao ruído no trabalho, perda auditiva ocupacional, surdez profissional, disacusia ocupacional, perda auditiva induzida por níveis elevados de pressão sonora, perda auditiva induzida por ruído ocupacional, perda auditiva neurossensorial por exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora de origem ocupacional (BRASIL, 2006). 1.3.Qual o nível de decibéis é considerado alto? O nível continuo de 85 decibéis (dB) pode resultar em prejuízos na audição, como também em perda auditiva temporária e permanente (esta corresponde a nível intenso de som de tráfego). As britadeiras têm nível de som de 100 dB, e os shows de rock têm aproximadamente 110 a 120 dB. Esse intenso som pode facilmente ser produzido em headphones quando se ouve música num aparelho de som, como também em muitas escolas e jardins de infância (Hear-it.org ©, 2019). Exposição a ruídos e sons intensos podem causar dois tipos principais de perda auditiva conhecidos como, perda auditiva temporária e perda auditiva permanente. 2.CONCEITO 2.1.O que é perda auditiva temporária? Perda auditiva temporária é geralmente caracterizada pela dificuldade de audição, basicamente um incômodo temporário na audição, após se expor a altos ruídos. A audição irá, consequentemente, ser recuperada – dependendo do nível de ruído, e do tempo de exposição (Hear-it.org ©, 2019). 2.2.O que é perda auditiva permanente? Perda auditiva permanente só é experimentada após 48 horas de exposição a ruídos excessivos. Perda auditiva permanente pode também ocorrer se você se expor a níveis de sons muito altos, num período curto de tempo. No princípio, ocorre a destruição das células no início do caracol (parte interna do ouvido) sensível a sons de 4.000 Hz, e a alteração não é percebida por não atingir a frequência da fala. As perdas progridem até atingir frequências da comunicação oral, entre 250 e 2.000 Hz, quando a vibração chega ao ouvido, mas não consegue ser transmitida (ASSIS, 2019). Exposição a ruídos, como também a altos níveis de som, pode resultar em tinnitus – um som/barulho constante no ouvido ou na cabeça. Fora esses dois ainda temos o trauma acústico, que é de instalação repentina, após a exposição ao ruído intenso como de explosões e impactos, que podem causar perfurações no tímpano e mesmo deslocamento dos ossículos (parte interna do ouvido), causando a surdez temporária ou permanente (ASSIS,2019). 3.FISIOPATOLOGIA Em situações normais, o ouvido interno é formado pelo labirinto, que possui três canais semicirculares, e pela cóclea, que se assemelha a um caracol, nela encontra-se a rampa vestibular, rampa média e rampa timpânica, entre essas estruturas há a membrana vestibular de Reisser e a membrana basilar, que a partir dessa última estrutura encontra-se o órgão de corti, que contém as células ciliares, estas responsáveis pela geração dos impulsos nervosos em resposta às vibrações sonoras (RODRIGUES, 2019). Na perda auditiva temporária, também chamada de atenuação transitória da acuidade auditiva (Temporary Threshold Shift – TTS) ou mudança transitória de limiar (MTL), ocorre a dessensibilização das células ciliares, isto é, quando o som/ruído (40-50dB) passa por essas células, há uma estimulação de ATP local ativando os canais de P2RX2, este reduz a sensibilidade ao som, gerando a perda auditiva temporária, porém quanto mais esses canais forem ativados mais chances de evoluir para a perda auditiva permanente. Além disso, há estudos de que a perda auditiva temporária em jovens, posteriormente pode acelerar a perda auditiva relacionado a idade (SANCHES, 2019). Em estímulos sonoros de até 50dB, há a presença de edema das células ciliares e excitotoxicidade de glutamato e também há um agravo, uma vez que se as células ciliares não forem recuperadas, ocorre um efeito compensatório, pois sem a estimulação sonora, as células do gânglio espiral se degeneram devido à ausência de input sensorial, podendo ocorrer morte celular gerando sequelas permanentes em casos mais graves (SANCHES, 2019; COSTA, MORATA & KITAMURA, 2003). Já na perda auditiva permanente ou Permanent Threshold Shift (PTS), o indivíduo é exposto repetidamente ao ruído, tendo uma instalação lenta e progressiva da sequela. A degeneração inicia pelas células ciliares externas e progride até a destruição completa do órgão de codi, essas lesões se concentram na região espiral basal da cóclea, comprometendo inicialmente as frequências mais altas e depois acomete as frequências mais baixas, todavia a progressão auditiva só ocorre durante a exposição ao ruído, se for cessado o som não há piora do quadro clínico (COSTA, MORATA & KITAMURA, 2003). Segundo o protocolo da Perda Auditiva Induzida por Ruído, resume a fisiopatologia em: “O desencadeamento de lesões e de apoptose celular em decorrência da oxidação provocada pela presença de radicais livres formados pelo excesso de estimulação sonora ou pela exposição a determinados agentes químicos” (BRASIL, 2006. pag. 17). Além da perda auditiva, o indivíduo afetado pode vir apresentar sequelas como fadiga nervosa, hipertensão; alterações físicas: ritmo cardíaco alterado, modificação do calibre dos vasos sanguíneos, ritmo respiratório alterado, perturbações gastrointestinais; alterações mentais: perda de memória, irritabilidade, dificuldade em coordenar ideias; diminuição da visão noturna e dificuldade na percepção de cores (NOGUEIRA, 2016). 4.AVALIAÇÃO DA PAIR A avaliação da surdez ocupacional é uma tarefa multiprofissional e é realizada através de uma anamnese ocupacional. Durante esse processo é feita a análise do quadro clínico do indivíduo, ou seja, a presença dos sinais e sintomas juntamente com a observação do ambiente de trabalho e identificação dos fatores de risco aos quais esse trabalhador é exposto diariamente (BRASIL, 2006). Os sinais e sintomas são classificados em auditivos e não-auditivos. Como auditivos cita- se a perda auditiva, zumbidos, dificuldades no entendimento de fala e dificuldade na localização da fonte sonora. Já os não-auditivos são transtornos de comunicação, no sono, neurológicos, vestibulares, digestivos e comportamentais (MARTINS, 2007). A análise dos sinais não-auditivos é focada não só na perda auditiva, como também o quanto o problema auditivo interferiu na vida do trabalhador. Esse dimensionamento pode ser realizado através de alguns métodos, como já mencionado a anamnese ocupacional, além de questionários de auto avaliação, até instrumentos mais elaborados como a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, publicada em 2003 pela Organização Mundial da Saúde e Organização Pan-Americana da Saúde (BRASIL, 2006). Para a confirmação da perda auditiva é necessário a realização de uma avaliação audiológica, composta por exames de audiometria tonal por via aérea, óssea, logo audiometria e imitanciometria. A primeira avaliação, é normalmente em momentos como admissões de funcionários ou mudanças de função. Caso apresente alguma alteração nesta primeira etapa, ou o resultado seja duvidoso, o trabalhador é encaminhado ao segundo nível de atendimento, onde serão realizados exames mais complexos. Se essas alterações persistirem, o trabalhador é encaminhado para um terceiro nível, onde irá realizar exames complementares, como radiológicos e laboratoriais. (SILVA, 1998). 5.TRATAMENTO E REABILITAÇÃO Atualmente não existe tratamento para a PAIR tendo em vista que os danos causados são neurossensoriais, e por isso irreversíveis. Entretanto o trabalhador poderá fazer o acompanhamento para verificação de seu caso, se houve ou não uma progressão da perda auditiva. Esse acompanhamento é realizado através das avaliações audiológicas, e pode ser feita em locais com convênios com a empresa de origem do trabalhador, ou na rede pública (ROMANI, 2008). A reabilitação do profissional é acompanhada pelo profissional fonoaudiólogo e pode ser feita de maneira individual ou em grupo, baseando-se nas avaliações audiólogas realizadas durante todo esse processo. Dessa maneira é importante destacar que a PAIR não impossibilita o profissional de trabalhar, porém, traz algumas restrições, o mesmo pode continuar exercendo suas funções diárias respeitando estas limitações. Para isso o trabalhador deve ser orientado de acordo com suas dificuldades e de maneira que se adeque melhor ao ambiente de trabalho (BRASIL, 2006). 6.PREVENÇÃO A medida mais eficaz atualmente para a proteção dos trabalhadores é a prevenção. O fator desencadeador dos casos de PAIR são os ruídos, desta maneira as medidas adotadas têm por objetivo a diminuição do tempo de exposição destes profissionais aos fatores estressantes, além da busca em promover um ambiente confortável e seguro aos mesmos (SANCHES, 2019). Segundo Brasil, (2006), as medidas de prevenção devem ser uma estratégia conjunta, e deve ser feita através da observação e monitoramento de riscos de acordo com as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA–NR9), para desta maneira haja mais sucesso na aplicação de medidas direcionadas pelo Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO-NR7). Segundo Romani (2008) como uma das ações podemos citar a adoção de medidas organizacionais, como diminuição da jornada de trabalho, ritmo de produção, mudanças de funções e pausa durante o expediente. Devido à grande sobrecarga de trabalho muitos funcionários acabam abrindo mão de medidas de segurança, para tentar realizar as tarefas diárias no menor tempo possível. Outro fator relevante, é a resistência que os trabalhadores têm em utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs). Esse problema na maior parte das vezes se dá por falta de conhecimento dos profissionais dos benefícios que esses instrumentos proporcionam, além de muitos desconhecerem sobre os malefícios da exposição a longo prazo aos ruídos. Mediante a isso, um dos grandes focos para ações educativas devem ser os próprios profissionais, sensibiliza-los sobre a importância da adoção das boas práticas de segurança no trabalho (ROMANI, 2008). O trabalhador deve ser acolhido e orientado adequadamente pelo serviço de saúde durante todo o processo de diagnóstico, reabilitação, e acompanhamento do caso.Desta maneira conscientizando-os sobre os riscos que estão sujeitos no ambiente de trabalho, e dado suporte nas ações de fiscalização e notificação de novos casos (BRASIL, 2006). 7. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SURDEZ OCUPACIONAL No atual cenário da assistência de enfermagem, é possível caracterizar o enfermeiro como o profissional interessado com a melhor promoção, prevenção e melhoria na qualidade de vida da comunidade e um olhar mais único direcionado a particularidade de cada paciente, isso levando em conta seu estado biopsicosoiocultural, garantindo assim princípios importantes garantidos pelo SUS, princípios estes que tornam a assistência de enfermagem mais coerente e sensata (VIANA, 2020) Na área da saúde ocupacional, o enfermeiro tem uma atuação abrangente que envolve ações desde a promoção da saúde e pesquisa até a prevenção dos riscos ocupacionais, agravos e acidentes de trabalho e quando necessário na recuperação\reabilitação da saúde do trabalhador. E dentro desse contexto surge a necessidade dos enfermeiros buscarem novas formas de intervir na realidade de saúde do trabalhador. Assim, a utilização da SAE garante ao trabalhador uma assistência de qualidade e responsabilidade determinadas em lei, proporcionando ao enfermeiro em específico o desenvolvimento de raciocínio clínico, cuidado ordenado e sistematizado (FONSECA, 2013). Para Silva (2013), o profissional enfermeiro deve está sempre atento a inspeção do ambiente de trabalho ao qual seu paciente esteja submetido, seja no uso de EPI ou ainda no tempo de uso de aparelhos ruidosos, além da avaliação audiométrica e avaliação da exposição a ruídos bem como a monitorização dos seus efeitos. “[...] a atuação do profissional de enfermagem como mediador e facilitador no processo de prevenção dos agravos que acometem os trabalhadores, apresentando o ambiente portuário como um amplo campo de atuação para a enfermagem do trabalho. A enfermagem dispõe de conhecimentos específicos que lhe permitem atuar sobre as condições que põem em risco a saúde dos trabalhadores nos ambientes de trabalho, os quais são capazes de intervir no processo saúde doença não somente quando a doença já está em curso, mas antes mesmo de sua existência, na prevenção primária. Nessa perspectiva, impõe-se a enfermagem uma observância que vá além dos fatores de risco ocupacionais clássicos - químicos, físicos, ergonômicos, mecânicos -, devendo ela centrar-se na programação, organização e supervisão do trabalho portuário avulso e no comportamento dos trabalhadores no sentido de produzir um trabalho mais saudável.” (SILVA apud VAZ, 2013. pág.12). No entanto, segundo Cunha (2019), a falta de capacitação da maior parte de profissionais da saúde, acaba se tornando um empecilho diante das condutas a serem tomadas para o paciente, e consequentemente essa assistência acaba se tornando de forma não eficiente devido essa escassez na preparação dos mesmos. Sendo assim, partindo desse pressuposto, propostas de melhorias nas formas de comunicação acabam se tornando o elo fundamental para o crescimento da autonomia profissional possibilitando a compensação dos anseios do paciente. Para Viana apud chaveiro (2020), no caso de paciente surdo, é indispensável a presença de um profissional interprete familiarizado com a linguagem de sinais nas unidades de saúde, uma vez que uma boa parcela dos profissionais envolvidos na equipe de saúde desconhece ou conhecem muito pouco a linguagem de sinais. ”Se as Secretarias de Saúde disponibilizassem interpretes em algumas unidades tidas como modelo ou padrão, a assistência ao surdo teria um avanço muito grande. Por outro lado, esses profissionais podem minimizar as dificuldades enfrentadas pelos surdos, mas, todavia ainda existem algumas críticas e limitações para a atuação dos intérpretes durante o atendimento do paciente aumentando o constrangimento e colocando em risco o direito de sigilo e privacidade das informações repassadas”. (VIANA apud CHAVEIRO,2020. pág.208) Num apanhado geral, veríamos claramente e de forma concisa que se encontra um despreparo por parte dos profissionais devido a uma falta de reciclagem e treinamento dos mesmos, o que gera como consequência uma instabilidade na autonomia do enfermeiro no atendimento integral e humanizado, tornando assim evidente a necessidade da implementação de novas estratégias que possibilitem a esses profissionais a capacidade de abordagem de um perfil individual de forma holística, humanizada e reflexiva. 8. NOTIFICAÇÃO É caso de notificação compulsória pelo SUS todo caso de Perda Auditiva Induzida por Ruído (anexo I), segundo a Portaria GM/MS/ N.º 777, de 28 de abril de 2004, que dispõe sobre os procedimentos técnicos para a notificação compulsória de agravos à saúde do trabalhador em rede de serviços sentinela específica, no Sistema Único de Saúde - SUS. Bem como, todo caso de PAIR deve ser comunicado à Previdência Social, por meio de abertura de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) (BRASIL, 2006). Deverão ser inclusos no sistema de cadastro de exames audiométricos todos os exames audiométricos de trabalhadores avaliados, onde terão acesso ao sistema (obrigatoriedade de inclusão de todo exame audiométrico realizado ou solicitado) os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador e os serviços especializados de otorrinolaringologia ou de audiologia, públicos ou privados. No caso de unidades básicas de saúde que realizarem notificações de PAIR devem enviar ao Cerest mais próximo uma cópia do exame para sua inclusão (BRASIL, 2006). 9.CONCLUSÃO Neste trabalho, vimos inicialmente ima breve introdução, explanando sobre o aparelho auditivo e algumas de suas propriedades anatômicas e fisiológicas, seguido do conceito de Pair (Perda auditiva induzida por Ruído), muito presente em ambientes de trabalho como, siderúrgicas, metalúrgicas, operadores de telemarketing, trabalhadores da construção civil dentre outros. Em seguida vimos o conceito de perda auditiva temporária e permanente, suas características e consequências. Na fisiopatologia, foi abordado além de mais detalhes do funcionamento do sistema auditivo, os mecanismos que levam a lesão, tanto na perda auditiva temporária, aonde há uma mudança transitória de limiar (MTL), onde ocorre a dessensibilização das células ciliares. Já na perda auditiva permanente, temos uma exposição constante a fonte de ruído, ocasionando numa degeneração inicial das células ciliares externas, progredindo até a destruição completa do órgão de coli, comprometendo primeiro s frequências mais altas, e em seguida as frequências mais baixas. Como extra, temos sequelas como fadiga, nervos, irritabilidade, ritmo cardíaco alterado, e outros sintomas e alterações. Chegando na avaliação da surdez ocupacional, observa-se a importância de uma equipe multiprofissional, onde se é implementada uma anamnese ocupacional, observando o quadro clínico, sinais e sintomas, análise do local de trabalho em busca dos fatores de risco para o problema. Fora isso, a abordagem no prognostico desse trabalhador afetado pela perda auditiva que como vimos pode der temporária ou definitiva. Nessa análise, se utiliza um questionário auto avaliativo e até instrumentos mais precisos e Especializados. A confirmação do quadro de perda auditiva, é feita através de avaliações audiológicas, para se constatar a presença de perdas ou alterações audíveis. Como prevenção, se enfatizou além do uso de equipamentos de proteção individual como os protetores auriculares, medidas de organização para melhores condições de trabalho, redução do ritmo de produção e pausas durante o expediente. E em seguida temos a assistência de enfermagem na surdez ocupacional, onde o enfermeiro se encaixa como o profissional com o melhor interesse na promoção, prevenção e melhoria da qualidade de vida da comunidade etrabalhador em si, através da educação em saúde junto a uma assistência de qualidade e responsável. E por fim, todo caso de perda auditiva induzida por ruído deve ser notificado como notificação compulsória pelo SUS, e deve-se também comunicar a previdência social por meio da abertura de uma CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho). Nota: na pesquisa do assunto, percebeu-se a pouca demanda de artigos e estudos relacionados ao tema, visto que é um assunto de grande importância principalmente na era atual, movida pelo capitalismo e grande demanda de trabalhos que expõe o trabalhador a riscos que levam a danos audíveis. 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSIS, A. A. Risco de ruído. Disponível em: <https://portal.tce.go.gov.br/-/riscos-do-ruido>. Acesso em: 12 de outubro de 2020. BANDONI, G. Tudo sobre o sistema auditivo humano. Disponível em: <https://www.direitodeouvir.com.br/blog/tudo-sobre-sistema-auditivo-humano>. Acesso em: 12 de outubro de 2020. BRASIL. Perda auditiva induzida por ruído (Pair) / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2006. 40 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Saúde do Trabalhador; 5. Protocolos de Complexidade Diferenciada). Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_perda_auditiva.pdf > Acesso em: 9 de out. 2020. COSTA, E. A.; MORATA, T. C.; KITAMURA, S. Patologia do Ouvido Relacionada com o Trabalho. In: René Mendes. (Org.). Patologia do Trabalho. 2ªed.São Paulo: Atheneu, 2003, v. 2, p. 1253-1282. Disponível em: <https://saudecomunitaria.ufc.br/wp- content/uploads/2019/01/pair-mendes-1.pdf > Acesso em: 10 de out. 2020. CUNHA, R.P.S.; PEREIRA, M.C.; OLIVEIRA, M.L.C. Enfermagem e os cuidados com pacientes surdos no âmbito hospitalar. REVISA. 2019; 8(3): 367-77. Disponível em: <https://doi.org/10.36239/ revisa.v8.n3.p367a377 >. Acesso em: 12 de out. 2020. DUPONT DE NEMOURS. Principais Doenças Ocupacionais. Disponível em: <https://falandodeprotecao.com.br/blog/2019/10/04/principais-doencas-ocupacionais/>. Acesso em: 12 de outubro de 2020. FONSECA, Cínthia Neves; SILVA, Larissa Martins; BELÉM, Márcia Santos Ribeiro; NOGUEIRA, Nívia Fernanda Soares; SANTOS, Odilon Fernandes dos. 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