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LEGISLAÇÃO APLICADA E
DIREITO DO CONSUMIDOR
AULA 4
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Prof. João Alfredo Lopes Nyegray
CONVERSA INICIAL
Você aprendeu anteriormente que a área do Direito que, por excelência, aborda as relações entre
as pessoas físicas e jurídicas é o Direito Civil. Dentro do Direito Civil, uma das áreas mais importantes,
em especial para o cenário dos negócios, é a área do negócio jurídico. Como você também já sabe, o
negócio jurídico é, na acepção de Gagliano e Filho (2020, p. 232), “a declaração de vontade, emitida
em obediência aos seus pressupostos de existência, validade e eficácia, com o propósito de produzir
efeitos admitidos pelo ordenamento jurídico pretendidos pelo agente”.
Fazem parte das discussões sobre Negócio Jurídico do Direito Civil as obrigações e o direito dos
contratos. A relação entre essas áreas é demonstrada na figura a seguir.
Figura 1 - A posição do negócio jurídico, das obrigações e dos contratos no Direito Civil
Fonte: João Alfredo Lopes Nyegray.
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Enquanto as obrigações consistem, de acordo com Gagliano e Filho (2020, p. 335), em um
“conjunto de normas (regras e princípios jurídicos) reguladoras das relações patrimoniais entre um
credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a quem incumbe o dever de cumprir, espontânea
ou coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não fazer”, o contrato é, conforme Tartuce (2021, p.
970), “um ato jurídico bilateral, dependente de pelo menos duas declarações de vontade, cujo
objetivo é a criação, a alteração ou até mesmo a extinção de direitos e deveres. Os contratos são, em
suma, todos os tipos de convenções ou estipulações que possam ser criadas pelo acordo de
vontades e por outros fatores acessórios”.
No mundo empresarial, o conhecimento dessas áreas e desses temas pode poupar às empresas
e gestores grandes dissabores – ao conhecer os mandamentos legais, pode-se não apenas agir de
acordo com eles, mas exigir que os clientes e fornecedores sigam as mesmas boas práticas. O Poder
Judiciário nacional está abarrotado de processos das mais diversas ordens. Se empresas e particulares
conhecessem seus direitos com mais clareza e, principalmente, agissem de acordo com eles,
certamente as coisas estariam muito melhores.
CONTEXTUALIZANDO
Entre 2020 e 2021, o mundo se viu assolado pela pandemia do Covid-19. Em dezembro de 2019,
uma pneumonia desconhecida tomou a cidade chinesa de Wuhan. Em nosso mundo interconectado,
não demorou muito até que o vírus se alastrasse e tomasse de surpresa quase todas as nações do
planeta. Os efeitos foram muitos: perdemos pessoas queridas, vivenciamos um caos na saúde pública
de todo o mundo e corremos desesperadamente em busca de uma vacina.
E como ficaram os negócios nesse período? Desde as primeiras decretações de lockdown, as
pessoas abandonaram seus postos de trabalho para ficar em casa. Inicialmente, acreditávamos que
aquilo tudo duraria no máximo duas semanas, mas a pandemia se estendeu. Empresas deixaram de
produzir ou prestar serviços, faturamentos caíram e o desemprego tomou conta. Em alguns países,
como na Argentina, de forma muito intensa. No Brasil e Estados Unidos, o desemprego esteve em
densidade média. Outras nações, como a Alemanha e a Coreia do Sul, foram menos afetadas
economicamente.
E o que isso tudo tem a ver com nossa conversa sobre Legislação Aplicada? Tudo. Como ficaram
os contratos que, em virtude da pandemia, não puderam ser cumpridos? É justo e correto penalizar o
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lado que, por conta do lockdown ou do Covid-19, não cumpriu suas obrigações contratuais?
Certamente que não. Da mesma maneira que vimos no mundo todo entre 2020 e 2021, situações
completamente inesperadas já ocorreram em todo lugar.
Como você verá, a partir daqui essas situações acabam tendo que mudar as relações contratuais.
Vamos lá?
TEMA 1 – CONTRATOS EM ESPÉCIE I
Quantos tipos de contrato existem? Existem tantos tipos quanto existem relações contratuais
diferentes. Será que um contrato de compra e venda poderia ser configurado para regular uma
relação de aluguel? Certamente que não. É exatamente por isso que, a partir deste e do próximo
tema, falaremos dos contratos em espécie.
Para falarmos dos contratos em espécie, não poderíamos começar de outra forma que não
abordando a compra e venda. A esse respeito, diz o Código Civil:
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de
certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as
partes acordarem no objeto e no preço.
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito
o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato
aleatório.
Esses três artigos, relativamente simples, nos dão muita coisa a analisar. Primeiramente, essa
relação trata da transferência de propriedade e domínio de alguma coisa para outra pessoa,
mediante o pagamento de um preço. Algumas coisas, como as coisas móveis – carros, joias,
telefones, computadores – transmitem-se puramente pela entrega do item ao comprador.
Obviamente, para a compra e venda surtir os efeitos corretos, a pessoa deve vender aquilo que é
dela. Muitas vezes, pessoas mal-intencionadas vendem bens alheios como se fossem seus. Como já
vimos, esse é um típico caso de erro.
Também vimos anteriormente que os contratos podem ser celebrados quando as vontades se
encontram. É o que preconiza o art. 482, ao mencionar a concordância sobre o preço e o objeto.
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Como você pode perceber, o contrato de compra e venda é consensual e bilateral, pois
necessariamente envolve duas partes. A maioria das relações de compra e venda não são solenes
(joias, telefones, computadores), mas algumas precisam se revestir da solenidade da transferência
formal do bem. É o que estipula o CC ao afirmar, no art. 108, que: “Não dispondo a lei em contrário, a
escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência,
modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior
salário-mínimo vigente no País” (Brasil, 2002). Na compra e venda de imóveis, portanto, há a
solenidade de escrituração do bem.
E o que seria a coisa futura, a qual se refere o art. 483? Explicam Gagliano e Filho (2020, p. 799):
podemos observar que o Código Civil, em seu art. 483, admite que a compra e venda tenha por
objeto coisas atuais ou futuras. Por coisa atual, entende-se o objeto existente e disponível, ao
tempo da celebração do negócio; a coisa futura, por sua vez, é aquela que, posto ainda não tenha
existência real, é de potencial ocorrência. Imagine-se, por exemplo, a compra de uma safra de
cacau que ainda não foi plantada. Em tal caso, o contrato ficará sem efeito se a coisa não vier a
existir [...]
Os contratos de compra e venda de coisa futura são bastante comuns no agronegócio, por
exemplo. No que se refere à compra e venda há que se destacar mais algumas coisas. Considere que
um determinado fazendeiro está comprando um cavalo de raça. O comprador já deu um valor de
entrada ao vendedor e combinou de buscar o belo animal alguns dias depois. Ao chegar na fazenda
onde está o cavalo adquirido, o vendedor informa que o animal fugiu. E agora? O comprador perde o
valor dado na entrada? De forma alguma. Manda o Código Civil: “Art. 492. Até o momento da
tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador”
(Brasil, 2002).Esse tema é o que se chama de responsabilidade civil pelos riscos da coisa. Também na compra e
venda pode haver despesas com o contrato. Explicam Gagliano e Filho (2020, p. 804) que tratando-se
“de bens imóveis, a propriedade somente se transferirá se, seguindo-se ao título (contrato), ocorrer o
registro imobiliário. Tais atos, notadamente o registro, importam em custos. E quem deve arcar com
eles?” Nesse caso, a lei manda que a despesa de registro do imóvel fique a cargo do comprador, a
não ser que em contrato as partes decidam da maneira diferente.
Além da compra e venda, outro tipo contratual muito comum é o da troca ou permuta, disposto
no art. 533 do CC. Aqui, ao contrário do que ocorre na compra e venda onde há a troca de um bem
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por uma quantia em dinheiro, trocam-se dois bens entre si. É o que explica Tartuce (2021, p. 1224) ao
dizer que o “contrato de troca, permuta ou escambo é aquele pelo qual as partes se obrigam a dar
uma coisa por outra que não seja dinheiro. Operam-se, ao mesmo tempo, duas vendas, servindo as
coisas trocadas para uma compensação recíproca”. Tem-se nesse tipo de contrato também uma
relação bilateral.
Um terceiro tipo contratual é o do contrato de consignação. O que é isso? Explica Tartuce (2021,
p. 1227) que esse contrato “pode ser conceituado como o contrato em que alguém, o consignante,
transfere ao consignatário bens móveis, para que o último os venda, pagando um preço de estima;
ou devolva os bens findo o contrato, dentro do prazo ajustado (art. 534 do CC)”. É algo muito comum
no segmento de veículos usados. As lojas de revenda ficam com veículos a exibição em seu pátio e,
quando o automóvel é vendido, o valor é repassado ao dono inicial. As lojas, nesse caso, ficam com
uma comissão pela venda realizada.
E se, por exemplo, um veículo exposto num pátio é batido por outro? Ou então, se cai uma
árvore sobre ele? Nesse caso, o dono da loja (consignatário) deve indenizar. É o que afirma o CC: “Art.
535. O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a restituição da coisa, em sua
integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável” (Brasil, 2002).
Por fim, há o contrato de doação. É aquele no qual uma pessoa transfere bens ou direitos a uma
segunda pessoa, sem receber nada por isso. A esse respeito, diz o CC: “Art. 538. Considera-se doação
o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para
o de outra.” E a pessoa que está recebendo a doação, precisa declarar seu aceite? Com certeza!
Imagine que uma pessoa recebe um automóvel em doação. Que sonho hein? Mas a pessoa que
recebeu essa doação deve ser capaz de pagar as contas do veículo (IPVA, seguro, combustível...). Se o
recebedor não tiver como cumprir com essas obrigações, ele simplesmente pode não aceitar a
doação.
Existem vários tipos de doação. A doação meritória, quando alguém faz algo que é reconhecido
pelo doador; a doação a nascituro, quando alguém doa algo a quem ainda não nasceu; doação a
ascendente e descendente, entre outras. Muitos questionam, nesse momento, se uma doação pode
ser revogada. A resposta é sim, nos casos de ingratidão. Diz o Código Civil:
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:
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I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra
ele;
II - se cometeu contra ele ofensa física;
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou;
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava. (Brasil,
2002)
Tá vendo só? Se você receber alguma doação, cuide bastante do doador!
TEMA 2 – CONTRATOS EM ESPÉCIE II
Para seguirmos no estudo dos contratos, há que se lembrar que existem além da compra e
venda, troca ou permuta, consignação e doação; ainda vários outros tipos contratuais. Outro contrato
bastante corriqueiro é o contrato de locação. A esse respeito, o Código Civil traz uma descrição
considerada suficientemente abrangente por boa parte dos civilistas: “Art. 565. Na locação de coisas,
uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não
fungível, mediante certa retribuição” (Brasil, 2002).
Ainda que os imóveis tenham uma lei própria (Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991 –
comumente chamada de lei do inquilinato), o Código Civil dá as regras gerais das locações. Entende-
se que toda locação precisa ter pelo menos três características essenciais, como ensinam Gagliano e
Filho (2020): o tempo, a coisa locada e a retribuição. Ainda que existam locações por tempo
determinado e indeterminado, tem-se na locação um contrato eminentemente temporário.
O CC traz os deveres do locador:
Art. 566. O locador é obrigado:
I - a entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças, em estado de servir ao uso a que se
destina, e a mantê-la nesse estado, pelo tempo do contrato, salvo cláusula expressa em contrário;
II - a garantir-lhe, durante o tempo do contrato, o uso pacífico da coisa. (Brasil, 2002).
Isso significa que cabe a quem tem um bem que está posto em locação ofertá-lo em condições
de funcionamento. Há ampla jurisprudência de locações de coisas defeituosas, em especial
maquinário. Nesses casos, a Justiça tem orientado um abatimento do preço do item locado. Na
sequência, o CC aponta os deveres do locatário:
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Art. 569. O locatário é obrigado:
I - a servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou presumidos, conforme a natureza
dela e as circunstâncias, bem como tratá-la com o mesmo cuidado como se sua fosse;
II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume
do lugar;
III - a levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, que se pretendam fundadas em
direito;
IV - a restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais
ao uso regular (Brasil, 2002).
Igualmente, há inúmeros de casos em que os locatários destroem ou fazem mal uso do que está
sob sua posse. Justamente por isso, fala o art. 569, IV na restituição da coisa no estado em que foi
recebida. Ensina Tartuce (2021, p. 1270) que “se o locatário desrespeitar um dos seus deveres, caberá
a rescisão do contrato, por parte do locador, sem prejuízo das perdas e danos (resolução por
inexecução voluntária)”. A mesma rescisão pode ocorrer se o locatário utilizar a coisa para fim diverso
do que está no contrato: um automóvel urbano locado passa a ser utilizado em competições de rally,
por exemplo.
Os imóveis urbanos, comumente locados, são tratados pela lei do inquilinato. Essa lei refere-se
também a vagas de garagem, outdoors e espaços publicitários, assim como a arrendamentos
mercantis. Dessa lei nos parece importante ressaltar as benfeitorias: “Art. 35. Salvo expressa
disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que
não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e
permitem o exercício do direito de retenção”.
Isso significa que as melhorias necessárias introduzidas pelo locatário no imóvel deverão ser
indenizadas pelo locador ou, caso seja possível, poderão ser retiradas do imóvel findo o contrato.
Como há um intenso debate sobre o que é ou não uma melhoria necessária, recomenda-se a
conversa e a negociação para evitar dissabores futuros.
Na sequência, o CC aborda as chamadas benfeitorias voluptuárias, aquelas que não são
necessárias, mas derivam da mera vontade de uma das partes: “Art. 36. As benfeitorias voluptuárias
não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua
retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel” (Brasil, 2002).
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Compreendidos os aspectos básicos do contrato de locação, passamos a examinar os contratos
de empréstimo. Ao contrário da locação, no empréstimo não há onerosidade, ou seja, a pessoa não
paga pelo uso de algo. É o que ensina Tartuce (2021, p. 1273) ao conceituar o contrato de
empréstimo como “negócio jurídico pelo qual uma pessoa entrega uma coisa à outra, de forma
gratuita, obrigando-se esta a devolver a coisa emprestada ou outra de mesma espécie e quantidade.
O negócio em questão é um exemplo claro de contrato unilateral e gratuito”.
Os contratos de empréstimo são, tradicionalmente, divididos em dois tipos: comodato ou
mútuo. O CC menciona e define o comodato: “Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de
coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto” (Brasil, 2002). Aquele que está emprestando
algo é o comodante, e o que está recebendo a coisa emprestada é o comodatário. O comodato
baseia-se na confiança, uma vez que tem como objeto uma coisa que não pode ser substituída. É,
também, um acordo temporário. Um exemplo de comodato pode ser o empréstimo de um imóvel
litorâneo entre familiares para o período de férias.
De outro lado, tem-se o mútuo. Ao contrário do comodato, o mútuo é o empréstimo de coisas
fungíveis. A esse respeito, diz o CC:
Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao
mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja conta
correm todos os riscos dela desde a tradição. (Brasil, 2002).
Podemos perceber que o mútuo aborda coisas que, caso pereçam, devem ser devolvidas no
mesmo gênero, quantidade e qualidade. Existem doutrinadores que acreditam que o empréstimo de
dinheiro é uma das formas de mútuo. Nesse caso, pode aquele que empresta exigir algum tipo de
garantia para realizar o contrato. A esse respeito, ensina Tartuce (2021, p. 1288):
Nos casos de mútuo de produtos agrícolas, tanto para consumo quanto para a semeadura,
presume-se o prazo até a próxima colheita. Nos casos de empréstimo de dinheiro, o prazo será de
trinta dias, contados da sua celebração. Para os demais casos envolvendo coisa fungível, presume-
se o prazo como o que declarar o mutuante de qualquer forma.
Outro tipo contratual que nos cabe analisar é o da prestação de serviços, abordado a partir do
art. 593 do Código Civil. A prestação de serviços difere-se da relação trabalhista, pois é realizada ou
por uma empresa especializada ou por profissional autônomo. Podem ser serviços de limpeza e
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manutenção, serviços de consultoria, serviços advocatícios ou mesmo serviços médicos. Sobre a
prestação de serviços, ensina Tartuce (2021, p. 1289) que seu contrato:
é o negócio jurídico pelo qual alguém – o prestador – compromete-se a realizar uma determinada
atividade com conteúdo lícito, no interesse de outrem – o tomador –, mediante certa e
determinada remuneração. (...) O tomador é ao mesmo tempo credor do serviço e devedor da
remuneração. O prestador é credor da remuneração e devedor do serviço.
A prestação de serviços – às vezes chamada de empreitada – é feita mediante retribuição que
pode ou não ser financeira. A respeito da retribuição, diz o Código Civil: “Art. 597. A retribuição
pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por convenção, ou costume, não houver de ser
adiantada, ou paga em prestações” (Brasil, 2002). Devemos ressaltar que, alguns dos contratos de
prestação de serviços, são personalíssimos – ou seja, não se pode alterar o prestador. Em outros, é
possível realizar a subcontratação para a realização da empreita.
O CC limita, em seu art. 598, a prestação de serviços a um prazo máximo de quatro anos,
dizendo que “decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda que não concluída a obra”.
Explicam Gagliano e Filho (2020, p. 985) que essa regra “tem por finalidade evitar a celebração de
avenças longas demais, com animus de definitividade, acorrentando as partes a um contrato do qual
não teriam condições econômicas de se desvencilhar”.
Além dos contratos que vimos aqui, existem ainda vários outros como os contratos de depósito,
de transporte, de agência, de corretagem, de comissão e de seguro. Embora a cada um desses
instrumentos existam regras específicas, as linhas gerais de objeto lícito e possível, partes capazes e
forma prescrita e não proibida por lei segue sendo sua linha mestra.
TEMA 3 – EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
Quando termina um contrato? Numa situação ideal, o contrato termina quando o que foi ali
pactuado é devidamente cumprido. Na compra e venda, com o pagamento e entrega. Na locação,
com o término da relação. No empréstimo, com a devolução da coisa no estado em que se
encontrava antes ou na quantidade e gênero devidos. Essa é a chamada “extinção normal dos
contratos”.
Existem outros casos, no entanto, em que a extinção do contrato se dá sem o seu cumprimento
integral. Antes mesmo de um contrato ser celebrado, por exemplo, as partes podem se arrepender. É
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o que se chama de “direito de arrependimento”. Antes de receber o produto ou mesmo antes de
pagar por ele – por exemplo – a parte decide que não mais quer fazer parte dessa relação contratual.
É o caso das compras pela internet, por exemplo.
Ainda com essas possibilidades, a extinção normal e o arrependimento, existem outras situações
para o término dos contratos. A chamada rescisão contratual pode ter várias formas distintas, que
analisaremos aqui. O Código Civil trata desse assunto entre os artigos 472 e 480, objetivando tutelar
a extinção contratual após sua celebração por formas que não sejam o arrependimento, ou a
extinção normal.
A primeira das formas de se extinguir um contrato chama-se de “resilição”. Esse termo é usado
no art. 473 do Código Civil e, como ensinam Gagliano e Filho (2020, p. 737), “refere-se à extinção do
contrato por iniciativa de uma ou ambas as partes”. Quando é da vontade de ambas as partes
encerrar o acordo, ocorre a chamada resilição bilateral ou distrato. Isso pode ocorrer quando, por
exemplo, numa prestação de serviços, o prestador já não tem mais interesse em realizar a tarefa e o
tomador também já não quer continuar com esse prestador.
De outro lado, a resilição pode ser unilateral quando uma das partes não quer mais continuar
com a relação contratual. Aqui pode surgir um questionamento: mas um contrato não serve
justamente para que duas pessoas – físicas ou jurídicas – comprometam-se com um determinado
comportamento? Sim. Mas pode ser que uma das partes não esteja satisfeita com as atitudes da
outra, ou que algo aconteça. Por exemplo: imagine que uma pessoa tem dois imóveis, um onde
reside e outro que está locado. Se essa pessoa perder o emprego ou tiver algum problema na família,
pode ser necessário vender o imóvel que está locado. Para isso, será feita a resilição unilateral do
contrato de aluguel.
Vejamos o que diz o Código Civil a respeito da resilição unilateral: “Art. 473. A resilição unilateral,
nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à
outra parte”. (Brasil, 2002). O que significa a denúncia, dita ali no artigo? Significa avisar a outra parte.
Esse aviso pode ser pessoal ou por correio, normalmente pelo envio de carta com Aviso de
Recebimento (AR), para que se tenha prova de que a outra parte recebeu a comunicação.
Existem situações em que o término do contrato se dá porque uma das partes não está
cumprindo com seus compromissos. No caso dos contratos de locação, por exemplo, o locatário
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pode não estar pagando. Nos contratos de prestação de serviços, o serviço pode estar sendo
malfeito. Nesse ponto, explica Tartuce (2021, p. 1134):
A resoluçãopor inexecução voluntária está relacionada com a impossibilidade da prestação por
culpa ou dolo do devedor, podendo ocorrer tanto na obrigação de dar como nas obrigações de
fazer e de não fazer. Conforme as regras que constam dos arts. 389 e 390 do CC, a inexecução
culposa sujeitará a parte inadimplente ao ressarcimento pelas perdas e danos sofridos – danos
emergentes, lucros cessantes, danos morais, estéticos e outros danos imateriais
Pode ser, por exemplo, o caso da contratação de um serviço de marcenaria. Um casal contrata
um marceneiro para realizar o projeto de sua cozinha. Feito o pagamento da entrada, após algum
tempo, o referido marceneiro inicia as entregas. Aqui, percebe o casal que o que está sendo entregue
não está de acordo com o projeto ou com a qualidade esperada dos móveis. Pode-se proceder à
resolução contratual nesse caso. A esse respeito, diz o Código Civil: “Art. 475. A parte lesada pelo
inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento,
cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos” (Brasil, 2002).
Uma outra situação que pode levar à extinção dos contratos é quando seu cumprimento se
torna excessivamente oneroso para uma das partes. Diz o CC: “Art. 478. Nos contratos de execução
continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com
extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,
poderá o devedor pedir a resolução do contrato [...]”.
Deve-se destacar que não é em qualquer caso que o contrato pode ser extinto por onerosidade
excessiva. A própria lei permite que as condições contratuais sejam modificadas e adequadas. Para
essa modalidade de extinção, é necessário provar a onerosidade excessiva e a extrema vantagem
para o outro lado. Seria o caso em que, por exemplo, alguém contraiu uma dívida que seria
atualizada pelo valor do Dólar. No momento da celebração do contrato, um dólar equivalia a dois
reais. No momento do pagamento, um dólar equivalia a seis reais. Esse caso traz onerosidade
excessiva para uma das partes e extrema vantagem para o outro lado.
Existem situações, ainda, que não podem ser previstas e que impedem o cumprimento da
obrigação. É o que veremos a seguir.
TEMA 4 – CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR
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Na vida é possível que ocorram coisas muito inesperadas, que sequer poderíamos imaginar. Um
desses casos é a pandemia do COVID-19. Anos antes, a pandemia do H1N1 parou o mundo por cerca
de duas semanas. No caso do Covid-19, por outro lado, o isolamento social estendeu-se de modo
que escolas, universidades, templos religiosos e ambientes de proximidade de pessoas foram
fechados ou tiveram seus horários de atuação diminuídos.
Imaginemos, por exemplo, o caso de uma loja de shopping center que depende do trânsito de
pessoas para realizar suas vendas. Sabemos que os valores dos aluguéis dos shoppings são bastante
elevados e que uma loja que não realiza vendas não obtém faturamento suficiente para quitar seus
débitos. Nesse caso, como proceder? É possível uma alteração contratual? Ou será que todos os
contratos preveem casos de pandemias?
É aqui que entra nossa discussão sobre caso fortuito e força maior. Os termos não têm uma
definição que seja unanimemente aceita, mas podemos começar nossa análise pelo Código Civil: “Art.
393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou de força maior, se
expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único: O caso fortuito ou de força
maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não eram possíveis evitar ou impedir” (Brasil, 2002).
E o que isso significa? Que posso dar calote nas minhas dívidas em virtude da pandemia? De
jeito nenhum! Vejamos a diferença entre os termos, no ensinamento de Gagliano e Filho (2020, p.
1143)
Sem pretender pôr fim à controvérsia, uma vez que seria inadmissível a pretensão, entendemos,
como já dissemos alhures, que ‘a característica básica da força maior é a sua inevitabilidade, mesmo
sendo a sua causa conhecida (um terremoto, por exemplo, que pode ser previsto pelos cientistas);
ao passo que o caso fortuito, por sua vez, tem a sua nota distintiva na sua imprevisibilidade,
segundo os parâmetros do homem médio. Nesta última hipótese, portanto, a ocorrência repentina
e até então desconhecida do evento atinge a parte incauta, impossibilitando o cumprimento de
uma obrigação (um atropelamento, um roubo)’
Colocando de outra maneira, o caso fortuito é algo absolutamente imprevisível. Você não prevê,
por exemplo, o dia e hora em que será atropelado para estar lá no momento correto do evento.
Pense, por exemplo, num pintor que, ao ser atropelado, acaba com os braços quebrados e, por isso,
não pode terminar uma pintura a tempo da entrega. Seria justo exigir dessa pessoa uma indenização
pelo atraso na entrega? Obviamente que não, uma vez que a pessoa deixou de cumprir com o
combinado por algo repentino e imprevisível.
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De outro lado, tem-se a força maior. A força maior é algo previsível, mas inevitável. Trata-se de
um maremoto, um tsunami, uma guerra. A atual meteorologia pode prever certos fenômenos físicos.
A análise internacional nos permite entender as chances de uma guerra ocorrer. Mas, sozinhos, temos
como evitar esses incidentes todos? De jeito nenhum. Tem-se, aqui, a força maior.
Tartuce (2021, p. 588) traz um julgado que reflete a aplicação do caso fortuito: trata-se da venda
de um lote de terra que não pode ser concretizada pois o referido imóvel foi desapropriado. Nesse
caso, diz o magistrado: “Superveniente desapropriação que inviabilizou a entrega do lote adquirido
pelo autor. Cabimento da rescisão. [...] Necessária restituição integral e imediata das parcelas pagas.
Retorno das partes ao status quo ante”. Nesse caso, se restitui o valor que a pessoa pagou, e as partes
voltam a seu status anterior ao negócio.
E no caso da pandemia do Covid-19? Para tentar mitigar os inesperados efeitos da pandemia, a
Lei n. 14.010/2020 instituiu o chamado “Regime Jurídico Emergencial e Transitório das Relações
Jurídicas de Direito Privado” entre junho e outubro de 2020, tendo sido estendida algumas vezes. Foi
essa lei que, por exemplo, proibiu temporariamente as ações de despejo no período pandêmico. A
esse respeito, explica Tartuce (2021, p. 743):
A Lei 14.010/2020, que introduziu o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas
de Direito Privado (RJET), no período da pandemia do coronavírus (Covid-19), trouxe regra
importante sobre a possibilidade de alegar o caso fortuito e a força maior, com os fins de se afastar
a responsabilidade civil contratual. Por óbvio que muitos contratantes, em meio à grave crise
econômica que acometeu todo o mundo, passaram a alegar tais fatos, inclusive com a intenção de
extinguir os contratos celebrados.
Até então o Poder Judiciário segue analisando em quais situações se pode alegar caso fortuito e
força maior, e em quais situações isso não é possível. Trata-se de uma análise caso a caso, que,
certamente, levará tempo para se encerrar.
TEMA 5 – EXECUÇÃO E FALHAS
O que ocorre quando alguém não paga suas dívidas? É correto afirmar que as dívidas
desaparecem? Não. Quando alguém adquire um bem, parte-se do pressuposto de que essa pessoa
tem condições de arcar com as despesas da compra. Em algumas situações, no entanto, isso não
ocorre. Imagine que uma determinada pessoa comprou um veículo financiado e, depois de algum
tempo, deixou de pagar as prestações.
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O banco ou instituição que financiou a compra poderá entrar na justiça com ações de cobrança.
Se a pessoa tem algum dinheiro em contas bancárias vinculadas ao seu CPF, penhora-se o valor da
conta para pagar o credor. Casonão haja nada nas contas bancárias (ou caso estejam no negativo)
procede-se à busca e apreensão do bem. Nesse caso, um Oficial de Justiça vai até a casa da pessoa
que comprou o veículo e que não pagou por ele, pega o automóvel e leva para leilão. O bem é
leiloado e o valor levantado é entregue ao credor.
Nesses casos, se o valor do bem leiloado é maior do que a dívida, paga-se a dívida e devolve-se
a diferença ao antigo devedor. Se o valor do bem leiloado é menor do que o valor da dívida, a dívida
remanescente segue ativa. Aqui muitos perguntam: e se não for um automóvel, mas dívidas diversas
ou dívidas de bens já consumidos? Nessas situações o devedor deve “apontar um bem para
execução”, ou seja, deve dizer – dentre suas coisas – o que entregará para leilão. Todo esse
procedimento aplica-se tanto a pessoas físicas quanto a pessoas jurídicas e chama-se de execução.
Sob o Direito Civil, também é prudente abordarmos o tema da evicção. Mas o que é isso?
Explicam Gagliano e Filho (2020, p. 710) que a evicção consiste “na perda, pelo adquirente (evicto), da
posse ou propriedade da coisa transferida, por força de uma sentença judicial ou ato administrativo
que reconheceu o direito anterior de terceiro”. Imagine uma situação em que você comprou um
carro de alguém. Passado algum tempo, o carro é apreendido por ter sido furtado. Aí você descobre
que, na verdade, comprou um item de alguém que se passou pelo proprietário.
Nesse caso, a pessoa que te vendeu o bem deve restituir tudo o que você pagou. Isso é evicção.
TROCANDO IDEIAS
Pense por um instante na quantidade de contratos que são celebrados a cada dia por pessoas
físicas e jurídicas. Pense também na quantidade de pessoas endividadas que existem no Brasil.
Estudos recentes mostram que mais de 80% da população brasileira possui dívidas. Os chamados
inadimplentes são aqueles que possuem dívidas que estão em atraso e possuem parcelas não pagas.
Por quais razões nosso país possui tantas pessoas endividadas? Quais as consequências do
endividamento e da inadimplência da população para as empresas? Comente a respeito e discuta
com os colegas se haveria como reduzirmos a inadimplência no país.
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NA PRÁTICA
Como você aprendeu, existem várias formas pelas quais os contratos chegam ao fim. A forma
tradicional é pelo cumprimento das cláusulas contratuais e fim da obrigação. No entanto, existem
casos variados de extinção. Dentre esses casos está a onerosidade excessiva para uma das partes e a
extrema vantagem para o outro lado. A esse respeito, Tartuce (2021, p. 1139) traz um julgamento
ocorrido no estado de São Paulo:
Energia elétrica. Empresa exploradora de jogos de bingo. Celebração com concessionária de
energia elétrica de contrato com previsão de consumo obrigatório de 80 kW mensais. Atividade da
autora encerrada, em virtude de liminar em ação civil pública. Ajuizamento de ação declaratória de
nulidade de cláusulas contratuais cumulada com repetição de indébito. Procedência.
Admissibilidade. Onerosidade excessiva por fato imprevisível. Incidência do disposto nos artigos
478 e 480 do Código Civil. Apelação não provida” (TJSP, Apelação 992.09.032133-1, Acórdão
4293191, 36.ª Câmara de Direito Privado, Santos, Rel. Des. Romeu Ricupero, j. 28.01.2010,D JESP
12.02.2010).
Mas o que ocorreu ali? Um bingo – atividade não mais lícita em nosso país – havia contratado
com a concessionária de energia elétrica que consumiria 80 kW mensais. Uma vez que a atividade
dos bingos foi declarada ilegal, o empreendimento encerrou suas atividades. A concessionária de
energia, no entanto, exigia continuar recebendo os valores combinados, ainda que a atividade não
fosse mais exercida. Aqui temos um exemplo preciso do que é onerosidade excessiva por fato
imprevisível.
FINALIZANDO
Nessa aula, aprendemos que existem vários tipos distintos de contrato. Um dos mais comuns é o
contrato de compra e venda onde transfere-se o domínio de uma coisa a quem pagou por ela.
Existem contratos de compra e venda presente e de compra e venda futura. Além da compra e
venda, outro tipo contratual muito comum é o da troca ou permuta, disposto no art. 533 do CC. Aqui,
ao contrário do que ocorre na compra e venda onde há a troca de um bem por uma quantia em
dinheiro, trocam-se dois bens entre si. Um terceiro tipo contratual é o do contrato de consignação. O
que é isso? Explica Tartuce (2021, p. 1227) que esse contrato “pode ser conceituado como o contrato
em que alguém, o consignante, transfere ao consignatário bens móveis, para que o último os venda,
pagando um preço de estima; ou devolva os bens findo o contrato, dentro do prazo ajustado (art.
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534 do CC)”. O contrato de doação, por sua vez, é aquele no qual uma pessoa transfere bens ou
direitos a uma segunda pessoa, sem receber nada por isso.
Você aprendeu também a respeito do contrato de locação, em que uma parte cede a outra o uso
e o gozo de alguma coisa mediante alguma retribuição. Os imóveis urbanos possuem uma lei própria
que trata desse tema. Vimos também os contratos de empréstimo que são divididos em dois tipos:
comodato (coisas infungíveis) ou mútuo (para coisas fungíveis). Aprendemos também sobre a
prestação de serviços – às vezes chamada de empreitada – é feita mediante retribuição que pode ou
não ser financeira.
Numa situação ideal, o contrato termina quando o que foi ali pactuado é devidamente
cumprido. Quando uma das partes quer extinguir o contrato antes do tempo, efetua-se a resilição.
Quando é da vontade de ambas as partes encerrar o acordo ocorre a chamada resilição bilateral ou
distrato.
Além de tudo isso, existem situações nas quais o que foi contratado não pode ser cumprido. É
aqui que entra nossa discussão sobre caso fortuito e força maior. O caso fortuito é algo
absolutamente imprevisível. A força maior é algo previsível, mas inevitável. Para tentar mitigar os
inesperados efeitos da pandemia, a Lei n. 14.010/2020 instituiu o chamado “Regime Jurídico
Emergencial e Transitório das Relações Jurídicas de Direito Privado” entre junho e outubro de 2020.
Por fim, você viu que quando alguém não cumpre com suas dívidas, essa pessoa está sujeita aos
chamados processos de execução.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso em 02 dez. 2021.
GAGLIANO, P. S.; FILHO, R. P. Manual de direito civil – volume único. São Paulo: Saraiva, 2020.
TARTUCE, F. Manual de direito civil – volume único. São Paulo: Saraiva, 2021.
VENOSA, S. de S. Direito Civil – Obrigações e Responsabilidade Civil. São Paulo: GEN, 2017.
_______________. Introdução ao Estudo do Direito – primeiras linhas. São Paulo: GEN, 2017.
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