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Copyright © 2022 Evilane Oliveira Princesa Distorcida 1ª Edição Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens e acontecimentos que aqui serão descritos são produto da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência. Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. É proibido o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte desta obra, através de quaisquer meios, sem o consentimento escrito da autora. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº. 9.610. /98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Todos os direitos reservados. Edição Digital | Criado no Brasil. ÍNDICE Epígrafe Dedicatória Aviso da autora Prólogo Capítulo 01 Capítulo 02 Capítulo 03 Capítulo 04 Capítulo 05 Capítulo 06 Capítulo 07 Capítulo 08 Capítulo 09 Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 Capítulo 13 Capítulo 14 Capítulo 15 Capítulo 16 Capítulo 17 Capítulo 18 Capítulo 19 Capítulo 20 Capítulo 21 Capítulo 22 Capítulo 23 Capítulo 24 Capítulo 25 Capítulo 26 Capítulo 27 Capítulo 28 Capítulo 29 Agradecimentos Contato Outras obras “Você é a maldição da minha existência e o objeto de meus desejos.” — Anthony Bridgerton Para você que se refez colando seus próprios pedaços sozinha. Princesa Distorcida é um romance dark e aborda como tema central o incesto (romance entre irmãos). Se você não gosta do assunto ou é sensível, NÃO LEIA! A partir daqui você está por sua conta e risco. Boa leitura, LAKE TREVISAN O único som que pude ouvir embaixo das minhas cobertas foi das gotas de chuva batendo contra os vidros das janelas. Fechei os olhos e apertei meus punhos enquanto acalmava minha respiração. Um. Dois. Três... Passos soaram me assustando, então minhas pálpebras se abriram. Enquanto minha alma parecia derreter de medo, meu peito doía. Era uma dor crua, horrível e que me fazia ter ânsia de vômito. — Ratinha. Fiquei rígida e quis rolar para debaixo da cama. Tudo nele me assustava. Sua voz crua, sua altura, seus olhos. Isso era o bastante para que eu entrasse em desespero. Já pensei em contar aos meus irmãos o que ele fazia. Já pensei em dizer à mamãe, mas do que adiantaria? Todos o temiam. Ninguém me defenderia, eu não os culpava. Ettore era um demônio. O pior de todos eles. Senti suas mãos deslizarem por minhas pernas e tentei desconectar. Contei várias vezes até o cem, esperando tudo acabar, rezando para que fosse rápido. Só que não acabava. Meu corpo doía, como todas as vezes. Meus olhos ardiam com lágrimas, mas eu as empurrei de volta. Ele ficava irritado ao ver minhas lágrimas. — O que... A luz acendeu, Ettore se ergueu e eu me encolhi, puxando meu edredom. Meu peito doeu quando vi mamãe de pé, com a boca aberta, completamente em choque. Seus olhos bonitos estavam brilhando com lágrimas não derramadas e meu pai estava de pé perto dela. — Qual é o seu problema, Ettore? — mamãe gritou, horrorizada. Eu cobri meus ouvidos, tremendo. — Cala a boca! — meu pai gritou, arrumando a calça, enquanto mamãe vomitava ali. — Você trouxe essa rata no ventre quando chegou! Você, Violetta. Eu faço o que diabos eu quiser... — Ela é uma criança, seu desgraçado! — Minha mãe correu em sua direção e ele a pegou pelo cabelo. Sua mão colidiu com o rosto dela e eu gritei. — Banheiro, Lake! Agora! — Sua ordem reverberou enquanto seu lábio sangrava. Eu não conseguia me mexer. — É culpa sua, Violetta! — ele gritou, continuando a bater nela. — Não, Ettore. Ele é o culpado... — Eu odeio você, sua puta! — Eu também te odeio! — ela berrou antes que ele puxasse a arma e a ajoelhasse diante de mim. — Pai, por favor — implorei, chegando mais perto do final da cama. — Não sou seu pai, sua rata imunda! E vou matar sua mamãe bem na sua frente. Quero mais lágrimas, me dê mais... — Não, por favor. Por favor... — pedi, com a vista embaçada do líquido que ele parecia amar. Meu pai tirou uma faca do terno enquanto segurava minha mãe pelo cabelo. Os olhos azuis dela estavam arregalados, o medo neles me paralisou, e quando ele deslizou a lâmina em seu pescoço eu gritei. Mamãe sempre foi incrível. Tão devota em relação aos filhos, bondosa e amorosa. Até Rocco, o filho de Ettore com outra mulher, era amado por ela. Eu a amava mais que a mim, e meus irmãos faziam o mesmo. Sempre fizeram. Agora, ele estava tirando-a de nós. Arrancando a única fonte de bondade do nosso mundo podre, escuro e cruel. — Está sentindo dor, Ratinha? — Seus olhos negros perturbados feriram meu peito enquanto eu continuava gritando. Tão alto, tão forte. Ettore empurrou minha mãe para a frente enquanto o sangue manchava suas mãos. Eu cobri meus ouvidos e solucei. Eu o odiava, cada grama de mim odiava aquele homem, mas o que mais eu odiava era o temer. Eu morria de medo dele. Temia o seu toque, seu olhar, suas palavras. Ele era meu pior pesadelo. — Que bom! — Ele sorriu e deu um passo em minha direção enquanto eu me empurrava contra a cabeceira da cama. — Porque eu vou foder você em cima do sangue da sua mãe. Suas palavras sumiram quando Rocco apareceu, segurando uma arma na mão. Seus olhos capturaram mamãe no chão e sua mandíbula apertou. — Desça, agora. — Suas palavras soaram firmes, furiosas. — Ei, seu pedaço de lixo, abaixe a porra dessa arma — nosso pai gritou, mas Rocco não titubeou. Quando ouvi o clique da arma e o som ensurdecedor de tiro, eu gritei novamente. Porém, Ettore ainda respirava e ele usava cada grama de ar para rir. — Patético. — Vamos ver quem é patético. — Rocco o pegou pela blusa e o tirou do quarto. Ouvi gritos no corredor e sabia que eram meus irmãos. Me movi para encontrá-los, mas a visão dela de olhos abertos me fez ficar parada. Minhas pernas ficaram moles e eu desabei. Rastejei, sentindo o líquido espesso molhar meus joelhos e mãos. Me aproximei do corpo inerte e senti meu coração ser rasgado do peito. Mamãe estava morta. Não iríamos mais comprar vestidos juntas e nem colares que ela colecionava. Nada seria como antes. Tudo que eu tinha estava desabando. Eu precisava dele. Deus, como eu precisava dele. Onde ele estava? Como em forma de resposta para minhas preces, ele surgiu na porta. Seu cabelo escuro estava bagunçado e seus olhos azuis me olharam dos pés à cabeça. — Há quanto tempo? — Sua pergunta me fez balançar a cabeça e me abraçar. — Lake, há quanto tempo? — Não importa! — gritei de volta, me sentindo fria como gelo. — Ele a matou. Ele matou nossa mãe! — Apontei para o corpo sem vida. Prince evitou encará-la. — Vamos. Suas mãos me agarraram e eu evitei estremecer em seus braços. Evitei, porque naquele momento ele era a única pessoa que eu queria ao meu lado. Prince sempre foi a única pessoa que eu queria ao meu lado. Meu carrasco, meu herói, meu príncipe. Nada mais importava. Ele sempre seria tudo. Nada era capaz de mudar isso. 13 ANOS — Estou cansada de me esconder. Cansada de ficar dentro dessa casa. — Minhas palavras pareciam fogo. — Lake. — Vi seu olhar ficar escuro e odiei isso. Ninguém via esse lado dele. Nunca aparecia. Só comigo. Quando o assunto era relacionado a minha segurança. Ergui a cabeça e o encarei enquanto respirava fundo. Seu cabelo estava bagunçado e seu braço estendido enquanto desenhava algo no papel. — Você sai, tem amigos, até namoradas, e eu continuo presa aqui! — grunhi, me erguendo. Prince jogou o caderno na mesa. Quando seu corpo ficou rígido e seus olhos encontraram os meus, eu estremeci. Odiava o sentimento dentro de mim. Era feio. Horrível. E eu não podia deixar isso me consumir. Nunca. — Rocco sabe o que é melhor para nós... — Para você é fácil, Prince! — gritei, tremendo, assistindo-o andar em minha direção. — Tudo é fácil para você e Matteo. Para mim, é um inferno! Desde que a nossa mãe foi morta por nosso pai – pai deles –, eu estava dentro dessa casa. Sem ver a luz do dia sem ser pelas janelas, atrás de cortinas.Eu sabia que Rocco e Romeo tinham razão sobre a minha segurança, mas como eu poderia ficar feliz assim? — Eu estou com você, Lake. Sempre. Prince me puxou para os seus braços e eu fechei os olhos, inspirando o cheiro de hortelã e sabonete. Não seja uma doente. Minha voz ecoou na minha mente tão enojada que eu me afastei dele, sentindo um caroço crescer em minha garganta enquanto meu estômago revirava. — Só quero sair. Uma vez sequer. Eu só preciso de normalidade... — Vamos lá. — Sua mão enrolou na minha e eu arregalei os olhos. — Você precisa vestir uma roupa larga. Não faça perguntas. Prince enfiou um dos seus moletons em mim antes de eu suspirar quando descemos a escada. Ele colocou o capacete em minha cabeça e desceu o visor escuro. — Vão pensar que você é uma foda. Não se preocupe. Senti uma pontada dentro de mim. Odiava reagir assim às suas aventuras. — Tá. Prince dirigiu pela propriedade e ninguém nos parou. Rocco não estava aqui, muito menos Matteo ou Romeo. Euforia encheu meu peito quando passamos pelos portões. Com medo, apertei meus braços ao redor dele e senti sua risada vibrar pelo peito. Odiava quão bem ele me conhecia. Como se seus gestos fossem sempre calculados para me fazer rir. Assim que a moto parou, eu ergui a cabeça e vi uma floresta. Prince me ajudou a descer e quando o capacete estava fora, ele me guiou para o meio das árvores. — Oh, merda! — exclamei, com os olhos arregalados. O lago Michigan estava diante de nós, tão bonito quanto quando eu o via pela janela. — Senta. — Prince me puxou para uma pedra, então eu me sentei. Respirei fundo quando ele fez o mesmo. Meu peito estava apertado, eu via a apreensão em seus olhos. Odiava vê-lo lutando contra si mesmo. — Rocco vai me iniciar em breve. — Sua garganta balançou e eu toquei seu rosto. — Odeio isso. Eu só queria sumir. Ir para longe e nunca mais saber da Outfit. — Compartilhamos os desejos. — Minhas palavras foram suaves. Prince me encarou, e enquanto meu peito batia frenético, meus pensamentos me recriminavam. Não faça isso. Mas eu fiz. Minha boca bateu contra a dele em um segundo. Foi tão fugaz. Porém, mesmo assim, eu me senti no céu. Era quase como se tudo dentro de mim se encaixasse. Os cacos afiados se encontraram e tudo voltou ao normal. Porém, foi rápido. Prince empurrou meus ombros e acabou a dois metros de mim, com os olhos tão arregalados que eu jurava que nunca o tinha visto tão assustado em toda minha vida. — Que. Porra. Foi. Essa, Lake? — Seu grito foi ensurdecedor. Meus olhos começaram a queimar, e enquanto eu tentava abrir minha boca e falar algo, eu não me lembrava mais como pronunciar nada. As palavras estavam longe de mim. — Lake, por que você fez isso, porra? — Sua voz era tão assustada. E o medo não foi o que mais me incomodou. Foi o nojo. Porque naquele momento eu também sentia o mesmo. Meu corpo começou a parecer tão nojento que eu me joguei no lago. Esfreguei minha pele com minhas próprias roupas enquanto meu irmão ficou me olhando perplexo. — Saia da água! — ele berrou, furioso. — Você vai ficar doente! — Me des-desculpa. Por fa-favor... Prince desistiu de esperar por mim e me puxou da água, se molhando no caminho. Seus braços me rodearam e ele segurou minhas mãos. — Pare com isso, Lake! — Me desculpa. Por favor, não tenha nojo de mim — implorei, sufocando. Ele ficou em silêncio, e o vazio continuou enquanto me levava até a sua moto. Não consegui não o abraçar enquanto voltávamos. Senti que estava perdendo-o. Como areia, ele estava escapando entre meus dedos. E eu não podia fazer nada. Porque eu era uma doente nojenta que amava o próprio irmão. Meu sangue. — Nunca mais vamos falar sobre o que aconteceu hoje. — Suas palavras verberaram em minha mente enquanto ele me guiava para dentro da mansão. — Eu sinto muito. — Nunca mais, Lake. E, realmente, nós não voltamos a falar sobre isso. Nunca mais. ATUALMENTE Quando meu celular começou a tocar, eu o empurrei para dentro do bolso traseiro da calça jeans. O frio hoje estava ameno, por isso apenas um moletom cobria meus ombros. Não que eu realmente ligasse para essa merda. Eu quase perdi meus irmãos. Por pouco, a Cosa Nostra teria rasgado os quatro em pedaços. Não sei como ou de onde tirei força para pegar os explosivos que Rocco carregava. Mas eu fiz. O piloto me ajudou e eu detonei todas as dinamites que havia ali. Eles estão bem. A minha própria voz gostava de me tranquilizar. Era até uma piada, porque sempre foi ela quem me fazia querer arrancar minha própria pele. — Eu falei a você para atender a porra do telefone. Por causa dele. Minha voz me punia, me dizendo todos os dias o quanto o amar era errado, o quanto deixá-lo me tocar era um pecado, o pior de todos. Eu me virei e o vi na minha lateral, andando em minha direção como o leão cruel que eu sabia que ele era, mas que ele conseguia manter escondido. Seus olhos azuis semicerraram e ele segurou meu rosto com força, a irritação ondulando por cada pedaço dele. — Pare de sair sem seus soldados. Ele havia recuperado algumas memórias desde Nova Iorque. Um mês havia se passado, mas sua superproteção, jamais. — Eu precisava pensar. — Puxei meu rosto e me virei, encarando Cloud Gate. As pessoas, maioria turistas, se amontoavam ao redor da escultura enorme, tentando tirar uma foto qualquer. Todos pareciam tão livres. Tão felizes por estarem em Illinois, apreciando Chicago. A mesma cidade que me aprisionava. Que me sufocava estar aqui. — Você pensa com a cabeça, não com as pernas. — A voz do Matteo ecoou, então olhei para Prince. — Sério? Você não pode fazer o trabalho sujo sozinho? — grunhi, irritada. Não por ele ter vindo atrás de mim. Isso era o habitual, mas por trazer Matteo. Na verdade, não foi isso que me irritou, apenas o fato de que ele não poderia me tocar com nosso irmão aqui. — Eu poderia, mas quando o assunto é você, a sujeira alcança um patamar muito elevado — ele rosnou apenas para que eu escutasse. — Vamos. Revirei os olhos e andei para longe do Cloud Gate e da liberdade que aquele ponto exalava. Uma que eu nunca teria, nem em um milhão de anos. — Vocês falaram com ele? — perguntei assim que entrei no carro do Matteo. Ele estava dirigindo, com Prince ao seu lado e eu atrás. — Sim, e adivinha? É a porra de um não. Eu disse que você deveria esperar mais um tempo — Matteo resmungou, irritado. Como uma forma de me punir por ir de boa vontade para Nova Iorque com Carmelo, Rocco me proibiu de trabalhar. Eu vivia como a Lake de treze anos, escondida na mansão do meu irmão. — Já fez um mês... o Centro precisa de mim, vocês sabem disso — murmurei de volta e encarei Prince. Ele esfregou o rosto e olhou pela janela. — Mais duas semanas e falamos de novo — meu irmão me respondeu. Eu acenei, bufando. Era a porcaria do jeito. Assim que chegamos à mansão do Rocco e da Sienna, eu vi meus irmãos mais velhos. O meu Don estava de braços cruzados, com uma calça de moletom que parecia filha única e só. As tatuagens dele cobriam boa parte da pele e seu cabelo estava curto, como sempre. Seu olhar era de não me desafie, e por mais que eu quisesse, sabia qual era o meu lugar. — Onde você estava? Sienna desceu a escada com Amo e Rhett. Assim que os garotos pularam no pai, eu fui salva. Rocco dedicou sua atenção aos dois e eu passei devagar, fugindo. — Nós vamos conversar — ele gritou, me fazendo ficar rígida. Foda-se. Subi a escada e só parei quando cheguei ao meu quarto. Joguei minha bolsa, retirei meu moletom e calça. Andei até o closet e procurei outra roupa. Me virei ao ouvir minha porta abrir. Prince lambeu os lábios e deu um passo em minha direção. Ele havia feito outras tatuagens no último mês, e hoje de manhã foi fazer mais uma. Eu o ouvi murmurar que seria no pescoço e lá estava ela. Tinha um plástico sobre ela e eu não conseguia ver, mas logo descobriria. — Você se acha muito esperta, hum? — ele grunhiu, se aproximando. — Na verdade, eusou. — Respirei fundo e me virei, me abaixando para pegar os meus Vans. Deixei-os separados e cacei um vestido. Quando senti a mão grossa apertar minha cintura, eu fiquei rígida. — Então, vamos lá. Ele me puxou em direção à porta e eu arregalei os olhos. — Eu estou nua! — gritei, com medo dos nossos irmãos nos pegarem. Ele tirou a própria camisa e enfiou em mim. Novamente recomeçou a andar, me arrastando. Quando chegamos ao térreo, podia ouvir meus sobrinhos brincando com os pais. — Vamos ver se é mesmo tão esperta. — Prince me empurrou para o lavabo e eu arregalei os olhos. — Vou foder sua boceta esperta aqui, a algumas paredes dos nossos irmãos. É isso que você quer, certo? Prince se inclinou, segurando meu rosto, mas eu neguei. Rhett ou Amo poderiam se sujar e Rocco poderia trazê-los para se lavarem aqui. Matteo poderia estar por perto e nos ouvir. Isso não podia acontecer. — Villain, por favor. — Toquei seu peito, sabendo que o monstro estava querendo sair para brincar. — Eu juro que não sairei mais sem os soldados. — Tarde demais, Silk. Assim que fiquei arrepiada, ele soube que havia ganhado. Prince me empurrou contra a borda da pia, puxando meu cabelo e me arqueando para si. Seu peito duro esmagou meus seios cobertos pela sua camisa. Segurei seus ombros e ele mordeu meu queixo, pescoço e depois, em uma descida lenta, meu colo. Os chupões ficaram vermelhos instantaneamente. — Sente-se na pia. Ele me ajudou a subir, porém um tapa alto ecoou e uma ardência junto a um arrepio começou. Minha boceta estava úmida e vermelha. Prince capturou meu clitóris e torceu, me fazendo gritar. — Está vendo? Você quer que nos descubram. — Não. — Neguei rápido, enquanto ele enfiava os dedos em mim e retornava ao clitóris inchado e dolorido. — Você ainda está tomando seus comprimidos, certo? — ele perguntou, retirando seu pau da calça preta. Era longo, grosso e com veias saltadas. Prince o cutucou na minha entrada úmida e apertada. Uma carícia lenta que fez o suco deslizar pela minha bunda. — Si-sim. Eu jamais pararia de tomar remédios. Uma gravidez era a última coisa que eu queria na minha vida. Prince e eu não podíamos ter filhos. Nunca. — Me foda, Villain. Pare de brincar. Os olhos dele incendiaram e ele estocou de uma vez. Eu gritei, mas ele colocou a mão sobre meus lábios. Prince lambeu minha bochecha e eu estremeci quando ele deslizou para fora. Prendi-o com minhas pernas querendo gozar, mas ele apenas desfez o aperto. Villain segurou a parte de trás das minhas coxas e as empurrou abertas próximas ao meu peito. Caí contra o espelho, sentindo a torneira contra minha coluna. Villain me fodeu lentamente enquanto lágrimas enchiam meus olhos com o prazer pequeno e crescente. Parecia o céu, ele nunca havia me fodido assim. Movi meus quadris para o encontrar, mas ele se retirou. — Fique parada. — Ele bateu em minha boceta mais uma vez e me mostrou os dedos molhados. — Abra a boca. Eu abri. Prince os aproximou da minha boca e eu fechei os lábios em torno deles. Minha excitação tocou minha língua e eu gemi. Ele entrou em mim de novo, subindo a camisa, então choraminguei, ainda chupando seus dedos. — Tem alguém? — Quando a voz do Matteo ecoou, eu fiquei rígida. Prince sorriu e se inclinou sobre meus seios, lambendo a ponta antes de responder ao nosso irmão. — Oi, cara. Sou eu — ele murmurou e, mais uma vez, deslizou dentro de mim. Meus olhos se arregalaram e Prince sorriu, me fodendo lentamente. Ele chupou meu mamilo e mordeu, me fazendo colocar a minha mão sobre a boca para não gritar. — Você viu a Lake? — Matteo perguntou. Prince torceu meu clitóris rindo. — Só quando chegamos. Ela deve estar por aí. Ele puxou meus quadris e estocou fundo. Suas mãos pegaram meu seio e o levaram à boca, chupando com força. — Tá bom. Vou deixar você cagar em paz. Prince me girou assim que ouvimos os passos se afastando. Olhei pelo espelho e o vi sobre mim. Tão alto enquanto eu era uma menina na sua frente. Villain tirou minha camisa e me puxou contra seu pau grosso. Ele me fodeu mais uma vez enquanto eu gemia baixo e o encarava pelo espelho. O plástico da sua tatuagem estava deslizando com seus movimentos. Assim que ele finalmente caiu, eu arregalei os olhos. E quando Prince olhou para o teto, as letras maiúsculas ficaram visíveis. SILK. Na parte da frente, bem diante de todos. Meu apelido. Ele me estocou e eu gozei enquanto lágrimas enchiam meus olhos. Ele gozou dentro de mim, me enchendo, até não haver espaço e sua porra vazar. Prince me virou, entrou em mim novamente e se moveu em meio ao seu sêmen pingando no chão. — Sua tatuagem... — comecei a falar, mas ele abocanhou meu mamilo, faminto. Ele não parou de me foder, até que eu gozei novamente e ele também. Minhas coxas estavam úmidas e seu pau ainda duro. — Minha tatuagem — ele olhou para o espelho e movimentou a cabeça — é seu presente de aniversário. Meu coração ficou pequeno, quase minúsculo, e em segundos se encheu de paixão, amor, tesão e muita obsessão. — Você me tem. Eu pertenço a você, como você me pertence. — Sua voz era cheia de certeza e uma possessividade que eu conhecia bem. — Prince... — Toquei seu rosto, ainda olhando as letras que formavam meu apelido. — Diga que me pertence, Silk. Diga quem é seu rei. — Você. Eu pertenço a Prince Trevisan. Meu rei. Ao bater os lábios nos meus, eu o beijei como todas as vezes – urgente, sedenta e com amor. Eu o amava mais que a mim e nós dois sabíamos disso. E pagaríamos por isso. ATUALMENTE Honra é algo que poucos homens têm e eu não fazia parte desse seleto grupo. Porque eu não podia ser honrado quando fodia minha irmã pelos cantos da mansão da nossa família. Eu não podia ser honrado quando eu a observava lambendo a colher com chocolate, imaginando sua boca no meu pau, enquanto nossa família estava presente. — Cara? — Matteo grunhiu, então eu o encarei. — Que porra, você tá desligado, hein? — O que foi? — perguntei, sentindo o olhar de todos sobre mim. — Rocco quer que vá para Oak Park comigo. Nem fodendo. Eu não sairia de perto da Lake. — O quê? Não! — ela gritou. Eu a encarei, um sinal claro para ela retroceder. — Ele vai me ajudar com a cidade. — Meu irmão, o que eu sabia que era o mais próximo a mim, encarou-a. — Você pode passar os finais de semana lá. Ou ele vem pra cá. — Eu preciso pensar — falei, encarando quem era realmente importante. Rocco. — É uma decisão sua. Porém, vou precisar de você hoje. — Ele jogou o guardanapo na mesa e se ergueu. — Aonde vamos? — murmurei e me ergui também. Sienna o encarou, engolindo em seco. — Pegar minha sogra no aeroporto. O silêncio foi excruciante. Eu sabia pouco sobre como tudo começou entre Sienna e Rocco, mas Lake fez questão de me explicar algumas coisas importantes. Homens da famiglia entraram em Chicago e causaram estragos. O Don de lá, Enrico, ofereceu uma oferta de paz. Uma que tinha como peça principal um casamento. Sienna era da Cosa Nostra. Uma princesa intocada da famiglia e foi dada como moeda de troca pela paz. No final, não houve paz, mas Rocco se afeiçoou à loira e hoje a ama de uma maneira quase impossível de ser explicada. — Sua mãe está vindo? — Blue perguntou a Sienna. Ela estava sentada ao lado de Matteo, em silêncio a maior parte do tempo. — Sim. Enrico permitiu contanto que ela não volte para a Itália. Quando Rocco respirou fundo, sua esposa ficou rígida. — Ela vai morar em algum apartamento. Não a quero xeretando a gente. — Ela não é um soldado, Rocco. Por um minuto, sua atenção pode estar voltada para algo que não seja a Outfit? — Sienna se ergueu, parecendo cansada. — Ela quer conhecer os netos, quer me ver e, principalmente, quer visitar o último lugar que filho dela, aquele que você matou, esteve. Lake se ergueu e a encarou. — Não foi ele e você sabe. Nunca mais diga isso — a Trevisan mais nova berrou, rígida. — Nós já tivemos essa conversa um milhão de vezes. Já me desculpeipor esconder a verdade de você, mas nós sabemos quem matou seu irmão, e não foi o meu. — Lake — Sienna ecoou chocada, mas ela a ignorou. — Foi Giulio. E sua mãe também deveria saber disso, antes que ela aja como você em relação ao Don da Outfit. Sienna abriu a boca e voltou a fechá-la. Rocco olhou para mim e acenou em direção à saída. — Rocco... Ele saiu andando e eu fiquei em dúvida se o seguia ou não, porém, quando Sienna correu atrás dele, ficou claro que eu precisava dar um tempo a eles. — O.k., próxima pauta da família caótica Trevisan? — Matteo perguntou, rindo e eu balancei a cabeça. — Bom dia! — Lunna saudou assim que entrou na sala de jantar. Remy estava aos seus pés, olhando para a sala toda. Depois disso, se aproximou e ergueu a mão. Bati em sua palma e depois fechamos os punhos. — Olá, King. — Lake se aproximou e ficou de joelhos, o garoto apenas piscou. — Sua tia falou com você — grunhi ao ver Lake murchar. Remy era fechado demais para meu gosto. A única pessoa com quem ele interagia fora seus pais, era eu e seus primos. — Olha, eu ganhei uma boneca nova. — Nina apareceu com a babá e os gêmeos. — E tá chorando por quê? — Assim que a voz do filho de Lunna e Romeo ecoou, a filha do Matteo fez uma careta. — O Rhett a jogou no chão. Remy encarou o primo e empurrou o ombro dele. — Não mexa com ela. Matteo assobiou e ergueu os dois polegares. — É isso, King! Cuide da nossa princesinha — ele gritou antes de Blue o encarar e revirar os olhos. — Vamos, filha, vamos pegar nossas coisas. — A esposa dele se ergueu e pegou a mão da garotinha. As duas sumiram depois de beijarem Lunna. Ela se sentou e colocou Remy na cadeira. — Você ainda não falou com sua tia. — Lembrei a ele, que a olhou e acenou. — Não é pessoal. Remy não curte pessoas. — Lunna riu e tocou na bochecha da filha mais nova, que estava amarrada a ela. — Lua ama você. — Eu sei. — Lake fez bico e piscou os cílios longos. Lake pediu licença depois disso e eu a segui para a escada. Assim que entramos em meu quarto, eu a empurrei contra a parede e agarrei a sua cintura. — Como diabos você consegue ser tão deliciosa? Ela suspirou e eu roubei seus lábios. Lambi o inferior e toquei sua língua. Lake se agarrou a mim e me beijou com mais força. — Diga que não vai para Oak Park. — Ela se parou nossas bocas, respirando com dificuldade. — Pode ser bom... Lake empurrou meu peito e me olhou furiosa. — Bom? Para quem? — Vou ter meu lugar lá, um apartamento. — Beijei seu pescoço. — Você poderia ir aos finais de semana e seria um lugar nosso. — Não sei... — Poderíamos ficar juntos. Lá ninguém nos conhece. Ela engoliu em seco e mordeu o lábio. — Isso é bom, mas... — Lake olhou para mim e eu fui engolido por seus olhos. — Não quero passar cinco dias sem ver você. — Tudo bem, não vou. — Suspirei e beijei sua boca. — Preciso ir. Não se meta em encrenca. — Eu nunca faço isso. — Ela riu e eu me inclinei, fazendo-a parar. — Eu juro. Não vou fazer nada. — Eu te amo, Silk. — Eu te amo, Prince. Rocco se apoiou no carro enquanto assistia à sogra descer do avião. A mulher era bonita, deveria ter uns cinquenta e poucos anos, mas não parecia realmente. Sienna teve a quem puxar a beleza. — Onde está minha filha? — Suas palavras voaram ríspidas. Rocco ergueu as sobrancelhas. — Olá, sra. Rizzi. Como vai? Ele se virou e eu abri a porta do carro para ela. Um soldado entrou no banco do motorista e eu fui ao lado, deixando Rocco com a sogra atrás. — Sienna está com meus filhos — Rocco grunhiu. — Onde meu filho foi morto? Porra. A mulher era violenta. Rocco a encarou, completamente sério. — Mantenha sua boca fechada e pergunte à sua filha. Não vou lidar com você. A mulher apertou a mandíbula e balançou a cabeça, contrariada. O silêncio nos seguiu até chegarmos à casa. Sienna estava com a filha nos braços enquanto os gêmeos estavam ao seu lado. Ela sorriu brilhantemente quando viu a mãe. — Mamma. — Sienna piscou rápido e correu até a mãe. A mulher a abraçou com força e segurou seu rosto. Ela fungou e sorriu, limpando o rosto da filha. — Você está impecável. Parece igual a anos atrás. As duas sorriram e Sienna se virou, chamando os gêmeos. — Olhe, mamãe, esses são Rhett e Amo. — Sienna tocou na cabeça dos filhos e os garotos encararam a velha, franzindo as sobrancelhas. — Cumprimentem a vovó. — Oi... vovó. — Ambos pausaram antes de chamá-la assim. — Olá. — A mulher apenas acenou friamente e encarou a menina nos braços de Sienna. — Essa é a... — A voz de Sienna baixou. — Mais uma Trevisan. — A voz dela pareceu enojada, então Rocco se aproximou. — Olhe, fale ou respire perto dos meus filhos com esse tom novamente e eu vou cortar sua cabeça, porra. Meu irmão estava rígido, Sienna de olhos arregalados e as crianças cochichando, sem perceber o que estava acontecendo. — Por que não entramos? — chamei, antes que Rocco sacasse sua arma e atirasse na mulher diante de nós. — Sim, sim. Melhor. — Sienna se apressou e encarou a mãe. — Eu faço das palavras do meu marido as minhas. Eu te amo, mas por esses três eu mesma atiro em você. Sienna se virou e entrou em casa, com os filhos por perto, parecendo a leoa que todos nós conhecíamos. — Onde você está? — murmurei no meio do meu quarto, depois de vir do dela e não achar Lake. Desci a escada e fui para a cozinha. Não havia ninguém além da cozinheira. Me virei para voltar para o andar de cima, mas parei ao ver Lake. Ela estava sorrindo enquanto um homem estava ao seu lado, no píer. Calma. Grunhi para mim mesmo, com medo de matar alguém. Eu não podia demonstrar ciúme na frente das pessoas, mas era apenas isso no que eu havia me transformado agora, um possessivo estúpido que queria a irmã para si próprio. — Eu perdi alguma coisa? — Minha voz ecoou forte e Lake pulou, arregalando os olhos. Não sei se ela chegou a perceber, mas deu um passo para longe do homem. — Quem é você? — Oi, cara! Sou Luca. — Ele estendeu a mão. Encarei Lake. A porra do cara que Rocco queria que ela casasse? Sério? — Lake, entre, agora — lati, tenso, mas Silk se aproximou e tocou minha coluna. — Eu mandei você entrar. — Eu vejo você outra hora, Luca. Preciso resolver alguns problemas com meu irmão. Um balde de água fria foi jogado em minha cabeça. Irmão. Eu era seu irmão. Sim, doente de merda, só agora você percebeu isso? — Relaxa, cara. Vou ser seu cunhado em breve. — O sorriso na cara dele me fez me mover sem perceber, mas a mão da Lake me segurou. — Vamos. Vamos. — Ela me puxou com firmeza e eu encarei o imbecil antes de deixar que ela me levasse. Assim que estávamos longe o suficiente, ela me encarou balançando a cabeça. — Não é nada, eu juro. — Suas palavras não surtiram nenhum efeito em minha raiva. — Na próxima vez que eu vir você próxima dele, vou matá-lo. Você me ouviu? — rosnei baixinho, para que apenas ela pudesse ouvir. Lake engoliu em seco e acenou. Eu entrei em nossa casa e subi a escada. Tomei banho e quando saí, Lake estava sentada perto da janela, olhando para a frente. Assim que terminei de me vestir, bateram à porta. Caralho. — Ei, cara. — Acenei para Matteo depois de abrir a porta. Ele se espreguiçou bocejando. — Estou indo. Você quer ir conosco? Assim que Lake desceu da janela com um baque, eu olhei para o meu irmão. Talvez ficar longe fosse bom. De alguma forma, ver aquele idiota com ela me lembrou o quão frágil era o que tínhamos. Assim que nossos irmãos descobrissem, eu estaria morto. E ela com aquele idiota. — Eu quero ir! — ela murmurou atrás de mim e eu a encarei. — Preciso ver com o Rocco, mas faça uma mala. — Matteo me encarou depois de responder a ela. — E você? — Pode ser. — Acenei, sabendo que não deixaria Lake em Oak Park sozinha. Meu celular começou a tocar assim que ele saiu, então o peguei e vi o nome do Yerík. Fazia algum tempo que eu não tinha notícias dele. — Ei! Lake saiu do meu quarto para arrumar sua mala e eu me concentrei no meu melhor amigo.— Como está? — Sua pergunta soou baixa. — Bem, cara. E você? Seu plano está dando certo? — Não. Tive que adiar. A garota vai se casar. Vou estudar a logística para sequestrá-la no dia. — Você está certo disso? — Me sentei na cama e olhei para a tevê grande. — É claro. Eu vou me vingar. Pela minha família. — O que Aduke acha disso? Desde que eles se reencontraram na Rússia, estavam mais próximos. — Ela não sabe e nem vai saber. Eu não gostava disso, mas Yerík era grande o bastante para saber o que fazer. — Lembrou-se de mais alguma coisa? Sua mudança de assunto me fez respirar fundo. — Estou me lembrando dos meus irmãos. Só isso, por enquanto. Lembrei da minha infância com eles e de odiar meu pai. Mas para isso eu não precisava de lembranças. Eu odiava Ettore Trevisan pelo fato de ele ter tocado em algo que não deveria, e se já não estivesse morto, eu o torturaria por dias até me cansar e o mataria, arrancando sua cabeça. — Se concentre e vai conseguir. Romeo queria me levar ao médico, mas Lake o impediu. Ele não havia mais tocado no assunto e eu queria que tivesse. — Eu estou bem. Está tudo bem. Yerík não empurrou o assunto. Quando desliguei, enviei uma mensagem a Romeo perguntando se podíamos ir ao cara hoje. Ele respondeu que precisava ver com ele. Uma hora depois, eu tinha um lugar para ir, antes de Oak Park. ANOS ATRÁS... O som do portão abrindo foi ruidoso, mas ignorei e continuei a arrastar o corpo pesado. Levei-o com esforço pelo galpão, e quando cheguei a outro portão, dessa vez um na lateral, puxei o corpo e empurrei escada abaixo. Minhas mãos estavam cheias de sangue e minha blusa escura, úmida. Sangue. Dele. Puxei-o para um tipo de cela no andar de baixo e abri o saco preto. Seu rosto estava completamente desfigurado. Nariz para o lado, quebrado em diferentes pontos. Seu lábio, partido, sangue inundando sua boca ferida. Eu o joguei para fora do saco. Minha pulsação era calma, quase como se tudo que eu estava fazendo fosse algo normal e corriqueiro. Não era. Eu odiava violência. Queria fugir, sair de Chicago e nunca retornar, mas meus irmãos jamais permitiriam isso. Me afastei, peguei um balde com água e joguei em seu rosto. — Acorda. O homem não se moveu, seus olhos nem se abriram. Eu segurei seu pescoço e o ergui. Não sabia de onde veio a força, mas ela apareceu. — Acorde, seu pedaço de merda. Seu olho roxo abriu um pouco e eu o sentei na cadeira, prendendo seus pulsos. — Onde estou? — Sua voz forte hoje estava fraca, abatida. Era assim que eu o queria. Fraco. — No inferno, e eu prometo que nesse, o diabo sou eu. Ele piscou e eu ergui o queixo. Diversão brilhou em seu olhar. — Você? — Sim, eu. — Empurrei minha faca em sua coxa e ele gritou. Peguei os equipamentos para o manter vivo e comecei a trabalhar, furando-o e prometendo a mim mesmo que antes da sua morte, eu o transformaria no rato. O único. O homem estalou os dedos diante do meu rosto e eu gritei, me sentando rapidamente. Romeo se ergueu da cadeira e andou até mim, com os olhos semicerrados. — Ei, calma. — O médico, ou o que diabos ele era, colocou a mão no meu ombro. — Não me toque. — Me ergui da cadeira e saí em direção à porta. Romeo demorou alguns minutos, mas logo me encontrou em seu carro. Meu irmão se aproximou e se abaixou até a janela, inclinando a cabeça. — O que lembrou? O que lembrei? Fechei meus olhos e o rosto desfigurado me fez respirar profundamente. — Não quero falar sobre isso. — O.k. Você quer voltar a fazer isso? — Seus olhos iguais aos de Lake quase me sufocaram. Eu queria me lembrar, é claro. Quem era aquele homem? Por que eu o machuquei e, mais importante, onde ele estava? Eram muitas perguntas e poucas respostas, então logo respondi meu irmão. — Sim. — Vou avisá-lo. Romeo entrou no carro e nós fomos embora. — Onde você estava? — Lake abriu a porta da casa de Matteo assim que cheguei a Oak Park. — Onde estão todos? — perguntei, entrando enquanto ela me seguia. — Saíram para a casa da amiga da Blue. Onde você foi? — Sua voz me acompanhou pela escada, então parei nos degraus. — Romeo me levou ao médico. Ele fez uma espécie de hipnose. — O quê? — Silk gritou, chocada. Segurei seu rosto com as duas mãos. — Você se lembrou de algo? — Eu... sim, mas não entendi ainda. — Era com quem? — Ela engoliu em seco. Eu suspirei e Lake se afastou. — Era com Hope? — Lake... — Me aproximei, confuso. — Não acredito que você se lembrou logo dela! — ela gritou, fazendo menção de correr, mas segurei seu braço. — Não me lembrei dela. Era um homem, mas eu não o conheço. Eu estava fazendo algo que parecia errado, mas na lembrança era certo. Parecia completamente certo. — Você vai voltar lá? — Lake se acalmou e eu acenei. — Quero ir com você na próxima vez. Eu acenei, puxando-a para mim. — Vamos para o quarto. Ela acenou e me guiou até o quarto em que ficaria. Eu me sentei na cama e caí para trás. Lake se apoiou nas minhas coxas e se ajoelhou entre elas. Coloquei o braço atrás da cabeça e a observei. Seus olhos brilhavam de excitação. — Eles podem voltar a qualquer momento? — Não. É aniversário do garoto. Bom. Lake abriu minha calça e puxou minha cueca, fazendo meu pau semiduro pular. Sua mão com unhas longas o pegou e eu respirei fundo. — Chupe meu pau, Silk. Ela suspirou e abriu os lábios, me levando para o fundo da sua garganta. Eu segurei seu cabelo e puxei, empurrando no fundo. Lake arregalou os olhos, sufocada, então abrandei, vendo-a gemer. — Isso, Silk. Você é perfeita. Ela me fez gozar com algumas lambidas. Lake engoliu toda minha porra e eu me ergui, pronto para curvá-la e foder sua boceta apertada. — Eu menstruei — ela falou ainda de joelhos. — Me deixe ver. — Mordi meu lábio. Ela arregalou os olhos e suas bochechas coraram. Lake se levantou e ergueu o vestido que usava. Seus dedos seguraram a calcinha e abaixaram. Seu absorvente estava bem ali, havia pouco sangue por ser seu começo. Meu pau ficou duro e eu levei meus dedos para sua boceta. O sangue era quente e escorregadio. Lake suspirou quando enfiei dois dedos em seu canal. Com o polegar, friccionei seu clitóris, ouvindo seus gemidos até ela morder meu peito, gozando em meus dedos. Quando retirei os dois, Lake me assistiu, horrorizada, lamber seu sangue. — Porra, Prince. — Seu peito subia e descia, ofegante. — Até a porra do seu sangue é bom. Me afastei dela, fui ao banheiro e me limpei. Quando retornei, ela entrou e fez o mesmo. Me deitei na cama e respirei fundo. Minha mente cansada me trouxe mais uma lembrança e eu a deixei vir. ANOS ANTES... As pernas de Hope se abriram, me recebendo com gemidos. Minha mente se desconectou. Enquanto sentia suas unhas em minha pele, seus seios em meu peito, eu me apeguei às imagens borradas do cabelo preto, dos olhos azuis. Da sua boca atrevida. De cada pedaço dela que eu não deveria pensar. Quando gozei, eu me imaginei fazendo isso dentro dela. Imprudente, sujo e cru. Deixei Hope na cama e corri para o banheiro. Apertei meu pau a ponto de doer, com vontade de arrancá-lo fora. A dor me cegou abruptamente e eu soquei a parede, tremendo. Eu era nojento. Um miserável que merecia a morte de uma maneira mais horrível. Saia da minha mente. Pare de brincar comigo. Implorei, tremendo, enquanto sua risada me atormentava. Fazia dois anos desde a última vez que coloquei meus olhos nela. Eu me afoguei em drogas, mulheres e prazer, mas nada era capaz de tirá-la de mim. Mas essa merda era errada. Eu não deveria usar imagens dela enquanto fodia outra. Queria dizer que essa era a primeira vez, mas, foda-se, não era. E Hope não era a primeira menina a ser usada por mim enquanto eu desejava que ela fosse outra pessoa. Que ela fosse minha irmã. Era tão fodido e distorcido. Nada me envergonhava mais que amá-la. Sempre seria isso e eu podia me castigar o quanto eu quisesse, isso nunca mudaria. Porque ela era a minha dona. Sempre foi.E eu odiava admitir isso. Odiava pensar nisso. Porque era errado e fodido. Porém, desde que descobri a sua volta iminente, eu estava por um fio. — Baby, você está bem? Posso entrar? — Hope questionou atrás da porta. Eu peguei minha toalha e a envolvi em meu corpo. Deixei-a entrar e dei passos querendo sair do mesmo local. A culpa me corroeu. — Prince — sua voz me fez fechar os olhos enquanto eu ainda estava de costas —, por que você sempre faz isso? — A dor em sua voz me fez desejar socar meu próprio rosto. — Faço o quê? — Deixei a indiferença subir e comecei a me vestir. — Nada. Deixa pra lá. Quando a porta a se fechou, eu respirei aliviado. Assim que cheguei à sala, ouvi a campainha tocando. Fiquei parado em frente a madeira branca e encostei minha cabeça, tentando pensar. O som irritante ecoou de novo e, respirando fundo, abri a porta do apartamento. Então quis engolir minha própria língua. — Que diabos é isso? — questionei, olhando para minha irmã. — Oi, Prince. — Lake me empurrou, jogando o cabelo longo sobre o ombro. — Amor... — Hope apareceu no corredor usando apenas uma camisa minha. — Oh, oi! — Lake, essa é a Hope. Hope, essa é minha irmã. As palavras pareciam lava em minha boca. — É um prazer. — Hope se aproximou de Lake, mas ela apenas me encarou por longos segundos. Ela sempre fazia isso. Sempre me julgando com a porra dos olhos. Parecendo se recompor, o olhar dela viajou até Hope. — Foi um prazer, Hope. Lake andou para o corredor como se a casa fosse dela, então eu a perdi de vista quando Hope me olhou. — Hum, eu acho melhor eu ir. — Ela andou até onde estava sua bolsa. Eu queria dizer que não precisava ir, porém era preciso. Eu estava fodido. Assim que Hope vestiu seu short, ela saiu pela porta depois de me beijar. Relutei enquanto ia para o corredor. Parei em frente ao quarto de hóspedes e suspirei, balançando a cabeça. Não vou fazer isso. Andei direto para o outro quarto para pegar minha carteira e suspirei ao abrir a porta e encontrar Lake na cama onde eu havia acabado de transar com minha namorada. — Você a fodeu aqui? — Sua pergunta me fez arregalar os olhos. Que. Porra. Era. Essa? — Lake, que diabos? — grunhi, me aproximando. Fiquei rígido ao ver seu olhar deslizar pelo meu corpo. — Fiquei dois anos longe imaginando como você estaria... — Sua boca se esticou e o sorriso diabólico ali me mostrou que não era ela. Não era a minha menina. — Lake! — gritei, fúria nadando pelas minhas veias. — Você se sente nojento, Prince? Você tem nojo de mim? — Lake mordeu o lábio antes do seu vestido deslizar. O vislumbre da calcinha apareceu e eu me odiei por notar. Odiei ela por estar desse jeito. — Você deve ir para o outro quarto de hóspedes — ordenei, me aproximando. Segurei seu braço e a puxei da cama. Arrastei-a até a outra porta e a empurrei para dentro enquanto ela ria. — Não sei quem diabos é você, mas não vou ficar escutando as suas besteiras! — Foda-se, Prince! — ela gritou no meu rosto, me fazendo sentir o cheiro do álcool. Lake puxou o braço, mas eu continuei segurando-a. — Você bebeu? — Como diabos você acha que eu viria até aqui? — Ela riu sem alegria. Senti meu peito doer. O que havia acontecido? — Como eu poderia te encarar sóbria? — Dois anos e você precisa de bebida para me encarar? — questionei, tremendo e vendo seus olhos começarem a se encher de água. — Dois anos e você não foi me ver. A dor irradiou pelo meu peito com mais força. — Eu não podia, porra! Você deveria ter respondido as minhas mensagens... — Para quê? — Sua pergunta foi como um tapa. — Para você dizer que eu era... — Preciso sair. Caminhei pelo corredor enquanto ouvia o seu soluço. Sua dor me cortava. Eu odiava me importar tanto com ela. — Fuja, Prince. Você sempre fez isso. Bati a porta fechada e fui para fora. Correndo como o diabo foge da cruz. No meu caso, minha irmã era a minha cruz. DIAS DEPOIS... — Não é normal. — A voz suave ecoou e meu corpo ficou rígido. — A Lake não pode... — Não toque na porra do nome dela — eu gritei. Hope pulou, seus olhos arregalados de medo. — Ela não é da sua maldita conta. Havíamos voltado do Date há alguns minutos e Hope estava furiosa por Lake a ter confrontado. — Você é. Eu ri, balançando a cabeça. Hope me olhou, implorando com os olhos coisas que não fazia usando a boca. — Não, não temos nada. Eu venho aqui, fodo você e vou embora. — Se é só isso, por que você volta? Porque eu precisava. Necessitava estar aqui da mesma forma como necessitava respirar. Me enfiar na boceta quente e disposta de Hope me fazia esquecer a que eu realmente queria. Doente de merda. — Porque você abre as pernas e me deixa ficar. Foi como um tapa e eu sabia que estava sendo um idiota. Sabia dessa porra muito bem, mas Hope tocou em um assunto proibido. — Ela me mandou ficar longe de você, ou vai enfiar uma bala em mim. Você acha isso normal? — Ela ergueu o queixo, me desafiando. Desde que Lake havia voltado do internato estava fodendo minha vida e mente. Estava tentando com afinco falar comigo, me alcançar, mas eu não queria. Não podia perdoá-lo. Não podia ficar perto dela. Porque se eu ficasse, porra, nós não conseguiríamos manter nossas mãos para si. — Ela quer cuidar de mim. Não, seu escroto. Ela quer você tanto quanto você a quer. Dois doentes. Pra porra. Quis gritar para minha mente quebrada, mas apenas peguei minha camisa. — Eu preciso ir. — Vá. Certamente estarei aqui quando voltar. — Hope abraçou a si mesma, olhando pela janela. Saí da sua casa e entrei em meu carro. Dirigi por horas até chegar à mansão. Vi Lake assim que entrei em seu quarto. Minha irmã se ergueu e seus olhos jogaram punhais em minha direção. — Você perdeu a porra da sua mente? — perguntei, me aproximando. — Que porra você quer, Lake? — Você sabe o que eu quero. Meu coração parou. — Quero que me ame novamente. Não me afaste. Sei que cometi um erro, eu pedi perdão. Por favor, pare de me ignorar. Era isso. Meu perdão, meu amor. Não a merda distorcida que você tanto queria. — Você se lembra daquele dia... quando me levou para o lago? Era a única lembrança que eu jamais esqueceria. — Não devemos... — comecei a falar e seus olhos azuis se encheram de lágrimas. — Não vou me desculpar por amar você. Eu sei que é errado, mas não posso, Prince. — Balançou a cabeça com força e mordeu o lábio. — Senti sua falta todos os dias. — Por que não falou comigo, então? — Minhas palavras ficaram rudes. — Eu te enviei milhares de mensagens... — Eu não podia. — Balançou a cabeça. Estremeci ao lhe dar um olhar zangado. — Eu... Eu quase falei ao Rocco sobre você... — O quê? Falar o quê? — Sim, mas você está melhor, certo? — Sua pergunta era desesperada. — Estou. Sua ida foi a melhor coisa que aconteceu, Lake. — Minhas palavras a arruinaram, ela nem mesmo conseguiu falar. — Eu estou bem e quero que você suma da minha vida novamente! — Você não quer dizer isso... — Eu quero. — Acenei rapidamente e andei para longe. — Vou propor casamento a Hope. É o certo a se fazer — menti, ardendo de dentro pra fora. Eu precisava sair dali. — É ela que você quer? — Lake. — Minha mandíbula apertou. Ela se aproximou e tocou o meu peito, então me empurrou na cama e subiu em meu colo, me deixando completamente sem reação. Apertei o colchão entre os dedos e Lake continuou com seu jogo sujo. — Ela faz você ficar assim? — perguntou, apertando meu pau entre seus dedos. Não importava que era errado, ela estava focada no que queria. E, droga, ela sabia que conseguiria. Porque o inferno congelaria antes de um Trevisan não ter o que quer. — Lake... — eu grunhi, olhando-a retirar o moletom, ficando só de calcinha em meu colo. — Oh, porra! — Fiquei rígido quando ela esfregou seus seios em meu peito. — Você pensa em mim quando está com ela, Prince? — questionou, lentamente beijando meu rosto até estar com a boca sobre a minha. Tão perto. — Você me imagina no lugar dela... — Cale a boca — ordeneisufocado, mas minhas mãos subiram com vida própria e meus dedos seguraram o mamilo rosado e duro. — Não posso aguentar isso... — Eu não quero que você aguente — respondeu de volta, atrevida. Assim que ela balançou seus quadris, eu me inclinei e levei seu mamilo para os meus lábios. Droga. Eu nos virei, jogando-a na cama. Suas costas se arquearam enquanto eu lambia sua pele e mordia o mamilo. Era bom, porra, era perfeito. — Preciso ver... — Minha voz gotejou necessidade e eu deslizei até estar entre suas pernas. Meus dedos afastaram o tecido rendado antes de Lake gritar quando minha língua serpenteou em suas dobras molhadas. Abri sua boceta e enfiei minha língua, provando o que era proibido. O que eu jamais deveria tocar ou desejar. Mas como minha mente dizia, eu era um doente de merda. — Lake! — Quando a voz de Matteo ecoou, fiquei rígido e pulei para longe dela. Minha boca ainda com seu gosto e ela deitada, coxas abertas, uma prova concreta de que me deixou provar sua boceta. — Vai lá — mandei, entrando no banheiro e fechando a porta. Fechei os olhos e soquei o espelho. O vidro quebrou, fazendo uma bagunça. Não seja um doente, filho da puta. ATUALMENTE... — Onde sua cabeça foi? — Lake apareceu diante de mim. Eu respirei fundo, puxando-a para mim. — Por que não me disse que toquei em você antes da Dinamarca? Lake se apoiou em meu peito e inclinou a cabeça. — Você se lembrou... do quê? — Do dia em que ameaçou Hope. Quando cheguei em casa e lambi sua boceta. — Minhas palavras rápidas a fizeram suspirar. — Eu quero saber as coisas. — Não queria que se sentisse culpado. Fiz minhas decisões mesmo sendo jovem, eu queria ser tocada por você. Sempre vou querer. — Eu quero saber de qualquer coisa. Tudo que sabe sobre mim, o Prince de antes. Lake se afastou e tocou meu rosto. Sua boca bateu sobre a minha e depois se afastou, me deixando com o desejo de devorá-la. — Tem uma coisa, mas eu preciso que você continue comigo. O meu Prince. Meu batimento cardíaco aumentou a cada palavra. — Me prometa. — Diga. O que é? — Segurei seu pulso e ela mordeu a boca. — Prometa que Villain não vai aparecer. Eu sabia que era algo ruim e perigoso. Sabia disso com força dentro de mim. Lake jamais pediria isso se não soubesse que o que quer que falaria traria o Villain. — Eu prometo. Agora me conte. — Eu prefiro mostrar. ANTES... Havia algo que me dominava todas as vezes que eu chegava aqui. Era uma espécie de segunda personalidade, uma versão de mim que amava a escuridão, que queria usufruir dela. Eu chamava essa parte de Villain. Eu era o príncipe, e ele, o vilão. Eu era o bom e ele era o mau. — Podemos conversar? — Ele rastejou até a parede, se encolhendo. — Não, não podemos, pai. Seu rosto ficou suave e ele engoliu em seco. — Acabe com isso. É mais humano fazer isso... — Por quê? — Me agachei diante dele, inclinando a cabeça. — Você conversou com ela? Deu a ela a chance de te fazer mudar de ideia? Uma careta moldou suas feições. Ele a odiava e isso me fazia odiá-lo muito mais. — Aquela rata... Me movi rápido e soquei seu rosto com força, arrebentando o lábio cortado. Faltava um pedaço, eu cortei lentamente meses atrás. — Não se atreva — grunhi, balançando a cabeça. Eu vinha planejando o hoje há muito tempo. Era o dia de vingá-la. — Vamos, pai. Eu quero que sinta o que ela sentiu. Eu o ergui e o empurrei na mesa. Prendi suas mãos com corda e amarrei com força. Fiz o mesmo com os pés e o deixei deitado sobre a mesa, rígido. Me sentei diante dele e sorri, relaxando. Peguei minha arma, coloquei minhas balas e desenrolei uma camisinha no cano longo. O rosto de Ettore ficou em choque enquanto o poder inundava minhas veias. Era isso, Villain havia chegado. — O que você está fazendo? — meu pai gritou. Eu respirei fundo, encarando-o e rindo dele. — Nada, pai. Nada que você já não tenha feito. Me ergui e andei até ficar atrás dele. Desci a calça frouxa que eu o deixava usar, enquanto seus gritos ecoavam me pedindo misericórdia. Ela pediu por misericórdia? Eu apostava que sim. Quando encostei o cano em seu cu, ele ficou completamente rígido. Empurrei, ouvindo-o gritar, me mandando parar. — Prince! Pare com isso! — meu pai berrou. Mas empurrei o restante com força, vendo seu ânus começar a sangrar. — Ela sangrou? Certeza que sim. — Minha mente ruidosa me fez imaginar e eu consegui enxergar vermelho, tomado por raiva. Meus braços tremiam e eu sentia o mais puro ódio. — Por favor — ele gritou e soluçou. Bati minha arma mais fundo dentro do seu rabo enquanto ele gritava, alimentando meu vilão, fazendo-o sorrir em meio ao caos. — Cuidado, Ettore, um aperto e eu atiro no seu rabo. — Eu ri ao falar enquanto ele chorava audivelmente. — Ela chorava assim? Você a deixava chorar? — Prince! — Ou você batia nela pelas lágrimas? — gritei, ficando tenso. Ele batia nela? Machucava-a além disso? A fúria latente correu pelas minhas veias. Cerrei meu punho livre e soquei suas costas diversas vezes ao mesmo tempo que empurrava a arma no seu cu sangrento. Mas não era suficiente. Machucá-lo nunca parecia suficiente. Peguei uma das minhas facas e deslizei a lâmina pela pele cheia de cicatrizes. O sangue deslizou e ele gritou. Villain adorou, ele quis se banhar em seu sangue. — Você nunca mais vai colocar as mãos nela. Nunca. Ela é minha. Eu tocarei nela. Apenas eu. Doente. — Prin-prince... Assim que a voz doce encheu minha mente e os olhos azul-claros apareceram diante de mim, eu sorri, contente. Ela sempre sabia o que eu queria, mesmo quando eu não falava sobre isso. Fazia mais de dez minutos que ele me deixou sozinha dentro do carro, dizendo que viria rápido. Meu irmão entrou no galpão abandonado e não voltou. Respirei fundo e abri a porta do carro. Dei passos até o portão e entrei. Ouvi ruídos vindos do final e segui o som até descer a escada. O lugar era diferente de tudo que já vi. Parecia um depósito, mas foram instaladas grades que iam do chão ao teto. O ruído agora estava nítido e era um choro horrível. Era Prince? Não sabia e achava pouco provável. Ele nunca chorava. — Você nunca mais vai colocar as mãos nela. Nunca. As palavras me fizeram ficar rígida, mas a cena diante de mim me fez vomitar. — Prin-prince? Meu irmão estava diante de mim, usando uma faca para desenhar nas costas do homem que sangrava. Eu não conseguia ver seu rosto porque ele estava com a cabeça para a parede. Ofeguei, vendo sua mão desaparecer atrás do homem. O que ele estava fazendo? Eu não precisei pensar muito. Quando ele tirou a mão, uma arma apareceu e no cano dela tinha uma camisinha. Meu estômago revirou e o Prince sorriu. Não, não meu Prince. Não era ele. Aquele homem não era ele. Não podia ser. — O que você... — comecei a falar, mas o homem ergueu o rosto. Meu coração parou. Todo o sangue foi drenado do meu rosto, e para não cair, tive que me apoiar na parede velha. Ettore. Papai. Não, ele não era o seu pai. Mas ali havia só o resto do homem imponente que um dia o monstro havia sido. Cicatrizes moldaram seu rosto, faltava orelha e lábio, e um corte cruzava seu olho que parecia cego. — O que... — Minha respiração ficou forte e eu não conseguia respirar. Minhas entranhas reviraram, um arrepio atravessou meu corpo e eu vomitei tudo que comi no píer com Prince ao meu lado, contanto piadas péssimas. — Ele está vivo? — Olhei para o meu irmão. Calmamente, ele colocou a arma e a faca na mesa. Seus passos em minha direção me deixaram nervosa, mas eu sabia que ele nunca me machucaria. — Até o dia em que você quiser. Como? Ele tocou meu rosto e eu respirei fundo, meu queixo tremendo como todo meu corpo. — Uma palavra sua e eu o mato. Ettore choramingou e eu o olhei. O ódio em seus olhos era real e sempre me conduziu desde que nasci. Ele me odiava porque eu era o fruto do seu fracasso. Ter sua esposa sequestrada e estuprada foi sua ruína. — Desde quando? — perguntei, engolindo em secoe voltando a olhar meu irmão. — Desde quando você o mantém aqui? — Há algum tempo... Me afastei, fechando os olhos e me inclinando sobre meus joelhos. — Rocco me mandou enterrá-lo e... — Como assim? Ele não parece morto para mim — resmunguei baixo, apertando minhas mãos trêmulas. Prince segurou meu braço e me puxou para a escada. Suas mãos seguraram meu rosto e ele se inclinou. Eu podia sentir seu cheiro, meu peito apertou com ânsia. — Ele não estava, e quando percebi isso me livrei dos soldados que Rocco designou para me ajudar. — Prince olhou em meus olhos e sorriu. O toque da sua pele na minha me fez estremecer. — Eu o fiz sofrer, Lake. Durante todo esse tempo, eu o fiz sofrer e farei mais pelo resto da minha vida. — Se ele já sofreu, por que não o matou ainda? — Não é suficiente. Torturá-lo por todo esse tempo não foi suficiente e não será suficiente daqui a uma década. Seu olhar obstinado não era real. Ele não parecia meu Prince. — Por você, eu vou fazê-lo desejar nunca ter nascido. Eu toquei seus braços e depois seu rosto. Ele era lindo, o mais lindo homem que já vi, e mesmo assim, nesse momento, sua beleza não conseguiu esconder o homem furioso e cruel dentro dele. Duas palavras que nunca imaginei usar para falar sobre ele. Prince Trevisan era bondoso, honrado e fiel. O homem diante de mim tinha tudo, menos bondade. — Eu não consigo acreditar que ele está vivo — murmurei, sentindo meu coração se apertar. Olhei na direção do Ettore, mas Prince segurou meu rosto, voltando para si. — Eu sei o que estou fazendo. Ele nunca vai escapar. — Rocco sabe que ele está aqui? — Minha voz era fraca. — Não e nunca vai saber. Me arrepiei com isso. Rocco me mantinha em uma redoma. Eu não podia sair ou fazer amigos. Minha vida era enclausurada na mansão. Hoje, foi uma das raras vezes, desde o dia que beijei Prince no lago, que eu saí de casa. Ele havia esquecido disso, não tocamos no assunto e hoje estávamos bem. Normal. Deus, eu não achava que seria possível ser normal. Nunca seria. Não quando eu amava meu próprio irmão. — Você quer que eu o mate? Ele matar alguém? — Você odeia violência. Sempre odiou... — comecei a falar, mas ele colocou a mão sobre minha boca, me calando. — Por você, eu faria o inferno de playground. Respirei fundo, tremendo com suas palavras e com o significado por trás delas. Talvez, realmente, ele não quis dizer isso, mas minha mente distorcida desejou ardentemente. — Vamos embora, isso foi demais pra você... Não. Ainda não. Me virei e caminhei de volta. Ettore ergueu o rosto ao me ouvir se aproximando. Eu peguei a faca com as mãos trêmulas, mas com uma obstinação fria e latente. — Você se lembra daquela noite? — perguntei, arrastando a faca no alumínio da mesa. — Lake... — Não fale o nome dela — Prince grunhiu, então percebi que estava perto. — Eu tinha seis anos — murmurei devagar, ouvindo sua voz nitidamente me chamando de rata e imunda, dizendo que meu lugar era no esgoto. — Estava nevando, era frio, porra, ainda sinto aquele frio. Você me tirou da minha cama. Me arrastou para o píer enquanto a neve caía. A imagem era viva em minha mente. Eu chorava, implorava para voltar para dentro. Ele apenas me disse para ficar parada. — Não se mexa até eu dizer que pode. E assim foram horas parada da neve, usando um pijama fino e pantufas molhadas. Até ele aparecer na porta da cozinha e me mandar entrar. Sozinha e morrendo de frio, foi assim que minha mãe me encontrou na cozinha de casa. — Lake, o que fazia na neve? — Sua voz era perfeita. Suave, amável. Ela era perfeita e eu a amava demais. — Acabei de achá-la, sua filha é louca. Eu me agarrei a ela assim que ele sumiu e nenhum segundo daquela noite a soltei. Ela me enfiou em uma banheira quente e entrou comigo, enquanto eu tremia. — Minha mãe sempre tentou me proteger de você. — Respirei fundo, lembrando-me de toda preocupação que ela sentia. — Ela tinha medo de você. Você a apavorava da mesma maneira que um dia me apavorou. Ettore ficou rígido e eu ergui a faca, pronta para me vingar. Para machucá-lo, mas eu não conseguia me mexer ou causar a dor que um dia ele me fez passar. Eu não estava pronta. — Está tudo bem. Prince retirou a faca das minhas mãos e me puxou contra seu peito. Ao fazer isso, ele usou a lâmina que eu segurava para empurrar no antebraço do Ettore. O grito dele me fez bem, jamais imaginei algo assim. — Um dia, você vai ser a única pessoa machucando-o. Eu sabia que ele estava certo, eu sentia em minhas veias que isso aconteceria, porque Ettore querendo ou não, eu era uma Trevisan, sempre seria. — Me espere lá fora. Quase neguei, mas eu precisava de tempo. Ele me guiou para a escada, e assim que cheguei ao andar de cima me inclinei sobre o portão de ferro e vomitei mais uma vez. Limpei os lábios ainda ouvindo a voz da minha mãe. Você é corajosa. Intensa e corajosa. Não sou, mamãe. Nunca fui e nunca vou ser. Sou fraca. A rata imunda que ele me chamava. — Lake, estou aqui. — Mãos tocaram em meus ombros. Eu o senti. Prince me colocou sobre os braços e me levou para o carro, enquanto as lágrimas encheram meus olhos. Ele se sentou e me deixou em seu colo. — Eu sou fraca... — Não, baby, você só foi machucada demais e tem feridas demais para sarar. — Quando vou ficar bem? — perguntei, entre soluços. Prince segurou meu rosto entre as mãos e eu funguei, enquanto seus olhos, as íris que eu mais amava no mundo, brilhavam com um tipo de adoração que eu jamais experimentei. Éramos jovens. Crianças amando um ao outro. Crianças pecando ao amar um ao outro. ATUALMENTE... Lake bateu as unhas longas que estavam pintadas de preto no painel do carro enquanto eu seguia o GPS. Matteo foi para Oak Park sem nós dois depois de eu explicar que precisava resolver uma coisa. Lake inventou que precisava ir à manicure e iria comigo mais tarde. — Você está bem, certo? — Sua voz ecoou e eu respirei fundo. — Você quer me dizer que dormiu com alguém? — perguntei com calma. — O quê? Não! — Você já dormiu com alguém que não fosse eu? — A frase deslizou e eu sabia que era errado questionar isso. — Isso não é justo. — Seus olhos procuraram os meus e eu a encarei. — Já? — Não, seu idiota! Só seu pai quando me estuprou! Apertei minhas mãos no volante, respirando fundo ao estacionar no meio-fio. Estendi minha mão e segurei sua nuca, puxando-a para mim. Quando Lake ergueu o queixo, indomável, eu descansei minha testa na sua. — Me perdoe. — Você já dormiu com mulheres que nem conhecia, tantas que não poderia contar nas mãos. Não seja um filho da puta comigo. — Eu sei... quer dizer, eu não sei porque não lembro. Mas, Silk, eu só respiro você. Em todas as vezes que fodi alguém era desejando que fosse você. — Porra, isso é reconfortante. — Ela tentou se afastar, mas segurei sua nuca com mais força. — Me solte. — Por que diabos eu faria isso? — rosnei, tenso. — Você me pertence. — Prince — Lake grunhiu. Eu me inclinei, lambendo sua pele e descendo para os seus seios. Mordi a carne com força suficiente para marcar e a encarei. — Seu idiota! — Novamente, você me pertence. Ela revirou os olhos, e quando tentou se afastar, eu a deixei ir. Voltei a dirigir e assim que o GPS alertou que estávamos chegando, vi um galpão no final da rua de terra batida com árvores ao redor. — O que diabos... Lake não esperou por mim. Ela saiu do carro e eu a segui, vendo-a abrir o portão com tanta familiaridade que me deixou cauteloso. Assim que entramos, eu senti que já havia vindo aqui. As lembranças que tive no médico que Romeo me levou devagar apareceram como flashs. Eu carregava um corpo, descia a escada pela porta direita, onde agora Silk abria. Eu a acompanhei, e antes que eu terminasse de descer os degraus, eu sabia quem estava ali. — Ettore. — Minha voz ecoou assim que um homem atrás de uma grade alta apareceu. Ele estava deitado, dormindo, e acordou em um salto. O corpo magro e faltando dentes não pareciao homem das minhas lembranças. — Prince. — Ele se ergueu cambaleando, mantendo o olhar entre mim e Lake. Meu olhar foi para ela. Eu estava preocupado, como ela estava se sentindo? Porém, ela estava impassível andando pelo corredor, até parar e se virar com os braços cruzados. Seu olhar era frio, completamente distante. — Eu disse que o traria. — Ela suspirou e encarou Ettore. — Você quer ver o monstro que o transformou? — Me explique isso, agora! — eu gritei, vendo o homem se arrastar pela parede. — Você o manteve preso, torturando-o por anos até ser sequestrado. Você me mostrou ele... As imagens foram aparecendo como um borrão. O dia em que a trouxe aqui, seu rosto apavorado, eu fodendo-o com uma Glock. Fechei os olhos e respirei fundo. — Você o manteve aqui por quê? — Minha pergunta ecoou pelas paredes frias de concreto. Eu a encarei e vi a mulher impiedosa que ela havia se tornado. A garota que eu me apaixonei era apenas uma parte dela, uma pequena em comparação a essa. — Eu sabia que voltaria... — Você deveria ter matado o desgraçado — resmunguei com raiva. Eu não sabia por que estava tão irritado, se por ela ter continuado na presença dele, vindo aqui, ou por eu ser o culpado disso. — Por que eu faria isso? Eu brinquei com Ettore tanto quanto você. Se não mais. Eu o fiz pagar por cada estupro. Cada vez que me tocou enquanto eu chorava pedindo para que ele parasse. Eu apertei meus pulsos tremendo. Eu sabia que ela merecia sua vingança. — A cada vez que eu implorava para que alguém me salvasse... infelizmente, a princesa não foi salva, então ela transformou a coroa dela em uma arma e se vingou sozinha. Suas palavras foram como facas perfurando meu coração. Eu devia tê-la salvado. Eu deveria ter entrado naquele quarto e arrancado a cabeça de Ettore. — Saia daqui — ordenei friamente, mas ela se aproximou. — Me faça sair. — Me mate. — A voz dele nos interrompeu e eu o encarei. — Ah, nós vamos. — Ela se aproximou dele e inclinou a cabeça. — Mas antes eu quero que meus irmãos possam se vingar de você. — Você enlouqueceu? — gritei, furioso. — Nos vingamos. Eles merecem isso. Rocco merece pela mãe dele, Romeo e Matteo por nossa mãe. Pelas torturas físicas e psicológicas que Ettore os fez passar. Eu sabia que ela estava certa, mas se eles soubessem o que fiz, seria uma traição. — Foi uma traição — grunhi, fora de mim. Lake respirou fundo. — Eles vão me matar, é isso que quer, Lake? A merda da minha morte? — Não! Claro que não... — Ela passou as duas mãos pelo cabelo escuro. — Eu só... — Vamos matá-lo — falei com raiva e ela se virou para encarar meu pai. — Eu só quero morrer em paz... Um barulho ecoou no andar de cima e eu puxei minha arma. Lake pegou a dela e nos viramos para a escada. Quando passos foram ouvidos, eu fiquei na frente dela, mirando. Não havia fuga. Estávamos presos. — Fique quieto — rosnei para meu pai e ele acenou e se agachou. Os passos ficaram mais perto e eu semicerrei os olhos ao ver uma bota aparecer. Um homem loiro surgiu e eu mirei em sua testa. — Porra, você sabe se esconder, bebezinha. Que caralho era esse? Lake respirou fundo e eu continuei mirando a arma na cara do idiota. Quem diabos era esse cara, e por que ele estava chamando Lake assim? — O que está fazendo aqui? — Lake baixou a arma e deu um passo até ficar ao meu lado. — Está tudo bem. — Ela colocou a mão sobre a minha pistola, baixando-a. Ele abriu os braços, quase como se soubesse que ela correria para ele. Que o diabo o ajudasse, porque se Lake desse um passo, eu arrancaria a cabeça dele. — Lionel, o que está fazendo aqui? — ela perguntou, rígida. — Eu vim ver você. — Ele sorriu e me encarou. — Você deve ser o irmão dela. — Saia daqui, agora! — gritei, dando um passo na direção do cara. Ele franziu as sobrancelhas, mas fez o que mandei. Assim que ele subiu a escada, eu encarei minha irmã. — Quem é esse idiota? — Ele estudou comigo no internato. O.k., foda-se. — Vamos embora. — Me virei para Ettore. — Eu cuido de você depois. Subi a escada e encontrei o imbecil na frente do galpão. Andei em sua direção e agarrei sua blusa, empurrando-o contra a parede. — Não sei quem diabos você é ou o que pretende vindo do inferno até aqui, mas eu sei de uma coisa: eu vou mandar você de volta. De um jeito ou de outro. Soltei-o assim que ele respirou com força, erguendo as mãos. — Lake era minha amiga. É só isso, cara. Relaxa. — É bom mesmo. — Como diabos você veio parar aqui? Eu me afastei e me virei para ver Lake andando em nossa direção. — Onde está ficando? — ela perguntou. Lionel falou o nome do hotel mais famoso de Chicago. — Quando vai embora? — Não sei, talvez hoje, depois dessa recepção... — Ele me encarou e voltou a olhar para ela. — Foi bom rever você, Lake. — Calma, não seja dramático. Meu irmão é ciumento. — Ela suspirou e seus ombros cederam. — Onde Cassedy ficou? — perguntou. — No hotel. Eu vim com Christian. Ele acenou para o carro e um cara balançou a mão, focado em seu celular. — O.k. Eu passo no hotel depois. — Ela me encarou e seus olhos me pediram calma sem dizer uma única palavra. Lake o abraçou e a raiva dentro de mim aumentou. — Agora vá embora. Lionel foi embora e eu fiquei parado, vendo seu carro desaparecer. — Como ele chegou aqui? — Talvez tenha nos seguido. — Lake respirou fundo. — Lionel é só um colega de classe. Ele e Cassedy são um casal. Pare de rosnar. — E o outro? Lake respirou fundo. — Christian é só um garoto. — Você ficou com ele? — Sim, eu troquei beijos com ele. É isso? Eu respirei fundo e tentei me acalmar. Como ela havia falado antes, isso não era justo. Andei para nosso carro e abri sua porta, indo para a minha. — Você pode ir comigo ao hotel. Posso? Eu não ia pedir, porra. Assim que chegamos à nossa casa, avisei a Matteo que só iríamos para Oak Park no final de semana. Ele levou na boa. Lake subiu para seu quarto e eu encontrei a sogra de Rocco na sala, olhando o celular. Ela me ignorou e eu fiz o mesmo. Peguei o controle do videogame e me virei para subir a escada. — Você é o mais novo. — As palavras dela me pararam. — Meu filho e você teriam quase a mesma idade. Me virei e encarei a senhora Rizzi. Ela parecia Sienna mais velha. — Eu conheci seu filho — falei rápido e semicerrei os olhos. Conheci? Flashs de um homem loiro e alto que vivia com um moreno cruzou minha mente. — Ele era um bom garoto. A Outfit o arruinou. — Ele se arruinou. Meu irmão foi benevolente com ele. Até quando nos traiu, fomos benevolentes. Todos queriam sua cabeça, mas Rocco lhe deu uma chance. — Ele amava a famiglia. — E morreu por isso. Me virei e subi a escada, deixando-a para trás. Entrei em meu quarto, sentei-me sobre a cama e vi um papel pardo na mesinha. Peguei-o e abri o envelope. Assim que retirei, havia um saquinho com fios de cabelo e um bilhete. Seu passado. Sua decisão. Rocco. Porra. Peguei o saco e respirei fundo. Isso poderia me dizer se eu pecava ao amar minha irmã. Se isso era um erro grotesco pelo qual nós dois temíamos. Ali tinha uma sentença, e as duas me deixaram alerta. Se eu fosse seu irmão de sangue, tudo continuaria igual. Se eu não fosse, viveríamos com esperança de um futuro. Um que não tínhamos. Nossos irmãos jamais nos deixariam ter. Crescemos juntos, mesmo que um papel diga que o sangue de Violetta não corre em minhas veias, ainda era um pecado. Um pelo qual pagaríamos, uma hora ou outra. Guardei o envelope na gaveta e coloquei as mãos na cabeça. Eu precisava sair e beber. O quanto antes, ou enlouqueceria. Ainda não conseguia acreditar que Lake havia mantido nosso pai preso por todos esses anos. Se nossos irmãos descobrissem, eu não queria nem pensar no que fariam. — Estou saindo — avisei a ela, depois de tomar banho e me trocar. — Aonde vai? — Ela saiu do banheiro enxugando o cabelo, vestindo apenas um moletom e um top que marcava seus mamilos. — Para Oak Park. Lake franziu a testa e deixou as mechas negrascaírem para o lado. — Por quê? — Eu preciso beber e quero fazer isso com meu irmão. Posso? — grunhi, irritado. Ela acenou, jogando a toalha na cama. Lake retirou o top e entrou no closet, e quando saiu, o moletom também havia sumido. Agora seu corpo estava coberto por um vestido curto e brilhoso. Ela me encarou e ergueu a sobrancelha. — Eu pensei que ia para Oak Park. — Você se trocou por quê? — Eu resolvi ir ver meus colegas do internato. Como é? Apertei meus punhos, querendo curvá-la e bater em sua bunda. Lake continuou me encarando séria e eu respirei fundo. — Aproveite sua noite, então. — Me virei e andei para fora. Puxei meu celular e avisei ao meu irmão que estava indo para o Date. Ele respondeu que estava me aguardando. Bom, eu precisava me distrair antes de matar alguém. Viver em um internato faz você se aproximar de desconhecidos, porque eles são sua única companhia. Christian, Lionel e Cassedy eram isso para mim. Dividi o quarto com Cass, e quando a conheci percebi que eu teria que conviver com seu namorado e o irmão dele. — Oh meu Deus, eu nem acredito que estou com você! — Cass pulou em meus braços assim que o elevador abriu as portas. — Nem eu. Como vieram parar aqui? — murmurei, apertando-a contra mim. Cass se afastou e seu cabelo loiro enganchou nos brilhos do meu vestido. Ela tinha minha altura e era a pureza em pessoa, completamente diferente de mim. Fui arruinada há anos e a cada segundo era mais. — Christian teve que resolver alguns problemas da empresa aqui. Olhei por cima do seu ombro e o seu cunhado estava com os olhos presos em mim. Quando Lionel apareceu por trás, Cass me puxou para o sofá. — Oi, gente! Lil, desculpe pelo meu irmão. — Franzi as sobrancelhas ao murmurar. Era estranho falar isso ao mesmo tempo em que tudo dentro de mim implorava para ir até o Date para vê-lo. — Não esquenta. — Lionel se aproximou de Cass e beijou seu pescoço. — Então, onde fica a diversão dessa cidade? — Cass perguntou, relaxando contra seu namorado. — Chris — eu o encarei —, oi. — Me aproximei e passei a mão em seu cabelo. — Ei, pequena. Relaxei quando seus olhos sorriram. — Vai ter um racha daqui a alguns minutos — falei, dando de ombros. Queria ir até Prince, mas era arriscado demais. Então, ir até Navy Pier serviria. Meia hora depois aparecemos entre as pessoas. Eu peguei uma cerveja e virei lentamente. Meus amigos se entretinham com as corridas de motos enquanto eu dançava com Cass. — O que estão fazendo da vida agora? — perguntei para a minha amiga assim que paramos de pular. — Eu sou professora on-line de francês, e os irmãos trabalham com a empresa. — Ela sorriu e eu questionei por que não dava aula presencial. — Você sabe, Lil me leva para todo lugar. Viajamos muito, não conseguiria manter. Eu conseguia imaginar. Lionel sempre foi obcecado por ela, ele entrava todas as noites em nosso quarto apenas para dormirem juntos. Cass nunca se importou com essa necessidade dele, pelo contrário, ela o amava. — E você, como está? — Bem. Era uma mentira, mas eu não podia despejar meus problemas em cima dela. Cass nunca me entenderia. Ninguém faria isso. — Eu trabalho como advogada em um centro comunitário. — Sério? Isso é incrível, Lake. Eu também achava. Assim que sorri para ela, um cabelo loiro passou me chamando atenção. Quando vi o homem de cabelo escuro e com tatuagens, pedi licença a Cass. — Quanto tempo. — Estalei a língua e Kiara se virou. Eu nunca me acostumaria com a beleza da loira e nem com a do seu marido. Giulio foi muito importante para mim por um tempo. Realmente foi meu único amigo nessa cidade por um longo tempo. Hoje, com sua família, não nos víamos mais. — Lake, você está linda. — Kiara sorriu e eu devolvi o gesto. — Onde estão seus irmãos? — Giulio perguntou, olhando por cima de mim. — Eles não estão aqui... — Então você não deveria estar aqui — ele me cortou, semicerrando os olhos. — É território da Outfit, estou protegida. — Com quem você está? Acenei para meus amigos e Giulio balançou a cabeça, então o vi pegar o celular. — Você não é meu pai, Giulio — grunhi, irritada, e revirei os olhos. — Nós viemos nos divertir um pouco, sem preocupações — Kiara suspirou —, certo, amor? — Ela pontuou sua voz, então Giulio colocou o celular no bolso. — Se divirta, Lake, e se você se meter em encrenca, não esqueça de esquecer que nos viu. Eu ergui meus polegares para os dois e sorri quando Giulio revirou os olhos e arrastou a esposa para longe. Voltei para Cass e encontrei Lil a devorando. Christian estava encostado em seu carro, olhando a multidão enquanto colocava o cabelo loiro para trás. — Se possível — eu me encostei ao seu lado —, você está mais estranho que antes — murmurei sobre a música, fazendo-o sorrir de lado. — Estou feliz por terem vindo. Sabe, faz tempo que não nos víamos sem ser no videogame. Christian era o que mais continuava próximo por conta das nossas partidas em games. — Eu também estou. Você continua tão gata quanto anos atrás. Eu ri, balançando a cabeça. Se tinha uma coisa que ele sabia fazer, era deixar alguém sem graça. — Tire o cavalinho da chuva — murmurei de maneira firme e ele riu, erguendo as mãos. Cass e Lil se aproximaram e nós bebemos até meu celular tocar. Peguei-o e saí da multidão para encontrar um local calmo. — Oi — respondi a chamada da Blue e me sentei em um banco. — Prince está bêbado, muito bêbado, e está falando algumas coisas... Meu coração afundou assim que a voz da minha cunhada ecoou incerta. — Eu preciso que venha aqui. Agora, Lake. Porra. — Eu estou indo. Desliguei a chamada e fui até meu carro. Enviei uma mensagem avisando a Cass que precisava ir e saí do estacionamento. Eu demorava um pouco para chegar a Oak Park, mas dessa vez foi rápido. Quando Blue abriu a porta da mansão, eu evitei encarar seu rosto. E se Prince falou algo para ela? Jesus, eu não queria pensar nisso. Subi a escada rapidamente e cheguei ao quarto dele. Blue me seguiu e eu estava tentada a pedir que saísse, mas até eu sabia meus limites. Era a casa dela. Abri a porta do banheiro e o encontrei adormecido na banheira. Ele estava vestido com a roupa que saiu de casa. Me virei para Blue e lhe dei um sorriso sem graça. — Ele dormiu. O Matteo chegou? — Não. Zyon o deixou aqui. — Blue passou as mãos pelos braços. — Ele estava chamando uma Silk. Você sabe se ele está vendo alguém? Alívio percorreu meu corpo. — Não — balancei a cabeça —, não sei. Talvez Matteo saiba? — Ele não sabe. — Blue olhou para Prince e depois para mim. — Espero que ela faça bem a ele. Sabe, seja uma garota calma e boa. Prince tem muita bagagem, acho que ele não aguentaria lidar com alguém que tenha tanta também. Sua frase quebrou um pouquinho de mim em milhões de pedacinhos. Eu queria ser boa para ele, digna dele, mas sabíamos que isso nunca seria verdade. Eu sempre seria a Lake arruinada e ele sempre seria meu irmão. — Ele é forte... — Minha voz soou fraca. — É claro, mas o amor tem que ser calmo também. — Blue suspirou e riu, balançando a mão. — O que estou dizendo? Meu relacionamento com Matteo foi um verdadeiro furacão. — Mas vocês encontraram a calmaria. — Mas levou muito tempo. Blue sorri e se despediu, me dizendo para chamá-la caso eu precisasse de algo. Quando ela saiu, eu fechei a porta e entrei no banheiro. Meu apelido estava ali, tatuado, para todos verem. — O que está fazendo, baby? Suspirei e tirei sua roupa com muita dificuldade. Quando terminei, eu o acordei o suficiente para conseguir andar. Vesti uma cueca limpa nele e me deitei ao seu lado, cansada. — Silk. — Sua voz ecoou grave. — Estou aqui — respondi em um fio de voz, tocando seu rosto. — Eu te amo, bebê. Amo demais. Meu peito apertou e eu beijei sua boca devagar. — Mas a culpa e o medo estão acabando comigo. Fechei meus olhos e respirei fundo quando as lágrimas começaram a se acumular. Eu também me sentia assim. Estava claro o quanto as omissões, mentiras
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