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1 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Princípios V DIREITO PENAL – PARTE GERAL A N O TA ÇÕ ES PRINCÍPIOS V PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA Também conhecido por “criminalidade de bagatela” ou “infração bagatelar própria”, foi incorporado ao Direito Penal por Claus Roxin, na década de 1960, sob o fundamento de política criminal. Obs.: A política criminal é uma espécie de crítica ao Direito posto, ou seja, à norma penal. Essa crítica abarca principalmente a aplicação da norma penal em determinadas si- tuações. Assim, a ideia do princípio da insignificância é retirar a punição e dizer que determinada conduta não é um crime, visto que não afeta um bem jurídico tutelado pelo Direito Penal. Sustenta, este princípio, que o Estado não deve se valer do Direito Penal quando a con- duta não é capaz de lesar o bem jurídico tutelado pela norma penal, ou, pelo menos, colocá-lo em perigo. Tipicidade Formal vs Tipicidade Material O crime é dividido em fato típico, ilícito e culpável. Dentro do fato típico, tem-se a conduta, que gera um resultado, sendo necessário o nexo causal entre essa conduta e esse resultado. Ex.: um crime de homicídio em que alguém atira e gera o resultado morte em outra pessoa. Esse resultado aconteceu pela conduta praticada pelo agente, logo, há um nexo de causali- dade entre essa conduta e o resultado. Dentro do fato típico, ainda há um quarto elemento: a tipicidade. Para que haja um fato típico é necessário que a conduta seja típica, ou seja, que esteja prevista em lei como crime. Nesse sentido, matar uma pessoa só é crime, pois essa conduta está prevista no art. 121 do Código Penal como crime. A tipicidade, por sua vez, se divide em formal e material. A tipicidade formal se refere ao fato típico descrito na norma penal. Haverá a tipicidade formal quando a conduta do agente se adequa perfeitamente à norma penal. 5m 2 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Princípios V DIREITO PENAL – PARTE GERAL A N O TA ÇÕ ES Já a tipicidade material é a efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal. A ideia do princípio da insignificância é que ele será aplicado quando, na conduta do agente, não houver a tipicidade material. O problema é que, para que exista a tipicidade material é preciso que exista tanto a tipici- dade formal quanto a tipicidade material. Assim, aplicando a insignificância, é excluída a tipici- dade material, que exclui a tipicidade, que exclui o fato típico e exclui o crime em si. É por esse motivo que se diz que a natureza jurídica do princípio da insignificância é de causa supralegal de exclusão da tipicidade. DIRETO DO CONCURSO 1. (DELEGADO/PC-MG/2018) O princípio da insignificância funciona como causa de exclusão da culpabilidade, sendo requisitos de sua aplicação para o STF a ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade social da ação e a inexpressividade da lesão jurídica. COMENTÁRIO O princípio da insignificância não exclui a culpabilidade. 2. (UFMT/2016/DPE-MT/DEFENSOR PÚBLICO) O princípio da insignificância ou da bagatela exclui a a. punibilidade. b. executividade. c. tipicidade material. d. ilicitude formal. e. culpabilidade. COMENTÁRIO A natureza jurídica do princípio da insignificância é de causa supralegal de exclusão da tipicidade (material). 10m 3 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Princípios V DIREITO PENAL – PARTE GERAL A N O TA ÇÕ ES 3. (FGV/2018/TJ-AL/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Julia, primária e de bons antecedentes, verificando a facilidade de acesso a determinados bens de uma banca de jornal, subtrai duas revistas de moda, totalizando o valor inicial do prejuízo em R$15,00 (quinze reais). Após ser presa em flagrante, é denunciada pela prática do crime de furto simples, vindo, porém, a ser absolvida sumariamente em razão do princípio da insignifi- cância. De acordo com a situação narrada, o magistrado, ao reconhecer o princípio da insignificância, optou por absolver Julia em razão da: a. atipicidade da conduta; b. causa legal de exclusão da ilicitude; c. causa de exclusão da culpabilidade; d. causa supralegal de exclusão da ilicitude; e. extinção da punibilidade. CRITÉRIOS DOUTRINÁRIOS DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 1. Valor do bem: • Econômico: é possível aplicar o princípio da insignificância quando o bem atingido tem valor inferior a 10% do salário mínimo; e • Sentimental: a depender do caso, em que pese o valor econômico do bem ser baixo, não será possível a aplicação do princípio da insignificância em razão do valor senti- mental do bem para a vítima. 2. Condição econômica da vítima: • Subtrair um pacote de arroz de um supermercado é diferente de subtrair o mesmo pacote de arroz de uma família que passa por necessidades. 3. Consequências do crime e modus operandi: • A depender de como o agente praticou a conduta, não há como se falar em princípio da insignificância. Ex.: furto de um bem de baixo valor econômico que estava dentro de um carro, sendo que o agente quebrou a janela do veículo para realizar a subtração. Requisitos objetivos adotados pela Jurisprudência – Min. Celso de Mello (HC 84.412-0/SP – 29/06/2004 – STF): a. mínima ofensividade da conduta; 15m 20m 4 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Princípios V DIREITO PENAL – PARTE GERAL A N O TA ÇÕ ES b. nenhuma periculosidade social da ação; c. reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e d. inexpressividade da lesão jurídica provocada. Obs.: Recomenda-se decorar esses princípios, pois são bastante cobrados em prova. Vários doutrinadores e até o próprio STF já tentaram distinguir esses requisitos, mas sem sucesso. A mínima ofensividade da conduta e a inexpressividade da lesão jurídica provocada deixam entender que são a mesma coisa. Já o requisito “nenhuma periculosidade social da ação” significa ausência de violência ou ameaça. É por isso que o princípio da insignificância não se aplica aos crimes de roubo ou extorsão. Por fim, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento significa que, a depender de quem pratica a conduta, o grau de reprovabilidade do comportamento pode impedir a apli- cação do princípio da insignificância. Ex.: um juiz que pratica um furto não pode ser benefi- ciado pela insignificância em razão de sua função como juiz. DIRETO DO CONCURSO 4. (DELEGADO/PC-MT/2017) De acordo com o entendimento do STF, a aplicação do princí- pio da insignificância pressupõe a constatação de certos vetores para se caracterizar a atipicidade material do delito. Tais vetores incluem o(a) a. reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento. b. desvalor relevante da conduta e do resultado. c. mínima periculosidade social da ação. d. relevante ofensividade da conduta do agente. e. expressiva lesão jurídica provocada. COMENTÁRIO Para responder a essa questão é preciso lembrar os requisitos objetivos adotados pelo STF para o princípio da insignificância, são eles: 25m 5 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Princípios V DIREITO PENAL – PARTE GERAL A N O TA ÇÕ ES a. mínima ofensividade da conduta; b. nenhuma periculosidade social da ação; c. reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e d. inexpressividade da lesão jurídica provocada. 5. (CESPE/2014/TJ-SE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Conforme o STF, para que incida o princípio da insignificância e, consequentemente, seja afastada a recrimina- ção penal, é indispensável que a conduta do agente seja marcada por ofensividade míni- ma ao bem jurídico tutelado, reduzido grau de reprovabilidade, inexpressividade da lesão, e nenhuma periculosidade social. GABARITO 1. E 2. c 3. a 4. a 5. C �������������������������Estematerial foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Érico Palazzo. A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclusiva deste material. 30m