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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 1 Definição A secagem é o balanço dinâmico entre a transferência de calor do fluxo de ar para a madeira, superfície de evaporação da madeira, difusão da umidade através da madeira e a vazão de massa de água livre. Por que secar a madeira? - Evita contração volumétrica, rachaduras e empenamentos... - Protege contra o ataque de fungos manchadores e apodrecedores - Mata fungos e insetos que podem estar instalados na madeira - Aumenta a resistência mecânica - O peso é reduzido, logo o diminui custo de transporte Fatores que afetam a Secagem • Inerentes ao ambiente Temperatura, umidade relativa do ar, velocidade do ar • Inerentes a madeira Densidade, permeabilidade Como é o processo de secagem? Na madeira existem dois tipos de água: água livre e de impregnação. A água livre é a primeira a sair, ela vai saindo da madeira por capilaridade e, ao chegar na superfície externa da madeira, evapora. Acima do PSF, toda água que sai da madeira é por capilaridade, o movimento da capilaridade é favorecido pelo aumento da temperatura, pelo diâmetro das pontuações e pela existência de bolhas de ar no interior das células. A água de impregnação (ou higroscópica) é aquela que encontra-se nas paredes das células, esta sai da madeira por difusão, esta difusão está relacionada com o gradiente de umidade. Abaixo do PSF o movimento da umidade na madeira é considerado difusão. Transferência de calor A transferência de calor à superfície da madeira ocorre por convecção forçada (ventilação) e da superfície para o interior da madeira por condução (molécula a molécula). Na fase inicial da secagem, como a água sai por capilaridade, quando ela chega na borda precisa evaporar, por isso esta fase requer uma maior velocidade do vento para o ar quente circular mais pela superfície da madeira e o calor ser transferido por convecção. Já na difusão, não precisa ter convecção, apenas condução. Fases da Secagem Fase 1 – Retirada de água livre - Ocorre movimento de água livre por capilaridade - Redução de umidade linear - Não ocorre contração da madeira Fase 2 – Retirada de água livre + água higroscópica - O movimento de capilaridade é muito reduzido - Inicia-se o movimento de difusão e começa a sair a água de impregnação UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 2 - A convecção começa a perder importância e a condução começa a ganhar importância - A difusão na madeira ocorre por 3 caminhos: Fase 3 – Retirada da água higroscópica - A importância da convecção é muito pequena, sendo a condução muito importante. O movimento de massa é somente por difusão interna e externamente. O transporte de umidade durante a secagem é uma combinação do movimento por difusão e por capilaridade Fase 1 – só capilaridade Fase 2 – capilaridade e difusão Fase 3 – só difusão Determinação da umidade da madeira: - Método gravimétrico - Medidores elétricos (resistivo ou capacitivo) Preparação da madeira para secagem - O ideal é que não haja mistura de espécies na câmara de secagem - Separar a madeira em classes de densidade - Deve-se evitar a mistura de madeiras com espessuras diferentes, a pesar de mesma espécie - A umidade inicial precisa ser muito bem determinada, com amostras representativas Esses 3 fatores: densidade, espessura da peça e teor de umidade inicial afetam diretamente o tempo de secagem. Controle do teor de umidade Precisa ser feito, principalmente no início pois a condução da secagem é balisada na umidade inicial. Depois de seca, a pilha só irá apresentar secagem homogênea se a umidade inicial for muito bem definida. Vantagens de controlar a umidade: - Indicam a velocidade de secagem, ajuda a reduzir o tempo e melhorar a qualidade, permite detectar falhas que afetam a eficiência da câmara de secagem, etc... Amostragem para obter o TU - Para cargas de até 47m³ = mín 4 amostra - Para cargas de até 236m³ = 10 a 12 amos - Cargas heterogêneas = maior que 12 A retirada de mostras de controle (para determinação do teor de umidade inicial - controle da secagem pelo processo manual) deve ser assim: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 3 Fórmula 𝑇𝑈 = 𝑃𝑖−𝑃𝑠 𝑃𝑠 × 100 Ex de exercício que pode cair Para determinação do teor de umidade da madeira durante o processo de secagem: • Ax = 84% e Ay = 80% de umidade • Peso inicial da amostra de controle = 1000 g • Determinar: 1 - O teor de umidade quando a amostra atingir o peso de 700 g 2 - O peso quando se deseja interromper a secagem aos 20% de umidade? Resolução Passo 1 – fazer a média de Ax e Ay 𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑇𝑈 = 84 + 80 2 = 82% Passo 2 – calcular o peso seco estimado, para isto, isola-se ‘pi’ dessa equação 𝑇𝑈 = 𝑃𝑖−𝑃𝑠 𝑃𝑠 × 100% 𝑇𝑈 × 𝑃𝑠 + 𝑃𝑠 = 𝑃𝑖 Passo 3 – substituir os valores 0,82 × 𝑃𝑠 + 𝑃𝑠 = 1000 Passo 4 – descobrir o valor de Ps 1,82𝑃𝑠 = 1000𝑔 𝑃𝑠 = 550𝑔 Passo 5 – obter o tu para quando a amostra atingir 700g 𝑇𝑈 = 700−550 550 × 100 = 27,27% 2 - O peso quando se deseja interromper a secagem aos 20% de umidade? 𝑇𝑈 × 𝑃𝑠 + 𝑃𝑠 = 𝑃𝑖 0,2 × 550 + 550 = 𝑃𝑖 𝑃𝑖 = 660𝑔 Ao preparar a madeira para secagem, seja dentro da estufa ou fora, é necessário o uso de separadores na pilha, chamados tabiques - São colocados para deixar espaços onde o ar possa circular - Devem ser obtidos de madeiras estáveis e duras, com grã reta e isentas de defeitos - Devem ser secos em estufa antes de utilizar - Devem ser colocados transversalmente ao comprimento da tábua, e devem estar alinhados Empilhamento - Facilita a circulação do ar através das peças de madeira - Pode ser manual ou mecânico Secagem ao Ar Livre Vantagens: - Reduz a umidade inicial da madeira - Diminui custos de transporte - Aproveita as condições ambientais - Minimiza ataque de fungos manchadores Desvantagens: - Necessita de muito espaço - Impossível controlar as condições ambientais - Tempo de secagem demora mais - TU final muito alto, limita o uso UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 4 - Ocorrência de defeitos, pois a secagem não é controlada Velocidade de Secagem A velocidade da secagem ao ar livre é afetada por: - Tipo de pilha e tipo de arranjo das pilhas - Condições climáticas do local, regime de chuvas - Velocidade do ar, ventos - Local Pátio de Secagem - Sua formação deve ser segundo a orientação dos ventos predominantes - Pilhas colocadas as margens do pátio secam mais rapidamente - Deve haver uma distancia entre o solo e base das pilhas, para circulação de ar - Ideal que a superfície do pátio seja plana, drenada, sem vegetação, pavimentada - Deve ser construído em local alto, próximo a serraria, sem edificações por perto e nem árvores Arranjo do pátio das pilhas - Arranjo em fileira: o que tem maior rendimento em espaço e recomendado para espécies com necessidade de secagem mais lenta. O controle de estoque é difícil porque as pilhas centrais não tem um fácil acesso. - Arranjo em linha: tem um rendimento intermediário. A velocidade de secagem é alta e o acesso a cada pilha é muito fácil - Arranjo em espinha de peixe: menor rendimento de espaço e recomendado para espécies mais susceptíveis ao ataque de fungos manchadores. Possibilita uma secagem bastante rápida, devendo ser utilizado somente com espécies fáceis de secar e não propensas a defeitos. - Arranjo com espaço variável: É um método melhorado do método em filas. A secagem é mais rápida e uniforme do que em fileiras, no qual as passagenssecundárias são de largura uniforme. Tipos de Empilhamento - Pilhas planas com separadores - Pilhas verticais com separadores - Pilhas em tesoura (permite secagem bastante rápida, porém não evita empenamentos) - Gaiola (também permite secagem muito rápida, sem compromisso com a qualidade, pode ser executado por uma pessoa só) Bases ou Fundações e Cobertura - Coberturas servem para proteger de chuva, insolação, etc - Bases ou fundações dão apoio estável e plano para as pilhas, além de prover um espaço entre o solo e a pilha para circulação de ar UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 5 Cálculo para dimensionamento de pátio de secagem 1) Exemplo • Produção diária da serraria = 24 m³ MS • Tempo médio de armazenamento = 60 dias • Dimensões das pilhas = 1,2 x 2,0 m (Largura x Altura) • Dimensões das peças = Espessura - 2.5 cm Comprimento - 4.0 m • Dimensões dos separadores = Espessura - 2.5 cm Resolução 1° Passo – Em 60 dias, quantos m³ de madeira vai ter? Deve-se calcular o estoque contínuo! 𝐸𝐶 = 24 × 60 = 1460 𝑚³ Ou seja, este pátio tem que comportar 1460m³! 2° Passo – Calcular o volume da pilha 𝑉𝑃 = 1,2 × 2,0 × 4,0 = 9,6𝑚3 3° Passo – Calcular o volume de madeira Como a espessura dos separadores é a mesma das peças de madeira, então o volume de madeira é metade do volume da pilha = 4,8m³ 4° Passo – Calcular o número de pilhas 1460 ÷ 4,8 = ±300 𝑝𝑖𝑙ℎ𝑎𝑠 Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 1 𝑝𝑖𝑙ℎ𝑎 = 1,2 × 4,0 = 4,8𝑚2 Á𝑟𝑒𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑖𝑙ℎ𝑎 = 4,8 × 300 = 1440𝑚² Interpretando o resultado: 1440 ÷ 0,3 = 4800𝑚² ➔ Ex para Eucalipto no arranjo 1 Exemplos para pinus: 1440 ÷ 0,2 = 7800𝑚2 1440 ÷ 0,1 = 14800𝑚2 Arranjo em fila: 0,3 Arranjo em linha: 0,2 Arranjo espinha de peixe: 0,1 Conclusões: Se o proprietário não tem essa área disponível, analisar se vale mais a pena comprar uma secadora ou adquirir mais área Talvez caia: Fase do Programa de Secagem Fase 1 – Aquecimento Fase em que a madeira é aquecida até a temperatura inicial prevista no programa, sem iniciar a secagem superficial. Fase 2 – Secagem Secagem propriamente dita, fase na qual é retirada a umidade do material. Fase 3 – Uniformização e Condicionamento Fase final, visando reduzir a variação no teor de umidade entre peças, eliminar o gradiente de umidade dentro da peça e aliviar as tensões de secagem pelo reumidecimento das camadas superficiais.
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