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E-book 1
ATIVIDADES FÍSICAS E 
ESPORTES ADAPTADOS
Ana Roberta Almeida Comin
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO ����������������������������������������������������������� 3
PARA NÃO ERRAR MAIS: A 
NOMENCLATURA ADEQUADA ���������������������������4
A DEFICIÊNCIA AO LONGO DA HISTÓRIA: 
DA GRÉCIA ANTIGA AOS DIAS DE HOJE ��������� 7
O INÍCIO DA ATIVIDADE FÍSICA E DO 
ESPORTE ADAPTADOS ��������������������������������������� 14
A ATIVIDADE FÍSICA E O ESPORTE 
ADAPTADOS NO BRASIL ������������������������������������ 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS �����������������������������������30
SÍNTESE ���������������������������������������������������������������������31
2
INTRODUÇÃO
Este e-book será o nosso ponto de partida para o 
estudo da atividade física e do esporte adaptado. 
Aqui você aprenderá questões fundamentais, como 
a maneira adequada de se reportar à pessoa com 
deficiência e de que maneira essa população foi no-
tada ao longo da história.
Essa viagem no tempo nos permitirá compreender o 
contexto em que surgiu a atividade física adaptada 
e o paradesporto, e a sua importância atualmente.
3
PARA NÃO ERRAR MAIS: A 
NOMENCLATURA ADEQUADA
Pode parecer algo simples, mas a forma como trata-
mos uns aos outros é o que nos aproxima ou afas-
ta de alguém. Certamente você não gostaria de ser 
tratado por um nome diferente do seu ou, ainda, que 
o chamassem por apelidos pejorativos. Essa triste 
suposição, infelizmente, ainda é a realidade de muitas 
pessoas com deficiência.
Ao longo deste e-book aprenderemos como essas pes-
soas foram subjugadas, discriminadas e até mesmo 
mortas por conta de suas deficiências. É de se pensar 
que tamanha barbárie também se refletiu em diversos 
aspectos sociais e atingiu em cheio uma das capaci-
dades básicas e inerentes ao homem: a linguagem.
A terminologia acerca das pessoas com deficiência 
sempre foi permeada de preconceitos e estereótipos. 
No passado, termos como “inválidos”, “incapacitados”, 
“defeituosos” ou “aleijados” eram comuns. Não raro, 
e em um tempo não tão distante, essas pessoas tam-
bém eram tratadas por outros termos igualmente de-
sagradáveis e pejorativos, que focavam na deficiência 
e ignoravam por completo a pessoa (SASSAKI, 2014).
Alguns, em uma tentativa de atenuar ou minimizar a 
questão, faziam o uso do diminutivo, referindo-se à 
pessoa com deficiência com palavras como “cegui-
nho”, “mudinho” e por aí vai. Mais uma vez focando 
na deficiência e ignorando o indivíduo por trás dela. 
4
Outra estratégia é tentar supervalorizar o indivíduo 
com termos como “pessoa especial”. Também há 
aqueles que se colocam como referência de “normal”.
Tais nomenclaturas eram normalizadas e não havia 
reflexão em relação a esse e muitos outros assuntos. 
Por exemplo, a Associação de Assistência à Criança 
Deficiente (AACD), uma instituição de referência no tra-
tamento e reabilitação de diversas formas de deficiência, 
no passado já se chamou Associação de Assistência 
à Criança Defeituosa (SASSAKI, 2003). Uma prova de 
reflexão e adequação linguística aos novos tempos.
Somente na década de 1980 a Organização Mundial 
da Saúde (OMS) propôs uma nova forma de se referir 
a essa população: pessoas com deficiência. Essa 
terminologia valoriza a pessoa e não a sua condição.
REFLITA
Imagine você ser uma pessoa bastante alta. Você 
tem um nome, mas todos insistem em te chamar 
o tempo todo de “Alto”, ignorando sua identida-
de e te resumindo somente a uma característica 
sua. De certo não seria uma experiência positiva 
ou agradável. O mesmo se aplica à pessoa com 
deficiência. Ser chamado de “deficiente” reduz a 
pessoa somente àquela particularidade, valoriza 
uma característica e ignora a pessoa.
Ainda assim, na Constituição Federal de 1988, a última 
promulgada em nosso país, para se referir à pessoa com 
5
deficiência foi empregado o termo “portador de necessi-
dades especiais” – um termo bastante inadequado por 
muitos motivos (SASSAKI, 2014). Primeiramente, você 
pode portar uma bolsa, um relógio e muitas outras coisas, 
que você usa e eventualmente tira ou guarda – o mesmo 
não dá para ser feito com uma característica do seu corpo. 
Ninguém fala “fulano é portador de olhos verdes”, “fulano” 
simplesmente os têm e convive com eles. Outra razão: 
o termo “necessidades especiais” dá sentido à ideia de 
que aquela pessoa deve ser tratada de forma diferente 
por não ser como as demais, o que implica em exclusão 
e preconceito (RIO GRANDE DO SUL, 2011).
Atualmente, como termo mais adequado ao trato desse 
público, utilizamos “pessoa com deficiência” (PcD). É 
um termo abrangente, que antes de mencionar a defici-
ência, coloca a pessoa que convive com ela em primeiro 
lugar. Essa terminologia, já proposta no passado pela 
ONU, foi resgatada e ganhou protagonismo a partir de 
junho de 1994, com a Declaração de Salamanca, que 
preconizou diretrizes básicas a serem implementadas 
na educação, de modo que ela promovesse a inclusão.
Em um primeiro momento, pode ser que o termo “pes-
soa com deficiência” cause estranheza ou possa soar 
rude, mas é importante termos a clareza de que “defi-
ciência” não é sinônimo de doença ou incapacidade.
Devemos estar atentos, enquanto cidadãos e profissio-
nais, às demandas dessa população e estarmos aber-
tos ao diálogo, à compreensão e à inclusão, de modo 
que sejam ouvidos e tenham acesso a direitos funda-
mentais, além de uma vida mais igualitária socialmente.
6
A DEFICIÊNCIA AO LONGO 
DA HISTÓRIA: DA GRÉCIA 
ANTIGA AOS DIAS DE HOJE
Para se entender a importância da atividade física 
e dos esportes adaptados é preciso que a gente ob-
serve o passado para compreender como chegamos 
até aqui. Podemos afirmar, com toda a certeza, que 
estarmos no dia de hoje nos dedicando ao estudo 
e futuramente à prática profissional voltada a essa 
população é um grande privilégio, impensado para 
nossos antepassados.
Tristemente, pessoas com deficiência tinham suas 
vidas ceifadas no passado. Seja por sobrevivência 
ou crença da época, muitos eram deliberadamente 
mortos ou abandonados para morrem sós.
Na América pré-colonização, povos como os Chiricoa, 
que habitavam a região da Colômbia, migravam cons-
tantemente, dadas as necessidades de sobrevivência, 
como busca por alimento e proteção. Nesses pro-
cessos de mudança, levavam somente o que fos-
se estritamente necessário, sendo assim, idosos, 
pessoas com doenças e pessoas com deficiências 
eram abandonadas à própria sorte no antigo local 
de morada (SILVA, 1986).
Na contramão da sobrevivência, a questão da erradi-
cação de pessoas com deficiência na Grécia Antiga 
estava ligada à supervalorização da beleza e da for-
ça. Assim, crianças que ao nascer não correspondes-
7
sem ao padrão esperado e apresentassem algum tipo 
de deficiência eram logo mortas (PACHECO; ALVES, 
2007). Muitas arremessadas do monte Taygetos por 
anciãos, na tentativa de agradar aos deuses e assim 
permitir à vida somente aqueles próximos da imagem 
do guerreiro ideal. Vale ressaltar que o monte possui 
aproximadamente 2.400m de altitude, o que signifi-
ca uma queda fatal e um triste destino para essas 
crianças (REDAÇÃO DO VIDA MAIS LIVRE, 2017).
Se na região de Esparta possuir uma deficiência era 
uma sentença de morte, em Atenas, em um ato de 
tentativa de reparação, especialmente soldados fe-
ridos e mutilados em batalhas, pessoas eram prote-
gidas pelo Estado (PACHECO; ALVES, 2007).
Os ideais gregos de beleza e força continuaram 
presentes mesmo após o declínio da sua civiliza-
ção. Nesse sentido, os romanos foram fortemente 
influenciados pelas ideias e preceitos que os gregos 
acreditavam.
Em um primeiro momento, crianças recém-nascidas 
que fossem constatadas com algum tipo de deficiên-
cia eram mortas por afogamento conforme previsto 
na lei vigente da época. Aqueles que não eram mor-
tos eram abandonados à sorte e os que sobreviviam 
eram fadados a uma vida de miséria e exploração, 
forçados a pedirem esmolas (SILVA, 1986).
O Império Romano em seu apogeu estendeu seus 
domíniospela Europa, Ásia e África. Naturalmente, 
é de se pensar que essa vastidão territorial foi fruto 
de muitas guerras que, como saldo, levaram muitos 
8
soldados à condição de pessoa com deficiência, 
graças a ferimentos, mutilações e amputações em 
campos de batalha.
Ao contrário das crianças com deficiência, que logo 
ao nascer perdiam o direito à vida, esses soldados 
encontravam o amor e a caridade graças ao surgi-
mento de uma nova religião: o cristianismo.
Com essa nova crença, as pessoas com deficiência 
ganham o status de “possuidores de alma”, matá-los 
não é considerado algo aceitável e os seus cuidados 
passam a ser assegurados pelas famílias e a igre-
ja. Nesse contexto, surgem hospitais dedicados a 
atendê-los, embora o conceito de “inclusão” estivesse 
longe de ser praticado (PACHECO; ALVES, 2007).
Se no Império Romano as pessoas com deficiência 
encontraram compaixão e solidariedade, as coisas 
mudaram com a chegada da Idade Média. A agora 
estabelecida e estruturada Igreja Católica Apostólica 
Romana passa a influenciar fortemente a cultura, a 
política, a sociedade e as suas condutas. É determi-
nada a figura de um deus onisciente, onipresente e 
onipotente, ou seja, que tudo sabe, tudo vê e que em 
tudo está presente. Sendo assim, essa figura divi-
na tem como função vigiar e punir aqueles que não 
estivessem de acordo com os preceitos religiosos 
impostos pela igreja.
Nesse período, a ciência não possuía espaço e 
todo e qualquer fato era explicado por meio de for-
ças ocultas, possessões e poderes sobrenaturais. 
Deficiências, doenças e fatos não compreendidos 
9
eram vistos como punições divinas. Dessa forma, 
pessoas com deficiência passam a ser discriminadas 
socialmente e perseguidas. Marginalizadas, restava 
a elas uma vida de miséria e exclusão.
Figura 1: Detalhe do quadro “O triunfo da morte”, de Pieter Bruegel 
(1562), que retrata a chamada “Peste Negra” e a morte na forma de 
seres sombrios.Fonte: lavozdegalicia
Curiosamente, ao longo da história, muitas figuras im-
portantes como reis e grandes pensadores possuíam 
deficiência, porém a perseguição e a marginalização 
não se aplicava a eles por pertencerem à aristocra-
cia. Parte desse fenômeno se deve aos casamentos 
consanguíneos, isto é, entre tios e sobrinhas, tias e 
sobrinhos, pais e filhos, irmãos etc.
Algumas obras de arte hoje nos dão pistas de 
que pessoas com alterações genéticas considerá-
veis ocuparam importantes posições no passado, 
sem que sofressem o mesmo que o restante da 
população.
10
https://www.lavozdegalicia.es/noticia/vigo/baiona/2017/09/19/llega-baiona-muerte-negra/0003_201709V19C6991.htm#
Figura 2: O rei espanhol Carlos II, retratado por Juan Carreño de 
Miranda (por volta de 1680). O monarca foi fruto de um casamento 
endogâmico entre tio e sobrinha.Fonte: Elpais
Passado esse período de obscurantismo, veio a cha-
mada Idade Moderna, em oposição a tudo que fora 
vivido até ali. Lançou-se luz sobre a ciência e as ar-
tes. Uma nova forma de viver estava acontecendo.
A pesquisa científica passou a tomar corpo e os fenô-
menos e doenças já não eram mais justificados como 
castigos de Deus ou possessões. Dogmas religiosos 
passam a ser contestados. Sendo assim, as defici-
ências passam a ser reconhecidas como questões 
médicas e não mais como questões de fé ou moral. 
Técnicas cirúrgicas de amputação são aprimoradas 
e são desenvolvidos métodos de comunicação para 
pessoas com surdez. Hospitais e asilos precários, 
sem o menor tipo de tratamento adequado, passam a 
dar lugar às instituições de assistência especializada.
11
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/12/01/internacional/1575223818_870420.html
É nesse período histórico que acontece a primeira 
Revolução Industrial, ou seja, a produção manufatura-
da começa a ser abandonada e dar lugar às grandes 
fábricas, o que demandava força de trabalho e mão 
de obra operária.
Essa mudança abrupta da forma de produção e de 
grandes transformações socioeconômicas requer 
que pessoas sejam educadas para que possam ser 
consideradas “produtivas” e “úteis” nas linhas de 
produção das indústrias. A necessidade de mão de 
obra faz com que a população com deficiência seja 
vista como potencialmente capaz de executar tais 
tarefas (MAZZOTTA; SOUZA, 2000).
Assim, observa-se um período voltado para a edu-
cação das pessoas com deficiência, em que novas 
técnicas, adaptações e programas de ensino são 
estabelecidos. Muitos deles são mantidos até os 
dias de hoje, embora tenham sofrido reformulações, 
aperfeiçoamentos e mudanças para a adequação 
das demandas atuais.
Apesar desses avanços, socialmente essa população 
continuou a ser segregada, uma vez que, embora 
inseridas no contexto da Revolução Industrial, as 
pessoas com deficiência eram tidas como “menos 
capazes” ou ainda “menos eficientes”.
Vale ressaltar-se que foi nesse contexto que surgiram 
as primeiras reivindicações e leis trabalhistas, dadas 
as condições precárias de trabalho, cargas horárias 
extenuantes de 16 horas para adultos e 12 horas 
para crianças, além de muitos feridos e pessoas com 
12
sequelas por conta de acidentes em fábricas. Essas 
pessoas, agora com deficiência por conta do traba-
lho, foram fundamentais na luta por esses direitos 
(PESSOA; ANDRADE, 2014).
No passado, as relações entre países e povos eram 
bastante sensíveis e não havia grandes instrumen-
tos diplomáticos que evitassem guerras e conflitos. 
Dessa forma, o século 20 vivenciou duas guerras 
mundiais e ameaças de bombas nucleares. Como 
saldo, deixou mortos e feridos por toda a parte, o 
que serviu de catalisador para o desenvolvimento 
da reabilitação e, mais tarde, da atividade física e 
do esporte adaptado.
13
O INÍCIO DA ATIVIDADE 
FÍSICA E DO ESPORTE 
ADAPTADOS
A Primeira Guerra Mundial foi um conflito que envol-
veu diversos países europeus e durou de 1914 até 
1918. Estima-se que aproximadamente 17 milhões de 
soldados e civis perderam a vida durante esse triste 
episódio e inúmeros ficaram gravemente feridos. Se 
antes esses jovens soldados lutavam bravamente em 
trincheiras, muitos ao retornarem aos seus países 
voltaram com o estigma da deficiência adquirida em 
combate, e algo deveria ser feito por eles. Somente 
na França, retornaram 300 mil homens classificados 
agora como “inválidos” e 80 mil na Alemanha. É me-
diante essa necessidade que o conceito da reabilita-
ção passa a surgir (PESSINI et al., 2008).
Antes desse cenário era impensado que um indiví-
duo classificado como “inválido” pudesse realizar 
inúmeras atividades ou ter uma vida plena. A muitos 
restava somente alguns poucos postos de trabalho 
ou, ainda, a caridade.
A economia dos países envolvidos no conflito estava 
arruinada, não sendo possível reparar financeiramen-
te esses soldados agora com deficiências. Restava 
a eles serem integrados de alguma forma à recons-
trução de seus países de origem. Isso foi permitido 
graças ao desenvolvimento de próteses, inclusive 
faciais (ARAÚJO, 2017).
14
Figura 3: Soldado com prótese facial. Fonte: Mdig
SAIBA MAIS
Dadas as condições da medicina à época e o tra-
balho dos médicos nos fronts de batalha, levava-
-se dias para que os feridos fossem operados. No 
caso, muitas lesões ósseas calcificavam de modo 
inadequado, gerando sérios problemas, o que era 
agravado quando se tratava dos ossos da face. 
Muitos sofreram com sequelas faciais que, além 
da dor, geravam curiosidade e espanto. Nesse ce-
nário, uma escultora se destacou, dedicando-se a 
produzir próteses faciais para esses soldados. Vale 
procurar pelo trabalho e a obra da norte-americana 
Anna Coleman Ladd.
O trabalho visando à reabilitação e à confecção de 
próteses reverbera até os dias atuais. Se, por um 
lado, a questão da deficiência ganha novos ares, os 
15
https://www.mdig.com.br/index.php?itemid=42371
envolvidos na guerra a encerram e é assinado o tra-
tado de Versalhes.
O fim da Primeira Guerra e a assinatura desse tratado 
deixaram questões e feridas abertas, sobretudo no 
orgulhoda nação germânica, que mais tarde levaria 
a um conflito muito maior e muito mais mortal: a 
Segunda Guerra Mundial.
Como se o saldo de mortos e pessoas agora com 
deficiência não fosse o bastante, o mundo experi-
mentou outra guerra em proporções ainda maiores 
apenas 21 anos depois da primeira.
A ascensão do nazismo e a perseguição e extermínio 
judeu foram parte de um projeto meticuloso, arquite-
tado anos antes do início da guerra. Alguém deveria 
servir de cobaia para a monstruosidade que estava 
por vir.
Nessa época, dada a pobreza e a devastação dei-
xadas pela Primeira Guerra, era comum que famí-
lias inteiras se dedicassem ao trabalho de modo 
extenuante, o que impossibilitava o cuidado direto 
de pessoas com deficiência que necessitassem de 
maior assistência. Não raro, esses indivíduos eram 
mandados por seus familiares para instituições e 
hospitais para que lá morassem.
O embrião do Holocausto, que vitimou mais de 6 mi-
lhões de judeus pela Europa, foi o chamado “Aktion 
T4”, que tinha como objetivo limar doentes e pessoas 
com deficiências físicas e mentais, considerados 
como indignos pelos nazistas. Segundo Hitler, “tem-
16
pos de guerra são os melhores momentos para se 
eliminar os doentes incuráveis”.
Entre os anos de 1940 e 1941, cerca de 70 mil pesso-
as tidas como “indignas” foram mortas na Alemanha, 
em colaboração com médicos e profissionais da saú-
de, que tinham como compromisso não mais a vida, 
mas sim colaborar com um plano torpe de morte. 
Muitos foram mortos por overdose de medicamen-
tos, abandono, asfixia e inanição, especialmente os 
doentes e as pessoas com deficiência mental, que 
em particular eram deixados para morrer de fome 
(BBC, 2017; UNITED STATES HOLOCAUST MEMORIAL 
MUSEUM, 2020).
A morte por fome nos persegue, e ninguém 
sabe quem será o próximo. Antes, as pesso-
as aqui eram mortas mais rapidamente, e os 
corpos eram levados para serem queimados 
durante a madrugada. Mas eles enfrentavam 
resistência dos moradores locais. Então, ago-
ra, simplesmente nos deixam morrer de fome 
(Ernst Putzki, paciente em um dos hospitais 
alemães em que se operou o Aktion T4 em 
carta para sua mãe. Ela nunca a recebeu).
Uma das demandas que uma guerra traz consigo é a 
necessidade (ainda que forçada) de desenvolvimento 
em diferentes áreas. Nesse sentido, surgem novas 
tecnologias, drogas e perspectivas.
17
A atividade física e os esportes adaptados foram os 
meios encontrados por muitos governos para que 
ex-combatentes, agora pessoas com deficiência, 
tivessem qualidade de vida e minimizassem os hor-
rores vividos na guerra (CARDOSO, 2011).
Com a ascensão do nazismo na Alemanha, e ven-
do a perseguição aos seus semelhantes, o médico 
Ludwig Guttmann imigra junto de sua família rumo à 
Inglaterra, na tentativa de terem suas vidas poupadas 
e assim poderem reconstruí-las neste novo país.
O doutor Guttmann era um talentoso neurocirurgião e 
encontrou suporte na Inglaterra, que, reconhecendo o 
currículo e a experiência do médico, convidou-o para 
montar o primeiro hospital especializado em trata-
mento de soldados com amputações e paralisias. 
O objetivo principal das autoridades britânicas era 
preparar um local adequado para receber soldados 
feridos no ataque do Dia D, um episódio dramático 
da Segura Guerra, no qual aproximadamente 150 mil 
soldados de diferentes nacionalidades desembarca-
ram na França, na tentativa de recuperar o controle 
do país dominado pelos alemães.
Em plena guerra, o governo britânico indicou 
Guttmann para o cargo de diretor geral do primeiro 
Centro de Reabilitação para Pacientes com Lesões na 
Medula Espinhal, no Hospital de Stoke Mandeville. O 
médico aceitou, porém com a condição de que queria 
autonomia para operacionalizar as suas ideias, o que 
para alguns era uma completa loucura e para outros 
uma forma de trabalhar revolucionária.
18
Figura 4: Sir Ludwig Guttmann. O médico foi condecorado com o título 
de sir, uma honraria da realeza britânica em reconhecimento aos seus 
feitos. Fonte: Nature
À época, a conduta médica para pessoas com para-
plegia ou tetraplegia se resumia à sedação ou per-
manência em leitos hospitalares, porém o doutor 
Guttmann acreditava que era possível ir além.
O médico incluiu na rotina de seus pacientes o espor-
te e a atividade física adaptados, como um comple-
mento das sessões de fisioterapia. Doutor Guttmann 
tinha como objetivo promover o fortalecimento da 
musculatura e melhorar a coordenação motora, a 
velocidade e a resistência.
Além dos ganhos motores, a atividade física ainda in-
fluía positivamente nos aspectos psicológicos, uma vez 
que muitos de seus pacientes enfrentavam os traumas 
19
https://www.nature.com/articles/sc2012109
da guerra e problemas de autoestima por agora possu-
írem um corpo diferente do que tinham. Para o visioná-
rio neurocirurgião, o esporte ajudava a desenvolver a 
competitividade, a autodisciplina e o companheirismo 
– características importantes para a reintegração des-
ses pacientes à sociedade (MORASHÁ, 2012).
No ano de 1948, três anos após o fim da guerra, o 
doutor Guttmann organizou um pequeno campeonato 
entre os pacientes de seu hospital. Nesse ponto, o 
esporte evolui de recreação para competição. A ideia 
principal era promover o esporte adaptado e a sociali-
zação dessas pessoas. Dezesseis militares inscritos, 
entre homens e mulheres com algum tipo de lesão, 
participaram do torneio de tiro com arco em cadeiras 
de rodas. Sem saber, o doutor Guttmann havia planta-
do a semente do que viria a ser, mais tarde, os Jogos 
Paralímpicos. O evento recebeu o nome de Jogos de 
Stoke Mandeville e aconteceu juntamente com os 
Jogos Olímpicos de Londres, sem que um evento ti-
vesse a menor ligação com o outro (MORASHÁ, 2012).
Podcast 1 
Vale lembrar-se que estamos falando de um período 
histórico no qual os conceitos de globalização, inter-
net e redes sociais estavam longe de ser realidade. 
Nessa época, as notícias corriam muito mais len-
tamente e foi só em 1952 que outras pessoas com 
deficiência manifestaram interesse em participar 
do evento do doutor Guttmann. Nesse ano, militares 
20
https://famonline.instructure.com/files/1053147/download?download_frd=1
holandeses aderiram ao movimento e os Jogos de 
Stoke Mandeville se tornaram de fato internacionais.
Doze anos após os Jogos de Stoke Mandeville, aque-
le pequeno evento deixou os limites do hospital do 
doutor Guttmann para ganhar o mundo: oficialmente 
acontece a primeira edição dos Jogos Paralímpicos 
na cidade de Roma, na Itália, com a participação de 
400 inscritos, de 23 países. A competição aconteceu 
na sequência dos tradicionais Jogos Olímpicos.
Quiseram os nazistas acabar com judeus e pessoas 
com deficiência, e poucos anos depois justamente um 
homem de origem judaica criou a versão adaptada do 
torneio esportivo mais importante do mundo, permitin-
do que pessoas com deficiência brilhassem aos olhos 
do mundo. Uma grande ironia ou reparação do destino.
Figura 5: Desfile dos paratletas na primeira edição dos Jogos 
Paralímpicos na cidade de Roma, em 1960. Fonte: Terra
A entrada das Paralimpíadas para o calendário dos 
principais eventos desportivos no mundo ainda ti-
21
https://www.terra.com.br/esportes/jogos-olimpicos/2016/superacao/paralimpiadas-o-maior-evento-de-superacao-do-planeta,fb447feb725d942803663a88908e0863ksm2j2d2.html
nha um problema: a inclusão e a acessibilidade dos 
atletas. Nessa época, o espaço físico onde os jogos 
seriam realizados não possuía nenhum tipo de adap-
tação ou estrutura pensada para atletas cadeirantes 
ou com qualquer outra deficiência. Logo, tudo se 
tornava muito mais difícil.
A chamada “era moderna” dos Jogos Paralímpicos foi 
iniciada em 1988 com os jogos de Seul. Nesse ano, 
acontece a união com o Comitê Olímpico Internacional 
(COI) e as Paralimpíadas passam a seguir os mol-
des que conhecemos hoje, com maior estruturação, 
acessibilidade e melhores condições para os atle-
tas. Também foi estabelecida a criação doComitê 
Paralímpico Internacional (CPI) e, dessa forma, as or-
ganizações passaram a trabalhar de maneira conjunta.
A última edição do evento contou com 4.500 paratle-
tas vindos de 176 países e foi sediado pela primeira 
vez no continente sul-americano. O Brasil recebeu 
os jogos na cidade do Rio de Janeiro.
Para chegarmos a esse momento, foi preciso que 
a sociedade e a tecnologia sofressem profundas 
transformações. A adequação às mudanças dos 
novos tempos fez com que pessoas com deficiência 
saíssem da invisibilidade para o protagonismo no 
esporte, mas ainda há muito o que ser feito.
Vimos que mundialmente grandes eventos como 
guerras e conflitos serviram como força motriz para 
o desenvolvimento da reabilitação, da produção de 
próteses e posteriormente da atividade física e o 
esporte adaptados. Mas, e no Brasil?
22
A ATIVIDADE FÍSICA E O 
ESPORTE ADAPTADOS NO 
BRASIL
Infelizmente, em nosso país não foi diferente. Foi 
preciso que tristes acontecimentos se sucedessem 
para que saíssemos da inércia e passássemos a 
pensar na atividade física e no esporte para a pessoa 
com deficiência.
Até a década de 1950, a América do Sul enfrentou 
graves ondas de contágio de poliomielite, conhecida 
popularmente por “paralisia infantil”. A doença de 
causa viral, inicialmente causa febre e outros sinto-
mas inespecíficos. Em uma noite, a criança ia dormir 
com uma leve febre e em poucas horas estava em um 
quadro grave de saúde. Muitas nunca mais puderam 
se locomover como antes, dadas as consequências 
da doença (DURANTE; POZ, 2014).
SAIBA MAIS
Em tempos de corrida por uma vacina contra a 
covid-19, vale conhecer a obra do médico e pes-
quisador polonês Albert Sabin. Ele foi o respon-
sável pela criação da vacina contra a poliomielite, 
a famosa “gotinha”, no início dos anos 1960. O 
médico, em um ato de altruísmo, renunciou aos 
direitos de patente da vacina que criou para que 
todos tivessem acesso a ela.
23
Alguns anos depois, essa geração foi ainda marcada 
pelo nascimento de bebês acometidos pelas graves 
consequências da talidomida. Esse medicamento 
levou à má formação de milhares de crianças pelo 
mundo, especialmente no Brasil.
A talidomida é uma droga que ainda se faz presente 
na farmacologia atual, porém com uma legislação 
específica que impede a sua comercialização indis-
criminada ou desassistida, em particular quando 
se trata de pacientes do sexo feminino em idade 
reprodutiva. A sua prescrição é indicada atualmente 
para hanseníase e outras doenças, em casos espe-
cíficos. Tudo avaliado e acompanhado com muito 
critério. No entanto, no passado não havia esse tipo 
de informação e a talidomida era indicada sobretudo 
para mulheres grávidas com o intuito de evitar os 
enjoos matinais.
Ao nascerem, os bebês apresentavam graves defor-
midades congênitas, caracterizadas pelo encurta-
mento dos ossos longos dos membros superiores 
e/ou inferiores, com ausência total ou parcial das 
mãos, pés e/ou dos dedos. Em cerca de 25% dos 
casos, ocorria o acometimento simultâneo e assimé-
trico dos quatro membros, um quadro que se passou 
a ser denominado como focomelia. Estima-se que 
entre 10 mil a 15 mil bebês tenham sido afetados 
mundialmente (OLIVEIRA; BERMUDEZ; SOUZA, 1999).
24
Figura 6: Capa do jornal Folha de São Paulo destacando os bebês 
vítimas da talidomida, no ano de 1962. Fonte: Revistahcsm
A falta de resposta da ciência para certas questões, 
junto à dificuldade de acesso aos serviços de saúde 
e políticas públicas voltadas para ela, formaram uma 
geração de brasileiros que passaram a ter deficiên-
cias, fossem elas congênitas, como no caso da tali-
domida, ou adquiridas, como aqueles que contraíram 
a poliomielite. Esses fatos serviram de propulsores 
para as mudanças que estavam por vir.
Quase uma década antes da descoberta da vacina 
contra a poliomielite, dois jovens brasileiros sofrem 
acidentes que vão definir a implementação da ativi-
25
http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/a-tragedia-da-talidomida-e-a-luta-por-direitos-e-regulacao/
dade física adaptada e o paradesporto no Brasil e 
dar um novo rumo para as pessoas com deficiência.
Um deles, Robson Sampaio de Almeida, alagoano que 
residia na capital carioca, sofre um grave acidente 
durante uma viagem aos Estados Unidos no início 
dos anos 1950. Como consequência, Robson se torna 
cadeirante e acaba ficando no país, a fim de fazer o 
seu tratamento e reabilitação.
O outro, Sérgio Seraphim Del Grande, no ano seguinte, 
sofre uma lesão durante uma partida de futebol na 
escola. O acidente faz com que o garoto paulistano 
perca o movimento de seus membros inferiores e 
sua família o envia para os Estados Unidos, país que 
na época estava à frente de muitos no quesito tra-
tamento e reabilitação de pessoas com deficiência.
Além do destino em comum, esses dois garotos tam-
bém compartilhavam um conhecimento ainda não 
difundido no Brasil: a prática do esporte adaptado. 
Sérgio e Robson conheceram o basquete em cadeira 
de rodas enquanto eram tratados em hospitais norte-
-americanos e trouxeram a novidade ao retornarem 
ao Brasil.
Nos Estados Unidos, o esporte adaptado já era pra-
ticado e estimulado pelo grupo Paralyzed Veterans 
of America (PVA), que inclusive organizava equipes 
de basquetebol em cadeira de rodas e as primeiras 
competições de atletismo e natação.
A história do esporte adaptado e a atividade física tive-
ram início em nosso país no ano de 1958, quando Sérgio 
26
e Robson fundam dois clubes de desporto em cadeira 
de rodas, um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro.
O start para a difusão e estruturação do paradesporto 
pela dupla veio um ano antes, depois de assistirem às 
apresentações da equipe de basquete americana Pan-
Am-Jets, formada por funcionários com deficiência da 
extinta companhia aérea Panamerican Airlines, a PAN-
AM. A equipe percorreu o Brasil e fez apresentações na 
cidade de São Paulo. Os Pan-Am-Jets realizavam parti-
das como os Harlem Globetrotters, um time conhecido 
por suas apresentações performáticas e manobras com 
a bola de basquete, e foram fundamentais na difusão 
do basquete em cadeira de rodas no Brasil e no mundo.
No ano seguinte à criação dos clubes de basquete 
em cadeira de rodas em solo nacional, o ginásio do 
Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, recebe a primeira 
competição formal da modalidade. Nela, participa-
ram os amigos Robson e Sérgio que defenderam os 
seus respectivos clubes.
O esporte adaptado só atingira o status de alto rendi-
mento no Brasil em 1969, com a nossa participação 
nos Jogos Pan-americanos em cadeira de rodas, 
em Buenos Aires, Argentina, sendo essa a primeira 
competição internacional do movimento paralímpico 
nacional. Três anos depois, em 1972, o Brasil foi re-
presentado pela primeira vez em uma Paralimpíada, 
por atletas da bocha. O evento aconteceu na cidade 
alemã de Heidelberg. Mesmo sem conquistarem me-
dalhas, esses atletas conseguiram uma façanha his-
tórica, não realizada por nenhum outro brasileiro até 
27
então: participar dos Jogos Paralímpicos e dar outra 
perspectiva para outras pessoas com deficiência.
Podcast 2 
Dois jovens com destinos parecidos deram início ao 
paradesporto nacional e se em 1972 os nossos atle-
tas deixaram as Paralimpíadas de mãos vazias, hoje 
podemos observar que a cada edição dos jogos cada 
vez mais paratletas brasileiros disputam em diferentes 
modalidades e, mais, conquistam medalhas e mar-
cas impressionantes. Na última edição dos Jogos 
Paralímpicos, sediada no Rio de Janeiro em 2016, o 
Brasil conquistou a oitava posição no ranking, com 72 
medalhas, sendo 14 ouros, 29 pratas e 29 bronzes.
Figura 7: Seguindo a tradição, o mascote “Tom” foi o símbolo que 
representou os Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro, 2016. O seu 
nome foi escolhido em votação popular em homenagem ao cantor 
brasileiro Tom Jobim. Fonte: Surtoolimpico
28
https://famonline.instructure.com/files/1053148/download?download_frd=1
https://www.surtoolimpico.com.br/2016/09/simbolos-paralimpicos-mascotes.htmlTais façanhas paralímpicas só foram possíveis com 
a criação do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), em 
1995, que possibilitou a ampliação e a visibilidade 
do paradesporto de alto rendimento. Além disso, 
graças a muito esforço, a legislação atual estabele-
ce o repasse de parte da arrecadação das loterias 
federais para os comitês olímpico e paralímpico, o 
que proporcionou ao paradesporto nacional avanços 
estruturais e técnicos.
O firmamento da atividade física e do esporte adap-
tados enquanto recursos de inclusão e saúde deman-
dou a formação de profissionais aptos a trabalha-
rem com essas práticas. A elaboração das Diretrizes 
Curriculares Nacionais para os cursos de graduação 
em Educação Física foi pensada justamente em aten-
der a essas necessidades, e hoje a disciplina que aqui 
estudamos é parte da grade curricular de todas as 
instituições de ensino.
Além da graduação, o ensino sobre o tema se esten-
de na forma da pesquisa científica e não são poucos 
os grupos que se dedicam a desenvolver novos co-
nhecimentos na área. É importante que o profissional 
esteja atento à pluralidade de pessoas que compõem 
a sociedade na qual ele está inserido. Pessoas com 
deficiência, pessoas com doenças crônicas, idosos, 
crianças, obesos, homens, mulheres... As variáveis 
são muitas e é preciso saber lidar com elas a fim de 
se proporcionar o melhor para esse aluno ou atleta.
29
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste conteúdo voltamos no tempo e constatamos 
como a pessoa com deficiência era notada e coloca-
da no passado. Chamamentos pejorativos, imagem 
de piedade, “castigos” divinos, perseguição, isola-
mento e morte.
Estudamos que o paradesporto e a atividade física 
adaptados foram frutos de episódios traumáticos, 
como duas grandes guerras. O esforço de um médico 
fez com que o esporte adaptado com o objetivo de 
reabilitar ex-soldados se tornasse um dos principais 
eventos esportivos do mundo, as Paralimpíadas.
No Brasil, também foram necessários trágicos acon-
tecimentos para que essa população fosse enxergue 
e pudesse praticar atividades físicas e esportes adap-
tados. Mas graças a dois jovens brasileiros, tratados 
e reabilitados nos Estados Unidos, o paradesporto 
pôde ser iniciado em nosso país.
O avanço do esporte adaptado exigiu novas deman-
das curriculares, de modo que o tema é abordado 
no curso de Educação Física para que você, hoje 
aluno e amanhã técnico ou professor, esteja pronto 
para lidar com atletas e alunos com deficiências, 
promovendo a inclusão e trabalhando de maneira 
segura e assertiva.
30
SÍNTESE
A CONTEXTUALIZAÇÃO DA ATIVIDADE 
FÍSICA E DO ESPORTE ADAPTADOS
 ATIVIDADES FÍSICAS E 
ESPORTES ADAPTADOS
Nomenclatura:
Histórico e contextualização:
 Grécia e Roma
• Atenção à nomenclatura quando for se reportar à uma pessoa com deficiência. Termos 
adequados: “pessoa com deficiência” e “pessoa sem deficiência” (nada de “especial” e 
“normal”).
• Morte e exploração de pessoas com deficiência;
• Depois, amparo com o surgimento do cristianismo em Roma.
 Idade Média
• Culpabilização das famílias, ideia de punição divina, clausura;
• A perseguição só não valia para os aristocratas, muitos frutos de relações entre 
familiares.
 Idade Moderna
• Diminuição da influência da Igreja;
• Incentivo às artes e à ciência;
• Revolução industrial requer força de trabalho: pessoas com deficiência passam a 
receber educação a fim de se tornarem operários;
• Muitos passam a ter deficiência por conta das péssimas condições de trabalho: 
fundamentais na luta por direitos trabalhistas.
 I Guerra Mundial
• Retorno de muitos combatentes com lesões e traumas: eles agora são pessoas com 
deficiência;
• Aprimoramento de próteses e órteses para esses homens;
• Início dos programas de reabilitação e atenção especializada.
 No Brasil
• Surto de poliomielite e prescrição da talidomida para gestantes;
• Robson Sampaio de Almeida e Sérgio Seraphim Del Grande: jovens brasileiros que após 
graves acidentes foram tratados em hospitais nos Estados Unidos e tiveram o primeiro 
contato com o esporte adaptado;
• Retorno ao Brasil e implementação do basquete em cadeira de rodas;
• Difusão da atividade física adaptada e o paradesporto;
• 1ª participação do Brasil nas Paralimpíadas: Munique, 1972;
• Criação do Comitê Paralímpico Brasileiro em 1995: maior estruturação dos 
campeonatos e modalidades;
• Última participação do Brasil nos Jogos Paralímpicos: Rio 2016, com 72 medalhas;
• Necessidade da formação de um novo profissional de Educação Física.
 II Guerra Mundial
• projeto do Holocausto: perseguição e morte de pessoas com deficiência;
• Alto número de jovens com sequelas do conflito;
• Inclusão do esporte como recurso terapêutico: ex-soldados pacientes do Dr. Ludwig 
Guttmann;
• 1ª competição entre pessoas com deficiência na Inglaterra (embrião das 
Paralimpíadas) também organizada pelo Dr. Ludwig Guttmann (1948);
• 1ª edição das Paralimpíadas em Roma (1960);
• Era moderna dos Jogos Paralímpicos de Seul (1988): união com o COI.
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07 maio 2020.
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	Introdução
	Para não errar mais: a nomenclatura adequada
	A deficiência ao longo da história: da Grécia Antiga aos dias de hoje
	O início da atividade física e do esporte adaptados
	A atividade física e o esporte adaptados no Brasil
	Considerações finais
	Síntese

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