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E-book 1 ATIVIDADES FÍSICAS E ESPORTES ADAPTADOS Ana Roberta Almeida Comin Neste E-Book: INTRODUÇÃO ����������������������������������������������������������� 3 PARA NÃO ERRAR MAIS: A NOMENCLATURA ADEQUADA ���������������������������4 A DEFICIÊNCIA AO LONGO DA HISTÓRIA: DA GRÉCIA ANTIGA AOS DIAS DE HOJE ��������� 7 O INÍCIO DA ATIVIDADE FÍSICA E DO ESPORTE ADAPTADOS ��������������������������������������� 14 A ATIVIDADE FÍSICA E O ESPORTE ADAPTADOS NO BRASIL ������������������������������������ 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS �����������������������������������30 SÍNTESE ���������������������������������������������������������������������31 2 INTRODUÇÃO Este e-book será o nosso ponto de partida para o estudo da atividade física e do esporte adaptado. Aqui você aprenderá questões fundamentais, como a maneira adequada de se reportar à pessoa com deficiência e de que maneira essa população foi no- tada ao longo da história. Essa viagem no tempo nos permitirá compreender o contexto em que surgiu a atividade física adaptada e o paradesporto, e a sua importância atualmente. 3 PARA NÃO ERRAR MAIS: A NOMENCLATURA ADEQUADA Pode parecer algo simples, mas a forma como trata- mos uns aos outros é o que nos aproxima ou afas- ta de alguém. Certamente você não gostaria de ser tratado por um nome diferente do seu ou, ainda, que o chamassem por apelidos pejorativos. Essa triste suposição, infelizmente, ainda é a realidade de muitas pessoas com deficiência. Ao longo deste e-book aprenderemos como essas pes- soas foram subjugadas, discriminadas e até mesmo mortas por conta de suas deficiências. É de se pensar que tamanha barbárie também se refletiu em diversos aspectos sociais e atingiu em cheio uma das capaci- dades básicas e inerentes ao homem: a linguagem. A terminologia acerca das pessoas com deficiência sempre foi permeada de preconceitos e estereótipos. No passado, termos como “inválidos”, “incapacitados”, “defeituosos” ou “aleijados” eram comuns. Não raro, e em um tempo não tão distante, essas pessoas tam- bém eram tratadas por outros termos igualmente de- sagradáveis e pejorativos, que focavam na deficiência e ignoravam por completo a pessoa (SASSAKI, 2014). Alguns, em uma tentativa de atenuar ou minimizar a questão, faziam o uso do diminutivo, referindo-se à pessoa com deficiência com palavras como “cegui- nho”, “mudinho” e por aí vai. Mais uma vez focando na deficiência e ignorando o indivíduo por trás dela. 4 Outra estratégia é tentar supervalorizar o indivíduo com termos como “pessoa especial”. Também há aqueles que se colocam como referência de “normal”. Tais nomenclaturas eram normalizadas e não havia reflexão em relação a esse e muitos outros assuntos. Por exemplo, a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), uma instituição de referência no tra- tamento e reabilitação de diversas formas de deficiência, no passado já se chamou Associação de Assistência à Criança Defeituosa (SASSAKI, 2003). Uma prova de reflexão e adequação linguística aos novos tempos. Somente na década de 1980 a Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs uma nova forma de se referir a essa população: pessoas com deficiência. Essa terminologia valoriza a pessoa e não a sua condição. REFLITA Imagine você ser uma pessoa bastante alta. Você tem um nome, mas todos insistem em te chamar o tempo todo de “Alto”, ignorando sua identida- de e te resumindo somente a uma característica sua. De certo não seria uma experiência positiva ou agradável. O mesmo se aplica à pessoa com deficiência. Ser chamado de “deficiente” reduz a pessoa somente àquela particularidade, valoriza uma característica e ignora a pessoa. Ainda assim, na Constituição Federal de 1988, a última promulgada em nosso país, para se referir à pessoa com 5 deficiência foi empregado o termo “portador de necessi- dades especiais” – um termo bastante inadequado por muitos motivos (SASSAKI, 2014). Primeiramente, você pode portar uma bolsa, um relógio e muitas outras coisas, que você usa e eventualmente tira ou guarda – o mesmo não dá para ser feito com uma característica do seu corpo. Ninguém fala “fulano é portador de olhos verdes”, “fulano” simplesmente os têm e convive com eles. Outra razão: o termo “necessidades especiais” dá sentido à ideia de que aquela pessoa deve ser tratada de forma diferente por não ser como as demais, o que implica em exclusão e preconceito (RIO GRANDE DO SUL, 2011). Atualmente, como termo mais adequado ao trato desse público, utilizamos “pessoa com deficiência” (PcD). É um termo abrangente, que antes de mencionar a defici- ência, coloca a pessoa que convive com ela em primeiro lugar. Essa terminologia, já proposta no passado pela ONU, foi resgatada e ganhou protagonismo a partir de junho de 1994, com a Declaração de Salamanca, que preconizou diretrizes básicas a serem implementadas na educação, de modo que ela promovesse a inclusão. Em um primeiro momento, pode ser que o termo “pes- soa com deficiência” cause estranheza ou possa soar rude, mas é importante termos a clareza de que “defi- ciência” não é sinônimo de doença ou incapacidade. Devemos estar atentos, enquanto cidadãos e profissio- nais, às demandas dessa população e estarmos aber- tos ao diálogo, à compreensão e à inclusão, de modo que sejam ouvidos e tenham acesso a direitos funda- mentais, além de uma vida mais igualitária socialmente. 6 A DEFICIÊNCIA AO LONGO DA HISTÓRIA: DA GRÉCIA ANTIGA AOS DIAS DE HOJE Para se entender a importância da atividade física e dos esportes adaptados é preciso que a gente ob- serve o passado para compreender como chegamos até aqui. Podemos afirmar, com toda a certeza, que estarmos no dia de hoje nos dedicando ao estudo e futuramente à prática profissional voltada a essa população é um grande privilégio, impensado para nossos antepassados. Tristemente, pessoas com deficiência tinham suas vidas ceifadas no passado. Seja por sobrevivência ou crença da época, muitos eram deliberadamente mortos ou abandonados para morrem sós. Na América pré-colonização, povos como os Chiricoa, que habitavam a região da Colômbia, migravam cons- tantemente, dadas as necessidades de sobrevivência, como busca por alimento e proteção. Nesses pro- cessos de mudança, levavam somente o que fos- se estritamente necessário, sendo assim, idosos, pessoas com doenças e pessoas com deficiências eram abandonadas à própria sorte no antigo local de morada (SILVA, 1986). Na contramão da sobrevivência, a questão da erradi- cação de pessoas com deficiência na Grécia Antiga estava ligada à supervalorização da beleza e da for- ça. Assim, crianças que ao nascer não correspondes- 7 sem ao padrão esperado e apresentassem algum tipo de deficiência eram logo mortas (PACHECO; ALVES, 2007). Muitas arremessadas do monte Taygetos por anciãos, na tentativa de agradar aos deuses e assim permitir à vida somente aqueles próximos da imagem do guerreiro ideal. Vale ressaltar que o monte possui aproximadamente 2.400m de altitude, o que signifi- ca uma queda fatal e um triste destino para essas crianças (REDAÇÃO DO VIDA MAIS LIVRE, 2017). Se na região de Esparta possuir uma deficiência era uma sentença de morte, em Atenas, em um ato de tentativa de reparação, especialmente soldados fe- ridos e mutilados em batalhas, pessoas eram prote- gidas pelo Estado (PACHECO; ALVES, 2007). Os ideais gregos de beleza e força continuaram presentes mesmo após o declínio da sua civiliza- ção. Nesse sentido, os romanos foram fortemente influenciados pelas ideias e preceitos que os gregos acreditavam. Em um primeiro momento, crianças recém-nascidas que fossem constatadas com algum tipo de deficiên- cia eram mortas por afogamento conforme previsto na lei vigente da época. Aqueles que não eram mor- tos eram abandonados à sorte e os que sobreviviam eram fadados a uma vida de miséria e exploração, forçados a pedirem esmolas (SILVA, 1986). O Império Romano em seu apogeu estendeu seus domíniospela Europa, Ásia e África. Naturalmente, é de se pensar que essa vastidão territorial foi fruto de muitas guerras que, como saldo, levaram muitos 8 soldados à condição de pessoa com deficiência, graças a ferimentos, mutilações e amputações em campos de batalha. Ao contrário das crianças com deficiência, que logo ao nascer perdiam o direito à vida, esses soldados encontravam o amor e a caridade graças ao surgi- mento de uma nova religião: o cristianismo. Com essa nova crença, as pessoas com deficiência ganham o status de “possuidores de alma”, matá-los não é considerado algo aceitável e os seus cuidados passam a ser assegurados pelas famílias e a igre- ja. Nesse contexto, surgem hospitais dedicados a atendê-los, embora o conceito de “inclusão” estivesse longe de ser praticado (PACHECO; ALVES, 2007). Se no Império Romano as pessoas com deficiência encontraram compaixão e solidariedade, as coisas mudaram com a chegada da Idade Média. A agora estabelecida e estruturada Igreja Católica Apostólica Romana passa a influenciar fortemente a cultura, a política, a sociedade e as suas condutas. É determi- nada a figura de um deus onisciente, onipresente e onipotente, ou seja, que tudo sabe, tudo vê e que em tudo está presente. Sendo assim, essa figura divi- na tem como função vigiar e punir aqueles que não estivessem de acordo com os preceitos religiosos impostos pela igreja. Nesse período, a ciência não possuía espaço e todo e qualquer fato era explicado por meio de for- ças ocultas, possessões e poderes sobrenaturais. Deficiências, doenças e fatos não compreendidos 9 eram vistos como punições divinas. Dessa forma, pessoas com deficiência passam a ser discriminadas socialmente e perseguidas. Marginalizadas, restava a elas uma vida de miséria e exclusão. Figura 1: Detalhe do quadro “O triunfo da morte”, de Pieter Bruegel (1562), que retrata a chamada “Peste Negra” e a morte na forma de seres sombrios.Fonte: lavozdegalicia Curiosamente, ao longo da história, muitas figuras im- portantes como reis e grandes pensadores possuíam deficiência, porém a perseguição e a marginalização não se aplicava a eles por pertencerem à aristocra- cia. Parte desse fenômeno se deve aos casamentos consanguíneos, isto é, entre tios e sobrinhas, tias e sobrinhos, pais e filhos, irmãos etc. Algumas obras de arte hoje nos dão pistas de que pessoas com alterações genéticas considerá- veis ocuparam importantes posições no passado, sem que sofressem o mesmo que o restante da população. 10 https://www.lavozdegalicia.es/noticia/vigo/baiona/2017/09/19/llega-baiona-muerte-negra/0003_201709V19C6991.htm# Figura 2: O rei espanhol Carlos II, retratado por Juan Carreño de Miranda (por volta de 1680). O monarca foi fruto de um casamento endogâmico entre tio e sobrinha.Fonte: Elpais Passado esse período de obscurantismo, veio a cha- mada Idade Moderna, em oposição a tudo que fora vivido até ali. Lançou-se luz sobre a ciência e as ar- tes. Uma nova forma de viver estava acontecendo. A pesquisa científica passou a tomar corpo e os fenô- menos e doenças já não eram mais justificados como castigos de Deus ou possessões. Dogmas religiosos passam a ser contestados. Sendo assim, as defici- ências passam a ser reconhecidas como questões médicas e não mais como questões de fé ou moral. Técnicas cirúrgicas de amputação são aprimoradas e são desenvolvidos métodos de comunicação para pessoas com surdez. Hospitais e asilos precários, sem o menor tipo de tratamento adequado, passam a dar lugar às instituições de assistência especializada. 11 https://brasil.elpais.com/brasil/2019/12/01/internacional/1575223818_870420.html É nesse período histórico que acontece a primeira Revolução Industrial, ou seja, a produção manufatura- da começa a ser abandonada e dar lugar às grandes fábricas, o que demandava força de trabalho e mão de obra operária. Essa mudança abrupta da forma de produção e de grandes transformações socioeconômicas requer que pessoas sejam educadas para que possam ser consideradas “produtivas” e “úteis” nas linhas de produção das indústrias. A necessidade de mão de obra faz com que a população com deficiência seja vista como potencialmente capaz de executar tais tarefas (MAZZOTTA; SOUZA, 2000). Assim, observa-se um período voltado para a edu- cação das pessoas com deficiência, em que novas técnicas, adaptações e programas de ensino são estabelecidos. Muitos deles são mantidos até os dias de hoje, embora tenham sofrido reformulações, aperfeiçoamentos e mudanças para a adequação das demandas atuais. Apesar desses avanços, socialmente essa população continuou a ser segregada, uma vez que, embora inseridas no contexto da Revolução Industrial, as pessoas com deficiência eram tidas como “menos capazes” ou ainda “menos eficientes”. Vale ressaltar-se que foi nesse contexto que surgiram as primeiras reivindicações e leis trabalhistas, dadas as condições precárias de trabalho, cargas horárias extenuantes de 16 horas para adultos e 12 horas para crianças, além de muitos feridos e pessoas com 12 sequelas por conta de acidentes em fábricas. Essas pessoas, agora com deficiência por conta do traba- lho, foram fundamentais na luta por esses direitos (PESSOA; ANDRADE, 2014). No passado, as relações entre países e povos eram bastante sensíveis e não havia grandes instrumen- tos diplomáticos que evitassem guerras e conflitos. Dessa forma, o século 20 vivenciou duas guerras mundiais e ameaças de bombas nucleares. Como saldo, deixou mortos e feridos por toda a parte, o que serviu de catalisador para o desenvolvimento da reabilitação e, mais tarde, da atividade física e do esporte adaptado. 13 O INÍCIO DA ATIVIDADE FÍSICA E DO ESPORTE ADAPTADOS A Primeira Guerra Mundial foi um conflito que envol- veu diversos países europeus e durou de 1914 até 1918. Estima-se que aproximadamente 17 milhões de soldados e civis perderam a vida durante esse triste episódio e inúmeros ficaram gravemente feridos. Se antes esses jovens soldados lutavam bravamente em trincheiras, muitos ao retornarem aos seus países voltaram com o estigma da deficiência adquirida em combate, e algo deveria ser feito por eles. Somente na França, retornaram 300 mil homens classificados agora como “inválidos” e 80 mil na Alemanha. É me- diante essa necessidade que o conceito da reabilita- ção passa a surgir (PESSINI et al., 2008). Antes desse cenário era impensado que um indiví- duo classificado como “inválido” pudesse realizar inúmeras atividades ou ter uma vida plena. A muitos restava somente alguns poucos postos de trabalho ou, ainda, a caridade. A economia dos países envolvidos no conflito estava arruinada, não sendo possível reparar financeiramen- te esses soldados agora com deficiências. Restava a eles serem integrados de alguma forma à recons- trução de seus países de origem. Isso foi permitido graças ao desenvolvimento de próteses, inclusive faciais (ARAÚJO, 2017). 14 Figura 3: Soldado com prótese facial. Fonte: Mdig SAIBA MAIS Dadas as condições da medicina à época e o tra- balho dos médicos nos fronts de batalha, levava- -se dias para que os feridos fossem operados. No caso, muitas lesões ósseas calcificavam de modo inadequado, gerando sérios problemas, o que era agravado quando se tratava dos ossos da face. Muitos sofreram com sequelas faciais que, além da dor, geravam curiosidade e espanto. Nesse ce- nário, uma escultora se destacou, dedicando-se a produzir próteses faciais para esses soldados. Vale procurar pelo trabalho e a obra da norte-americana Anna Coleman Ladd. O trabalho visando à reabilitação e à confecção de próteses reverbera até os dias atuais. Se, por um lado, a questão da deficiência ganha novos ares, os 15 https://www.mdig.com.br/index.php?itemid=42371 envolvidos na guerra a encerram e é assinado o tra- tado de Versalhes. O fim da Primeira Guerra e a assinatura desse tratado deixaram questões e feridas abertas, sobretudo no orgulhoda nação germânica, que mais tarde levaria a um conflito muito maior e muito mais mortal: a Segunda Guerra Mundial. Como se o saldo de mortos e pessoas agora com deficiência não fosse o bastante, o mundo experi- mentou outra guerra em proporções ainda maiores apenas 21 anos depois da primeira. A ascensão do nazismo e a perseguição e extermínio judeu foram parte de um projeto meticuloso, arquite- tado anos antes do início da guerra. Alguém deveria servir de cobaia para a monstruosidade que estava por vir. Nessa época, dada a pobreza e a devastação dei- xadas pela Primeira Guerra, era comum que famí- lias inteiras se dedicassem ao trabalho de modo extenuante, o que impossibilitava o cuidado direto de pessoas com deficiência que necessitassem de maior assistência. Não raro, esses indivíduos eram mandados por seus familiares para instituições e hospitais para que lá morassem. O embrião do Holocausto, que vitimou mais de 6 mi- lhões de judeus pela Europa, foi o chamado “Aktion T4”, que tinha como objetivo limar doentes e pessoas com deficiências físicas e mentais, considerados como indignos pelos nazistas. Segundo Hitler, “tem- 16 pos de guerra são os melhores momentos para se eliminar os doentes incuráveis”. Entre os anos de 1940 e 1941, cerca de 70 mil pesso- as tidas como “indignas” foram mortas na Alemanha, em colaboração com médicos e profissionais da saú- de, que tinham como compromisso não mais a vida, mas sim colaborar com um plano torpe de morte. Muitos foram mortos por overdose de medicamen- tos, abandono, asfixia e inanição, especialmente os doentes e as pessoas com deficiência mental, que em particular eram deixados para morrer de fome (BBC, 2017; UNITED STATES HOLOCAUST MEMORIAL MUSEUM, 2020). A morte por fome nos persegue, e ninguém sabe quem será o próximo. Antes, as pesso- as aqui eram mortas mais rapidamente, e os corpos eram levados para serem queimados durante a madrugada. Mas eles enfrentavam resistência dos moradores locais. Então, ago- ra, simplesmente nos deixam morrer de fome (Ernst Putzki, paciente em um dos hospitais alemães em que se operou o Aktion T4 em carta para sua mãe. Ela nunca a recebeu). Uma das demandas que uma guerra traz consigo é a necessidade (ainda que forçada) de desenvolvimento em diferentes áreas. Nesse sentido, surgem novas tecnologias, drogas e perspectivas. 17 A atividade física e os esportes adaptados foram os meios encontrados por muitos governos para que ex-combatentes, agora pessoas com deficiência, tivessem qualidade de vida e minimizassem os hor- rores vividos na guerra (CARDOSO, 2011). Com a ascensão do nazismo na Alemanha, e ven- do a perseguição aos seus semelhantes, o médico Ludwig Guttmann imigra junto de sua família rumo à Inglaterra, na tentativa de terem suas vidas poupadas e assim poderem reconstruí-las neste novo país. O doutor Guttmann era um talentoso neurocirurgião e encontrou suporte na Inglaterra, que, reconhecendo o currículo e a experiência do médico, convidou-o para montar o primeiro hospital especializado em trata- mento de soldados com amputações e paralisias. O objetivo principal das autoridades britânicas era preparar um local adequado para receber soldados feridos no ataque do Dia D, um episódio dramático da Segura Guerra, no qual aproximadamente 150 mil soldados de diferentes nacionalidades desembarca- ram na França, na tentativa de recuperar o controle do país dominado pelos alemães. Em plena guerra, o governo britânico indicou Guttmann para o cargo de diretor geral do primeiro Centro de Reabilitação para Pacientes com Lesões na Medula Espinhal, no Hospital de Stoke Mandeville. O médico aceitou, porém com a condição de que queria autonomia para operacionalizar as suas ideias, o que para alguns era uma completa loucura e para outros uma forma de trabalhar revolucionária. 18 Figura 4: Sir Ludwig Guttmann. O médico foi condecorado com o título de sir, uma honraria da realeza britânica em reconhecimento aos seus feitos. Fonte: Nature À época, a conduta médica para pessoas com para- plegia ou tetraplegia se resumia à sedação ou per- manência em leitos hospitalares, porém o doutor Guttmann acreditava que era possível ir além. O médico incluiu na rotina de seus pacientes o espor- te e a atividade física adaptados, como um comple- mento das sessões de fisioterapia. Doutor Guttmann tinha como objetivo promover o fortalecimento da musculatura e melhorar a coordenação motora, a velocidade e a resistência. Além dos ganhos motores, a atividade física ainda in- fluía positivamente nos aspectos psicológicos, uma vez que muitos de seus pacientes enfrentavam os traumas 19 https://www.nature.com/articles/sc2012109 da guerra e problemas de autoestima por agora possu- írem um corpo diferente do que tinham. Para o visioná- rio neurocirurgião, o esporte ajudava a desenvolver a competitividade, a autodisciplina e o companheirismo – características importantes para a reintegração des- ses pacientes à sociedade (MORASHÁ, 2012). No ano de 1948, três anos após o fim da guerra, o doutor Guttmann organizou um pequeno campeonato entre os pacientes de seu hospital. Nesse ponto, o esporte evolui de recreação para competição. A ideia principal era promover o esporte adaptado e a sociali- zação dessas pessoas. Dezesseis militares inscritos, entre homens e mulheres com algum tipo de lesão, participaram do torneio de tiro com arco em cadeiras de rodas. Sem saber, o doutor Guttmann havia planta- do a semente do que viria a ser, mais tarde, os Jogos Paralímpicos. O evento recebeu o nome de Jogos de Stoke Mandeville e aconteceu juntamente com os Jogos Olímpicos de Londres, sem que um evento ti- vesse a menor ligação com o outro (MORASHÁ, 2012). Podcast 1 Vale lembrar-se que estamos falando de um período histórico no qual os conceitos de globalização, inter- net e redes sociais estavam longe de ser realidade. Nessa época, as notícias corriam muito mais len- tamente e foi só em 1952 que outras pessoas com deficiência manifestaram interesse em participar do evento do doutor Guttmann. Nesse ano, militares 20 https://famonline.instructure.com/files/1053147/download?download_frd=1 holandeses aderiram ao movimento e os Jogos de Stoke Mandeville se tornaram de fato internacionais. Doze anos após os Jogos de Stoke Mandeville, aque- le pequeno evento deixou os limites do hospital do doutor Guttmann para ganhar o mundo: oficialmente acontece a primeira edição dos Jogos Paralímpicos na cidade de Roma, na Itália, com a participação de 400 inscritos, de 23 países. A competição aconteceu na sequência dos tradicionais Jogos Olímpicos. Quiseram os nazistas acabar com judeus e pessoas com deficiência, e poucos anos depois justamente um homem de origem judaica criou a versão adaptada do torneio esportivo mais importante do mundo, permitin- do que pessoas com deficiência brilhassem aos olhos do mundo. Uma grande ironia ou reparação do destino. Figura 5: Desfile dos paratletas na primeira edição dos Jogos Paralímpicos na cidade de Roma, em 1960. Fonte: Terra A entrada das Paralimpíadas para o calendário dos principais eventos desportivos no mundo ainda ti- 21 https://www.terra.com.br/esportes/jogos-olimpicos/2016/superacao/paralimpiadas-o-maior-evento-de-superacao-do-planeta,fb447feb725d942803663a88908e0863ksm2j2d2.html nha um problema: a inclusão e a acessibilidade dos atletas. Nessa época, o espaço físico onde os jogos seriam realizados não possuía nenhum tipo de adap- tação ou estrutura pensada para atletas cadeirantes ou com qualquer outra deficiência. Logo, tudo se tornava muito mais difícil. A chamada “era moderna” dos Jogos Paralímpicos foi iniciada em 1988 com os jogos de Seul. Nesse ano, acontece a união com o Comitê Olímpico Internacional (COI) e as Paralimpíadas passam a seguir os mol- des que conhecemos hoje, com maior estruturação, acessibilidade e melhores condições para os atle- tas. Também foi estabelecida a criação doComitê Paralímpico Internacional (CPI) e, dessa forma, as or- ganizações passaram a trabalhar de maneira conjunta. A última edição do evento contou com 4.500 paratle- tas vindos de 176 países e foi sediado pela primeira vez no continente sul-americano. O Brasil recebeu os jogos na cidade do Rio de Janeiro. Para chegarmos a esse momento, foi preciso que a sociedade e a tecnologia sofressem profundas transformações. A adequação às mudanças dos novos tempos fez com que pessoas com deficiência saíssem da invisibilidade para o protagonismo no esporte, mas ainda há muito o que ser feito. Vimos que mundialmente grandes eventos como guerras e conflitos serviram como força motriz para o desenvolvimento da reabilitação, da produção de próteses e posteriormente da atividade física e o esporte adaptados. Mas, e no Brasil? 22 A ATIVIDADE FÍSICA E O ESPORTE ADAPTADOS NO BRASIL Infelizmente, em nosso país não foi diferente. Foi preciso que tristes acontecimentos se sucedessem para que saíssemos da inércia e passássemos a pensar na atividade física e no esporte para a pessoa com deficiência. Até a década de 1950, a América do Sul enfrentou graves ondas de contágio de poliomielite, conhecida popularmente por “paralisia infantil”. A doença de causa viral, inicialmente causa febre e outros sinto- mas inespecíficos. Em uma noite, a criança ia dormir com uma leve febre e em poucas horas estava em um quadro grave de saúde. Muitas nunca mais puderam se locomover como antes, dadas as consequências da doença (DURANTE; POZ, 2014). SAIBA MAIS Em tempos de corrida por uma vacina contra a covid-19, vale conhecer a obra do médico e pes- quisador polonês Albert Sabin. Ele foi o respon- sável pela criação da vacina contra a poliomielite, a famosa “gotinha”, no início dos anos 1960. O médico, em um ato de altruísmo, renunciou aos direitos de patente da vacina que criou para que todos tivessem acesso a ela. 23 Alguns anos depois, essa geração foi ainda marcada pelo nascimento de bebês acometidos pelas graves consequências da talidomida. Esse medicamento levou à má formação de milhares de crianças pelo mundo, especialmente no Brasil. A talidomida é uma droga que ainda se faz presente na farmacologia atual, porém com uma legislação específica que impede a sua comercialização indis- criminada ou desassistida, em particular quando se trata de pacientes do sexo feminino em idade reprodutiva. A sua prescrição é indicada atualmente para hanseníase e outras doenças, em casos espe- cíficos. Tudo avaliado e acompanhado com muito critério. No entanto, no passado não havia esse tipo de informação e a talidomida era indicada sobretudo para mulheres grávidas com o intuito de evitar os enjoos matinais. Ao nascerem, os bebês apresentavam graves defor- midades congênitas, caracterizadas pelo encurta- mento dos ossos longos dos membros superiores e/ou inferiores, com ausência total ou parcial das mãos, pés e/ou dos dedos. Em cerca de 25% dos casos, ocorria o acometimento simultâneo e assimé- trico dos quatro membros, um quadro que se passou a ser denominado como focomelia. Estima-se que entre 10 mil a 15 mil bebês tenham sido afetados mundialmente (OLIVEIRA; BERMUDEZ; SOUZA, 1999). 24 Figura 6: Capa do jornal Folha de São Paulo destacando os bebês vítimas da talidomida, no ano de 1962. Fonte: Revistahcsm A falta de resposta da ciência para certas questões, junto à dificuldade de acesso aos serviços de saúde e políticas públicas voltadas para ela, formaram uma geração de brasileiros que passaram a ter deficiên- cias, fossem elas congênitas, como no caso da tali- domida, ou adquiridas, como aqueles que contraíram a poliomielite. Esses fatos serviram de propulsores para as mudanças que estavam por vir. Quase uma década antes da descoberta da vacina contra a poliomielite, dois jovens brasileiros sofrem acidentes que vão definir a implementação da ativi- 25 http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/a-tragedia-da-talidomida-e-a-luta-por-direitos-e-regulacao/ dade física adaptada e o paradesporto no Brasil e dar um novo rumo para as pessoas com deficiência. Um deles, Robson Sampaio de Almeida, alagoano que residia na capital carioca, sofre um grave acidente durante uma viagem aos Estados Unidos no início dos anos 1950. Como consequência, Robson se torna cadeirante e acaba ficando no país, a fim de fazer o seu tratamento e reabilitação. O outro, Sérgio Seraphim Del Grande, no ano seguinte, sofre uma lesão durante uma partida de futebol na escola. O acidente faz com que o garoto paulistano perca o movimento de seus membros inferiores e sua família o envia para os Estados Unidos, país que na época estava à frente de muitos no quesito tra- tamento e reabilitação de pessoas com deficiência. Além do destino em comum, esses dois garotos tam- bém compartilhavam um conhecimento ainda não difundido no Brasil: a prática do esporte adaptado. Sérgio e Robson conheceram o basquete em cadeira de rodas enquanto eram tratados em hospitais norte- -americanos e trouxeram a novidade ao retornarem ao Brasil. Nos Estados Unidos, o esporte adaptado já era pra- ticado e estimulado pelo grupo Paralyzed Veterans of America (PVA), que inclusive organizava equipes de basquetebol em cadeira de rodas e as primeiras competições de atletismo e natação. A história do esporte adaptado e a atividade física tive- ram início em nosso país no ano de 1958, quando Sérgio 26 e Robson fundam dois clubes de desporto em cadeira de rodas, um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro. O start para a difusão e estruturação do paradesporto pela dupla veio um ano antes, depois de assistirem às apresentações da equipe de basquete americana Pan- Am-Jets, formada por funcionários com deficiência da extinta companhia aérea Panamerican Airlines, a PAN- AM. A equipe percorreu o Brasil e fez apresentações na cidade de São Paulo. Os Pan-Am-Jets realizavam parti- das como os Harlem Globetrotters, um time conhecido por suas apresentações performáticas e manobras com a bola de basquete, e foram fundamentais na difusão do basquete em cadeira de rodas no Brasil e no mundo. No ano seguinte à criação dos clubes de basquete em cadeira de rodas em solo nacional, o ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, recebe a primeira competição formal da modalidade. Nela, participa- ram os amigos Robson e Sérgio que defenderam os seus respectivos clubes. O esporte adaptado só atingira o status de alto rendi- mento no Brasil em 1969, com a nossa participação nos Jogos Pan-americanos em cadeira de rodas, em Buenos Aires, Argentina, sendo essa a primeira competição internacional do movimento paralímpico nacional. Três anos depois, em 1972, o Brasil foi re- presentado pela primeira vez em uma Paralimpíada, por atletas da bocha. O evento aconteceu na cidade alemã de Heidelberg. Mesmo sem conquistarem me- dalhas, esses atletas conseguiram uma façanha his- tórica, não realizada por nenhum outro brasileiro até 27 então: participar dos Jogos Paralímpicos e dar outra perspectiva para outras pessoas com deficiência. Podcast 2 Dois jovens com destinos parecidos deram início ao paradesporto nacional e se em 1972 os nossos atle- tas deixaram as Paralimpíadas de mãos vazias, hoje podemos observar que a cada edição dos jogos cada vez mais paratletas brasileiros disputam em diferentes modalidades e, mais, conquistam medalhas e mar- cas impressionantes. Na última edição dos Jogos Paralímpicos, sediada no Rio de Janeiro em 2016, o Brasil conquistou a oitava posição no ranking, com 72 medalhas, sendo 14 ouros, 29 pratas e 29 bronzes. Figura 7: Seguindo a tradição, o mascote “Tom” foi o símbolo que representou os Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro, 2016. O seu nome foi escolhido em votação popular em homenagem ao cantor brasileiro Tom Jobim. Fonte: Surtoolimpico 28 https://famonline.instructure.com/files/1053148/download?download_frd=1 https://www.surtoolimpico.com.br/2016/09/simbolos-paralimpicos-mascotes.htmlTais façanhas paralímpicas só foram possíveis com a criação do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), em 1995, que possibilitou a ampliação e a visibilidade do paradesporto de alto rendimento. Além disso, graças a muito esforço, a legislação atual estabele- ce o repasse de parte da arrecadação das loterias federais para os comitês olímpico e paralímpico, o que proporcionou ao paradesporto nacional avanços estruturais e técnicos. O firmamento da atividade física e do esporte adap- tados enquanto recursos de inclusão e saúde deman- dou a formação de profissionais aptos a trabalha- rem com essas práticas. A elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física foi pensada justamente em aten- der a essas necessidades, e hoje a disciplina que aqui estudamos é parte da grade curricular de todas as instituições de ensino. Além da graduação, o ensino sobre o tema se esten- de na forma da pesquisa científica e não são poucos os grupos que se dedicam a desenvolver novos co- nhecimentos na área. É importante que o profissional esteja atento à pluralidade de pessoas que compõem a sociedade na qual ele está inserido. Pessoas com deficiência, pessoas com doenças crônicas, idosos, crianças, obesos, homens, mulheres... As variáveis são muitas e é preciso saber lidar com elas a fim de se proporcionar o melhor para esse aluno ou atleta. 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste conteúdo voltamos no tempo e constatamos como a pessoa com deficiência era notada e coloca- da no passado. Chamamentos pejorativos, imagem de piedade, “castigos” divinos, perseguição, isola- mento e morte. Estudamos que o paradesporto e a atividade física adaptados foram frutos de episódios traumáticos, como duas grandes guerras. O esforço de um médico fez com que o esporte adaptado com o objetivo de reabilitar ex-soldados se tornasse um dos principais eventos esportivos do mundo, as Paralimpíadas. No Brasil, também foram necessários trágicos acon- tecimentos para que essa população fosse enxergue e pudesse praticar atividades físicas e esportes adap- tados. Mas graças a dois jovens brasileiros, tratados e reabilitados nos Estados Unidos, o paradesporto pôde ser iniciado em nosso país. O avanço do esporte adaptado exigiu novas deman- das curriculares, de modo que o tema é abordado no curso de Educação Física para que você, hoje aluno e amanhã técnico ou professor, esteja pronto para lidar com atletas e alunos com deficiências, promovendo a inclusão e trabalhando de maneira segura e assertiva. 30 SÍNTESE A CONTEXTUALIZAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA E DO ESPORTE ADAPTADOS ATIVIDADES FÍSICAS E ESPORTES ADAPTADOS Nomenclatura: Histórico e contextualização: Grécia e Roma • Atenção à nomenclatura quando for se reportar à uma pessoa com deficiência. Termos adequados: “pessoa com deficiência” e “pessoa sem deficiência” (nada de “especial” e “normal”). • Morte e exploração de pessoas com deficiência; • Depois, amparo com o surgimento do cristianismo em Roma. Idade Média • Culpabilização das famílias, ideia de punição divina, clausura; • A perseguição só não valia para os aristocratas, muitos frutos de relações entre familiares. Idade Moderna • Diminuição da influência da Igreja; • Incentivo às artes e à ciência; • Revolução industrial requer força de trabalho: pessoas com deficiência passam a receber educação a fim de se tornarem operários; • Muitos passam a ter deficiência por conta das péssimas condições de trabalho: fundamentais na luta por direitos trabalhistas. I Guerra Mundial • Retorno de muitos combatentes com lesões e traumas: eles agora são pessoas com deficiência; • Aprimoramento de próteses e órteses para esses homens; • Início dos programas de reabilitação e atenção especializada. No Brasil • Surto de poliomielite e prescrição da talidomida para gestantes; • Robson Sampaio de Almeida e Sérgio Seraphim Del Grande: jovens brasileiros que após graves acidentes foram tratados em hospitais nos Estados Unidos e tiveram o primeiro contato com o esporte adaptado; • Retorno ao Brasil e implementação do basquete em cadeira de rodas; • Difusão da atividade física adaptada e o paradesporto; • 1ª participação do Brasil nas Paralimpíadas: Munique, 1972; • Criação do Comitê Paralímpico Brasileiro em 1995: maior estruturação dos campeonatos e modalidades; • Última participação do Brasil nos Jogos Paralímpicos: Rio 2016, com 72 medalhas; • Necessidade da formação de um novo profissional de Educação Física. II Guerra Mundial • projeto do Holocausto: perseguição e morte de pessoas com deficiência; • Alto número de jovens com sequelas do conflito; • Inclusão do esporte como recurso terapêutico: ex-soldados pacientes do Dr. Ludwig Guttmann; • 1ª competição entre pessoas com deficiência na Inglaterra (embrião das Paralimpíadas) também organizada pelo Dr. Ludwig Guttmann (1948); • 1ª edição das Paralimpíadas em Roma (1960); • Era moderna dos Jogos Paralímpicos de Seul (1988): união com o COI. Referências Bibliográficas & Consultadas ARAÚJO, M. de. Próteses na cultura do período en- tre guerras: uma investigação sobre as origens do debate filosófico sobre “aprimoramento humano”. Prometeus Filosofia, Rio de Janeiro, v. 10, n. 23, p. 267-298, jun. 2017. BBC (ed.). Pessoas com deficiências físicas e mentais: as vítimas ‘esquecidas’ do nazismo. 2017. Disponível em: https://www.bbc.com/por- tuguese/internacional-38777464. Acesso em: 07 maio 2020. CANALES, L. K. 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