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UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DOM BOSCO - UNDB CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DIÓGENES CARVALHO TÔRRES ANÁLISE DA DEPRECIAÇÃO DO ORÇAMENTO EM OBEDIÊNCIA A LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO): um estudo de caso da obra Residencial Jomar Moraes São Luís 2018 DIÓGENES CARVALHO TÔRRES ANÁLISE DA DEPRECIAÇÃO DO ORÇAMENTO EM OBEDIÊNCIA A LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO): um estudo de caso da obra Residencial Jomar Moraes Monografia parcial apresentada ao Curso de Graduação em Engenharia Civil, da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB, como requisito para obtenção da primeira nota (P1) da disciplina de TCC II. Orientador: Prof. Esp. Murilo Reis São Luís 2018 DIÓGENES CARVALHO TÔRRES ANÁLISE DA DEPRECIAÇÃO DO ORÇAMENTO EM OBEDIÊNCIA A LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO): um estudo de caso da obra Residencial Jomar Moraes Monografia parcial apresentada ao Curso de Graduação em Engenharia Civil, da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB, como requisito para obtenção da primeira nota (P1) da disciplina de TCC II. Orientadora: Prof. Esp. Murilo Reis. Aprovado em ____/____/_____ BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Prof. Esp. Murilo Reis (Orientador) Unidade de Ensino Superior Dom Bosco - UNDB __________________________________________________ 1º Examinador Unidade de Ensino Superior Dom Bosco - UNDB __________________________________________________ 2º Examinador Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB Torres, Diógenes Carvalho Análise da depreciação do orçamento em obediência a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): um estudo de caso da obra Residencial Jomar Moraes. /Diógenes Carvalho Tôrres.__ São Luís, 2018. 222f. Orientador (a): José Murilo Moura dos Reis. Monografia (Graduação em Engenharia Civil) - Curso de Engenharia de Civil - Unidade de Ensino Superior Dom Bosco. l. Orçamentação 2. Reajuste 3. Pagamentos I. Título Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. 2 Tm 4:6 AGRADECIMENTOS É inevitável citar o nome de Deus em meus agradecimentos, pois ele sempre se fez presente e o que seria de mim sem a fé que tenho nele. É muito difícil encontrar palavras que consigam expressar realmente o que eu quero dizer e da mesma forma é muito difícil lembrar o nome de todos aqueles que merecem o meu agradecimento. Por isso, a todos aqueles que do seu modo, desde um simples aperto de mão ou um sorriso, ajudaram com o seu companheirismo a minha trajetória até aqui. A todos da Construtora Escudo pela parceria e contribuição na construção desta nova carreira Aos meus pais, pelo amor, educação e formação que me deram. A minha madrinha, Cely, que enquanto esteve viva, foi o meu alicerce e minha segunda mãe. Ao meu irmão pelo companheirismo e pela alegria de tê-lo sempre ao meu lado. A minha esposa, Talyta, que soube ser paciente nos momentos em que tive de me fazer ausente. A minha filha, Maria Clara, que hoje é o que mais importa e quem faz valer a pena qualquer sacrifício sem me fazer medir esforços. Aos meus amigos, que na maior parte das vezes ajudaram nessa trajetória. A todos os professores da UNDB que foram muito importantes na minha formação acadêmica, em especial a Professor Murilo Reis, que dentro das suas possibilidades e do seu profissionalismo impecável, soube me orientar apesar das minhas dificuldades. Estou agradecendo agora e serei sempre grato a todos. RESUMO O desenvolvimento das atividades na construção civil é visto como um reflexo do desenvolvimento e um indicador do crescimento de um país, ao mesmo tempo a construção civil é influenciadora da economia e influenciada pela mesma. De fato é um setor que gera muita renda para a nação acompanhada de desenvolvimento social. Em virtude do desenvolvimento, se faz necessário que aconteçam as obras financiadas pelos governos e neste cenário é preciso que sejam cumpridas as leis existentes. Neste trabalho será analisado o orçamento de uma obra de grande porte com prazo de execução superior a dois anos a qual recebeu os pagamentos de suas medições com o preço original licitado congelado por todo este período, sem qualquer tipo de reajuste, obedecendo as leis e os contratos firmados com os contratantes. Este estudo de caso não tem a intenção de questionar a legislação e tampouco julgá-la, mas procura dimensionar o quanto é onerado nos custos de uma empresa ao se assumir esse tipo de compromisso. Aqui são adotadas duas metodologias de reajuste de preço para serem aplicadas ao decorrer da obra de acordo com o pedido de medições, a primeira metodologia utiliza a atualização dos preços aplicando os índices do INCC disponibilizados pela Fundação Getúlio Vargas e a segunda metodologia faz a atualização adotando os preços da tabela SINAPI disponibilizados no site da Caixa Econômica Federal. Dessa forma foram encontrados três valores distintos que representam o valor pago ao final da execução e os valores corrigidos após a incidência dos reajustes consecutivos e ao final observou-se que os valores encontrados com a aplicação dos índices do INCC foram superiores aos valores reajustados pelo SINAPI. Palavras-chave: Orçamentação. Reajuste. Pagamentos. ABSTRACT The development of civil construction activities is seen as a reflection of development and an indicator of the growth of a country, while civil construction is influencing the economy and influenced by it. In fact it is a sector that generates a lot of income for the nation accompanied by social development. Due to development, it is necessary that works financed by governments take place and in this scenario it is necessary to comply with existing laws. This work will analyze the budget of a large construction project with an execution period of more than two years, which received the payments of its measurements with the original bid price frozen for the whole period, without any adjustment, obeying the laws and regulations. contracts with the contractors. This case is not intended to question legislation or judge it, but seeks to measure how much it is burdened on a firm's costs by undertaking such a commitment. Here two price readjustment methodologies are adopted to be applied throughout the work according to the request for measurements, the first methodology uses the update of the prices applying the INCC indices provided by the Getúlio Vargas Foundation and the second methodology makes the update adopting the prices of the SINAPI table available on the Caixa Econômica Federal website. In this way, three distinct values were found that represent the value paid at the end of the execution and the values corrected after the incidence of the consecutive readjustments and at the end it was observed that the values found with the application of the INCC indexes were higher than the values readjusted by SINAPI . Keywords: Budgeting. Readjustment. Payments. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Composição de um insumo ................................................. 34 Figura 2 – Objetivo do PAC Rio Anil ..................................................... 43 Figura 3 – Implantação do Residencial Jomar Moraes ........................ 44 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Valores para a medição 1 .................................................... 54 Gráfico 2 – Evoluçãodas medições ...................................................... 55 Gráfico 3 – Distanciamento dos valores ................................................ 55 Gráfico 4 – Ônus da empresa ................................................................ 56 Gráfico 5 – Descolamento das curvas ................................................... 66 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Índices adotados para a metodologia do INCC ................... 61 Tabela 2 – Orçamento primário ............................................................ 62 Tabela 3 – Orçamento complementar .................................................. 63 Tabela 4 – Custo total de construção por medição ............................... 64 Tabela 5 – Valores acumulados ........................................................... 64 Tabela 6 – Representativos da defasagem .......................................... 67 LISTA DE ABREVEATURAS AAUQ – Areia Asfalto Usinado a Quente ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária BDI – Benefícios e Despesas Indiretas. BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CAEMA – Companhia de Água e Esgotos do Maranhão CBMMA – Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão CEF – Caixa Econômica Federal CEMAR – Companhia Energética do Maranhão S.A. COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social CPRB – Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta EPI – Equipamento de Proteção Individual ETE – Estação de Tratamento de Esgotos FCK – Feature Compression Know FGV – Fundação Getúlio Vargas FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IGP – Índice Geral de Preços INCC – Índice Nacional da Construção Civil ISS – Imposto Sobre Serviços MP – Medida Provisória PAC – Programa de Aceleração do Crescimento PIS – Programa de Integração Social PPP – Parceria Público-Privada PVC – Polyvinyl chloride SECID – Secretaria de Estado das Cidades e Desenvolvimento Urbano SEMA – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais SINAPI – Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil SINDUSCON – Sindicato das Indústrias da Construção Civil TCPO – Tabela de Composições de Preços para Orçamentos TCU – Tribunal de Contas da União TSD – Tratamento Superficial Duplo SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 15 2 ORIGEM DAS LICITAÇÕES .................................................................... 18 2.1 Origem das licitações no Brasil ......................................................... 19 3 MODALIDADES DE LICITAÇÃO ............................................................. 22 3.1 Concorrência ........................................................................................ 22 3.2 Tomada de preços ............................................................................... 23 3.3 Convite .................................................................................................. 24 3.4 Leilão .................................................................................................... 25 3.5 Concurso .............................................................................................. 26 3.6 Pregão ................................................................................................... 27 4 TIPOS DE LICITAÇÕES .......................................................................... 29 4.1 Menor preço ......................................................................................... 29 4.2 Melhor técnica ...................................................................................... 29 4.3 Técnica e preço .................................................................................... 30 4.4 Maior lance ou oferta ........................................................................... 30 5 CONTRATAÇÕES SEM LICITAÇÃO ...................................................... 31 5.1 Dispensa de licitação .......................................................................... 31 5.2 Inexigibilidade ...................................................................................... 31 6 ORÇAMENTAÇÃO DE OBRAS ............................................................... 32 6.1 Custos diretos ...................................................................................... 33 6.2 Custos indiretos .................................................................................. 35 6.3 Benefícios e despesas indiretas - BDI ............................................... 35 6.4 Encargos Sociais ................................................................................. 37 6.5 Desoneração ........................................................................................ 39 6.6 Curva ABC de insumos ....................................................................... 40 7 OBRAS PÚBLICAS ................................................................................. 42 7.1 Programa de aceleração do crescimento – PAC .............................. 42 7.2 PAC Rio Anil ......................................................................................... 43 8 RESIDENCIAL JOMAR MORAES ........................................................... 44 8.1 Infraestrutura ....................................................................................... 45 8.2 Supraestrutura ..................................................................................... 45 8.3 Vedações .............................................................................................. 45 8.4 Cobertura .............................................................................................. 45 8.5 Impermeabilização ............................................................................... 46 8.6 Tratamentos ......................................................................................... 46 8.7 Revestimentos, acabamentos e pinturas .......................................... 46 8.8 Esquadrias ........................................................................................... 47 8.9 Fechaduras ........................................................................................... 47 8.10 Batentes .............................................................................................. 47 8.11 Corrimãos ........................................................................................... 47 8.12 Instalações elétricas .......................................................................... 47 8.13 Instalações hidrossanitárias ............................................................. 48 8.14 Louças e metais ................................................................................. 48 8.15 Terraplanagem ................................................................................... 48 8.16 Água potável ...................................................................................... 49 8.17 Instalações de combate a incêndio .................................................. 50 8.18 Esgotamento sanitário ...................................................................... 50 8.19 Drenagem e águas pluviais ............................................................... 50 8.20 Pavimentação, guias, sarjetas e sarjetões ...................................... 51 8.21 Passeio público ................................................................................. 51 8.22 Energia e iluminação ......................................................................... 51 8.23 Antena coletiva .................................................................................. 52 8.24 Telefone ..............................................................................................52 8.25 Paisagismo ......................................................................................... 52 9 INCC ......................................................................................................... 53 10 SINAPI .................................................................................................... 57 11 METODOLOGIA ..................................................................................... 58 12 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................................................................... 67 12.1 Conclusão .......................................................................................... 67 12.2 Recomendações para trabalhos futuros ......................................... 67 APÊNDICES ................................................................................................ 70 15 1 INTRODUÇÃO Levando-se em consideração a velocidade com a qual os índices econômicos variam, faz-se necessário analisar os impactos do congelamento do preço de um produto ou serviço contratado por um período de um ano, haja visto o alto montante que é colocado sobre esse risco, pois além mutações comerciais nesse período podem haver mutações políticas que afetem diretamente o desenvolvimento de um planejamento com cronograma físico-financeiro equivalente. O cenário econômico no qual uma empresa se encontra não será o mesmo cenário após transcorrer o prazo de um ano, prazo mínimo para que seja considerado a elaboração do reajuste em um orçamento licitado em obediência a Lei de Licitações e Contratos. Com a obrigação de se atender a Lei de Licitações (Lei 8.666/1993) as empresas vencedoras de um processo licitatório são obrigadas as manter o preço contratado por um período mínimo de 12 meses o que acaba gerando futuramente uma divergência entre o valor estimado da execução e aquilo que se gasta durante a execução dos mesmos devido a existência de um lapso temporal que carrega consigo a defasagem dos preços dos itens medidos e pagos. A obrigação de manter o preço contratado durante todo o período da obra tende a afastar as empresas dos processos licitatórios e isso faz com que compareçam cada vez menos empresas se habilitando a participar dos processos. Já houveram estudos mostrando que em obras rodoviárias, por exemplo, quanto maior foi o número de empresas participantes da licitação, maior foi o desconto que essas participantes se viam obrigadas a dar para que saíssem vencedoras, assim, o reajuste de preços poderia ser pensado como uma maneira de aproximar mais empresas do processo licitatório tornando neste caso o Estado como o mais beneficiado. Dessa forma, tem-se a intenção de avaliar qual o custo que seria pro Estado caso a obra do Residencial Jomar Moraes tivesse suas medições reajustadas após cada medição de acordo com o período do pagamento das mesmas. Após estes levantamentos de dados, qual seria o custo para o Estado e para a empresa vencedora do certame a obediência ou não à Lei de Licitações (Lei nº 8.666/1993). 16 A Lei 8666/93 não faz diferença, obrigando que os órgãos públicos sigam os mesmos procedimentos para a compra de uma barra de sabão ou a construção de usina atômica, para dar transparência nos processos públicos fazendo com que os participantes dos certames licitatórios possam se garantir do direito de acompanhar integralmente cada etapa da execução destes. Por reconhecer que existe um intervalo bem representativo entre o período de referência do orçamento estimativo e a data de abertura das propostas, o acórdão 19/2017 do plenário do Tribunal de Contas da União – TCU recomenda que aquela data-base que consta na planilha orçamentária seja usada como a data de partida para a contagem do período mínimo, de 12 meses, necessário para se poder fazer o requerimento de um reajustamento. Ainda que previsto em lei que os contratos possam ser reajustados pelos órgãos e entidades da Administração Pública, dentro do período de 12 meses existe gradualmente uma depreciação dos itens orçados, que é um ônus arriscado proveniente das altas do mercado acautelado pelas empresas vencedoras no momento do certame. De forma análoga ao entendimento do TCU quando prega que o reajuste é aplicado somente nas parcelas remanescentes do contrato após transcorrido um ano da elaboração do orçamento inicial, este trabalho tem a intenção de aferir o custo atualizado e compará-lo ao praticado pela contratante que leva em consideração uma planilha orçamentária com referência pretérita de custo no mercado. Por fim, acredita-se que esta pesquisa irá mostrar qual o custo que uma construtora assume ao participar de um processo licitatório que obviamente e legalmente estará embasado em todos os termos da Lei de Licitações (Lei nº 8.666/1993). A elaboração de contratos entre um ente público de qualquer esfera e empresas privadas, de acordo com a Constituição Federal, deve obrigatoriamente passar por um processo licitatório sempre que o objeto do contrato seja referente à obras, alienações, serviços, compras e, concessão e permissão de serviços públicos. O procedimento adotado deve obedecer a sua lei específica - Lei de Licitações (Lei nº 8.666/1993). Quando ocorre o processo licitatório, é elaborado um contrato entre as partes, de forma que, fique acordado o cumprimento das intenções 17 da contratada assim como as da contratante, para que então se estabeleça um vínculo, conforme versa a Lei nº 8.666/1993, art. 2º, parágrafo único: “todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontade para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada". No tocante às modalidades de licitação previstas em lei, têm-se: concurso, tomada de preços, convite, leilão, concorrência e pregão, sendo esta última regulamentada através da medida provisória nº 2.026/2000, a qual foi posteriormente convertida em Lei de nº. 10.520/2002. Durante a fase de instrução do processo, podem haver algumas falhas de projeto ou especificações que tornam o objeto contratado inexequível, o que acaba acarretando em processos litigiosos durante ou após o final do contrato. Outro problema comumente enfrentado pelos licitados é o atraso corriqueiro nos pagamentos das medições, devido ao fato de órgãos públicos contratarem serviços sem o devido planejamento, a preços além daqueles que são capazes de honrar, gerando cada vez mais um endividamento maior da máquina pública, visto que o licitante não é obrigado a comprovar a disponibilidade do recurso financeiro. Desta forma, os custos previstos inicialmente, ganham proporções maiores e assumem outros valores que acabam sendo arcados pela empresa licitada, pois os reajustes devem constar no edital da licitação e, só podem ocorrer após um ano contados a partir da data da proposta ou um ano após a data base de referência para a elaboração do orçamento do processo. Não se discute a legalidade destas situações, mas sim as consequências financeiras que a licitada tem por obrigação aceitar por conta deste instrumento, sendo afetada diretamente por estes. O reajuste seria ainda uma via de ‘mão dupla’ pois beneficiaria tanto os órgãos públicos quanto as empresas vencedoras do processo licitatório, haja vista que, durante o prazo de cumprimento do contrato, existem valores de insumos que estão sempre oscilando. Sendo assim, dependendo do valor orçado no mês de referência, os pagamentos das medições subsequentes acompanhariam estas variações. 18 2 ORIGEM DAS LICITAÇÕES A necessidade de se criar um procedimento para a contratação de serviços e aquisição de bens de forma objetiva e lisa levou os antigos governantes a pensarem em uma maneira de fazê-lo bemparecido com o que hoje conhecemos como licitação, tendo sofrido algumas melhorias e alterações mas ainda assim permanecendo as suas intenções e seus princípios originais. Através de relatos históricos acredita-se que o processo licitatório que temos hoje é fruto de uma evolução que ocorre desde os tempos da Europa Medieval, quando se faziam necessários a aquisição de bens, os quais poderiam ser produtos, obras ou serviços que a administração pública não possuía capacidade para suprir as necessidades de seu Estado e desta forma folhetos eram distribuídos avisando que os particulares que se interessassem deveriam comparecer em local e hora marcados para discutirem sobre os interesses do Estados e dos possíveis contratados. Na ocasião, chamada de “Vela e Pregão”, acendia-se uma vela e então os participantes fariam os lances até o momento em que a chama da vela se extinguisse por si só ou a vela chegasse até o final, quando se verificaria qual teria sido o interessado a fazer o último lance com o menor preço, o qual era pronunciado como vencedor da disputa por se mostrar mais vantajoso economicamente aos olhos do monarca detentor do poder de tomada das decisões no âmbito da administração pública e político. Fez-se então necessária a criação de uma metodologia mais burocratizada a fim de proteger o Estado dos interesses do clero e da nobreza e das mazelas que os acompanhavam como favorecimento de amigos ou parentes em detrimento de pessoas mais qualificadas com méritos, subornos acompanhados de vantagens, empreguismo e tratamentos diferenciados. Aparece então a licitação com suas regras claras e exigências bem definidas que serviam de escudo para o Estado tentando se livrar dos atos de corrupção. ‘[...] desde a antiguidade romana há notícias da existência de regras para disciplinar a alienação de despojos de guerra (vem daí o nome "hasta" pública) e realização de obras públicas, e mesmo na Idade Média, quando na Europa ocidental era conhecido o sistema 'vela e pregão', no qual os construtores faziam suas propostas enquanto ardia uma vela, adjudicando- 19 se ao melhor preço quando esta se apagava.’ (ARAÚJO NETTO, 2012, p. 27). 2.1 Origem das licitações no Brasil O verbete licitação, diferente do que muitos pensam, não vem do termo lícito, mas sim do latim “Licitatione” que tem o significado de arrematar algo em leilão. No Brasil pode-se dizer que suas iniciativas foram introduzidas a mais de cento e cinquenta e seis anos a através do Decreto nº 2.926 de 14 de maio de 1862. Historicamente o primeiro texto que tratou sobre licitações no Brasil foi o Decreto nº 2.296/1862. Este foi uma espécie de regulamento para as arrematações dos serviços a cargo do então Ministério da Agricultura, Comércio, e Obras públicas. O artigo primeiro versava que deveriam ser publicados anúncios convidando concorrentes, sendo fixado o prazo de quinze dias a seis meses para apresentação das propostas, segundo a importância e valor do objeto. No mesmo decreto já se cogitava o fornecimento de amostras de objetos, porém, quem deveria disponibilizar as amostras era o próprio órgão licitante, o qual também deveria disponibilizar as plantas e demais detalhes técnicos aos interessados pelas obras. Para se ter acesso aos orçamentos era imprescindível a permissão do Ministro, a qual era estendida a todos interessados. Neste mesmo interim, os concorrentes deveriam apresentar fiador idôneo ou caução como condição necessária para a participação no certame. Os interessados deveriam se apresentar na data estipulada nos anúncios para serem inscritos em um livro destinado a este propósito e após isso eram sorteadas as posições em que cada concorrente apresentaria oralmente a sua proposta. Até então, nota-se vasta semelhança com o pregão presencial, modalidade muito utilizada atualmente. Divergindo no que tange à ausência de uma segunda oportunidade para oferecimento de uma nova proposta ou a conhecida rodada de lances. Nesse caso a sorte era determinante, haja vista que, quem por último apresentasse a proposta levava vantagem sobre os demais concorrentes. Havia ainda a previsão de modificações e aditivos nos serviços, desde que não ultrapassassem um quinto do valor do contrato, caso em que o contratante poderia requerer a rescisão do contrato. 20 Com o passar do tempo, percebeu-se que o decreto era uma lei incompleta e que não abrangia todos os órgãos e esferas governamentais, porém, dali, ainda que indiretamente, já eram delineadas as bases para as legislações posteriores. Após algumas modificações no Decreto Nº 2.926/1862, foi promulgado o Decreto Lei Nº 4.536/1922, que organizava o Código de Contabilidade da União. Ademais, outros decretos regularam a matéria, mas o primeiro Estatuto das Licitações e Contratos Administrativos surgiu com o Decreto-Lei nº 2.300 de 21/11/1986. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, novos rumos foram dados a Administração Pública, e a partir de então, a Licitação passou a ser tratada como um princípio constitucional, nascendo aí obrigatoriedade do Estado a usar o processo licitatório como única forma de contratação, sendo também uma forma de garantir a observância dos preceitos legais, podendo ser caracterizado como crime a ausência de obediência a essas normas. O Artigo 37, inciso XXI da Constituição prevê a obrigatoriedade do uso da licitação para aquisições e contratações públicas que forem regulamentadas pela Lei Federal 8.666 de 21/06/1993, que vigora até hoje. Neste interim, várias outras leis e decretos vieram somar para o Estatuto das Licitações, e novas são criadas para garantir maior eficiência e segurança nas contratações públicas. O artigo 3º da Lei 8.666/93 estabelece que: “A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.” A redação do artigo mencionado foi dada pela Lei 12.349 de 15/12/2010, que foi a última grande mudança da Lei que visa entre outros objetivos, dar maior espaço para medidas que privilegiem o produto nacional e a sustentabilidade. Cotidianamente, contamos com as modalidades de licitação criadas pela Lei e descritas no artigo 22, que são: concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão. São previstas também na Lei a dispensa e a inexigibilidade de licitação, conforme critérios legais, descritos nos artigos 24 e 25. 21 Por fim, a grande revolução na licitação veio com a Lei 10.520 de 17/07/2002 com a criação do pregão, onde há a inversão de fases, primeiramente há a disputa de preços e depois a habilitação apenas do vencedor. 22 3 MODALIDADES DE LICITAÇÃO As licitações podem ser classificadas em modalidades a quais caracterizam os procedimentos que irão ditar as regras do processo licitatório. Cada modalidade requer uma complexidade maior de análise e simultaneamente os valores máximos serão diferentes. Ainda inerente às classificações das modalidades estão o prazo de divulgação do instrumento convocatório e quem serão os licitantes interessados aptos a participar que sejam do ramo pertinente ao objeto que está em licitação. As modalidades de licitação são esclarecidas principalmente em dois artigos, 22 e 23, da Lei Geral de Licitações e Contratos Administrativos. As modalidades de licitação são únicas e não podem ser combinadas entre si, dessa forma fica claro que a lei proíbe a criação de novas modalidades de licitações que não sejam aquelas já descritas. As modalidadesde licitação criadas pela Lei nº 8.666/1993 foram Concorrência, Tomada de preços, Convite, Leilão e Concurso. As três primeiras se diferem basicamente pelo valor máximo do objeto que está sendo licitado. Anos se passaram após a criação da Lei nº 8.666/1993 quando através de uma medida provisória foi criada uma sexta modalidade com o nome de Pregão. Posteriormente esta medida provisória passou por uma regulamentação quando passou-se a ser a Lei n° 10.520/2002, conhecida como a Lei do Pregão. 3.1 Concorrência Esta é a primeira modalidade na qual as obras e serviços se enquadram quando tiverem o valor acima de R$ 1.500.000,00(um milhão e quinhentos mil reais) e demais serviços com valores acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais). Sendo o seu limite um valor mínimo, esta modalidade se aplica para licitações de todos os valores. O prazo de divulgação do instrumento convocatório para a modalidade concorrência é de no mínimo 30 dias úteis anteriores a data de abertura das propostas quando o critério de julgamento for menor preço. Terá um prazo mínimo de 45 dias úteis anteriores a data de abertura das propostas quando o critério de julgamento for melhor técnica ou técnica e preço. 23 O artigo 22, inciso 1º da Lei 8.666/93 disciplina in verbis “§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.”. Quando o artigo cita a palavra “QUAISQUER” ele deixa livre a participação de qualquer pessoa interessada independentemente de cadastro prévio nos órgãos de licitação que estejam elaborando o processo. A habilitação das empresas para o processo licitatório deverá ser feita preliminarmente, com exceção dos contratos de PPP’s (parcerias público-privadas, concessão de serviços públicos e serviços de publicidade executados por agências de propagandas. Nas duas primeiras exceções poderá ocorrer primeiro a fase de julgamento das propostas para então partir-se para a fase de habilitação do vencedor, sendo assim um processo invertido de habilitação. Na terceira exceção esse processo de inversão passa a ser obrigatório. 3.2 Tomada de preços Esta é a segunda modalidade, utilizada nas contratações consideradas de médio valor conforme os termos da Lei 8.666/93, que tem como limite o valor de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) e valor máximo de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais) para os outros casos que sejam diferentes. Primeiramente a fase externa da tomada de preços começa com a publicação do edital que é o instrumento convocatório para esta modalidade. O prazo para a publicação é de no mínimo 15 dias úteis anteriores a data de abertura das propostas quando o critério de julgamento for menor preço. Terá um prazo mínimo de 30 dias úteis anteriores a data de abertura das propostas quando o critério de julgamento for melhor técnica ou técnica e preço. Normalmente no início do ano os órgãos responsáveis pelos processos licitatórios realizam o cadastramento de empresas daquelas áreas que se tem o conhecimento que deverão surgir necessidades de algum tipo de contratação. Estes licitantes demonstrarão que tem condição de habilitação neste cadastramento prévio, 24 obtendo assim um certificado de registro cadastral que servirá para apresentar nas licitações que ocorrerem durante o ano. Podem participar da licitação aqueles que se encontrarem cadastrados podendo se estender a participação a demais interessados não cadastrados que assim se manifestarem. ‘§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.’ (Lei 8.666/1993 – art. 22, “§ 2º). Neste caso, só poderão participar da tomada de preços os interessados em participar da licitação que já estiverem estar cadastrados nos órgãos ou então, podem se cadastrar nos mesmos desde que reúna as condições de habilitação e comprovar em até 03 dias antes do dia do recebimento das propostas para julgamento, para que sejam avaliados anteriormente se estes atendem as condições mínimas exigidas para o cadastramento. 3.3 Convite A terceira modalidade de licitação tem como limite o valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), dez vezes menor que a segunda modalidade, para obras e serviços e engenharia. O valor máximo diminui em uma proporção diferente para de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) para os outros casos que sejam diferentes. É facultado ao órgão que esteja responsável pela elaboração da licitação que faça o convite a pelo menos 03 empresas, para que estas apresentem suas propostas, sendo que em algumas situações devidamente justificadas, quando não houver manifestação de interesse desse número mínimo de 03 empresas licitantes ou limitações do mercado. Ainda assim essa convocação deverá ser estendida, no quadro de avisos da administração pública, aos demais interessados cadastrados que manifestem intenção de participar com antecedência de no máximo 24(vinte e quatro) horas do início do processo publicado. O prazo de divulgação do instrumento convocatório neste caso é de no mínimo 5 dias úteis anteriores a data de abertura das propostas. 25 Diferente dos outros modelos licitatórios, que fazem a convocação através de um edital, neste se utiliza uma Carta Convite que é entregue aos participantes. ‘§ 3° Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. ’ (Lei 8.666/1993- art. 22, § 3º). Estas três primeiras modalidades podem ter ser valores limites aumentados em casos de consórcios públicos aumentando-se então até 200% quando o consórcio for composto por até 03 entes e até 300% quando o consórcio for composto por mais de 03 entes. Outrossim nos casos em que couber a licitação na modalidade de convite, fica a cargo da administração pública a contratação através da modalidade Tomada de Preços ou Concorrência. Da mesma forma a administração pública pode se utilizar da modalidade Concorrência quando o valor da licitação permitir que seja feito através de uma Tomada de Preços. Organizando-se em conjuntos, seria como dizer que a modalidade Convite está contida na modalidade Tomada que preço que por sua vez também está contida na modalidade Concorrência. 3.4 Leilão Esta modalidade está prevista no artigo 22, parágrafo 5º da Lei 8.666/93 e serve geralmente para venda de bens, sejam eles bem móveis considerados inservíveis para a administração pública ou produtos que tenham sido apreendidos ou empenhados. As regras e exigências para a habilitação das participantes devem constar no corpo do edital, o qual deverá estar fixado em local público assim como os pagamentos por parte dos vencedores ou punições e multas nos casos de desistência ou inadimplemento. De regra geral pode-se dizer que para a venda de bens móveis a modalidade a ser utilizada será o Leilão e para a venda de bens imóveis a modalidade utilizada será a Concorrência. 26 Em exceção deve-se observar que se os bens imóveis forem adquiridos pela administração pública em virtude de procedimento judicial ou em virtude de dação em pagamento poder-se-á utilizar excepcionalmente a modalidade de leilão. ‘§ 5º – Leilão é a modalidade de licitaçãoentre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.’ (Lei 8.666/1993- art. 22, § 5º). Para a venda de bens móveis, inservíveis para a administração pública, o bem público que até então é de uso especial deverá ser desafetado, ou seja, será retirado do mesmo a destinação pública e este será transformado em m bem público dominical, sem destinação pública, que passará por uma avaliação prévia para se descobrir o seu valor de mercado e então, mediante leilão, possa ser vendido ao particular interessado que oferecer maior lance ou oferta. A venda de bens legalmente apreendidos pelo poder público, que normalmente tem origem numa atividades criminosas, utiliza a modalidade leilão dando assim legalidade e regularizando a situação do objeto leiloado. 3.5 Concurso Esta modalidade tem a finalidade de contratação de serviços de natureza criativa, na qual se necessita de um determinado grau intelectual para a execução satisfatória do objeto do contrato, sendo então escolhido para a contratação de trabalhos técnicos, científicos ou artísticos. Comumente utilizado para a contratação de projetos arquitetônicos, esta modalidade também se aplica para outros trabalhos técnicos, científicos e artísticos. No edital que deverá ser publicado o mínimo de 45 dias de antecedência constará o prêmio ou remuneração ao vencedor, cujo deverá ceder os direitos de uso do seu trabalho para a administração pública. A administração pública abre um concurso solicitando a elaboração do objeto de natureza intelectual e então uma comissão técnica irá avaliar de forma qualitativa. 27 Qualquer interessado pode participar do concurso sem que seja necessário cadastramento prévio desde que o interessado seja habilitado intelectualmente para a elaboração do trabalho desde que cumpra os requisitos exigidos no edital. Uma comissão especial será criada para o julgamento dos trabalhos apresentados e esta comissão deverá ser formada por profissionais de reputação ilibada com notório reconhecimento de seus conhecimentos sobre a matéria e não necessariamente servidores públicos. Enquanto nas outras modalidades a entrega do objeto se faz após o processo licitatório, nesta o objeto do concurso é entregue antes, para que seja avaliado e declarado o vencedor. Também é de se observar que nas outras modalidades os valores são propostos pelos licitantes, na maioria dos casos sendo escolhidas aquelas propostas de menor valor, já nesta o valor pago é feito na forma de premiação e este valor é fixo e definido anteriormente no edital. Os critérios de avaliação devem estar contidos no edital publicado pela imprensa oficial promovendo um prazo mínimo de 45 dias úteis antecessores sendo que o edital deve indicar o local onde poderá ser obtido o regulamento pelos interessados. 3.6 Pregão Durante muito tempo se discutiu se poderia existir uma modalidade que não estivesse na Lei 8.666/1993 porque no art. 22, parágrafo 6º desta referia lei, diz que não é possível outras modalidades que não sejam aquelas prevista no mesmo artigo e o pregão foi inserido na legislação por meio de medida provisória e essa MP era aplicada apenas à União. Com a conversão em lei, foi inserido que toda a administração pública está sujeita ao pregão. Para a contratação apenas de bens e serviços comuns esta modalidade, diferente das demais, é instituída pela Lei nº 10.520/2002, podendo ser realizada presencialmente ou eletronicamente através da internet com o uso de sistemas do governo que dão acesso em tempo real aos valores dos lances feitos. Menos burocratizados que as demais modalidades, nesta as fases de habilitação e análises das propostas são invertidas e somente o licitante que tenha ofertado a melhor proposta terá a sua documentação analisada. 28 Por se tratar de uma modalidade na qual o objeto não exige técnica, o tipo de licitação deverá ser sempre o de Menor Preço. Isso se deve ao princípio base desta modalidade que é a contratação de bens e serviços comuns, os quais não precisam de análise minuciosa das suas características e somente o preço ofertado já é o bastante para a comparação e definição daquele que seja o mais vantajoso, devendo apenas apresentarem entre si as mesmas características de qualidade e desempenho. Em conjunto com as modalidades previstas na Lei 8.666/1993, a modalidade Pregão se apresenta como opção para todas as modalidades daquela lei por não possuir valor limite para a contratação, mas somente o quesito menor preço pode ser critério na avaliação das propostas. Há a possibilidade da inversão das fases de habilitação e classificação além de que as empresas não são obrigadas a estarem cadastradas no órgão pois as documentações poderão ser entregues após a fase de classificação sendo analisada somente daquele tido como vencedor. 29 4 TIPOS DE LICITAÇÕES Tipos de licitações são diferentes de Modalidades de Licitações. Os tipos são os critérios que a administração irá utilizar para definir e selecionar proposta que cumpra com o seu interesse. Os tipos de licitação que mais se aplicam quando são avaliadas as propostas mais vantajosas são menor preço, melhor técnica, técnica e preço e maior lance ou oferta. Eles têm por objetivo a intenção de serem critérios diretos para que os membros componentes da banca apliquem os princípios da impessoalidade e imparcialidade. 4.1 Menor preço De acordo com o cumprimento das exigências feitas no edital, é escolhido de forma direta aquela proposta que apresentar o menor valor. Vale ressaltar que nem sempre o critério do menor preço se identifica com a exigência legal da contratação mais vantajosa, pois caso não seja viável a comparação estritamente objetiva entre os bens e serviços ofertados pelos concorrentes, a escolha pelo critério de menor preço tende a criar a pior contratação possível. 4.2 Melhor técnica Este critério de julgamento das propostas somente poderá ser preponderante para a escolha da melhor proposta somente quando a natureza dos serviços contratados forem predominantemente intelectuais. Neste tipo o licitante deve apresentar um envelope de proposta técnica contendo a descrição das técnicas e metodologias utilizadas para a execução do objeto da licitação obedecendo as exigências contidas no edital. A banca analisará os documentos entregues pelos licitantes e a eles atribuem notas que variam de 0 a 10, devidamente justificadas. 30 4.3 Técnica e preço Semelhante ao tipo melhor técnica, porém com a definição do vencedor através de uma média ponderada cuja os pesos de cada item já se encontram previamente elencados em edital. A contratação de bens e serviços de informática deverá utilizar obrigatoriamente o tipo técnica e preço. 4.4 Maior lance ou oferta Existe uma pequena diferença entre os termos “lance” e “oferta” uma vez que o primeiro é verbal e está relacionado à modalidade de leilão, aquela proposta de quem dá mais, e o segundo termo está relacionado à apresentação de propostas em um envelope lacrado, como no caso da modalidade concorrência. Esta situação acontece quando a administração pública está vendendo um produto, gerando assim uma receita. 31 5 CONTRATAÇÕES SEM LICITAÇÃO 5.1 Dispensa de licitação A administração pública sempre que quiser contratar a execução de uma obra, contração de serviços, fornecimento de bens ou mesmo a própria alienação de bens, devem instaurar um procedimento prévio, ressalvadas as hipóteses previstas em lei. A Lei 8.666/1993 indica situações em que o administrador público poderá contratar sem antes licitar. Nas hipótesesde dispensa de licitação existe uma competição, nessas situações haverá mais de uma pessoa interessada em executar a obra, em prestar o serviço, em fornecer o bem. Licitação nem sempre representará a melhor alternativa para a contratação de um serviço, pois em alguns casos, a administração pública já tem conhecimento de qual pessoa física ou jurídica oferece melhor custo benefício. 5.2 Inexigibilidade Nas hipóteses de inexigibilidade, ao contrário da dispensa de licitação, não haverá uma competição, daí porque não se justifica a licitação. Neste caso a administração pública faz a opção por contratar determinada pessoa física ou jurídica por considerar que um dos competidores apresenta qualidades particulares e peculiares que satisfazem a administração pública em grau elevado que faz com que os demais licitantes possíveis sejam descartados. 32 6 ORÇAMENTAÇÃO DE OBRAS Não existe uma norma que possa definir em minúcias a forma correta nem um roteiro para a elaboração de um orçamento de obra de forma que é necessário um determinado grau de conhecimento e experiência, por parte do orçamentista, daquele tipo de obra ao qual se refere o orçamento que esteja sendo elaborado. O orçamento bem feito de uma obra tem grande importância pois este faz uma previsão aproximada de qual o valor deverá ser investido para a execução do objeto, e dessa forma a ganhará grandes possibilidades de possuir um início e principalmente um fim haja visto que de nada adianta uma obra iniciada que seja paralisada por falta de recursos antes da mesma se dar por finalizada, sendo então orçamento uma ferramenta essencial para a análise da viabilidade. No caso de obras públicas é extremamente necessário que o seja elaborado um orçamento correto, de qualquer que seja a natureza da obra, para se evitar que a obra fique inacabada por falta de recursos gerando posteriormente ainda mais prejuízos para os cofres públicos e consequentemente para toda a população de seu país uma vez que é ela quem paga os impostos que são utilizados para financiar as obras. Ainda que se tenha total conhecimento do tipo de obra que se está orçando, é improvável que este orçamento consiga, ao final da obra, traduzir com total precisão o valor do investimento necessário para a sua conclusão pois durante o decorrer da obra podem existir várias ocorrências que acarretarão em acréscimos substanciais no valor final. A exemplo de fatores que podem influenciar para o aumento do valor da obra podem ser citados greves de ônibus, que minimamente gerarão atrasos dos funcionários aos postos de trabalho, dias de chuvas intensas que inviabilizam determinadas etapas que são executadas a céu aberto. Ao se precificar um serviço considera-se um determinado valor para cada um dos insumos de sua composição mas com o passar do tempo estes insumos tendem a sofrer variações nos seus valores, geralmente para montantes maiores. Ocorre também que aparecem problemas derivados dos projetos que juntamente com o caderno de especificações devem discriminar os serviços a serem 33 executados. Uma vez que os projetos deficientes poderão ocorrer durante a obra necessidades de readequações ou alterações de e consequentemente os orçamentos também sofrerão alterações. Se tratando de obras públicas a Lei de Licitações (Lei 8.666/1993) permite que uma licitação seja realizada somente com um projeto básico e com isto acaba ficando deficitário o processo de orçamentação devido ao fato de um projeto básico não conter detalhadamente todas as peças técnicas necessárias para servir de embasamento na elaboração de um orçamento com melhor aproveitamento gerando então os aditivos. Ao se terminar o orçamento de uma obra obtém-se uma relação de serviços com suas composições que servirão também para o dimensionamento do canteiro de obras além de classificar quais serão os custos diretos, como materiais e equipamentos, e os custos indiretos da obra, como materiais de segurança ou salários administrativos, assegurando então o custo global. Assim o orçamento será composto três grupos sendo eles os custos diretos, custos indiretos e BDI. 6.1 Custos diretos Com a intensificação da concorrência entre as empresas estas se veem cada vez mais desconfortáveis em repassar os aumentos de preços dos seus custos de produção aos seus clientes. Os custos diretos de uma obra são aqueles que podem ser facilmente identificados e claramente relacionados com a execução de cada um dos serviços. De maneira geral pode-se dizer que os custos diretos serão todos aqueles custos já elencados nas composições unitárias de cada serviço. 34 Figura 1 – Composição de um insumo Fonte: TCPO 13, p. 95. Para que se consiga executar um serviço será necessário que se verifiquem os materiais aplicados neste serviço de acordo com o caderno de especificações, a mão-de-obra empregada para a aplicação destes materiais e os equipamentos necessários alguns procedimentos. Nos custos da mão-de-obra farão parte os salários dos funcionários, os encargos sociais e os encargos complementares. Nos custos dos equipamentos serão verificados os custos horários para a utilização de cada tipo de equipamento observando a depreciação destes, o valor do investimento deste equipamento, o consumo de combustível e gasto com manutenção devido ao uso e em algumas situações o valor pago ao operador do equipamento. No caso de aluguel de equipamentos majoritariamente ocorre do valor ser pago por uma unidade de tempo, com ou sem operador incluso e com ou sem reparo incluso, mas também podem ser feitos contratos de aluguel por empreitada, quando paga-se pelo serviço executado pelo locador ou através de um leasing que é quando se aplica uma taxa relacionada ao valor do equipamento sendo que o locatário poderá fazer a aquisição do equipamento posteriormente. 35 6.2 Custos indiretos Os custos indiretos são todos aqueles custos da obra que não são serviço propriamente ditos. Estes são relacionados através de estimativas e associações de forma aproximada sendo necessário a análise de diferentes critérios para então alocá- los a cada um dos serviços. Ao se verificar as composições de custos dos serviços percebe-se que serão necessários alguns outros itens não elencados na composição mas que também consumirão recursos financeiros, podendo estes serem utilizados através de aquisição ou locação. Por serem variáveis e particulares de cada obra e inerentes à gestão de cada empresa, os custos diretos dificilmente serão os mesmos para duas empresas distintas de forma que é importante que a empresa tenha em seu banco de dados os índices reais praticados em suas obras passadas a fim de que os valores adotados sejam mais aproximados daquilo que será executado. A administração local da obra é um exemplo de custo indireto, pois o almoxarife, o engenheiro, o técnico de segurança entre outros não estão envolvidos diretamente na execução dos serviços mas são necessários para que os serviços se desenvolvam de forma correta. Os salários destes funcionários não estão nos custos diretos da obra. A mobilização e desmobilização de equipamentos são custos que devem ser previstos para a execução da obra porém estes custos também não fazem parte dos custos diretos. Portanto a quantificação dos custos indiretos deve ser elaborada com um olhar minucioso para o tipo de obra, o local na qual ela está sendo executada e a gestão da empresa para a mesma. 6.3 Benefícios e despesas indiretas - BDI No BDI estão inclusas as despesas indiretas e o lucro da empresa. Para a composição das despesas indiretas podem estar inclusos a administração central, os riscos, o seguro e recursos em garantia, as despesas financeiras e os impostos que incidem sobre a nota fiscal da obra 36 “Art. 125 O custoglobal de obras e serviços de engenharia contratados e executados com recursos dos orçamentos da União será obtido a partir de composições de custos unitários, previstas no projeto, menores ou iguais à mediana de seus correspondentes no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil - SINAPI, mantido e divulgado, na internet, pela Caixa Econômica Federal e pelo IBGE, e, no caso de obras e serviços rodoviários, à tabela do Sistema de Custos de Obras Rodoviárias - SICRO, excetuados os itens caracterizados como montagem industrial ou que não possam ser considerados como de construção civil. § 7º O preço de referência das obras e serviços de engenharia será aquele resultante da composição do custo unitário direto do sistema utilizado, acrescido do percentual de Benefícios e Despesas Indiretas - BDI, evidenciando em sua composição, no mínimo: I - taxa de rateio da administração central; II - percentuais de tributos incidentes sobre o preço do serviço, excluídos aqueles de natureza direta e personalística que oneram o contratado; III - taxa de risco, seguro e garantia do empreendimento; e IV - taxa de lucro.” (Lei nº 12.465, de 12 de Agosto de 2011 – art. 125) No caso, as despesas geradas pela administração central deverão ser rateadas entre todas as obras gerando assim uma despesa que não aparece na composição de custo do serviço. Os riscos correspondem a uma taxa representativa com a intenção de se prever algumas ocorrências durante a obra e que por sua natureza imprevisível não puderam ser orçadas. Em alguns contratos o contratante faz a exigência de se fazer um seguro da obra e em outras situações exige que seja feito um depósito de recursos em garantia que só poderão ser reavistos no final da obra e sendo assim esse montante deverá ficar reservado para que seja feito essa garantia ou seguro. As despesas financeiras representam uma porcentagem que o valor aplicado na obra estaria rendendo em uma aplicação ou investimento correspondendo ao prejuízo desde o dia no qual ocorreu a retirada do dinheiro no banco, do desembolso, até o dia em que a empresa receberá o pagamento de suas medições após a conclusão dos serviços, havendo então um bloqueio de parte dos rendimentos daquele que seria o capital de giro e fluxo de caixa da empresa. A principal intensão de uma empresa ao realizar uma obra é a obtenção de lucro e o cálculo do BDI está justamente para que a remuneração pelos serviços executados seja feita de forma satisfatória para a empresa. 37 O Acórdão 2.369/2011-TCU-Plenário dita que o cálculo do BDI deverá ser feito através da fórmula: 𝐵𝐷𝐼 1 𝐴𝐶 𝑆 𝑅 𝐺 1 𝐷𝐹 1 𝐿 1 𝐼 1 Onde: 𝐴𝐶= taxa de administração central 𝑆 = taxa de seguros 𝑅 = taxa de riscos 𝐺 = taxa de garantias 𝐷𝐹 = taxa de despesas financeiras 𝐿 = taxa de lucro/remuneração 𝐼 = taxa de incidência de impostos (PIS, COFINS, ISS e CPRB) A importância do bom orçamento se faz presente pois uma vez que calculado o BDI erroneamente, ou até mesmo os custos diretos e indiretos, isto acarretará na diminuição dos lucros da empresa. 6.4 Encargos Sociais Sempre que se contrata um trabalhador alguns impostos começam a incidir sobre o salário deste gerando assim um custo adicional para a mão-de-obra além do primário. Alguns encargos são fixados por lei de modo que um percentual sobre o salário do funcionário porém a maioria só pode ser calculada através do reconhecimento do perfil dos funcionários por um modelo estatístico e das atividades executadas pela empresa. Existem encargos que devem ser pagos mensalmente como o INSS para a previdência social que pode variar em torno de 28,00% dependendo da localidade e do grau de risco da empresa contratante e o FGTS que é pago para o fundo de garantia e corresponde a 8,00% da remuneração dos trabalhadores, ou seja, mensalmente já se deve contar com esse somatório igual a 36,00% incidindo sobre o salário do funcionário. 38 Além dos recolhimentos mensais existem as provisões, ou pagamentos provisionados, que não necessariamente serão pagos todos os meses mas que devem ser recolhidos para usar posteriormente quando for necessário a exemplo das férias mais um terço. Todo trabalhador após completar doze meses de trabalho na empresa passa a ter direito a um mês de férias e nesse mês ele irá receber além do salário normal o mesmo receberá o adicional de um terço que para fins de provisão resulta em um recolhimento de 11,11%. O décimo terceiro salário é outra provisão que seve ser paga anualmente podendo ser parcelado entre novembro e dezembro e representa um custo mensal de 8,33%. O FGTS Indenização corresponde ao valor de 4,00% é utilizado quando se demite um funcionário sem justa causa pois nessa situação deve-se ao funcionário a indenização correspondente a 50% do valor recolhido no fundo de garantia. Algumas situações de abstenção do trabalhador são vistas como faltas legais, como o alistamento militar, doação de sangue, exame vestibular e por exemplo, e devem der incluídas nas provisões mas seus valores irão variar dependendo dos perfis de funcionários contratados. Outra questão que também variável é licença paternidade, aplicada obviamente aos trabalhadores homens, quando este tem um filho e pode ficar afastado da empresa, o mesmo acontece para as mulheres no caso da licença maternidade. Esses benefícios são importantíssimos para a fundamentação da nossa sociedade mas prejudicam fortemente a produção de uma empresa e portanto devem ser contabilizados os custos para isso. Devido ao fato das obras serem periódicas, com datas programadas para início e término, devem ser verificados os custos indenizatórios. O aviso prévio indenizado via de regra corresponde a um mês de trabalho do profissional, e corresponde a um valor que o empregador deverá pagar ao funcionário ao romper o contrato de trabalho firmado entre ambos mas dependendo do tempo de trabalho do funcionário que esteja sendo demitido esta indenização pode corresponder a até 90 dias de aviso prévio para o limite de 20 anos trabalhados na mesma empresa. Os trabalhadores têm direto a alguns outros benefícios que não são necessariamente considerados como encargos sociais mas sim como encargos complementares a exemplo do vale transporte, que leva em consideração em seu cálculo se o trabalhador usa ou não o transporte público, nesse caso a variação do 39 custo do vale transporte para a empresa está em função do salário do trabalhador e qual o valor o mesmo gasta para fazer esse transporte público sendo assim uma incógnita que varia com o perfil do funcionário. O vale refeição será contabilizado considerando o valor de uma refeição, a quantidade de funcionários e o percentual que o trabalhador contribui para isso, ficando a cargo da empresa através de acordos definir esses valores para que possam ser inseridos nos custos da obra. As assistências médicas, odontológica e eventualmente seguros de vida podem ser fornecidos pelas empresas assim como o padrão destas assistências também podem variar, e assim sendo o cálculo destes valores poderá ser feito de forma particular para cada empresa. Os uniformes e os EPI’s devem ser fornecidos pela empresa e dependem da situação e da realidade da empresa e sendo assim o seu custo irá variar considerando o tempo de uso de cada equipamento ocorrendo então apenas uma previsão estimada que deverá ser transformada em um percentual. 6.5 Desoneração A desoneração é uma sistemática na qual o empregador substitui o recolhimento de 20% sobre a folha de pagamento para o INSS por a passa a pagar um percentual sobre o seu faturamento. No setor da construção civil esta desoneração se tornou uma vantagem para as empresas que possuam uma receita muito elevada com o pagamento de funcionários, quando os 20% recolhidos para oINSS são maiores que a porcentagem fixada pela lei. Nos casos de obras em que o gasto com material e equipamentos é muito maior que o gasto com funcionários, geralmente é inviável para a empresa que faça a opção pela desoneração. A atividade da construção civil nem sempre tem direito a desoneração do INSS. A lei nº 12.546 de 14 de dezembro de 2011 instituiu a Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta - CPRB também conhecido como a desoneração da folha de salário e segundo este, as empresas enquadradas nessa sistemática 40 deixam de recolher aquela contribuição de 20% da parte patronal sobre a sua folha de salários e passam a recolher um percentual sobre o seu faturamento. A partir de dezembro de 2015 esse regime se tornou facultativo, ou seja, a empresas indicadas na referida lei passam a ter o direito de optar pelo recolhimento tradicional ou pelo recolhimento sobre a receita bruta. Na lei supracitada constam duas regras observadas pelas empresas que são critérios fundamentais para permitir ou não o enquadramento neste regime. Primeiramente é necessário que a atividade principal da empresa, através do seu CNAE, esteja listado dentro dos códigos permitidos de desoneração previstos em lei, e posteriormente é verificado se tal atividade foi aquela de maior faturamento no ano anterior, para que então seja possível a empresa optar pelo regime de desoneração da folha de salários. Por força de outra regra constante da Lei 12.546/2011 a base de cálculo para a CPRB será a receita bruta da empresa relativa a todas as suas atividades, ou seja, podendo optar e escolhendo o regime de desoneração em um determinado ano, todas as receitas desta empresa neste referido ano ficam sujeitas a tributação do INSS inclusive aquelas que se refiram a códigos de atividade CNAE que estejam fora das previsões da lei para a aplicação da desoneração. No início do ano a empresa deve optar pela desoneração ou não e esta escolha será mantida durante todo o ano, com o pagamento da DARF sobre a receita bruta do ano anterior. Para o setor da construção civil se aplica a alíquota de 4,5% 6.6 Curva ABC de insumos Depois que se faz um orçamento é gerada uma lista de materiais e quantidade de materiais que serão utilizados nesta obra, sendo elencados em forma de relatório quais serão os itens mais relevantes na planilha, sendo discriminados os percentuais representativos de cada item de forma simples e acumulados. O termo ABC representa as faixas de classificação das representações dos valores dos serviços na obra orçada. A faixa “A” enquadra os serviços que representam até 50% dos valores dos serviços, a faixa “B” enquadra os serviços que 41 representam de 50% até 80% dos valores dos serviços e a faixa “C” são os demais serviços. A análise da Curva ABC é importante para se verificar quais serão os serviços, mão-de-obra ou materiais mais relevantes nos quais é necessária uma atenção maior para um caso de controle de obra ou para que seja feita uma alteração de especificações dos serviços pois mesmo que os desvios sejam pequenos nesses itens, gerarão impactos grandes no valor global. 42 7 OBRAS PÚBLICAS Obras públicas quase sempre consideradas pelas empresas do nosso país como sinônimos de problemas, algumas vezes por questões de corrupção, outras vezes por questões de projetos e planejamentos deficientes e outras vezes também por questões monetárias mas vale lembrar que nem todas as obras públicas são de fato feitas por meios corruptos. É comum encontrar no ramo da construção civil empresas que tenham aversão a obras públicas devido as inúmeras dificuldades que se travam durante o processo executivo deste tipo de investimento, todavia essas empresas deixam de participar das obras mais caras executadas no país que são as obras financiadas pelo governo e atualmente no Brasil grande parte das obras públicas que ainda estão acontecendo são decorrentes dos investimentos realizados através do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC. 7.1 Programa de aceleração do crescimento – PAC O Programa de Aceleração do Crescimento criado pelo governo federal em 2007 era uma estratégia para o crescimento econômico do Brasil a qual utilizava-se de algumas políticas monetárias com foco em um crescimento acelerado para os quatro anos vindouros prioritariamente para as áreas de infraestrutura, em áreas como recursos hídricos, transporte, habitação, energia e saneamento. Criado pela governo vigente no ano de sua criação, o PAC tinha a intenção de mostrar pra o cidadão brasileiro as iniciativas que o governo tinha para acelerar sua gestão de maneira a entregar benefícios ao povo mais rapidamente sempre usando os recursos dos impostos e dos tributos tentando se equiparar ao crescimento econômico mundial, particularmente os países classificados até então com subdesenvolvidos e em desenvolvimento, que estava ocorrendo a taxas muito superiores daquele baixo crescimento da economia brasileira, abaixo até mesmo de países vizinhos da América do Sul. O maior volume de recursos aplicados adviria dos orçamentos das estatais, principalmente Petrobras e Eletrobrás e especialmente de linhas de financiamento que 43 seria colocadas a disposição da iniciativa privada para contratação através de operações do BNDES, Banco do Brasil e Banco do Nordeste. Medidas fiscais de longo prazo foram criadas e entre estas foram adotadas as desonerações monetárias para alguns setores econômicos, entre eles os setores da construção civil e infraestrutura. 7.2 PAC Rio Anil O projeto PAC Rio Anil foi uma derivação do programa executado no Maranhão, mais precisamente em São Luís, sua capital. O objetivo principal foi a remoção das famílias que habitavam de forma precária as margens do Rio Anil com intervenções que inicialmente se estenderiam desde o bairro Camboa até o bairro Alemanha. Figura 2 – Objetivo do PAC Rio Anil Fonte: SECID. Dentre as obras de construção de habitação popular previstas para esse programa se encontra o Residencial Jomar Moraes, com a construção de 1.104 unidades habitacionais, centro comunitário, praças e quadras esportivas. Esta obra tem por finalidade contemplar as famílias que moravam em palafitas às margens do Rio Anil ocupando irregularmente estas áreas de mangue. 44 8 RESIDENCIAL JOMAR MORAES Construído em um lote antes denominado Sítio Piranhenga, inserido na malha urbana próximo aos bairros Parque dos Nobres e Coroadinho, os 1.104 apartamentos possuem a mesma área de aproximados 46,00m² sendo que 34 unidades são destinadas àqueles com locomoção reduzida, idosos ou cadeirantes. Estes apartamentos se encontram distribuídos em 33 blocos de 04 pavimentos com 32 unidades e 02 blocos de 03 pavimentos com 24 unidades. Figura 3 – Implantação do Residencial Jomar Moares Fonte: Elaborado pelo autor. O empreendimento é dotado de toda a infraestrutura necessária para a boa qualidade da futura população que ali residirá. O traçado viário permite o acesso de linhas de transporte público e promove a acessibilidade através dos acessos e calçadas mais largas. Implantado em uma área total de 80.000,00 m², o empreendimento terá as seguintes áreas destinadas à implantação de equipamentos públicos e de uso comum: Saúde, Educação e Cultura, 10.420,98 m²; Área Verde e Recreação, 12.731,75 m²; Reserva Urbana, 800,00 m²; Áreas Comerciais, 2.658,48 m². 45 O abastecimento de água será realizado por meio de poço profundo e reservatório. A solução de esgotamento sanitário consiste na construção de rede coletora em todo o residencial e o tratamento através de uma Estação de Tratamento de Esgotos - ETE, dimensionada para receber todo efluente gerado. A operação e manutenção de todo o sistema, será de responsabilidade da Companhiade Água e Esgoto do Maranhão (CAEMA). 8.1 Infraestrutura As fundações dos blocos de apartamentos foram executadas com radier de concreto protendido e espessura de 15cm. 8.2 Supraestrutura A estrutura foi executada em alvenaria de bloco estrutural cerâmico, com as lajes do pavimento executada em concreto armado de FCK (resistência) indicada no projeto estrutural. Seguindo o projeto estrutural, onde se fez necessário, os blocos foram preenchidos com graute. As escadas foram construídas com concreto armado em lances únicos. 8.3 Vedações As vedações, devida a natureza do projeto estrutural, foram executadas em bloco estrutural cerâmico com 14 centímetros de espessura sem considerar o revestimento. 8.4 Cobertura A estrutura da cobertura foi composta por terças, caibros e ripas de madeira. A fixação das terças e demais peças foram através de chumbamento nas empenas de alvenaria e os pontaletes apoiados sobre peças de madeira distribuindo a carga sobre a paredes. No cobrimento do telhado de duas águas com inclinação de 46 30% foram usadas telhas cerâmicas tipo capa/canal sem a previsão se coleta de água pluvial por sistemas de calhas. 8.5 Impermeabilização O radier foi executado com lona plástica na interface solo/radier e sobre o radier foi executado um contrapiso em argamassa de cimento e areia com impermeabilizantes. O revestimento externo do térreo, os baldrames e as três primeiras fiadas de alvenaria do térreo foram executados em argamassa de cimento e areia com impermeabilizantes. A área de serviço e o banheiro recebeu argamassa polimérica com tela estruturante. Os reservatórios foram impermeabilizados com manta asfáltica. 8.6 Tratamentos As junta entre esquadrias assim como as juntas entre alvenaria e estrutura de concreto armado tiveram a aplicação de silicone de cura neutra em todos os vãos. 8.7 Revestimentos, acabamentos e pinturas Nos pisos foram utilizados piso cerâmico branco 35x35cm e rodapé cerâmico de 6cm. Nas portas de entrada dos apartamentos foram utilizadas soleiras de mármore branco. As paredes do pavimento térreo foram rebocadas com cimento e areia, pintura pva nas áreas secas e revestimento cerâmico branco 35x35cm até 1,50m de altura. O teto foi regularizado com gesso e recebeu posteriormente pintura pva. Nos pavimentos tipo as paredes das áreas secas foram emassadas com gesso e pintadas com tinta pva. Na quadra gramada foi plantada grama batatais, cercada com mureta de alvenaria e alambrado de tela de arame galvanizado até a altura de 3,70m. O playground recebeu lastro de areia. O centro comunitário teve suas paredes rebocadas com argamassa de cimento e areia, pintadas com tinta pva e piso em cerâmica branca 35x35cm. 47 8.8 Esquadrias As portas das áreas privativas são de madeira do tipo semi-oca industrializada com 1 folha de abrir. As portas de acesso dos blocos são de alumínio tipo veneziana e vidro liso incolor e duas folhas de abrir. As janelas foram confeccionadas em alumínio com duas folhas de correr simultâneas, vidro liso incolor com caixilho e fecho acoplados. 8.9 Fechaduras Foram instaladas fechaduras em latão cromado, com maçaneta tipo alavanca, externa fixa, chave em cilindro espelho de chave separado, linha comercial. 8.10 Batentes Os batentes das portas dos apartamentos foram executados em madeira, com acabamento em verniz, fixados com espuma expansiva, parafuso e bucha. As guarnições foram confeccionadas com o mesmo material e tiveram o mesmo acabamento envernizado. 8.11 Corrimãos Os corrimãos foram executados em perfis metálicos de seção tubular com 7,5cm, cantos boleados e fixados com grapas. 8.12 Instalações elétricas Foram contemplados no projeto elétrico das unidades habitacionais 01 ponto de telefone e 01 de campainha, 01 ponto de interfone, 01 ponto de antena e 08 pontos tomadas de uso geral e 04 pontos de tomada de uso específico, e 1 ponto de iluminação com seu respectivo interruptor em cada cômodo. 48 8.13 Instalações hidrossanitárias Nas unidades habitacionais foram instalados nos banheiros 04 pontos de água fria e 04 pontos de esgoto. Na cozinha foram instalados 02 pontos de água fria e 01 de esgoto. Na área de serviço foram instalados 02 ponto de água fria e 03 pontos de esgoto. No centro comunitário foram instalados 06 pontos de água fria e 06 pontos de esgoto. 8.14 Louças e metais A pia da cozinha, bancada e cuba, foram confeccionadas em mármore sintético nas dimensões de 1,20x0,50m com válvula, sifão em plástico e torneira em metal cromado. O lavatório do banheiro é do tipo suspenso sem coluna, em louça branca, fixados na parede com parafusos, arruelas e buchas. O vaso sanitário é do tipo bacia e caixa acoplada em louça branca. O tanque de lavar roupa é confeccionado em mármore sintético, com volume de 20 litros, com válvula, sifão em plástico e torneira em metal cromado. 8.15 Terraplanagem Previamente foi executado um serviço de sondagem do tipo à percussão com determinação do Perfil Geotécnico e Geológico do sub-solo com informação da resistência da penetração do solo (NSPT).O acompanhamento topográfico esteve presente em todas as etapas da obra, procedendo à locação, marcação de offsets, verificação e conferência de cotas e alinhamentos definidos em projeto. A execução dos serviços topográficos foi feita a partir de dados fornecidos pelos projetos, utilizando-se referências locais e obedecendo ao RN considerados nos projetos. Os serviços topográficos foram documentados e arquivados. Foram realizados ensaios de umidade ótima e controle do grau de compactação para os aterros previstos nos 49 serviços de terraplenagem. Não foram necessárias medidas preventivas quanto à estabilidade do solo em edificações vizinhas devida a natureza do solo existente. Serão utilizados trator de esteiras, retroescavadeiras, escavadeiras, motoniveladoras, caçambas, caminhão pipa, rolo compactador liso e rolo compactador pé de carneiro. Se necessário, haverá contratação de serviços de empréstimo de solo e bota-fora, oriundos de jazidas devidamente legalizadas e autorizadas pela SEMA, com distância de transporte média de 3 KM. Será realizada a limpeza do terreno com remoção de espessura média de raspagem da camada vegetal superficial de 15 cm. 8.16 Água potável O sistema de abastecimento de água é composto de captação através de poço artesiano, tratamento através de filtração e cloração, reservação em reservatório de compensação, cisterna e caixas d’água em cada prédio, com rede de distribuição em pvc pba. A captação é através de poço profundo, com potabilidade de acordo com as normas da ANVISA, preservando a vida útil do lençol freático de acordo com o projeto de poço artesiano e devidamente autorizado pela CAEMA. O sistema tem o tratamento de água através de filtração e cloração equipamentos instalados, junto ao poço, a adução e o recalque serão realizados por bomba submersa até o reservatório de compensação (exclusivo do loteamento), que possui capacidade para atender somente o loteamento em questão. O sistema possui um reservatório de compensação, que receberá adução do poço, alimentando a rede de distribuição que por sua vez alimentará as cisternas e caixas d’água de cada bloco. Os tubos e conexões são fabricados em pvc pba e com juntas elásticas. Reservatório de compensação foi executado em concreto armado. Reservatório superior de cada bloco foi confeccionado em alvenaria estrutural e impermeabilizado. Foram executadas as ligações domiciliares com tomada de água da rede, através de ramal predial, com montagem e instalação de cavalete, com a instalação 50 do hidrômetro fornecido pela construtora obedecendo o projeto de abastecimento de água. 8.17 Instalações decombate a incêndio Derivando da rede de abastecimento foi apresentado junto ao CBMMA, aprovado e executado um sistema de implantação de hidrantes 8.18 Esgotamento sanitário A coleta do esgoto será feita através de ramal predial que interligará os prédios a rede de coleta, que destinará os efluentes para a Estação Elevatória de Esgoto que recalcará para ponto de lançamento final conforme projeto. Os serviços de topografia relativos ao esgotamento sanitário serão realizados com a locação da rede através de marcos e offsets. Será utilizado tubos e conexões em PVC reforçado vinilfort com juntas elásticas. Na execução dos poços de visita e de inspeção será realizada escavação manual, lastros e lajes de fundo em concreto armado, alvenaria em bloco de concreto simples, revestimento com argamassa de cimento e areia no traço 1:5, com aditivo de impermeabilização, reaterro compactado e colocação de tampão em ferro fundido A declividade mínima da rede e a distância máxima entre poços de inspeção atenderão os requisitos contidos no projeto de esgotamento sanitário. Ponto de lançamento final será conforme projeto Ligações Domiciliares Conforme o projeto de esgotamento sanitário. 8.19 Drenagem e águas pluviais Os arruamentos internos receberam rede de drenagem mista (superficial e tubular) através de meio-fio e sarjeta. Os serviços de topografia relativos à drenagem foram realizados com a locação da rede através de marcos e offsets. A sarjeta e meio- 51 fio foram executados em concreto simples obedecendo a declividade mínima solicitada no projeto. As guias e sarjetas que serão utilizados serão executados com concreto moldados no local, guias e sarjetas monolíticas, com resistência mínima do concreto simples de 20 Mpa. 8.20 Pavimentação, guias, sarjetas e sarjetões Foram realizados ensaios de umidade ótima e controle do grau de compactação para os aterros previstos nos serviços de pavimentação. Os serviços de topografia relativos à pavimentação foram realizados com a locação da rede através de marcos e offsets. Os pavimentos foram executados em AAUQ (Areia Asfalto Usinado a Quente) na espessura de 3 cm nas vias principais e TSD (Tratamento Superficial Duplo), nas vias secundárias. Para a pavimentação asfáltica, no pavimento será executado as camadas de sub-base e base na espessura de 20 cm cada, imprimação e revestimento asfáltico na espessura de 3 cm. 8.21 Passeio público Os passeios públicos são do tipo piso cimentado na largura de 1,5 a 2,50m com espessura de 5 cm com juntas e declividade de seguindo as orientações dos projetos de arquitetura e drenagem. As vias de pedestre também foram executadas em piso cimentado na largura de 1,50m com espessura de 5 cm com juntas. O piso cimentado foi executado com argamassa de cimento e areia no traço de 1:6 com juntas riscadas, aplicadas sobre camada de matacoado. 8.22 Energia e iluminação A rede de energia do loteamento é pública, tipo aérea. Os postes são confeccionados em concreto armado pré-moldado, com distância máxima de 40m 52 entre eles, executados pela própria CEMAR, iluminação pública com luminárias do tipo econômica com lâmpada vapor de mercúrio. Na iluminação externa estão sendo utilizadas luminárias do tipo econômica com lâmpada vapor de mercúrio, instaladas nos postes localizados na área interna do loteamento. 8.23 Antena coletiva Foi instalada tubulação para antena de TV que atende os apartamentos, interligando o ponto em cada apartamento até a conexão geral localizada na cobertura de cada prédio. 8.24 Telefone Foi instalada tubulação de telefone com fiação interligando o apartamento até a caixa de saída da Oi/Telemar conforme especificado no projeto 8.25 Paisagismo Nas áreas permeáveis foi plantada grama tipo batatas desfiada. 53 9 INCC O Índice Nacional da Construção Civil é um índice de responsabilidade de Fundação Getúlio Vargas – FGV que tem o intuito de acompanhar e aferir o crescimento do custo da construção habitacional no país tomando como base atualmente a coleta de preços em 7 capitais nacionais, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília. Este índice é visto como um termômetro da atividade da construção civil na economia do país, sendo utilizado nos casos que couberem o reajuste anual de orçamentos licitados e contratados. Considerando um projeto padrão, verifica-se a composição de mão-de-obra e materiais do orçamento para a execução deste projeto, chamados de cesta de serviços, materiais e equipamentos das construções. Logo são verificados os índices da evolução dos custos nas sete capitais. Por ser calculado com base em um projeto padrão, este índice pode apresentar um desvio elevado em determinadas obras em virtude de aplicações de tecnologias diferentes, gabaritos, métodos e técnicas construtivas, materiais empregados e mão-de-obra especializados. Na elaboração do INCC, a FGV faz uma média ponderada dos valores coletados nas sete capitais e são subdividos em quatro categorias sendo elas mão- de-obra, materiais, equipamentos e serviços. As categorias por sua vez também são subdivididas em grupos menores como no caso dos materiais que são divididos em acabamentos, instalações e estruturais. As construtoras têm o interesse de acompanhar a evolução do INCC pois além da fase de obra, este índice também reflete nas fases pós obra, por fazer parte da composição do Índice Geral de Preços (IGP), desta forma impactando nos valores de venda de um imóvel. Desta forma este trabalho vai mostrar o quanto um valor orçado para uma obra de grande porte pode se afastar dos valores realmente gastos durante a execução se considerada a veracidade dos índices publicados pela FGV. No caso específico da obra do Residencial Jomar Moraes, por questões contratuais exigidas pelo Ministério das Cidades, o valor contratado deverá se manter 54 congelado do início ao final da obra gerando assim ônus que a empresa deverá assumir por todo esse período. Sem nenhum tipo de reajuste, logicamente durante a execução, o valor orçado se afasta deste outro valor se atualizado fosse e para aferir estas discrepâncias será utilizado o acompanhamento por medição. A Fundação Getúlio Vargas divulga a tabela do INCC com sua evolução mensal e assim é possível de se obter a partir do mês de referência, no caso deste trabalho o mês de março de 2016. Gráfico 1 – Valores para a medição 01 Fonte: Elaborado pelo autor. A primeira medição ocorre 6 meses após a elaboração do orçamento-base já com um INCC acumulado de 4,89%. Este percentual incide apenas nos itens pagos em cada medição assim como no saldo de cada item incidirá o índice acumulado até a data em questão. Gradativamente as medições acontecem com o transcorrer da obra e inevitavelmente devido às cláusulas contratuais as diferenças entre valores medidos e valores atualizados sem acumulam gerando progressivos prejuízos à vista da construtora que se vê obrigada a acautelar os riscos provenientes da inflação R$2.881.922,56 R$2.994.086,29 R$112.163,73 1 1ª MEDIÇÃO DIFERENÇA VALOR CORRIGIDO VALOR MEDIDO 55 resguardando a administração pública de assumirem os custos e os efeito financeiros que possam impactar sobre o montante devido. Gráfico 2 – Evolução das medições Fonte: Elaborado pelo autor. Gráfico 3 – Distanciamento dos valores Fonte: Elaborado pelo autor. Pode-se verificar que na medição 07 houve uma desaceleração no INCC chegando a causar uma deflação, porém não foi o suficiente para que os valores medidos e corrigidos se equiparassem. 0,0% 1,0% 2,0% 3,0% 4,0% 5,0% 6,0% 7,0% 8,0% 9,0% 10,0% R$‐ R$500.000,00 R$1.000.000,00 R$1.500.000,00 R$2.000.000,00 R$2.500.000,00 R$3.000.000,00 R$3.500.000,00 R$4.000.000,00R$4.500.000,00 R$5.000.000,00 M ed iç ão 0 1 M ed iç ão 0 2 M ed iç ão 0 3 M ed iç ão 0 4 M ed iç ão 0 5 M ed iç ão 0 6 M ed iç ão 0 7 M ed iç ão 0 8 M ed iç ão 0 9 M ed iç ão 1 0 M ed iç ão 1 1 M ed iç ão 1 2 M ed iç ão 1 3 M ed iç ão 1 4 M ed iç ão 1 5 M ed iç ão 1 6 M ed iç ão 1 7 M ed iç ão 1 8 Medições vs. INCC VALOR MEDIDO INCC R$‐ R$1.000.000,00 R$2.000.000,00 R$3.000.000,00 R$4.000.000,00 R$5.000.000,00 R$6.000.000,00 M ed iç ão 0 1 M ed iç ão 0 2 M ed iç ão 0 3 M ed iç ão 0 4 M ed iç ão 0 5 M ed iç ão 0 6 M ed iç ão 0 7 M ed iç ão 0 8 M ed iç ão 0 9 M ed iç ão 1 0 M ed iç ão 1 1 M ed iç ão 1 2 M ed iç ão 1 3 M ed iç ão 1 4 M ed iç ão 1 5 M ed iç ão 1 6 M ed iç ão 1 7 M ed iç ão 1 8 Medido vs. Corrigido VALOR MEDIDO VALOR CORRIGIDO 56 Gráfico 4 – Ônus da empresa Fonte: Elaborado pelo autor. Com o INCC acumulado de 9,30% até a medição 18, que se encontra distante do final da obra, é calculada com base no índice da Fundação Getúlio Vargas - FGV uma defasagem nos valores que geram a diferença próxima de R$ 4.000.000,00(quatro milhões de reais) mostrando a consequência do congelamento do orçamento quando este não sofre nenhuma recomposição para o seu reequilíbrio físico-financeiro. O INCC é coletado em apenas 7 capitais nacionais e devido aos regionalismos e a outros itens já citados, este índice no caso de uma obra realizada no Maranhão pode não traduzir satisfatoriamente com completa dimensão os valores que seriam remanescentes. R$‐ R$10.000.000,00 R$20.000.000,00 R$30.000.000,00 R$40.000.000,00 R$50.000.000,00 R$60.000.000,00 R$70.000.000,00 M e d iç ão 0 1 M e d iç ão 0 2 M e d iç ão 0 3 M e d iç ão 0 4 M e d iç ão 0 5 M e d iç ão 0 6 M e d iç ão 0 7 M e d iç ão 0 8 M e d iç ão 0 9 M e d iç ão 1 0 M e d iç ão 1 1 M e d iç ão 1 2 M e d iç ão 1 3 M e d iç ão 1 4 M e d iç ão 1 5 M e d iç ão 1 6 M e d iç ão 1 7 M e d iç ão 1 8 Diferença VALOR MEDIDO ACUMULADO VALOR REAJUSTADO ACUMULADO 57 10 SINAPI O Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil – SINAPI é um sistema de responsabilidade da Caixa Econômica Federal – CEF e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – (IBGE) que tem por finalidade informar ao setor da construção civil os custos e índices dos insumos pertencentes às atividades deste setor econômico com um grau de detalhamento elevado de modo que o SINAPI passou a ser reconhecido como referência para a orçamentação pública após o Decreto nº 7.983, de 08 de abril de 2013. ‘Art. 3º O custo global de referência de obras e serviços de engenharia, exceto os serviços e obras de infraestrutura de transporte, será obtido a partir das composições dos custos unitários previstas no projeto que integra o edital de licitação, menores ou iguais à mediana de seus correspondentes nos custos unitários de referência do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil – SINAPI, excetuados os itens caracterizados como montagem industrial ou que não possam ser considerados como de construção civil. Parágrafo único. O SINAPI deverá ser mantido pela Caixa Econômica Federal – CEF, segundo definições técnicas de engenharia da CEF e de pesquisa de preço realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.’ (Decreto n° 7.983/2013 - art. 3°) Com vista a ampliar a precisão da defasagem orçamentária gerada pelo congelamento do valor global será utilizado a metodologia de reajuste de preços aplicados concomitantemente em todas as medições. A metodologia de atualização de preços utilizada na elaboração do SINAPI permite concluir que este é um processo que permite considerar as particularidades pertinentes a cada obra. No sistema SINAPI os custos são atualizados mensalmente através de pesquisa realizada pelo IBGE com preços de mercado em todas as capitais nacionais para cerca de cinco mil composições. O SINAPI, desta forma, responde a contento o inquérito sobre as sequelas da manutenção de valor global de um orçamento até a conclusão por conseguir aferir as alterações de valores que acontecem nos custos de produção. 58 11 METODOLOGIA Este trabalho tem a intenção de aferir os custos da execução de uma obra de grande porte com os custos referenciados mensalmente pelo INCC e SINAPI a fim de se obter o custo que uma empresa pode arcar ao se propor uma obra com o congelamento de preços durante todo o período de sua execução. Para tanto é preciso que se faça um acompanhamento mensal, ou por medições, de acordo com o desembolso do agente financiador, para que se quantifique os percentuais dos itens que serão pagos e paralelamente se atualize os preços dos mesmos fazendo o relacionamento dos valores que estão sendo pagos com os valores congelados assim como dos valores “devidos” caso houvesse um reajuste a cada medição. Ao se dividir o valor da cesta de um determinado mês pelo valor da cesta referente ao mês anterior poderá se encontrar o índice de reajuste. Este índice reflete o quanto a cesta básica de serviços coletada pela FGV teve o seu valor alterado, podendo ocorrer uma inflação, como na maioria das situações, ou uma deflação como ocorrido entres os meses de março e abril de 2017, quando o aferido para este último mês foi de 0,999188, ou seja, 99,9188% do valor referente ao mês de março de 2017. Para o cálculo dos fatores de correção que se utilizaria para o INCC é necessário que se utilize a tabela fornecida pela FGV e se encontre para cada medição o índice total acumulado. Para se obter o índice total acumulado basta que se multiplique os índices dos reajustes desde o mês de referência, neste caso março de 2016 até o mês da medição em questão. 59 Quadro 1 – Índices de reajuste pelo INCC Fonte: Adaptado FGV, 2018. Até o presente foram realizadas 18 medições as quais se pôde verificar o avanço da execução da obra do Residencial Jomar Moraes. O SINAPI é atualizado mensalmente porém o mesmo só disponibiliza a tabela de um referido mês entre os dias 10 e 20 do mês seguinte, devido aos Mês de Refefência Valor da Cesta (R$) Indice de Reajuste Indice de Reajuste Acumulado 03/2016 658,149 1 1 04/2016 660,853 1,004108492 1,004108492 05/2016 662,089 1,00187031 1,005986486 06/2016 672,156 1,015204904 1,021282415 07/2016 679,469 1,010879915 1,03239388 08/2016 681,23 1,00259173 1,035069566 09/2016 683,764 1,003719742 1,038919758 10/2016 684,955 1,001741829 1,040729379 11/2016 686,118 1,001697922 1,042496456 12/2016 688,61 1,003632028 1,046282833 01/2017 690,614 1,00291021 1,049327736 02/2017 694,258 1,005276464 1,054864476 03/2017 696,782 1,003635536 1,058699474 04/2017 696,216 0,999187694 1,057839486 05/2017 697,117 1,001294139 1,059208477 06/2017 706,596 1,013597431 1,073610991 07/2017 708,135 1,002178048 1,075949367 08/2017 710,954 1,003980879 1,080232592 09/2017 711,971 1,001430472 1,081777835 10/2017 713,354 1,001942495 1,083879182 11/2017 715,318 1,002753191 1,086863309 12/2017 716,287 1,001354642 1,08833562 01/2018 718,303 1,002814514 1,091398756 02/2018 719,332 1,001432543 1,092962232 60 procedimentos internos de pesquisa, aferição e publicação dos itens pertencentes a sua base de dados. Para a aplicação dos valores reajustados do SINAPI em um orçamento cujo a quantidade de cada insumo fora levantada no início do mês, consequentemente só seria possível que se utilizasse o mês de referência de dois meses antecedentes, podendo acontecer assim que, para este estudo, um mesmo mês de referência do SINAPI se aplique em duas medições distintas. Quadro 2 – Datas dos levantamentos Fonte: Elaborado pelo autor. Como mostrado na Tabela02, na oitava e nona medições devido à data de realização dos levantamentos para a entrada do pedido de medições, foi necessário que se utilizasse o mesmo mês de referência, traduzindo que para este período, neste estudo, considerou-se a estagnação dos preços. O INCC é publicado pela FGV sempre dentro dos últimos sete dias de cada mês, mas para efeito comparativo entre as duas metodologias adotadas, os índices referentes ao INCC aplicado nos reajustes das medições foram utilizados seguindo os mesmos índices adotados para o SINAPI. Nº DA MEDIÇÃO MÊS DE REF. SINAPI DATA DO LEVANTAMENTO 01 SET/16 31/10/2016 02 OUT/16 30/11/2016 03 NOV/16 30/12/2016 04 DEZ/16 30/01/2017 05 JAN/17 01/03/2017 06 FEV/17 31/03/2017 07 MAR/17 30/04/2017 08 ABR/17 31/05/2017 09 ABR/17 08/06/2017 10 MAI/17 30/06/2017 11 JUN/17 01/08/2017 12 JUL/17 01/09/2017 13 AGO/18 01/10/2017 14 SET/17 01/11/2017 15 NOV/17 30/12/2017 16 DEZ/17 31/01/2018 17 JAN/18 01/03/2018 18 FEV/18 02/04/2018 61 Tabela 1 – Índices adotados para a metodologia do INCC Fonte: Elaborado pelo autor. Neste estudo foi mantida a estrutura primária do orçamento original referente à execução da obra do Residencial Jomar Moraes e de forma complementar foram criadas as planilhas referentes a cada uma das medições. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 03/2016 1,00000000 04/2016 1,004108492 05/2016 1,00187031 06/2016 1,015204904 07/2016 1,010879915 08/2016 1,00259173 09/2016 1,003719742 10/2016 1,001741829 11/2016 1,001697922 12/2016 1,003632028 01/2017 1,00291021 02/2017 1,005276464 03/2017 1,003635536 04/2017 0,999187694 05/2017 1,001294139 06/2017 1,013597431 07/2017 1,002178048 08/2017 1,003980879 09/2017 1,001430472 10/2017 1,001942495 11/2017 1,002753191 12/2017 1,001354642 01/2018 1,002814514 02/2018 1,001432543 Mês Referência Índices p/ reajuste MEDIÇÕES 1 ,0 8 0 2 3 2 5 9 2 1 ,0 8 1 7 7 8 1 ,0 8 6 8 6 3 3 0 9 1 ,0 8 8 3 3 5 6 2 1 ,0 9 1 3 9 8 7 5 6 1 ,0 9 2 9 6 2 2 3 2 1 ,0 5 8 6 9 9 4 7 4 1 ,0 5 7 8 3 9 4 8 6 1 ,0 5 7 8 3 9 4 8 6 1 ,0 5 9 2 0 8 4 7 7 1 ,0 7 3 6 1 0 9 9 1 1 ,0 7 5 9 4 9 3 6 7 1 ,0 3 8 9 1 9 7 5 8 1 ,0 4 0 7 2 9 3 7 9 1 ,0 4 2 4 9 6 4 5 6 1 ,0 4 6 2 8 2 8 3 3 1 ,0 4 9 3 2 7 7 3 6 1 ,0 5 4 8 6 4 4 7 6 62 Tabela 2 – Orçamento primário Fonte: Elaborado pelo autor. O primeiro passo foi fazer a atualização dos preços de todos os serviços listados para o mês de referência da medição, neste estudo relacionados na coluna “R$ SINAPI”. Consequentemente calcularam-se os custos de cada serviço adotando os valores atualizados do SINAPI, neste estudo relacionados na coluna “Custo Proposto Total Reajust.”. Na sequência aplicaram-se os índices de medição individuais referentes a cada um dos serviços, neste estudo relacionados na coluna “Percentual Medido”. Dessa forma pôde-se aferir o valor pelo qual a empresa poderia ter sido paga caso a medição em questão tivesse o seu preço atualizado para o último mês de referência disponível do SINAPI até a data do levantamento dos dados, neste estudo relacionados na coluna “Valor Devido* SINAPI Reajust.”. Como os valores de todas as medições foram sempre referentes ao mês de março de 2016, foi necessário que constasse na planilha complementar o valor das medições reais, neste estudo relacionados na coluna “Valor Pago”. mar/16 SINAPI Item Unidade Quantidade Aprovada INSUMO / COMPOSIÇÃO Código Custo Aprovado SINAPI Custo Aprovado Total 1 SERVIÇOS PRELIMINARES E GERAIS 4.563.365,33 1.16 Administração Local 1.16.1 Engenheiro h/Uh 10.559,85 Composição 90779 105,80 1.117.232,13 1.16.2 Mestre de Obra h/Uh 21.120,05 Composição 90780 27,34 577.422,17 1.16.3 Encarregados h/Uh 52.799,95 Composição 90776 16,96 895.487,15 1.16.4 Almoxarife h/Uh 10.559,85 Composição 90766 11,32 119.537,50 1.16.5 Técnico Edificações h/Uh 21.120,05 Composição 88255 22,66 478.580,33 1.16.6 Aux. Almoxarife h/Uh 10.559,85 Insumo 6121 7,29 76.981,31 1.16.7 Apontador h/Uh 31.679,90 Composição 90767 7,42 235.064,86 1.16.8 Técnico Segurança h/Uh 10.559,85 Composição 88255 22,66 239.286,20 1.16.9 Estagiários h/Uh 5.279,75 Insumo 34786 13,26 70.009,49 1.17 Movimentação, Transporte e Limpeza Permanente de Obra 1.17.1 Manipulador Telescopico h/Uh 8.764,70 Proponente Proponente 86,00 753.764,20 2 INFRA ESTRUTURA 3.695.405,29 2.1 Trabalhos com terra 303.013,60 2.1.3 Escavação manual campo aberto em solo exceto rocha até 2m de profundidade m³ 3.341,45 Composição 79478 29,15 97.403,27 2.1.4 Reaterro apiloado de valas com material da obra. m³ 831,60 Composição 74015/1 13,85 11.517,66 2.1.5 Bota‐fora de material excedente DMT até 10km m³xkm 16.632,00 Composição 72875 1,25 20.790,00 2.1.6 Locação da Obra m² 29.413,30 Composição 74077/3 3,96 116.476,67 2.1.7 Regularização e compactação da Base do Bloco m2 17.325,00 Composição 5622 3,28 56.826,00 2.2 Fundações e outros serviços 3.392.391,70 2.2.1 Concreto Usinado FCK 30 mpa m3 2.870,00 Composição 74157/4 412,11 1.182.755,70 2.2.2 Armação CA‐60 / 50 para fundação kg 36.505,00 Composição 92916 8,42 307.372,10 2.2.3 Forma de Tábua ‐ tábua 0,23cm m2 1.594,25 Composição 74076/1 34,42 54.874,09 2.2.4 Lastro em Concreto Magro m3 166,95 Composição 83534 391,09 65.292,48 2.2.5 Contenção p/ reaterro radier c/ tijolos cerâmicos m2 7.240,80 Composição 87475 44,61 323.012,09 2.2.6 Chapisco sobre contenção m2 14.481,60 Composição 87869 2,50 36.204,00 2.2.7 Ensaio de Resist. À Compressão Simples em concreto un 700,00 Composição 74022/30 79,16 55.412,00 2.2.8 Lona Plástica m2 17.325,00 Composição 68053 4,01 69.473,25 2.2.9 kg 42.280,00 Composição 79504/1 30,70 1.297.996,00 Descrição HABITAÇÃO Cabos de protensão 1#12,7mm CP‐190 RB‐EP (Fornec. Cabos, protensão, corte, grout e demais acessórios) RESIDENCIAL JOMAR MORAES 63 Sendo assim foi possível dimensionar a disparidade, entre o “Valor Pago” e o “Valor Devido* SINAPI Reajust.” neste estudo relacionados na coluna “Diferença SINAPI”. Ainda dentro da mesma medição, foram calculados os valores de todos os serviços caso estes tivessem sido pagos com os seus preços atualizados pelo índice do INCC, neste estudo relacionados na coluna “Valor Devido* INCC”. De forma semelhante ao estudo realizado para o reajuste do SINAPI, dimensionaram-se as disparidades entre o “Valor Pago” e o “Valor Devido* INCC”, neste estudo relacionados na coluna “Diferença INCC”. Tabela 3 – Orçamento complementar Fonte: Elaborado pelo autor. Neste orçamento foi adotado um BDI de 18,00% e sendo assim esse percentual teve que ser aplicado ao somatório no final de cada coluna para se verificar os valores dos custos. Ao final foi possível mensurar os totais de cada uma das suposições gerando na última linha dos orçamentos o custo total de construção. Medição 01 set/16 1,03892 SINAPI Acumulado INCC Item R$ Sinapi Custo Proposto Total Reajust. Percentual Medido Valor Devido* SINAPI Reajust. Valor Pago Diferença SINAPI Valor Devido* INCC Diferença INCC 1 825.803,82 760.560,89 65.242,93 790.161,74 29.600,85 1.16 1.16.1 111,44 1.176.789,68 16,67 196.131,61 186.205,36 9.926,26 193.452,42 7.247,07 1.16.2 30,18 637.403,11 16,67 106.233,85 96.237,03 9.996,82 99.982,55 3.745,52 1.16.3 18,68 986.303,07 16,67 164.383,84 149.247,86 15.135,99 155.056,55 5.808,69 1.16.4 12,19 128.724,57 16,67 21.454,10 19.922,92 1.531,18 20.698,31 775,40 1.16.5 23,62 498.855,58 16,67 83.142,60 79.763,39 3.379,21 82.867,76 3.104,37 1.16.6 7,59 80.149,26 16,67 13.358,21 12.830,22 527,99 13.329,57 499,35 1.16.7 11,70 370.654,83 16,67 61.775,81 39.177,48 22.598,33 40.702,25 1.524,78 1.16.8 23,62 249.423,66 16,67 41.570,61 39.881,03 1.689,58 41.433,19 1.552,16 1.16.9 13,78 72.754,96 16,67 12.125,83 11.668,25 457,58 12.122,37 454,13 1.17 1.17.1 86,00 753.764,20 16,67 125.627,37 125.627,37 0,00 130.516,75 4.889,392 445.019,24 402.275,23 42.744,00 417.931,69 15.656,45 2.1 169.181,57 129.832,56 39.349,01 134.885,61 5.053,05 2.1.3 40,29 134.627,02 54,29 73.083,24 52.876,06 20.207,18 54.933,98 2.057,92 2.1.4 15,16 12.607,06 54,29 6.843,83 6.252,44 591,39 6.495,79 243,34 2.1.5 1,02 16.964,64 54,29 9.209,38 11.286,00 ‐2.076,62 11.725,25 439,25 2.1.6 4,15 122.065,20 34,29 41.850,92 39.934,86 1.916,07 41.489,11 1.554,26 2.1.7 6,43 111.399,75 34,29 38.194,20 19.483,20 18.711,00 20.241,48 758,28 2.2 275.837,67 272.442,67 3.394,99 283.046,08 10.603,40 2.2.1 412,11 1.182.755,70 11,43 135.172,08 135.172,08 0,00 140.432,94 5.260,86 2.2.2 8,81 321.609,05 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2.2.3 36,82 58.700,29 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2.2.4 398,79 66.577,99 34,29 22.826,74 22.385,99 440,75 23.257,25 871,26 2.2.5 45,76 331.339,01 34,29 113.601,95 110.747,00 2.854,94 115.057,25 4.310,25 2.2.6 2,56 37.072,90 11,43 4.236,90 4.137,60 99,30 4.298,63 161,03 2.2.7 80,80 56.560,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2.2.8 4,37 75.710,25 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2.2.9 32,12 1.358.033,60 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 64 Tabela 4 – Custo total de construção por medição Fonte: Elaborado pelo autor. De posse de todas as medições com os custos originais e atualizados pelo SINAPI e INCC, a fim de se conhecer o quão distante ficaram as curvas dos levantamentos de custos foi necessário que se reunisse em uma mesma planilha os valores reais pagos acumulados, os valores devidos reajustados pelo INCC acumulados e os valores devidos reajustados pelo SINAPI acumulados. Tabela 5 – Valores acumulados Fonte: Elaborado pelo autor. Na segunda medição, observou-se que devido à queda dos preços principalmente dos insumos referentes a transporte de material para aterro, espalhamento de material e expurgo de material excedente dmt 15 km c/ caminhão basculante, se atualizado a metodologia adotada fosse a metodologia de reajuste pelo Medição 01 set/16 1,03892% SINAPI Acumulado INCC Item R$ Sinapi Custo Proposto Total Reajust. Percentual Medido Valor Devido* SINAPI Reajust. Valor Pago Diferença SINAPI Valor Devido* INCC Diferença INCC 18,00% 18,00% 18,00% 18,00% 18,00% 2.952.675,98 2.881.922,56 70.753,43 2.994.086,29 112.163,73 BDI CUSTO TOTAL Medição Valor Pago Valor Pago Acumulado Índice Acumulado INCC Valor Devido* INCC Valor Devido* INCC Acumulado Valor Devido* SINAPI Valor Devido* SINAPI Acumulado 01 2.881.922,56R$ 2.881.922,56R$ 1,038919758 2.994.086,29R$ 2.994.086,29R$ 2.952.675,98R$ 2.952.675,98R$ 02 2.477.873,86R$ 5.359.796,41R$ 1,040729379 2.578.796,12R$ 5.572.882,41R$ 2.392.548,20R$ 5.345.224,19R$ 03 579.152,72R$ 5.938.949,14R$ 1,042496456 603.764,66R$ 6.176.647,07R$ 625.989,13R$ 5.971.213,31R$ 04 1.457.419,89R$ 7.396.369,02R$ 1,046282833 1.524.873,41R$ 7.701.520,48R$ 1.491.865,15R$ 7.463.078,47R$ 05 1.652.996,11R$ 9.049.365,14R$ 1,049327736 1.734.534,67R$ 9.436.055,14R$ 1.707.953,16R$ 9.171.031,63R$ 06 2.885.313,05R$ 11.934.678,18R$ 1,054864476 3.043.614,24R$ 12.479.669,38R$ 2.980.572,98R$ 12.151.604,61R$ 07 1.938.989,10R$ 13.873.667,29R$ 1,058699474 2.052.806,74R$ 14.532.476,12R$ 2.027.276,31R$ 14.178.880,92R$ 08 3.062.071,51R$ 16.935.738,80R$ 1,057839486 3.239.180,16R$ 17.771.656,28R$ 3.201.738,44R$ 17.380.619,36R$ 09 3.257.004,02R$ 20.192.742,82R$ 1,057839486 3.445.387,46R$ 21.217.043,74R$ 3.424.715,78R$ 20.805.335,14R$ 10 3.241.220,50R$ 23.433.963,32R$ 1,059208477 3.433.128,23R$ 24.650.171,96R$ 3.341.964,67R$ 24.147.299,81R$ 11 4.503.324,01R$ 27.937.287,33R$ 1,073610991 4.834.818,15R$ 29.484.990,12R$ 4.766.592,05R$ 28.913.891,86R$ 12 4.262.175,87R$ 32.199.463,20R$ 1,075949367 4.585.885,43R$ 34.070.875,55R$ 4.421.600,79R$ 33.335.492,66R$ 13 4.408.158,10R$ 36.607.621,30R$ 1,080232592 4.761.836,05R$ 38.832.711,60R$ 4.557.753,66R$ 37.893.246,31R$ 14 4.666.733,72R$ 41.274.355,02R$ 1,081777835 5.048.369,09R$ 43.881.080,70R$ 4.873.128,85R$ 42.766.375,16R$ 15 3.719.667,78R$ 44.994.022,80R$ 1,086863309 4.042.770,43R$ 47.923.851,12R$ 3.863.209,72R$ 46.629.584,88R$ 16 3.510.665,20R$ 48.504.687,99R$ 1,08833562 3.820.781,99R$ 51.744.633,11R$ 3.875.607,44R$ 50.505.192,32R$ 17 3.282.273,38R$ 51.786.961,37R$ 1,091398756 3.582.269,08R$ 55.326.902,19R$ 3.503.029,01R$ 54.008.221,33R$ 18 4.114.715,30R$ 55.901.676,67R$ 1,092962232 4.497.228,42R$ 59.824.130,61R$ 4.531.332,15R$ 58.539.553,49R$ 65 SINAPI, nesta medição haveria um desconto de R$ 85.325,65 (oitenta e cinco mil, trezentos e vinte e cinco reais e sessenta e cinco centavos) superando assim uma alta dos demais insumos com valorização inflacionada referente a sete meses, neste caso, de março até outubro de 2016 . O valor da obra está previsto para R$ 76.498.914,55 (setenta e seis milhões, quatrocentos e noventa e oito mil, novecentos e quatorze reais e cinquenta e cinco centavos e mesmo antes do final desta já se observa a realidade enfrentada por uma empresa ao assumir este tipo de contrato no qual os preços se mantêm congelados do início ao término. Até a décima oitava medição já foram pagos R$ 55.901.676,67(cinquenta e cinco milhões, novecentos e um mil, seiscentos e setenta e seis reais e sessenta e sete centavos. Caso as medições tivessem sido pagas utilizando a metodologia de reajuste pelo SINAPI, teria sido pago o montante de R$ 58.539.553,49 (cinquenta e oito milhões, quinhentos e trinta e nove mil, quinhentos e cinquenta e três reais e quarenta e nove centavos. Caso as medições tivessem sido pagas utilizando a metodologia de reajuste pelo INCC, teria sido pago o montante de R$ 59.824.130,61 (cinquenta e nove milhões, oitocentos e vinte e quatro mil, cento e trinta reais e sessenta e um centavos). Durante todas as planilhas se observa que ao se adotar o INCC, se obtém custos mais elevados do que aqueles encontrados quando se faz o reajuste dos insumos pelo SINAPI. O SINAPI por ter a sua coleta de preços no Maranhão e mais precisamente em São Luís, local da obra em estudo, acaba refletindo com mais fidelidade a realidade dos preços praticados, haja visto que os fatores das regionalidades influenciam fortemente nas composições unitárias dos serviços. O INCC tem apenas duas capitais no Nordeste nas quais são pesquisados os custos da sua cesta básica de serviços, sendo elas Salvador e Recife, ainda assim muito distantes e de realidades distintas. 66 Gráfico 5 – Descolamento das curvas Fonte: Elaborado pelo autor. Através do valor original da obra relacionado com o valor total pago até a décima oitava medição aferiu-se que a obra se encontra com 73,08% executado. Fazendo-se uma projeção linear é possível concluir que ao final da obra seria pago o montante de R$ 79.778.897,05 (setenta e nove milhões, setecentos e setenta e oito mil, oitocentos e noventa e sete reais e cinco centavos) utilizando-se o reajuste do SINAPI, um acréscimo de 4,29%. Da mesma forma, utilizando-se o INCC, o montante pago seria de R$ 81.679.745,63 (oitenta e um milhões, seiscentos e setenta e nove mil, setecentos e quarenta e cinco reais e sessenta e três centavos), um acréscimo de 6,77%. R$‐ R$10.000.000,00 R$20.000.000,00 R$30.000.000,00 R$40.000.000,00 R$50.000.000,00 R$60.000.000,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Valor Pago Acumulado Valor Devido* INCC Acumulado Valor Devido* SINAPI Acumulado 67 Tabela 6 – Representativos da defasagem Fonte: Elaborado pelo autor. 12 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 12.1 Conclusão Esta análise exploratória demonstrouos impactos do congelamento de preços utilizando duas metodologias de pagamento que não são previstas em lei. Constatou-se que ao se fazer o reajuste do preço de um determinado serviço aplicando-se os índices fornecidos pela Fundação Getúlio Vargas através do INCC obter-se-ão valores superiores àqueles reajustes aplicados com a referência do SINAPI. Ainda que possa ocorrer entre deflação entre um mês e outro, como ocorreu, para um prazo de execução tão extenso quanto o tratado neste estudo a tendência é que os preços iniciais se tornem defasados logo nas primeiras medições. Desta maneira, a empresa toma para si os custos do congelamento dos preços. Aos olhos externos, sempre que a empresa recebe uma medição, ela está sendo bem paga e somando lucros. Aos olhos do empresário, quando este observa que o justo seria receber o valor atualizado nas suas medições, aquela diferença que não é paga é vista como prejuízo. 12.2 Recomendações para trabalhos futuros Valor Pago Acumulado Valor Devido* INCC Acumulado Valor Devido* SINAPI Acumulado Medição 18 55.901.676,67R$ 59.824.130,61R$ 58.539.553,49R$ % Executado 73,08% 73,08% 73,08% Previsão de Valor Final 76.498.914,55R$ 81.679.745,63R$ 79.778.897,05R$ % FINAL 100,00% 106,77% 104,29% 68 Com o desenvolvimento da pesquisa e com a descoberta de pormenores durante os estudos, sugiram alguns questionamentos que poderiam dar continuidade a este trabalho. Quais seriam as diferenças entre os orçamentos reajustados pelo SINAPI e INCC em uma das capitais onde são feitas as coletas de preços para a composição da cesta básica do INCC pela Fundação Getúlio Vargas? É observado que a medida aumenta o número de participantes em um processo licitatório, maior é a tendência do objeto licitado ser contratado por um preço menor. Se assim for, quais seriam os descontos ofertados relacionados com a quantidade de participantes? Valeria a pena, a União mudar a metodologia de medição, com o intuito de atrair mais licitantes, sendo que os valores sofreriam reajustes, porém o valor contratado seria menor? No Maranhão, além do SINAPI, é comum se observar o uso do ORSE. Quais seriam as discrepâncias entre orçamentos elaborados apenas com o ORSE e orçamentos elaborados apenas com o SINAPI? 69 REFERÊNCIAS Araújo Netto, Edmir. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva,2012. Boseli, Paulo. Simplificando as licitações: (inclusive o pregão). 2 ed. São Paulo: Edicta, 2002. BRASIL. LEI Nº 12.465, DE 12 DE AGOSTO DE 2011. Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração e execução da Lei Orçamentária de 2012 e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2011/lei/l12465.htm. Acesso em: 12/11/2017. BRASIL. LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm. Acesso em: 12/11/2017. BRASIL. LEI Nº 10.192, DE 14 DE FEVEREIRO DE 2001. Dispõe sobre medidas complementares ao Plano Real e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10192.htm. Acesso em: 12/11/2017. BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 12/11/2017. BRASIL. DECRETO Nº 7.983, DE 8 DE ABRIL DE 2013. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/D7983.htm. Acesso em 12/11/2017. PINI. TCPO: Tabelas de composições de preços para orçamentos. 13 ed. São Paulo: Editora PINI, 2008. PROJETO PAC RIO ANIL OBJETIVO. Disponível em: http://www.secid.ma.gov.br/pac/ Acesso: 22/05/18 às 20:55. 70 APÊNDICES 71 Apêndice A – Orçamento original do Residencial Jomar Moraes 72 73 74 75 76 77 78 79 Apêndice B – Medição 01 80 81 82 83 84 85 86 87 Apêndice C – Medição 02 88 89 90 91 92 93 94 95 Apêndice D – Medição 03 96 97 98 99 100 101 102 103 Apêndice E – Medição 04 104 105 106 107 108 109 110 111 Apêndice F – Medição 05 112 113 114 115 116 117 118 119 Apêndice G – Medição 06 120 121 122 123 124 125 126 127 Apêndice H – Medição 07 128 129 130 131 132 133 134 135 Apêndice I – Medição 08 136 137 138 139 140 141 142 143 Apêndice J – Medição 09 144 145 146 147 148 149 150 151 Apêndice K – Medição 10 152 153 154 155 156 157 158 159 Apêndice L – Medição 11 160 161 162 163 164 165 166 167 Apêndice M – Medição 12 168 169 170 171 172 173 174 175 Apêndice N – Medição 13 176 177 178 179 180 181 182 183 Apêndice O – Medição 14 184 185 186 187 188 189 190 191 Apêndice P – Medição 15 192 193 194 195 196 197 198 199 Apêndice Q – Medição 16 200 201 202 203 204 205 206 207 Apêndice R – Medição 17 208 209 210 211 212 213 214 215 Apêndice S – Medição 18 216 217 218 219 220221 222