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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA www.manoelneves.com Página de 1 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA www.manoelneves.com Página de 2 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Belo Horizonte 2020 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 01 7 IMPACTOS DO DESMATAMENTO NO BRASIL 7 TEMA 02 9 CAMINHOS PARA LIDAR COM AS ENCHENTES E COM SEUS REFLEXOS 9 TEMA 03 11 O USO DE AGROTÓXICOS EM DEBATE NO BRASIL 11 TEMA 04 14 O AUMENTO DOS INCÊNDIOS NAS FLORESTAS BRASILEIRAS 14 TEMA 05 15 USINAS HIDRELÉTRICAS E SEUS IMPACTOS 15 TEMA 06 17 AGROECOLOGIA EM DEBATE NO BRASIL 17 TEMA 07 21 DESAFIOS PARA A INCLUSÃO DE PESSOAS COM AUTISMO 21 TEMA 08 23 A INVISIBILIDADE SOCIAL DAS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA 24 TEMA 09 27 COMO COMBATER O VANDALISMO E A DEPREDAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO BRASILEIRO 27 TEMA 10 29 MOBILIDADE HUMANA E COMPARTILHAMENTO DE VEÍCULOS 29 TEMA 11 30 ISONOMIA NA APOSENTADORIA DOS BRASILEIROS 30 TEMA 12 33 DESAFIOS DO EMPREENDEDORISMO NO BRASIL 33 TEMA 13 35 IMPACTOS DO TRÁFICO DE DROGAS NA SOCIEDADE BRASILEIRA 35 TEMA 14 38 LEGALIZAÇÃO DOS JOGOS DE AZAR EM DEBATE 39 TEMA 15 41 www.manoelneves.com Página de 3 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA IMPACTOS DA POLUIÇÃO DO AR EM DEBATE NO BRASIL 41 TEMA 16 43 DIFICULDADES DOS JOVENS PARA INGRESSAR NO MERCADO DE TRABALHO 43 TEMA 17 45 PATRIOTISMO EM DEBATE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 45 TEMA 18 47 AUTOVERDADE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 47 TEMA 19 49 A INTERIORIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 49 TEMA 20 51 A AUTOTUTELA NO CONTEXTO DA SEGURANÇA PÚBLICA BRASILEIRA 51 TEMA 21 53 EFEITOS DA AMPLIAÇÃO DO ACESSO A ARMAS NO BRASIL 53 TEMA 22 57 EXCLUDENTE DE ILICITUDE EM DEBATE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 57 TEMA 23 63 EFEITOS DO SUPERENCARCERAMENTO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 63 TEMA 24 67 IMPACTOS DA INVERSÃO DA PIRÂMIDE ETÁRIA NO BRASIL 67 TEMA 25 69 ALIENAÇÃO PARENTAL EM DEBATE NO BRASIL 69 TEMA 26 71 OBSTÁCULOS ENFRENTADOS PELA GERAÇÃO Z 71 TEMA 27 76 CAMINHOS PARA O COMBATE À PIRATARIA NO BRASIL 76 TEMA 28 80 AVANÇOS TECNOLÓGICOS E REPRODUÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS 80 TEMA 29 83 NOMOFOBIA NO COTIDIANO DO JOVEM BRASILEIRO 83 www.manoelneves.com Página de 4 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 30 86 IMPERATIVO DE OPINIÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA 86 TEMA 31 89 A IDEOLOGIA DO CANCELAMENTO EM DEBATE NO BRASIL 89 TEMA 32 94 A DESVALORIZAÇÃO DA CIÊNCIA NO CONTEXTO NACIONAL 94 TEMA 33 95 EDUCAÇÃO FINANCEIRA EM DEBATE NO BRASIL 95 TEMA 34 96 ENSINO DOMICILIAR EM DEBATE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 97 TEMA 35 99 A REGULAÇÃO DO CONSUMO DE AÇÚCAR NO BRASIL 99 TEMA 36 102 ENSINO A DISTÂNCIA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 102 TEMA 37 105 IMPLEMENTAÇÃO DAS ESCOLAS CÍVICO-MILITARES EM DEBATE 105 TEMA 38 107 A REFORMA DO ENSINO MÉDIO EM DEBATE 107 TEMA 39 109 ENTRAVES À UNIVERSALIZAÇÃO DA MEDICINA FAMILIAR NO BRASIL 110 TEMA 40 111 A SAÚDE DO HOMEM EM DEBATE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 111 TEMA 41 113 ABUSO DE ÁLCOOL NA SOCIEDADE BRASILEIRA 113 TEMA 42 118 MEDIDAS EFICAZES PARA O COMBATE ÀS DROGAS NO BRASIL 118 TEMA 43 128 ESTRATÉGIAS DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL 128 TEMA 44 131 www.manoelneves.com Página de 5 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA CRIMINALIZAÇÃO DO FUNK EM DEBATE NO BRASIL 131 TEMA 45 134 LEI DE INCENTIVO À CULTURA EM DEBATE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 134 TEMA 46 139 O USO DA ÁGUA EM DEBATE NO BRASIL 139 TEMA 47 141 DÉFICIT HABITACIONAL NO BRASIL 141 TEMA 48 144 DESAFIOS DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL DO SÉCULO XXI 144 TEMA 49 146 EVASÃO ESCOLAR NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 146 TEMA 50 148 CAMINHOS PARA SUPERAR O ANALFABETISMO FUNCIONAL NO BRASIL 148 www.manoelneves.com Página de 6 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 01 Impactos do desmatamento no Brasil TEXTO 01 O desmatamento na Amazônia brasileira praticamente dobrou entre janeiro e agosto, totalizando 6.404,4 km², frente aos 3.336,7 km² no mesmo período de 2018 (+91,9%), segundo dados oficiais provisórios divulgados em meio à polêmica internacional envolvendo a preservação da maior floresta tropical do planeta. Apenas em agosto, 1.700,8 km² foram desmatados, menos do que em julho (quando quadruplicou), porém mais do triplo do que em agosto de 2018 (526,5 km²), de acordo com o sistema Deter de alertas de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O desmatamento no Brasil se mantinha nos níveis dos últimos anos, porém disparou nos últimos quatro meses: 738,2 km² em maio (+34,1%), 936,3 km² en junho (+91,7%) e 2.255,4 km² em julho (+278%), e, agora, 1.700,8 km² em agosto (+91,90%). Especialistas avaliam que, este ano, o desmatamento poderia chegar, pela primeira vez desde 2008, a 10.000 km². Segundo os mesmos e ambientalistas, a escalada se explica pela pressão de madeireiros e criadores de gado estimulados pelo apoio do presidente Jair Bolsonaro à abertura de reservas indígenas e áreas protegidas para estas atividades e a mineração. Desmatamento na Amazônia do Brasil subiu 91% nos primeiros 7 meses de 2019. Exame. 8 set. 2019. Disponível em: https:// exame.abril.com.br/brasil/desmatamento-na-amazonia-brasileira-aumentou-91-entre-janeiro-e-agosto/. Acesso em: 06 nov. 2019. TEXTO 02 Há uma íntima relação entre menos vegetação natural e comprometimento de fontes de água. Fatores como a frequência de chuvas e a diminuição do volume de água em lençóis freáticos podem ser potencializados pelo desmatamento. […] Os sistemas se constituem de elementos conectados. As estiagens em si não são novidade, elas vêm e vão em ciclos Mas pesquisadores apontam que a estiagem em um planeta em média um grau centígrado mais quente representa um problema mais ‘serio. Uma área que enfrenta uma seca é ainda mais prejudicada se sofreu desmatamento. Quais os efeitos do desmatamento no abastecimento de água. Nexo Jornal, 18 mar. 2018. Disponível em: https:// www.nexojornal.com.br/expresso/2018/03/17/Quais-os-efeitos-do-desmatamento-no-abastecimento-de-água. Acesso em: 06 nov. 2019. TEXTO 03 Como não poderia deixar de ser, o processo de desflorestação traz consigo várias consequências gravíssimas para o meio ambiente e a própria vida dos seres humanos. Entre elas, podemos citar: . redução ou perda completa da biodiversidade; . exposição do solo aos processos erosivos; . perda de serviços ambientais; . desertificação; . aumento do aquecimento global; . intensificação do efeito estufa. www.manoelneves.com Página de 7 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA O desmatamento é uma prática agressiva e que leva a grandes prejuízos para o meio ambiente. Ao mesmo tempo em que existe há milênios, nunca foi tão importante focar em ações que reduzam a devastação de florestas ao redor do mundo. Afinal de contas, os impactos ambientais trazidos pelo desmatamento podem levar a graves consequências para a espécie humana. Desmatamento: como é no Brasil, causas e consequências! Stoodi, 29 nov. 2018. Disponível em: https://www.stoodi.com.br/blog/ 2018/11/29/desmatamento-como-e-no-brasil/. Acesso em: 06 nov. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Impactos do desmatamento no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 8 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 02 Caminhos para lidar com as enchentes e com seus reflexos TEXTO 01 Devido aos mapeamentos feitos pelo poder público, as mortes são evitáveis, diz o geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Deslizamentosocorrem em dois cenários: quando há ocupação de encostas perigosas ou construção irregular em morros. Em áreas diagnosticadas como de risco muito alto, diz o pesquisador, é preciso desocupar a região e disponibilizar moradia para a população. […] Descaso com enchentes matou 2.500 pessoas no país em vinte anos. O globo, 11 fev. 2019. Acesso em: 7 dez. 2019. TEXTO 02 Desastres naturais: 54,9% dos municípios não têm plano para gestão de risco. Agência IBGE notícias, 05 jul. 2018. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br. Acesso em: 6 dez. 2019. www.manoelneves.com Página de 9 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEXTO 03 O planejamento urbano - na verdade, a falta dele - é a raiz do problema. A destruição da mata ciliar dos rios, a ocupação humana das áreas de várzeas e o desmatamento das encostas estão diretamente relacionados aos efeitos danosos das chuvas. Como as árvores funcionam como uma camada impermeabilizadora, o desflorestamento fragiliza o solo e as construções irregulares o tornam instável, tornando-o mais exposto a deslizamentos. Os programas de combate às enchentes têm se dedicado à medidas estruturais de ampliação da capacidade da vazão dos cursos d’água, mas as cidades continuam crescendo de forma desordenada. As construções deixam o solo impermeável, impedindo que ele absorva a água. Desta forma, a chuva se acumula. Além disso, lixo e entulho continuam sendo despejados nos rios e os cursos d’água são canalizados. “É algo kafkiano: investem-se bilhões de reais em obras estruturais de combate às enchentes e simplesmente não se toma a decisão de parar de provocar as enchentes”, diz Santos. No Brasil, os registros de desastres urbanos acontecem em áreas que nunca deveriam ter sido ocupadas - ou que, se fossem ocupadas, deveriam ter projetos urbanísticos e técnicas de construção específicas. No entanto, as administrações públicas municipais falham em fiscalizar e proibir esse tipo de ocupação. “Como pano de fundo propiciador dessas situações, há a incompetência, a irresponsabilidade, o descompromisso social e, em muitos casos, a conivência interessada da administração pública”, diz Álvaro Rodrigues dos Santos. Embora os pesquisadores já compreendam bem o que provoca enchentes e deslizamentos e existam instrumentos que permitam aos administradores municipais definir regras para uso e ocupação dos solos, como a chamada Carta Geotécnica, esse conhecimento não é colocado em prática. “Não possuímos no país uma cultura técnica arquitetônica e urbanística especialmente adequada à ocupação de terrenos com maior declividade”. Isso acontece não só em moradias de baixa renda, construídas irregularmente em áreas de encostas, mas também em projetos públicos e privados de maior porte. Segundo ele, prevalece a “cultura técnica da área plana”, ou seja: arquitetos e empreiteiros optam por terraplenar os terrenos nas encostas, construindo platôs para edificar a construção. “Um fatal erro técnico de concepção”, diz o geólogo. Por que não dá para culpar só a chuva pelas enchentes e deslizamentos? Nexo Jornal, 14 mar. 2016. Acesso em 7 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Caminhos para lidar com as enchentes e com seus reflexos”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 10 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 03 O uso de agrotóxicos em debate no Brasil TEXTO 01 www.manoelneves.com Página de 11 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA PEREIRA, Elilson, MENDES, Quennia. Ranking dos alimentos mais contaminados por agrotóxico. Morcegada. Disponível em: http:// www.morcegada.unir.br/?p=513. Acesso em: 7 dez. 2019. TEXTO 02 A expressão Revolução Verde foi criada em 1966, em uma conferência em Washington. Porém, o processo de modernização agrícola que desencadeou a Revolução Verde ocorreu no final da década de 1940. Esse programa surgiu com o propósito de aumentar a produção agrícola através do desenvolvimento de pesquisas em sementes, fertilização do solo e utilização de máquinas no campo que aumentassem a produtividade. Isso se daria através do desenvolvimento de sementes adequadas para tipos específicos de solos e climas, adaptação do solo para o plantio e desenvolvimento de máquinas. As sementes modificadas e desenvolvidas nos laboratórios possuem alta resistência a diferentes tipos de pragas e doenças, seu plantio, aliado à utilização de agrotóxicos, fertilizantes, implementos agrícolas e máquinas, aumenta significativamente a produção agrícola. Esse programa foi financiado pelo grupo Rockefeller, sediado em Nova Iorque. Utilizando um discurso ideológico de aumentar a produção de alimentos para acabar com a fome no mundo, o grupo Rockefeller expandiu seu mercado consumidor, fortalecendo a corporação com vendas de verdadeiros pacotes de insumos agrícolas, principalmente para países em desenvolvimento como Índia, Brasil e México. Revolução Verde. Site Brasil Escola, 23 jun. 2018. Acesso em: 9 dez. 2019. TEXTO 03 www.manoelneves.com Página de 12 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Registros de agrotóxicos no Brasil cresce e atinge maior marca em 2018. Folha de S. Paulo, 4 mar. 2019. Disponível em: https:// www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/03/registro-de-agrotoxicos-no-brasil-cresce-e-atinge-maior-marca-em-2018.shtml. Acesso em: 7 dez. 2019. TEXTO 04 De maneira geral, os pesticidas são tóxicos, independentemente de qual composto é usado, sendo uns menos, e outros mais danosos à saúde humana e ao meio ambiente. Um dos problemas mais comuns é a contaminação do solo, de lençóis freáticos e de rios e lagos. Quando o agrotóxico é utilizado, ele chega ao solo e a chuva, ou o próprio sistema de irrigação da plantação, facilita a chegada dos pesticidas aos corpos de água, poluindo-os e intoxicando toda vida lá presente. Um bom exemplo de como esse tipo de produto tóxico funciona pode ser observado em inseticidas, como os organoclorados e organofosforados. Ambos são bioacumulativos, o que significa que o composto permanece no corpo do inseto ou de um peixe após sua morte. Se algum outro animal se alimentar de um ser contaminado, também ficará intoxicado, e assim sucessivamente, aumentando o alcance do problema. O uso de pesticidas, inclusive, contribui com o empobrecimento do solo. Estudos mostram que a utilização de pesticidas reduz a eficiência da fixação de nitrogênio realizada por micro- organismos, o que faz com que o uso de fertilizantes seja cada vez mais necessário. Os pesticidas também favorecem o surgimento de pragas progressivamente mais fortes, através de um processo de “seleção natural”, em que os animais mais resistentes aos agrotóxicos tomam o lugar das espécies mais suscetíveis. Esse processo também acaba garantindo a manutenção da produção de agrotóxicos. Outros problemas que já foram percebidos por estudos são a diminuição do número de abelhas polinizadoras e a destruição do habitat de pássaros em ambientes onde pesticidas são utilizados. Os problemas causados pelos agrotóxicos justificam seu uso? Site ecycle. Acesso em: 7 dez. 2019. TEXTO 05 O uso excessivo de produtos químicos na agricultura reflete diretamente na saúde do consumidor. Veja problemas de saúde que podem ser causadas por agrotóxicos: a) câncer; b) infertilidade; c) TDAH; d) espectro autista; e) doenças nos rins; f) danos ao fígado; g) alzheimer; h) depressão; i) malformação do feto; j) hipotireoidismo; k) alergias; l) doenças cardíacas. 12 doenças que podem ser causadas por agrotóxicos. Casa e jardim. 8 ago. 2018. Disponível em: https:// revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Comida/noticia/2018/08/12-doencas-que-podem-ser-causadas-por-agrotoxicos.html. Acesso em: 7 dez.2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “O uso de agrotóxicos em debate no Brasil contemporâneo”. Selecione, www.manoelneves.com Página de 13 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 04 O aumento dos incêndios nas florestas brasileiras TEXTO 01 Ao contrário do que afirmou o governo federal em agosto de 2019, os incêndios na Amazônia que desencadearam uma crise internacional naquele mês foram acentuadamente mais altos que em anos anteriores, aponta um estudo divulgado na sexta-feira (15) na revista científica Global Change Biology. Além disso, existem fortes evidências de que o aumento do fogo está relacionado à alta do desmatamento, afirma a pesquisa. Antes, integrantes do governo haviam atribuído as queimadas ao período de seca na floresta, a práticas de limpeza de pasto na agricultura e, em um caso, a supostos costumes de povos indígenas. A pesquisa, intitulada “Esclarecendo a crise das queimadas na Amazônia” e assinada por pesquisadores de universidades brasileiras e estrangeiras, usou dados de queimadas e desmatamento disponibilizados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para chegar às conclusões. A ideia do artigo, segundo os autores, é desfazer a confusão quanto às queimadas que se sucedeu à crise. Quais as causas e os tipos de queimadas na Amazônia. Nexo Jornal, 20 nov. 2019. Acesso em: 7 dez. 2019. TEXTO 02 Ao contrário do que afirmou o governo federal em agosto de 2019, os incêndios na Amazônia que desencadearam uma crise internacional naquele mês foram acentuadamente mais altos que em anos anteriores, aponta um estudo divulgado na sexta-feira (15) na revista científica Global Change Biology. Além disso, existem fortes evidências de que o aumento do fogo está relacionado à alta do desmatamento, afirma a pesquisa. Antes, integrantes do governo haviam atribuído as queimadas ao período de seca na floresta, a práticas de limpeza de pasto na agricultura e, em um caso, a supostos costumes de povos indígenas. www.manoelneves.com Página de 14 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA A pesquisa, intitulada “Esclarecendo a crise das queimadas na Amazônia” e assinada por pesquisadores de universidades brasileiras e estrangeiras, usou dados de queimadas e desmatamento disponibilizados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para chegar às conclusões. A ideia do artigo, segundo os autores, é desfazer a confusão quanto às queimadas que se sucedeu à crise. Alter: fogo foi para vender lotes que têm “policial por trás’, diz prefeito. Folha de S. Paulo, 01 dez. 2019. Acesso em: 7 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “O aumento dos incêndios nas florestas brasileiras”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 05 Usinas hidrelétricas e seus impactos TEXTO 01 As hidrelétricas funcionam por meio de grandes turbinas que giram devido à força das águas. A água passa por tubos que são interligados às turbinas, fazendo-as girar. Cada turbina é acoplada a um equipamento chamado gerador, formando, assim, a unidade geradora que faz a transformação da energia mecânica, do movimento das pás da turbina, em energia elétrica. Como funciona uma hidrelétrica? Aliança, 24 abr. 2017. Disponível em: https://aliancaenergia.com.br/br. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 02 SUBIDA ÍNGREME Para garantir que peixes migradores, consigam subir o rio para acasalar, uma das maneiras é construir “escadas” aquáticas. Cada grupo de degraus tem uma área de descanso para que o peixe não tenha cãibras por esforço muscular na hora da subida RIO SOFREDOR O nível do reservatório das hidrelétricas precisa ser mantido em um patamar constante. Para isso, os técnicos abrem e fecham as comportas dependendo do regime de chuvas. Quem perde com isso é o rio que recebe a água do lago: a alteração do volume dágua desordena toda a vida aquática sobretudo nas margens, que enfrentam períodos de seca e inundação CAOS CLIMÁTICO www.manoelneves.com Página de 15 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA O que antes era uma floresta vira, de uma hora para outra, um lago. Essa mudança aumenta a quantidade de água que evapora e, por conseqüência, mexe em outros três fatores climáticos: o total de chuvas, a umidade e a temperatura, que sofre variações de até 3 ºC. Com essa bagunça, as plantações que sobreviveram à inundação podem ser prejudicadas SALVAMENTO IMPROVISADO Parte da fauna que ocupava a região do lago fica ilhada com a inundação. Quando o lago da barragem de Itaipu foi formado, por exemplo, 30 mil animais foram resgatados e levados a áreas de reserva. Alguns morreram por não se adaptar ao novo hábitat. O salvamento continua até hoje: quando as turbinas param para manutenção, os peixes que entram nos dutos são retirados COMEÇAR DE NOVO No alagamento para a formação da barragem, muitas espécies vegetais ficam submersas, reduzindo a biodiversidade. Para diminuir o problema, as construtoras de hidrelétricas têm programas de reflorestamento em suas margens. A usina de Itaipu, por exemplo, recebeu 20 milhões de mudas no entorno de seu reservatório PESCARIA ALTERADA A formação de um lago muda os hábitos da vida aquática, fazendo algumas espécies de peixe sumirem e outras se multiplicarem. No rio Paraná, os tipos mais numerosos mudaram com a instalação de Itaipu: Qual o impacto ambiental da implantação de uma hidrelétrica? Superinteressante, 18 abr. 2011. Disponível em: https:// super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-o-impacto-ambiental-da-instalacao-de-uma-hidreletrica/. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 03 Impactos ambientais – como o desmatamento e a perda da biodiversidade – e sociais – como o deslocamento de milhares de pessoas e os prejuízos econômicos causados a elas – não têm sido levados em conta e incluídos no custo total desses projetos. Além disso, esses empreendimentos têm ignorado os cenários de mudanças climáticas, que preveem a diminuição da oferta de água e, consequentemente, da geração de energia hidroelétrica. Custos sociais e ambientais de usinas hidrelétricas são subestimados, aponta estudo. Jornal da Unicamp, 7 nov. 2018. Disponível em: https://www.unicamp.br/unicamp/index.php/ju/noticias. Acesso em: 8 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Usinas hidrelétricas e seus impactos”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 16 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 06 Agroecologia em debate no Brasil TEXTO 01 A agrofloresta é um sistema integrado de árvores e plantas de diferentes espécies em uma mesma plantação, com uso zero de fertilizantes ou agrotóxicos. Nos anos 1970, Ernest Götch, agricultor e pesquisador, começou a fazer experimentos que combinavam o cultivo de diferentes espécies de plantas no mesmo espaço, como faziam os fazendeiros europeus até o início do século 20. E reparou que seu feijão ficava mais forte quando estava próximo de árvores. Melhor ainda depois que essas árvores eram podadas. Percebeu ainda que não bastava cuidar apenas de uma planta (ou uma espécie): era preciso cuidar de todo o sistema em volta das plantações. […] Parecia sem sentido naquela época em que as ideias da revolução verdecomeçavam a dominar as regras da agricultura. A população mundial crescia rapidamente e a preocupação era como alimentar essa gente toda. O jeito era reduzir o tempo até a colheita e aumentar a produção. A solução apareceu, então, com maquinário pesado, fertilizantes, veneno e sementes selecionadas. Os tratores agilizavam o processo todo e os produtos químicos criavam artificialmente as condições ambientais certas para manter a planta saudável. Nessa lógica da monocultura, qualquer outra espécie (insetos e ervas daninhas) são invasoras e devem ser eliminadas. www.manoelneves.com Página de 17 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Só que, no meio do processo, o solo se acaba, fica mais compactado e impermeabilizado (ou seja, seco). A isso ainda se juntam outros problemas, como a erosão, contaminação do meio ambiente por agrotóxicos, assoreamento de rios, fortalecimento das pragas. E dá-lhe fertilizante para fazer crescer e veneno para matar. Assim, a cada novo ciclo, mais cara a produção, mais seco o clima, e menor a biodiversidade. Em plantações de orgânicos funciona quase do mesmo jeito, mas com insumos naturais. E os únicos vencedores são os grandes produtores – os Sezefredos e tantos outros agricultores pequenos não conseguem fechar a conta no azul. Ernst compreendeu todas as falhas desse modelo. E quanto mais se aprofundava em sua pesquisa, mais se afastava das ideias da revolução verde. Encontrou na termodinâmica um conceito para entender como acontecia o impacto negativo da agricultura. É o princípio da entropia, que mede o desgaste e a desordem de um sistema. Imagine sua – cada vez que você prepara um prato, a louça aumenta e a sujeira cresce. Você bagunça aquele espaço. A natureza funciona do mesmo jeito. Quando o homem transforma o cerrado mato-grossense e as terras da Amazônia em extensas plantações de soja, a natureza entra em desequilíbrio. A louça se acumula e uma hora a conta chega – menos vida, mais pragas, pobreza, aquecimento global e seca. No sul da Bahia, entre as cidades de Ituberá e Piraí do Norte, a conta da Fazenda Fugidos da Terra Seca andava bem vermelha. E foi para lá que Ernst se mudou em 1984. Comprou 500 hectares de terras improdutivas. “As bananeiras não ficavam de pé. Ficavam deitadas pelo vento. Vinha a chuva e formava uma grande enxurrada. Depois vinha a seca”, lembra Ernst. “Diziam que gringo é burro. Que não sabe escolher terra.” Como mágica O gringo burro não queria ser mais um a criar o caos. Decidiu se integrar àquele meio, tirar da natureza sua comida e ganha-pão e ainda assim mantê-la saudável. Se havia entropia, o melhor era buscar o oposto, a sintropia, a capacidade de reorganização das coisas. Encontrou na floresta a melhor saída. Em qualquer área descampada, o mato é o primeiro a aparecer. Essas “ervas daninhas” se dispersam rapidamente e precisam de poucos nutrientes, então se adaptam melhor à escassez de recursos. É por isso que o matinho nasce na rachadura da calçada ou domina a paisagem de Chernobyl. Ele tem um papel fundamental na recuperação do solo, retendo a umidade e descompactando-o. Como tem ciclo de vida breve, ainda melhora a fertilidade da terra, por conta da ação dos micro- organismos que trabalham na decomposição do mato. Mais rico, o solo cria condições para que plantas cada vez maiores e longevas cresçam. Até que tudo se transforma em uma grande floresta. A natureza, porém, não tem pressa. Pode demorar milhares de anos até que ela chegue a seu clímax – tudo depende da fertilidade do solo e de pássaros e outros animais que espalhem sementes por lá. Ernst copiou a natureza e deu a ela a rapidez que a agricultura pede. Criou um sistema de plantio complexo, com plantas selecionadas para cumprir um papel em cada etapa desse processo de regeneração natural – com estratos cada vez maiores. Todas as sementes são www.manoelneves.com Página de 18 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA espalhadas ao mesmo tempo, bem adensadas – e a escolha de cada espécie depende também da função dela na nossa vida. Alface, rúcula e milho podem fazer o papel do mato. Um pouco maior, a mandioca, por exemplo, as sucede. É quase como uma família: o brócolis cria o mamoeiro, que cria a trema (uma árvore nativa), que cria o ingá, que cria o abacateiro, que cria a castanheira. Até que o mamoeiro cresce, o brócolis desaparece daquele espaço e o estrato da floresta sobe um degrau. Aí a floresta evolui até chegar aos ipês e cedros – que podem ser cortados e vendidos como toras de madeira. Quanto mais complexo o sistema (com maior interação entre várias espécies, inclusive o homem), mais completa a floresta, maiores as chances de que se torne saudável. “Tenho que ser uma presença benéfica naquele meio. E não pensar apenas no que eu posso tirar disso. O resultado é a abundância”, afirma Ernst. Nesse compasso sincronizado, até formigas, tão combatidas na agricultura convencional, entram na dança. O papel delas é fazer a poda natural e depositar ainda mais matéria orgânica no solo, fabricando um adubo verde. E tudo bem se a cotia aparecer para comer castanhas e o tucano devorar o açaí: em algum momento, eles vão devolver as sementes para o chão e espalhar mudas em um lugar novo. Ao homem cabe a tarefa de aprimorar ainda mais a poda – até cortar galhos grandes ou derrubar árvores inteiras, sem peso nenhum na consciência ou no equilíbrio do ecossistema. É que perder uns galhos faz um bem danado às plantas. Os microrrizas, uma simbiose entre fungos e raízes, fazem a festa: começam a produzir ainda mais ácido giberélico, um hormônio vegetal, que estimula seu crescimento e o de suas vizinhas, já que as raízes se embaralham sob a terra. Além disso, a poda permite a entrada de luz, que aumenta em até 70% a taxa de fotossíntese. Com mais fotossíntese, maior a captação de gás carbônico, responsável pelo efeito estufa, da atmosfera. Aí quando aquele galho vai para o chão, o carbono fica preso no solo e é liberado aos poucos durante a decomposição – num tempo bem mais lento do que aconteceria em um solo sem tanta matéria orgânica. E como na floresta uma árvore que cai abre espaço para o reinício do ciclo, a retirada de uma espécie mais velha permite que aquele brócolis que cedeu espaço para o mamão possa voltar a brilhar por lá. Esse trabalho coletivo acelera o processo de produção (desde o primeiro ciclo, seja em uma área de 100 metros quadrados ou de 100 hectares, pelo menos um pé de alface você vai ter), mas, ao invés de sugar nutrientes, ele enriquece o solo. Com bônus: aumenta a umidade e a incidência de chuva na região. E o gringo que não sabia comprar terra viu a Mata Atlântica dominar seus 500 hectares. É de lá que manda cacau orgânico de primeira qualidade para a Itália e de onde Ernst obtém uma enorme variedade de frutas e vegetais que, se não vão para a mesa, viram comida para a fauna que passou a morar lá. A fazenda ganhou até um novo nome: Olhos d’Água, em homenagem às 14 nascentes que ressurgiram. O que são agroflorestas, a agricultura que copia a natureza? Superinteressante, 4 ago. 2016. Disponível em: https:// super.abril.com.br/ideias/a-revolucao-da-floresta/. Acesso em 8 dez. 2019. TEXTO 02 www.manoelneves.com Página de 19 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Estudo de caso: a lagarta Hermicoverpa armigera. Blog Bioterra, s.d. Disponível em: http://bioterra.blogspot.com/2018/04/estudo-de- caso-lagarta-exotica.html. Acesso em: 9 dez. 2019. TEXTO 03 2.2.1 Vantagens: a) consegue-se uma melhor utilização do espaço vertical e simulam-se os modelos ecológicos naturais em sua forma e estrutura; b) diminuição na taxa de evaporação do cultivo sombreado; c) maior biomassa regressa ao sistema (matéria orgânica), e as vezes de melhor qualidade; www.manoelneves.com Página de 20 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA d) remoção dos excessos de umidade no solo, mediante a transpiração produzida pela densa cobertura vegetal desombra; e) reduzem-se os danos causados por ventos fortes, gotas de chuva e diminuição da erosão; f) recirculação de nutrientes que não são acessíveis ao cultivo; g) o adubo é melhor aproveitado ao ser capturado pelas raizes das árvores, quando em níveis mais pro- fundos do solo; h) as árvores leguminosas fixam quantidades importantes de nitrogênio; i) pode haver efeitos benéficos devidos à simbiose, parasitismos e mutualismos e, j) melhora-se a estrutura do solo (mais agregados estáveis), evitando a crosta dura. SÃO PAULO. Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Uma breve descrição dos sistemas agroflorestais da América Latina, out. 1991. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Agroecologia em debate no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 07 Desafios para a inclusão de pessoas com autismo TEXTO 01 www.manoelneves.com Página de 21 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Revista Saúde, dez. 2017. Disponível em: https://saude.abril.com.br/especiais/os-diferentes-olhares-sobre-o-autismo/. Acesso em: 25 ago. 2019. TEXTO 02 Apesar de o autismo ter um número relativamente grande de incidência, foi apenas em 1993 que a síndrome foi adicionada à Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde. A demora na inclusão do autismo neste ranking é reflexo do pouco que se sabe sobre a questão. Ainda nos dias de hoje, o diagnóstico é impreciso, e nem mesmo um exame genético é capaz de afirmar com precisão a incidência da síndrome. “Existe uma busca, no mundo todo, para entender quais são as causas genéticas do autismo”, explica a Professora Maria Rita dos Santos e Passos Bueno, coordenadora do núcleo voltado a autismo do Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco do Instituto de Biociências (IB) da USP. “Hoje a eficiência do teste ainda é muito baixa”, afirma ela. […] www.manoelneves.com Página de 22 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Uma vez diagnosticado autista, o paciente e sua família enfrentam mais uma barreira: a busca pelo tratamento. As dificuldades residem, sobretudo, na falta de profissionais preparados para lidar com o transtorno, sobretudo na rede pública. Para o dr. Vadasz, o problema começa ainda na formação médica. “Temos centenas de escolas de Medicina, e todas deveriam colocar na graduação o ensino de autismo para pediatras”, argumenta ele. OLIVEIRA, Carolina. Um retrato do autismo no Brasil. São Paulo: Comunidade USP, 2017. Disponível em: http://www.usp.br/ espacoaberto/?materia=um-retrato-do-autismo-no-brasil.Acesso em: 25 ago. 2018. TEXTO 03 O deputado Fábio Trad (PSD-MS), que pediu o debate, lembra que já existe uma lei (12.764/12) que garante o atendimento aos autistas, mas reconhece que muitas das garantias não se concretizaram. “Precisamos efetivá-la, para isso precisamos dar condições jurídicas para isso”, afirma Trad ressaltando que há muitos projetos de lei sobre o assunto em tramitação na Casa. “Nós precisamos agora criar uma força-tarefa junto aos líderes para pautarmos esses projetos, votarmos a sua urgência, o seu mérito”, planeja Trad. Uma das dificuldades para se estabelecer políticas públicas para os autista, segundo o vereador Fritz, de Campo Grande (MS), é a falta de dados oficiais. Segundo Fritz, existem apenas estimativas. Ele defende a existência de um cadastro único para definir qual a quantidade de pessoas que estão dentro do espectro moderado ou severo, por exemplo. Um dos projetos (PL 6575/16), já aprovado pela Câmara, prevê justamente a inclusão de dados sobre o autismo no próximo censo populacional. No início do mês, a Câmara também aprovou outros dois projetos que beneficiam as pessoas com autismo. Um deles (PL 1354/19) determina prioridade na tramitação de processos judiciais e administrativos que envolvam quem tem transtorno do espectro autista. O outro (PL 1712/19) modifica pontos da lei que instituiu a política nacional de proteção aos direitos dos autistas e encarrega a União de coordenar essa política. Debatedores apontam dificuldades para tratamento do autismo. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/ noticias/DIREITOS-HUMANOS/574880-DEBATEDORES-APONTAM-DIFICULDADES-PARA-TRATAMENTO-DO-AUTISMO.html. Acesso em: 25 ago. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Desafios para a inclusão de pessoas com autismo no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista TEMA 08 www.manoelneves.com Página de 23 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA A invisibilidade social das pessoas em situação de rua TEXTO 01 Quem vive em calçadas ou sob viadutos atualmente é quase tão invisível para o poder público quanto para quem passa apressado pelas ruas. A maioria dos municípios brasileiros, 77,3% do total, não tem pesquisas específicas, e também não existe um levantamento nacional recente sobre essas pessoas. A falta desses dados interfere diretamente na elaboração de políticas sociais mais eficientes para essa população, como observa estudo feito pelo pesquisador Marco Antonio Carvalho Natalino, especialista em políticas públicas e gestão governamental do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Não se sabe quantas pessoas em situação de rua existem no Brasil. Por que isso é um problema? Nexo Jornal. 26 dez. 2016. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 02 Ao longo de todo o ano passado, assistentes sociais municipais abordaram cerca de 105,3 mil pessoas nas calçadas da cidade, de acordo com a base de dados disponibilizada no site da prefeitura. Esse número é 66% maior do que a quantidade de pessoas abordadas na mesma situação em 2016, quando foram contabilizados 63,2 mil indivíduos, e 88% acima da de 2015. Em dois anos, SP vê salto de 66% de pessoas abordadas vivendo nas ruas. Folha de S. Paulo, 22 jun. 2019. Disponível em: https:// www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/06/em-dois-anos-sp-ve-salto-de-66-de-pessoas-abordadas-nas-ruas.shtml. Acesso em 8 dez. 2019. TEXTO 03 Os “moradores de rua” são um grupo heterogêneo, isto é, pessoas que vêm de diferentes vivências e que estão nessa situação pelas mais variadas razões. Há fatores, porém, que os unem: a falta de uma moradia fixa, de um lugar para dormir temporária ou permanentemente e vínculos familiares que foram interrompidos ou fragilizados. […] Uma Pesquisa Nacional sobre a População em situação de Rua foi realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social entre os anos de 2007 e 2008 com o objetivo de quantificar e qualificar todos esses fatores. Quanto aos motivos que levam as pessoas a morar nas ruas, os maiores são: alcoolismo e/ou uso de drogas (35,5%), perda de emprego (29,8%) e conflitos familiares (29,1%). Das pessoas entrevistadas, 71,3% citaram ao menos um dos três motivos e muitas vezes os relatos citam motivos que se correlacionam dentro da perda de emprego, uso de drogas e conflitos familiares. Apesar de não ser muito comum, existem pessoas que escolhem por viver nas ruas, também de acordo com a pesquisa. Embora os principais motivos sejam, por vezes, violências e abusos domésticos ou desentendimentos dentro da família, afirma-se que existe um grau de escolha própria para ir para a rua”. A explicação obtida na pesquisa é de que “essa escolha está relacionada a uma noção (ainda que vaga) de liberdade proporcionada pela rua, e acaba sendo um fator fundamental para explicar não apenas a saída de casa, mas também as razões da permanênciana rua”. […] O primeiro ponto a ser ressaltado: a imensa maioria de quem vive nas ruas são homens. Do total dessa população, 82% é masculina. De toda a população masculina, a maioria é jovem: 15,3% www.manoelneves.com Página de 24 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA são homens na faixa etária dos 18 aos 25 anos. A faixa da idade com o maior número de homens em situação de rua é a dos 26 aos 35 anos, com 27,1%. Já a população feminina representa os outros 18% do total de pessoas que vivem em situação de rua. A maioria das mulheres também é jovem e está nas ruas com idade menor do que a dos homens: 21,17% delas têm entre 18 e 25 anos e 31,06% têm entre 26 e 35 anos. Cor da pele: Quanto à cor de pele de todas as pessoas que vivem nas ruas, 39,1% se autodeclararam pardos na pesquisa; 29,5% se declararam brancos e 27,9% se declararam pretos. No censo do IBGE – que junta negros e pardos –, contabiliza a população brasileira em 53% de negros e 46% de brancos. Levando em conta a população em situação de rua, se formos usar o mesmo método, a representação negra é de 67% – bem mais alta que a sua representação na população brasileira. […] Ao contrário do que se pode acreditar no senso comum, a maioria dos moradores de rua são trabalhadores. Grande parte deles, 70,9%, exerce uma atividade com remuneração e 58,6% afirma ter alguma profissão, mesmo que fazendo parte da chamada “economia informal”, na qual não há um trabalho fixo, contratação oficial e carteira assinada. As atividades mais praticadas por eles são as de: catador de materiais recicláveis (27,5%), “flanelinha” (14,1%), trabalhos na construção civil, “pedreiro” (6,3%), entre outras. Pessoas em situação de rua: a complexidade da vida nas ruas. Site Politize, 21 set. 2017. Disponível em: . Acesso em: 9 dez. 2019. TEXTO 04 Além da pobreza extrema, morador de rua vive com a constante ameaça de doenças, principalmente a tuberculose e as DSTs. Um tapete velho sob a sombra de uma castanhola, no bairro dos Bancários, em João Pessoa, faz as vezes de cama para José (nome fictício). No muro do quarto improvisado, onde ele guarda os poucos pertences, um rabisco faz referência à passagem bíblica que conta a história de Lázaro, que morreu de lepra e foi ressuscitado por Cristo. Assim como o personagem bíblico descansava em ‘sono profundo’, como narra a história cristã, José dormia em meio ao barulho do trânsito. A pele queimada pelo sol e com algumas manchas sinaliza a realidade de quem não tem um teto e vive constantemente com a vida em risco, sujeito a atos de violência ou a problemas de saúde. A vulnerabilidade da saúde é uma constante no dia a dia dos moradores de rua. Tuberculose, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e escabiose (eczemas na pele) são as principais enfermidades que acometem essa parcela da população na capital, segundo informações das equipes do programa ‘Consultório na Rua’. Somente em 2015, a equipe multiprofissional fez 713 atendimentos, realizados principalmente no Centro e na orla, áreas que mais concentram os usuários. “A gente sabe que a população de rua é mais susceptível a adoecer, seja pelas condições de autocuidado, privações do sono e exposição a sol e chuva. Além disso, muitos são andarilhos e não têm os cuidados necessários com a pele e os pés”, explicou a coordenadora do Consultório na Rua, Luana Alves. Essa falta de cuidados relatada pela integrante do programa municipal é visível no rosto e no corpo de Hildo, que há quatro anos deixou a cidade de Guarabira, no Agreste, para morar na capital. O biotipo franzino é resultado da alimentação incerta, o olhar distante e palavras desencontradas revelam indícios de algum distúrbio psíquico. www.manoelneves.com Página de 25 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Distúrbios afetam moradores de rua “Trabalhei como ajudante, na construção. Depois que o trabalho acabou eu fiquei por aqui”, contou Hildo, morador de rua, revelando que antes de vir para João Pessoa trabalhava como feirante em Guarabira. Os indícios de problemas psicológicos que já se percebem no semblante de Hildo são uma das consequências das condições de viver nas ruas. A coordenadora do Consultório na Rua, Luana Alves, explica que quem já sofre de problemas psicológicos e vai morar na rua pode ter as condições de saúde agravada, como também as pessoas que moram na rua podem adquirir os distúrbios. “É muito frequente doenças infectocontagiosas, DSTs, doenças de pele. No caso dos problemas psicológicos, eles podem surgir pelas próprias condições de vida dessas pessoas. Os principais problemas que a gente encontra são pessoas com depressão, esquizofrenia e ansiedade. O pior disso tudo é que esses distúrbios podem ser agravados pelo consumo de drogas e álcool”, detalhou Luana Alves. Além da pobreza, moradores de rua vivem com constante ameaça de doenças. Jornal da Paraíba, 18 abr. 2016. Disponível em: http://www.jornaldaparaiba.com.br. Acesso em: 9 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “A invisibilidade social das pessoas em situação de rua”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 26 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 09 Como combater o vandalismo e a depredação do espaço público brasileiro TEXTO 01 Vandalismo é um conceito que se pode utilizar para fazer referência à destruição própria dos antigos vândalos. É uma conduta destrutiva que não respeita as coisas dos outros e que se costuma expressar por meio da violência. O vandalismo é a hostilidade para com as propriedades alheias. Tende a manifestar-se publicamente com ataques a monumentos, bancos, paredes, muros, etc., seja com a intenção de transmitir uma mensagem, seja pelo simples fato de destruir os outros. Uma das formas mais frequentes de vandalismo são os graffiti quando são feitos sem autorização. Essas pinturas nos muros de uma casa ou numa estátua têm vítimas (o dono da residência, o Estado) que sofrem danos patrimoniais. Contudo, aqueles que se exprimem por meio dos grafitis defendem que a liberdade de expressão transcende a propriedade privada ou os objectos materiais. Vandalismo. Conceito de. Disponível em: https://conceito.de/vandalismo. Acesso em: 9 dez. 2019. TEXTO 02 Lei 9.605 Artigo 65 Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano. Pena detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Pichar é legal? Site DireitoNet. Disponível em: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6475/Pichar-e-legal. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 03 Lunetas arrancadas, equipamentos de ginástica quebrados, bebedouros inutilizáveis, placas de trânsito arrebentadas, monumentos pichados, cabos roubados... O vandalismo que espalha suas marcas por todas as regiões de Belo Horizonte ficou ainda mais evidente nesta semana, graças a duas operações da Polícia Civil – uma para combate à receptação de fios de cobre roubados, outra de combate à pichação. Mas esses são apenas dois, de uma extensa lista de tipos de depredação em espaços públicos de toda a cidade, cuja reparação acaba pesando no bolso de todos os cidadãos. Nos primeiros sete meses deste ano, apenas em situações que geraram intervenção da Guarda Municipal, foram 262 ocorrências, média mensal de 37, ou mais de uma www.manoelneves.com Página de 27 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA a cada dia em BH. Número que não considera a imensa gama de danos menores ou que simplesmente não chegam ao conhecimento do poder público. A Prefeitura de BH não tem uma contabilidade geral dos gastos para reparar todos os danos, mas as despesas da BHTrans dão uma boa ideia do tamanho do prejuízo. No ano passado, a empresa municipal gastou cerca de R$1 milhão apenas com consertos, assistência técnica, compra e reposição de peças em estações de integração e de transferência do Move, assim como em escadas rolantes e elevadores nas mesmas estruturas, além de semáforos. Apenas nos primeiros três meses deste ano já foram consumidos por vândalos mais R$ 142,3 mil que poderiam ter sido investidos em outros setores. Luneta arrancada, fios roubados, pichação: veja como o vandalismo pesa no seu bolso. Estado de Minas, 28 set. 2019. Disponível em: https://www.em.com.br. Acesso em: 8 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Como combater o vandalismo e a depredação do espaço público brasileiro”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 28 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 10 Mobilidade humana e compartilhamento de veículos TEXTO 01 Os interessados em alugar um carro podem encontrar nos apps Localiza, Movida e Hertz Rent- a-Car, por exemplo, serviços úteis para a tarefa. Disponíveis em celulares Android ou iPhone (iOs), as plataformas grátis prometem otimizar o tempo dos clientes ao permitir que todo o procedimento seja virtual. Os softwares são úteis para quem prefere esse tipo de meio de transporte, que pode ser reservado por meio de locadoras especializadas ou diretamente com proprietários de automóveis. Aplicativo de aluguel de carros: veja seis opções para baixar. Tech tudo. Disponível em: https://www.techtudo.com.br/listas/2019/03/ aplicativo-de-aluguel-de-carros-veja-seis-melhores-opcoes-para-baixar.ghtml. Acesso em: 5 mai. 2019. TEXTO 02 Belo Horizonte passa longe de ser uma cidade amigável para o ciclista, mas a verdade é que algumas ciclovias começaram a surgir nos últimos anos. Elas se concentram em duas regiões: a área central da cidade e a Orla da Lagoa da Pampulha. Se no centro as ciclovias podem ter grande utilidade no dia a dia, na orla a atividade é mais recreativa – a região lota de ciclistas aos fins de semana e feriados. Como alugar bicicletas em Belo Horizonte. 360 meridianos. Disponível em: https://www.360meridianos.com/dica/como-alugar- bicicletas-em-belo-horizonte. Acesso em: 5 mai. 2019. TEXTO 03 A Uber deu entrada na noite desta quinta-feira em seu aguardado IPO e, com isso, a empresa de transporte por aplicativo divulgou números até então inéditos sobre sua operação, incluindo mais detalhes sobre o Brasil. […] O número de usuários no mundo fechou 2018 em 91 milhões e cresceu 35% em relação a 2017. A Uber tem mais de 22 milhões de usuários no Brasil e mais de 600 mil motoristas parceiros, estando presente em mais de 100 cidades. Os números secretos da Uber: US$1 bi no Brasil, US$ 11 bi no mundo. Exame. Disponível em: https://exame.abril.com.br/negocios/ os-numeros-secretos-da-uber-us-1-bi-no-brasil-us-11-bi-no-mundo/. Acesso em: 5 mai. 2019. www.manoelneves.com Página de 29 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEXTO 04 Quem viajou há pouco por países da Europa viu como patinetes elétricas se tornaram febre e parecem até ter tomado lugar das bicicletas compartilhadas. No mesmo sistema de empréstimo, ganharam preferência e invadiram passeios de muitas cidades. Esse modelo de transporte está agora prestes a quebrar a rotina da capital mineira. E está previsto para começar a ser visto por ruas e avenidas a partir de hoje, depois de as bikes conquistarem os belo-horizontinos e provarem que numa cidade montanhosa os trajetos também podem ser percorridos sobre duas rodas. Serviço de aluguel de patinetes elétricas estreia em Belo Horizonte. Estado de Minas. Acesso em: 5 mai. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Mobilidade humana e compartilhamento de veículos”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 11 Isonomia na aposentadoria dos brasileiros TEXTO 01 Artigo 5: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Disponível em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/ con1988/con1988_15.12.2016/art_5_.asp. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 02 www.manoelneves.com Página de 30 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Entenda o que muda na reforma da previdência. Poder 360, 11 jul. 2019. Disponível em: https:// www.poder360.com.br/ congresso/ entenda-o-que-muda- na-reforma-da- previdencia-aprovada- em-1o-turno/. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 03 www.manoelneves.com Página de 31 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Entenda o que muda na reforma da previdência. Poder 360, 11 jul. 2019. Disponível em: https:// www.poder360.com.br/ congresso/entenda-o- que-muda-na-reforma-da- previdencia-aprovada- em-1o-turno/. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 04 A e c o n o m i a líquida esperada com as mudanças em 10 anos é de R$ 10,45 bilhões. E n q u a n t o a s novas regras para o s i s tema de i n a t i v o s e p e n s i o n i s t a s evitarão gastos de R$ 97,3 bilhões, as mudanças na c a r r e i r a d o s mi l i tares trarão a u m e n t o d e custo de R$ 86,85 bilhões para o T e s o u r o n o mesmo período. Senado aprova aposentadoria militar com salário integral e sem idade mínima. Folha de S. Paulo, 4 dez. 2019. Disponível em: https:// economia.uol.com.br/ noticias/redacao/ 2019/12/04/militares- aposentadoria- senado-reforma-da- previdencia-salario- integral.htm. Acesso em: 9 dez. 2019. TEXTO 05 O Senado aprovou em votação simbólica, nesta quarta-feira (4), a reforma da previdência dos integrantes das Forças Armadas, com a presença no plenário dos ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos. Sem oposição e com acordo entre líderes, a votação foi rápida —em cerca de 24 minutos. O texto segue agora sanção presidencial. A proposta tem vantagens em relação à dos trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos. Os militares receberão salário integral ao se aposentar, não terão idade mínima obrigatória e vão pagar contribuição de 10,5% (iniciativa privada paga de 7,5% a 11,68% ao INSS). www.manoelneves.com Página de 32 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Os militares continuam ganhando o mesmo que seu último salário (integralidade) e com reajustes iguais aos dos ativos (paridade) quando forem para a reserva. No caso dos servidores públicos civis federais, apenas aqueles que entraram no serviço até 2003 e cumprirem uma das regras de transição poderão se aposentar com integralidade e paridade. Os demais, assim como trabalhadores da iniciativa privada, terão sua aposentadoria seguindo um cálculo que leva em conta o tempo de trabalho e que é limitada pelo teto do INSS (R$ 5.839,45, em 2019). Senado aprova aposentadoria militar com salário integral e sem idade mínima. Folha de S. Paulo, 4 dez. 2019. Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/12/04/militares-aposentadoria-senado-reforma-da- previdencia-salario-integral.htm. Acesso em: 9 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Isonomia na aposentadoria dos brasileiros”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 12 Desafios do empreendedorismo no Brasil TEXTO 01 www.manoelneves.com Página de 33 149 Manoel Neves50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Além das dificuldades de conseguirem investimentos mais expressivos, as mulheres também encontram outros obstáculos pelo caminho da ascensão dentro do mundo empresarial. Por mais que 70% dos líderes de negócios concordem que a diversidade de gênero melhora a performance da organização, o número de mulheres em cargos altos dentro de empresas cresceu apenas 5% nos últimos quatro anos. Mesmo com 80% dos empreendedores reconhecendo que muito ainda deve ser feito para que as mulheres sintam-se atraídas por cargos de liderança, apenas 13% acreditam que essas mudanças vão realmente sair do papel. Esse desencorajamento no ambiente de trabalho é refletido em dados: 43% das mulheres veem o medo do fracasso como o principal empecilho para não abrir a própria empresa. Com os homens, a mesma taxa cai para 34%. Esse cenário também é responsável pela queda na porcentagem de mulheres que desejam crescer dentro dos empreendimentos. Estudos revelam que, nos primeiros anos depois de entrarem em uma empresa, cerca de 60% das mulheres apresenta uma vontade de subir de cargo, mas esse número cai pela metade à medida que os anos vão se passando e elas não têm suas habilidades reconhecidas. Depois de aproximadamente cinco anos, as mesmas mulheres que desejavam ascender de cargo já se conformaram com a atual posição por acreditarem que não são capazes ou não têm as habilidades necessárias para conquistar promoções. Os desafios da mulher empreendedora. Sebrae, 5 mar. 2018. Disponível em: https://www.sebrae.com.br. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 02 A população negra é o grupo que mais abre novos negócios no Brasil, mas é aquele que menos fatura. De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor de 2017, pesquisa realizada em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), negros correspondem a 51% dos empresários do país, porém formam apenas 1% daqueles que ganham de R$ 60 mil a R$ 360 mil e totalizam 60% dos empreendedores que não lucram nada. Apesar de maioria dos empreendedores no pais, negros faturam menos no comércio. Época, 30 abr. 2019. Disponível em: https:// epoca.globo.com. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 03 Os microempreendedores individuais (MEIs) do estado de São Paulo que estão em busca de crédito para investir na melhoria ou na ampliação dos seus negócios têm a oportunidade de obter empréstimo sem juros por meio do programa Juro Zero Empreendedor, uma parceria entre o Sebrae/SP e a DesenvolveSP, agência de fomento do Estado de São Paulo. Com esse programa, que prevê empréstimos de R$ 1 mil a R$ 20 mil, o MEI não precisa de avalista, tem seis meses de carência e até 36 meses para pagar. Os recursos podem ser utilizados para compra de máquinas, equipamentos, mercadorias e capital de giro produtivo. O acesso ao crédito é exclusivo para aqueles MEIs que concluírem um curso dentro do programa Super MEI, que oferece 50 mil vagas gratuitas em diversas opções de capacitação técnica no Estado de São Paulo. São opções que abrangem formação inicial dentro de áreas como construção civil, alimentos e bebidas, beleza e setor automotivo, entre outras. Até o momento, cerca de 270 MEIs de todo o Estado já foram beneficiados com o programa Juro Zero Empreendedor. Uma das contempladas foi a empresária Beatriz Romagnoli, que, após um longo período trabalhando como designer gráfica em grandes empresas, criou a Canecas Mania e Muito Mais, que faz brindes e souvenirs. www.manoelneves.com Página de 34 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Governo dará empréstimo de até 20 mil (e sem juros) para meis. Exame, 17 jul. 2018. Disponível em: https://exame.abril.com.br/pme/ governo-dara-emprestimos-de-ate-r-20-mil-e-sem-juros-para-meis/. Acesso em: 8 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Desafios do empreendedorismo no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 13 Impactos do tráfico de drogas na sociedade brasileira www.manoelneves.com Página de 35 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEXTO 01 O Primeiro Comando da Capital detonou há meses as regras do tráfico de drogas no Brasil. E o fez em grande estilo, matando com armamento antiaéreo, o ‘Rei da Fronteira’, nos limites com o Paraguai – uma emboscada espetacular que deu à quadrilha as chaves do sul do país. Agora, o grupo tenta se impor no norte, mas não há lugar para todos os que querem controlar o negócio da droga no segundo país que mais consome cocaína no mundo. A ruptura entre o poderoso PCC, de São Paulo, e o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, as duas maiores facções do crime organizado no Brasil, ficou clara na semana passada com os corpos decapitados e esquartejados da centena de presos mortos nos estados do Amazonas e de Roraima. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, as outras 25 facções que atuam no Brasil tomaram partido por um grupo ou por outro, enquanto os grandes chefões nacionais reformulam o tabuleiro de uma guerra sangrenta. “O PCC conseguiu ser o primeiro cartel brasileiro de tráfico internacional, o ‘Narcosul’, como o chamamos, que envolve Bolívia, Paraguai e Brasil”, explicou o promotor Christino. Dos grandes centros produtores de cocaína – Colômbia, Bolívia e Peru, todos fronteiriços com o Brasil -, o território brasileiro é um enorme corredor terrestre para o envio de drogas para a Europa, com escala na África. Alguns pesquisadores apontam que grupos brasileiros já tentam se aproximar dos chefões das drogas na Colômbia com a vantagem de oferecer uma das rotas mais importantes do narcotráfico internacional. Mas antes, precisam vencer a guerra em casa. A guerra sangrenta pelo controle do tráfico de drogas no Brasil. Istoé, 10 jan. 2017. Disponível em: https://istoe.com.br/a-guerra- sangrenta-pelo-controle-do-trafico-de-drogas-no-brasil/. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 02 Nos últimos quatro anos foram "batizados" (admitidos no grupo) 60% dos atuais 30 mil membros. Boa parte deles foi filiada dentro de um presídio. O sistema penitenciário tornou-se não apenas o "home office das organizações criminosas", como já disse o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, como é também a principal fonte de recrutamentos de bandidos. 25 anos de PCC: nascida nas cadeias de SP, maior facção criminosa do país enfrenta hoje disputa interna e grupos rivais. UOL Notícias, 31 ago. 2018. Disponível em: https://www.uol/noticias/especiais/25-anos-de-pcc.htm. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 03 Surgido em São Paulo, em 1993, o PCC controla hoje 90% dos presídios do estado, onde tem cerca de 11 mil associados e tenta se impor nacionalmente. Sua prioridade atual parece ser a consolidação de posições nas regiões Norte e Nordeste. O lugar mais disputado, neste momento, é o estado do Ceará, onde, na semana passada, a guerra do tráfico provocou mais de 30 ataques contra ônibus, prédios públicos e bancos. A facção dominante no estado é o Comando Vermelho, mas é lá que o PCC mais cresce e conta com três mil associados. O Ceará interessa por causa de sua posição logística privilegiada, que inclui os portos de Pecém e Fortaleza, canais para o tráfico internacional. A sensação diante da Operação Echelon é que muito se sabe sobre o PCC. Mas nada se faz para contê-lo. Embora nunca tenha sido tão exposta, a organização criminosa nunca esteve tão forte. www.manoelneves.com Página de 36 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA A facção que mais cresce no mundo. Istoé, 3 ago. 2018. Disponível em: https://istoe.com.br/a-faccao-que-mais-cresce-no-mundo/. Acesso em: 8 ago. 2019. TEXTO 04 A influência do PCC em cada estado brasileiro. 25 anos de PCC: nascida nas cadeias de SP, maior facção criminosa do país enfrenta hojedisputa interna e grupos rivais. UOL Notícias, 31 ago. 2018. Disponível em: https://www.uol/noticias/especiais/25-anos-de- pcc.htm. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 05 O Brasil ocupa o terceiro lugar no mundo em número de pessoas encarceradas, depois de “subir” uma posição no ranking do punitivismo, ultrapassando a Rússia em 2016 e ficando atrás somente da China e dos Estados Unidos, no topo da lista. “Mais de 90% destas pessoas são homens. Ao menos 64% da população prisional é negra, 55% é jovem, por exemplo. Mas o mais preocupante é que, enquanto países como Estados Unidos, país com maior número de pessoas encarceradas, estão mantendo uma linha estável e a China está em curva decrescente de taxas de encarceramento, o Brasil está em curva ascendente”, analisa Juliana Borges, pesquisadora e autora do livro O que é encarceramento em massa? (São Paulo: Editora Letramento, 2018), em entrevista por e-mail à IHU On-Line. Paradigma do punitivismo coloca o Brasil em terceiro lugar no ranking mundial do encarceramento. Revista Ihu on-line, 6 fev. 2018. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br. Acesso em 09 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO www.manoelneves.com Página de 37 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Impactos do tráfico de drogas na sociedade brasileira”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 14 www.manoelneves.com Página de 38 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Legalização dos jogos de azar em debate TEXTO 01 A empolgação em torno dos valores financeiros esconde os riscos enormes dessa aposta – que podem provocar danos irreparáveis para a sociedade, como a proliferação das máfias internacionais do crime. Indo direto à questão da arrecadação, o argumento mais atraente em tempos de deficit fiscal, a experiência que o país já teve com jogos legalizados e a que tem hoje com redes que beiram a clandestinidade, como o caça-níqueis e o jogo do bicho, mostram que a fiscalização desse tipo de negócio é uma ciência fora de nossos domínios. O problema é mais cultural que de falta de tecnologia de fiscalização. O mundo dos jogos é, tradicionalmente, o mundo das máfias internacionais que atuam com sofisticados mecanismos para escoar o dinheiro movimentado nesses locais por canais paralelos à via legal – terreno fértil para a corrupção. […] O risco social da legalização dos jogos de azar é imenso. O noticiário policial exibe cotidianamente a forma de domínio das máfias dos jogos: execuções, sequestros e outros crimes violentos. Como assegurar que a legalização não dê proteção federal a empresas que, fora a fachada, são controladas por criminosos? A liberação das apostas também representa um risco para a saúde. Em 1992, a Organização Mundial da Saúde (OMS) colocou o jogo compulsivo no Código Internacional de Doenças, ao lado da dependência do álcool, da cocaína e de outras drogas. A entidade estima que, entre aqueles que apostam, 3% enfrentam problemas por causa de jogo, como dívidas ou desentendimentos familiares, e 2% seriam efetivamente doentes. Os riscos sociais em torno da legalização dos jogos de azar não compensam a suposta vantagem como fonte de arrecadação. Com ou sem crise, as discussões em torno das alternativas fiscais não devem obscurecer o que deve estar sempre entre as prioridades nacionais de qualquer país: a integridade de seus cidadãos. O jogo deve ser liberado no Brasil? Época, 20 jun. 2016. Disponível em: https://epoca.globo.com/ideias/noticia/2016/05/o-jogo-deve- ser-liberado-no-brasil.html. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 02 Enquanto em países da Europa e nos Estados Unidos os jogos de azar são vistos como uma atividade econômica e de entretenimento, com opções que vão de grandes resorts a cassinos, desde 1946, a prática desse tipo de aposta foi proibida no Brasil (em 2001 bingos foram autorizados a funcionar, o que durou até 2004). Mas frente à crise dos últimos três anos, regularizar os jogos e a construção de cassinos pode ser uma alternativa para arrecadar impostos e retomar a economia do país. O primeiro passo já foi dado, com a aprovação da lei 13.756/18, pelo ex-presidente Michel Temer, referente à regularização das apostas esportivas, no final de 2018. Segundo dados do Instituto Jogo Legal (IJL), o Brasil deixa de arrecadar, por ano, cerca de R$ 15,6 bilhões ao não legalizar apostas e jogo do bicho (valor gerado na ilegalidade). Mas, desde 2015, a Câmara dos Deputados vem tentando reverter esta medida, com a instalação de uma comissão especial voltada ao marco regulatório dos jogos (PL 442/91, na Câmara, e o PLS 186/2014, no Senado). De lá pra cá, propostas para a legalização de cassinos, jogo do bicho, bingos, entre outras modalidades, estão sendo analisadas. www.manoelneves.com Página de 39 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Possível liberação de jogos de azar é esperança para aliviar a crise. Gamebrás. Disponível: Disponível em: https:// www.gamesbras.com/apostas-online/2019/4/18/possivel-liberao-do-jogos-de-azar-no-brasil-esperana-para-aliviar-crise-12403.html. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 03 Os pontos positivos da aprovação da legalização dos jogos de azar Os pontos positivos seriam a arrecadação de impostos e de tributos, a criação de uma rede de empregos tanto diretos como indiretos, e colocar o Brasil no mesmo nível de outras economias que já aprovam essa prática. Mas para que tudo isso aconteça é preciso que o governo tome as medidas necessárias de forma a ter todas essas ações positivas, já que é preciso um gerenciamento complexo para garantir tanto uma alta arrecadação de impostos e como também empregabilidade. Os pontos negativos da aprovação dos jogos de azar Os pontos negativos poderiam ser a criação de um lobby dentro dessa indústria, no qual apenas um grupo seria beneficiado, a possibilidade de corrupção associada, caso a organização do sistema o permitisse, e até mesmo o vício no jogo do qual algumas pessoas poderiam ser vítimas. Ao mesmo tempo que esses pontos negativos poderiam acontecer, o governo poderia realizar programas contra eles de maneira a evitar o lobby, dando oportunidade para todos os empresários de forma igualitária e também criando políticas de uso consciente dos jogos de apostas. Será que os jogos de azar vão ser legalizados no Brasil? Site BNL Data. Disponível em: http://www.bnldata.com.br/sera-que-os- jogos-de-azar-vao-ser-legalizados-no-brasil/. Acesso em: 8 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Legalização dos jogos de azar em debate”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 40 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 15 Impactos da poluição do ar em debate no Brasil TEXTO 01 Um estudo do Ministério da Saúde aponta que o número de mortes classificadas como decorrentes da poluição do ar aumentaram 14% em dez anos. Foram 38.782 em 2006 para 44.228 mortes em 2016, de acordo com o estudo "Saúde Brasil 2018", divulgado nesta semana em que é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente. […] As doenças isquêmicas do coração ocupam o primeiro lugar na causa de mortes, seguido das doenças cerebrovasculares e do câncer. Entretanto, houve maior aumento no último grupo. "Verificou-se, no Brasil, aumento nas mortes por câncer de pulmão, traqueia e brônquios e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) atribuídas à poluição em ambos os sexos. No entanto, os casos em mulheres para câncer de pulmão, traqueia e brônquios (37,6%)e DPOC (18,9%) foram maiores que nos homens (11,4%)", apontou o ministério da Saúde. […] A organização também estima que a poluição do ar tenha sido responsável, no ano de 2016, por cerca de 58% de mortes prematuras por doenças cerebrovasculares (DCV) e doenças isquêmica do coração (DIC); 18% por doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e infecção respiratória aguda baixa; e 6% por câncer de pulmão, traqueia e brônquios. Mortes causadas pela poluição do ar aumentam 14% em 10 anos, aponta Ministério da Saúde. G1, 7 jun. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 02 No Brasil, apenas 10 unidades federativas monitoram a qualidade do ar, o que contribui para a falta de ações e políticas públicas para combater a poluição. São eles: Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e o Distrito Federal. […] "A rede existente é insuficiente no Brasil, que infelizmente não tem a qualidade do ar como uma prioridade", afirma à GALILEU André Ferreira, diretor-presidente do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA). "A pressão por melhorias não é grande e a demanda para solucionar o problema é baixa." O IEMA é responsável pela Plataforma de Qualidade do Ar, que coleta dados sobre a poluição do ar nos 10 estados de 2002 até 2017. Os poluentes mais preocupantes, reconhecidos pelos danos à saúde, são as partículas totais em suspensão (PTS), partículas inaláveis (MP10), fumaça, dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2), monóxido de carbono (CO) e ozônio (O3) – estes dois últimos são os mais difícieis de combater e, de acordo com o IEMA, não deve apresentar queda no país pelos próximos anos. Mudança climática: do aquecimento da Terra ao colapso ecológico. Nexo Jornal, 16 jun. 2019. Disponível em: https:// www.nexojornal.com.br/explicado/2019/06/16/Mudança-climática-do-aquecimento-da-Terra-ao-colapso-ecológico. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 03 O que precisa mudar? www.manoelneves.com Página de 41 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA . para a energia, é preciso descarbonizar ainda mais, investindo em recursos como vento, sol e água para gerar eletricidade; . para os transportes, é preciso investir em veículos de massa, como trens e ônibus, e incentivar veículos movidos a combustíveis menos poluentes, ou veículos movidos a eletricidade; . para a construção civil, é preciso implantar inovações tecnológicas de redução de emissões de gases do efeito estufa; . para o uso da terra, a agricultura e florestas, é preciso reduzir o desmatamento, conservar florestas existentes, recuperar terras degradadas e manter boas práticas na agricultura; . para a população, recomenda-se transformar hábitos de consumo, como de energia e alimentos, investindo em dietas com menos carne e mais gruas e leguminosas, por exemplo. Mudança climática: do aquecimento da Terra ao colapso ecológico. Nexo Jornal, 16 jun. 2019. Disponível em: https:// www.nexojornal.com.br/explicado/2019/06/16/Mudança-climática-do-aquecimento-da-Terra-ao-colapso-ecológico. Acesso em: 8 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Impactos da poluição do ar em debate no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 42 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 16 Dificuldades dos jovens para ingressar no mercado de trabalho TEXTO 01 Dados divulgados, em setembro de 2017, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostram que as maiores vítimas da recessão foram os jovens. No segundo trimestre do ano passado, do total de desempregados com idade entre 18 e 24 anos, apenas 25% conseguiram uma nova colocação no mercado de trabalho, enquanto 57% estão desempregados há mais de um ano. Os números são resultado da análise de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo Jacques Meir, diretor do grupo Padrão – que elaborou outro estudo Millennials e a Geração Nem Nem, em parceria com a consultoria MindMiners – essa é a geração mais preparada, informada e educada, mas também a que tem mais desempregados. “Uma das razões para isso é a inadequação entre a formação acadêmica e o que o mercado exige. A outra é a necessidade de as empresas, para manter a produtividade, optarem pelos mais experientes na hora de escolher quem fica”, diz Jacques. (…) Outro problema frequente dessa geração, de acordo com Milie Haji, gerente de projetos da Cia. de Talentos, consultoria de seleção e desenvolvimento de carreira de São Paulo, é a falta de competências emocionais. “Muitas vagas deixam de ser preenchidas porque faltam candidatos que tenham, por exemplo, controle de suas emoções durante a seleção”. Jovens são os mais afetados pelo desemprego. Exame, 23 fev. 2018. Disponível em: https://exame.abril.com.br/carreira/jovens-sao- os-mais-afetados-pelo-desemprego/. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 02 www.manoelneves.com Página de 43 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Geração freelancer: como os jovens vão se virar em um mercado cujas mudanças irão muito além das reformas na legislação. UOL TAB, 3 jun. 2017. Disponível em: https://tab.uol.com.br/freelancer/#tematico-12. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 03 Allison Andrade, de 25 anos, se formou em Publicidade e tem uma pós no exterior. Conta que ao terminar o curso, “estava trabalhando satisfeito com as ofertas do mercado”, mas depois de se especializar no exterior com o intuito de conseguir um melhor salário e posição laboral, encontrou uma barreira. “Há saturação. As empresas não prezam se a pessoa fez uma boa faculdade nem uma pós, pelo menos nesta área, o que importa é aceitar trabalhar ganhando pouco, mesmo sem formação adequada”, lamenta. Andrade resolveu mudar de área e optou por Engenharia Civil, depois de passar dois semestres cursando os cursos de Ciência e Engenharia da Computação. Para ele, existe uma melhor perspectiva de salário, já que “a demanda de engenheiros é grande e o mercado necessita profissionais bem qualificados”. […] Andrade é o retrato de uma das gerações mais bem preparadas que se frustram ao chegar ao mercado de trabalho, mas seu perfil não é uma realidade apenas no Brasil. A OCDE, em recente estudo sobre o impacto da educação no nível econômico do jovem, constatou que isso ocorre a nível mundial. Rodrigo Castañeda Valle, da área de inovação e medição do progresso educacional e de habilidades da organização, não acredita que tudo se deva a que o jovem não saiba direito o que quer. Em alguns países, como o Brasil, “a boa remuneração de técnicos ou pessoas sem formação superior é um dos fatores que desestimula os jovens a continuarem seus estudos”. Segundo o estudo, 67% dos brasileiros com o segundo grau estão empregados, contra 55%, de média entre os países da OCDE. Geração Y: superpreparados e frustrados. El país, 4 fev. 2014. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2014/02/04/sociedad/ 1391544951_779657.html. Acesso em 8 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Dificuldades dos jovens para ingressar no Mercado de trabalho”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 44 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 17 Patriotismo em debate no Brasil contemporâneo TEXTO 01 Patriotismo é o sentimento de amor à pátria, aos seus símbolos nacionais,(bandeira, hino, brasão, vultoshistóricos, riquezas naturais e patrimônio material e imaterial). Por mais que sempre, em um passado próximo estivesse ligado a idéia de soberania territorial, hoje em dia é redefinido por uma visão muito mais abrangente. Por meio de um conjunto de atitudes de devoção para com a sua pátria, e pela participação socioeducacional cultural pode-se identificar um verdadeiro cidadão patriota. Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.com. Acesso em: 28 jan. 2015. TEXTO 02 Em uma época em que cada um luta pela sua própria bandeira, ao mesmo tempo em que é bombardeado por uma avalanche de notícias sobre escândalos e corrupção, o sentimento de amor ao Brasil parece ter entrado em crise – assim como a economia e a política. Mas, para o professor do curso de História da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), José Antonio Moraes do Nascimento, o patriotismo deve se sobrepor à decepção causada pelos escândalos. Segundo ele, patriotismo é um sentimento de pertencimento, de respeito e de entrega à nação. “É agir na defesa do interesse da maioria da população deste País. É defender o Estado de Direito e a Democracia, que representa a vontade da maioria”, define. A demonstração, portanto, vai além do respeito aos símbolos nacionais. “Demonstra-se muito mais por meio da luta pelo País, da defesa das riquezas e dos bens dele e pelo efetivo combate à corrupção, usando os mesmos pesos e medidas para todos os cidadãos. Não basta respeitar os símbolos se, juntamente com isso, não vier o respeito para com a maioria dos cidadãos brasileiros”, afirma. Nascimento observa que, embora as pessoas continuem valorizando o Brasil, os recentes escândalos políticos abalaram a esperança do povo. Pátria, ao fim e ao cabo, é uma construção, não um sonho; é um processo de enfrentamento da realidade, não de idealismo; amar a Pátria significa participar da criação de todos, para todos (...). Disponível em: plataformaredigir.com.br. Acesso em: 7 ago. 2019. TEXTO 03 www.manoelneves.com Página de 45 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA O fato é que temos ainda uma democracia muito imatura no Brasil, com baixo envolvimento da população e uma frágil cultura política. Isso é atestado por estudo da Economist Intelligence Unit, que todos os anos elabora o Índice da Democracia. Em sua edição mais recente, o estudo coloca o Brasil como a 51ª democracia de melhor qualidade no mundo, em um grupo de 167 países. Estamos no grupo de “flawed democracies” (democracias falhas, em tradução livre), de acordo com a classificação dos autores da pesquisa. À nossa frente estão países desenvolvidos e de longa tradição democrática, mas também vizinhos nossos, como o Chile e o Uruguai, que assim como nós passaram por ditaduras brutais no século passado. Por que a maioria não se interessa por política? Sentimento de impotência/descrença: as pessoas não acham que existem meios de agir na política e promover mudanças. Além disso, muitos não enxergam o potencial de transformação social que a política possui. ARAÚJO, Victor Martins Lopes de. Política Nacional de Assistência Social: uma avaliação política. Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora, 2013. Dissertação. Mestrado em Serviço Social. TEXTO 04 Desinteresse: há um desinteresse em se aprofundar em política, que se altera apenas em eventos de grande relevância nacional (vide impeachment). De fato, informar-se constantemente, ler artigos, teses e livros sobre política dá muito trabalho. Muitas vezes é difícil encontrar dados confiáveis sobre um assunto e as fontes encontradas simplesmente não se esforçam em transmitir as informações de forma inteligível ou minimamente imparcial. Além de tudo, qual o benefício de se empenhar tanto em aprender sobre política? É difícil encontrar respostas convincentes. Inação: o desinteresse de uns leva à inatividade de outros, que mesmo interessados em política, se veem perdidos e não sabem por onde começar. O que é preciso saber? Quanto preciso estudar? Que grupos/organizações/partidos devo frequentar? Faltam exemplos concretos de ação política na vida da maioria das pessoas. Qual a importância de se interessar por política? Site Politize. Acesso em: 8 ago. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Patriotismo em debate no Brasil contemporâneo”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 46 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 18 Autoverdade no Brasil contemporâneo TEXTO 01 Autoverdade é um termo que se refere a desvinculação do indivíduo em relação a discursos universais ou totalizantes . Contudo, o termo é mais reconhecido como um tipo de falácia que se aproveita do interlocutor apelando a falsas crenças. São afirmações que não possuem valor argumentativo, mas que mesmo assim são assimiladas pelo interlocutor desavisado devido ao seu caráter apelativo e ao relativismo oriundo da pós-modernidade. A autoverdade liberta o discurso do indivíduo de contingências lógicas e epistemológicas, o que libera sua prática do rigor de métodos investigativos reconhecidos, fatos verificados e dados confiáveis. A autoverdade difere da pós-verdade no sentido da valorização de uma verdade pessoal e autoproclamada ser uma autoverdade até que esta seja usada como uma pós-verdade para atingir determinado objetivo ou podem emergir autoverdades a partir de uma pós-verdade proclamada. A autoverdade pode ser entendida como uma desfiguração da verdade em seu sentido ético. A prática de recorrer a autoverdades em discursos políticos tem sido comum por políticos como Donald Trump e Jair Bolsonaro. Autoverdade. EverybodyWiki. Disponível em: https://pt.everybodywiki.com/Autoverdade. Acesso em: 9 dez. 2019. TEXTO 02 A pós-verdade se tornou nos últimos anos um conceito importante para compreender o mundo atual. Mas talvez seja necessário pensar também no que podemos chamar de “autoverdade”. Algo que pode ser entendido como a valorização de uma verdade pessoal e autoproclamada, uma verdade do indivíduo, uma verdade determinada pelo “dizer tudo” da internet. E que é expressa nas redes sociais pela palavra “lacrou”. www.manoelneves.com Página de 47 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA O valor dessa verdade não está na sua ligação com os fatos. Nem seu apagamento está na produção de mentiras ou notícias falsas (“fake news”). Essa é uma relação que já não opera no mundo da autoverdade. O valor da autoverdade está em outro lugar e obedece a uma lógica distinta. O valor não está na verdade em si, como não estaria na mentira em si. Não está no que é dito. Ou está muito menos no que é dito. Assim, a questão da autoverdade também não está na substituição de verdades ancoradas nos fatos por mentiras produzidas para falsificar a realidade. No fenômeno da pós-verdade, as mentiras que falsificam a realidade passam elas mesmas a produzir realidades, como a eleição de Donald Trum ou a aprovação do Brexit. A autoverdade se articula com esse fenômeno, mas segue uma outra lógica. O valor da autoverdade está muito menos no que é dito e muito mais no fato de dizer. “Dizer tudo” é o único fato que importa. Ou, pelo menos, é o fato que mais importa. É esse deslocamento de onde está o valor, do conteúdo do que é dito para o ato de dizer, que também pode nos ajudar a compreender a ressonância de personagens como Jair Bolsonaro e, claro, (sempre), Donald Trump. E como não são eles e outros assemelhados o problema, mas sim o fenômeno que vai muito além deles e do qual são apenas os exemplos mais mal acabados. BRUM, Eliane. Bolsonaro e a autoverdade; como a valorização do ato de dizer, mais do que o conteúdo do que se diz, vai impactar a eleição do Brasil. In.: El país, 16 jul. 2018.Disponível em: .Acesso em: 9 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Autoverdade no Brasil contemporâneo”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 48 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 19 A interiorização da violência no Brasil contemporâneo TEXTO 01 […] As maiores taxas de violência estão no Rio Grande do Norte, Acre e Ceará, e têm relação direta com o tráfico de drogas e o crime organizado. Devido à proximidade com a Bolívia, Venezuela e Colômbia, por exemplo, o Acre se consolidou como nova rota da cocaína. Já o Ceará é ponto estratégico de escoamento da droga para a Europa. Violência recorde reflete a interiorização de facções criminosas. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/ violencia-recorde-reflete-interiorizacao-de-faccoes/. Acesso em: 9 fev. 2019. TEXTO 02 Mortes nos estados. In.: Anuário brasileiro da segurança pública, 2017. TEXTO 03 A evolução do número de assassinatos no País, e especificamente no Ceará e em Fortaleza, apresentada pelo relatório do Mapa da Violência, demonstra que os jovens continuam sendo os mais vulneráveis a este tipo de crime, quer como vítimas ou protagonistas, crê o deputado Heitor Férrer (PDT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. “Esse quadro nos leva a acreditar que as políticas públicas com relação aos jovens, notadamente na questão da educação, ainda estão muito aquém das necessidades. www.manoelneves.com Página de 49 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Com isso, toda uma geração vem sendo marginalizada de qualquer possibilidade de ascensão social”, disse o parlamentar, observando, ainda, que essa geração torna-se, em muitos casos, uma presa fácil da indústria do crime. “A cada fim de semana, dezenas de vidas são ceifadas, em uma guerra civil não declarada”, frisa. Brumadinho pode ser segundo maior desastre industrial do século e maior acidente de trabalho do Brasil. In. Época, 28 jan. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “A interiorização da violência no Brasil contemporâneo”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 50 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 20 A autotutela no contexto da segurança pública brasileira TEXTO 01 O presidente assinou nesta terça-feira (15) o decreto que facilita a posse de armas no país. O texto, no entanto, não tratar do porte. Entenda, abaixo, a diferença entre posse e porte e sabia o que muda no decreto que regulamenta o Estatuto do Desarmamento: . posse de arma de fogo: autorização para manter uma arma de fogo em casa (ou numa residência de campo, por exemplo) ou no local de trabalho (desde que o dono da arma seja o responsável legal pelo estabelecimento); . porte de arma: documento que dá o direito de portar, transportar, comprar, fornecer, emprestar ou manter uma arma ou munições sob sua guarda. Para sair à rua levando uma arma junto ao corpo ou para usá-la para caçar, por exemplo, é necessário ter porte de arma. Mortes intencionais por arma de fogo 45 mil — “O que equivale a 70% das mortes ocorridas no país em um ano”, afirmou Ivan Marques, diretor executivo do Instituto Sou da Paz. Segundo ele, “seis armas são comercializadas por hora no país”. Posse de armas: saiba o que muda com o decreto assinado; decreto facilita a aquisição e registro de armas; texto não trata do porte. G1, 15 jan. 2019. Acesso em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/01/15/posse-de-armas-saiba-o-que-muda-com-o- decreto-assinado-por-bolsonaro.ghtml. Acesso em: 18 mai. 2019. www.manoelneves.com Página de 51 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEXTO 02 Em meio a dois pareceres da Câmara e do Senado, apontando a ilegalidade do decreto que ampliou o porte de armas para 20 categorias, o Congresso Nacional possui instrumentos legais para invalidado o texto editado pelo presidente. Uma das alternativas é a edição de um projeto de decreto legislativo, com o poder de revogar os atos editados pelo presidente. […] Além do Congresso, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) deu um prazo de cinco dias para que o presidente da República explique o decreto assinado nesta semana que flexibiliza o porte de armas. […] A ministra deve aguardar a resposta antes de decidir se suspende ou não de forma liminar o decreto. Entenda como o Congresso pode suspender decreto de armas; Câmara e Senado podem aprovar um texto legislativo para impedir validade de medida assinada. O globo, 10 mai. 2019. Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/entenda-como- congresso-pode-suspender-decreto-das-armas-23655768. Acesso em 19 mai. 2019. TEXTO 03 Nos primeiros dois meses deste ano, o Brasil registrou uma queda nos índices de homicídio de 25% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o Monitor da Violência do G1, divulgado nesta quinta-feira (18). […] A queda foi puxada, principalmente, pelos estados do Nordeste, que, juntos, registraram redução de 34% das mortes violentas. O levantamento mostra que somente no Ceará o índice caiu 58%. […] Razões “O Ceará é um bom exemplo para demonstrar a multicausalidade das mortes violentas no país. De um lado, você tem um acordo firmado entre as facções, que perceberam que é possível chamar atenção do Estado sem ter que matar tanta gente, e do outro há uma maior participação das forças policiais empenhadas em reduzir a violência na região”, explica Renato Sérgio de Lima, diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Homicídios têm queda de 25% nos primeiros dois meses de 2019: a queda foi puxada, principalmente, pelos estados do Nordeste, que, juntos, registraram redução de 34% das mortes violentas. Exame, 18 abr. 2019. Disponível em: https:// exame.abril.com.br/brasil/homicidios-tem-queda-de-25-nos-primeiros-dois-meses-de-2019/. Acesso em: 18 mai. 2019. Adaptado. TEXTO 04 Na contramão dos homicídios comuns, as mortes por policiais no estado do Rio de Janeiro seguiram em alta e bateram novo recorde no primeiro bimestre deste ano. Foram 305 óbitos em janeiro e fevereiro, um a cada quatro horas e meia. O número é o maior para o período nos últimos 16 anos, início da série histórica. Enquanto isso, os homicídios dolosos (intencionais) atingiram seu menor patamar em 28 anos, também considerando os dois primeiros meses do ano: 705, um a cada meia hora. Dois policiais morreram em serviço no mesmo intervalo de tempo. Rio de Janeiro tem queda de homicídios, mas alta de mortes por policiais; foram 305 vítimas de operações em janeiro e fevereiro, um a cada 4h30. Folha de S. Paulo, 25 mar. 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/03/rj-tem- queda-de-homicidio-e-alta-na-letalidade-policial.shtml. Acesso em 18 mai. 2019. TEXTO 05 O presidente defendeu nesta quinta-feira o chamado excludente de ilicitude para que policiais e também cidadãos comuns, armados, possam reagir, dentro de casa “ou até em vias públicas”, desde que “do outro lado o agressor estiver comprovadamente à margem da lei”. www.manoelneves.com Página de 52 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA O excludente de ilicitude permite que a pessoa reaja a uma agressão ou invasão de domicílio, por exemplo seja processado mas não seja condenado, mesmo que o agressor morra, por estar defendendo a si ou a outro. Presidente defende excludente de ilicitude para cidadão comum; segundo ele, há necessidade de voltar o “direitoà autoridade” para o policial e para o cidadão comum. Terra, 9 mai. 2019. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/em-entrevista-a- radio-bolsonaro-defende-excludente-de-ilicitude-para-cidadao-comum-em-vias- publicas,7bc715657f5a504285be726b0faeea89t4yrlfk1.html. Acesso em 20 mai. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “A autotutela no contexto da segurança pública brasileira”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 21 Efeitos da ampliação do acesso a armas no Brasil TEXTO 01 Após o decreto que Jair Bolsonaro assinou no dia 15 de janeiro, qualquer brasileiro maior de 25 anos e sem antecedentes criminais pode ter uma arma em casa – não existe mais a exigência de comprovar a necessidade. Essa é a chamada “posse de arma”. O porte é outra coisa: a permissão para andar na rua com um revólver na cinta. Trata-se de um privilégio restrito a militares, policiais, funcionários de empresas de segurança privada e trabalhadores rurais que morem em locais distantes, sem policiamento. É assim desde dezembro de 2003, quando foi assinado o Estatuto do Desarmamento no Brasil. Ainda que o uso seja restrito, a demanda é grande. Nos últimos 14 anos, o total de registros de armas aumentou consideravelmente: de 5.459 em 2004 para 42.387 em 2017. Segundo a Polícia Federal, há no País 646.127 armas legais nas mãos de civis – mais quase 10 milhões com a polícia e as Forças Armadas. Na hipótese de que cada uma delas esteja com um brasileiro diferente (não há estatísticas sólidas), temos que 0,3% das pessoas tem arma em casa. O número exclui armas de militares, caçadores, colecionadores e as sob posse das Forças Armadas, registradas pelo Exército. www.manoelneves.com Página de 53 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Pensar em um cenário em que cada brasileiro, do taxista ao CEO de empresa, tenha arma, é analisar uma realidade semelhante à dos Estados Unidos. Lá, comprar um revólver é quase tão simples quanto trocar de eletrodoméstico: estima-se que existam quase 400 milhões de armas, uma média de 121 a cada 100 pessoas – mais armas do que gente. Apenas 3% dos civis, no entanto, possuem alguma arma. Ou seja, quem tem, tem muitas, mas relativamente poucos americanos contam com um revólver na gaveta, ou na cinta. Ainda assim, o exemplo americano permite imaginar como seria um Brasil armado até os dentes. Para começar, o índice de suicídios iria às alturas. Nos EUA, a maioria das mortes por armas de fogo acontece dessa forma – incríveis 64,2% dos 37.200 óbitos em 2016. No Brasil, essa porcentagem é de 4%, ou 1.728 mortes. Se os mesmos 3% da população do Brasil passasse a andar armada (o que representaria 6 milhões de novas armas em circulação), o total de pessoas que tiram a própria vida todo ano, proporcionalmente, passaria dos 16 mil. É como se sete Boeings 737 lotados caíssem todo mês. Há de se considerar, também, que o Brasil já encabeça o ranking mundial de homicídios causados por armas de fogo do mundo. Foram 63,8 mil só no ano passado. Boa parte causados por armas ilegais, nas mãos de bandidos. Não há dados recentes sobre o número de armas ilícitas. A última estimativa, feita em 2010 pelo Sistema Nacional de Armas (Sinarm), falava em 7,6 milhões – mais de dez vezes a quantidade de armas registradas. Só que boa parte desses tiros fatais sai de armas registradas. Dados do Ministério da Justiça, também de 2010, indicavam que 30% das armas apreendidas com criminosos tinham origem legal – ou seja, saíram das mãos da polícia, de militares ou de um civil autorizado. Conclusão: a tendência é que uma sociedade muito armada também tenha uma criminalidade igualmente armada, uma vez que os desvios são comuns. No ano passado, a PF recolheu 135 mil armas nessa situação. Ainda que nenhuma arma legal jamais acabe na mão de um bandido, a mera existência de mais armas traria outros problemas. Segundo o Ministério Público, o número de crimes por motivos fúteis ultrapassa a casa dos 80% em Estados como São Paulo e Santa Catarina. São classificadas dessa forma as mortes por impulso, que envolvem brigas no trânsito, ciúmes, vingança ou conflito entre vizinhos, por exemplo. Com mais armas, discussões do tipo teriam mais desfechos trágicos. Mesmo quando não há intenção de atentar contra outra vida, estar armado ainda pode ser um tiro no pé. E, por mais triste que seja, isso não é necessariamente força de expressão. Em 2016, armas defeituosas da Taurus, maior fabricante nacional e que vende revólveres e fuzis em 70 países, já haviam feito pelo menos 55 vítimas só no Brasil. Entre os problemas mais comuns há, por exemplo, travas que não funcionam e revólveres que disparam sem serem acionados. Imperfeições do tipo, aliás, implicariam também mais casos de familiares feridos por acidentes. “Mas o cidadão precisa ter, ao menos, alguma chance de se defender”, argumentam muitos. Afinal, quando o Estado falha, o cidadão deveria poder assumir o direito à própria segurança. Foi esse um dos sintomas da greve de policiais no Espírito Santo, em 2017, que fez triplicar os pedidos de registro por lá. O fato é que, mesmo que você conheça alguma história de sucesso de alguém que reagiu a um assalto, essa não é a regra. Pelo contrário. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Ciências www.manoelneves.com Página de 54 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Criminais (IBCCRIM) concluiu que uma pessoa armada corre um risco 56% maior de morrer em comparação a alguém sem arma. O dado acima vai ao encontro ao analisado por Thomas V. Conti, pesquisador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Entre 2013 e 2017, ele traduziu 48 resumos de pesquisas sobre armamentos para cravar: 90% delas são taxativas ao dizer que um maior número de armas aumenta o número de crimes letais. E se o porte de armas fosse liberado no Brasil? Superinteressante, 24 out. 2018. Disponível em: https://super.abril.com.br/ sociedade/e-se-o-porte-de-armas-fosse-liberado-no-brasil/. Acesso em: 9 dez. 2019. TEXTO 02 Veja, abaixo, pontos a favor e contra o decreto, citados por políticos e especialistas: • O decreto levou em conta critério objetivo que identifica locais com alta violência. • No referendo de 2005, a maioria da população se manifestou a favor do direito de comprar uma arma. • Bolsonaro foi eleito pela população e já defendeu abertamente mudanças no Estatuto do Desarmamento. • O decreto diminui as dificuldades para comprar e ter a posse de armas. • Também desvincula a posse de arma da subjetividade do delegado da Polícia Federal, que era quem autorizava a compra de arma quando a pessoa solicitava com alegação de necessidades pessoais. • Com a ampliação da validade do registro de posse, será mais fácil manter os armamentos legalizados. • A arma registrada ficará na residência da pessoa que a registrou. • Atualmente, apenas "as pessoas de bem" estão desarmadas. • Criminosos terão medo ao invadir uma casa para cometer um assalto. • A arma de fogo serve como proteção pessoal e é como uma faca, que também pode matar. • Países como os Estados Unidos permitem que o cidadão tenha uma arma em casa, como garantia da democracia. • A circulação de armas vai aumentar – e mais armas significam mais mortes. • O referendo de 2005 foi sobre o comércio de armas, e não sobre a posse de armas. • Segundo pesquisa do Datafolha, a maioria da população é contra a posse de armas. • O decreto considera um estudo de 2016 como referência para permitir a posse de arma e não leva em conta dados recentes e realidades diferentes entre os estados. • Levantamentos mostram que a maior parte das armas de fogo utilizadas em ocorrências criminosas foram originalmente vendidas de forma legítima a cidadãos autorizados, que depoistiveram a arma desviada ou subtraída. • O decreto extrapola a competência prevista para o Poder Executivo, e não houve discussão sobre o assunto no Congresso e na sociedade. • É um chamariz para a população, mas não trará melhorias para a segurança pública. • O poder público se omite e entrega o cidadão à própria sorte. • Mais armas em casa trazem riscos de acidentes com criança, suicídio, briga de casais e discussões banais. • Apresenta brechas ao não especificar se haverá fiscalização para checar as informações declaradas e também ao tratar a posse de arma por comerciantes. • Haverá menor controle das condições psicológicas e dos antecedentes criminais de quem tem a posse de arma. www.manoelneves.com Página de 55 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Posse de arma: leia pontos a favor e contra o novo decreto, de acordo com políticos e especialistas. G1, 15 jan. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/01/15/posse-de-arma-leia-pontos-a-favor-e-contra-o-novo-decreto- de-acordo-com-politicos-e-especialistas.ghtml. Acesso em: 9 dez. 2019. TEXTO 03 O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) sinalizou que vai assinar um decreto que permita a qualquer pessoa com bons antecedentes a autorização para o porte de arma de fogo. A medida é uma das promessas de campanha do atual presidente. Antes de falar sobre a medida é preciso lembrar a existência de diversas mudanças desde 2003, quando entro em vigor o Estatuto do Desarmamento, que impedia os cidadãos de portarem armas. Com o Referendo sobre o desarmamento a população rejeitou a proibição, mas a orientação da Polícia Federal era claramente restringir quem poderia ter acesso a armas de fogo, ou seja, apesar da população rejeitar a restrição o Governo impediu o acesso pela via administrativa. Já em 2017 a lei foi novamente modificada para tornar o porte de arma de uso restrito crime hediondo. As modificações legislativas foram feitas sem grandes discussões, estudos ou coerência, sempre se atendeu a ideologia de quem estava no poder. Ainda que se facilite o porte de arma, é necessário cuidado. Armar a população traz preocupação com pois é provável que os índices de criminalidade podem subir se ela for levada a cabo. Para termos uma ideia dos efeitos, no ano de aprovação do Estatuto do Desarmamento o índice de homicídio era 36,1 assassinatos para cada 100.000 habitantes, e crescia vertiginosamente (alta de cerca de 8% ao ano), já em 2017 o índice era 29,9. Ainda que seja liberada a posse apenas para pessoas sem antecedentes criminais, a tendência é que aumente um pouco os números de homicídios, pois é comum que esse crime seja passional, seja um ato impensado. A situação é ainda mais preocupante se levarmos em consideração a violência doméstica contra a mulher. Apesar da Lei Maria da Penha o Brasil não foi capaz de reduzir significativamente o número de mulheres mortas ou agredidas, ao facilitar o porte de arma é possível que a mulher que sofre violência doméstica seja a mais prejudicada, pois a medida facilitará a entrada de armas nos lares e o “cidadão de bem” – o homem com ficha limpa e que deseja ter uma arma para se defender – é um dos principais agressores de suas esposas. Aquela mulher que hoje é agredida poderá ser morta caso haja facilitação do acesso a armas. Ademais, o decreto pode contribuir para vender uma falsa sensação de segurança. Existe uma falsa crença de que a arma pode proteger a pessoa, inclusive a 2.ª Emenda da Constituição Americana se baseia nisso. Na verdade, andar armado coloca a pessoa em risco, pois ao tentar se defender de um possível assalto o criminoso pode, ao ver que a pessoa está armada, matar a pessoa para evitar ser morto. O assaltante utiliza o efeito surpresa para ter sucesso. Se a vítima tentar sacar é mais provável que tome um tiro, pois o tempo para o ladrão apertar gatilho é menor do que o tempo que a vítima levará para sacar a arma. Até mesmo policiais, que possuem exaustivo treinamento com arma de fogo, são orientados a não reagir a assaltos pois a chance de ser vítima de homicídio é maior do que de evitar o roubo, imagine uma pessoa com escasso ou nenhum treinamento. Soma-se a isso o fato do portador da arma de fogo sem experiência poder ter sua arma roubada, dessa forma termos mais uma arma em circulação nas mãos de criminosos para a prática de outros crimes. Ainda que entidades ligadas aos direitos humanos e preocupadas com a segurança pública, como o Instituto Sou da Paz, pressionem o governo para limitar a autorização para porte de armas a pressão pode surtir pouco efeito, tendo em vista que essa autorização www.manoelneves.com Página de 56 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA depende apenas do Poder Executivo, ou seja, se a orientação do Presidente para a Polícia Federal for para liberar os portes, há pouco o que possa ser feito pelo Poder Judiciário, uma vez que no plebiscito a população votou favoravelmente ao armamento da população. Outra alternativa seria levar a questão à apreciação do STF (Supremo Tribunal Federal). Todo ato jurídico do executivo pode ser submetido ao STF. Mas primeiro é preciso conhecer o conteúdo do decreto e, se o mesmo, por exemplo, restringe de alguma forma a liberdade dos cidadãos. É importante acrescentar que a situação da legitima defesa não será afetada pelo futuro decreto, assim como hoje, se alguém matar outra pessoa que está cometendo um crime não deve ser condenado, mas é normal que a pessoa enfrente um processo e, inclusive, seja submetida a júri popular. O processo visa evitar que sejam cometidos excessos, pois, por exemplo, uma pessoas poderia atirar para defender sua propriedade. Mas o uso da força tem que ser moderado. Imagine que dando um tiro o delinquente fuja. Nesse caso se o proprietário for atrás do invasor para matá-lo comete homicídio, e isso o decreto não poderá mudar. O decreto não pode mudar o Código Penal, sendo a que legítima defesa é um instituto previsto nele, independente da ampliação ou restrição ao porte de armas. O CP só pode ser alterado via Lei Complementar, que estabelece critérios rígidos, devendo a proposta ser aprovada pelo Congresso Nacional. LOZANO, André. Número de homicídios deve aumentar com decreto do porte de armas. Estadão. Disponível em: https:// politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/numero-de-homicidios-deve-aumentar-com-decreto-do-porte-de-armas/. Acesso em: 9 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Efeitos da ampliação do acesso a armas no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 22 Excludente de ilicitude em debate no Brasil contemporâneo TEXTO 01 www.manoelneves.com Página de 57 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em: https://www.senado.leg.br. Acesso em: 9 dez. 2018. TEXTO 02 O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda (9) que se o excludente de ilicitude fizesse parte do pacote anticrime aprovado na última quarta (4) pelos deputados, os policiais da ação que terminou com nove mortos em Paraisópolis não seriam investigados. PMs de Paraisópolis não seriam investigados se regra proposta por Moro fosse aprovada. Folha de S. Paulo, 9 dez. 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/12/pms-de-paraisopolis-nao-seriam-investigados-se-regra-proposta-por- moro-fosse-aprovada-diz-maia.shtml. Acesso em 9 dez. 2019. TEXTO 03 O ano de 2019 no Rio já registra o maior númerode mortos por policiais desde o início da série histórica, em 1998. Foram 1.546 até outubro. A contagem oficial do Instituto de Segurança Pública (ISP) sequer considera ainda os meses de novembro e dezembro. O número já é maior do que as 1.534 mortes dos doze meses do ano passado. Até então, 2018 era o ano com maior número de mortos por policiais. Os 3 anos com mais mortos por policiais: 2019 - 1.546 [sem contar novembro e dezembro] 2018 - 1.534 2007 - 1.330 Mortes não diminuem violência, diz MP Um estudo do Ministério Público, divulgado no mês passado, afirma que o aumento do número de mortes em ações policiais não tem relação direta com a redução da criminalidade no estado. A pesquisa diz que a letalidade policial não provoca queda no número de crimes. Também em 2019 outro recorde já havia sido batido: julho foi o mês com o maior número de mortes de mortes por intervenção policial desde 1998, quando a estatística começou a ser contabilizada. Como mostrou o Jornal Nacional no mês passado, a Defensoria Pública diz que as mortes precisam ser investigadas e as ações dos policiais devem seguir a lei. “O que a lei determina, o que a lei orienta é a proteção da vida. Então, os casos de letalidade por policiais precisam ser aqueles casos absolutamente extremos, onde não há nenhuma outra alternativa”, afirmou o defensor público Pedro Strozenberg. “Essa ideia de enfrentamento parece que é a solução do problema e parece que nós não aprendemos em 35 anos que isso não é suficiente", conclui. Tecnicamente, as mortes em confrontos com a polícia são denominadas "morte por intervenção de agente do Estado", que ocorre durante a função policial. A denominação foi definida em portaria do Ministério da Segurança Pública no fim de 2018. www.manoelneves.com Página de 58 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Anteriormente, no Rio, esse tipo de ocorrência era registrado como "auto de resistência", "homicídio decorrente de intervenção policial" e, no ano passado, chegou a ser chamado de "mortes por intervenção legal", termo que gerou polêmica. Em 2019, RJ tem maior número de mortes por policiais desde o início da série histórica, diz ISP. G1, 25 nov. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/11/25/em-2019-rj-tem-maior-numero-de-mortos-por-policiais-desde-o-inicio-da- serie-historica.ghtml. Acesso em: 9 dez. 2019. TEXTO 04 A corregedoria da PM-RJ (Polícia Militar do Rio de Janeiro) investiga denúncias de parcerias entre policiais e criminosos em pelo menos cinco batalhões na capital e na Baixada Fluminense. Ao todo, a região possui 23 unidades deste tipo da PM. Há dois anos, após permissão por lei, a corregedoria passou a instaurar inquéritos sobre PMs ligados a grupos paramilitares clandestinos. Os casos são acompanhados pelo MPM (Ministério Público Militar). Vídeos obtidos pelo UOL com exclusividade registram um flagrante feito pela 3ª DPJM (Delegacia de Polícia Judiciária Militar), que mostram um caso de pagamento de propina pelo jogo do bicho na Baixada Fluminense. Uma sargento desce do carro para entregar 12 envelopes com dinheiro dentro do 20º BPM (Mesquita), em novembro de 2017. Na ação, os agentes apreenderam mais de R$ 16 mil em espécie. Dois PMs foram autuados em flagrante. Segundo a investigação, os valores eram destinados ao 3º CPA (Comando de Policiamento Intermediário), órgão da Polícia Militar responsável pelos seis batalhões da Baixada. Os envelopes possuíam códigos que podem indicar a patente dos suspeitos. Após o flagrante de corrupção, a coronel Cláudia Lovain, então comandante da unidade lotada em Nova Iguaçu, foi exonerada pela PM. No mês anterior, o tenente-coronel Marcelo Moreira Malheiros, que estava à frente do 20º BPM, também já havia sido exonerado por causa das suspeitas de envolvimento dos policiais da unidade com a contravenção. Ligação entre PMs e milícia é investigada em pelo menos 5 batalhões do Rio. Notícias UOL, 07 nov. 2019. Disponível em: https:// noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/11/07/pm-investiga-apoio-de-homens-fardados-a-milicia-em-batalhoes-do-rio.htm. Acesso em 9 dez. 2019. TEXTO 05 O presidente Jair Bolsonaro enviou ao Congresso um projeto de lei que determina as normas que valem para militares e membros de forças de segurança quando estiverem atuando em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). O texto diz, entre outras providências, que estará presumida a "legítima defesa" em algumas situações de conflito envolvendo policiais e militares. O anúncio do projeto foi feito durante o lançamento do Aliança pelo Brasil, partido que o presidente quer criar após sair do PSL. Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro tem dito que pretende mudar a legislação para que policiais e militares não sejam punidos por suas ações — mesmo quando elas resultam em mortes. www.manoelneves.com Página de 59 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA No início do ano, Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública, propôs uma mudança no Código Penal, criando regras mais amplas para o chamado "excludente de ilicitude". A proposta aumentava as hipóteses nas quais policiais não seriam punidos caso matassem alguém durante o trabalho — não apenas em ações de GLO. No texto de Moro, o agente não seria punido, por exemplo, se provasse que agiu movido por "medo, surpresa ou violenta emoção". Porém, o projeto ainda não foi votado no Congresso. Agora, Bolsonaro pretende flexibilizar as hipóteses de legítima defesa nessas operações, como a que ocorreu no Rio de Janeiro no final do ano passado, quando o Exército assumiu o controle da Segurança Pública no Estado. Mas o que seria a "presunção de legítima defesa"? Quais as consequências jurídicas que esse projeto poderia ter no futuro, caso aprovado? A BBC News Brasil ouviu professores de Direito para entender como esse aspecto da proposta se encaixaria na legislação brasileira. O que é legítima defesa e o que diz o projeto? O Artigo 25 do Código Penal já isenta de culpa o cidadão — inclusive o policial — que age "usando moderadamente os meios necessários" para defender-se de "agressão, atual ou iminente", a si ou a outra pessoa. Isso significa que, em caso de um agressão, o policial pode agir em defesa própria ou de terceiros no momento da ação, ou momentos antes da possibilidade dela ocorrer. "No caso de um sequestro de um ônibus, por exemplo, se houver risco de vida para os passageiros, o policial poderia matar o agressor. Ou em um confronto em que ele esteja em risco de morrer", explica Mauricio Dieter, professor de Criminologia e Direito Penal da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). "A legítima defesa é um conceito muito sedimentado na doutrina penal. Mas ela não dá carta branca para a pessoa agir de maneira desproporcional à agressão que ela está sofrendo", afirma. Dieter cita um exemplo hipotético do que seria uma ação excessiva. "Digamos que alguém ameace te dar um soco, mas você tem um fuzil nas mãos. Seria um excesso se você atirasse na pessoa e a matasse, porque sua reação não é proporcional à ameaça que sofreu. Por isso, a lei fala em uso moderado dos meios necessários", explica. O defensor público Gustavo Junqueira, professor de Direito Penal da PUC-SP, explica que a investigação e o processo penal analisam, caso a caso, se houve excesso ou não no uso da força. "Se houve excesso intencional, a pessoa responde por um crime doloso. Se ela se excedeu, mas não houve intenção, responde por crime culposo. Há também casos em que a pessoa se excede, mas sem intenção ou culpa. Chamamos esses casos de excesso de exculpante, e a pessoa não responde por crime", diz. O novo texto proposto por Bolsonaro traz as razões pelas quais, na visão do governo, justificam- se mudanças sobre as regras de conduta de militares e agentes de segurança em operações de GLO. "O texto se concentra sobre a proteção do direito à vida", diz o documento. "Para tanto, implementam-se hipóteses de presunção de legítimadefesa e de injusta agressão, que buscam www.manoelneves.com Página de 60 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA caracterizar a legítima defesa nos casos em que os militares e agentes atuarem contra condutas que resultam em risco à vida deles ou de outrem." No projeto, o governo considera injusta agressão as seguintes situações de conflito: "atos de terrorismo; conduta capaz de gerar morte ou lesão corporal; restringir a liberdade da vítima, mediante violência ou grave ameaça; ou portar ou utilizar ostensivamente arma de fogo". Na prática, segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, a aprovação do projeto poderia facilitar o arquivamento de processos de casos em que policiais se envolveram em mortes durante ações no âmbito de GLO. Caso ele seja aprovado pelo Congresso, um caso de morte em decorrência de ação policial poderia ser arquivado pelo Ministério Público sem a necessidade da análise da Justiça, apenas com base na "presunção de legítima defesa". Em tese, hoje o arquivamento já pode ocorrer se as circunstâncias de legítima defesa forem muito claras e óbvias, diz Dieter. Para Junqueira, o projeto pode acabar com análise dos casos individualmente. "O governo quer suprimir a análise do meio necessário, acabar com a necessidade de ponderação caso a caso. Ou seja, a ideia é facilitar o arquivamento e criar uma dificuldade maior para a investigação", opina Junqueira. Para Alamiro Velludo Salvador Netto, professor de Direito Penal da USP, "o Código Penal nunca excluiu o policial". "Nunca houve uma exclusão de policiais de valer-se da legítima defesa, isso é um discurso falso. Como vale para o particular, vale para o policial também", afirma. 'Licença para homicídios' Segundo a professora Carolina Costa Ferreira, coordenadora do Departamento de Estudos e Projetos Legislativos do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), caso seja aprovado, o projeto pode ser uma espérice de "licença para homicídios". "Em essência, esse ponto é contraditório porque, na medida em que se discute a excludente de ilicitude no caso de legítima defesa como garantia do direto à vida, na verdade (o texto) está concedendo licença para prática de homicídios sem a investigação adequada", diz Ferreira, que é doutora em Direito pela Universidade de Brasília (Unb). "Você presume que a atuação de militares ou policiais em injusta agressão possa justificar qualquer tipo de ato, ainda que seja muito mais grave do que aquele do qual foram alvo." Mauricio Dieter, da USP, também critica duramente o projeto: "É uma aventura jurídica, uma bobagem autoritária. É uma tentativa de criar uma licença para matar em um país que já tem um índice altíssimo de mortes em decorrência de ações policiais. Por que esse medo do júri? Se o policial agiu legitimamente, ele vai ser absolvido", diz. Já Alamiro Velludo Salvador Netto, também da USP, acredita que a flexibilização do conceito de legítima defesa pode "incentivar o uso da violência desmedida, levando a justiçamentos". "É óbvio que o policial tem o direito de reagir se colocado em risco, ninguém discute isso. Mas, se eu tenho uma legítima defesa que tem muitos critérios, isso pode ser interpretado, tanto na dinâmica dos tribunais quanto no cotidiano policial, como um afrouxamento das ações em que ela pode ser utilizada", diz. www.manoelneves.com Página de 61 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Para Costa, o ponto proposto pelo governo inverte o princípio da presunção de inocência, prevista na Constituição. "A Carta estabelece que ninguém deve ser considerado culpado até a condenação transitar em julgado. Não se pode antecipar a pena sem processo. O que está acontecendo nesse caso é uma anulação da possibilidade de investigação criminal da conduta desses militares e agentes de segurança. Isso pode gerar injustiças. Só 7% dos homicídios são investigados no Brasil. O projeto vai no sentido de ampliar essa impunidade", diz. “Aventura jurídica” e “licença para matar”: o que dizem juristas sobre excludente de ilicitude em projeto de Bolsonaro. BBC News, 23 nov. 2019. Acesso em: 9 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Excludente de ilicitude em debate no Brasil contemporâneo”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 62 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 23 Efeitos do superencarceramento no Brasil contemporâneo TEXTO 01 Essa dinâmica de encarceramento contraria a expectativa gerada em 2006, quando uma nova Lei de Drogas (Lei 11.343/2006) foi instituída no país. O texto substituía uma regra de 1976 e trazia uma inovação: a distinção entre usuário e traficante. Os crimes definidos pela lei também diferem: ao passo que a posse para uso pessoal é considerada um delito de ínfimo potencial ofensivo, o tráfico de drogas é fortemente repreendido. Ao primeiro crime, restou prevista uma pena alternativa diferente da prisão, como advertência, prestação de serviços à comunidade ou obrigação de cumprir medidas educativas. Já o tráfico, pela regra, leva à prisão. Em casos desse tipo, a pena mínima passou de três para cinco anos, podendo chegar a 15. O que ocasionou, então, o crescimento de prisões? Na opinião do advogado criminalista Cristiano Maronna, secretário executivo do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais e presidente da Plataforma Brasileira de Política de Drogas, a falta de definição precisa sobre o que é o uso e o que é o tráfico de drogas, bem como uma aplicação que ele considera disfuncional da norma. “O Artigo 33 que trata do tráfico coloca como uma das condutas punidas a cessão gratuita de drogas de uma pessoa a outra. Isso não é tráfico, o tráfico envolve lucro. Outra coisa é que não se exige prova. A pessoa flagrada com determinada quantidade é presumida como traficante. Isso é inaceitável, porque o que se espera é que o Estado prove que aquela pessoa, de fato, trafica drogas, por meio, por exemplo, do extrato bancário ou por meio de uma investigação, com testemunhas etc. Nada disso é exigido, como regra, para uma pessoa ser condenada por tráfico”, afirma. Na ausência de uma regra nítida, quem acaba fazendo essa distinção, nas ruas, é o próprio policial. No momento em que isso ocorre, outros aspectos e mesmo preconceitos acabam sendo levados em consideração. Maronna acrescenta que, “para quem tem carteira de trabalho assinada, provar que não é traficante não é tão difícil". "Para jovens, negros, moradores de comunidades e desempregados, essa prova é mais difícil. Então, é muito comum que usuários negros, pobres e favelados sejam processados e condenados como se traficantes fossem”. Seletividade penal Coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania e integrante do Conselho Diretor do International Drug Policy Consortium (IDPC), a socióloga Julita Lemgruber considera que a própria lei estabelece uma lógica de seletividade penal. Isto porque o Artigo 27 da norma fixa que “para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente”. www.manoelneves.com Página de 63 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA “De maneira geral, quem está sendo preso no dia a dia é o jovem negro. Se a polícia pega um menino branco, que é um estudante universitário, frequenta uma universidade privada e está em seu veículo próprio, mesmo se estiver portanto uma quantidade grande de drogas, ele não vai ser considerado um traficante porque a reflexão imediata que o policial faz é: ‘esse cara não precisa traficar’. Enquanto que um meninonegro, da favela, pego na rua, não importa que justificativa ele der para estar portando aquela quantidade de droga, ele vai sempre ser considerado um traficante”, a socióloga, que foi a primeira mulher a comandar o sistema prisional fluminense e já desempenhou a função de ouvidora da Polícia Militar no Rio de Janeiro. A opção pelo encarceramento e o perfil das pessoas que estão sendo presas são confirmados pela pesquisa Audiência de Custódia, Prisão Provisória e Medidas Cautelares: Obstáculos Institucionais e Ideológicos à Efetivação da Liberdade como Regra, feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública a pedido do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O estudo mostra que, em relação aos flagrantes por tráfico de drogas, 57,2% das pessoas que passaram por audiências de custódia foram mantidas presas enquanto aguardavam o julgamento. A incidência de manutenção da prisão por tráfico é mais frequente do que nos casos de violência doméstica. Neste caso, 39,8% permanecem encarcerados após a audiência. O mesmo estudo mostra que jovens e negros são a maioria entre as pessoas que passaram por esse tipo de audiência no Distrito Federal, no Rio Grande do Sul, na Paraíba, no Tocantins, em Santa Catarina e em São Paulo, entre 2015 e 2017, locais e período sobre os quais se debruçou a análise. E aponta possível tratamento judicial mais duro para os negros. Enquanto 49,4% dos brancos detidos permaneceram presos e 41% receberam liberdade provisória com cautelar, tais percentuais alcançam 55,5% e 35,2% quando se trata de pessoas negras. A seletividade é reforçada também pela falta ou precariedade das investigações. Sem inteligência policial, ações efetivas de controle nas fronteiras e inibição de atos ilícitos entre policiais e outros agentes de segurança, “as pessoas presas são, no mais das vezes, as pessoas que atuam nas franjas, são os varejistas que compõem o último elo da cadeia, enquanto os financiadores, as pessoas que controlam a cadeia mais produtiva e lucrativa, são praticamente intocáveis. Também em relação a isso, não há uma preocupação em, de fato, atingir o coração do negócio”, denuncia Cristiano Maronna. De acordo com dados do Depen, em junho de 2016 eram 176.691 mil pessoas presas por tráfico de drogas; 20.133 por associação para o tráfico e apenas 4.776 por tráfico internacional. Questionada sobre a disparidade entre esses dados, Mara Fregapani Barreto afirmou que “não tem como dizer que a gente está prendendo pouco um ou outro, até porque, numa pirâmide organizacional, você tem muito mais gente na base do que no comando”. Lei de drogas tem impulsionado encarceramento no Brasil. Agência EBC, 24 jun. 2018. Disponível em: http:// agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-06/lei-de-drogas-tem-impulsionado-encarceramento-no-brasil. Acesso em 10 dez. 2019. TEXTO 02 Baixa escolaridade, falta de documentos pessoais, dificuldade de inserção no mercado de trabalho, carência de moradia, abandono da família e preconceito são apenas algumas das dificuldades enfrentadas por quem deixa a prisão. Egressos de um sistema carcerário superlotado, que não cumpre seu papel de preparar os detentos para a convivência em sociedade, a maioria deles acaba voltando para a vida atrás das grades. Em Minas Gerais, segundo a última pesquisa com dados disponíveis, a taxa de reincidência criminal é de 51,4%, e diminuir esse índice depende, na avaliação de especialistas, de melhoras nas condições das prisões e de mais apoio e oportunidades a quem conquistou a liberdade. www.manoelneves.com Página de 64 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA A Lei de Execução Penal (LEP) prevê que é dever do Estado a assistência ao preso. Instalações higiênicas, instrução escolar e formação profissional são algumas das obrigações do Poder Executivo, que também deve auxiliar o egresso, inclusive, a conquistar um trabalho. Mas a superlotação é um obstáculo para o cumprimento da legislação: há 73.948 presos atualmente em Minas, ocupando 39.328 vagas. Para a pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenadora do Laboratório de Estudos sobre Trabalho, Cárcere e Direitos Humanos da instituição, Vanessa Andrade, nas atuais condições dos presídios brasileiros, prender é o primeiro passo em direção à reincidência criminal. “Na primeira vez, a pessoa é presa por um crime mais banal; na segunda, é por um ato pior; e assim por diante. São necessárias políticas públicas efetivas de educação, trabalho, cultura e infraestrutura para impedir o primeiro encarceramento”, afirma a professora. A chance de reincidência criminal é maior entre os homens, os mais jovens e os que cometem crimes contra o patrimônio, como furtos. Além disso, a ressocialização é mais difícil para pessoas com trajetória criminal longa, segundo os resultados da pesquisa que analisou 800 casos de egressos que deixaram a prisão em 2008. Na ocasião, 411 pessoas voltaram a ser indiciadas em até cinco anos após cumprir pena ou receber liberdade condicional. “Não tem que transformar prisão em hotel cinco estrelas, mas cumprir a Lei de Execução Penal é o básico. Superlotação, ausência de serviços básicos e ociosidade muito elevada no sistema prisional; tudo contribui para a reincidência”, afirma o especialista em segurança pública e professor do programa de mestrado e doutorado de ciências sociais da PUC Minas, Luis Flávio Sapori, que elaborou a pesquisa em parceria com Roberta Fernandes Santos e Lucas Wan Der Maas. Segundo ele, a aceitação da família e a reinserção no mercado de trabalho são essenciais para o período após a prisão. “Se ele consegue essas duas coisas, a chance de reincidência certamente vai diminuir muito. Um grande desafio é o estigma; as empresas mineiras, de forma geral, têm muita resistência em contratar egressos dos sistema prisional”, diz. A pesquisadora Vanessa Andrade pontua também a necessidade de políticas públicas de acolhimento aos egressos. “Eles são deixados à própria sorte e, quando saem da prisão, são expostos às mesmas situações que os levaram à prisão, e vira um círculo vicioso”, diz. Sistema prisional. A Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) administra 197 unidades prisionais em Minas Gerais, que conta com um total de 38 Apacs. Trabalho. A Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) possui uma diretoria específica que promove a possibilidade de trabalho e profissionalização para presos por meio de parcerias com empresas. Há remuneração e remição de pena (a cada três dias trabalhados, menos um na pena). Atualmente, 18.269 presos trabalham em Minas, segundo a pasta. Estudo. Conforme a Seap, 8.124 presos estudam em escolas estaduais que funcionam dentro dos presídios, no ensino superior a distância e em cursos profissionalizantes. Despreparada, mais da metade dos presos volta à criminalidade. O tempo, 20 mai. 2019. Disponível em: https://www.otempo.com.br/ cidades/despreparada-mais-da-metade-dos-presos-volta-a-criminalidade-1.2183725. Acesso em: 10 dez. 2019. TEXTO 03 O ano de 2017 começou com o novo capítulo de uma história velha. A morte de 60 detentos em presídios do Amazonas chamou atenção do país e chocou o mundo. Mais uma vez, a guerra de www.manoelneves.com Página de 65 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA facções criminosas dentro de presídios brasileiros expôs a fragilidade do sistema penitenciário do país. Especialistas e profissionais que vivem de perto a rotina dos presídios mostram que o sistema é falho e contribui para episódios como de Manaus. As más condições a que presos são submetidos facilitam o crescimento de facções criminosas dentro dos presídios, nos quais o Estado tem cada vez menos influência. “O que acontece é que criamos um modelo para impedir a fuga de certos indivíduos, mas você os deixa se virarem lá dentro. Então, isso facilita a vida de organizações criminosas que tomam conta da cadeia”, afirmou o doutor em ciência política e ex-secretário de Segurança Pública GuaracyMingardi. Segundo ele, o sistema penitenciário sequer pode ser chamado de “sistema”. É uma “coisa dispersa”, onde cada lugar tem uma regra diferente. De acordo com Mingardi, o Brasil precisa repensar a situação dos seus presos e o motivo pelo qual estão encarcerados. “O Brasil é um dos países com o maior número de presos sem nenhum resultado. Existem pessoas presas por coisas que nem precisaria, e não estou falando de homicídio ou assalto à mão armada. Precisamos pensar mais em outras formas que não sejam só aumentar o tamanho das penas”. Presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Carlos Lamachia disse acreditar que as cadeias são locais onde pequenos infratores se tornam verdadeiros bandidos. “Acho que o Brasil prende mal e, quando prende, em determinadas circunstâncias, ainda alimenta o crime. Encarceramos alguém por um acidente menor. Aí, colocamos essa pessoa dentro de um presídio, no qual ele vai conviver com presos de altíssima periculosidade” Secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes afirmou concordar em medidas que reduzam o número de presos. As audiências de custódia, que aceleram o julgamento para detidos em flagrante e preveem o uso de penas alternativas à prisão, são um exemplo. Entretanto, ele defende a ação da polícia. E explica que a polícia “não escolhe” quem deve prender. “Sou totalmente favorável às audiências de custódia, a medidas que procuram encarcerar menos, mas que não dependem da polícia. Dizem que a gente prende muito e prende mal. Na verdade, não temos opção. Cometeu o crime, tem de prender. [...] Quem escolhe se permanece [preso] ou não é o Judiciário”. Para ele, a forma do Estado retomar o controle dos presídios é investir na disciplina dos presos. “Eles têm de saber que é o Estado que controla. É preciso retomar, com procedimentos que não são bem desejados. A tendência da gente é querer paz. Então, vamos abrindo mão, dando regalias e, quando vemos, o controle foi perdido”. Mingardi lembrou que as estruturas do Estado são voltadas a prender mais, e não menos. Más condições das prisões facilitavam crescimento de facções, dizem especialistas. Agência EBC, 14 jan. 2017. Disponível em: http:// agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-01/mas-condicoes-das-prisoes-facilitam-crescimento-de-faccoes-dizem-especialistas. Acesso em 10 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Efeitos do superencarceramento no Brasil contemporâneo”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 66 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 24 Impactos da inversão da pirâmide etária no Brasil TEXTO 01 Iniciada de forma tímida a partir dos anos 1940, a transição demográfica no Brasil se acentuou após a década de 1960, com o declínio expressivo nos níveis de fecundidade, redução na taxa de crescimento populacional e alterações na pirâmide etária. Isso resultou no incremento mais lento do número de crianças e de adolescentes paralelamente ao aumento contínuo da população em idade ativa e da população idosa. Pirâmide etária brasileira foi invertida nos últimos 70 anos. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/ 2016/10/piramide-etaria-brasileira-foi-invertida-nos-ultimos-70-anos. Acesso em: 26 mai. 2019. TEXTO 02 Uma projeção da população brasileira em 2050 comparada com a população da França em 2005, feita pelo presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Pereira Nunes, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), expôs os riscos a que estão expostos a Previdência Social e o sistema de saúde pública. Nunes demonstrou que a pirâmide etária da população brasileira de 2050 será muito semelhante à da França em 2005. Na base, segundo o presidente do IBGE, estão as pessoas de até quatro anos e no topo estão as com mais de 80 anos. Feita com base nas tendências de crescimento da população brasileira, identificadas pelo Censo de 2010, a pirâmide mostra o estreitamento da base, em função da diminuição dos níveis de fecundidade, e o alargamento do topo, decorrente da redução dos níveis de mortalidade. Diante de uma situação semelhante, a França foi obrigada em 2010 a fazer uma reforma que aumentou as idades mínimas de aposentadoria de 60 para 62 anos e de recebimento de pensão integral de 65 para 67 anos. As mudanças desencadearam greves de âmbito nacional, que envolveram trabalhadores dos setores privado e público. Pirâmide etária mostra riscos para a Previdência, alerta IBGE. Senado notícias. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/ noticias/materias/2011/06/07/piramide-etaria-mostra-riscos-para-previdencia-alerta-ibge. Acesso em: 27 mai. 2019. www.manoelneves.com Página de 67 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEXTO 03 O aumento do número de idosos demanda soluções para os problemas que as instituições hospitalares já começaram a enfrentar e, sobretudo, um redesenho dos sistemas de saúde, com mudanças importantes no cuidado prestado. O ritmo acelerado do envelhecimento da população ilustra a magnitude deste desafio. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a expectativa de vida hoje é de 74 anos e será de 81 anos em 2050. No Brasil, a expectativa de vida aumentou de 43 para 75 anos de 1945 a 2013. A pirâmide populacional encontra-se em transformação e sofrerá inversão, levando a predomínio de idosos em relação às crianças. Em 30 anos, o número de idosos quintuplicou e até 2050 será sete vezes maior. Em nosso país, a alteração da pirâmide etária ocorreu em um terço do tempo se comparado aos países desenvolvidos. A transição epidemiológica acompanha a demográfica. Em nosso meio, a prevalência de doenças infecciosas e crônicas não transmissíveis demanda maiores recursos e arranjos peculiares do sistema de saúde. Esta rápida evolução aumenta a importância e a necessidade de o país administrar e assimilar a inversão da pirâmide etária com maior rapidez do que os sistemas europeus, que enriqueceram primeiro, para depois envelhecer. Em alguns segmentos, a população de beneficiários apresenta hoje a estrutura etária prevista para o ano de 2030. A faixa etária dos acima de 65 anos utiliza mais os serviços de saúde, sobretudo hospitais, as hospitalizações são mais longas, a mortalidade maior, bem como as admissões em unidades de terapia intensiva e a taxa de institucionalização. Esta nova realidade aponta a urgência de remodelamento do sistema de saúde e de seu financiamento. Há necessidade de desenvolvimento de serviços voltados para atender à demanda da população que envelhece rapidamente e em grande quantidade. Envelhecimento populacional e as repercussões na saúde. Diagnóstico web: gestão de saúde. Disponível em: http:// www.diagnosticoweb.com.br/especiais/envelhecimento-populacional-e-as-repercussoes-na-atividade-hospitalar.html. Acesso em 25 mai. 2019. TEXTO 04 Com a mudança da estrutura etária brasileira, resultado da redução do número de jovens e do aumento da população idosa, o Brasil deve passar por profundas transformações socioeconômicas. A principal delas diz respeito ao que especialistas chamam de "bônus demográfico" ou "janela de oportunidades". O conceito engloba as oportunidades que surgem para o país quando o número de pessoas consideradas economicamente produtivas (as que o IBGE considera em idade de trabalhar, entre 15 a 64 anos) é maior do que a parcela da população dependente (ou seja, menores e idosos que não trabalham). Calcula-se que em 2013 cada grupo de cem indivíduos em idade ativa sustenta 46 indivíduos. Segundo as estimativas do IBGE, até 2022 esse número irá caindo – indicando um grande número de pessoas economicamente ativas. Nesse ano, porém, ocorrerá uma inversão, chegandoem 2033 ao mesmo nível de 2013. Já em 2060, a proporção deverá ser de 65,9, ou seja, cada grupo de cem indivíduos em idade ativa sustentará 65,9 indivíduos. www.manoelneves.com Página de 68 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Número de idosos no Brasil vai quadruplicar até 2060, diz IBGE. BBC News Brasil. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/ noticias/2013/08/130829_demografia_ibge_populacao_brasil_lgb. Acesso em: 26 mai. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Impactos da inversão da pirâmide etária no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 25 Alienação parental em debate no Brasil TEXTO 01 Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em: https://www.senado.leg.br. Acesso em: 9 dez. 2018. TEXTO 02 www.manoelneves.com Página de 69 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Disponível em: https://www.olharjuridico.com.br/noticias/exibir.asp?id=38419¬icia=alienacao-parental-e-abuso-e-pode-causar- destituicao-do-poder-familiar-explica-advogado. Acesso em: 10 dez. 2019. TEXTO 03 Alienação parental consiste na interferência psicológica provocada na criança ou adolescente por um dos seus genitores contra outro membro da família que também esteja responsável pela sua guarda e vigilância. O intuito da pessoa que provoca a alienação parental é criar desavenças e sentimentos negativos na criança em relação a determinado genitor, como o pai ou a mãe, por exemplo. No Brasil, a alienação parental é considerada um crime, conforme previsto na lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010 (conhecida por “Lei da Alienação Parental”). Entre as ações que tipificam a alienação parental, conforme estabelecido no artigo 2º da lei, está: I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; II - dificultar o exercício da autoridade parental; III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós. Ainda de acordo com a lei, a desqualificação de um dos progenitores através da alienação parental deve ser punida em proporção com a gravidade do caso, que pode ser desde uma advertência formal ao alienador até o pagamento de multas e suspensão da autoridade parental. O que é alienação parental. Significados. Disponível em: https://www.significados.com.br/alienacao-parental/. Acesso em 10 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa www.manoelneves.com Página de 70 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA sobre o tema: “Alienação parental em debate no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 26 Obstáculos enfrentados pela geração Z TEXTO 01 Eles não conheceram o mundo sem internet, não diferenciam a vida on-line da off-line e querem tudo para agora. São críticos, dinâmicos, exigentes, sabem o que querem, autodidatas, não gostam das hierarquias nem de horários poucos flexíveis. São os jovens da Geração Z, que nasceram depois de 1995, e que agora começam a entrar no mercado de trabalho bastante confiantes. A chegada dessa nova geração ao meio organizacional já causa certos impactos por conta das características peculiares desses jovens e vai exigir que empresas se adaptem e apliquem novas práticas para atrair e reter esses profissionais. "Eles enxergam o mundo diferente. Sua relação com o tempo é outra, é online, a maneira como lidam com hierarquias e a autoridade, enfim, tudo é diferente para a geração deste milênio e as organizações devem se inspirar nela", afirma o doutor em comunicação Dado Schneider. Ele estuda o comportamento dessa nova geração há anos e acredita que ela será revolucionária. Hoje, na opinião do especialista, os jovens não se submetem à condições de trabalho que não os satisfaçam. "Mas não os considero arrogantes, eles apenas sabem o que querem. Diferentemente da Geração X (nascidos entre o fim de 1960 e 1980), que aceita as normas de trabalho, e da Geração Y (nascidos entre 1980 e 1995), que finge que aceita, eles são questionadores e possuem bons argumentos. A verdade é que eles são bastante maduros, assertivos e vão ser os chefes da geração Y em poucos anos", prevê. A estudante Mariana Orteblad, de 17 anos, é uma típica nativa digital. Usa o celular o dia inteiro e, quando qualquer dúvida surge, não pensa duas vezes, consulta logo o Google. Smartphone, tablet e redes sociais fazem parte da vida dela para se relacionar com os amigos, assistir a www.manoelneves.com Página de 71 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA filmes e estudar. Segundo a jovem, apenas dessa maneira consegue acompanhar a velocidade e a abundância de informações. Nas aulas do cursinho, a estudante ainda escreve algumas anotações a lápis, mas confessa que é muito mais rápida digitando na tela do smartphone. Mariana vai prestar vestibular para administração a pedidos dos pais, que são de uma geração em que fazer carreira em uma mesma empresa era sinônimo de segurança financeira e sucesso. "Eu até tenho vontade de trabalhar em uma multinacional, quem sabe na área de marketing, mas não para sempre. Meu sonho mesmo é ser atriz de TV. Resolvi fazer duas faculdades, uma de teatro e outra de administração, caso esse desejo de ser atriz não dê certo. O importante mesmo é ter prazer no que vou fazer. Acho muito mais importante do que o dinheiro que vou ganhar", afirma. Pesquisas mostram, que assim como Mariana, os nativos digitais são menos motivados por dinheiro que a Geração Y e têm mais ambições empreendedoras. A pró-atividade com relação aos meios digitais também levam muitos a desejarem ter sua própria start-up. "Eles não nasceram para serem empregados e sim para empreender e empregar. O trabalho para eles precisa ser uma extensão da casa. Essa geração vai nos ensinar a ter prazer com o trabalho", explica Schneider. A estudante Alessandra Agrumi, de 18 anos, é prova disso. Há um ano, o que começou como uma brincadeira para ela acabou se transformando em um site, que já possui parcerias com algumas empresas e que ela pretende transformar em um negócio com patrocinadores. A página aborda temas de moda e estilo de vida para o público adolescente. Apaixonada por tecnologias, Alessandra conta que "seu primeiro bom dia e seu último boa noite é para o celular", onde pode atualizar rapidamente as informações do seu blog no Facebook e no Instagram. Ela também possui um canal no YouTube em que produz vídeos sobre o mundo da moda. "Quando me formar em administração, quero ter uma empresa relacionada ao mercado de roupa de luxoe todas essas redes que venho mantendo serão uma maneira de promover o meu negócio." Além da veia empreendedora, não é novidade que o costume de se dedicar quase toda a carreira a uma só empresa veio mudando ao longo das últimas gerações. Porém, foi com a Geração Z que essa tendência se consolidou. "Até mesmo as empresas já estão aceitando melhor os currículos dos profissionais que ficam menos tempo em um lugar, com passagens rápidas por elas. Isso antigamente não era bem visto pelas consultorias que contratam", explica Diogo Forghieri, gerente regional da Randstad Professionals, especializada em recrutamento e seleção de profissionais. Diferentemente da Geração Y, os nativos digitais não têm em mente o conceito "work hard, play hard". O jargão sempre foi usado pelos jovens que se esforçavam muito no trabalho para ganhar bem e ter tudo que desejavam. De acordo com a coach Marie-Josette Brauer, os Y gastam com audácia e poucos limites enquanto que grande parte dos Z prefere economizar. "A geração anterior cresceu em um momento de economia forte e a atual cresceu com o terrorismo, complexidade e volatilidade", explica. Flexibilidade no trabalho Os nascidos neste milênio não querem abrir mão do seu tempo livre. Não consideram que trabalhar muito e ficar no escritório horas depois do fim do expediente seja gratificante. Além disso, eles preferem trabalhar de casa. Oito em cada dez brasileiros da Geração Z exigem condições de trabalho mais flexíveis que as gerações anteriores, aponta uma pesquisa da Randstad. www.manoelneves.com Página de 72 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA A estudante de Artes Visuais Yasmim Coolwijk, de 20 anos, atribui sua recente demissão à pouca flexibilidade da então chefe. A jovem trabalhava em uma loja de roupas, mas foi demitida na semana passada após meses de contrato. O motivo? Faltou um dia de trabalho. "Tive uma festa de formatura de um amigo e no outro dia estava muito cansada e com ressaca. Falei com a minha ex-chefe que não seria nem um pouco produtivo que eu fosse trabalhar. Dez dias depois, ela me demitiu explicando que esse comportamento não era aceitável. Ela era muito rígida, nesse caso foi uma festa, mas ela já não admitia nem 5 minutos de atraso, mesmo se eu explicasse que estava voltando da faculdade. Ela se esqueceu quantas vezes eu fiz horas extras no Natal?", explica. Faltar o trabalho depois de uma festa pode parecer inaceitável aos olhos das novas gerações, mas as empresas que compreenderem as peculiaridades deste novo grupo profissional e estiverem dispostas a se adaptarem a essa geração sairão na frente. "O comportamento tanto dos jovens quanto das organizações está em constante mudança e evolução. As empresas precisam estar atentas e ter flexibilidade para alinhar suas práticas e programas para estarem sempre atualizadas, colaborando na retenção e desenvolvimento de futuros talentos", afirma a gerente de aquisição de talentos da AkzoNobel. A coach Marie-Josette ressalta, entretanto, que é importante que as companhias se perguntem se realmente estão prontas para a Geração Z. "Esses jovens podem dar muita dor de cabeça, e muito grave, se a empresa não atender às suas necessidades, tanto como clientes quanto como funcionários", afirma. No campo da carreira, o mercado observa que há uma tendência a que sejam futuros profissionais com abordagem mais generalista, de acordo com Forghieri, da Randstad Professionals. Por isso, há uma preocupação por ausência de especialistas em algumas áreas. "Isso acontece por causa do amplo acesso que a Geração Z tem às informações, por meio da internet, utilizando ferramentas como smartphones, tablets etc. Eles recebem muita informação, mas não se aprofundam em nada", afirma. Conheça a Geração Z: nativos digitais que impõem desafios às empresas. El país, 23 fev. 2015. Disponível em: https:// brasil.elpais.com/brasil/2015/02/20/politica/1424439314_489517.html. Acesso em: 10 dez. 2019. TEXTO 02 O que é a geração Z. Significados. Disponível em: https://www.significados.com.br/geracao-z/. Acesso em: 10 dez. 2019. TEXTO 03 Altamente conectados, inovadores, criativos, ágeis e engajados. Mas também ansiosos e com uma boa dose de resistência à hierarquias e críticas. Abertos à diversidade e preocupados com a sustentabilidade, não aceitam ofertas que consideram ruins apenas pelo dinheiro, dando mais valor ao propósito de onde vão trabalhar do que a posições altas na empresa. Preferem horário flexíveis. E, ainda, estão mais propensos a ser empreendedores e criar relações de trabalho cada vez mais virtuais. Talvez você não se encaixe em nenhuma das definições acima. Mas não se preocupe, pois esse é o perfil do profissional do futuro, que já começa a fazer parte de indústrias, escritórios e agências por todo mundo. Essas características são comuns — embora não definitivas — da chamada Geração Z (ou Gen Z), um grupo de pessoas nascidas entre 1995 e 2000 e que, agora, estão entrando no mercado de trabalho. — A Geração Z é ligada socialmente por meio dos meios eletrônicos, quer resolver tudo rápido, leva inovação às empresas e busca, constantemente, melhores desafios na carreira. Eles www.manoelneves.com Página de 73 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA prezam por um ambiente dinâmico para trabalhar, com crescimento profissional acelerado e liberdade para falar de igual para igual entre todos de uma equipe, e preferem jornadas flexíveis — define a gerente de RH da UniCarioca, Cristina Telles, que destaca também o grande potencial deles para a criação e a inovação. Avessos a críticas Em contrapartida, outro traço desse grupo recém-chegado ao mercado é a dificuldade de aceitar críticas. Outra característica dos “Gen Z” é que, por serem de uma geração que já nasceu dentro de um universo digital, com acesso rápido às informações, podem ter dificuldades para desenvolver um raciocínio analítico e mais profundo, além de trazerem um comportamento mais individualista. O coordenador do curso Master em Liderança e Gestão de Pessoas da Fundação Getulio Vargas (FGV) e coordenador do módulo de Liderança e Alto Desempenho do Programa CEO FGV, João Brandão, corrobora que é uma geração engajada, ágil na busca por informações e com resistência às críticas. — Uma característica boa dessa geração é saber conciliar bem o trabalho e o lazer e, se a empresa souber valorizar seu perfil inovador, pode ser bem produtiva. Por outro lado, se levar uma dura, não sabe o que fazer, pois não tem muito amadurecimento emocional, e não sabe lidar com barreiras — diz o professor. www.manoelneves.com Página de 74 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Outra marca dessa nova juventude, aponta o professor, é a vontade de ser protagonista: — De uma forma geral, esse jovem quer dar opinião e se manifestar. Ele tem uma consciência social e econômica, valoriza o que é sustentável, e se preocupa em fazer parte da mudança daquilo que acredita para o mundo. E tende contra o capitalismo, preferindo estar em um lugar com qual se identifica com o propósito da empresa e do que a faz ganhar mais, por exemplo — completa Há duas outras peculiaridades dessa Geração Z. Uma é a propensão para empreender mais. Outra, que apreciam o trabalho remoto e em poder administrar o próprio tempo. Essas duas características trazem novas relações de trabalho e reflete em todo o mercado. O home office , por exemplo, que era uma exceção, passa a ser cada vez mais aceito, levando, inclusive, os empregadores a pensarem em novas formas de monitoramento. Trabalhar sem espaço físico, remotamente, é outro modelo que deve ser cada vez mais aceito, assim como o jovens empreendedores, chefes de si mesmo, que entregam demandas e não cumprem horários fixos. Segundo Luis Testa, diretor da Catho, há uma tendência cada vez maior de as pessoas trabalharem por demanda e remotas, com vínculos diferentes dos tradicionais. — Essa geração está acostumada a se relacionar entre si e comsua família virtualmente, e não fisicamente. As empresas estão vendo isso cada vez mais e se estruturando para oferecer o trabalho remoto — afirma Testa. De acordo com os especialistas, não devem haver muitos conflitos entre as gerações Z e Y, até porque a diferença é pequena, de cerca de 10 anos. Entretanto, a postura frente às chefias deve mudar. Segundo o professor Brandão, diferentemente das gerações anteriores, que respeitavam a hierarquia sem questionamento, essa é uma geração que, assim como busca identidade em sua função, quer servir quem admira e acredita que o chefe deve conquistar seu respeito. — A geração X, como a do pós-guerra, é aquela que lutou muito e aguentou trabalhos nem tão bons para dar melhor vida aos filhos, além de vestir a camisa e ser mais obediente aos superiores. Já a Y, nascida nos anos 80, deu valor ao status, a cargos de liderança e a dinheiro, mas não aceitava tudo, embora respeitasse as hierarquias. A geração Z, por sua vez, busca a satisfação. Ela pode trabalhar 14 horas do dia, mas precisa estar engajada. Querem se envolver em um trabalho em que acreditam e ter sua submissão conquistada — resume Manoela Costa, gerente executiva da Page Talent, especialista de recrutamento de trainee e estágio. Geração Z chega ao mercado de trabalho e muda vínculos. O globo. Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 10 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Obstáculos enfrentados pela Geração Z”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 75 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 27 Caminhos para o combate à pirataria no Brasil www.manoelneves.com Página de 76 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEXTO 01 O contrabando, a pirataria e a falsificação de produtos geraram um prejuízo à economia nacional de cerca de R$ 160 bilhões em 2018, segundo um levantamento divulgado nesta sexta-feira (15) pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf) e Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF). De acordo com a pesquisa, o valor – 14% maior que o registrado em 2017 – é o que a indústria nacional e os órgãos de tributação deixaram de arrecadar no ano passado com a prática ilegal. Para os dois órgãos, a forte carga tributária sobre determinados produtos tem impacto negativo na competitividade com outros mercados, tornando as mercadorias estrangeiras mais viáveis financeiramente para os consumidores. “O contrabando e o mercado ilegal crescem exponencialmente, muito disso em virtude também do aumento da tributação na indústria nacional - que faz com que os produtos originais percam competitividade -, aliado ao mau momento da economia brasileira e da perda de poder aquisitivo de boa parcela da população e à esparsa fiscalização nos portos e fronteiras”, destaca o relatório. Contrabando e pirataria causaram prejuízo de R$160 bilhões em 2018, aponta pesquisa. G1, 15 mar. 2019. Disponível em: https:// g1.globo.com. Acesso em: 10 dez. 2019. TEXTO 02 Brasil é o quarto país que mais consome pirataria no mundo, diz estudo. Site Techmundo, 23 mar. 2018. Disponível em: https:// www.tecmundo.com.br/mercado/128532-brasil-4-pais-consome-pirataria-mundo-diz-estudo.htm. Acesso em: 10 dez. 2019. TEXTO 03 www.manoelneves.com Página de 77 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Brasil perde R$146,3 bilhões para o mercado informal. Folha de S. Paulo, 21 mar. 2018. Disponível em: https://temas.folha.uol.com.br/ contrabando-no-brasil/uma-muralha- da-china-por-ano/mercado-ilegal- cresce-no-pais-em-plena-crise-de- seguranca.shtml. Acesso em: 10 dez. 2019. TEXTO 04 A apreensão de contrabando no Brasil foi recorde em 2017: a Receita Federal resgatou R$ 2,3 bilhões em produtos irregulares. É o maior valor desde 2010, e representa crescimento de quase 10% em relação a 2016. Na estimativa da indústria, as perdas para o mercado paralelo saltaram de R$ 89,3 bilhões em 2016 para R$ 100,2 bilhões no ano passado. Na lista de itens confiscados há de cabelos a aeronaves, de inseticidas a máquinas caça- níqueis, de pneus para trator a videogames. No topo do ranking está o cigarro, com 221 milhões de maços recolhidos. Se colocados em linha reta, alcançariam 26,5 mil quilômetros de comprimento. Mais do que a extensão da Muralha da China (21,2 mil quilômetros). A escalada do contrabando. Folha de S. Paulo, 21 mar. 2018. Disponível em: https://temas.folha.uol.com.br/contrabando-no-brasil/ uma-muralha-da-china-por-ano/mercado-ilegal-cresce-no-pais-em-plena-crise-de-seguranca.shtml. Acesso em: 10 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO www.manoelneves.com Página de 78 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Caminhos para o combate à pirataria no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 79 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 28 Avanços tecnológicos e reprodução das desigualdades sociais TEXTO 01 Quem é mais preciso para calcular as chances de um réu cometer novos crimes: um software utilizado pela justiça americana ou um bando de palpiteiros na mesa de boteco sem nenhuma formação na área? O resultado, por incrível que pareça, é um empate técnico, de acordo com um estudo publicado pelos pesquisadores Hany Farid e Julia Dressel, do Dartmouth College. Na pesquisa, o programa COMPAS, amplamente usado pela justiça dos EUA para prever a reincidência criminal, teve sucesso em 65% das previsões, enquanto os humanos acertaram 67% dos chutes. E se isso já seria preocupante por si só, o cenário fica ainda pior com o conhecimento de que o tal software tende a prever de maneira equivocada a reincidência criminal de pessoas negras, apontando o dobro da probabilidade em comparação com brancas. Esse é um caso emblemático do que tem sido chamado de discriminação algorítmica, quando sistemas matemáticos ou de inteligência artificial são afetados por informações enviesadas que alimentam seu funcionamento. Em contrapartida à crença tecnocrática de que a eliminação do fator humano traria mais clareza e objetividade a processos sensíveis conduzidos por máquinas, o que tem sido observado é a reprodução de antigos preconceitos. Em contrapartida à crença tecnocrática de que a eliminação fator humano traria mais clareza e objetividade a processos sensíveis conduzidos por máquinas, o que tem sido observado é a reprodução de antigos preconceitos. Preconceito das máquinas: como algoritmos podem ser racistas e machistas. Tilt: o canal sobre tecnologia do UOL, 24 abr. 2018. Disponível em: .https://www.uol.com.br. Acesso em: 10 dez. 2019. TEXTO 02 www.manoelneves.com Página de 80 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Tranças bonitas e tranças ferias: o algoritmo do Google tende ao racismo. Site Catraca Livre, 2 jul. 2019. Disponível em: https:// catracalivre.com.br/cidadania/trancas-bonitas-e-trancas-feias-algoritmo-do-google-tende-ao-racismo/. Acesso em: 10 dez. 2019. TEXTO 03 O resultado no site de buscas do Google para quem busca o significado da palavra professora tem causado polêmica na internet. Isso porque, ao fazer buscas como "professora significado", o internauta é apresentado com algumas definições, entre as quais "prostituta com quem adolescentes se iniciam na vida sexual". O resultado da busca começou a ser comentado nesta terça-feira (22/10), o que fez com que a palavra professora se tornasse o termo mais procuradono Google. Após a constatação, muitos internautas passaram a reclamar do resultado. "É extremamente errado, desrespeitoso e ofensivo. De todos os problemas que a profissão já enfrenta, ainda vem alguém e faz isso", escreveu uma usuária do Twitter. Definição é antiga e está nos dicionários Procurado, o Google informou que trabalha para licenciar conteúdos de dicionários parceiros, que são exibidos diretamente na busca. "Os resultados incluem usos coloquiais que podem causar surpresa, mas não temos controle editorial sobre as definições fornecidas por nossos parceiros que são os especialistas em linguagem. Reconhecemos a preocupação neste caso e vamos transmiti-la aos responsáveis pelo conteúdo", informou a plataforma. www.manoelneves.com Página de 81 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA De fato, o Correio constatou que em diversos sites on-line de dicionários a definição que causou polêmica aparece. Entre eles, as versões digitais de Houaiss, Michaelis, Aurélio e Aulete. Também foram consultadas edições impressas de 1999 e 2010 do Dicionário Aurélio e de 2009 do Houaiss. Nas três, também ocorre o registro de prostituta como um dos possíveis significados de professora. “Professora” como sinônimo de “prostituta” causa polêmica na internet. Correio Brasiliense, 22 out. 2019. Disponível em: https:// www.correiobraziliense.com.br. Acesso em: 10 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Avanços tecnológicos e reprodução das desigualdades sociais”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 82 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 29 Nomofobia no cotidiano do jovem brasileiro TEXTO 01 www.manoelneves.com Página de 83 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Nomofobia: o perigo do uso excessivo do celular no dia a dia. Jornal do Comércio, 3 mar. 2018. Disponível em: https:// jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/saude/noticia/2018/03/03/nomofobia-o-perigo-do-uso-excessivo-do-celular-no-dia-a- dia-329915.php. Acesso em: 10 dez. 2019. TEXTO 02 As pessoas que apresentam uso abusivo do celular têm maior chance de desenvolver transtornos psiquiátricos como ansiedade, depressão e sintomas de impulsividade, embora a relação de causa-efeito nem sempre seja fácil de ser estabelecida. Problemas físicos frequentemente ocorrem, incluindo fadiga, patologia ocular, dores musculares, tendinites, cefaleia, distúrbios do sono e sedentarismo. Além disso, é evidente a maior propensão em se envolver em um acidente automobilístico e de sofrerem quedas ao andar. Nomofobia: a dependência do telefone celular. Este é o seu caso? Veja, 4 abr. 2017. Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/ letra-de-medico/nomofobia-a-dependencia-do-telefone-celular-este-e-o-seu-caso/. Acesso em 10 dez. 2019. TEXTO 03 Como muitos de sua geração, o estudante L.L., 29 anos, ama computadores. Mas o apego à tecnologia começou a afetar os estudos, o trabalho, o relacionamento com a família e amigos. Virou uma forma de evitar as pessoas. Foi quando viu que precisava de ajuda. L.L. sofre de dependência digital, ou nomofobia (do original "no mobile fobia"), uma patologia com consequências psíquicas, sociais e físicas. Em setembro, ele iniciou o tratamento no Instituto Delete, o primeiro do Brasil especializado em detox digital e que presta atendimento gratuito. Instalado no Instituto de Psiquiatria (Ipub) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Delete foi criado em 2013 pela psicóloga Anna Lucia King e desde então avaliou 800 pessoas com algum tipo de dependência tecnológica. "Comecei a perceber que os pacientes tinham dependência de tecnologias como celular, computador. Uma dependência não natural, mas relacionada a algum transtorno", conta Anna Lucia Os recém-chegados passam por uma triagem da equipe multidisciplinar do Delete e são submetidos a questionários para identificar a origem da dependência. "Fazemos uma entrevista psicológica. Depois o psiquiatra avalia se há algum transtorno relacionado. Pode ser transtorno de ansiedade, pânico, obsessão compulsiva, fobia social", explica Anna Lucia, que cita WhatsApp, Facebook, Instagram e jogos on-line como as tecnologias com maior registro de dependência. Tratar os transtornos relacionados - ou transtornos de base - pode exigir medicação. Além de problemas emocionais, a nomofobia também causa prejuízos físicos. A fisioterapeuta Mariana King Pádua, que atende no Delete, explica que o uso prolongado de smartphones, por exemplo, causa tanta pressão no pescoço que faz a cabeça pesar de seis a dez vezes mais que o normal, devido aos longos períodos em que fica inclinada. "A musculatura do pescoço não é preparada para sustentar essa carga", explica. O tratamento é oferecido durante algumas horas por semana e sua duração varia conforme o caso. Os pacientes são divididos em três categorias: consciente, abusivo e dependente. www.manoelneves.com Página de 84 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA - Linha tênue -O objetivo do tratamento não é demonizar as tecnologias, mas fazer com que os dependentes aprendam a usá-las de forma saudável. Exercícios, trocas de experiências e ensinamento da chamada "etiqueta digital", ou seja, as boas práticas no uso das tecnologias, ajudam a transformar o uso abusivo em consciente. Segundo o pesquisador e orientador especializado em Mídias Digitais no Delete, Eduardo Guedes, usar muito a tecnologia por si só não indica dependência, mas todo usuário dependente sempre a utiliza de forma exagerada. "O uso abusivo é quando o virtual atrapalha o real, e você perde o controle. Esse nível de perda de controle é algo muito tênue", explica. - Uso consciente -A forte presença das tecnologias na vida moderna pode dificultar a identificação do problema. Muitas vezes, o próprio usuário não percebe como a dependência afeta sua vida e precisa da interferência de pessoas próximas para procurar ajuda. Foi o caso do estudante H.B, de 24 anos, levado pela mãe ao Delete, onde trata desde agosto a dependência em jogos de computador. "Nem fui eu que notei [o problema]. A gente se acostuma com isso, é difícil largar", conta. A moderação é difícil de se alcançar em um mundo onde tecnologias como a Internet são onipresentes. Segundo relatório da ONU sobre economia da informação, publicado em outubro, o Brasil é o quarto país mais conectado do mundo em número de usuários na Internet. O informe "Economia da Informação 2017: Digitalização, Comércio e Desenvolvimento", da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), mostra que em 2015 o país tinha mais da metade da população (120 milhões de pessoas) conectada à Internet, atrás de China (705 milhões), Índia (333 milhões) e Estados Unidos (242 milhões). As atividades principais dos brasileiros se relacionam à comunicação (85%), como o envio de mensagens pelo WhatsApp e o uso de redes sociais como Facebook, Instagram ou Snapchat (77%), segundo o Comitê Gestor de Internet no Brasil, encarregado da utilização e desenvolvimento da web no país. No Brasil, a nomofobia ainda é um tema relativamente novo, mas Coreia do Sul, Japão e China já consideram essa dependência um problema de saúde pública e têm centros de reabilitação. Pacientes e terapeutas do Delete acreditam ser possível viver em harmonia com as tecnologias. "Estou melhorando, fazendo exercícios. O problema do uso intensivo da Internet é que você acaba deixando outras áreas da vida desguarnecidas", diz L.L. Anna Lucia explica que o fim do tratamento não significa que os pacientes ficarão sem apoio. "Muitos naturalmente deixam o grupo, mas fica em aberto. Quando acham necessário, eles podem voltar", conclui. Nomofobia: quando ouso de tecnologias vira doença. UOL Notícias, 6 nov. 2017. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas- noticias/afp/2017/11/08/nomofobia-quando-o-uso-de-tecnologias-vira-doenca.htm. Acesso em: 10 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa www.manoelneves.com Página de 85 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA sobre o tema: “Nomofobia no cotidiano do jovem brasileiro”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 30 Imperativo de opinião na sociedade brasileira contemporânea TEXTO 01 Os ultracrepidários são pessoas que opinam sobre tudo sem ter conhecimento de quase nada. São perfis que não hesitam em nos corrigir, em minimizar o nosso valor para se destacar em qualquer circunstância e no meio de toda conversa. Os ultracrepidários, longe de estarem em perigo de extinção, parecem estar cada vez mais presentes. São aquelas pessoas que opinam sobre tudo sem ter conhecimento de nada. Eles nunca se calam, nos corrigem, têm sugestões para qualquer assunto, querem consertar o mundo e subestimam os verdadeiros especialistas em uma determinada área. Ultracrepidários: pessoas que opinam sobre tudo. A Mente Maravilhosa, 13 abr. 2019. Disponível em: https:// amenteemaravilhosa.com.br/ultracrepidarios-pessoas-que-opinam-sobre-tudo/. Acesso em: 11 dez. 2019. TEXTO 02 ARMANDINHO. Charge. In.: Pinterest. Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/540854236480575771/?lp=true. Acesso em: 11 dez. 2019. TEXTO 03 Wando morreu. E eis que, no dia de sua morte, na quarta-feira, em meio ao luto súbito e homenagens póstumas de toda ordem (desde versões ilustradas para o hit “Fogo e Paixão” até piadas sobre um dos temas favoritos do cantor, as calcinhas), o blog Não Salvo – um dos maiores blogs de humor do Brasil – postou uma foto de Sidney Magal em sua página do Facebook. Sobre a foto, um texto anunciava “Wando (1945-2012)” e citava um trecho da música “Borbulhas de Amor”, do Fagner. www.manoelneves.com Página de 86 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Não era um erro. Foi de propósito, afinal o motivo era brincar com o fato de que as pessoas acabam confundindo determinadas informações e, no calor da hora, misturam lé com cré. Os leitores do blog não só entenderam a piada como a passaram para frente, compartilhando a imagem em seus perfis na rede social. Mas como nem todo mundo conhece o site ou foi avisado de que aquela imagem veio de um site de humor, não faltaram comentários que não apenas corrigiam a imagem (“esse não é o Wando!”) como agrediam rispidamente a “ignorância” de quem postou a informação “errada”. (Cabe um parêntese rápido sobre essa agressividade típica da internet. Uma vez que não há o contato próximo, é muito comum que se aproveitem desta frieza e distância da comunicação online para a exibição de uma fúria ameaçadora. Antes do Facebook, reclamações, acusações e ameaças ficavam escondidas sob o fato de que não era preciso se identificar para fazer comentários em sites ou blogs. Depois do Facebook, em que a identificação é capital, essa raivinha foi transformada em exibicionismo de opinião, com pessoas debatendo interminavelmente – e apaixonadamente – sobre qualquer assunto que vier à pauta. Seja um animal morto, uma declaração de um político, o resultado de um jogo ou um programa de TV – todo mundo tem opinião formada sobre qualquer assunto. Depois dos trending topics do Twitter, agora temos a polêmica do dia, no Facebook). Mas é tudo uma questão de contexto. Como observa o fundador do site BuzzFeed, Jonah Peretti, o Facebook e as redes sociais em geral misturam notícias sérias e fúteis no mesmo ambiente – afinal, tais notícias interessam a qualquer um. Mas uma coisa é reclamar que a foto exposta não é do Wando e sim do Sidney Magal. Outra coisa é sair compartilhando qualquer tipo de informação sem checar de onde ela vem. É um exercício natural à prática do jornalismo que, aos poucos, está sendo repassado para todo o público não-jornalista. É fácil acabar com a reputação de uma pessoa em alguns posts no Facebook. O que aconteceu com a Luíza, aquela, do Canadá, poderia não ser engraçadinho e curioso – e, sim, trágico, caso o tema fosse diferente de um pitoresco comercial de TV. Misture isso ao fato de que muitos passam para frente notícias sem nem mesmo checar de quando elas são e que há proliferação de sites de humor que fingem ser publicações jornalísticas e temos um trem saindo dos trilhos em nosso inconsciente. Talvez seja a avalanche de informação, talvez seja algo que eu chamo de “a ressaca da web 2.0” (que permitiu a qualquer um dizer o que pensa online – e agora estamos vendo todo mundo dizer o que pensa só pelo simples fato que é possível dizer o que se pensa o tempo todo). Há a clássica frase de Gilbert Chesterton que, no começo do século 20, disse que “não foi o mundo que piorou, as coberturas jornalísticas é que melhoraram muito”. Essa sensação de euforia e paixão – que pode ser boa ou ruim – é uma espécie de desdobramento da constatação de Chesterton. Tanta informação faz que a gente queira acompanhar esse ritmo da mesma forma, mas vale o novo ditado “Google before you tweet is the new think before you speak” (“Usar o Google antes de twittar é o novo pense antes de falar”). Sem um mínimo de ponderação, mergulhamos de cabeça no redemoinho de informação que parece nos puxar para baixo. Mas essa força não age sozinho – é preciso que você dê o primeiro passo. Por isso, calma. Quem disse que todo mundo precisa ter opinião sobre tudo? Estadão. Disponível em: https://link.estadao.com.br/blogs/alexandre- matias/quem-disse-que-todo-mundo-precisa-ter-opiniao-sobre-tudo/. Acesso em: 11 dez. 2019. TEXTO 04 www.manoelneves.com Página de 87 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Conheço algumas pessoas (na verdade, todos nós conhecemos) que, vez por outra estão envolvidas em alguma polêmica nas redes sociais. Esse é o questionamento: por que tratar a polêmica dos outros como nossa? Com a maravilha da internet (e das redes sociais), estamos longe, e, ao mesmo tempo, muito próximos uns dos outros. E isso nos dá a impressão de que temos direito de comentar tudo que o outro posta. Isso é certo e errado ao mesmo tempo. Certo porque, quem se joga nas redes sociais, deve estar disposto a receber elogios e críticas. A pessoa tem que saber que tem gente que passa o tempo todo monitorando a vida alheia, e que está pronto para bater boca por qualquer assunto. Até por um rato dançando as pessoas levantam bandeira. Matam virtualmente. Melhor tomar cuidado, senhor internauta! Errado porque ninguém tem que se importar com que o outro fala. A pessoa tem liberdade para escrever o que bem entende. É claro que sem ofender ninguém. Realmente existem babacas que que passam o dia postando besteiras e agressões contra meio mundo, e você fica doido para retrucar. Mas o melhor que a pessoa faz é não dar atenção a gente assim. Eu prometo que a polêmica acaba bem mais rápido! Melhor tomar cuidado, senhor internauta! Com essa, o melhor a se fazer é não se envolver em confusão. Afinal, uma pessoa não briga sozinha. Aliás, se você não tiver gostado deste texto, deixa como está. Melhor manter a calma (Mas se for para falar bem, comenta aqui embaixo). COSTA, Iury. A necessidade de opinar. In.: Tribuna do Ceará. Disponível em: https://tribunadoceara.com.br/blogs/divagando/ cotidiano/a-necessidade-de-opinar/. Acesso em: 11 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Imperativo de opinião em debate na sociedade brasileira contemporânea”. Selecione, organize e relacione,de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 88 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 31 A ideologia do cancelamento em debate no Brasil TEXTO 01 A cerimônia do Oscar de 2019 não teve apresentador, lembra? O comediante Kevin Hart havia sido escolhido para fazer a performance anual com as tradicionais piadinhas entre um prêmio e outro, mas acabou não subindo ao palco porque foi cancelado. No início de setembro, numa tentativa de deixar o passado racista para trás, o youtuber sueco PewDiePie anunciou que iria doar dinheiro para a Liga Antidifamação, uma ONG de Nova York que combate o racismo contra os judeus. Só que a instituição já foi criticada antes por movimentos de esquerda e mais ainda pela ultradireita conservadora. Resultado: parte de seus seguidores, de todos os espectros políticos, decidiu cancelá-lo. Se você não usa o Twitter, a expressão pode ter soado meio confusa. Mas é isso mesmo: Kevin Hart e PewDiePie foram cancelados. As redes sociais cancelam pessoas a valer. Anitta, Taylor Swift e Nego do Borel já foram alvo da chamada cultura do cancelamento. O termo se refere ao boicote a um artista ou celebridade que tenha dito ou feito algo considerado moralmente errado — ou politicamente incorreto — pelos padrões de determinado grupo. […] É fácil achar um novo cancelado por dia, mesmo que sejam figuras de nicho, como cantores de K-Pop ou youtubers. Depois de um ou dois dias em alta no Twitter, as hashtags costumam perder força e os cancelados seguem suas vidas e carreiras. Essa é uma das grandes críticas nas redes à cultura do cancelamento: ela não parece surtir tanto efeito assim. […] A especialista em direitos da mulher Loretta Ross não é contra apontar ações e discursos preconceituosos. Ela só acredita que o linchamento virtual (antigamente, público e figurado) não é a melhor maneira de apontar erros alheios. Em um texto de opinião intitulado (em tradução livre) "Eu sou uma feminista negra. Eu acho que a cultura do cancelamento é tóxica", publicado no jornal New York Times, ela argumenta que há maneiras melhores de se fazer justiça social. www.manoelneves.com Página de 89 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Ela compara essa prática ao ativismo da década de 1970, com o qual ela se envolvia como feminista negra. "Criticava duramente mulheres brancas por não entenderem mulheres negras. (...) Raramente questionava se a forma como eu abordava o privilégio branco delas era, na verdade, contraproducente", reflete. Ela ainda lembra das vezes em que lhe passaram o pito publicamente (em inglês, usa-se o termo call-out, além de cancel), ao usar linguagem inapropriada para se referir a alguém. "Faz parte da curva de aprendizagem de todo mundo, mas eu ainda me sentia machucada, envergonhada e na defensiva." Por que cancelamos "Em termos de comportamento de grupo, toda vez que a gente aponta alguém e a coloca em situação de evidência, despersonaliza essa pessoa", afirma Fabiane Friedrich Schütz, doutora em psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como as pessoas se relacionam em interações mediadas por tecnologias. Expor e xingar alguém em massa seria, portanto, um reflexo disso. Esquecemos que aquela figura pública é, no fim das contas, gente como a gente, e temos mais dificuldade de empatizar. Essa prática vem desde antes da internet, como observa Loretta, mas é ampliada pelas novas formas de participação nas discussões sociais, avalia André Luiz Maranhão de Souza Leão, professor e pesquisador do programa de pós-graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco e coordenador do grupo de pesquisa Círculo de Estudos de Fãs, Mídia e Entretenimento. "O ser humano, em toda a sua história, sempre usou pessoas públicas e renomadas como uma referência de comportamento", observa. "Você soma o fato de a vida social ser mais participativa e engajada a um relacionamento diferente com as celebridades. Nas redes sociais elas se colocam de forma mais próxima do público, mais vulnerável", avalia Leão. Com a polarização -- sim, sempre ela -- , defender de forma apaixonada seus princípios pode parecer ainda mais urgente. Medidas mais radicais, como cancelar alguém em vez de chamá-lo para um debate (mesmo que online), se tornam usuais. A psicóloga explica que esse comportamento também reflete nossa necessidade de pertencimento. Cancelar alguém em grupo ajuda a reforçar uma identidade, para o bem ou para o mal. "Quando a gente está na internet, tem mais possibilidade de encontrar pessoas parecidas conosco do que no cotidiano — seja nas potencialidades, seja no que não é tão legal assim", afirma. Em defesa do cancelamento Se por um lado prolifera o movimento contra o cancelamento sob o pretexto de que ele não serve para educar alguém que fez um comentário preconceituoso, há quem defenda que a prática é importante para estabelecer limites publicamente. "É inevitável que a redenção chegará para o cancelado. Mas, antes disso, a melhor ferramenta continua sendo que a corte da opinião pública exija um pedido de desculpas e use as redes sociais para cobrar responsabilidade, criando um exemplo para as pessoas do entretenimento que realmente se importam com as comunidades que consomem seu conteúdo", escreve a autora Shamira Ibrahim na Vice, no texto “Em defesa da cultura do cancelamento”. Em outras palavras, ela acredita que o puxão de orelha em público ajuda a prevenir futuros deslizes de outras celebridades. www.manoelneves.com Página de 90 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Leão, da UFPE, concorda com esse ponto. "Gera uma situação de cuidado com certas opiniões que são emitidas, coisas que falamos às vezes por impulso e no fundo revelam certos princípios e valores que nem sempre vão ao encontro de certos grupos que precisam ser respeitados." "Por outro lado, me preocupa a tendência do oba-oba. Quando a coisa é feita com base numa reflexão, numa discussão, quando se trata do levantamento de uma agenda importante em termos de representatividade, acho que é relevante. Mas às vezes a pessoa simplesmente falou algo que não agrada e se cria esse cavalo de batalha", avalia o professor. Entre "cancelar o cancelamento" ou manter tudo como está, há espaço para questionar atitudes preconceituosas e gerar debates construtivos. Todo mundo está de mal: o que a cultura do cancelamento diz sobre nós. UOL TAB, 20 set. 2019. Disponível em: https://tab.uol.com.br/noticias/ redacao/2019/09/20/todo-mundo-ta-de-mal-o-que-a-cultura-do-cancelamento-diz-sobre-nos.htm. Acesso em: 12 dez. 2019. TEXTO 02 Fenômeno nas redes sociais, ato de boicotar figuras públicas que agem de forma considerada ofensiva é muitas vezes menos efetivo do que gostariam seus adeptos e do que alardeiam seus críticos Além dos seus usos mais tradicionais – como deixar de assinar um serviço ou desmarcar um compromisso agendado –, o verbo “cancelar” tem sido empregado com frequência, recentemente, para pessoas. O ato de cancelar alguém costuma ser aplicado a figuras públicas que tenham feito ou dito algo considerado condenável, ofensivo ou preconceituoso. São inúmeros os exemplos de cancelados, e a lista aumenta a cada semana. O cancelamento é primeiramente decretado numa rede social, onde gera uma onda de críticas e comentários. Depois estampa manchetes e, normalmente, é seguido de uma retratação do cancelado, que pode ou não ser acatada por seus críticos. […] Cancelar alguém publicamente requer um anúncio, o que torna o alvo do cancelamento objeto de atenção. Isso seria um contrassenso, na visão do artigo, uma vez que “o objetivo por trás do cancelamento é muitas vezes negar essa atenção, para que a pessoa perca sua relevância cultural”. […] Quais as origens do fenômeno Internacionalmente, a ideia de cancelar celebridades é relacionada ao movimento #MeToo, série de denúncias de assédio sexual contra homens poderosos que se espalhoupelo mundo a partir de 2017, e que fez com que vários agressores fossem “genuinamente ostracizados” em uma onda cultural de alta velocidade impulsionada pelas redes sociais”, segundo descreve o jornalista Osita Nwanevu em uma análise na revista americana New Republic. Em meados de 2018, uma reportagem publicada no jornal New York Times explicava o fenômeno ao declarar que todo mundo estava cancelado, citando Kanye West, Taylor Swift e Gwen Stefani, entre outras celebridades. Esse clamor pela responsabilização de pessoas públicas por seus atos e declarações tem pautado o comportamento delas nas redes e em eventos públicos, assim como o de marcas e outras figuras. Os impactos: positivos, negativos e nulos www.manoelneves.com Página de 91 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Muitos daqueles que foram alvo de cancelamentos, ou que se solidarizam com pessoas que tenham sido criticadas dessa forma, se queixam de uma perseguição inquisitorial que cercearia o discurso e as ações de comediantes, artistas, políticos e youtubers. […] “Não existe qualquer zona cinzenta a partir da lógica do espetáculo”, pondera o doutor em psicologia Leonardo Goldberg. “E a cultura do cancelamento entra nessa esteira de modo completamente arbitrário, porque [faz parte] da lógica da não contradição, tão presente na internet. Não existe conversa ou escuta”. “Acho que o [aspecto] negativo é a forma como a gente lida numa certa cultura do ‘hater’, do ódio, esquecendo que precisa fazer críticas mais embasadas e ter mais consciência coletiva da nossa responsabilidade”, disse ao Nexo a colunista e feminista Stephanie Ribeiro. Os efeitos da cultura do cancelamento, no entanto, são em geral menos efetivos do que os “canceladores” poderiam desejar e do que os “cancelados” costumam alardear. “Às vezes, é uma forma até meio rasa de lidar com questões que são estruturalmente muito complexas”, afirma Ribeiro. “Não vejo impactos muito reais em relação a manifestações virtuais que confrontam comportamentos ou falas”. […] Ela afirma que a duração e o impacto do cancelamento têm “muito a ver com o lugar social que cada qual desses atingidos ocupa e o peso que a sociedade dá ou não para o que está sendo apontado”, lembrando do caso do músico Wilson Simonal, um homem negro, “cancelado” pela classe artística e intelectual na época da ditadura militar por ser visto como informante do regime. O autor do artigo da New Republic, Osita Nwanevu, vai ao encontro desses questionamentos sobre o verdadeiro impacto da cultura do cancelamento, sugerindo um entendimento mundano da questão: enxergá-la como expressões públicas e corriqueiras de desagrado, manifestadas por pessoas comuns em novas plataformas. “Se nos vemos passando vertiginosamente de ultraje em ultraje a cada semana, devemos considerar que isso nunca custou tão pouco ou resultou em provocadores e ‘contrariadores profissionais’ ganhando tanto”, escreveu. Embora critique a ausência de diálogo que impede “qualquer operação simbólica que possa fazer aquela pessoa mudar de opinião, porque ela é simplesmente cancelada”, Goldberg vê de maneira positiva que as críticas transformam os discursos públicos “em algo atravessado por uma política daquilo que concerne a população, ao bem maior. Todos aqueles que passam a emitir discursos públicos vão ter que se haver com aquilo que dizem”. Além de mostrar que temas como o feminismo e o combate ao racismo estão mais difundidos, o efeito sobre discursos preconceituosos de figuras públicas também é o aspecto da cultura do cancelamento que Stephanie Ribeiro identifica como positivo. “Hoje uma pessoa não pode dar uma entrevista e falar algo racialmente absurdo, porque alguém vai dizer 'não, isso está errado'. E aí isso vira uma chuva de comentários e de tuítes, de falas, ações, respostas, vídeos. É muito positivo perceber que as pessoas estão identificando mais facilmente determinadas condutas”, disse. Possível liberação de jogos de azar é esperança para aliviar a crise. Gamebrás. Disponível: Disponível em: https:// www.gamesbras.com/apostas-online/2019/4/18/possivel-liberao-do-jogos-de-azar-no-brasil-esperana-para-aliviar-crise-12403.html. Acesso em: 8 dez. 2019. TEXTO 03 www.manoelneves.com Página de 92 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA LIMA, Juliana Domingues de. Quais os efeitos da cultura do cancelamento? In.: Nexo Jornal, 1 nov. 2019. Disponível em: https:// www.nexojornal.com.br/expresso/2019/11/01/Quais-os-efeitos-da-cultura-do-cancelamento. Acesso em: 12 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “A ideologia do cancelamento na sociedade brasileira contemporânea”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 93 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 32 A desvalorização da ciência no contexto nacional TEXTO 01 O movimento antivacinação foi incluído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em seu relatório sobre os dez maiores riscos à saúde global em 2019. Numa lista em que figuram vírus mortais como os do ebola, HIV, dengue e influenza, a "hesitação em se vacinar" foi incluída porque "ameaça reverter o progresso feito no combate às doenças evitáveis por meio de vacinação". "A vacinação é uma das formas mais eficientes, www.manoelneves.com Página de 94 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA em termos de custo, para evitar doenças", afirmou a OMS no documento. "Ela atualmente evita de 2 a 3 milhões de mortes por ano, e outro 1,5 milhão poderia ser evitado se a cobertura vacinal fosse melhorada no mundo." Movimento antivacina é incluído na lista de dez maiores ameaças à saúde em 2019. Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/ movimento-antivacina-incluido-na-lista-de-dez-maiores-ameacas-saude-em-2019-23413227. Acesso em: 24 mar. 2019. TEXTO 02 “Pesquise isso você mesmo”, dizem uns aos outros, como relata a psicóloga Asheley Landrum, da Universidade Texas Tech, que há duas semanas apresentou o resultado de seus estudos sobre os terraplanistas na Associação Americana para o Avanço da Ciência. O primeiro slide da conferência é uma imagem de Copérnico, pai da ideia de que a Terra orbita ao redor do Sol, reconhecendo que estava errado após passar cinco horas vendo vídeos terraplanistas no YouTube. Porque, segundo Landrum e sua equipe, que analisa esses fenômenos no projeto Crenças Alternativas, o YouTube é a chave. Todos os terraplanistas se fazem terraplanistas vendo outros terraplanistas no YouTube. E, uma vez que fazem parte dessa comunidade, é quase impossível convencê-los do seu erro, pois são ativados mecanismos psicológicos muito poderosos, como o pensamento motivado. Ou seja: eu só aceito como válidos os dados que me reafirmam; todos os demais são manipulações dos conspiradores. Como em outros movimentos, se a ciência me contradiz, então a ciência se vendeu. Você não pode convencer um terraplanista e isso deveria te preocupar. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/ 2019/02/27/ciencia/1551266455_220666.html. Acesso em 24 mar. 2019. TEXTO 03 O Ministério da Fazenda limitou o teto do orçamento da Capes com um corte gigantesco. “Se este teto for mantido”, explica Arbix, “a resposta da Capes vai ser a suspensão do pagamento de todos os bolsistas de mestrado, doutorado, pós-doutorado a partir de agosto de 2019, o que significa mais de 90 mil estudantes e pesquisadores interrompendo suas pesquisas já contratadas pela Capes”.Outro problema, apontado pelo professor, é a formação de professores para a educação básica, em que a Capes será obrigada a suspender o pagamento de 105 mil bolsistas, além de outros programas. A indignação de Arbix se reflete no aumento da distância entre o Brasile os países avançados em relação a ciência, tecnologia e inovação. “Não se trata de privilégios de alguns e sim de formar gerações de pesquisadores, o que sustenta a qualificação e inteligência do nosso País”, ressalta. Corte de verba faz Brasil retroceder em pesquisa, inovação e tecnologia. In. Jornal da USP. 6 ago. 2018. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “A desvalorização da ciência no contexto nacional”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 33 Educação financeira em debate no Brasil TEXTO 01 www.manoelneves.com Página de 95 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Dois em cada três adultos podem ser considerados analfabetos financeiros, segundo a maior pesquisa mundial sobre esse tipo de conhecimento realizada recentemente. Os dados foram levantados pelo instituto de pesquisa Gallup, que entrevistou 150 mil pessoas de 148 países em 2014. […] A pesquisa colocou à prova os conhecimentos dos adultos sobre quatro conceitos que seus organizadores consideravam básicos: diversificação de risco, inflação, aritmética e juros compostos. Pesquisa mede “analfabetismo financeiros’ no mundo. BBC Brasil, 2015. Disponível em: https//www.bbc.com/portuguese/noticias/ 2015/11/151127_analfabetismo_financeiro_lk. Acesso em: 9 jun. 2019. TEXTO 02 O número de pessoas com o nome sujo ou com dívidas em atraso alcançou 63 milhões em março segundo dados da Serasa Experian divulgados nesta quarta-feira (24). É o maior patamar desde o início da série histórica, iniciada em 2016. Com isso, 40,3% da população adulta está inadimplente no Brasil. Número de inadimplentes alcança o recorde de 63 milhões em março de 2019, diz Serasa. Disponível em: https://g1.globo.com/ economia/noticia/2019/04/24.ghtml. Acesso em: 7 jun. 2019. TEXTO 03 Com a homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Educação Financeira passa a ser obrigatória a partir de 2018 para crianças do Ensino Fundamental. As escolas terão até 2020 para implementar todas as mudanças. O Banco Central (BC) foi o responsável pela iniciativa e participou do processo de elaboração do documento. O objetivo da BNCC é ensinar conceitos básicos de economia e finanças aos alunos. A disciplina deverá ser abordada principalmente em Matemática e Ciências da Natureza, mas poderá aparecer em outras matérias como Historia, por exemplo, mostrando o surgimento do dinheiro e sua função na sociedade, o consumo em diferentes momentos históricos, etc. A BNCC orienta a elaboração dos currículos tanto nas escolas públicas quanto particulares nos ensinos infantil e fundamental. A base curricular do Ensino Médio ainda será avaliada pelo Conselho Nacional de Educação. Educação Financeira passa a ser parte do currículo do ensino fundamental. Blog Papelada. Disponível em: http:// blog.papelada.com.br/filhos-e-financas/educacao-financeira-obrigatoria/. Acesso em: 10 jun. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Educação financeira em debate no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 34 www.manoelneves.com Página de 96 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Ensino domiciliar em debate no Brasil contemporâneo TEXTO 01 Anunciado como uma das 35 prioridades dos 100 primeiros dias do governo do novo presidente, o ensino domiciliar será legalizado por meio de uma medida provisória (MP) a ser publicada nos próximos dias. Ensino domiciliar: o que muda com a legislação proposta pelo governo. Huffpost Brasil, 15 fev. 2019. Disponível em: https:// www.huffpostbrasil.com/entry/ensino-domiciliar-damares_br_5c65d2bee4b0aec93d3ce75f. Acesso em 14 mai. 2019. TEXTO 02 Nos termos do art. 55 do Estatuto da Criança e Adolescente (Lei 8069/90), os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. “Da mesma forma, o art. 6º da Lei nº 11.114/05, que alterou a Lei 9394/96 (LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação), determina o dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos 6 anos de idade, no ensino fundamental”. […] Especialmente pelo fato de não ser uma prática legalizada no Brasil, os pais que optam pelo ensino domiciliar podem passar por algumas dificuldades: . Os pais que não matriculam seus filhos na escola estão sujeitos à aplicação do art. 246 do Código Penal, referente ao “abandono intelectual”, conforme destaca Consuelo. . “Muitas famílias que optam pelo ensino domiciliar vivem, assim, na clandestinidade, pois são perseguidas e processadas pelo Ministério Público”, diz Consuelo. . Na parte educacional, de acordo com Consuelo, existe dificuldade no preparo de um currículo a ser seguido, falta disponibilização de orientação e ferramentas para as famílias. Ensino domiciliar prevê ensino-aprendizagem fora do ambiente escolar. Dicas de mulher, 2019. Disponível em: https:// www.dicasdemulher.com.br/ensino-domiciliar/. Acesso em: 14 mai. 2019. TEXTO 03 Há um pouco mais de leitores no Brasil. Se em 2011 eles representavam 50% da população, em 2015 eles são 56%. Mas ainda é pouco. O índice de leitura, apesar de ligeira melhora, indica que o brasileiro lê apenas 4,96 livros por ano – desses, 0,94 são indicados pela escola e 2,88 lidos por vontade própria. Do total de livros lidos, 2,43 foram terminados e 2,53 lidos em partes. A média anterior era de 4 livros lidos por ano. Os dados foram revelados na tarde desta quarta-feira, 18, e integram a quarta edição da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. Três em cda 10 são analfabetos funcionais no Brasil, aponta estudo. Época negócios. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/ 2018/08/epoca-negocios-tres-em-cada-10-sao-analfabetos-funcionais-no-pais-aponta-estudo.html. Acesso em: 14 mai. 2019. TEXTO 04 Um estudo conduzido em 35 países para avaliar o status dos professores na sociedade mostrou que o Brasil é o que menos os valoriza, enquanto a China lidera no reconhecimento aos educadores. Brasil é o país que menos valoriza professores, diz estudo. O globo. 4 dez. 2018. Disponível em: https://oglobo.globo.com/ sociedade/educacao/brasil-o-pais-que-menos-valoriza-professores-diz-estudo-china-lidera-23279507. Acesso em: 14 mai. 2019. TEXTO 05 Há um pouco mais de leitores no Brasil. Se em 2011 eles representavam 50% da população, em 2015 eles são 56%. Mas ainda é pouco. O índice de leitura, apesar de ligeira melhora, indica que o brasileiro lê www.manoelneves.com Página de 97 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA apenas 4,96 livros por ano – desses, 0,94 são indicados pela escola e 2,88 lidos por vontade própria. Do total de livros lidos, 2,43 foram terminados e 2,53 lidos em partes. A média anterior era de 4 livros lidos por ano. Os dados foram revelados na tarde desta quarta-feira, 18, e integram a quarta edição da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. 44% da população brasileira não leem e 30% nunca compraram um livro, aponta pesquisa Retratos da Leitura. Estadão, 18 mai. 2016. Disponível em: https://cultura.estadao.com.br/blogs/babel/44-da-populacao-brasileira-nao-le-e-30-nunca-comprou-um-livro- aponta-pesquisa-retratos-da-leitura/. Acesso em: 14 mai. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Ensino domiciliar em debate no Brasil contemporâneo”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentose fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 98 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 35 A regulação do consumo de açúcar no Brasil TEXTO 01 O Ministério da Saúde e a indústria de alimentos e bebidas querem reduzir o uso de açúcar na produção de alimentos industrializados em 144,6 mil toneladas até 2022. O acordo foi assinado pelo ministro Gilberto Occhi e representantes das empresas. Como a quantidade total de açúcar utilizada pela indústria não foi divulgada, não é possível calcular a redução percentual de açúcar utilizado nos alimentos. Os produtos que entraram no acordo são de 23 categorias de alimentos divididos em cinco grupos. São elas bebidas adoçadas, biscoitos recheados, bolos prontos e misturas para bolos, achocolatados em pó e produtos lácteos. A diminuição será gradual e a expectativa é que em 2022 a indústria tenha utilizado 144,6 mil toneladas de açúcar a menos. As associações que selaram o acordo representam 68 empresas, que formam 87% do mercado desses produtos. As empresas deverão reduzir a quantidade de açúcar utilizado na fabricação de 47,8% dos produtos — o que equivale a 1.147 itens. Os alimentos que terão a maior diminuição de açúcar serão os biscoitos e produtos lácteos com a meta de retirar 62,4% e 53,9%, respectivamente. Cada uma das 23 categorias tem uma meta específica de redução. — Nós estamos começando um processo de redução. Ele é gradativo nos próximos quatro anos. Dentro daquilo que a própria OMS recomenda, nós vamos buscar que o cidadão tenha informação — afirmou o ministro da Saúde, Gilberto Occhi. Segundo o ministro, as indústrias não poderão substituir o açúcar por adoçantes. A fiscalização será realizada a cada dois anos a partir da assinatura do documento. O Ministério da Saúde fará a fiscalização por meio dos rótulos dos produtos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) também participará do processo, fará análises laboratoriais para medir a quantidade de cada ingrediente. Produtos industrializados são responsáveis por 36% do consumo de açúcar da população brasileira, segundo o Ministério da Saúde. Os outros 64% são adicionados pelas pessoas no preparo de alimentos e bebidas. Com o acordo, o Brasil passa a ser um dos primeiros países do mundo a formalizar essa diminuição, afirmou Occhi. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária também participou da formulação do acordo. O diretor-presidente da agência, William Dib, acredita que o acordo também é um avanço nas relações entre o governo e o setor alimentício. — Existem vários caminhos de melhorar os produtos sem precisar fazer regulamentação. Esse é um grande exemplo. Como está sendo o programa de redução do sódio. É fundamental para a saúde da nossa população — afirmou. Questionado se a indústria alimentícia considera os produtos que serão modificados podem ser considerados saudáveis hoje em dia, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), Wilson Mello, afirmou que a indústria trabalha em uma lógica em que os alimentos industrializados fazem parte de uma dieta mais completa. — Não existe o conceito de alimento saudável na indústria. Na indústria, ele é pouco utilizado. O que nos interessa é uma dieta equilibrada. Há espaço para todo tipo de alimento. A indústria www.manoelneves.com Página de 99 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA sempre faz investimento em inovação e tecnologia para descobrir novas fórmulas. O que nós preferimos é fazer uma redução efetiva ao longo do tempo — afirmou. Além da Abia, o acordo foi assinado pela Associação Brasileira da Indústria de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (ABIR) e a Associação da Indústria de Lácteos (VIVA LÁCTEOS). Saúde do homem: prevenção é fundamental para uma vida saudável. Disponível em: http://www.blog.saude.gov.br. Acesso em: 30 jun. 2019. TEXTO 02 Brasil é o quarto maior consumidor de açúcar. Ministério da Cidadania: Secretaria Especial do Desenvolvimento Social, 21 jun. 2016. TEXTO 03 OPINIÕES SOBRE A REGULAÇÃO DO CONSUMO DE AÇÚCAR Para o endocrinologista Fábio Trujilho, vice-presidente do Departamento de Obesidade da Sbem, falta discutir restrições de publicidade de alimentos para crianças, por exemplo. “É essencial ir muito além desse acordo e adotar medidas que conscientizem a população dos riscos do consumo exagerado de açúcar”, destaca. […] Na opinião da nutricionista Laís Amaral, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), também é necessário coibir a venda de produtos desbalanceados nas cantinas escolares. “Devemos facilitar as www.manoelneves.com Página de 100 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA escolhas saudáveis e dificultar as não saudáveis”, resume. As críticas ao pacto não param por aí. “Acordos voluntários são pouco eficazes porque as metas são baseadas no teor máximo de açúcar em cada categoria de alimento. Isso significa que haverá uma diminuição apenas nos itens com valores realmente excessivos”, explica Laís. “Na prática, é apenas um controle de danos com metas pouco ambiciosas”. […] Divergências à parte, não dá para negar que o paladar brasileiro precisa de um treino. “Até por uma herança cultural, gostamos muito de doces. Nosso paladar é semelhante ao do português”, compara Olga Amâncio, presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban). “Até pouco tempo atrás, todo mundo adoçava suco de fruta. Hoje em dia, nem tanto. É preciso ensinar à população que muitos alimentos já são doces por natureza”, ressalta a nutricionista. […] O educador físico Antonio Lancha Jr., professor da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, endossa as palavras de Olga. “Tem gente que coloca açúcar até em achocolatados”, conta. E ele traça outra reflexão: hábitos alimentares não são mudados por decreto. “Por que as pessoas escovam os dentes todos os dias? Porque isso foi estimulado na infância”, exemplifica. “Mudança de comportamento passa por uma questão educacional. Muitas vezes, orientar uma criança é capaz de promover uma alteração no padrão familiar”, completa. A caça ao açúcar dos alimentos industrializados. Revista Saúde, 11 mar. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Desafios na inclusão de pessoas com autism no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 101 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 36 Ensino a distância no Brasil contemporâneo TEXTO 01 O preconceito contra a educação a distância (ou EAD) parece estar com os dias contados no país. De acordo com o censo EAD.BR, feito pela Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed), 2017 registrou um número recorde de matriculados: 7.773.828. Os cursos que têm ampliado seu número de alunos são os de nível superior e de pós-graduação lato sensu, segundo o relatório. O Censo da Educação Superior, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), confirma a tendência: enquanto o ensino presencial apresentou queda nas matrículas, a EAD registrou um crescimento de 17,6% de 2016 para 2017. Os alunos dessa modalidade são quase 1,8 milhão, ou 21,2% do total de matriculados em todo o Ensino Superior. Educação a distância: um modelo que só cresce. Revista Forbes, 2019.. TEXTO 02 Em 2007, os gastos com aquisição de tecnologia, laboratórios, softwares e serviços de internet consumiram 71,8% dos investimentos das instituições. Em 2009, além do investimento em tecnologia, também houve destaque para gastos com estrutura física (aquisição de equipamentos eacervos para bibliotecas e bancos de dados). Fredric Litto, presidente da Abed e pesquisador do tema há mais de 40 anos, ressalta que só essa infraestrutura não faz uma Educação a distância de qualidade. "Igualmente importante é o investimento em conteúdo. Por isso, no momento de procurar uma faculdade a distância, não cabe se deslumbrar com inúmeros itens tecnológicos apresentados e achar que o curso é bom pela simples presença deles", alerta. Deve-se ficar de olho principalmente no material didático. As instituições picaretas costumam investir pouco, terceirizando essa produção, o que pode afetar de forma direta a qualidade. As instituições de ensino a distância investem mais em tecnologia do que em conteúdo. In.: Revista Nova Escola, 2018. TEXTO 03 Se você se refere a quem acompanha a aprendizagem, sim, é verdade. Em EAD, esse profissional, chamado tutor, tem contato direto com os alunos e é o responsável por tirar as dúvidas e avaliar a participação deles nas tarefas. O grande problema é que a formação dos tutores exigida por lei é muito baixa. Eles devem apenas ser formados na área em que vão fazer a tutoria há, pelo menos, dois anos. "Um curso só será bom e atingirá seu objetivo (fazer com que todos aprendam), quando esses profissionais forem capacitados a assumir sua função", www.manoelneves.com Página de 102 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA ressalta Alda Carlini. O professor especialista (sim, ele também existe em EAD) prepara os materiais didáticos, organiza as situações de aprendizagem, constrói as propostas de trabalho e orienta as intervenções dos tutores. A formação desse profissional, na boa EAD, não deixa a dever nada à das presenciais. "As normas do MEC são claras: os docentes responsáveis pelas disciplinas do presencial também devem ser responsáveis pela modalidade dele a distância", diz Alda. "Nas avaliações de qualidade do ministério, os critérios são os mesmos, como o grau de titulação dos profissionais", completa. Dados da Abed mostram que 40% das instituições contam com mestres e doutores formados especificamente em Educação a distância e mais de 50% têm especialistas na área, além de outras titulações acadêmicas. Comparação de utilização de fontes renováveis e não renováveis para a geração de energia elétrica no Brasil e no mundo. Empresa de pesquisa energética, 2018. Disponível em: ele.gov.br/pt/abcdenergia. Acesso em 28 set. 2019. TEXTO 04 Pela primeira vez, vagas no Ensino Superior a distância superam o presencial. UOL Educação, 2019. TEXTO 05 www.manoelneves.com Página de 103 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Com a proposta de facilitar o acesso à educação superior para aqueles que têm dificuldades de conciliar os estudos com sua rotina, a modalidade de Educação a Distância está crescendo a passos largos no país. Passou de 843 mil ingressantes em 2016 para 1,073 milhão no ano seguinte, um aumento de mais de 27%. No Estado, o ritmo de crescimento também é forte e está perto dos 26%. E a área que puxa para cima parte dessa oferta é a de formação de professores. Diante desse cenário, a organização Todos pela Educação fez um estudo para avaliar se o elevado número de cursos a distância levaria a uma queda na qualidade da preparação dos futuros educadores. O resultado aponta que, nas avaliações do Ministério da Educação após a conclusão da faculdade, o desempenho daqueles que fizeram EAD tem sido pior do que dos formados presencialmente. Entre os que concluíram o curso a distância, 75% estão abaixo da pontuação 50 no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), em uma escala de 0 a 100. Esse índice é de 65% em relação aos concluintes de cursos presenciais. Educação a distância cresce, mas qualidade não acompanha. A gazeta, 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Ensino a distância no Brasil contemporâneo”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 104 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 37 Implementação das escolas cívico-militares em debate TEXTO 01 O presidente assinou nesta quinta-feira (5), um decreto que regulamenta a adesão ao Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares. Ao ser lembrado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) de que no Distrito Federal algumas escolas recusaram o modelo militar, Bolsonaro foi taxativo. “Me desculpa não tem de aceitar, tem de impor.” A fala do presidente contraria um dos requisitos para adesão ao programa — o fato de ser voluntária e necessitar da realização de consultas públicas. O governo federal pretende implementar essa gestão em 216 instituições até 2023 — com 54 lugares por ano. Questionado sobre a fala de Bolsonaro, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, reforçou que a adesão ao programa é voluntária. Mas disse que há fila de pais e gestores interessados. E ponderou que a “última palavra” para os assuntos do governo é do Executivo. A ideia é que os militares atuem em tutorias e na área administrativa. Eles não vão substituir os professores dentro da sala de aula, por exemplo. Devem ser contratados militares da reserva, por meio de processo seletivo. A duração mínima dos serviços é de dois anos, prorrogável por até dez. O contrato com os militares pode ser cancelado a qualquer momento. Os profissionais vão ganhar 30% da remuneração que recebiam antes de se aposentar. Em geral, a justificativa da gestão compartilhada com a PM é a de trazer mais segurança e disciplina para as escolas em áreas de risco social. Em Goiás, já há 60 escolas estaduais militarizadas, com avaliação positiva do governo. Como o modelo é recente, não há estudos conclusivos mostrando melhor desempenho dos alunos. www.manoelneves.com Página de 105 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Em uma apresentação local, o MEC mostrou um slide que dizia que as escolas cívico-militares tinham Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) superior às escolas públicas civis, mas, questionado pela reportagem, não soube explicar como foram calculados os dados. (…) Para toda regra não cumprida é realizada uma ocorrência e o aluno perde pontos. Cabelos fora do padrão, por exemplo, constituem falta leve. Estudam na escola filhos de policiais militares, a maioria, e de civis. (…) Para a presidente executiva do movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, é mais uma política que vai tirar recursos e tempo de gestão, em vez de investir em formação dos professores e adoção de tempo integral nos colégios. “A militarização é a confissão deste governo da sua incapacidade de formular e implementar políticas educacionais consagradas pelas experiências nacionais e internacionais”, diz. Governo quer 54 escolas cívico-militares e fala em “impor” modelo. Revista Exame, 2019. TEXTO 02 Esses 12.561 alunos dos colégios militares correspondem a 0,07% do total de 17,1 milhões de estudantes em instituições públicas do país, nos mesmos anos escolares. Ou seja, trata-se de uma fatia ínfima de alunos - e com acesso restrito a civis. Além disso, o custo de um aluno no colégio militar é 2,7 vezes superior ao da rede pública de ensino. Enquanto o custo médio anual estimado de um estudante de escola pública do sexto ao nono ano é de R$ 5,9 mil, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), cada aluno custa R$ 16 mil ao ano no colégio militar, de acordo com o Exército. O valor se aproxima da despesa anual por aluno nas universidades públicas, O valor se aproxima da despesa anual por aluno nas universidades públicas, estimado em R$ 21,8 mil. Bolsonaro quer um colégio militar em cada capital até 2020. UOL confere, 2018. TEXTO 03 O governo ainda não explicou se vai bancar eventuais custos extras queas escolas possam ter com as novas regras militares. Se os alunos tiverem de usar fardas, por exemplo — que custam mais caro que os uniformes normais das redes estaduais — não está claro se quem vai bancar é o governo federal ou as secretarias. "Nas escolas que atualmente adotam o modelo de parceria cívico-militar, fora do programa, na verdade as escolas acabaram gastando mais dinheiro", diz Costin, citando casos de unidades na Bahia e em Goiás. Nem o salário dos militares é pago pelo governo federal, é dinheiro do orçamentos locais que é utilizado. "Você desvia a política educacional, a energia e os recursos da educação que já são escassos para profissionais que não são da área", analisa Costin. O que o governo ainda precisa explicar sobre o funcionamento das escolas cívico-militares. BBC Brasil, 2019. Disponível em: https:// www.bbc.com/portuguese/brasil-49982226. Acesso em: 12 out. 2019. TEXTO 04 Algumas das principais entidades especializadas em educação criticaram a adoção do modelo porque toma como modelo escolas militares ligadas ao Exército. "O investimento por aluno é três vezes maior do que na escola regular de turno parcial, faz seleção de alunos e atende a uma www.manoelneves.com Página de 106 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA parcela com nível socioeconômico mais alto", afirmou o movimento Todos Pela Educação (TPE). […] Em outro ponto do artigo, as entidades apontam que a militarização como "política educacional fere o direito universal à educação de qualidade para todos os cidadãos", já que haverá investimento em algumas escolas, enquanto "as demais escolas das redes públicas regulares padecem em precárias condições infraestruturais, tecnológicas, pedagógicas e de pessoal". Escola cívico-miliar: veja perguntas e respostas sobre o modelo defendido pelo governo Bolsonaro. G1, 2019. Disponível em: https:// g1.globo.com/educacao/noticia/2019/09/05/escola-civico-militar-veja-perguntas-e-respostas-sobre-o-modelo-defendido-pelo-governo- bolsonaro.ghtml. Acesso em: 13 out. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Implementação das escolas cívico-militares em debate”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 38 A reforma do Ensino Médio em debate TEXTO 01 www.manoelneves.com Página de 107 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Principais mudanças propostas na reforma do Ensino Médio. Folha de S. Paulo, 22 set. 2016. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/educacao/ 2016/09/1815821-leia-perguntas-e-respostas-sobre-as-mudancas-no-ensino-medio-do-pais.shtml. Acesso em: 12 dez. 2019. TEXTO 02 A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), a Base deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas, www.manoelneves.com Página de 108 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA como também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em todo o Brasil. A Base estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Orientada pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, a Base soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. Fonte: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/bncc-ensino-medio/. Acesso em: 12 dez. 2019. TEXTO 03 A última versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o ensino médio foi entregue pelo Ministério da Educação (MEC) ao Conselho Nacional de Educação (CNE) nesta terça-feira (3). Esta é a segunda etapa na definição das diretrizes do que será obrigatoriamente ensinado nas escolas de todo Brasil: a primeira etapa foi concluída com a finalização da base específica para o ensino infantil e fundamental, que deve ser implementada até 2020. O documento prevê que apenas as áreas de linguagens e matemática deverão ser oferecidas aos estudantes obrigatoriamente nos três anos do ensino médio. As outras áreas podem ser distribuídas ao longo dos três anos a critério das redes de ensino. Durante o evento, o ministério anunciou que vai elaborar um guia para orientar as escolas na implementação dos itinerários formativos, que deverão somar 1.200 horas do ensino médio – o currículo básico vai somar 1.800, disse o MEC. A entrega ocorreu um ano depois de o ministério entregar a versão para a educação infantil e para o ensino fundamental, e um ano e meio depois de a pasta anunciar o adiamento da Base do ensino médio. Base Nacional Curricular (BNCC) do Ensino Médio é entregue pelo MEC: veja o documento. G1, 3 abr. 2018. Acesso em: 12. dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “A reforma do Ensino Médio em debate”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 39 www.manoelneves.com Página de 109 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Entraves à universalização da medicina familiar no Brasil TEXTO 01 O médico que faz residência em medicina de família pode acompanhar, por exemplo, crianças, fazer prevenções ginecológicas, urológicas e, caso veja necessidade, encaminhar o paciente para um especialista. Em alguns países, esse profissional é chamado de clínico geral, médico generalista. […] A finalidade dessa especialidade é conhecer e acompanhar as pessoas por toda a vida, dentro do seu contexto e das suas complexidades. Você sabe o que o médica da família faz? In.: Nossa saúde: a gene cuida melhor do que é nosso. Disponível em: http:// www.nossasaude.com.br/dicas-de-saude/voce-sabe-o-que-o-medico-da-familia-faz/. Acesso em: 24 mar. 2019. TEXTO 02 O ministro da Saúde, Arthur Chioro, apresentou hoje (11) em Brasília o balanço do primeiro ciclo de aplicação do programa Mais Médicos, que leva cerca de 9 mil médicos a cidades do interior do país. De acordo com os dados enviados ao ministério pelas prefeituras e coordenações estaduais do programa, atualmente há 89 profissionais ausentes de seus postos de trabalho. Quatro deles são cubanos que trabalham no país por meio do convênio com a Organização Panamericana de Saúde (Opas), cinco são estrangeiros e 80 são brasileiros. Evasão de médicos brasileiros é 20 vezes maior que a de cubanos. In.: Rede atual saúde. Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br. Acesso em: 24 mar. 2019. TEXTO 03 Entre especialistas e entidades de saúde existe o diagnóstico de que não faltam médicos no país. O Brasil tem quase meio milhão de profissionais formados em medicina --o equivalente a 2,18 médicos para cada mil habitantes. A média chega perto da taxa dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que é de 3,4 médicos para cada mil habitantes. A média chega perto da taxa dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que é de 3,4 médicos para cada mil habitantes. O problema é a distribuição desigual brasileira. Para citar dois exemplos extremos, enquanto no Rio de Janeiro há 3,55 médicos a cada 100 mil habitantes, no Maranhão a razão é de 0,87. A mesma distorção é visível quandose compara os números das grandes cidades e dos pequenos municípios. Quem mora nas capitais conta com 5,07 médicos por mil habitantes, contra 1,28 do interior. Mais Médicos foi a mais bem-sucedida tentativa de interiorização de médicos. In. UOL Notícias. Disponível em: https:// noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2018/12/12/brasil-tenta-levar-medicos-para-rincoes-ha-50-anos-mais-medicos-foi- bem.htm. Acesso em : 24 mar. 2019 PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Entraves à interiorização da medicina familiar no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 110 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 40 A saúde do homem em debate no Brasil contemporâneo TEXTO 01 Os homens brasileiros vivem, em média, 7,2 anos a menos que as mulheres. Entre as causas de morte prematura estão à violência e acidentes de trânsito, além de doenças cardiovasculares e infartos. Por isso o Ministério da Saúde implementou, em 2009, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Um dos principais objetivos é promover ações de saúde que contribuam para a compreensão da realidade singular masculina e propiciar um melhor acolhimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Angelita Herrmann, coordenadora de Saúde do Homem do Ministério da Saúde, ressalta a importância de conscientizar o sexo masculino da importância de se cuidar. “É preciso chamar atenção dos homens para o auto cuidado. Homem não é super herói, eles precisam quebrar o mito de serem fortes o tempo todo. Essa cultura do não se olhar é que faz com que os homens morram antes das mulheres”, disse. A adoção de hábitos saudáveis, a prática de atividade física regular, a alimentação balanceada e o uso moderado de bebidas alcoólicas são cruciais para diminuir estes agravos evitáveis. A identificação precoce de doenças aumenta as chances de um tratamento eficaz. Por isso, alguns exames devem fazer parte da rotina dos homens. “É preciso prestar atenção no corpo e ficar atento aos sinais que ele envia. O cuidado deve ser diário. Mudanças de hábitos alimentares, com menos alimentos gordurosos e ultra processados são fundamentais. Evitar estes comportamentos de risco é a chave para uma vida mais longa e saudável”, disse a coordenadora. Saúde do homem: prevenção é fundamental para uma vida saudável. Disponível em: http://www.blog.saude.gov.br. Acesso em: 30 jun. 2019. TEXTO 02 www.manoelneves.com Página de 111 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Novembro reforça a atenção do homem para a sua saúde em geral. Disponível em: http://www.mt.gov.br. Acesso em: 5 jul. 2019. TEXTO 03 Medidas para prevenir doenças e complicações: a) praticar, no mínimo, 30 minutos diários de atividade física de três a cinco vezes por semana; b) prezar por uma dieta rica em frutas verduras, legumes, grãos e cereais integrais, e com menos gordura, principalmente as de origem animal; essa atitude ajuda a manter o peso adequado, evitando o sobrepeso; c) durante as relações sexuais, usar sempre camisinha, para prevenir doenças sexualmente transmissíveis, entre elas, ais, sífilis e gonorreia; d) ingerir alimentos ricos em cálcio diariamente e ficar exposto ao sol todos os dias, de 10 a 15 minutos, antes das 10h e após as 16h, para fixar e ativar a vitamina D, responsável pela absorção do cálcio no organismo; e) aferir a pressão arterial regularmente (no mínimo, uma vez por ano); f) procurar um urologista anualmente para realizar exames preventivos: homens a partir dos 50 anos de idade (ou 45, se houver casos de câncer de próstata na família); f) evitar a ingestão excessiva de álcool e não fumar. Dicas para a saúde do homem. Disponível em: http://unimed.coop.br. Acesso em: 5 jul. 2019. TEXTO 04 Em 2007, de acordo com os últimos levantamentos, 16 milhões de mulheres foram ao ginecologista, enquanto somente 2 milhões de pessoas passaram em um urologista, especialista que também atende mulheres. O homem tem medo de ir ao médico, de diagnosticar doenças, talvez por seguir o arquétipo de herói.” É com essas palavras que o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), o médico Aguinaldo Nardi, ressalta a importância de implantar políticas públicas para a saúde do homem no país, além de campanhas para erradicar o câncer de próstata e de pênis. Ele esclarece que apesar de o câncer de pênis ser raro (representa 2% de todos os tipos de câncer no país), em algumas regiões do Norte e Nordeste a incidência desse tumor é muito maior que a do de próstata. O motivo é que ele está associado a baixas condições socioeconômicas e também à má higiene íntima. “No ano anterior, nós tivemos mil amputações de pênis no Brasil. No Maranhão, aparece um caso novo a cada 16 dias. Nossos índices são iguais aos da África e superiores aos da Índia. É preciso levar atendimento médico a essas regiões urgentemente”, diz o presidente da SBU. Câncer de pênis tem incidência maior que o de próstata em algumas regiões. Disponível em: http://drauziovarella.uol.com.br. Acesso em: 7 jun. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “A saúde do homem em debate no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 112 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 41 Abuso de álcool na sociedade brasileira TEXTO 01 O CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool) acaba de lançar um panorama completo sobre o consumo de bebidas alcoólicas no Brasil entre 2010 e 2017. O documento reúne pesquisas feitas nesse período por entidades como Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde (OMS) e mostra, no geral, uma redução na ingestão de cerveja e companhia. O consumo per capita de álcool entre 2010 e 2016 caiu 11% no país – de 8,8 para 7,8 litros ao ano. Nesse mesmo intervalo, os transtornos psiquiátricos relacionados às bebidas tiveram uma leve diminuição: se antes 5,6% população sofria com ela, agora esse número é 4,2%. Novas legislações, como a Lei Seca, que endurece as regras sobre beber e dirigir, e a Lei número 13.106/2015, que torna crime a oferta de álcool para menores de 18 anos, contribuem para esses resultados, segundo o CISA. Mas ainda há desafios, como o Beber Pesado Episódico (BPE). É aquele porre ocasional, que faz um mal danado para o organismo. No Brasil, a taxa de pessoas com esse costume subiu de 12,7% para 19,4%, enquanto, no mundo, ela desceu de 20,5% para 18,2%. Estamos na contramão. Dois públicos merecem atenção especial. Apesar da legislação, mais adolescentes estão tomando cerveja, uísque e afins – o aumento é maior entre as meninas. Na outra ponta, as internações decorrentes do álcool subiram entre os idosos. Lembre-se de que eles estão mais sujeitos aos efeitos nocivos dos drinques. Bebida e direção O relatório destaca que, depois da Lei Seca, de 2008, o Brasil se tornou um dos 15 países que estabelecem tolerância zero para beber e dirigir. Em dez anos de legislação, os óbitos causados por acidentes de trânsito caíram 27,4% nas capitais. Segundo um estudo divulgado em 2017 pelo Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES), essa regulação evitou 41 mil mortes entre 2016 e 2018. Mas, de acordo com a OMS, em 2016 o álcool esteve relacionado a 36,7% dos acidentes de trânsito com homens e a 23% dos com mulheres no Brasil. Ou seja, beber e conduzir ainda é aceitável para muita gente. Bebida e adolescência www.manoelneves.com Página de 113 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENAEm média, a primeira experiência da garotada com o álcool acontece cedo. Em média, aos 12 anos de idade, segundo a última edição da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE). Além disso, o índice de jovens entre 13 e 15 anos que dão suas tragadas aumentou de 50,3% para 55,5% em três anos. No Rio Grande do Sul, essa prevalência chega a 68%. Outro destaque do relatório do CISA envolve o sexo feminino. Mais meninas estão experimentando álcool – e o consumindo com mais regularidade do que antes. Quando questionadas sobre embriaguez, 26,9% das adolescentes entre 13 e 17 anos relataram ao menos um episódio do tipo, contra 27,5% dos rapazes. Essa diferença entre os sexos era maior em 2012 e vem se estreitando também em outras faixas etárias. Um levantamento recente traz tanto boas como más notícias sobre o impacto das bebidas alcoólicas no Brasil. Saúde, 3 jul. 2019. Disponível em: https://saude.abril.com.br/medicina/consumo-de-alcool-cai-11-no-brasil-mas-aumenta-entre-jovens-e-idosos/. Acesso em: 19 dez. 2019. TEXTO 02 Dados inéditos do Ministério da Saúde apontam que 17,9% da população adulta no Brasil fazem uso abusivo de bebida alcoólica. O percentual é 14,7% a mais do que o registrado no país em 2006 (15,6%). Mesmo com o percentual menor, as mulheres (11%) apresentaram maior crescimento em relação aos homens (26%), no período de 2006 a 2018. Em 2006, o percentual entre as mulheres era de 7,7% e entre os homens, 24,8%. Os dados são da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2018, divulgados nesta quinta-feira (25), durante Reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), em Brasília (DF). A pesquisa apontou ainda que o uso abusivo entre os homens é mais frequente na faixa etária de 25 a 34 anos, 34,2% e entre as mulheres nas idades de 18 a 24 anos (18%). O menor percentual entre os homens e mulheres, foram observados em pessoas com 65 anos e mais, sendo, 7,2% entre homens e 2% em mulheres. O percentual de consumo abusivo entre os brasileiros tende a diminuir com o avanço da idade, em ambos os sexos. “O consumo abusivo de álcool entre as mulheres teve um aumento significativo, em decorrência da mudança de comportamento. Elas estão mais presentes no mercado de trabalho e com uma vida social mais ativa. A estratégia do Ministério da Saúde para reduzir esse aumento expressivo é melhorar a informação. Trabalhar a informação sobre os malefícios do álcool, explicar sobre o consumo regular e social mais sustentável. Entendemos que precisamos intensificar ainda mais a informação não só para esse grupo, mas para toda a população”, ressaltou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira. É considerado ‘uso abusivo de álcool’, a ingestão de quatro ou mais doses entre as mulheres e cinco ou mais doses de bebidas alcoólicas entre os homens, em uma mesma ocasião, nos últimos 30 dias. O Ministério da Saúde alerta que o consumo de qualquer tipo de bebida alcoólica pode trazer danos imediatos à saúde ou a médio e longo prazo. O uso abusivo de álcool é uma pauta intersetorial e também um fator de risco que influencia negativamente dois aspectos: aumento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs); e o aumento de agravos, como acidentes e violência. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não existe volume seguro de álcool a ser consumido, porque ele é tóxico para o organismo humano e pode provocar doenças mentais, diversos cânceres, problemas hepático, como a cirrose, alterações cardiovasculares, com riso de www.manoelneves.com Página de 114 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA infarto e acidente vascular cerebral e a diminuição de imunidade. Além de ser responsável por episódios de violência física contra si ou contra outras pessoas. Mortalidade Dados inéditos de mortalidade do Ministério da Saúde apontam que 1,45% do total de óbitos ocorridos entre os anos de 2000 a 2017 estão totalmente atribuídos à ingestão abusiva de bebidas, como doença hepática alcóolica. Quando verificado o número de mortes entre os sexos, os homens morrem aproximadamente nove vezes mais do que as mulheres por causas totalmente atribuídas ao álcool. Os óbitos excluem acidentes e violências e outras causas parcialmente atribuídas. De acordo com a OMS, em todo o mundo, mais de 3 milhões de homens e mulheres morrem todos os anos pelo uso nocivo de bebidas alcoólicas. Ao todo, 5% das doenças mundiais são causadas pelo álcool. Ações O Ministério da Saúde por meio da Política Nacional de Saúde Mental oferta de forma gratuita, o atendimento as pessoas que sofrem com a dependência alcoólica. Os serviços disponíveis compreendem as estratégias e diretrizes adotadas pelo país para organizar a assistência às pessoas com necessidades de tratamento e cuidados específicos em saúde mental. Abrange a atenção a pessoas com necessidades relacionadas a transtornos mentais como depressão, ansiedade, esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo etc, e pessoas com quadro de uso nocivo e dependência de substâncias psicoativas, como álcool, cocaína, crack e outras drogas. O acolhimento dessas pessoas e seus familiares é uma estratégia de atenção fundamental para a identificação das necessidades assistenciais, alívio do sofrimento e planejamento de intervenções medicamentosas e terapêuticas, se e quando necessárias, conforme cada caso. Os indivíduos em situações de crise podem ser atendidos em qualquer serviço da Rede de Atenção Psicossocial, formada por várias unidades com finalidades distintas, de forma integral e gratuita, pela rede pública de saúde. Os principais atendimentos em saúde mental são realizados nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que existem no país, onde o paciente recebe atendimento próximo da família com assistência multiprofissional e cuidado terapêutico conforme o quadro de saúde de cada paciente. Nesses locais também há possibilidade de acolhimento noturno e/ou cuidado contínuo em situações de maior complexidade. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Consumo abusivo de álcool aumenta 42,(% entre as mulheres, 25 jul. 219. Disponível em: http:// saude.gov.br/noticias/agencia-saude/45613-consumo-abusivo-de-alcool-aumenta-42-9-entre-as-mulheres. Acesso em: 13 dez. 2019. TEXTO 03 Doenças do fígado O álcool consumido é metabolizado pelo fígado e, por isso, esse órgão tem grande potencial de ser lesionado. A doença alcoólica de fígado é diretamente influenciada pela quantidade consumida de álcool e pelo uso crônico, isto é, ao longo de vários anos. Estima-se que entre 90% e 100% dos bebedores pesados crônicos desenvolvam doença hepática gordurosa (acúmulo de gordura no fígado) como consequência precoce e ainda reversível. Com a manutenção do consumo, o álcool pode causar inflamação do órgão - hepatite alcóolica. Até 40% desses casos podem evoluir para cirrose - inflamação crônica irreversível do fígado que altera sua capacidade de funcionar www.manoelneves.com Página de 115 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA adequadamente. Os sintomas da insuficiência hepática, ou seja, do mau funcionamento do fígado, como náuses e vômitos, redução de apetite, amarelamento da parte branca dos olhos e da pele, e maior propensão a sangramentos, só aparecem quando um grande e irreversível dano ao órgão já ocorreu. Já os sinais, que podem ser identificados com exames complementares, como alteração de enzimas hepáticas, e das frações de proteínas, são alterados anteriormente. Problemas gastrointestinais O consumo excessivo de álcool pode causar lesões e inflamação no aparelho digestivo, como esôfago e estômago, com sangramentos, vômitos e sintomas de refluxo, como azia e dor na porção superior do abdômen. Além disso, o álcool interfere na secreção do suco gástrico (secreção produzida pelo estômago) e no tempo de esvaziamento estomacal, interferindo na digestão e no risco para desenvolvimento de úlceras. Pancreatite A pancreatite (inflamaçãodo pâncreas) aguda é um quadro grave e muitas vezes exige que o indivíduo se dirija a serviço de pronto-atendimento para controle dos sintomas, como dor abdominal intensa. A repetição de quadros de pancreatite aguda pode levar à pancreatite crônica, com mau funcionamento do pâncreas de forma irreversível, o que causa outros problemas para a saúde. O abuso de álcool é a principal causa de pancreatite. Em geral, ocorre com o passar de 5 a 10 anos de consumo pesado e mantido. Como consequência, sabe-se que a taxa de mortalidade de pacientes com pancreatite alcoólica é cerca de 36% mais elevada do que para a população geral. Neuropatia periférica Aproximadamente 10% dos indivíduos alcoolistas desenvolvem um quadro de deterioração do funcionamento dos nervos dos pés e das mãos, resultando em sintomas de dormência, formigamento e outras alterações de sensibilidade. Os sintomas podem melhorar com a abstinência do álcool. Problemas cardíacos e vasculares O uso pesado de álcool aumenta a liberação de hormônios relacionados ao estresse que atuam na contração de vasos sanguíneos e influenciam na pressão arterial, podendo causar hipertensão. Além disso, o consumo pesado por período prolongado de álcool também leva ao aumento da fração nociva do colesterol (conhecido como LDL), triglicerídeos, e à alteração no funcionamento de plaquetas. Assim sendo, eventos como arritmias, inflamação do músculo cardíaco (miocardiopatia) e infartos agudos são consequências possíveis do alcoolismo. A mesma lógica que funciona para o prejuízo das artérias do coração, chamadas de coronárias, também existe para artérias de outros órgãos do corpo, como o cérebro; portanto, o beber pesado e crônico também aumenta o risco para acidente vascular cerebral. Prejuízos cerebrais O álcool atua como depressor do sistema nervoso central, interferindo diretamente em mecanismos cerebrais. Seu uso excessivo pode causar dificuldades no raciocínio, como resolução de problemas simples, além de alterar o senso de perigo e o comportamento. Problemas de insônia e má qualidade do sono, com sensação de um sono “fragmentado”, são queixas comumente associadas ao uso abusivo de bebidas alcoólicas. O uso pesado e crônico pode prejudicar ainda o equilíbrio e a coordenação motora, devido ao seu efeito tóxico no cerebelo, além da diminuição dos reflexos, aumentando as chances de acontecerem quedas. www.manoelneves.com Página de 116 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Ainda, em indivíduos alcoolistas existe o risco de quadros de demência. Deficiências vitamínicas, como a da vitamina B1 (tiamina), contribuem para o risco de demência alcoólica, um quadro grave e irreversível. Disfunções imunológicas Pode ocorrer enfraquecimento e prejuízo no funcionamento do sistema imunológico com o uso pesado crônico de álcool, aumentando o risco de infecções, como pneumonia e tuberculose. Tal padrão de consumo de álcool interfere na contagem de células brancas no sangue e altera a capacidade de combater infecções. Além disso, durante o período inicial de intoxicação alcoólica pode ocorrer um estado pró-inflamatório, o que aumenta a chance de complicações se houver algum acidente ou lesão, ou se o indivíduo apresentar alguma doença pré-existente. Anemia Quadros de desnutrição relacionados ao uso pesado de álcool (o uso crônico de 4 a 8 doses ao dia, em média), e por muito tempo, podem ocorrer tanto por adotarem dieta nutricionalmente pobre como pela diminuída absorção de nutrientes no trato gastrointestinal. A deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, somada ao efeito tóxico do álcool, pode levar à anemia macrocítica ou megaloblástica. Neste quadro, a formação de glóbulos vermelhos (hemácias) fica alterada, levando a pior funcionamento e capacidade de levar o oxigênio às células do corpo. Osteoporose O consumo crônico de álcool ao longo da vida pode influenciar na saúde dos ossos, especialmente no processo de mineralização óssea, aumentando o risco de desenvolvimento de osteoporose em idades mais avançadas. O grande perigo da osteoporose é o maior risco de fraturas. Sabe-se ainda que o álcool pode interferir no equilíbrio metabólico do cálcio e na produção de vitamina D, o que pode contribuir para complicações ósseas. Para as mulheres, o consumo excessivo de álcool está relacionado ao maior aumento da perda óssea em todas idades. Câncer O consumo pesado de álcool está associado a vários tipos de câncer, como de boca, esôfago, laringe, estômago, fígado, colón, reto e de mama. Os agentes causadores não são todos conhecidos, mas sabe-se que especificamente o acetaldeído – um produto do metabolismo do álcool - pode ter efeitos cancerígenos. CENTRO DE INFRORMAÇÃO SOBRE SAÚDE E ÁLCOOL. Alcoolismo: 10 danos à saúde. Disponível em: http://www.cisa.org.br/ artigo/6552/alcoolismo-10-danos-saude.php. Acesso em: 13 dez. 2019. TEXTO 04 Depressão O álcool tem um efeito depressor sobre o sistema nervoso central e aumenta o risco de perturbações de humor e de depressão, que se revelam pelos sintomas habituais, desinteresse, perda ou aumento de peso, perturbações do sono, fadiga, perda de energia ou agitação, pensamentos negativos, diminuição da capacidade de pensamento ou concentração, e nos casos mais severos, pensamentos suicidas. Abstinência Ocorre quando, após um período de alcoolismo intensivo, há uma paragem no consumo ou uma redução abrupta e significativa das quantidades ingeridas. Pode revelar-se algumas horas www.manoelneves.com Página de 117 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA depois ou surgir até quatro a cinco dias após esse momento e os sintomas são: taquicardia, tremores nas mãos, insónia, náuseas e vómitos, alucinações, inquietação, agitação e ansiedade. Nos casos mais graves, a situação de delirium tremens é acompanhada de febre, convulsões e confusão mental. Demência A memória é frequentemente afetada não só pela ação do álcool como pela má nutrição, que torna frequente nos alcoólicos a carência de vitamina B1, essencial para a manutenção da capacidade de armazenar novas memórias. “A degradação da memória, causada pelo consumo excessivo de álcool, pode perdurar e inclusive agravar-se ao longo dos anos”, alerta José Fernando Santos Almeida. Psicose Induzida pelo álcool, consiste sobretudo em alucinações e ideias delirantes (ideias falsas que resistem a toda a argumentação lógica e ao teste da realidade). Afeta 3% dos dependentes do álcool. “Há pessoas mais suscetíveis a sofrerem uma psicose do que outras e a durabilidade da psicose dependente de inúmeros fatores (manutenção do consumo, vulnerabilidade, história prévia de psicose, concomitância de consumos de outras substâncias, etc.).” Secretaria de Saúde do Estado do Tocantins. Transtornos mentais causados pelo alcoolismo. Disponível em: https://saude.to.gov.br/ vigilancia-em-saude/doencas-transmissiveis-e-nao-transmissiveis-/dant/fatores-de-risco/alcoolismo/. Acesso em: 13 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Abuso de álcool na sociedade brasileira”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 42 Medidas eficazes para o combate às drogas no Brasil TEXTO 01 Uma das mais amplas pesquisas já feitas sobre consumo de drogas lícitas e ilícitas no Brasil foi divulgada na última semana pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O 3° Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira entrevistou em 2015, cerca de 17 mil pessoas com idades entre 12 e 65 anos, em todo o Brasil, com o objetivo de estimar e avaliar os parâmetros epidemiológicos do uso de drogas. […] Esse é o primeiro levantamento com abrangência nacional. Veja alguns dos principais pontos: - 46 milhões de brasileiros de 12 a 65 anos beberam pelo menos uma dosede bebida alcoólica nos 30 dias anteriores a pesquisa. - Dois milhões e trezentos mil apresentaram comportamentos de dependência do álcool. - Quase 5 milhões de brasileiros (4,9 milhões) disseram que usaram alguma droga ilícita nos 12 meses anteriores à pesquisa. E o percentual é maior entre jovens de 18 a 24 anos. - A maconha foi a droga ilícita mais consumida (7,7% usaram pelo menos uma vez na vida). www.manoelneves.com Página de 118 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA - A cocaína foi a segunda droga ilícita mais consumida (3,1% disseram que já usaram) - 1 milhão e 400 mil pessoas entre 12 e 65 anos disseram que usaram crack alguma vez na vida (0,9% dos entrevistados). Pesquisadores envolvidos no levantamento alertaram que, como a pesquisa foi feita em domicílios, não leva em conta a quantidade de usuários nas ruas. CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Levantamento da Fiocruz revela panorama do uso de drogas lícitas e ilícitas no Brasil, 12 ago. 2019. Disponível em: https://www.crfmg.org.br/site/noticias/levantamento-da-fiocruz-revela- panorama-do-uso-de-drogas-licitas-e-ilicitas-no-brasil. Acesso em: 14 dez. 2019. TEXTO 02 O Brasil está enfrentando atualmente um crescimento no abuso de drogas que precisa ser lidado. Todavia, os países emergentes não podem se dar ao luxo de gastar os seus recursos na implementação de uma política de proibição eficiente dado que nem mesmo os países desenvolvidos, apesar de todos os seus recursos, têm sido capazes de fazê-lo. A implementação do controle através da legalização, por outro lado, é muito mais simples e a autofinanciável. O suposto aumento nos gastos com a saúde pública poderia ser facilmente coberto pela verba economizada com o fim do combate ao tráfico ostensivo (o orçamento para segurança pública no estado do Rio de Janeiro será de R$ 11,6 bilhões em 2016, mais de 14% do total, valor que é superado apenas pela saúde e educação) e com a diminuição do ineficiente e custoso sistema presidiário (um preso custa em média R$ 2.500 por mês, enquanto que um estudante universitário das instituições públicas custa menos de um terço desse valor – aproximadamente R$ 790 por mês). […] Ter um dependente químico na família hoje em dia vem se tornando comum, na família de muitas pessoas. Fazer um tratamento com o dependente químico ou alcoólatra é extremamente necessário, mais é preciso atenção em saber se a clínica de recuperação tem um trabalho confiável. Se as pessoas têm problemas relacionados a drogas com seus filhos ou outro familiar próximo e estão preocupadas, há na clínica de recuperação possível sucesso. O Brasil, seguindo a tendência mundial, entendeu que usuários e dependentes não devem ser penalizados pela justiça com a privação de liberdade. Esta abordagem em relação ao porte de drogas para uso pessoal tem sido apoiada por especialistas que apontam resultados consistentes de estudos, nos quais: a atenção ao usuário/ dependente deve ser voltada ao oferecimento de oportunidade de reflexão sobre o próprio consumo, em vez de encarceramento. Assim, a justiça retributiva baseada no castigo é substituída pela justiça restaurativa, cujo objetivo maior é a ressocialização por meio de penas alternativas: Tratamento psicológico para dependentes químicos. O usuário deve ter acesso a um acompanhamento psicológico desde os primeiros momentos da internação em uma clínica especializada, pois dessa forma a readaptação poderá ocorrer da melhor maneira possível. Afinal, esse profissional poderá ajudá-lo a lidar melhor com as situações que fizeram com que ele utilizasse substâncias químicas como válvula de escape. Além disso, o tratamento psicológico para dependentes químicos irá contribuir para que alguns dos distúrbios causados pela abstinência sejam aliviados. É válido ressaltar que tanto os www.manoelneves.com Página de 119 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA psicólogos quanto os psiquiatras podem fazer esse tipo de acompanhamento, tudo depende do quadro clínico do usuário. A intervenção desse profissional pode ocorrer de diversas maneiras, ela irá variar de acordo com as necessidades dos usuários. A técnica adotada só poderá ser definida depois da análise do caso pelo psicólogo ou psiquiatra, onde serão identificadas as causas da dependência e definida a forma de tratamento. As técnicas adotadas pelo profissional poderão ser modificadas na medida em que ele perceber de que maneira o usuário está reagindo ao tratamento psicológico para dependentes químicos, visando assim atingir resultados duradouros e satisfatórios. Segundo pesquisa com fundador Fernando Casoto foi informado que ao longo de 16 anos a procura de familiares e amigos vem aumentando de forma gradativa a cada ano e o número de internação de forma significativa. Profissionais: a clínica de Recuperação Grupo Casoto por exemplo conta com profissionais altamente qualificados, que prezam o bom ensino e aplicação do Programa Terapêutico, que deve alcançar resultados eficazes em todos as áreas do paciente. Drogas: com números alarmantes, Brasil segue em sentido contrário às tendências de tratamento em clínica de recuperação para dependência clínica. Revista Exame, 8 mai. 2018. Disponível em: https://exame.abril.com.br/negocios/dino/drogas-com-numeros- alarmantes-brasil-segue-em-sentido-contrario-as-tendencias-de-tratamento-em-clinica-de-recuperacao-para-dependencia-quimica/. Acesso em: 14 dez. 2019. TEXTO 03 Como estamos lidando com o problema? O modelo atual de combate às drogas busca nada mais nada menos que a abstinência completa das substâncias ilegais. Qualquer outro resultado que não passe pelo abandono dessas substâncias de uma vez por todas é considerado um fracasso. O argumento para chegar lá é forte: quem não largar o baseado ou a seringa vai para a cadeia. Essa guerra tem três frentes de batalha. A primeira é tentar acabar com a oferta, ou seja, combater os fornecedores, os narcotraficantes. A Polícia Federal brasileira, que apreende toneladas de entorpecentes todo ano, trabalha nessa frente. Outro exemplo saído desse front foi a substituição de cultivo realizada na Bolívia e no Peru, pela qual os agricultores receberam incentivos para trocar a lavoura de coca por outras culturas. A segunda frente de combate é a redução da demanda. Há duas maneiras de convencer o sujeito a não usar drogas, ou seja, de prevenir o uso das drogas. Além de ameaçar prendê-lo, processá-lo e condená-lo – ou seja, reprimi-lo –, pode-se tentar educá-lo: ensinar-lhe os riscos que determinada substância traz à sua saúde e colocá-lo em contato com pessoas que já foram dependentes. A terceira frente de batalha é o tratamento. Chegar à eliminação das drogas não pelo ataque à oferta ou ao consumo, mas tratando aqueles que já estão dependentes da droga como vítimas que precisam de ajuda médica em vez de algozes que merecem repressão policial. Das três estratégias, a que tem recebido mais atenção e recursos é, disparado, o combate ao tráfico. Após sucessivos aumentos do orçamento destinado à guerra contra as drogas, os Estados Unidos são hoje o país que mais gasta com isso. Há 18 anos, o país dispendia 2 bilhões de dólares nesse combate. No ano 2000, o governo federal, sozinho, torrou 20 bilhões nessa guerra – outros 19 bilhões foram gastos por Estados e prefeituras. Desse total, 13,6 bilhões (68%) www.manoelneves.com Página de 120 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA foram usados no combate ao tráfico de drogas e 6,4 bilhões (32%) destinaram-se a ações de redução da demanda. Destes últimos, porém, mais da metade acabou financiando a repressão: prisão, investigação e processo de usuários. As campanhas educativas receberam 3 bilhões. Em 1998, houve uma tentativa de correção de rumos. Em uma reunião da assembléia geral da ONU (com a presença do então presidente americano Bill Clinton e de Fernando Henrique Cardoso), a entidade fez uma recomendação, que todos os países membros assinaram,de que deveria haver mais equilíbrio entre os recursos destinados à redução da oferta e da demanda. Mas isso ainda não aconteceu. A abordagem atual funciona? Os burocratas resistem a admitir, mas o mundo já perdeu a guerra contra as drogas. É essa a opinião unânime dos estudiosos do assunto, desde a conservadora e prestigiada revista inglesa The Economist até o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, um dos mais liberais dentre os que já ocuparam a cadeira. Um bom resumo da opinião desses experts é a declaração de Bruce Michael Bagley, Ph.D. em Ciência Política na Universidade da Califórnia e consultor sobre tráfico e segurança pública: “A política antidrogas é um fracasso. As drogas estão mais baratas, mais puras e mais acessíveis do que nunca. E o consumo de drogas aumenta ao redor do mundo”. Traduzindo suas palavras em números: no combate à oferta, as forças policiais apreendem apenas 20% da droga em circulação. Já pelo flanco da demanda, os tratamentos que visam a abstinência curam só 30% dos usuários. “Eu não sustentaria por um dia sequer uma campanha de vacinação que fracassasse em 70% dos casos”, diz o médico Fábio Mesquita, coordenador do programa de DST/Aids da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo e vice-presidente da Associação Internacional de Redução de Danos. De fato, se estivéssemos vencendo, o inimigo não estaria tão viçoso. A ONU estima que o tráfico movimenta 400 bilhões de dólares no mundo, equivalente ao PIB do México. Para comparar, a indústria farmacêutica global fatura 300 bilhões; a do tabaco, 204 bilhões; a do álcool, 252 bilhões. O irônico é que a própria repressão sustenta esse vigor, graças a uma famosa lei de mercado – “quanto maior o risco, maior o lucro”. No caso da heroína, essa margem chega a ser de 322 000%. Um quilo de ópio custa 90 dólares no Afeganistão e 290 000 dólares nas ruas americanas. E 90% do preço final fica com os traficantes do país consumidor. Correndo subterrâneo, esse rio de dinheiro vira uma fonte inesgotável de corrupção. No Brasil, a CPI do Narcotráfico calculou que o tráfico emprega pelo menos 200 000 pessoas no país, mais que o Exército, cujo efetivo é de 190 000 pessoas. Exercendo o trabalho para o qual é paga, essa gente causa outros problemas, como o aumento da criminalidade. É evidente: quem se dispõe a enfrentar a lei atrás de lucros enormes não vai se prender a outras convenções sociais. Na Inglaterra, um estudo da Universidade de Cambridge calculou que dependentes de drogas são responsáveis por 32% dos crimes. “Mas, ao contrário do que se pensa, a violência não é decorrente do uso da droga, mas do comércio ilegal”, diz Mesquita. Sua opinião é confirmada por pesquisa da Universidade de Columbia, em Nova York: 21% dos presos por atos violentos em 1999 nos Estados Unidos cometeram seus crimes apenas sob o efeito do álcool, 3% haviam usado crack ou cocaína e 1%, heroína. Os demais estavam sóbrios. Por outro lado, há nas cadeias uma multidão de pessoas pouco violentas presas por envolver-se com drogas. Nos Estados Unidos, são 400 000 pessoas (20% da população carcerária), sendo www.manoelneves.com Página de 121 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA 180 000 por posse e 220 000 por tráfico. Detalhe: só em 12% dos casos houve arma de fogo envolvida. Ou seja, há 340 000 presos por envolvimento não-violento com drogas. Enfim, são altos os custos da atual abordagem sobre as drogas. Mas os benefícios compensam? Nem de longe. Há, hoje, 180 milhões de usuários de drogas no mundo, segundo a ONU. Pior: dados de 112 países divulgados no mês passado pela entidade mostram que o consumo de maconha, cocaína, heroína e anfetamina aumentou em 60% das nações entre 1996 e 2001. Além disso, triplicou a produção mundial de ópio e dobrou a de coca, entre 1985 e 1996. Exceção à regra, os Estados Unidos reportam uma redução de consumo desde os anos 70, mas são poucos os que atribuem essa redução à ação oficial. “A repressão tem mais a ver com o ritmo natural de uma epidemia: as pessoas vêem que quem usa tem problemas e, então, não usam”, diz o economista Peter Reuter, professor do Departamento de Criminologia na Universidade de Maryland, consultor do governo americano e considerado um dos maiores especialistas do mundo no tema. Restaria uma justificativa moral para a manutenção da atual política: se a maioria acha que a guerra vale a pena, que se respeite a democracia. Mas nem nos Estados Unidos isso acontece: mais de 75% dos americanos acreditam que a guerra contra as drogas está sendo perdida. O Estado tem o direito de proibir o uso? Roberto (nome fictício) foi preso fumando um baseado. Encarcerado, ele ficou matutando sobre a periculosidade de seus colegas de cela: um aplicou o golpe do bilhete premiado em uma velhinha; o outro tentou roubar um banco; e o terceiro matou a mulher. “E eu?”, pergunta-se. “Mereço ser isolado da sociedade? Quem eu ameaço estando em liberdade, além de mim mesmo?” Em favor de seu cliente, o advogado de Roberto poderia citar a revista inglesa The Economist, que abraça a tese do filósofo John Stuart Mill: “A respeito de si mesmo, sobre seu corpo e mente, o indivíduo é soberano”. Esse raciocínio não só inocentaria Roberto, como impediria o Estado de se meter sobre o que cada um faz consigo. Mas há uma brecha na teoria: se Roberto, depois de anos fumando maconha, tiver um câncer, o Estado terá que tratá-lo. O prejuízo seria coletivo. “O direito coletivo suplanta o individual. Todo mundo tem direito à propriedade, mas, se o Estado quer abrir uma avenida onde está sua casa, você vai ter que se mudar”, diz Wálter Maierovitch. Ou seja, se o simples uso da droga – não se trata aqui de crimes ou acidentes envolvendo usuários sob o efeito da droga, que são outra história – acarreta um custo social, o Estado teria o direito de se intrometer. Além disso, é dever do Estado proteger o cidadão. A obrigatoriedade do cinto de segurança segue o mesmo raciocínio. “O detalhe”, diz Maierovitch, que é juiz aposentado, “é que há infrações cíveis, administrativas e criminais. O trato criminal serve para situações que geram intranqüilidade social, o que não é o caso do usuário de drogas. Ele deve ser resgatado, não criminalizado.” É o que faz hoje Portugal, cuja legislação serve de modelo: lá, o porte de drogas é proibido, mas não criminalizado. A punição para os infratores é a mesma – para ficar no mesmo exemplo – de quem não usa cinto de segurança, ou seja, uma multa. É preciso lembrar, porém, que o Estado em geral representa os interesses dos grupos mais influentes. “Nos Estados Unidos, a classe média, que tem grande influência sobre a opinião www.manoelneves.com Página de 122 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA pública, tem muito medo de ver suas crianças envolvidas com drogas”, diz o cientista político Bruce Bagley. Em muitos casos, e em especial no americano, os grupos mais próximos da burocracia são puritanos. “As drogas foram proscritas na América por americanos idealistas, que acreditavam que a natureza humana poderia ser tornada perfeita, que a virtude deve triunfar sobre o vício”, diz o historiador Richard Davenport-Hines. Para o médico Fábio Mesquita, interesses econômicos também pesaram na decisão. “A maconha foi proibida, entre outras razões, por pressão da indústria farmacêutica, que produzia substâncias que disputavam com a erva o mercado dos remédios para abrir apetite, reduzir dor e enjôo.” Para Milton Friedman, prêmio Nobel de Economia e defensor da legalização das drogas, a demora da burocracia oficial na correção da política contra as drogas é típica. “Em uma empresa privada, um programa fracassado é abortado assim que se detecta seu insucesso, para evitar prejuízo ainda maior. Um programa governamental ruim, não. Alega-se sempre que ele precisa ser um pouco diferente, um pouco maior e um pouco mais caro”, disse ele, em 1992, à revista alemã Der Spiegel. Duelo de ideias Conheça os argumentos de quem defende a criminalizaçãoe os de quem a combate Por que usar drogas deve constituir um crime 1 – Fazem mal à saúde Maconha provoca câncer, cocaína aumenta as chances de isquemia e ataque cardíaco. Além disso, o uso de drogas reduz a auto-estima e aumenta a chance de depressão 2 – Causam dependência Cocaína, heroína e maconha causam vício com o uso freqüente. Estatísticas indicam que até 10% dos usuários de maconha ficam dependentes 3 – Incitam a violência Na Holanda, 5 000 dos 25 000 dependentes de drogas são responsáveis por cerca de metade dos crimes leves. Na Inglaterra, eles respondem por 32% da atividade criminal 4 – As mais leves levam às mais pesadas Quase todos os usuários de drogas pesadas já consumiram maconha. O governo americano diz que fumar maconha aumenta em 56% a chance de consumo de outra droga 5 – Sem punição, o uso vai aumentar A Holanda liberou o uso de maconha e ele subiu 400%. Nos Estados Unidos, o uso de álcool caiu 50% com a Lei Seca (1920-33) e só voltou ao nível anterior em 1970 6 – Causam prejuízo à sociedade Usuários de drogas consomem mais recursos do sistema público de saúde e têm produtividade menor 7 – Pervertem quem as usa www.manoelneves.com Página de 123 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA O uso da droga transforma pessoas produtivas em indolentes, responsáveis em inconseqüentes, cidadãos em párias Por que as drogas devem ser descriminalizadas 1 – A criminalização faz mal à saúde Tratar o uso como crime mantém os usuários longe do serviço de saúde. E o produto ilegal, vendido sem controle, é tão perigoso para a saúde quanto remédio sem bula 2 – Repressão não cura dependência Criminalizar o uso afugenta os usuários ocasionais, mas não os viciados. E encarcerar dependentes não os livra da droga. Há tráfico nas cadeias 3 – Criminalidade cairia A maior parte dos crimes relacionados a drogas decorre do comércio ilegal, não do uso ou do efeito psicoativo das substâncias. Além disso, o tráfico financia a compra de armas 4 – As mais leves não levam às mais pesadas As pesquisas que fazem essa associação não são conclusivas. Como explicar, por exemplo, que a maioria das pessoas que usa maconha não migra para drogas mais pesadas? 5 – Descriminalizar reduz os danos Descriminalizar não significa liberar, apenas parar de tratar o usuário como criminoso. A droga pode continuar proibida e o uso pode ser combatido com campanhas educativas 6 – A sociedade nada ganha com a criminalização Hoje, quem lucra são os produtores, os traficantes, o mercado financeiro, a indústria de armas e as forças de repressão 7 – Cada um faz o que quer consigo mesmo Ninguém tem o direito de dizer o que cada pessoa faz com o próprio corpo, desde que não cause prejuízo a ninguém Que mal causam o usuário e o traficante? Descriminalizar a droga pode fazer sentido quando se trata de um sujeito inofensivo como Roberto. Mas o que dizer dos inúmeros casos de pessoas que, sob efeito de uma substância psicoativa – legal ou ilegal –, furtam, roubam e matam? E dos traficantes, que, segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, são responsáveis pela maioria das chacinas na cidade? Cada caso merece tratamento diferente, mas é bom lembrar que a maioria dos usuários é como o Roberto, nada ameaçador. Segundo Arthur Guerra de Andrade, psiquiatra do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas, da USP, e coordenador do curso médico da Faculdade de Medicina do ABC, há vários tipos de usuários, de acordo com seu grau de dependência. O primeiro é o usuário experimental. Nos Estados Unidos, no que diz respeito à maconha, metade das pessoas com menos de 40 anos, uns 70 milhões de pessoas, já experimentaram a droga. O segundo tipo é o usuário ocasional como o Roberto, que usa drogas socialmente. Uma pesquisa do governo americano mostra que, nos últimos 12 meses, 25 milhões de pessoas www.manoelneves.com Página de 124 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA (12,4% da população maior de 12 anos) haviam usado alguma droga ilegal. Desses, metade havia feito uso no último mês. Os usuários severos, o terceiro tipo, que precisam de tratamento, são 3,6 milhões (1,7% da população). O dependente é um problema para a sociedade porque ele perde o controle, consome a droga em situações de risco, causa acidentes e comete crimes. “Medidas repressivas reduzem o número de usuários ocasionais, mas a quantidade de dependentes, que é o que importa, não diminui”, diz Dartiu Xavier. E qual é a vantagem de impedir que usuários ocasionais de álcool ou drogas consumam essas substâncias? Além disso, há dependentes de todo tipo de coisa: sexo, jogo, comida e até trabalho. “Tem gente viciada em sexo, que transa com vários parceiros sem camisinha e transmite doenças. Mas nem por isso vamos proibir o sexo”, diz Xavier. Se essas pessoas causam acidentes ou cometem crimes, essas atitudes é que precisam ser penalizadas. Para o economista Peter Reuter, a repressão só funciona se for um meio de obrigar as pessoas a levar a sério seus problemas com as drogas. “A política atual não tem sentido porque só tem sentido punitivo. E a punição não pode ser um fim em si mesmo”, diz. De fato, experiências em curso sugerem que o que traz resultados é tratar, não reprimir o dependente. Na Suíça, clínicas de tratamento para dependentes de heroína recuperam dois terços dos pacientes e reduzem em 60% seus contatos com a polícia. Criminalizar o uso, porém, aumenta a distância entre o usuário e o remédio de que ele precisa. Na Holanda, onde a maconha é vendida legalmente e há bastante tolerância ao uso de drogas, 80% dos usuários estão em contato com os órgãos de saúde pública. No Brasil, menos de 2%. “O problema da droga é um problema de saúde e de educação”, afirma o ex-ministro José Carlos Dias. O traficante, por sua vez, mereceria tratamento mais duro. “O fornecedor visa o lucro, o controle de partes da sociedade e o domínio de território. Ele causa dano social maior”, diz Wálter Maierovitch, ex-secretário nacional antidrogas. Se bem que o pequeno traficante, que vende a droga para manter o vício, se aproxima bastante da condição de vítima. “Ele deveria ter punição mais branda. Na prisão, ele só vai ser aperfeiçoado no crime”, diz Dias. Como seria o mundo se as drogas fossem legalizadas? Conheça as vantagens e as desvantagens de viver em um mundo onde o uso de drogas fosse liberado Que ninguém se iluda: o primeiro efeito da legalização das drogas seria o aumento imediato do consumo, por várias razões. Primeiro, o preço cairia muito. Segundo Mark Kleiman, da Universidade da Califórnia, o custo de produção e distribuição da cocaína equivale a 5% do seu valor atual. Uma porção de maconha custaria o mesmo que um saquinho de chá. Não bastasse esse incentivo, o estigma social do usuário seria menor: ninguém precisaria esgueirar-se para fumar um baseado. Ou seja, o acesso às drogas, por mais rigorosa que fosse a legislação regulando seu comércio, seria muito mais fácil e seguro do que é hoje. Resta saber que regras adotar para cada droga. Alguns, como Milton Friedman, ganhador do prêmio Nobel de Economia, acham que todas as drogas deveriam ser vendidas como são os remédios: pela indústria farmacêutica. Em seu mundo ideal, ele já vislumbra a heroína light e a cocaína de baixo teor. A idéia parece extravagante e acarreta várias desvantagens, mas teria pelo menos um benefício inconteste: obrigaria os usuários a procurar um médico, o que permitiria ao governo saber quantas pessoas consomem o quê no país. E drogas produzidas legalmente teriam controle de qualidade. Hoje, a cocaína vendida em São Paulo chega a ter 93% de impurezas. www.manoelneves.com Página de 125 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Se bem que, no Brasil, esse benefício talvez não se concretizasse. Anfetaminas, por exemplo, são vendidas sob prescrição médica por aqui. Resultado: somos os maiores consumidores da droga. “O controle sobre medicamentos é muito ruim no país”, diz Fábio Mesquita. Não quea burla ocorra só aqui. Nos Estados Unidos, é proibido vender álcool a menores de 21 anos, mas 87% dos estudantes do ensino médio já tomaram uns tragos. Maconha, porém, só passou pelos pulmões de 46% deles. A diferença deve-se ao fato de que o uso da erva é crime. Para o sociólogo Luiz Eduardo Soares, deveríamos legalizar as drogas aos poucos, começando pela maconha, que seria tratada como o álcool e a nicotina. “O álcool em nada difere das drogas ilegais. E estamos perdendo a guerra contra o álcool? Não. Estamos convivendo e aprendendo, difundindo o autocontrole, evitando efeitos sobre terceiros, coibindo a propaganda.” A legalização permitiria taxar a venda de drogas. O dinheiro poderia financiar a prevenção e o tratamento de usuários. Diante dos preços atuais, mesmo um super imposto de 500% quebraria o comércio ilegal. O tráfico se transformaria em um negócio tão pouco atraente quanto é hoje o contrabando de cigarros. Some-se a isso um controle sobre as armas e a criminalidade despencaria, diz Soares. “Os problemas socioeconômicos iriam se manifestar em algum lugar, mas o número dos crimes com morte cairia, porque o número de armas cairia e a fonte de financiamento para comprá-las estaria seca.” Os morros do Rio, por exemplo, poderiam ser finalmente reintegrados à cidade. Existem alternativas eficientes? Da maneira como foi formulada, a guerra contra as drogas está perdida desde o dia em que alguém escolheu como meta a erradicação completa e total. Tal façanha era e sempre foi impossível, admitem os especialistas. Mas o fato é que só agora isso saltou aos olhos da intelligentsia. “Nunca encontrei um administrador público que acreditasse de verdade que acabaria com as drogas. Mesmo os funcionários da agência americana de combate às drogas, a DEA, admitem isso quando conversam conosco”, diz o sociólogo Luiz Eduardo Soares. Constatado o erro, os agentes públicos buscam agora uma meta que substitua a antiga utopia. E estão encontrando alternativas promissoras. A mais difundida é a redução de danos, que evita o erro anterior. Já que erradicar as drogas é impossível, tenta-se reduzir os estragos que elas causam aos usuários e à sociedade. Ou seja, as mortes, as doenças e o crime. Faz parte desse espírito, por exemplo, oferecer seringas a usuários de drogas injetáveis para evitar que eles compartilhem agulhas e contraiam doenças. Ou, como ocorre mundo afora, substituir uma droga ilegal por outra que cause menos prejuízo à saúde. “A redução de danos é claramente o caminho que os estudiosos e o mundo todo estão indicando”, diz Bruce Bagley. A mais revolucionária experiência em curso hoje ocorre na Suíça. Lá, quem quiser usar heroína pode obtê-la de graça do governo. Parece piada, mas o Estado construiu clínicas para os usuários, com direito a parede branquinha, maca com lençol, seringa e até um enfermeiro para aplicar a injeção. Resultado: o tráfico e as mortes por overdose acabaram, todos os usuários estão sob cuidados médicos e muitos estão deixando o vício. O Brasil também anda experimentando. Em São Paulo, dependentes de crack foram estimulados a consumir maconha. “Em oito meses, 68% deles largaram as duas drogas”, diz Dartiu Xavier, um dos autores da experiência, até então inédita. Atrás de opções, os agentes públicos estão redescobrindo as campanhas de educação e prevenção. Segundo o instituto de pesquisas americano Rand Corporation, nos anos 90 esses programas foram 12 vezes mais efetivos que o combate ao tráfico e o encarceramento. www.manoelneves.com Página de 126 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Mas nem os críticos da atual política querem paz para os traficantes. Nesse campo, as sugestões procuram otimizar o combate. O ex-secretário nacional antidrogas, Wálter Maierovitch, tem sua fórmula: controle eletrônico das transações financeiras, regulamentação dos paraísos fiscais e vigilância sobre os químicos necessários para a produção das drogas. Drogas leves levam a drogas mais pesadas? Entre os estudiosos, a “teoria da escadinha”, como é conhecida essa hipótese, é aceita por alguns e condenada por outros. As pesquisas existentes sobre o assunto, longe de esclarecer, são lenha extra para a fogueira. André Malbergier, coordenador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas da Unifesp, faz parte do grupo que defende essa tese e tem argumentos razoáveis. Primeiro, diz ele, o uso inaugural serviria para quebrar o gelo. “A pessoa que consome algo que altera seu estado de consciência fica mais vulnerável a usar outras substâncias que mexam com isso”, diz André. No caso de drogas ilegais, o uso romperia uma barreira moral. “O sujeito usa uma vez e não recebe punição. Pronto. Está aberto o caminho para outras ilegalidades”, diz ele. Por fim, existe a facilidade social. “O consumidor de maconha tem maior probabilidade de conhecer o usuário – e o traficante – de uma substância mais forte e mais letal”, afirma. Há dados epidemiológicos que apóiam a teoria da escadinha. Segundo o órgão oficial americano de prevenção ao uso de drogas, quem usa maconha tem 56% mais chances de vir a consumir outro tipo de droga. Quem critica a teoria da escadinha afirma que tais pesquisas são direcionadas. “Pergunta-se ao usuário de heroína se já usou maconha e liga-se uma coisa à outra. Se usarem o método em outros hábitos, vão descobrir que usar cigarro, beber cerveja, andar de ônibus e ter cachumba também leva a drogas mais pesadas”, diz o médico Fábio Mesquita. Para Dartiu Xavier, que também não crê na teoria da escadinha, não existem drogas leves e pesadas. Tudo depende de como o usuário se relaciona com elas. Para um alcoólatra, que metaboliza bem o álcool, cerveja é droga pesada e cocaína, não. Para alguém que não tem limites alimentares, doce pode causar dependência. A escadinha sugere que uma droga desemboca na outra, mas a maioria dos usuários de maconha a abandona espontaneamente. “Quase todos os usuários de heroína ou cocaína já fumaram maconha, mas a maioria dos usuários da erva não consome heroína ou cocaína”, diz o economista Peter Reuter. Drogas: o que fazer a respeito. Superinteressante, 31 dez. 2001. Disponível em: https://super.abril.com.br/saude/drogas-o-que- fazer-a-respeito/. Acesso em: 14 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Medidas eficazes para o combate às drogas no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 127 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 43 Estratégias de preservação do patrimônio histórico-cultural TEXTO 01 O patrimônio cultural de uma comunidade diz respeito a tudo aquilo que a identifica com aquele espaço. A ideia de patrimônio cultural agrega desde prédios, ruas, praças e monumentos que dizem das modificações e sobreposições da formação da dinâmica urbana de uma comunidade, até aspectos antropológicos que dizem da formação de um grupo humano como a língua, os ritos, as crenças e os costumes. Nos últimos tempos, com o avanço tecnológico, a crise de paradigmas das ciências, o encurtamento das distâncias entre os países e culturas, temos buscado cada vez mais referências que nos ajudem a reconstruir o caminho que nos trouxe até aqui. Na atualidade tudo muda o tempo todo. O que é hoje amanhã não é mais. É desse processo de consciência da transitoriedade da sociedade que tomamos consciência da nossa efemeridade enquanto sujeitos históricos e então adquirimos a noção de continuidade e perpetuação. É daí que provém a necessidade da preservação do patrimônio histórico e cultural e de políticas que contemplem essa necessidade. Porém, vale destacar que uma política de preservação patrimonial acontece de forma democrática, com a participação de diversos segmentosde uma comunidade. Afinal essa política interfere diretamente sobre aquilo que deve ser preservado e consequentemente instituído como referência para a construção da história local. É preciso que todos se apropriem dessa discussão para que ela não represente apenas as ânsias de poucos e possa contemplar a diversidade. O patrimônio histórico e cultural é aquilo que nos dá unidade, enquanto homens e mulheres de uma determinada comunidade, mas não podemos esquecer que essa unidade é fruto das diferenças, sejam elas regionais, étnicas, sociais, ideológicas, de religião, de gênero, etc. Conhecer o nosso passado e preservar a memória e a cultura é requisito para as ações no presente. É sabendo sobre como procederam aqueles que nos antecederam, nas mais diferentes situações, que agimos criticamente, espelhando-nos ou não em suas ações. Refletir sobre a memória é valorizar o passado e seus legados, é ser sujeito da construção da história, e isso é um pressuposto básico para o exercício da cidadania. Memória e patrimônio: por que preservar? Blog Patrimônio Jovem, 08 mai. 2010. Disponível em: https:// patrimoniojovem.wordpress.com/2010/08/05/memoria-e-patrimonio-por-que-preservar/. Acesso em: 15 dez. 2019. TEXTO 02 O abandono de prédios tombados pela União, estado e municípios, ou de valor histórico, embora não reconhecido pelos órgãos de proteção, é um dos pontos nevrálgicos do patrimônio cultural. Essa triste realidade lidera a lista de investigações do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que concluiu levantamento sobre indicadores da situação extrajudicial em 255 comarcas mineiras. Destacando que 86% das promotorias de Justiça no estado (dados de 2014) atuam na defesa do patrimônio cultural, o titular da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC/MPMG), Marcos Paulo de Souza Miranda, estima em 25% o percentual de procedimentos relacionados exclusivamente à degradação de igrejas, capelas, casarões, prédios públicos e outros monumentos. A falta de segurança das construções históricas, principalmente no combate a incêndio e contra www.manoelneves.com Página de 128 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA descargas atmosféricas, representa fator de risco. “Mas há também a destruição deliberada de imóveis históricos tombados, como ocorreu no ano passado em São João del-Rei, na Região do Campo das Vertentes”, conta o promotor. Localizados atrás da Igreja de São Francisco, em área protegida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), os imóveis foram destruídos, contrariando todas as disposições legais. “Os responsáveis estão respondendo judicialmente. Ocorreu um fato absurdo, pois eram bens de grande valor cultural”, lamenta Marcos Paulo. O promotor de Justiça enumera várias situações que comprometem a riqueza cultural de Minas e denotam a falta de sensibilidade de determinados setores econômicos. Uma delas é a Ponte Marechal Hermes, nos limites entre Pirapora e Buritizeiro, na Região Norte. A estrutura completou 92 anos em novembro e demanda urgente restauração. A partir de ação do MPMG e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), a juíza Renata Souza Viana, de Pirapora, determinou a recuperação completa das passarelas laterais e ordenou a substituição de todos os pranchões de madeira, incluindo troca e fixação dos parafusos. No entanto, a Ferrovia Centro Atlântica recorreu ao Tribunal de Justiça (TJMG). “Muitos empreendedores falam em projetos de sustentabilidade, mas, na prática, é apenas retórica”. No campo da espeleologia (grutas e cavernas), Marcos Paulo cita o estado crítico da Lapa Vermelha, em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Destacado como Monumento Natural, a Lapa Vermelha, onde foi encontrada Luzia, o esqueleto humano mais antigo das Américas, “está em processo erosivo, em completo abandono”. Preocupado com as ameaças e ao mesmo tempo esperançoso com maior sensibilidade da população, o titular do CPPC pede providências urgentes também para a Matriz de Jequitibá, a 104 quilômetros de BH, e a Fazenda Boa Esperança, em Belo Vale, pertencente ao Iepha. Em entrevista recente ao Estado de Minas, a nova presidente da instituição, Michele Arroyo, afirmou que a recuperação da propriedade rural está entre suas prioridades. Na cruzada contra a destruição do patrimônio cultural mineiro, a CPPC dispõe de equipe técnica formada por arquitetos e historiadores. “Esse suporte é fundamental para o bom desempenho do trabalho. Em 2014, foram produzidos 70 laudos e 156 notas técnicas, totalizado 226 trabalhos periciais para embasar os trabalhos dos promotores de Justiça”, conclui Marcos Paulo. Abandono é o maior problema do patrimônio cultural em Minas. Estado de Minas, 16 mar. 2015. Disponível em: https:// www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/03/16/interna_gerais,627904/abandono-e-o-maior-problema.shtml. Acesso em: 15 dez. 2019. TEXTO 03 www.manoelneves.com Página de 129 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA LATUFF. Charge. Diário do Centro do Mundo, 02 set. 2018. Disponível em: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/wp-content/ uploads/2018/09/latuff-600×424.jpg. Acesso em: 15 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Estratégias de preservação do patrimônio histórico-cultural brasileiro”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 130 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 44 Criminalização do funk em debate no Brasil TEXTO 01 Uma sugestão legislativa que propõe o fim do funk no Brasil tramita no Congresso Nacional desde o início do mês de maio. A polêmica ideia de acabar em definitivo com atividades relacionadas ao ritmo musical é de autoria do microempresário Marcelo Alonso, 46, um webdesigner paulistano que nutre uma profunda “cólera” pelo estilo. Criador do site “Funk é lixo”, Alonso até flerta com a política em alguns momentos da entrevista. “Posso entrar para política para defender nossos valores morais, que estão sendo destruídos”, avalia. Casado e pai de um adolescente, ele mora numa casa simples em um subúrbio próximo à cidade de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. […] O autor da ideia, o microempresário Alonso, rebate o pesquisador. Para ele, os chamados bailes “pancadões” são somente um recrutamento marginal organizado nas redes sociais por e para atender criminosos, estupradores e pedófilos. “O funk faz apologia ao crime, fala em matar a polícia. Sou pai de família e se eu não me preocupar com o futuro, amanhã só teremos marginais”, diz Alonso. Quase sem fôlego quando conclui as frases, Alonso emenda: “Os pancadões ou fluxos são arruaças, um quebra-quebra que danifica o patrimônio público, sem contar a falta de respeito para com a mulher, classificando-a como: cachorra, cadela, novinha, safada, puta, biscate.” O microempresário acredita que as pessoas que curtem a batida da música abraçam uma apologia do mal. “Isso é crime. Essa turma usa a bunda como cérebro para convencer principalmente as crianças, adolescentes ou a mente em formação”, dispara. “Uso o meu intelecto para conscientizar os pais, pessoas de bem, formadores de opinião, policiais, pessoas ligadas à Justiça para mudar este cenário”. […] O discurso de defesa da ideia está pronto na ponta da língua: “Não existe preconceito e, sim conceito formado de que o funk é lixo. Aliás, funk não é lixo, até porque o lixo pode ser reciclado”, provoca Alonso. Proposta que pretende acabar com funk chega ao Senado. Istoé, 14 jun. 2017. Disponível em: . Acesso em: https://istoe.com.br/ romario-relator-proposta-fim-funk. Acesso em: 15 dez. 2019. TEXTO 02 É profundamente lamentávelque a música brasileira tenha chegado a esse ponto, depois de ter encantado o planeta com a bossa nova, o chorinho, o samba de raiz. Isso é o reflexo da falta de www.manoelneves.com Página de 131 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA cultura de um país que tem um ensino sucateado pelas aprovações automáticas. O que esperar do funk, das pessoas que se submetem a um pancadão? Seria o cúmulo da vergonha considerar um tipo de música tão vulgar e ridícula como forma de manifestação cultural. Isso sem falar que os bailes funk servem para ajudar a fazer apologia ao tráfico de drogas e armas, que todos já sabem, com letras que fazem exaltar a violência, o crime e a prostituição. Não que o funk seja a causa disso tudo, mas ele exalta valores que perpetuam essa realidade. É no funk que bandidos viram heróis em suas letras malfeitas e sem poesia. A naturalização da violência, já tão presente na vida de jovens e crianças que crescem em comunidades carentes, a desvalorização da vida e a busca inconsequente por ascensão social só colaboram para maiores índices de morte, tortura, estupro etc. São aspectos do funk que infligem frustração e sofrimento em seres humanos. Os valores das famílias e do amor são trocados pelas facções e pela cultura do estupro. O funk está ligado à banalização do crime e à vulgaridade. […] Funk não é cultura da favela. É cultura dos bandidos. Os que moram na favela não consideram os traficantes como heróis, como o funk canta. Não odeiam policiais como o funk canta. Respeitam mulheres e crianças. Enfim, o funk não representa o pobre. Defender o funk é defender que o morador da favela continue refém do tráfico. Tomo o partido do deputado, apesar de compreender – mas não concordar com – os pontos do editorial. A grande falácia que identifico é a seguinte: parte-se de uma premissa verdadeira – outros ritmos começaram subversivos, atacados com base em argumentos parecidos – e chega- se a uma conclusão equivocada – tudo que é subversivo hoje pode virar cultura legítima amanhã. O mesmo fenômeno se observa nas artes. A arte abstrata veio desafiar a clássica, muita coisa que era rotulada como subversiva ou feia caiu no gosto popular depois, e talentos foram reconhecidos enquanto antes havia apenas desconfiança. A arte contemporânea marcou seu lugar na história da arte. Daí se passou para algo totalmente sem sentido, absurdo até: qualquer coisa que choca hoje, que é vista como ruim, terá o status de arte amanhã. Na verdade, quanto mais chocante e horrorosa uma “obra de arte” para os padrões atuais, maior é a probabilidade de ela ser tida como incrível no futuro. Chegamos, assim, ao cocô como “arte”. Esse é um fenômeno da modernidade, em que o relativismo estético e moral chegou ao seu ápice. Na “marcha dos oprimidos”, tudo que é visto como ruim, mas feito por “minorias”, precisa ser aceito, aplaudido, elogiado. Caso contrário é puro preconceito da elite. Quebrar todos os tabus da moralidade burguesa é a coisa mais fantástica do mundo. Não dá para engolir isso. Portanto, mesmo entendendo que o alerta feito pelo jornal é válido, lembrando que algumas coisas antes consideradas nefastas se tornaram aceitas e até louváveis do ponto de vista cultural, fico do lado do deputado: o funk, em linhas gerais, é podre, pura apologia ao que não presta, de uma pobreza artística ímpar. Não dá para colocar a nona sinfonia de Beethoven ao lado de uma típica música de funk e simplesmente dizer que “tudo é arte”, pois dessa forma nada é arte. Se em algum dia o funk for se depurando e sobrar alguma coisa que preste, tudo bem: serei o primeiro a reconhecê-lo como traço cultural. Mas hoje não dá para fazer isso, não dá para repetir com Caetano que o funk é “lindo” e que Anitta tem muito talento. Essa postura é típica ou de elite www.manoelneves.com Página de 132 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA culpada da esquerda caviar ou de subversivo que tem em mente apenas o ataque a todos os valores morais caros à classe média burguesa. Que me perdoem os “esclarecidos sem preconceitos”, mas eu não consigo chamar funkeiro de artista. Tenho mais respeito pelo conceito de arte, que deve exigir mais dos seres humanos, sua busca pela transcendência, não pelo que há de pior e mais efêmero em nossas vidas. CONSTANTINO, Rodrigo. O funk é uma legítima manifestação cultural ou sinal da decadência de nossa era? Gazeta do povo, . Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/o-funk-e-uma-legitima-manifestacao-cultural-ou-sinal- da-decadencia-de-nossa-era/. Acesso em 15 dez. 2019. TEXTO 03 A mãe de uma adolescente de 17 anos ferida durante uma confusão após a ação da polícia militar na madrugada deste dominGo (1) em um baile funk na comunidade de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, disse que a jovem levou uma garrafada na cabeça e um golpe de cassetete nas costas dados por um policial. […] Segundo a mãe da vítima, a polícia preparou uma emboscada para os adolescentes que estavam no evento. […] A mãe continuou: “É uma rua com duas ou três saídas. Eles (os policiais) fecharam e coagiram. Atiraram com arma de fogo. Bateram com cassetete, foram (uso de) spray de pimenta. “Os policiais fecharam a rua. Teve corre-corre, pisoteamento de adolescente. Gás de pimenta, bala de borracha, e ainda estavam agredindo pessoas. Foi um policial que tacou garrafa de vidro na minha filha.” A adolescente descreveu o momento em que foi atingida. “Eu não sei o que aconteceu, só vi correria, e várias viaturas fecharam a agente. Minha amiga caiu, e eu abaixei para ajudá-la”, disse. “Quando me levantei, um policial me deu uma garrafada na cabeça. Os policiais falaram que era para colocar a mão na cabeça.” […] “Chegaram atirando em todo mundo. A gente estava no baile e primeiro veio a bomba. Começaram a cair as pessoas, passando mal, e a desmaiar, sendo pisoteadas. Ficamos encurralados. Não tinha para onde correr, para onde ir. Muita gente caindo já morta, a polícia atirou. Muitas pessoas tentavam salvar a própria vida. Vi muito sangue e escutei bastante barulho de tiro”, disse a jovem. A mãe definiu: “Foi meio tenso, a polícia queria saber se meu filho estava no baile funk. É uma guerra ao pobre. Se fosse nos Jardins (bairro de classe alta de SP), a coisa seria bem diferente. Até a forma da polícia abordar é diferente. O problema não é o funk, é a cultura da periferia, é o lazer”. “Foi uma emboscada da polícia”, diz mãe de adolescente ferida em Paraisópolis; PM diz que suspeitos atiraram. G1, 1 dez. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/12/01/foi-uma-emboscada-da-policia-diz-mae-de-adolescente-ferida- em-paraisopolis-pm-diz-que-suspeitos-atiraram.ghtml. Acesso em 15 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Criminalização do funk em debate no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 133 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 45 Lei de Incentivo à Cultura em debate no Brasil contemporâneo TEXTO 01 A Lei Rouanet foi criada em 1991, durante o Governo Fernando Collor, para que o Estado assumisse sua missão intrínseca de fomentar a cultura brasileira – que vivia uma fase especialmente cinzenta de sua existência, com uma produção nacional de filmes, por exemplo, que tendia a zero. Hoje, 25 anos depois de sua criação, a avaliação de especialistas da área é que ela e outras que seguem o seu modelo, como a Lei do Audiovisual (à qual aplicam os longas-metragens), cumpriram a sua tarefa: só em 2015, quase 6.000 projetos foram aprovados nos moldes da Rouanet e financiados com dinheiro de isenção fiscal (quase 4 bilhões de reais no mesmo ano). O Brasil engatou numa crescentecultural, a oferta na área disparou e a lei que nasceu a partir de estudos sobre outras leis nacionais de incentivo, como a francesa, se tornou o principal financiador da cultura do país. A Lei Rouanet há anos é alvo de polêmicas, com o questionamento público a projetos financiados, mas a polarização política da crise levou ela de vez para o centro da discussão. Esse peso ideológico se acentuou com a extinção (e posterior recriação) do Ministério da Cultura pelo presidente, Michel Temer. Para intensificar o debate, nas últimas semanas foi protocolado na Câmara dos Deputados o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar possíveis irregularidades na concessão de incentivos fiscais. Concordando com a lei ou não, há um ponto pacífico: é preciso elucidar do que estamos falando: O que é? www.manoelneves.com Página de 134 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA A Lei Federal de Incentivo à Cultura, de número 8.313, mais conhecida por Rouanet, foi criada em 1991 pelo diplomata e filósofo Sérgio Paulo Rouanet, que foi ministro de Collor. Ela estabelece que pessoas jurídicas e físicas podem doar parte de seu imposto de renda para apoiar projetos culturais (4% no caso das jurídicas, 6% no das físicas). A lei não permite, além do incentivo fiscal, recursos diretos do Governo federal. Como funciona? A Rouanet é uma lei de mecenato. Alguém ou alguma empresa com uma ideia de um projeto cultural pode formatá-lo em certos moldes específicos, com as informações devidas, e protocolá- lo em um sistema para que ele seja analisado por especialistas do Ministério da Cultura. Uma vez admitido e aprovado, esse projeto ganha um selo da Lei Rouanet e assim poderá ser apresentado a empresas ou pessoas interessadas em apoiá-lo doando parte de seu imposto. O dinheiro é do Estado, porque representa um imposto, mas quem decide seu destino é o pagador desse imposto – o mecenas. Pontos críticos A principal crítica à lei Rouanet é justamente essa: que ela dá o poder a uma empresa ou a uma pessoa que não necessariamente detém conhecimentos sobre arte e cultura (e também sobre a importância cultural ou artística de determinado projeto para a sociedade) de escolher o que apoiar. O ex-ministro da Cultura Juca Ferreira (PT), por exemplo, costumava dizer que “os departamentos de marketing das empresas terminam decidindo” que projetos verão a luz, muitas vezes guiados por interesses próprios, não nacionais. “É uma parceria público-privada em que o dinheiro é público e a decisão é privada”, resumiu. Nesse contexto, critica-se também que artistas famosos sejam frequentemente contemplados, em detrimento de outros menos conhecidos. O texto da lei não veta, no entanto, que isso aconteça. Porém, se durante a análise a proposta for considerada de viabilidade comercial, o famoso pode ter seu projeto recusado. Mesmo assim, um projeto aprovado pela Rouanet pode dar lucro, já que a lei possui dois mecanismos para isso. Um terceiro mecanismo, o Fundo Nacional de Cultura, serviria para estimular aquelas atividades não rentáveis num contexto de mercado, e a possibilidade de atrair investimento privado na forma de patrocínio. Critica-se, também, a centralização de recursos no eixo Rio-São Paulo, que aparece com o maior número de projetos aprovados. Polarização política Em meio à crise política e a tentativa de fechamento do MinC por Temer, políticos e cidadãos comuns, críticos ao Governo de Lula e Dilma, intensificaram suas críticas à Lei Rouanet, afirmando que essa seria mais “uma maneira de gente de esquerda mamar nas tetas do Governo”. O Governo Temer não tem endossado a crítica geral ao mecanismo. O ministro interino da Cultura, Marcelo Calero, disse, durante a primeira coletiva como titular da pasta, que a a Lei Rouanet estava sendo “satanizada”. Lei Rouanet explicada. El País, 29 jun. 2016. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2016/06/29/cultura/ 1467151863_473583.html. Acesso em 19 dez. 2019. TEXTO 02 Principal fonte de financiamento da cultura brasileira, a Lei Rouanet é alvo de críticas por autorizar incentivos fiscais a artistas populares e produções com potencial lucrativo, e também www.manoelneves.com Página de 135 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA por concentrar os investimentos na região Sudeste do país. Para especialistas entrevistados pelo R7, ajustes na lei resolveriam as polêmicas e tornariam mais justa a divisão de recursos na área da cultura. Além de instituições, festivais e exposições culturais, que estão entre os maiores captadores via Lei Rouanet, grandes musicais e artistas reconhecidos também levantam recursos para seus projetos por meio da isenção fiscal — o governo deixa de receber de grandes empresas uma pequena parte do imposto de renda, em troca do investimento em projetos culturais. […] O advogado Samir Selman Jr., especialista em direitos artísticos e proprietário de uma empresa que trabalha com projetos de pequeno porte na Lei Rouanet, defende uma revisão dos investimentos para artistas considerados populares. Na sua opinião, a solução seria reduzir o valor de teto dos projetos e igualar o cachê artístico, “sem distinção entre artista grande da MPB e um músico instrumental”. “Você não pode dizer para o artista grande que ele não vai usar a Lei Rouanet, porque todos têm oportunidade [de usar]. Mas se diminuírem o teto do cachê e o valor dos projetos, o artista que não precisa disso vai ficar desestimulado. Qualquer um poderá se beneficiar, mas terá que se submeter a um pagamento máximo, aí você acaba com projetos duvidosos”, afirma Selman Jr. […] Outra crítica à Lei Rouanet trata da concentração de recursos no Sudeste do país. Desde 2010, quando o montante captado via Lei Rouanet foi de R$ 1,2 bilhão em média, a região concentra entre 77% e 80% dos investimentos. Nesse caso, parte da explicação é fiscal. Como a lei só permite a isenção por meio do imposto de renda, e como a região Sudeste é a que mais contribui, naturalmente os investimentos seriam concentrados nessa região. No entanto, há uma regra da Rouanet que limita o número de empresas investidoras: apenas as companhias sob regime de lucro real podem fazer investimentos. “Esse mecanismo afunila os investimentos, porque a lei diz que apenas grandes empresas podem investir", afirma Menezes. “A grande maioria das empresas no Norte e no Nordeste pagam pelo lucro presumido. Então, quando se criou a lei, era sabido que era concentrador e que iria beneficiar mais a região onde as grandes empresas estão instaladas”, explica. Para equalizar essa questão, Sérgio Paulo Rouanet também pensou em outro mecanismo para tornar mais justa a distribuição de recursos para a cultura. Trata-se do FNC (Fundo Nacional da Cultura), que foi pensado para projetos com menor atratividade do ponto de vista empresarial. Até 2003, os recursos liberados via incentivo fiscal e por meio do FNC eram semelhantes, de acordo com o ex-secretário de Fomento do MinC. Desde então o fundo perdeu espaço, após sucessivos cortes no orçamento do ministério, enquanto a isenção fiscal ficou mais robusta. “Até 2003 você tinha um certo equilíbrio. Eram cerca de R$ 300 milhões para investimentos dos empresários e R$ 300 milhões para projetos sem capacidade de sedução. Hoje é liberado R$ 1,3 bilhão por meio de incentivo, enquanto o FNC não chega a R$ 50 milhões. O fundo, que resolveria em parte a concentração existente no centro-sul do país, perdeu a função”, diz Menezes. "Se a gente permitisse que a fonte de financiamento também viesse das empresas sob lucro presumido, você teria uma distribuição bacanérrima no Brasil todo", diz o ex-secretário de Fomento e Incentivo do MinC, setor responsável justamente pela Lei Rouanet. Quando esteve à www.manoelneves.com Página de 136 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA frente da secretaria, ele tentou a alteração, mas foi impedido pela Receita Federal, que temia alta na renúncia fiscal, o que significariaperda de arrecadação. "Eles nunca aceitaram, sempre barraram. Mas o que a gente propunha não era aumentar a renúncia, mas dividir em mais empresas, porque na hora que você fizer isso você vai ter dono de padaria financiando grupo de teatro da cidade dele com R$ 500 por mês", explica Menezes. Em nota ao R7, a assessoria de imprensa do MinC informou que editou a Instrução Normativa nº 5, de dezembro de 2017, com "medidas de desconcentração". "Foi estabelecido aumento de 50% no valor limite de projetos integralmente executados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e de 25% para a região Sul, Minas Gerais e Espírito Santo. Também houve aumento nos valores admitidos para remuneração dos responsáveis por fazer a captação de recursos dos projetos. O limite é de 10% do valor do projeto, mas sobe para 15% nas regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste e 12,5% na região Sul e em Minas e no Espírito Santo", informa a nota. Ajusestes na Lei Rouanet resolveriam polêmicas, dizem especialistas. Notícias R7, 9 nov. 2018. Disponível em: https:// noticias.r7.com/brasil/ajustes-na-lei-rouanet-resolveriam-polemicas-dizem-especialistas-03122018. Acesso em 15 dez. 2019. TEXTO 03 Após o presidente criticar produções audiovisuais de temática LGBT pré-selecionadas em um edital para TVs públicas, o governo decidiu suspender o processo de seleção das obras. A portaria que veta o edital foi assinada pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra e publicada no Diário Oficial da União (DOU) na manhã desta quarta-feira (21). Segundo a portaria publicada nesta quarta, o documento ficará suspenso pelo prazo de 180 dias, com a possibilidade de ser prorrogado pelo mesmo período. Decisão aponta como justificativa a “necessidade de recompor os membros do Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual (CGFSA)”. Ainda de acordo com a portaria, após a definição da nova composição do grupo, será “determinada a revisão dos critérios e diretrizes para a aplicação dos recursos do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), bem como que sejam avaliados os critérios de apresentação de propostas de projeto”. Assim que o resultado foi publicado, Bolsonaro publicou uma imagem da notícia do jornal “O globo” em sua conta no Instagram, mas sem legendas. “Certíssimo. Valorizou a família. Aprovado. Que comece a choradeira. Não somos obrigados a assistir a essa porcaria”, escreveu o deputado estadual Capitão Assumção (PSL), nos comentários. Outros seguidores também escreveram mensagens parabenizando a decisão do governo. Governo Bolsonaro cumpre promessa e suspende edital com filmes de temática LGBT. Huffpost Brasil, 21 ago. 2019. Disponível em: https://www.huffpostbrasil.com/entry/veto-filmes-lgbt-bolsonaro_br_5d5d612ce4b0d043dd7400a1. Acesso em: 15 dez. 2019. TEXTO 04 Nome próprio A expressão “Lei Rouanet” deixará de ser usada nas comunicações oficiais do governo. O dispositivo passará a ser divulgado apenas como “Lei Federal de Incentivo à Cultura”. O governo também lançou uma nova logomarca e um novo site para divulgar ações no âmbito da lei. Investimentos máximos www.manoelneves.com Página de 137 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Haverá diminuição dos investimentos máximos permitidos por projeto e por carteira (conjunto de projetos por empresa) por ano. O valor máximo por projeto caiu de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão. O máximo por carteira caiu de R$ 60 milhões para R$ 10 milhões. A ideia, segundo o ministro, é melhorar a distribuição dos recursos e estimular pequenos e médios produtores culturais. A nova regra tem exceções: ficam de fora projetos de restauração de patrimônio tombado e construção de cinemas em cidades pequenas, por exemplo. Feiras literárias, festas populares e datas comemorativas nacionais terão limite maior de R$ 6 milhões - no vídeo, o ministro cita como exemplos o Natal Luz de Gramado (RS) e o Festival Folclórico de Parintins (AM). Ingressos gratuitos A cota mínima de ingressos gratuitos, distribuídos a famílias de baixa renda, passa de 10% para 20 a 40% do total de entradas. A distribuição será feita em parceria com as prefeituras e os centros de assistência social - atualmente, são 8.292 centros em 5.547 cidades. Outros 10% dos ingressos deverão ser vendidos a preço popular (o valor passou de R$ 75 na regra anterior para até R$ 50). Fora do eixo A nova regra prevê medidas para descentralizar os projetos culturais do eixo Rio - São Paulo. Proponentes poderão dobrar o número de projetos inscritos em cidades historicamente pouco contempladas com iniciativas culturais. Nas regiões norte, nordeste e centro-oeste, a flexibilização é de 100%. Na região sul e em Minas Gerais e Espírito Santos, até 50%. Contrapartidas Como contrapartida de “formação e capacitação”, produtores, gestores culturais e artistas deverão promover ao menos uma ação cultural educativa relacionada a cada projeto incentivado, em colégios, comunidades ou outros lugares indicados pelas prefeituras. A proposta, segundo o ministro, é formar espectadores e estimular novos talentos. Por enquanto, não há detalhes dessas medidas. As 5 mudanças do governo Bolsonaro na Lei Rouanet. Nexo Jornal, 23 abr. 2019. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/ expresso/2019/04/23/As-5-mudanças-do-governo-Bolsonaro-na-Lei-Rouanet. Acesso em 15 dez. 2019. TEXTO 05 A Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados aprovou na segunda-feira, 4, uma proposta que permite a utilização da Lei Rouanet para eventos promovidos por igrejas. Hoje, a lei já reconhece como manifestação cultural a música gospel e os eventos a ela relacionados, exceto aqueles promovidos por igrejas. A proposta aprovada foi apresentada pelo deputado Vavá Martins (Republicanos-PA). O partido de Vavá é ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, comandada pelo bispo Edir Macedo. O projeto original pretendia incluir a música gospel promovida por igrejas como manifestação cultural passível de utilização dos mecanismos de fomento da Lei Rouanet. O texto de Vavá Martins ampliou a medida para qualquer tipo de música religiosa e eventos a ela relacionados, inclusive promovidos por igrejas. “Acreditamos que as igrejas também devem ser beneficiadas pelos mecanismos de fomento previstos na Lei de Incentivo à Cultura ou Lei Rouanet, reconhecendo o notável papel evangelizador que essas instituições religiosas cumprem”, disse Vavá Martins. www.manoelneves.com Página de 138 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA A proposta ainda precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e, se aprovada, poderá ir direto ao Senado. Mudança A aprovação da proposta na comissão ocorre no momento em que o governo avalia colocar um nome ligado aos evangélicos no comando da Secretaria Especial de Cultura, que foi transferida hoje do Ministério da Cidadania para o Ministério do Turismo. O órgão está sem titular desde quarta-feira, 7, quando o economista Ricardo Braga, que estava há dois meses na função, foi exonerado para assumir a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação. O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, confirmou ontem que um dos nomes que são avaliados pelo presidente Jair Bolsonaro para ocupar o cargo é o do ex-deputado federal Marcos Soares (DEM-RJ), filho do pastor R. R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus. Além de Marcos, o atual diretor do Centro de Artes Cênicas (Ceacen) da Funarte, Roberto Alvim, é cotado ao cargo. Proposta que permite usar Rouanet para financiar evento de igreja avança. Revista Exame, 7 nov. 2019. Disponível em: https:// exame.abril.com.br/brasil/proposta-que-permite-usar-rouanet-para-financiar-evento-de-igreja-avanca/. Acesso em: 15 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Lei de incentivo à cultura em debate no Brasil contemporâneo”.Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 46 O uso da água em debate no Brasil TEXTO 01 A água que você não vê. Conteúdos Educar. Disponível em: http://www.conteudoseducar.com.br/conteudos/arquivos/3919.pdf. Acesso em: 15 dez. 2019. www.manoelneves.com Página de 139 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEXTO 02 A ONU divulgou nesta terça-feira (24) um alerta mundial sobre os efeitos da escassez de água. Água para beber, água para comer, para produzir a comida, para higiene, limpeza. Água para trabalhar e para gerar energia para trabalhar. E se ela falta? O relatório das Nações Unidas, divulgado nesta terça-feira (24), alerta: muitos países estão perto de enfrentar situações de desespero e conflito por falta d’água. Isso seria uma barreira não só à saúde das populações, mas também ao crescimento econômico e à estabilidade política. Segundo os pesquisadores, daqui a apenas dez anos, 48 países não terão água suficiente para as suas populações. Isso atingiria quase três bilhões de pessoas. E até 2030, a demanda por água doce no planeta deverá ser 40% maior do que a oferta. O relatório destaca o desafio de administrar a oferta de água no meio de tantas mudanças climáticas. Mas também aponta como a corrupção é um enorme ralo de dinheiro que chega a absorver 30% do que poderia ser usado em projetos de abastecimento e saneamento básico. […] A ONU recomenda que a agricultura busque técnicas para usar menos água sem comprometer a produção. Que a geração de energia preserve a água e o meio-ambiente. Que os governos sejam rápidos e transparentes na busca de melhorias. ONU divulga alerta mundial sobre efeitos da escassez de água. G1, 01 fev. 2015. Disponível em: http://g1.globo.com/jornal-nacional/ noticia/2015/02/onu-divulga-alerta-mundial-sobre-efeitos-da-escassez-de-agua.html. Acesso em: 15 dez. 2019. www.manoelneves.com Página de 140 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEXTO 03 Segurança hídrica “A água potável e segura e o saneamento adequado são fundamentais para a redução da pobreza, para o desenvolvimento sustentável”, enfatiza Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU até 2016. Estudos das entidades internacionais demonstram que o abastecimento de água e a disponibilidade de saneamento para cada pessoa deve ser contínuo e suficiente para usos pessoais e domésticos. Estes usos incluem água para beber, saneamento pessoal, lavagem de roupa, preparação de refeições e higiene pessoal e do lar. A OMS avalia que são necessários entre 50 a 100 litros de água por pessoa, por dia, para assegurar a satisfação das necessidades mais básicas e a minimização dos problemas de saúde. A organização recomenda, por exemplo, para uma mulher lactante que tenha uma atividade física, mesmo que moderada, a ingestão de 7,5 litros por dia. Mas a maior parte das pessoas que têm problemas de acesso a água limpa usa apenas cerca de cinco litros por dia, correspondentes a um décimo da quantidade média diária utilizada nos países ricos apenas para descarregar privadas, revelou o Relatório do Desenvolvimento Humano 2006 do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD), “A água para lá da escassez: Poder, pobreza e a crise mundial da água”. Direito humano à água Para a OMS a preservação do direito humano à água deve ser um fim em si mesmo e um meio de consubstanciar os direitos genéricos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e outros instrumentos com vínculo jurídico, inclusive o direito à vida, à educação, à saúde e a um alojamento adequado. A escassez e a luta pelo recurso natural em vários países levou a ONU a reforçar o tema “segurança hídrica” na agenda de debates do seu Conselho de Segurança. Em 1992, lançou o Dia Mundial da Água. A entidade também definiu alguns parâmetros básicos necessários à segurança hídrica, cujo conceito é: “Capacidade de uma população de salvaguardar o acesso sustentável a quantidades adequadas de água de qualidade para garantir meios de sobrevivência, o bem-estar humano, o desenvolvimento socioeconômico; para assegurar proteção contra poluição e desastres relacionados à água, e à preservação de ecossistemas em um clima de paz e estabilidade política”. Crise hídrica afeta milhões de pessoas no mundo e ameaça segurança alimentar. Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/consea/ comunicacao/noticias/2017/julho/crise-hidrica-afeta-milhoes-de-pessoas-no-mundo-eameaca-seguranca-alimentar. Acesso em: 15 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “O uso da água em debate no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEMA 47 Déficit habitacional no Brasil www.manoelneves.com Página de 141 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEXTO 01 O déficit habitacional refere-se à quantidade de famílias em condições de moradia inadequadas. Ou seja, que residem em construções que precisam ser inteiramente repostas, porque foram feitas com material precário e não duradouro; casos de coabitação – famílias que dividem uma mesma casa ou uma quantidade excessiva de pessoas no mesmo quarto; além do aluguel inadequado, quando uma família compromete mais de 30% da renda com aluguel. Isso quer dizer que o déficit corresponde ao número de residências que precisam ser construídas para que todas essas famílias sejam devidamente acomodadas. Déficit habitacional é de 80 mil. Gazeta On-line, 12 mar. 2015. Disponível em: https://www.gazetaonline.com.br/noticias/economia/ 2015/03/deficit-habitacional-e-de-80-mil-1013892680.html. Acesso em 15 dez. 2019. TEXTO 02 Lançado em 2009 para oferecer moradia para a população, o Programa Minha Casa, Minha Vida pouco contribuiu para reduzir o déficit habitacional, principalmente entre a população de baixa renda. Além da falta de moradias, existe também o déficit habitacional qualitativo (residências, próprias ou não, com carência de infraestrutura básica ou de regularização fundiária). Em 2014, de acordo com a Fundação João Pinheiro, havia 11,3 milhões de famílias morando em locais com falta de iluminação elétrica, rede geral de abastecimento de água, rede de esgotamento sanitário e coleta de resíduos sólidos. Os números são ainda mais alarmantes se vistos na perspectiva do número de pessoas que vivem nessa situação. O IBGE estima que cada família brasileira possua, em média, 3,3 pessoas. Dessa forma, em 2014, mais de 57 milhões de brasileiros viviam em condições inadequadas. Minha Casa, Minha Vida. Portal Dori, 21 fev. 2018. Disponível em: http://www.portaldori.com.br/2018/02/21/minha-casa-minha-vida- nao-reduziu-deficit-habitacional-afirma-estudo/. Acesso em: 15 dez. 2019. TEXTO 03 O termo déficit habitacional é utilizado para se referir ao número de famílias que vivem em condições de moradia precárias. Esse déficit está associado às moradias que estão em risco, e que se necessita de uma nova construção, o que é diferente de moradias inadequadas, que estão associadas à qualidade de vida da pessoa no local, como a falta de água potável, recolhimento de esgoto, acesso à energia elétrica, telefonia fixa, recolhimento de lixo, entre outros fatores que interferem na qualidade de vida da população. O déficit habitacional se refere à necessidade física de novas moradias para a solução de problemas sociais e específicos de habitação, e é calculado a partir de quatro componentes, esses somados de forma em sequência para que haja uma compreensão dos parâmetros que envolvem a necessidade das novas habitações. O primeiro componente do déficit habitacional é em relação às habitações precárias, os domicílios precários, que consideram os domicílios rústicos e os domicílios improvisados. O segundo componente do déficithabitacional é a coabitação familiar, que considera os cômodos e a as famílias secundárias que convivem juntas e necessitam de novas moradias.O terceiro componente do déficit habitacional é o ônus excessivo do aluguel urbano, que corresponde às famílias urbanas que ganham como renda familiar até três salários mínimos, que vivem em moradias alugadas com valor de 30% de sua renda, ou seja, pagam cerca de 30% de sua renda no aluguel do imóvel. O quarto e último componente do déficit habitacional é o adensamento www.manoelneves.com Página de 142 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA excessivo em domicílios alugados, que corresponde aos domicílios alugados que tem mais de três moradores por dormitório. Déficit habitacional. InfoEscola. Disponível em: https://www.infoescola.com/geografia/deficit-habitacional/. Acesso em: 15 dez. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Déficit habitacional no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 143 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 48 Desafios dos povos indígenas do Brasil do século XXI TEXTO 01 Não se sabe com exatidão o número de indígenas que habitavam o Brasil antes da chegada dos colonizadores (1500), porém, estima-se que houvesse entre 4 e 5 milhões de índios em terras brasileiras. Esse número foi drasticamente reduzido em consequência dos massacres realizados pelos colonizadores e, posteriormente, os conflitos com fazendeiros e garimpeiros que invadiram terras indígenas. Conforme dados da Fundação Nacional do Índio (Funai) existem, atualmente, 460 mil índios residindo em aldeias no Brasil, correspondendo a 0,25% da população brasileira. São mais de 107 milhões de hectares (12% do território brasileiro) divididos em 656 diferentes áreas indígenas. No entanto, a população indígena no Brasil é maior, pois esses números não incluem os índios que residem em locais fora de aldeias, estima-se que esses somam cerca de 100 mil. A população indígena no Brasil. Disponível em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br. Acesso em: 15 mai. 2018. TEXTO 02 Está difícil evangelizar tribos indígenas, alerta Igreja de Bebedouro. Disponível em: http://adalagoas.com.br. Acesso em 15 mai. 2018. TEXTO 03 O índice é bastante superior à média nacional. Em 2007, foi de 65 indígenas por cada 100 mil habitantes, contra 4,7 pessoas a cada 100 mil em todo o Brasil. www.manoelneves.com Página de 144 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Estudiosos associam o alto número de suicídios entre as tribos à insuficiência de terras, à falta de perspectiva de ter territórios demarcados e ao confinamento em reservas indígenas. Os índices de homicídio também são alarmantes. Relatórios de violência do Cimi mostram que, nos últimos anos, o Mato Grosso do Sul vem liderando "o triste ranking de estado mais assassino de indígenas": "Os Guarani-Kaiowá são um povo que está sendo culturalmente e politicamente assassinado. Ora pela falta de vontade política do governo, ora por pistoleiros, a mando de fazendeiros", considera Flávio Machado. Na carta dos Pyelito Kue, eles afirmam que quatro pessoas da comunidade já foram mortas, duas por suicídio e duas "em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas". "Já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo, não acreditamos mais na Justiça Brasileira", afirma o documento. Carta sobre morte coletiva de índios gera comoção e incerteza. In.: BBC Brasil. Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/ noticias. Aceso em 15 mai. 2018. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Desafios dos povos indígenas no Brasil do século XXI”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 145 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 49 Evasão escolar no Brasil contemporâneo TEXTO 01 www.manoelneves.com Página de 146 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA Uma nova e preocupante evasão escolar. Revista Istoé, 2018. Disponível em: . Acesso em 14 out. 2018. TEXTO 02 Alguns principais fatores relevantes que contribuem para o alto índice de abandono. . Gravidez precoce (352%) . Necessidade de complementação de renda familiar (234%) . Desestruturação familiar (95%) . Defasagem (série/idade) (77%) . Gênero (20%) . Escolaridade dos pais (3,5%) São vários fatores e as mais diversas causas da evasão escolar ou infrequência do aluno. No entanto, levando em consideração os fatores determinantes da ocorrência do fenômeno, pode se classificá-las da seguinte maneira: . Escola; . Aluno; . Pais/Responsáveis e Social. PEREIRA, Michele Cezaretti. Evasão escolar: causas e desafios. In.: Revista Núcleo do Conhecimento. Disponível em: https:// www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/evasao-escolar. Acesso em: 13 out. 2019. TEXTO 03 Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Constituição Federal de 1988. Disponível em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988. Acesso em: 12 out. 2018. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Evasão escolar em debate no Brasil contemporâneo”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 147 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEMA 50 Caminhos para superar o analfabetismo funcional no Brasil TEXTO 01 Três em cada dez jovens e adultos de 15 a 64 anos no País - 29% do total, o equivalente a cerca de 38 milhões de pessoas - são considerados analfabetos funcionais. Esse grupo têm muita dificuldade de entender e se expressar por meio de letras e números em situações cotidianas, como fazer contas de uma pequena compra ou identificar as principais informações em um cartaz de vacinação. Há dez anos, a taxa de brasileiros nessa situação está estagnada, como mostram os dados do Indicador do Alfabetismo Funcional (Inaf) 2018. Três em cada 10 são analfabetos funcionais no Brasil, aponta estudo. Época Negócios, 2018. Disponível em: https:// epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2018/08/epoca-negocios-tres-em-cada-10-sao-analfabetos-funcionais-no-pais-aponta- estudo.html. Acesso em: 1 jun. 2019. TEXTO 02 Relatório recém-divulgado pela Varkey Foundation, entidade que atua na melhoria da profissão docente, expõe como os cidadãos enxergam o professor de seu país – se o valorizam ou não. Em uma escala de zero a 100, em que quanto mais alto o número, maior é o prestígio do professor, o Brasil fez dois pontos, o que o levou à última posição do ranking. A pesquisa Global Teacher Status Index 2018 foi feita em 35 países e abrangeu entrevistas com mil pessoas de 16 a 64 anos. […] Além do baixo prestígio, os educadores brasileiros foram considerados pouco respeitados pelos alunos. Entre os entrevistados, 91% concordam com essa afirmação. O diretor executivo do Instituto Singularidades, Miguel Thompson, acredita que falta uma política de Estado para a formação inicial do professor, pois a universalização da educação básica levou a um aumento do número de docentes. Essa expansão,contudo, não foi acompanhada de uma formação de qualidade, aponta. Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho de Administração do CENPEC (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), vai na mesma linha do diretor do Singularidades e ressalta que, diante do aumento de professores, o governo ainda diminuiu o salário dos docentes. “Tudo isso fez a educação se desvalorizar e a própria formação docente também. A ampliação do acesso deveria ter acontecido com qualidade. Esse é o nosso grande desafio como país: prover educação de qualidade para todos”, enfatiza. Tereza Perez, diretora presidente da Comunidade Educativa CEDAC, acrescenta que o “docente foi tratado por muito tempo como um executor, e não como uma pessoa que pensa, reflete, que tem ideias e conhecimentos”. Valorizá-lo, portanto, implica dar-lhe autonomia e melhores condições de trabalho. Brasil é o país que mais desvaloriza o professor. Revista de Ensino Superior, 2018. Disponível em: https:// revistaensinosuperior.com.br/brasil-desvaloriza-professor/. Acesso em 2 jun. 2019. www.manoelneves.com Página de 148 149 Manoel Neves 50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA TEXTO 03 O grupo de analfabetos funcionais reúne os analfabetos absolutos, que assinam o nome com dificuldade, mas conseguem eventualmente ver preços de produtos, conferir troco, ligar para um número de telefone e identificar um ônibus pelo nome; e os rudimentares, que só leem o suficiente para localizar informações explícitas em um texto curto, sabem somar dezenas, mas não conseguem identificar qual operação matemática é necessária para resolver um problema, por exemplo. De acordo com a pesquisa, entretanto, mesmo com suas dificuldades, os analfabetos funcionais são usuários frequentes das redes sociais. Entre eles, 86% usam WhatsApp, 72% são adeptos do Facebook e 31% têm conta no Instagram. […] Um dos reflexos do baixo nível de alfabetismo no contexto digital é que estas pessoas ficam mais vulneráveis à desinformação, especialmente memes, imagens manipuladas e usadas em contexto falso, segundo Christine Nyirjesy Bragale, vice-presidente de comunicação do The News Literacy Project. Como o analfabetismo funcional influencia a relação com as redes sociais. BBC Brasil, 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/ portuguese/brasil-46177957. Acesso em: 1 jun. 2019. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Caminhos para superar o analfabetismo funcional no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. www.manoelneves.com Página de 149 149 Manoel Neves