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E-book da Unidade - Psicopedagogia

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Unidade 2
Psicopedagogia 
Psicologia da 
Aprendizagem
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
RAQUEL ELISABETH DUMASZAK
AUTORIA
Raquel Elisabeth Dumaszak
Olá! Sou formada em Psicologia, na modalidade Bacharelado 
e Licenciatura, e desde então atuo com a Psicologia, Educação e 
Aprendizagem. Tenho interesse por assuntos que envolvem neurociências, 
comportamento e cognição, temáticas que seguí na pós-graduação. Fui 
convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores 
independentes e espero contribuir bastante com seu aprendizado teórico 
e profissional! Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento 
de uma nova 
competência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando necessária 
observações ou 
complementações 
para o seu 
conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas 
e links para 
aprofundamento do 
seu conhecimento;
REFLITA:
se houver a 
necessidade de 
chamar a atenção 
sobre algo a ser 
refletido ou discutido 
sobre;
ACESSE: 
se for preciso acessar 
um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de 
autoaprendizagem 
for aplicada;
TESTANDO:
quando uma 
competência for 
concluída e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Origem da Psicopedagogia .........................................................................10
Breve histórico da Psicopedagogia ................................................................................... 10
A Psicopedagogia brasileira .................................................................................................. 13
Concepções Teóricas da Psicopedagogia ..........................................16
Behaviorismo ...................................................................................................................................... 16
Humanismo ......................................................................................................................................... 17
Associacionismo .............................................................................................................................. 18
Construtivismo .................................................................................................................................. 19
A Psicanálise ...................................................................................................................................... 20
Psicopedagogia na prática .........................................................................23
Avaliação e Diagnóstico Psicopedagógico .................................................................25
A Avaliação Psicopedagógica ...........................................................................26
O Diagnóstico Psicopedagógico ......................................................................29
Atuação do Psicopedagogo no Mercado ............................................35
O Psicopedagogo Institucional: atuando na escola .............................................37
Intervenção Psicopedagógica na Instituição .......................................... 40
7
UNIDADE
02
Psicologia da Aprendizagem
8
INTRODUÇÃO
Caros Estudantes, 
Sejam muito bem-vindos a Unidade II. Na Unidade I vimos à origem da 
Psicologia como Ciência, suas ramificações, seus principais pensadores até 
chegarmos aos dias atuais.
Nessa Unidade falaremos sobre a história da Psicopedagogia, seus 
precursores e teóricos, veremos as práticas e os instrumentos que são utilizados 
nos atendimentos psicopedagógicos (institucional e clínico), além de vermos as 
diversas formas que o Psicopedagogo pode se inserir no mercado de trabalho.
 A Psicopedagogia é um campo de conhecimento transdisciplinar, que 
interage com inúmeras áreas e conhecimentos científicos, sendo eles: Filosofia, 
Sociologia, Neurologia. E as principais áreas que contribuíram, e ainda contribuem 
diretamente para a Psicopedagogia são a Educação e a Psicologia. 
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem do ser humano, em seus 
diferentes aspectos. A aprendizagem é um processo complexo, que é influenciado 
por diversas variáveis, como por exemplo: a família, o meio que o sujeito está 
inserido, aspectos físicos e biológicos. Desta forma a Psicopedagogia analisa e 
interfere no processo de aprendizagem, a fim de entender como ele funciona, 
quais são os seus obstáculos e o que fazer para superá-los. 
Podemos destacar dois enfoques de atuação psicopedagógica, o terapêutico 
e o preventivo. No enfoque preventivo a Psicopedagogia age no sentido de antecipar 
possíveis obstáculos para a aprendizagem, fazendo assim com que o processo flua 
de uma maneira melhor. No terapêutico, a dificuldade de aprendizagem já está 
aparente, os problemas já estão acontecendo. A Psicopedagogia age então no 
sentido de auxiliar o indivíduo a pensar em uma solução para tal dificuldade. 
A Psicopedagogia, como já foi dito, por ser uma área transdisciplinar, se 
insere em diferentes tipos de atuação. Podendo estar presente na escola, em 
hospitais, empresas, ONG’s e clínicas de atendimento a saúde de modo geral. A 
Psicopedagogia é uma área muito ampla e com atuações diversas na sociedade, 
ao longo desta unidade você vai mergulhar neste universo de conhecimento. 
Então, preparados? Vamos lá!
Psicologia da Aprendizagem
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no 
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término 
desta etapa de estudos:
1. Entender a origem da psicopedagogia, identificando seus 
principais marcos históricos. 
2. Definir os conceitos segundo as concepções teóricas da 
psicopedagogia. 
3. Aplicar as técnicas de avaliação e diagnóstico psicopedagógicos. 
4. Discernir sobre a atuação do psicopedagogo no mercado. 
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho! 
Psicologia da Aprendizagem
10
Origem da Psicopedagogia
A Psicopedagogia surgiu da necessidade de se entender mais e 
melhor sobre os problemas de aprendizagem. Ela tem se tornado uma área 
de conhecimento específico, que tem se difundido principalmente entre 
os profissionais da educação e da psicologia, que buscam sistematizar 
os conhecimentos não somente sobre as dificuldades de aprendizagem, 
mas também – e principalmente - sobre a importância e as nuances do 
processo de ensino e aprendizagem. Deste modo, a Psicopedagogia é 
um campo de conhecimento multidisciplinar, que atua em duas frentes: a 
preventiva e a “curativa”. 
Ao longo desta aula iremos discorrer sobre a relevância desse 
saber, mostrando o cenário atual deste setor e como é a atuação de seus 
profissionais no mercado de trabalho. Dúvidas? Não se preocupe. Recorra 
ao fórum de dúvidas e discussões para socializar o seu conhecimento 
e esclarecer todas as suas dúvidas. Depois, desenvolva as atividades 
e questões sugeridas. Nós estaremos à sua disposição em caso de 
dificuldades!
Breve histórico da Psicopedagogia
Em meados do século XIX, surgiram na Europa os primeiros estudos 
sobre a criança que não aprendia. Janine Mery, psicopedagoga francesa, 
aponta este século como aquele em que teve início o interesse por 
compreender e atender portadores de deficiências sensoriais, debilidade 
mental e outros problemas que poderiam comprometer a aprendizagem. 
Jean Itard, médicofrancês (1774-1838) estudou sobre a percepção e o 
retardo mental. E a partir daí foram surgindo outros pesquisadores e 
estudiosos como Johann H. Pestalozzi (1746-1827) educador suíço, Jacob. 
R. Pereire, educador francês e Édouard Seguin (1812-1880), médico e 
educador francês. Estes educadores foram pioneiros no tratamento das 
dificuldades de aprendizagem, contudo, eles se preocupavam com as 
deficiências sensoriais e debilidades mentais. 
Psicologia da Aprendizagem
11
Figura 1
Fonte: Wikicommons
Na Europa do séc. XX, tínhamos o avanço do capitalismo, avanços 
científicos e uma expansão nas concepções teóricas que buscavam 
justificar as desigualdades sociais, e aqui os primeiros problemas de 
aprendizagem foram verificados. 
Em meio a isso, surge na França, além da psicopedagoga Janine Mery, 
também George Mauco (1899-1988), que foram pioneiros em utilizar esse 
termo – Psicopedagogia – para caracterizar uma ação terapêutica. Mauco 
foi o fundador, juntamente com J. Boutonier, do primeiro Centro Médico-
psicopedagógico na França, em 1946. Este Centro Psicopedagógico 
tinha como finalidade tratar crianças com comportamentos inadequados 
socialmente, com o objetivo de adaptá-los. 
Segundo Mery a pedagogia curativa que era exercida na França, era 
um método que favorecia a readaptação pedagógica do aluno, auxiliando 
na aquisição de conhecimento científico e também no desenvolvimento 
pessoal. E isso é o que está no cerne daquilo que hoje chamamos de 
Psicopedagogia. 
Psicologia da Aprendizagem
12
Na América do Sul, a psicopedagogia teve destaque na Argentina, 
tendo suas ideias pautadas na literatura francesa. Os estudos argentinos 
foram marcados pelos autores franceses, como: Lacan (1901-1981) e 
sua Psicanálise Estruturalista; Maud Mannoni (1923-1998), fundadora da 
Escola Experimental de Bonneuil-Sur-Marne; Françoise Dolto (1908-
1988), especialista em distúrbios da psicomotricidade e da linguagem; 
Janine Mery,ainda viva, que considera o pedagógico e o psicológico no 
tratamento de distúrbios de aprendizagem; Michel Lobrot, pedagogo, 
psicopedagogo e teórico dos efeitos da autoridade na educação; e 
outros mais que foram importantes na fundamentação desse campo de 
conhecimento.
A graduação de Psicopedagogia, na Argentina, surgiu em meados 
da década de 50, na Universidade de Buenos Aires, junto à escola 
de Psicologia, e tinha como eixo central de formação as práticas da 
docência, assistência e investigação. Mais tarde, na década de 70, 
com a criação dos Centros de Saúde Mental, houve uma mudança, “os 
psicopedagogos começam a incluir no seu trabalho o olhar e a escuta da 
Psicanálise” (BOSSA, 2000). Assim, passou-se a valorizar a área clínica da 
Psicopedagogia, incluindo o diagnóstico e tratamento das crianças que 
não aprendem.
Na prática do psicopedagogo argentino está presentes uma série 
de testes, como por exemplo: as provas de inteligência (Wisc), as provas 
de nível de pensamento (Piaget), a avaliação do nível pedagógico (Eoca), 
a avaliação perceptomotora (teste Bender), os testes projetivos (CAT, 
TAT, desenho da família, desenho da figura humana e HTP), os testes 
psicomotores (provas de estruturas rítmicas e o teste da lateralidade) e o 
jogo psicopedagógico (objetos lúdicos). Isso difere muito da atuação no 
Brasil, pois a utilização de muitos destes testes somente é permitida para 
psicólogos.
A Psicopedagogia argentina é definida então como:
“uma disciplina na qual encontramos a confluência do 
psicólogo, a subjetividade, os seres humanos enquanto 
tais, como educacional, atividade especificamente 
humana, social e cultural, implica uma síntese: os seres 
Psicologia da Aprendizagem
13
humanos, seu mundo psíquico individual e grupal, em 
relação à aprendizagem e aos sistemas e processos 
educativos”. (Muller apud Bossa, 2007).
A Psicopedagogia Argentina influenciou fortemente a 
Psicopedagogia no Brasil. Os teóricos que se destacam são: Jorge Visca 
(1935-2000) com sua Epistemologia Convergente; Emília Ferreiro, com 
seus estudos sobre o processo de alfabetização. Sara Pain, através de 
seus estudos que diferenciam os problemas de aprendizagem dos 
problemas das instituições e Alícia Fernández (1946-2015), que introduz 
a escuta e o olhar psicanalítico nos atendimentos psicopedagógicos 
(escuta psicopedagógica).
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar na história da Psicopedagogia, 
então recomendamos a leitura de: BOSSA, Nadia A. A 
Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 
RS, Artmed, 2007.
A Psicopedagogia brasileira 
 Como já vimos, no Brasil, a psicopedagogia tem forte influência 
das ideias argentinas, pela proximidade geográfica e também pelo fácil 
acesso à literatura. 
A Psicopedagogia no Brasil pode ser dividida em três momentos 
históricos. O primeiro, meados da década de 60, a maneira de se pensar 
sobre os distúrbios de aprendizagem sofreu algumas transformações. 
Antes a criança era considerada inapta diante do sistema convencional de 
educação; a criança então era avaliada e encaminhada para um trabalho 
de reeducação, que se utilizava da repetição e treino de exercícios 
referentes à dificuldade de aprendizagem. Posteriormente levantaram-
se hipóteses de que essas dificuldades estavam relacionadas à carência 
cultural dos brasileiros; o aspecto orgânico foi somado a outros fatores, 
principalmente ao manejo inadequado das instituições.
Psicologia da Aprendizagem
14
O segundo momento, por volta das décadas de 70 e 80, a 
Psicopedagogia ampliou o seu objeto de estudo, ocupando-se com 
a compreensão mais generalizada da aprendizagem humana. Buscou 
então fundamentos em outras disciplinas como: a Psicanálise, a 
Psicologia Genética, a Linguística, a Neurologia, Sociologia e a Filosofia. A 
psicopedagogia passou então para além de prevenir possíveis desajustes 
na aprendizagem, otimizar os processos e produzir conhecimento. O 
indivíduo passou a ser inserido num contexto, e o olhar da psicopedagogia 
passou a considerar suas múltiplas dimensões: aspecto orgânico, aspecto 
subjetivo, aspecto sociocultural.
Na década de 70 surgiram os primeiros cursos de especialização em 
psicopedagogia, voltados para a formação complementar de psicólogos 
e educadores. Na década de 80, começou-se a disseminar teorias sobre o 
problema de aprendizagem escolar, que passou a ser chamado também 
de “problema de ensinagem”. 
Em Porto Alegre – RS, profissionais organizaram um centro de 
estudos de psicopedagogia; e em 1970, iniciaram os cursos de formação 
na Clínica Médico – Pedagógica com duração de dois anos. 
Em 1984 foi realizado em São Paulo o primeiro encontro de 
Psicopedagogia, com a presença de Clarissa Golbert e Sonia Kiguel. A 
partir deste evento criou-se um grupo de estudos de Psicopedagogia, 
que mais tarde se tornaria a Associação de Psicopedagogos de SP, e 
posteriormente a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). A 
criação da associação foi um marco para a institucionalização da profissão 
de psicopedagogo no Brasil. 
ACESSE:
Conheça o site da Associação. Lá tem várias informações 
sobre eventos, documentos, publicações e novidades 
referentes à psicopedagogia. www.abpp.com.br
Em 1979 foi criado o primeiro Curso de Psicopedagogia no Instituto 
Sedes Sapientiae em SP, como objetivo de valorizar a ação do educador. 
Psicologia da Aprendizagem
www.abpp.com.br
15
Começou com o tema da reeducação em Psicopedagogia, depois 
assumiu um caráter terapêutico; discutindo também sobre o papel do 
psicopedagogo e a sua identidade profissional, e assim as mudanças 
continuam refletindo sobre a prática psicopedagógica. A formação em 
psicopedagogia atualmente se dá por meio de cursos de graduação e 
de pós-graduação em institutos de ensino superior espelhados pelo país.
A atividade de Psicopedagogia somente foi regulamentada no 
Brasil em 2014, após anos de tramitação no congresso. Pelo texto do 
PLC 31/2010, podem exerceressas atividades profissionais que possuam 
diploma de graduação em Psicopedagogia, ou profissionais Psicólogos, 
Pedagogos ou Licenciados e Fonoaudiólogos que tenham concluído 
curso de especialização em Psicopedagogia. Fonte: Senado
O terceiro momento, ainda muito ligado ao segundo, tem como 
foco o processo de construção do sujeito. Sujeito esse que pensa, sente, 
se relaciona e tem uma história; ou seja, um sujeito pluridimensional. 
Assim, entendemos que a psicopedagogia brasileira ainda é um campo 
em construção, em busca de uma identidade formal; mas que nem por 
isso é menos estruturada que qualquer outro campo de saber.
Psicologia da Aprendizagem
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2014/02/05/senadores-aprovam-regulamentacao-da-profissao-de-psicopedagogo
16
Concepções Teóricas da Psicopedagogia 
Desde o surgimento da Psicopedagogia, incontáveis abordagens 
teóricas contribuíram para a construção de um saber sobre os processos 
de aprendizagem e suas dificuldades. A Psicopedagogia é um campo de 
saber interdisciplinar. Suas concepções teóricas têm como fonte principal 
a Educação e a Psicologia. 
Nos anos 60 e 70 as teorias mais utilizadas na Psicopedagogia eram 
o Behaviorismo e o Humanismo. Vejamos a seguir.
Behaviorismo
Figura 2: John B. Watson
Fonte: Wikicommons
No Behaviorismo temos o ensino tradicional, em que o estimulo 
da criticidade e da reflexão eram basicamente nulos. O professor era 
reconhecido como um instrutor, numa relação vertical com o aluno. O 
Psicologia da Aprendizagem
17
psicólogo norte americano Jonh B.Watson (1878-1958), que era um 
dos importantes teóricos dessa corrente, afirmava que monitorando 
e controlando os estímulos corretos de uma criança, ao longo do seu 
crescimento, poderíamos transformá-la no que quiséssemos. Ou seja, 
a aprendizagem era entendida como um processo externo, que se 
concretizava na equação estímulo-resposta, e controlando as variáveis do 
meio externo, teríamos controle sobre a aprendizagem.
ACESSE:
BEHAVIORISMO (1): METODOLÓGICO E RADICAL, 
Disponível clicando aqui.
Humanismo
Figura 3: Carl Rogers
Fonte: Wikicommons
O humanismo teve como seu principal representante foi o 
psicólogo estadunidense Carl Rogers (1902-1987). Nesta teoria era 
valorizada a criatividade do aluno, sua liberdade, com o objetivo de 
favorecer a aprendizagem. O professor é considerado aqui um facilitador 
desse processo, devendo aguardar que seus alunos assumam o controle 
Psicologia da Aprendizagem
https://youtu.be/ipHFpXAgjiA
18
sobre as suas ações em direção a aprendizagem. Rogers afirmava que, o 
indivíduo é responsável pela capacidade de mudança; e que o importante 
não é aprender certos conteúdos, mas sim sua autorrealização e o 
aprender a aprender.
SAIBA MAIS:
Sobre a terapia não diretiva de Carl Rogers e a tarefa do 
professor como facilitador do aprendizado em: Carl Rogers, 
um psicólogo a serviço do estudante. Clique aqui para acessar.
Na história mais recente da Psicopedagogia, observa-se que existem 
três teorias que são discutidas. Que são: a Psicanálise, o Associacionismo, 
e o Construtivismo. 
Associacionismo
O principal representante do associacionismo foi Edward Thorndike 
(1874-1949). Para esta teoria a aprendizagem se dá por um processo de 
associação de ideias, do mais simples para o mais complexo. Assim o 
ensino é mais tecnicista, não priorizando as funções cognitivas. Os 
conteúdos são aplicados sequencialmente para que o aluno siga um 
raciocínio até chegar à resposta correta.
SAIBA MAIS:
Você sabia que a origem do associacionismo remonta 
de longa data? Saiba mais, lendo: Como surgiu o 
associacionismo, clicando aqui.
Psicologia da Aprendizagem
https://novaescola.org.br/conteudo/1453/carl-rogers-um-psicologo-a-servico-do-estudante
https://filosofarhiliete.blogspot.com/2011/09/como-surgiu-o-associacionismo.html
19
Construtivismo
Figura 4: Jean William Fritz Piaget
Fonte: Wikicommons
Como alternativa ao associacionismo, surgiu então o construtivismo. 
Esta teoria não beneficia somente os conteúdos, mas também a construção 
do conhecimento, valorizando as interações feitas no processo.
O Construtivismo é inspirado pelos estudos de Jean Piaget, 
teórico suíço que representa essa abordagem. Ele acredita que a criança 
precisa assimilar o conhecimento para depois acomodá-lo ou não. Cada 
conhecimento que é acomodado leva o sujeito a alcançar a adaptação e 
a organização de todo conhecimento novo. A aprendizagem acontece 
em cada procedimento, não privilegiando nem o início nem o fim do 
processo, mas cada passo. 
Piaget propôs quatro estágios de desenvolvimento da infância: 
Período Sensoriomotor (0-2 anos), Período Pré-Operacional (2-7 anos). 
Período Operacional de Concreto (7-11), Período Operacional Formal (11 e 
mais, até cerca de 19 anos).
Psicologia da Aprendizagem
20
SAIBA MAIS:
Desenvolvimento Infantil: O Que é? Conheça as 4 Fases de 
Jean Piaget. Clique aqui para acessar.
A Psicanálise
A Psicanálise surgiu no início do século XX, através dos estudos 
do médico neurologista austríaco, Sigmund Freud (1856-1939). Embora o 
objeto da Psicanálise não seja a Educação, ela também contribui para 
o arcabouço teórico da Psicopedagogia. Melanie Klein (1882-1960), 
psicanalista austríaca e seguidora de Freud, sugere que sempre haverá 
um objeto a ser conhecido e alguém que impulsiona para o conhecimento; 
e que o vínculo afetivo é como uma ponte, estabelecendo conexões para 
que tanto o emocional quanto o intelectual se desenvolvam. 
Figura 5: Melanie Klein em 1952
Fonte: Wikicommons
Percebemos que o arcabouço teórico se organizou principalmente 
a partir de teorias como a Psicanálise e Psicologia Genética.
Psicologia da Aprendizagem
https://www.opas.org.br/desenvolvimento-infantil-o-que-e-e-as-4-fases-de-jean-piaget/
21
Já vimos que autores como Sara Paín, Jorge Visca e Alicia Fernandez, 
foram pioneiros na criação de um modelo de diagnóstico e intervenção 
psicopedagógica. De acordo com Fernandez, para fazer o diagnóstico é 
importante entender como a criança aprende em diferentes contextos, 
seja na família ou no mundo externo. É preciso então, adentrar o mundo 
desse sujeito, compreendendo como ele vê o mundo. 
NOTA:
Para que isso ocorra precisamos nos atentar a três 
estruturas: a biológica, a psíquica e a mental. Nessas 
estruturas destacaremos três teóricos da Psicologia que 
fazem parte do referencial teórico da psicopedagogia.
A estrutura biológica se refere à maturação ou os danos do Sistema 
Nervoso Central – SNC. Em seus estudos Vygotsky apontava para a 
importância que a maturação tem nos processos de aprendizagem. Foi 
ele também que assinalou a noção de neuroplasticidade, possibilitando 
intervenções que podem reverter quadros, aparentemente, irreversíveis. 
Vygotsky afirmava que todo ser humano é capaz de aprender no seu tempo. 
A estrutura psíquica compreende os aspectos subjetivos do 
indivíduo. Destacamos aqui Sigmund Freud, que formulou a teoria do 
aparelho psíquico, que na primeira tópica é composto por: Consciente, 
Pré-Consciente e Inconsciente, que apontam para o funcionamento 
dinâmico do psiquismo; e na segunda tópica: ID, EGO e SUPEREGO, que 
são as suas diferentes instâncias. A teoria Freudiana até hoje é fortemente 
marcada pela descoberta do inconsciente e suas influências no cotidiano.
A estrutura mental é onde estão os processos mentais que 
serão utilizados para a construção de conhecimento. Destaque para 
Piaget, que descreveu os estágios do desenvolvimento cognitivo, que 
são: Sensório-motor, Pré-operatório, Operatório Concreto e Operatório 
Formal. O teórico dizia que o aprendizado de da por meio de desafios que 
geram desequilíbrios, e que depois geram equilíbrio novamente; assim 
sucessivamente até que se desenvolva o nível operatório formal. 
Psicologia da Aprendizagem
22
Também destacamos aqui os estudos da Psicologia Social de Pichon-
Rivière, da PsicologiaInstitucional de Bleger e da Análise Institucional 
de Lapassede, que impulsionaram os estudos da Psicopedagogia 
Institucional. 
São inúmeras teorias que influenciaram e ainda influenciam as 
concepções psicopedagógicas. Dado o seu caráter transdisciplinar 
devemos também reconhecer as áreas de conhecimento que foram e são 
responsáveis pela composição desse campo de saber. São elas: a Filosofia, 
a Neurologia, a Sociologia, a Linguística, a Psicologia, e principalmente a 
Educação.
Psicologia da Aprendizagem
23
Psicopedagogia na prática 
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, entendendo 
que tal aprendizagem ocorre de forma processual e contextualizada. Isso 
quer dizer que a Psicopedagogia entende que a aprendizagem envolve o 
sujeito como um todo: seus aspectos físico-biológicos, afetivo/emocionais 
e também sócio/culturais; sendo que estes aspectos se influenciam e são 
influenciados a todo o momento pelo meio que o sujeito está inserido. 
A partir disso, podemos fazer os seguintes questionamentos: 
Como se aprende? Como essa aprendizagem varia gradativamente e 
está condicionada por vários fatores? Como se produzem alterações na 
aprendizagem? Como reconhecê-las tratá-las e preveni-las? Não temos 
todas as respostas. Mas, disso se trata a prática e o objeto de estudo da 
psicopedagogia; compreender que esse objeto é um sujeito, complexo, 
que adquiri características específicas a depender da sua vivência e 
maneira de perceber o mundo. 
A aprendizagem está sempre relacionada com o sujeito que 
aprende o que ou quem ensina o meio que ocorre esse aprendizado. Isso 
significa que o psicopedagogo deve estar comprometido com qualquer 
tipo de aprendizado e de ensino, não somente o que é exercido na escola. 
Diante desse objeto de estudo a psicopedagogia há duas formas, 
principais, de atuação, seja no âmbito clínico ou institucional: a preventiva 
e a terapêutica. 
Na atuação preventiva, ele atua junto à equipe técnica envolvida 
no processo; os professores; familiares; comunidade; de vários modos. 
Destacamos aqui algumas formas de atuação de forma preventiva: 
 • Participar das dinâmicas das relações da comunidade educativa, 
com o objetivo de favorecer processos de integração e troca.
 • Promover reflexão e orientação metodológica, a fim de encontrar 
soluções mais acessíveis.
 • Realizar processos de orientação educacional, ocupacional, em 
grupo ou individualmente.
Psicologia da Aprendizagem
24
 • Proporcionar momentos de reflexão sobre o papel da escola para 
a comunidade.
 • Proporcionar reflexão sobre habilidades, princípios e estratégias 
que são importantes para a aprendizagem. 
 • Auxiliar a equipe escolar na determinação, escolha e elaboração 
dos objetivos educacionais, das estratégias de ensino e dos 
instrumentos de avaliação. 
Na prática terapêutica, entendemos que o psicopedagogo irá atuar 
principalmente com o sujeito ou instituição que demanda uma atenção 
específica. O enfoque terapêutico tem como premissa a identificação, 
análise, elaboração de uma metodologia diagnóstica e tratamento das 
dificuldades no processo de aprendizagem. 
Destacamos também algumas atividades na prática terapêutica, 
que são: 
 • Discutir, preparar e ajudar o professor no encaminhamento 
de alunos para atendimento psicopedagógico em grupo ou 
individualmente. 
 • Participar do diagnóstico de distúrbios de aprendizagem.
 • Atendimento clínico de demandas de transtornos e distúrbios de 
aprendizagem.
 • Auxiliar o professor a compreender o problema ou bloqueio do 
aluno, levando alternativas para a solução dos mesmos. 
A prática da psicopedagogia, seja preventiva ou terapêutica, deve 
ser pensada num enfoque transdisciplinar, analisando sempre as bases 
do processo de aprendizagem. Estas bases estão presentes na existência 
do homem, na sua constituição, no seu modo de aprender e/ou ensinar, 
nas diferenças e singularidades que existem. A transdisciplinaridade 
implica em um modo de entender o processo de aprendizagem como 
complexo plural, que considera as capacidades humanas, e suas diversas 
maneiras de elaborar, simbolizar, captar, crias, mostrar e expressar algum 
conhecimento. 
Psicologia da Aprendizagem
25
A Psicopedagogia lida com o processo de aprendizagem de 
forma completa, considerando todos os aspectos que o influenciam: 
físico/biológico, afetivo/emocional e sócio/cultural. Atuando diante 
desses aspectos de forma preventiva: se antecipando aos problemas de 
aprendizagem; ou de forma terapêutica: identificando, analisando e dando 
alternativas para a minimização das dificuldades de aprendizagem.
ACESSE:
Recomendamos que veja o vídeo da Psicopedagoga Nadia 
Bossa para aprofundar mais seu conhecimento sobre a 
Psicopedagogia. Clique aqui para assistir.
Avaliação e Diagnóstico Psicopedagógico 
O objeto da psicopedagogia é como temos afirmado, o processo 
de aprendizagem do sujeito em questão. Dito isto, entendemos que 
a sua prática se insere nesse contexto: levar aqueles que têm alguma 
dificuldade de aprendizagem por um caminho que os conduza a uma 
melhor execução desse processo, e também que resgate o prazer de 
adquirir novos conhecimentos. 
Há vários fatores que interferem na aprendizagem. Por isso a 
importância de identificar quais são esses fatores, para então poder 
minimizar a sua interferência nesse processo. Assim como existem várias 
dificuldades diferentes, há também várias formas de identificá-las, avaliá-
las, diagnosticá-las e de tratá-las. Cada psicopedagogo possui um estilo 
para fazer tal avaliação, de acordo com a sua formação, seus referenciais 
teóricos, sua forma de compreender o indivíduo. 
Apresentaremos aqui alguns aspectos da avaliação e diagnóstico 
psicopedagógico, mas de uma forma generalista. Lembrando sempre 
que este processo deve ser feito de forma ampla, considerando todas as 
dimensões do sujeito, auxiliando na busca por um caminho que o leve a 
desconstrução dos bloqueios e das dificuldades no aprendizado. 
Psicologia da Aprendizagem
https://youtu.be/YPCMnUr2RVE
26
Figura 6: Atendimento Psicopedagógico
Fonte: Freepik
A Avaliação Psicopedagógica 
A avaliação psicopedagógica é a forma de iniciar uma investigação 
dos componentes do processo de aprendizagem. Nela busca-se coletar 
dados e informações que servirão de base para fundamentar as decisões 
para prevenção ou solução dos problemas, dificuldades e bloqueios do 
sujeito. 
A avaliação é um processo dinâmico, que tem como objetivo 
entender a origem da dificuldade e/ou distúrbio apresentado na queixa. 
Ela inclui a entrevista inicial com os pais, com a criança e também com 
a escola; análise de material escolar; utilização de recursos como: testes, 
atividades e instrumentos de avaliação de desenvolvimento, áreas de 
competência e dificuldades apresentadas.
Psicologia da Aprendizagem
27
Algumas etapas da avaliação psicopedagógica: 
a. Identificação dos fatores responsáveis pelas dificuldades da criança.
b. Levantamento do repertório infantil relativo as habilidades 
acadêmicas e cognitivas. 
c. Identificação de características emocionais da criança. 
Na primeira etapa descrita, o psicopedagogo deve distinguir se 
trata de um transtorno de aprendizagem ou de uma dificuldade advinda 
por outros fatores (emocionais, cognitivos, sociais). São coletados 
dados referentes à dificuldade da criança, e investiga-se a existência de 
quadros neurológicos, psicológicos, psiquiátricos, condições familiares e 
ambiente escolar. Para que essa investigação tenha maior credibilidade, é 
necessária uma equipe multidisciplinar, com Psicólogos, Neuropediatras, 
Fonoaudiólogos e outros que sejam adequados ao caso; além de se ter 
uma boa parceria e cooperação com a escola. 
Na segunda etapa, é importante que o profissional tenha 
conhecimento sobre as habilidades que a criança já possui, ou que já 
teve a oportunidade de adquirir. Para isso, indica-se que seja feitoum 
levantamento do conteúdo acadêmico, da proposta pedagógica da 
escola que a criança está inserida; investigação da atenção, hábitos de 
estudo, solução de problemas, psicomotricidade, desenvolvimento da 
linguagem; avaliação de requisitos que facilitem a aprendizagem; padrões 
de raciocínio; déficits e preferências da criança. 
A terceira etapa envolve a investigação de estímulos e reforçadores 
ao qual a criança responde ou não. Além de entender qual a interação com 
as exigências e expectativas escolares e familiares que recaem sobre ela. 
Para que essas etapas sejam concluídas podem ser realizadas 
diversas atividades, tudo vai depender da forma com que o psicopedagogo 
vai conduzir o processo de avaliação e também da sua criatividade. Muitas 
vezes a queixa trazida pelos pais ou pela escola, já indica o caminho 
inicial para a investigação; além de indicar também a forma com que eles 
compreendem a dificuldade da criança e qual é o lugar que ela ocupa isso 
também é uma informação importante para a avaliação da queixa inicial.
Psicologia da Aprendizagem
28
Podem ser realizadas atividades matemáticas, provas de nível de 
pensamento e outras funções cognitivas, leitura, escrita, desenhos e 
jogos. Outros instrumentos que também podemos destacar são: escrita 
livre e dirigida, que avaliam a grafia, ortografia e produção de texto; leitura, 
que avalia a decodificação e compreensão; provas de avaliação de nível 
de pensamento e funções cognitivas como a atenção; cálculos; jogos 
simbólicos e jogos com regras; desenho e análise de grafismo. 
Há ainda outros recursos, como os testes psicométricos. Mas, no 
Brasil, estes são de uso exclusivo dos profissionais da psicologia. 
Depois de coletadas as informações e dados necessários, 
o psicopedagogo elabora uma intervenção que busca solucionar 
minimamente os problemas de aprendizagem. A avaliação também 
serve para reorganizar a vida escolar e doméstica da criança. A avaliação 
nada mais é do que a localização das dificuldades e o comprometimento 
com a sua superação. Esse comprometimento tem de partir de todos 
os envolvidos na questão: criança, família, escola, e profissional 
psicopedagogo. 
IMPORTANTE:
Ressaltamos que a avaliação deve ser um processo 
breve, e que o diagnóstico, em muitos casos, somente 
é concluído no decorrer do tratamento. Além disso, é 
importante dizer que, nem todos que se submetem 
a uma avaliação psicopedagógica, irão necessitar ou 
continuar num atendimento nessa área. As dificuldades 
avaliadas e identificadas durante o processo– salvo em 
casos de transtorno de aprendizagem, ou uma questão 
mais grave – podem se solucionar por outras vias, como 
por exemplo: um programa de assistência ao aluno na 
escola; encaminhamento para outro profissional (psicólogo, 
fonoaudiólogo, etc...).
A avaliação psicopedagógica irá fornecer informações importantes 
e necessárias em relação às dificuldades do aluno, bem como de seu 
contexto escolar, familiar e social. Com tais informações, justifica-se a real 
necessidade de intervir, gerando modificações na proposta educacional 
Psicologia da Aprendizagem
29
que a criança está inserida; no seu meio social; e nas suas funções 
cognitivas. Esta avaliação pode ou não dar início a um atendimento 
psicopedagógico, pois algumas dificuldades de aprendizagem podem 
ser solucionadas em outros contextos, como a escola, atendimentos 
psicológicos, assistência à família; daí a fundamental importância de se 
ter uma equipe multidisciplinar disponível no momento da avaliação.
ACESSE:
Nesse vídeo Nádia Bossa relata um caso de atendimento 
psicopedagógico no que se refere ao atendimento inicial, 
avaliação e processo diagnóstico. Clique aqui para assistir.
O Diagnóstico Psicopedagógico
Figura 7: Diagnóstico Psicopedagógico
Fonte: Freepik
Estabelecer um diagnóstico é uma tarefa difícil, para tanto é 
necessária à participação de uma equipe multidisciplinar e, também, a 
utilização de recursos variados, a fim de se fazer uma investigação e um 
levantamento de hipóteses que serão testadas ao longo do processo. 
Psicologia da Aprendizagem
https://youtu.be/KYh2PpXxY6E
30
Acreditamos que o diagnóstico não é um dado concreto e vitalício, mas 
é um conjunto de informações e dados referentes a um dado momento 
do sujeito. Isso significa dizer que, um diagnóstico deve ser revisto e 
atualizado periodicamente, não servindo de rótulo para essas crianças.
O diagnóstico psicopedagógico é uma investigação que abre os 
caminhos para uma intervenção mais precisa, dando início ao processo 
de superação das dificuldades. O objetivo do diagnóstico é entender 
qual o obstáculo no processo de aprendizagem, e quais são os caminhos 
para superá-lo. É uma forma de se analisar a situação do aluno, seja no 
contexto escolar, da sala de aula, familiar ou social.
Durante esse processo, é importante que o psicopedagogo 
esteja atento ao discurso, a postura, a atitude do paciente e também 
dos envolvidos com a queixa. Pois esses comportamentos dão dicas 
importantes a respeito das questões que devem ser avaliadas. Ter esse 
olhar e escuta atentos possibilita lançar mão das primeiras hipóteses 
sobre o indivíduo. Esses dados que chegam através da percepção do 
profissional, muitas vezes ultrapassam os dados relatados; cabe ao 
profissional buscar nas entrelinhas, na emoção e na elaboração do 
discurso, informações que estão implícitas e às vezes inconscientes.
O diagnóstico, para ser mais preciso, envolve ao menos três áreas 
profissionais: neurologia, psicopedagogia e psicologia. Estes campos de 
conhecimento possibilitam a identificação das causas do problema, além 
de descartar possíveis fatores que não são importantes ou hipóteses 
infundadas.
O objetivo é compreender de forma global a forma que o indivíduo 
aprende e quais os desvios que ocorrem durante o processo. Isso levará a 
um encaminhamento e prognóstico mais acertado para cada caso. 
Os dados obtidos em relação aos diferentes aspectos do indivíduo 
são organizados de forma particular e individualizados. Nesse momento 
o psicopedagogo deve interagir com as partes envolvidas na queixa e 
no processo de aprendizagem: aluno, família e escola. O diagnóstico 
deve ser um trabalho conjunto, onde os envolvidos participem de fato 
do processo. Ele não aponta somente para as manifestações aparentes 
Psicologia da Aprendizagem
31
das dificuldades escolares, mas implica numa investigação profunda, 
onde são identificadas questões que interferem no desenvolvimento do 
aluno, e sugerem-se atividades adequadas para compreensão e correção 
dessas dificuldades. 
É importante dizer que, o diagnóstico é tão relevante quanto o 
tratamento, devendo ser conduzido com muito cuidado, observando a 
criança e suas mudanças de comportamento. É necessário também que 
o profissional se atente para o significado do sintoma no âmbito familiar e 
escolar, não analisando apenas como um recorte.
O diagnóstico não pode ser considerado um momento estático. Ele 
deve ser visto como um momento transitório, uma fase a ser concluída 
entre a avaliação e a intervenção. Para isso deve seguir alguns princípios, 
como: análise do contexto e identificação do sintoma; análise de fatores 
coexistentes ao sintoma; bloqueio de ordem do conhecimento, de 
ordem da interação, da ordem do funcionamento e da estrutura; análise 
da origem do sintoma e suas causas históricas; diferenciação dos 
parâmetros aceitáveis de desenvolvimento; levantamento de hipóteses 
de confirmação futura; indicações e encaminhamentos. 
A hipótese diagnóstica não deve se fundamentar apenas nas 
dificuldades e problemas, mas indicar também, e principalmente, as 
potencialidades do indivíduo. Não somente as características e habilidades 
que o sujeito já possui que são importantes, mas também o que ainda 
está por se desenvolver, aquilo que o sujeito pode se tornar, deve ser tão 
ou mais valorizado. 
Ao pensar nos instrumentospara o diagnóstico, o psicopedagogo 
pode utilizar como recursos: a entrevista com a família, e com a escola; 
investigar o motivo da queixa; conhecer a história da criança, fazendo a 
anamnese; entrevistar o aluno, contatar a escola e outros profissionais; 
realizar encaminhamentos quando necessário. 
Como dissemos no tópico anterior, existem também os testes. 
Provas de inteligência (WISC), testes projetivos (HTP); avaliação 
perceptomotora (Teste de Bender); Teste de apercepção infantil (CAT), 
teste de apercepção temática (TAT). Mas estes são de uso exclusivo dos 
Psicologia da Aprendizagem
32
profissionais psicólogos, sendo necessária uma formação específica e o 
registro no conselho profissional para sua utilização. 
Mas o psicopedagogo pode utilizar de outros instrumentos, como 
as provas Piagetianas, desenhos, e testes que mencionam o nível de 
pensamento e de escolarização. Além de usar da criatividade para criar 
atividades que possibilitem as mesmas observações feitas nos testes. Ou, 
como já afirmamos também, ter disponível uma equipe multidisciplinar, 
para que se faça uma avaliação mais completa e segura. 
Os jogos, tanto os simbólicos quanto os jogos com regras, são 
importantes recursos também. Pois através deles o sujeito manifesta 
sua visão de mundo, seus mecanismos de defesa, e seus desejos. Nos 
jogos também podem ser simulados problemas reais e cotidianos, 
apresentando desafios e possibilitando observar como a criança age em 
determinadas situações. 
Elencamos aqui algumas etapas do diagnóstico psicopedagógico. 
Lembrando que, aqui estas etapas estão descritas de modo generalista; 
cada psicopedagogo atua de forma única e singular de acordo com as 
suas vivências, suas experiências e sua concepção teórica. 
Quadro 1. Etapas do diagnóstico psicopedagógico
Etapa Descrição
Entrevista familiar
Tem como objetivo compreender a queixa 
no âmbito da escola e da família. Entender 
as relações e expectativas referentes à 
aprendizagem escolar, e em relação ao 
psicopedagogo. Perceber o engajamento 
do paciente e da família no processo, e 
esclarecimento de possíveis dúvidas. 
Psicologia da Aprendizagem
33
Anamnese
Colher dados sobre a história do sujeito na 
família: história presente, passada e projeções 
para o futuro. Nesta etapa são levantados 
dados sobre as primeiras aprendizagens, 
desenvolvimento geral, histórico clínico, 
histórico familiar, e histórico escolar. É 
importante também descobrir em que medida 
a família possibilita o desenvolvimento 
cognitivo da criança. Nos aspectos gerais 
de desenvolvimento infantil (controle de 
esfíncteres, aquisição de hábitos, linguagem, 
etc...) é interessante saber se ocorreram na 
faixa normal de desenvolvimento ou se houve 
defasagem. Também é importante investigar 
a histórica clínica: doenças, como foram 
tratadas, possíveis sequelas, laudos e etc...; e 
também a história escolar: quando começou 
a frequentar a escola, como foi à adaptação, 
se houve rejeição ou entusiasmo, troca de 
escolas, enfim, tudo que envolva positiva ou 
negativamente o sujeito em questão. 
Sessões lúdicas
São fundamentais para entender todos os 
aspectos que já mencionamos anteriormente. 
Neste tipo de atendimento, observamos o 
sujeito como um todo, pois na brincadeira 
estão implicados o seu funcionamento 
cognitivo, motor e suas emoções.
Provas e testes 
Podem e são utilizados para especificar o 
nível pedagógico, cognitivo e/ou emocional. 
O seu uso não é obrigatório, mas é uma forma 
complementar que funciona estimulando e 
provocando variadas reações e respostas. 
Psicologia da Aprendizagem
34
Síntese diagnostica 
É a resposta mais direta a queixa inicial. É o 
momento em que a hipótese é formulada 
a partir da análise dos dados obtidos. É a 
síntese que aponta um prognóstico, uma 
indicação ou um possível encaminhamento. 
Devolução e 
encaminhamento
É o encerramento do processo de 
diagnóstico. Um encontro entre 
psicopedagogo, sujeito e família, que tem 
como objetivo relatar os resultados e dar 
o devido encaminhamento à questão. 
Procurando sanar dúvidas, afastando 
rótulos, e delegando responsabilidades 
aos envolvidos no processo. É importante 
ressaltar os pontos positivos do aluno, para 
que este se sinta valorizado e não inviabilize 
novas conquistas. Ao mencionar os aspectos 
negativos, que interferem na aprendizagem, 
devem ser mencionadas também as 
recomendações para sua superação. O 
encaminhamento para outros profissionais 
também pode ser feito neste momento. 
Fonte: MORAES, 2010
RESUMINDO:
O diagnóstico psicopedagógico é um processo de 
investigação. Consiste na coleta de dados sobre a 
criança em seus diversos aspectos, desde o seu 
desenvolvimento físico, motor, aquisição de linguagem, 
até o desenvolvimento no âmbito social e escolar; além 
de todas as relações que o cercam. Nesse processo de 
avaliação, encontramos algumas etapas, como: entrevistas 
com a família e escola, anamnese, sessões lúdicas, 
aplicação de testes, levantamento de hipóteses, e então o 
encaminhamento para o tratamento adequado, que pode 
ou não ser um atendimento psicopedagógico. É importante 
ter uma equipe de apoio que seja multidisciplinar, para 
que sejam descartadas hipóteses infundadas e seja uma 
avaliação mais assertiva. 
Psicologia da Aprendizagem
35
Atuação do Psicopedagogo no Mercado 
Mercado de trabalho é o nome que se dá a relação que existe entre 
a oferta de trabalho e a procura por trabalhadores; onde há negociação de 
preços, quantidades e serviços. Nesse campo estão incluídas, empresas 
públicas e privadas, de economia mista, pessoas físicas, e outros tipos de 
prestação de serviços.
A Psicopedagogia se insere no mercado de trabalho com 
basicamente duas formas de atuação: clínica e institucional. Essas duas 
formas podem se subdividir, atuando em diversos campos e ambientes.
A Psicopedagogia Clínica é o modo terapêutico de atuação. O 
profissional atende em um consultório, a fim de descobrir o porquê 
de o sujeito não aprender, para então iniciar um processo terapêutico, 
auxiliando na superação das suas dificuldades. Estes atendimentos são 
realizados normalmente em centros de saúde ou clínicas especializadas, 
de forma individual, podendo também ocorrer em grupo.
Neste tipo de atendimento clínico é mais comum a prática da 
avaliação e diagnóstico de transtornos de aprendizagem. Na avaliação 
psicopedagógica é feita a investigação da queixa e, indicam-se os 
caminhos para a intervenção. 
O psicopedagogo precisa estar atualizado com relação aos 
conhecimentos e pesquisas científicas da sua área. Bem como, dos 
manuais internacionais de diagnóstico, que são o CID-10 e o DMS-V. Estes 
manuais devem ser de conhecimento do psicopedagogo não apenas no 
que diz respeito aos transtornos de aprendizagem, mas também com 
relação às outras síndromes e transtornos que podem ser associados. A 
consulta dos manuais auxilia no estabelecimento de critérios e hipóteses 
diagnósticas mais precisas, além de favorecer a comunicação com outros 
profissionais de outras áreas. 
A Psicopedagogia institucional tem caráter preventivo, e pode 
se inserir em vários contextos: família, escola, hospital, empresas, 
organizações assistenciais, ONG’s, no setor público. O objetivo da 
atuação nesses contextos pode ser: analisar as relações interpessoais; 
Psicologia da Aprendizagem
36
os conhecimentos que circulam e como circulam; pensar alternativas 
para conflitos. Assim, por exemplo, no trabalho hospitalar, pode ser 
oferecido oficinas ou trabalhos lúdicos para os internos. Com as famílias 
pode ser oportuno um trabalho sobre a importância das funções materna 
e paterna, resgatando-se o papel educacional da família, hoje tão 
esquecido. Na escola, o psicopedagogo pode analisar a identidade da 
instituição, os papéis e as funções na dinâmica relacional, os conceitos de 
aprendizagem, ensino, inclusão; o diálogo com as famílias, etc...
Portanto,nesses diferentes contextos da escola, da empresa, da 
família, do hospital, para cada situação conflitiva diagnosticada pelo 
psicopedagogo, torna-se imprescindível pensar, planejar, pesquisar e 
executar, com o grupo envolvido, um plano de intervenção que possa 
ressignificar o que atrapalha o bem-estar. Nesse caso, o papel do 
psicopedagogo é o de facilitador, mediador, ou de auxiliador na busca 
por alternativas para determinada situação.
No artigo “Um olhar psicopedagógico sobre a velhice” os autores 
Bortolanza, Krakl e Biasus, fazem uma reflexão sobre o papel do 
psicopedagogo após experiências que tiveram junto a grupos de idosos. 
Os autores relatam que o papel do psicopedagogo nesses grupos é o 
de mediador na construção e reconstrução do conhecimento, interagindo 
com os idosos no sentido de superar as dificuldades tanto de aprendizagem 
como na dinâmica do grupo. Para isso é necessário transpor os conceitos 
e pré-conceitos existentes sobre a velhice, reconhecendo o seu valor, 
sua experiência e sabedoria, investindo nas potencialidades e no poder 
modificador do afeto. Os autores concluem afirmando que “deu-se início a 
uma ação-reflexão sobre o saber-fazer psicopedagógico junto ao idoso [...]. 
O psicopedagogo tem papel importante na inclusão do idoso nos grupos 
de convivência, facilitando a interação do mesmo com o conhecimento e 
com seus pares [...].” (BORTOLANZA, KRAHL, BIASUS, 2005)
Psicologia da Aprendizagem
37
O Psicopedagogo Institucional: atuando na escola 
Sabemos que quando se fala em Psicopedagogia, o primeiro 
campo de atuação que pensamos é a escola. Sem dúvidas que a escola 
é a instituição que mais requisita a presença do psicopedagogo, seja 
na sua forma de atuar clínica ou institucional. Neste momento, como já 
falamos bastante da prática clínica, avaliação, diagnóstico, recursos e 
outros aspectos; iremos agora destrinchar sobre a prática institucional, 
privilegiando a instituição escolar. 
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana em seus 
diversos aspectos: físico/biológico, afetivo/emocional, sócio/cultural. 
A Psicopedagogia Institucional é um campo que tem crescido 
e se desenvolvido com foco de ação preventiva aos problemas de 
aprendizagem. Mas é também vista como ameaçadora, pois tem como 
objetivo fortalecer a identidade do grupo e transformar a realidade escolar, 
e para que isso ocorram mudanças naquilo que já está estabelecido como 
cultura institucional. 
Bossa (2007) afirma que:
[...] pensar a escola à luz da Psicopedagogia, significa 
analisar um processo que inclui questões metodológicas, 
relacionais e socioculturais, englobando o ponto de vista 
de quem ensina e de quem aprende, abrangendo a 
participação da família e da sociedade.
IMPORTANTE:
A primeira coisa que o psicopedagogo pode e deve fazer 
numa instituição escolar é o diagnóstico institucional. 
Observando as características organizacionais, a história 
da escola e a cultura institucional. O psicopedagogo deve 
conhecer os documentos que regem a escolar e que dão 
o perfil de identificação para a unidade escolar. Exemplos 
desses documentos são o regimento escolar e o Projeto 
Político Pedagógico – PPP. O PPP é um documento 
obrigatório, e pode ser considerado o coração da escola. É 
ele que comanda a energia e a vida da escola.
Psicologia da Aprendizagem
38
É um documento que deve ser elaborado, preferencialmente, 
com a participação de toda a equipe escolar; mas sabemos que juntar 
pensamentos e ideias diferentes para a construção de um documento 
é difícil. Por isso algumas equipes gestoras, acabam contratando uma 
consultoria de fora para a elaboração do documento, ou acabam por 
construí-lo sozinhas. Mas os professores precisam conhecê-lo; para 
entender a história e os fundamentos da escola, e também para saber 
com o que estão concordando, já que todos assinam o documento. 
O psicopedagogo na instituição vai questionar. Questionar 
basicamente tudo e todos os aspectos da instituição. Começando pela 
gestão da escola. Se existe democracia como flui as relações de trabalho, 
são aspectos que o psicopedagogo institucional deve observar. A cultura 
da instituição é uma rede de comportamentos, e o psicopedagogo é 
chamado, normalmente, quando algo nesta rede não está funcionando. 
Assim, o processo de diagnóstico institucional serve para viabilizar 
caminhos e propor mudanças organizacionais. Mudanças estas que 
podem ser entendidas de forma positiva ou negativa. 
O psicopedagogo é chamado para entender, qual o motivo de a 
rede de comportamentos e de relações dentro da empresa não estar 
funcionando na sua melhor forma. O desafio do psicopedagogo é mobilizar 
a equipe para refletir sobre as suas ações, e entender que é preciso que 
haja esse movimento, para que a mudança possa ocorrer. 
Em qualquer instituição, e na escola não é diferente, existem 
algumas manifestações de comportamento que são identificadas e 
retratam o ambiente institucional. As manifestações verbais e conceituais, 
que são: os heróis e os mitos, ou seja, algo ou alguém que pode ser bom 
ou ruim e que é de certa forma inatingível. E as narrativas, que marcam 
o ambiente escolar, ditando os comportamentos e as regras implícitas. 
Na observação da instituição, o psicopedagogo deve identificar essas 
crenças e narrativas, e no decorrer do processo saber lidar com elas. 
Um exemplo dessas manifestações: quando alguém chega até 
o psicopedagogo e afirma que “quando for falar com o diretor, deve ir 
bem preparado”. Observamos aqui o mito – o diretor, e a narrativa – uma 
advertência. 
Psicologia da Aprendizagem
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Quando alguém está na posição de mito ou de herói a atuação 
dentro da instituição fica limitada e inviabilizada. Esses são os dados que 
o psicopedagogo deve entrar em contato, deve se manter atento. Desse 
modo, pode auxiliar o grupo a desconstruir os mitos e as crenças, e entrar 
em contato com a realidade e com novas crenças. 
Também existem as manifestações visuais e simbólicas, que são os 
elementos que podem ser observados de forma concreta. São os murais, 
painéis, exposições e cartazes feitos pelos alunos. Tem também algumas 
manifestações comportamentais, que influenciam na atuação das pessoas 
envolvidas na organização escolar. Que são: atividades normais da escola 
e como são desempenhadas; as normas e regulamentos internos; os 
rituais e cerimônias que fazem parte da vida da escola (acolhida, oração 
e outros). 
Essas manifestações são singulares e particulares de cada instituição. 
Cada instituição possui seus rituais, seu modo de funcionamento, seu 
regulamento, então, cabe ao psicopedagogo observar estes elementos, 
e ponderar sobre possíveis modificações. A escola é um espaço social, 
que é composto por uma trama de relações sociais e materiais que 
gerenciam o cotidiano das pessoas que por ali circulam. Por este motivo, 
deve ser entendida e analisada como uma organização, assim como seria 
analisada uma pequena indústria ou uma empresa. 
No diagnóstico institucional, o psicopedagogo faz uma leitura: 
das narrativas; do currículo aparente e oculto; da dinâmica das relações 
entre os atores da escola; das possibilidades e abertura para mudanças; 
da necessidade de ajuda; dos trabalhos já realizados; das dificuldades 
detectadas; dos vínculos estabelecidos dos comportamentos e atitudes; 
tudo relacionado com a instituição escolar. 
É a partir do diagnóstico que o psicopedagogo pode propor e 
executar um plano de intervenção. Na intervenção psicopedagógica, 
o objetivo é a construção de uma nova identidade para a instituição. 
Trabalhando sempre em corresponsabilidade com a equipe da instituição, 
com enfoque interdisciplinar e sempre disposto às trocas e diálogos.
Psicologia da Aprendizagem
40
O diagnóstico institucional tem caráter preventivo no sentido de 
reconstruir processos, redefinir papéis, valorizar novos conhecimentos, 
novas forma de aprender e depensar, e também novas pessoas, 
processos, produtos, objetivos.
O psicopedagogo observa todos os aspectos da instituição, e tenta 
detectar os elementos que necessitam de mudança. Assim, ele identifica 
como funciona a cultura institucional e sua rede de comportamentos, e 
quais são as expectativas da instituição com relação a sua avaliação; para 
então propor e executar uma intervenção, um plano de mudança nos 
aspectos que necessitam.
SAIBA MAIS:
sobre a diferença entre Psicopedagogia Clínica e a 
Institucional clicando aqui.
Intervenção Psicopedagógica na Instituição
De acordo com o dicionário Aurélio, intervenção significa: ato 
de exercer influência em determinada situação na tentativa de alterar 
o seu resultado. Ação de expressar, um ponto de vista, acrescentando 
argumentos ou ideias. E ainda: intervenção pedagógica: interferência 
feita por um especialista com o objetivo de melhorar o processo de 
aprendizagem do aluno. 
O psicopedagogo não deve confundir intervir com interferir. Intervir 
tem como meta ajudar a pensar nos caminhos para se chegar a uma 
resposta. O interferir não. Aqui entendemos que há a manipulação da ação 
do outro, e não é este o trabalho do psicopedagogo. 
O objeto de estudo da psicopedagogia é o sujeito aprendente. 
O processo de aprendizagem envolve o sujeito que aprende o 
sujeito que ensina o meio que estão inseridos, tudo isso se relaciona de 
forma sistemática. Na escola, o psicopedagogo tem como objetivo de 
intervenção resgatar ou fortalecer a identidade da instituição, sua história, 
ao mesmo tempo em que procura pareá-la com a realidade e o momento 
Psicologia da Aprendizagem
https://youtu.be/dgPNHsXfvcU
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histórico atual, adequando as demandas sociais e ao contexto ideal de 
aprendizagem.
O trabalho do psicopedagogo institucional é a prevenção dos 
problemas de aprendizagem. Para isso é seu dever: analisar a formação 
dos professores; o currículo, que está sendo utilizado na escola, se está 
sendo adequado às necessidades dos alunos; se os professores estão 
preparados para atender os alunos, inclusive alunos que tenham alguma 
necessidade especial. O psicopedagogo vai intervir nestes aspectos, a fim 
de orientar a equipe pedagógica para que o processo de aprendizagem 
ocorra de forma mais produtiva. 
REFLITA:
O psicopedagogo analisa a formação de professores e 
supervisores. Há casos que o professor tem uma formação 
que possibilita que ele esteja mais bem preparado que o 
seu supervisor. Ora, como o supervisor pode coordenar um 
trabalho pedagógico específico, junto aos professores, se 
o mesmo não tem o conhecimento necessário para tanto?
O psicopedagogo vai então, após analisar todos estes aspectos, 
propor mudanças no currículo, no projeto político pedagógico, na 
metodologia de ensino, nas formas de aprender e de ensinar. Ele 
também pode contribuir na melhora da comunicação interna da escola, 
e na comunicação da escola com a família, favorecendo uma relação de 
confiança. O psicopedagogo pode auxiliar os atores que dão vida à escola, 
a retornarem as origens, aos princípios fundamentais que regem a escola. 
A intervenção é pautada nos recursos que promovem a operatividade 
da instituição. Fazendo com que o movimento de aprender nunca cesse, 
sempre acompanhando o momento histórico e prevenindo a cristalização 
de crenças que dificultam o desenvolvimento. 
O psicopedagogo deve trabalhar as questões que servem de 
obstáculo para o ensinar e o aprender; interagindo, integrando, se 
vinculando, articulando conhecimentos, e cuidando das relações. 
Psicologia da Aprendizagem
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Compreendemos que o psicopedagogo na escola, ou em qualquer 
instituição tem papel fundamental na criação e no aperfeiçoamento 
do clima e das relações dentro da instituição. Na escola, entre os 
professores, alunos, funcionários, famílias e comunidade. Desmistificando 
a manifestação de crenças e de narrativas que limitam e inviabilizam 
o desenvolvimento e o progresso da aprendizagem; examinando 
aspectos destrutivos que são arraigados nas relações interpessoais; 
diagnosticando e intervindo nos sintomas e discursos que se repetem e 
não colaboram para o crescimento do grupo. Damos ênfase ao fato de 
que, o Psicopedagogo pode fazer muita diferença numa instituição, com 
sua escuta e olhares atentos e sensíveis as demandas da equipe, dos 
alunos, das famílias e da sociedade. 
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso 
à seguinte fonte de consulta e aprofundamento:
Livro: SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e realidade escolar: o 
problema escolar e de aprendizagem. 2ª ed. Petrópolis-RJ: 
Vozes, 1994.
Assim terminamos essa unidade. Esperamos que este contato com a 
psicopedagogia possa fazer com que reflitam sobre a interdisciplinaridade 
e a transdisciplinaridade entre a psicologia e as áreas afins.
Psicologia da Aprendizagem
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REFERÊNCIAS
BORTOLANZA, M. L.; KRAHL, S.; BIASUS, F. Um olhar Psicopedagógico 
sobre a velhice. Revista Psicopedagogia, v. 22, n 68, p. 162 – 170, 2005. 
BOSSA, N. A. A Psicopedagogia no Brasil: construção a partir da 
prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
BOSSA, N. A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da 
prática. RS, Artmed, 2007.
MORAES, D. N. M. Diagnóstico e avaliação psicopedagógica. 
Revista de Educação do IDEAU. V 5, n 10, p. 2 – 15, jan-jun 2010. 
Disponível em: <https://www.ideau.com.br/getulio/restrito/upload/
revistasartigos/203_1.pdf> Acesso em: 03/03/2019. 
PONTES, I. A. M. Atuação psicopedagógica no contexto escolar: 
manipulação, não; contribuição, sim. Revista Psicopedagogia, n 27, v84, 
p. 417 – 427, 2010. Disponível em <http://www.revistapsicopedagogia.
com.br/detalhes/196/atuacao-psicopedagogica-no-contexto-escolar--
manipulacao--nao--contribuicao--sim>Acesso em 03/03/2019
Psicologia da Aprendizagem
	Origem da Psicopedagogia
	Breve histórico da Psicopedagogia
	A Psicopedagogia brasileira 
	Concepções Teóricas da Psicopedagogia 
	Behaviorismo
	Humanismo
	Associacionismo
	Construtivismo
	A Psicanálise
	Psicopedagogia na prática 
	Avaliação e Diagnóstico Psicopedagógico 
	A Avaliação Psicopedagógica 
	O Diagnóstico Psicopedagógico
	Atuação do Psicopedagogo no Mercado 
	O Psicopedagogo Institucional: atuando na escola 
	Intervenção Psicopedagógica na Instituição

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