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1. RESUMO Visando comprovar a ocorrência da lei de equilíbrio químico de Le Chatelier visualmente e desenvolver melhor manuseamento de compostos e vidrarias envolvidos no laboratório, a prática foi iniciada a partir do conhecimento antecipado sobre os conceitos de equilíbrio químico e o deslocamento do mesmo. A experimentação foi feita com auxílio de materiais já conhecidos e usados pelos alunos, por exemplo béqueres, tubos de ensaio, pipetas e provetas variadas, assim como as diferentes soluções necessárias para as reações e os sistemas nos quais as reações foram submetidas como banho de gelo e banho-maria. Portanto, conclui-se que a atividade foi satisfatória, uma vez que atingiu seus principais objetivos, assim como promoveu melhor desenvolvimento de conceitos aprendidos apenas teoricamente. Palavras-chave: equilíbrio; Le Chatelier; deslocamento; reações. 3 2. OBJETIVOS Os objetivos dos experimentos trabalhados e realizados no laboratório consistem em: 1. Averiguar o princípio de Le Chatelier a partir de um sistema em equilíbrio com a atuação de um agente externo; 2. Verificar as mudanças visuais que acontecem nos sistemas devido à variação de concentração dos compostos, que desloca o equilíbrio das reações; 3. Manusear corretamente as vidrarias de laboratório, bem como manipular de forma apropriada os compostos fornecidos; 4. Realizar o descarte adequado dos materiais utilizados. 4 3. INTRODUÇÃO O presente experimento exige conhecimentos teóricos prévios para seu entendimento completo. Neste, uma vez que o experimento visa a observação de mudanças decorrentes de interferências no sistema, demanda uma noção anterior acerca dos seguintes assuntos: Reversibilidade das reações, equilíbrio químico e princípio de Le Chatelier. Nos sistemas químicos, uma reação pode ocorrer em apenas um sentido ou tanto no sentido direto quanto no inverso. As que se encaixam na primeira descrição são chamadas de irreversíveis (exemplo: combustão), já as que se assemelham à segunda descrição são denominadas reversíveis (exemplo: produção de amônia), neste tipo ocorre simultaneamente a formação de reagentes em produtos e vice-versa. Uma reação atinge o estado de equilíbrio quando a velocidade das reações direta e inversa se igualam, e as proporções relativas às concentrações não se alteram. Além disso, só atinge este ponto a reação feita sob as condições de um sistema fechado e à temperatura e pressão constantes. Apesar do nome levar a uma noção intuitiva de que ao atingir o equilíbrio a reação é encerrada, o conceito demonstra ser exatamente o contrário: ao atingir este patamar a reação mantém sua dinamicidade, porém com proporções e velocidade constantes. A razão entre as concentrações molares dos produtos/reagentes no equilíbrio é a constante de equilíbrio Kc (que também pode ser expressa em termos de pressão - Kp). Neste cálculo não são incluídos compostos sólidos e líquidos puros. Existem dois tipos de equilíbrio quando se analisa a natureza dos compostos envolvidos: - equilíbrio homogêneo: todos as substâncias estão no mesmo estado físico; - equilíbrio heterogêneo: há substâncias em diferentes estados físicos envolvidas. Apesar das proporções das concentrações serem constantes, é possível deslocar o equilíbrio favorecendo um sentido da reação, e é sobre isso que o Princípio de Le Chatelier se debruça. Postulado pelo químico francês Henri Le Chatelier mostra que quando um sistema em equilíbrio sobre perturbação ele tende a tentar revertê-la e estabelecer um novo equilíbrio sob estas condições. O deslocamento do equilíbrio pode acontecer de três formas: - Alteração na concentração: adicionar ou retirar reagentes ou produtos desloca o equilíbrio. Ao adicionar uma substância, o sistema reage para consumi-la, ao retirar uma substância, o sistema reage para formá-la. - Alteração na pressão: mudanças no volume da amostra. Ao diminuir o volume (aumentar a pressão), o equilíbrio é deslocado no sentido que reduz a quantidade de matéria de gás, ao aumentar o volume (reduzir a pressão), o equilíbrio é deslocado no sentido que aumenta a quantidade de matéria de gás. - Alteração da temperatura: ao aumentar a temperatura do sistema o equilíbrio se desloca no sentido endotérmico; ao reduzir a temperatura favorece o sentido exotérmico. 5 A partir destes conhecimentos é possível realizar uma análise mais precisa acerca das mudanças físicas, visuais e comportamentais das reações trabalhadas em laboratório. 6 4. METODOLOGIA Parte A: Materiais: ● Água ● Béquer de 100 mL ● Solução cloreto de ferro III 0,01 mol/L ● Solução tiocianato de amônio 0,1 mol/L ● Bastão de vidro ● Tubo de ensaio ● Cloreto de ferro III sólido ● Tiocianato de amônio sólido ● Espátula ● Pipeta de Pasteur ● Proveta Procedimento: 1. Coloque 40 ml de água em um béquer de 100 ml ; 2. Com uma pipeta de pasteur pipete a solução de cloreto de ferro III 0,01 mol/L e transfira para a proveta. Lembre-se que é preciso acertar o menisco até a marcação dos 5 mL. Após isso, adicione tal solução no béquer que contém os 40 mL de água; 3. Em seguida, pipete com a pipeta de Pasteur a solução de tiocianato de amônio 0,1 mol/L e transporte para a proveta, acertando o menisco até a marca dos 5 mL. Despeje a solução no béquer que contém a água e o cloreto de ferro III 0,01 mol/L; 4. Agite a solução contida no béquer com o auxílio de um bastão de vidro para homogeneizar a concentração e observe a cor desenvolvida; 5. Divida a conteúdo do béquer em 4 tubos de ensaios diferentes: - O primeiro tubo de ensaio servirá como padrão; - No segundo tubo de ensaio adicione 2 ml de solução cloreto de ferro III 0,01 mol/L, pipete com a pipeta de pasteur a solução de cloreto de ferro III e transfira para a proveta, lembre-se que é preciso acertar o menisco, até a marcação dos 2 ml, agite o tubo de ensaio de acordo com as orientações do professor e compare a cor com o tubo padrão; - No terceiro tubo adicione uma certa quantidade de tiocianato de amônio sólido com uma espátula até que seja possível ver uma considerável mudança na cor, agite o tubo de ensaio de acordo com as orientações do professor e compare a cor com o tubo padrão; - No quarto tubo adicione uma certa quantidade de cloreto de amônio sólido com uma espátula até que seja possível ver uma considerável mudança na cor, agite o tubo de ensaio de acordo com as orientações do professor e compare a cor com o tubo padrão. 7 Parte B: Materiais: ● Tubo de ensaio ● Solução de nitrato de prata 0,1 mol/L ● Solução de cloreto de sódio 0,5 mol/L ● Pipeta de Pasteur ● Solução de hidróxido de amônio 0,5 mol/L Procedimento: 1. Em uma proveta, transfira a solução de nitrato de prata 0,1 mol/L até a marca de 1 mL com o auxílio de uma pipeta de Pasteur. Acerte o menisco e despeje a solução em um tubo de ensaio; 2. Em uma proveta, transfira a solução de cloreto de sódio 0,5 mol/L até a marca de 1 mL com o auxílio de uma pipeta de Pasteur. Acerte o menisco e despeje a solução no tubo de ensaio que contém 1 mL da solução de nitrato de prata 0,1 mol/L; 3. Deixe decantar e retire o líquido que sobrou com a ajuda de uma pipeta de Pasteur; 4. Adicione gota a gota, no máximo de 60 gotas, a solução de hidróxido de amônio 0,5 mol/L ao sólido restante no tubo de ensaio e observe a reação. Parte C: Materiais: ● Espátula ● Relógio de vidro ● Balança semi analitica ● Tubo de ensaio ● Cloreto de cobalto ● Etanol absoluto ● Pipeta de Pasteur ● Água ● Banho maria ● Banho com água e gelo Procedimento: 1. Com o auxílio de uma espátula, transfira o cloreto de cobalto para um relógio de vidro e pese na balança semi analítica 50 mg. Transfira o sólido para o tubo de ensaio; 2. Em uma proveta, transfira etanol absoluto até a marca de 3 mL com o auxílio de uma pipeta de Pasteur. Acerte o menisco e despeje a solução no tubo de ensaio que contém o cloreto de cobalto. Logo em seguida, agite a solução de 8 acordo com as instruções dadas pelo professor até dissolver o cloreto de cobalto. Anote as observações; 3. Acrescente 6 gotasde água com o auxílio da pipeta de Pasteur, agite a solução de acordo com as instruções dadas pelo professor e anote as observações; 4. Coloque o tubo de ensaio com a grade no banho maria, deixe por 10 minutos e anote as observações; 5. Coloque o tubo de ensaio recém tirado do banho maria no banho de água e gelo (apenas o tubo de ensaio, sem a grade), deixe por 10 minutos e anote as mudanças. Parte D: Materiais: ● Fio de cobre ● Tesoura ● Régua ● Balão de fundo chato ● Solução de HNO3 concentrado ● Pipeta de Pasteur ● Proveta ● Capela de exaustão ● Tampa do balão de fundo chato ● Banho de água e gelo ● Banho maria Procedimento: 1. Meça 1 cm de fio de cobre com o auxílio de uma régua e corte-o com uma tesoura. Após isso, transfira-o para um balão de fundo chato; 2. Na capela de exaustão, transfira 2,5 mL de HNO3 concentrado para uma proveta com o auxílio de uma pipeta de Pasteur. Em seguida, acerte o menisco e despeje o ácido no balão de fundo chato. Após isso, tampe-o e anote as observações; 3. Deixe o balão em repouso por 10 minutos, até estabelecer o equilíbrio. Em seguida, coloque o balão no banho de água e gelo por aproximadamente 10 minutos, anote as observações; 4. Logo depois, transfira o balão para o banho maria e deixe-o por em torno de 10 minutos, anote as observações. 9 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES Incerteza Padrão Vale ressaltar que, todas as medições são afetadas por erros imperfeitamente conhecidos, logo a medição deve considerar estes erros de incerteza partindo de seu menor valor e dividindo por dois. Dentre os instrumentos utilizados para medição de volume, considerou desvio em torno de ±10 mL para o béquer e para a proveta em torno de ±0,05 mL. Parte A O experimento entre cloreto de ferro III (FeCl3) e tiocianato de amônio (NH4SCN) ocasionou mudança na coloração, aproximando-se de um vermelho escuro. Isto se deve a interação entre os íons de ferro com o íon tiocianato, onde ocorreu uma reação de dupla troca que está representada abaixo. FeCl3(aq) + NH4SCN(aq) ⇄ Fe(SCN)3(aq) + NH4Cl(aq) Em seguida, a solução foi dividida entre quatro tubos de ensaio onde: Tubo I: Serviu como solução padrão. Tubo II: Ao adicionarmos 2 mL de solução de FeCl3, foi possível observar o escurecimento da solução, isto se deve ao equilíbrio ter sido deslocado em direção aos produtos em decorrência da adição de mais reagente. Tubo III: A adição de tiocianato de amônio também provocou o deslocamento em direção aos produtos, no entanto, apresentou a mesma coloração da solução padrão. Tubo IV: Foi adicionado cloreto de amônio sólido que ocasionou o clareamento da solução devido o deslocamento na direção dos reagentes. Parte B Dentre os experimentos realizados, apenas a reação entre as soluções de nitrato de prata (AgNO3) e cloreto de sódio (NaCl) não foi possível observar alterações macroscópicas. Acredita-se que ocorreu a solubilização porém não houve totalmente o dissolvimento dos sais utilizados na reação. De forma teórica, a reação é caracterizada pela formação dos íons Na+ e Cl- a partir do NaCl que reagirão com 10 o AgNO3. Além disso, o equilíbrio da reação tende para o lado da formação dos produtos como pode ser observado a seguir. NaCI(aq) + AgNO3(aq) ⇄ NaNO3(aq) + AgCI(s) Parte C O cloreto de cobalto (CoCl2·6H2O) apresenta coloração rosa, diferentemente do etanol (CH3CH2OH) que é incolor. Ao adicionarmos o etanol a um tubo de ensaio já contendo cloreto de cobalto, observou-se a mudança de cor para o azul. Isto se deve, pois o cloreto de cobalto quando anidro apresenta coloração rosa e quando hidratado se torna azul, esta reação está representada a seguir. CoCl2·6H2O(s) + CH3CH2OH(l) → CoCl2(OH)5H2O(aq) + CH3CH2H2O(aq) Em seguida, acrescentou-se 6 gotas de água (H2O) e agitou-se manualmente onde foi possível observar a mudança de coloração novamente, que passou de azul para roxo. Posteriormente a solução foi colocada em banho maria e em um banho contendo gelo respectivamente, o que ocasionou a mudança de cor para rosa. Parte D Ao adicionar lentamente o ácido nítrico (HNO3) em um balão chato já contendo o pedaço de fio de cobre (Cu) observou-se que houve mudança de coloração incolor para azul. Além disso, observou-se que houve “desaparecimento” do fio na solução, isto se deve à transferência do cobre para a solução que consequentemente mudou a coloração. A reação descrita está representada a seguir. Cu(s) + HNO3(aq) → Cu(NO3)2(aq) + H2O(l) + NO(l) Analisando a reação, nota-se que esta é um exemplo de óxido-redução onde o cobre sofreu oxidação e o nitrogênio sofreu redução. 11 6. CONCLUSÃO Com base nos experimentos realizados em laboratório, conclui-se que os objetivos foram alcançados, uma vez que a análise do equilíbrio químico foi realizada efetivamente. Nesse âmbito, é notório que ter os conhecimentos teóricos acerca do assunto envolvido é de suma importância para um melhor entendimento do que ocorre experimentalmente, bem como escrever a reação realizada. Nesse sentido, a compreensão sobre o princípio de Le Chatelier foi fundamental para averiguar a procedência dos processos realizados laboratorialmente. Ademais, foi possível verificar que as reações reversíveis podem ter seu equilíbrio deslocado alterando as condições de temperatura, concentração e/ou pressão do composto. 12 7. BIBLIOGRAFIA Brown, T. L.; LeMay, H. E.; Bursten, B. E. Química: a Ciência Central. 9 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. ISBN-85-87918-42-7. Atkins, P.; Jones, L. Princípios de Química: Questionando a vida moderna e o meio ambiente. 3 ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. ISBN-85-363-0668-8. 13
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