Buscar

ok-haroldo-de-araujo-lourenAo-da-silva

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
 
 
 
 
 
 
 
A ANÁLISE DO DISCURSO SOBRE AS REFORMAS PROCESSUAIS 
BRASILEIRAS (CPC DE 1939, 1973 E O PROJETO PARA NOVO CPC). 
 
 
HAROLDO DE ARAUJO LOURENÇO DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2015 
 
 
 
 S586a Silva, Haroldo de Araújo Lourenço da 
 Análise do discurso sobre as reformas processuais brasileiras (CPC de 1939, 1973 e o 
projeto para novo CPC) / Haroldo de Araújo Lourenço da Silva. – Rio de Janeiro, 2015. 
 134f. ; 30cm. 
 
 
 Dissertação (Mestrado em Direito)-Universidade Estácio de Sá, 2015. 
 
 
 1. Direito. 2. Análise do discurso. 3. Reformas processuais - Brasil. 4. Reformas do 
CPC. I. Título. 
 
 CDD 340 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Haroldo de Araújo Lourenço da silva 
 
 
 
 
 
 
 
A ANÁLISE DO DISCURSO SOBRE AS REFORMAS PROCESSUAIS 
BRASILEIRAS (CPC DE 1939, 1973 E O PROJETO PARA NOVO CPC). 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação da Universidade Estácio 
de Sá como requisito parcial para a 
obtenção do grau de Mestre em Direito. 
 
 
 
 
 
Orientadora: Professora Drª Fernanda Duarte Lopes Lucas da Silva 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2015 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha mãe, presente em todos os momentos na minha vida, bem como ao meu 
filho que, com apenas 4 anos, em cada abraço, em cada beijo, em cada palavra de 
carinho, durante as nossas limitadas visitas simplesmente me “alavanca” 
a lutar e a superar as adversidades da vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
São tantos agradecimentos, tantas pessoas que, provavelmente, 
esquecerei de alguma. 
 
Foram inúmeros professores que conheci no desenvolvimento das 
atividades no Programa de Mestrado da Universidade Estácio de Sá e todos, de alguma 
forma, colaboram no desenvolvimento do presente estudo. 
 
A Profª Drª Fernanda Duarte, uma verdadeira professora e doutora. 
Foram tantos conselhos, tantas oportunidades proporcionadas que, somente um 
professor apaixonado pelo magistério e pela pesquisa sabe o verdadeiro valor desses 
ensinamentos. Posso afirmar que minha carreira acadêmica deu uma guinada e agora 
começo a compreender o que é ser um pesquisador. 
 
Ao Profº Drº Rafael Iorio, com sua extrema clareza de pensamento e 
notória experiência na pesquisa acadêmica, que mesmo não sendo meu orientador, em 
muito colaborou na realização desse trabalho. 
 
Não posso deixar de agradecer a minha mãe e meu filho. A primeira, 
sem dúvida alguma, a pessoa mais importante em minha vida, que me ajuda e incentiva 
em tudo. Meu filho, mesmo possuindo somente quatro anos, muitos podem nem 
compreender o sentido da paternidade, mas só o fato de me dar um abraço apertado e 
um beijo nos dias que nos encontramos já me faz um homem melhor, mais forte para 
não esmorecer diante todos desafios e a das surpresas que a vida nos apresenta 
diariamente. 
 
Não posso deixar de dedicar pelo menos um parágrafo a agradecer a 
todos os colegas de trabalho, professores nas mais diversas instituições de ensino em 
âmbito nacional, cursos preparatórios, faculdades, graduação e pós-graduação e, 
principalmente, os alunos. Só um professor sabe a satisfação de colaborar na realização 
de sonhos das pessoas, ajuda-los a atingir seus objetivos. Agradeço todos os dias pela 
oportunidade que Deus me proporcionou que é lecionar. 
 
A ANÁLISE DO DISCURSO SOBRE AS REFORMAS PROCESSUAIS 
BRASILEIRAS (CPC DE 1939, 1973 E O PROJETO PARA NOVO CPC). 
 
 
RESUMO 
 
 
O presente estudo busca analisar o discurso das reformas processuais 
brasileiras. Chama-se a atenção do leitor para o título: a proposta não é analisar as 
reformas, mas os discursos justificantes das reformas. Não se busca estudar as 
mudanças implementadas, sob a ótica dogmática, já há muito realizada pela doutrina 
nacional. A proposta é diferente, não se pretende analisar, por exemplo, o conteúdo das 
reformas, a pretendida revogação dos embargos infringentes, a criação de incidentes 
para resolução de demandas repetitivas, se a tão propalada aproximação do sistema da 
civil law ao common law será positiva ou negativa etc. A proposta é analisar o discurso 
justificador que dá início as reformas, investigando a proximidade dos argumentos de 
legitimação, para se concluir se são ou não apenas recursos discursivos, elaborados 
pelos seus enunciadores em um jogo político, na disputa de poder, buscando impor suas 
visões e a adesão da sociedade. Há uma sutil diferença, porém com amplas 
consequências. Para tal investigação se utilizou das Exposições de Motivos e das 
respectivas doutrinas sobre cada uma dessas exposições pois, afinal de contas, pode se 
afirmar que àquelas são uma espécie de “carta de intenções ou de apresentações”, uma 
justificação política para a alteração legislativa, para se buscar concluir se essas 
justificativas, no fim, realmente justificam ou simplesmente muda-se para não mudar, 
mantendo-se o sistema com as mesmas bases. A pesquisa se mostrou mais interessante 
quando se observou que o discurso empregado em 1939 (Estado Novo), 1973 (Regime 
Ditatorial) e em 2014 (Democrático), data da elaboração de cada um dos CPC’s 
brasileiros, era praticamente o mesmo no plano retórico, ou seja, as justificativas são as 
mesmas para recortes históricos tão diferentes, o que revela um profundo paradoxo, 
variando somente o vocabulário da época. Sempre são encontradas afirmativas como o 
processo está permeado de formalismos, deve ser buscada a celeridade processual, o 
sistema recursal é complexo, há uma promessa de acesso à justiça, um descrédito no 
Judiciário, os princípios constitucionais devem ser aplicados, o processo deve ser mais 
popular ou democrático etc. Os fundamentos parecem ser modelos, standards, quase 
dogmas. Cremos que o Direito deve ser pensado de forma crítica, jamais de forma 
repetitiva e reprodutora, característica marcante dos trabalhos jurídicos. De igual modo, 
deve ser analisado em suas práticas discursivas, explicando como ele é, não como 
deveria ser. O direito é alográfico (Eros Grau), perfazendo-se com o concurso do 
legislador e do intérprete, portanto, a linguagem empregada se mostra essencial, eis que 
influenciará diretamente sobre o receptor/intérprete. Nessa linha, para investigar nossas 
hipóteses, buscou-se embasamento na Teoria Semiolinguística de análise do discurso 
político (Escola Francesa) de Patrick Charaudeau, bem como no valor próprio dado as 
categorias processuais, valendo-se do estudo da categoria habitus e campos (Pierre 
Bordieu), da vasta utilização do bricoleur, onde se descontextualiza o sentido original 
das palavras, para recontextualizá-las em seu próprio universo ou em um novo sentido, 
da lógica do contraditório, onde se estabelecem debates que jamais atingirão consensos, 
pelo contrário, os fundamentos sempre poderão ser reutilizados, eis que sempre 
fomentam mais conflitos, não se estabelecendo um fim, tudo para demonstrar que o 
Direito está sendo utilizado como justificativa e manipulação política, criando-se uma 
espécie de “função da disfunção”, onde o uso da linguagem e de elementos de 
construção de sentido que se mostram presentes no plano do discurso são utilizados para 
construir justificativas às concepções processuais. 
 
Palavras-chaves: Reformas processuais brasileiras. Teoria Semiolinguística do 
discurso político. Bricoleur. Lógica do Contraditório. Análise do Discurso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANALYSIS OF SPEECH ON REFORMS PROCEDURAL BRAZILIAN 
(CPC, 1939, 1973 AND THE NEW DESIGN CPC). 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This study analyzes the discourse of Brazilian procedural reforms. It's 
called the reader's attentionto the title: the proposal does not analyze the reforms, but 
the documents in proof speeches of reforms. Does not seek to study the changes 
implemented under the dogmatic perspective has long held the national doctrine. The 
proposal is different, it is not intended to analyze, for example, the content of the 
reforms, proposed revocation of infringing embargoes, creating incidents to resolution 
of repetitive demands, the much-touted approach the civil system to the common law 
will be positive or negative etc. The goal is to analyze the justifying discourse initiating 
reforms. There is a subtle difference, but with far-reaching consequences. For this 
research we used the explanatory memoranda and their doctrines on each of these 
exhibitions because, after all, one can say that those are kind of "letter of intent or 
presentations," to seek to conclude whether these justifications, in order to actually 
justified or simply moves to not change, maintaining the system on the same basis. The 
research was more interesting when it was observed that the discourse employed in 
1939 (New State), 1973 (Dictatorial Regime) and in 2014 (Democratic) was nearly the 
same, that is, the reasons are the same for historical analysis so different, which reveals 
a profound paradox. The process is always permeated with an excess of formalism, 
must be sought speed of the procedure, the appeal system is very complex, there is a 
promise of access to justice, a discredit on the judiciary, the constitutional principles 
should be applied, the process should be more popular or democratic. The fundamentals 
seem to be models, standards, almost a dogma. On the other hand, conducting such 
research by the right of the operator, there are some good years immersed in the civil 
law, lecturing in Civil Litigation and also author of articles and books in the 
aforementioned discipline, was even more interesting. We believe that the law should be 
thought critically, never repetitive and reproductive form, a typical feature of legal 
work. Similarly, should be analyzed in their discursive practices, explaining how it is, 
not as it should be. The right is allographic (Eros Grau), making up with the assistance 
of the legislator and the interpreter, so the language employed is shown essentially 
behold influence directly on the interpreter receiver. In this line, we sought grounding in 
theory semiolinguistics of political discourse (French School), especially Patrick 
Charaudeau as well as in the actual value given the procedural categories, making use of 
the study of habitus and field category (Pierre Bourdieu), the vast use of the bricoleur, 
where decontextualizes the original meaning of the words, to recontextualises them in 
their own universe or in a new direction, adversarial logic, where they settle debates that 
never reach consensus on the contrary, the fundamentals can always be reused behold, 
always encourage more conflict, not setting an end, all to show that the law is being 
used as justification and political manipulation, creating a kind of "function of 
dysfunction." 
 
 
Keyword: Discourse Analysis; Brazilian Procedural reforms; Semiolinguistics theory 
of political discourse. Bricoleur. Logic Contradictory. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO............................................................................................................ 11 
CAPÍTULO 1 – DA ANÁLISE DOS CPC’s BRASILEIROS (1939, 1973 e 
PROJETO PARA NOVO CPC).................................................................................. 26 
1.1. CPC DE 1939: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA........................................ 26 
1.2. CPC DE 1939: A EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS.................................................... 28 
1.3. CPC DE 1939: A DOUTRINA DA ÉPOCA........................................................... 32 
1.4. CPC DE 1973: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA...................................... 35 
1.5. CPC DE 1973: A EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS.............................................. 38 
1.6. CPC DE 1973: A DOUTRINA DA ÉPOCA.................................................... 41 
1.7. PROJETO DO NOVO CPC: A INTRODUÇÃO E A EXPOSIÇÃO DE 
MOTIVOS...................................................................................................................... 44 
1.8. PROJETO DO NOVO CPC: A DOUTRINA................................................... 49 
CAPÍTULO 2 - COMPARAÇÃO DOS DISCURSOS NOS CPC’s 
BRASILEIROS............................................................................................................. 53 
2.1. COMPARAÇÃO ENTRE AS EXPOSIÇÕES DE MOTIVOS ...................... 53 
2.2. COMPARAÇÃO ENTRE OS DISCURSOS DOUTRINÁRIOS.................... 55 
CAPÍTULO 3 - A ANÁLISE DO DISCURSO NOS CPC’s BRASILEIROS......... 59 
3.1. O VALOR PRÓPRIO DADO AS CATEGORIAS PROCESSUAIS..................... 61 
3.2. O DISCURSO POLÍTICO...................................................................................... 64 
3.3. A CATEGORIA DE HABITUS e CAMPOS........................................................... 68 
3.4. O BRICOLEUR........................................................................................................ 72 
3.5. A LÓGICA DO CONTRADITÓRIO...................................................................... 73 
CONCLUSÃO............................................................................................................... 75 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 79 
ANEXO I – EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO CPC 1939....................................... 84 
ANEXO II – EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO CPC 1973...................................... 98 
ANEXO III – EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO NOVO CPC.............................. 118

Continue navegando