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FACULDADE ÚNICA 
DE IPATINGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Bárbara Neves Salviano de Paula 
 
Doutora em Linguística Aplicada, atualmente atua como professora da Faculdade de 
Educação da Universidade de São Paulo (USP) no campo do ensino de Libras e como 
professora de Língua Portuguesa da rede municipal de ensino. Tem experiência como 
professora do ensino superior na Faculdade de Letras da UFMG, como analista e 
conteudista de material didático para a Federação Nacional de Educação e Integração 
dos Surdos (Feneis) de Minas Gerais, bem como para plataformas digitais e como 
lexicógrafa de Projetos de Pesquisa da categoria BIC-Jr do Centro Federal de Educação 
Tecnológica de Minas Gerais- CEFET/MG. É autora da proposta lexicográfica do primeiro 
dicionário geral de língua Português/Libras/Português. 
Libras II 
1ª edição 
Ipatinga – MG 
ANO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL 
 
Diretor Geral: Valdir Henrique Valério 
Diretor Executivo: William José Ferreira 
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos 
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira 
Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa 
Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Bruna Luiza Mendes Leite 
 Carla Jordânia G. de Souza 
 Guilherme Prado Salles 
 Rubens Henrique L. de Oliveira 
Design: Brayan Lazarino Santos 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Maria Luiza Filgueiras 
 Taisser Gustavo de Soares Duarte 
 
 
 
 
 
© 2021, Faculdade Única. 
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem 
Autorização escrita do Editor. 
 
 
 
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. 
 
 
 
 
 
NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299 
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG 
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 
www.faculdadeunica.com.br
http://www.faculdadeunica.com.br/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Menu de Ícones 
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo 
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. 
Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um 
com uma função específica, mostradas a seguir: 
 
 
 
São sugestões de links para vídeos, documentos científicos 
(artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das 
Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) 
relacionados com o conteúdo abordado. 
 
Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes 
nas quais você deve ter um maior grau de atenção! 
 
São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada 
unidade do livro. 
 
São para o esclarecimento do significado de determinados 
termos/palavras mostradas ao longo do livro. 
 
Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões 
citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja 
no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
SUMÁRIO 
 A COMPETÊNCIA COMUNICATIVA ......................................................... 8 
1.1 O QUE É COMPETÊNCIA COMUNICATIVA ................................................................. 8 
1.2 TIPOS TEXTUAIS ........................................................................................................... 13 
1.2.1 A NARRATIVA ..................................................................................... 15 
1.2.2 A DESCRITIVA ..................................................................................... 16 
1.2.3 O DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO ................................................ 18 
1.3 TIPOS TEXTUAIS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2 PARA SURDOS . 20 
FIXANDO CONTEÚDO ................................................................................................... 26 
 LIBRAS EM FOCO I .................................................................................. 31 
2.1 PRONOMES PESSOAIS ................................................................................................ 31 
2.2 PRONOMES POSSESSIVOS ......................................................................................... 37 
2.3 FAMÍLIA ....................................................................................................................... 41 
2.4 APLICAÇÃO PRÁTICA ................................................................................................ 48 
2.4.1 ATIVIDADE 1........................................................................................ 48 
2.4.2 ATIVIDADE 2........................................................................................ 48 
2.4.3 ATIVIDADE 3........................................................................................ 49 
2.4.4 ATIVIDADE 4........................................................................................ 50 
FIXANDO CONTEÚDO ................................................................................................... 51 
 ESTUDO DO LÉXICO ............................................................................... 56 
3.1 O LÉXICO DAS LÍNGUAS DE SINAIS (LS) ................................................................... 56 
3.2 A LEXICOLOGIA DAS LS ............................................................................................. 59 
3.3 A LEXICOGRAFIA DAS LS ........................................................................................... 63 
3.4 A TERMINOLOGIA DAS LS .......................................................................................... 69 
FIXANDO CONTEÚDO ................................................................................................ 73 
 LIBRAS EM FOCO II ................................................................................. 78 
4.1 LOCALIZAÇÃO ........................................................................................................... 78 
4.1.1 LUGARES PÚBLICOS ........................................................................... 81 
4.1.2 OS CÔMODOS DA CASA ................................................................ 82 
4.2 PRONOMES DEMONSTRATIVOS ................................................................................. 83 
4.3 PREPOSIÇÕES/LOCUÇÕES PREPOSITIVAS DE LUGAR .............................................. 87 
4.4 APLICAÇÃO PRÁTICA ................................................................................................ 90 
4.4.1 ATIVIDADE 1........................................................................................ 90 
4.4.2 ATIVIDADE 2........................................................................................ 91 
4.4.3 ATIVIDADE 3........................................................................................ 91 
4.4.4 ATIVIDADE 4........................................................................................ 93 
FIXANDO CONTEÚDO ................................................................................................ 94 
 AS EXPRESSÕES NÃO MANUAIS (ENM) ................................................. 98 
5.1 O USO DAS ENM NA LIBRAS E SEUS ASPECTOS GRAMATICAIS ............................... 98 
5.2 ASPECTO ................................................................................................................... 100 
5.3 FOCO ........................................................................................................................ 102 
5.4 TÓPICO ..................................................................................................................... 104 
5.5 AFIRMATIVAS E NEGATIVAS, EXCLAMATIVAS
E INTERROGATIVAS....................... 106 
FIXANDO O CONTEÚDO ......................................................................................... 110 
 
 
UNIDADE 
01 
UNIDADE 
02 
UNIDADE 
03 
UNIDADE 
04 
UNIDADE 
05 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 LIBRAS EM FOCO III .............................................................................. 114 
6.1 AÇÕES COTIDIANAS ................................................................................................ 114 
6.2 PARTÍCULAS INTERROGATIVAS ................................................................................ 119 
6.3 APLICAÇÃO PRÁTICA .............................................................................................. 123 
6.3.1 Atividade 1 ....................................................................................... 123 
6.3.2 Atividade 2 ....................................................................................... 124 
6.3.3 Atividade 3 ....................................................................................... 125 
FIXANDO CONTEÚDO .............................................................................................. 126 
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................. 130 
REFERÊNCIAS................................................................................. 131 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 
06 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
 
CONFIRA NO LIVRO 
 
Trataremos sobre competência comunicativa a partir da 
compreensão das principais sequências textuais, a saber, a 
narrativa, a descritiva e a dissertativa-argumentativa. Além dos 
conceitos, identificaremos como o estudo dos tipos textuais podem 
desenvolver a habilidade linguística dos surdos quando no ensino 
de Português L2. 
Na primeira unidade que trata de apresentação prática da Libras, 
compreenderemos os conceitos léxico-gramaticais dos Pronomes 
Pessoais e Pronomes Possessivos. Além disso, abordaremos o 
vocabulário referente às relações de parentesco e, por fim, 
aplicaremos o aprendizado de forma prática. 
 
 
Nesta unidade discutiremos os aspectos relacionados às ciências 
do léxico que competem a toda e qualquer língua legítima e 
natural, incluindo as línguas de sinais. Identificaremos os conceitos 
relacionados ao léxico, Lexicologia, Lexicografia e Terminologia a 
fim de associá-los aos estudos das LS. 
Em mais uma unidade de apresentação prática, trabalharemos 
com o vocabulário referente à localização e direcionalidade, o 
que envolve reconhecer espaços públicos e de moradia. 
Abordaremos aspectos gramaticais a partir da identificação dos 
conceitos e apresentação dos Pronomes Demonstrativos e das 
Preposições de Lugar. Ao final da unidade, conseguiremos reunir os 
conhecimentos aqui adquiridos em elaborações de sentenças 
complexas. 
 
As expressões não manuais são um dos parâmetros fonológicos 
das línguas de sinais e são mais do que complementos discursivos. 
Nesta unidade, compreenderemos como elas desempenham 
papel sintático ao incorrer em marcações de sentenças 
interrogativas, topicalizações e foco; além de considerar sua 
constituição lexical ao marcar o aspecto e, também, sua 
manifestação na categorização de sentenças afirmativas, 
interrogativas e negativas. 
A Unidade 6 é outra responsável por nos apresentar algum 
conteúdo prático, como, por exemplo, os verbos indicativos de 
nossas ações cotidianas. Também aprenderemos sobre palavras e 
locuções de cunho interrogativo e suas duas funções básicas na 
comunicação em Libras. Ao finalizar, um apanhado dos 
conhecimentos abordados será apresentado em questões de 
plena prática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 A COMPETÊNCIA COMUNICATIVA 
 
 
 
 O QUE É COMPETÊNCIA COMUNICATIVA 
 O estudo da competência comunicativa é imprescindível para formação de 
sujeitos efetivamente comunicadores. Sua aplicabilidade está para várias 
habilidades, como podemos perceber na citação de Berruto mencionada no 
trabalho de Castellanos: 
 
A competência comunicativa é uma capacidade que inclui não só 
a habilidade linguística e gramatical de produzir frases bem 
construídas e de saber interpretar e fazer julgamentos sobre frases 
produzidas pelo falante - ouvinte ou por outros, mas necessariamente 
incluirá, por um lado, uma série de habilidades extralinguísticas inter-
relacionadas, sociais e semióticas e, por outro lado, uma habilidade 
linguística multifacetada e multiforme. (BERRUTO apud CASTELLANOS, 
1992, p.100. Tradução nossa.) 
 
Ainda, é relevante analisar o conceito de competência comunicativa 
postulado por Pilleux: 
 
O status da comunicação linguística como um sistema gramatical 
que é usado para comunicação e que faz parte da cultura 
geralmente não tinha sido considerado antes do trabalho de Hymes. 
Assim, a comunicação linguística é alcançada por meio do domínio 
da competência comunicativa, termo que Hymes (1971, 1972, 1974) 
cunhou da etnografia da comunicação (um cruzamento entre 
antropologia e linguística), tendência antropológica que começa a 
se desenvolver no meio a partir da 1960 e início dos anos 1970 
(Gumperz e Hymes 1964,1972). Hymes propõe que a competência 
comunicativa deve ser entendida como um conjunto de habilidades 
e conhecimentos que permitem que os falantes de uma 
comunidade linguística se entendam. Em outras palavras, é nossa 
capacidade de interpretar e usar apropriadamente o significado 
social das variedades linguísticas, de qualquer circunstância, em 
relação às funções e variedades da língua e aos pressupostos 
culturais na situação de comunicação. Refere-se, em outros termos, 
ao uso como sistema de regras de interação social. (PILLEUX, 2001, 
online. Tradução nossa) 
 
 Como podemos perceber nas colocações dos autores, competência 
UNIDADE 
01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
linguística envolve mais do que simplesmente conhecer regras gramaticais da 
língua e reconhecer as palavras desse idioma. Podemos dividir a competência 
comunicativa em dois âmbitos: a elaboração e a decodificação. 
 A elaboração linguística compromete-se com a produção. Contorna toda e 
qualquer construção discursiva em todas as suas possibilidades de expressar-se: oral, 
escrita, imagética e/ou pantomímica, etc. Para tanto, é preciso o desenvolvimento 
de aptidões tais quais as citadas por Castellanos; a saber “a habilidade linguística e 
gramatical de produzir frases bem construídas”, assim como “uma série de 
habilidades extralinguísticas interrelacionadas, sociais e semióticas e, por outro lado, 
uma habilidade linguística multifacetada e multiforme”. 
 A perícia linguística perpassa, justamente, por aspectos multifacetados que 
incluem conhecimentos lexicais, sintáticos, semânticos, morfológicos, fonológicos, 
pragmáticos, além de gramaticais. Essas competências são adquiridas natural e/ou 
artificialmente, dependendo do contexto do aprendiz; seja ele aprendiz de uma L1 
ou L2, e dependendo também do seu ambiente de aquisição; seja o círculo natural 
de convivência ou a escola. As aquisições naturais de uma língua materna serão 
aprimoradas e desenvolvidas a partir de perspectivas específicas no ambiente 
escolar. Além disso, serão as responsáveis por auxiliar no aprendizado de uma língua 
estrangeira. A partir do conhecimento e potencial de aplicar tais redes, há 
competência comunicativa na esfera linguística. 
 No entanto, ainda é necessário estabelecer relações extralinguísticas, como 
as semióticas e sócio-culturais, dado que, conforme indicado por Pilleux (1992), 
anteriormente mencionado, “a competência comunicativa deve ser entendida 
como um conjunto de habilidades e conhecimentos que permitem que os falantes 
de uma comunidade linguística se entendam.” Nessa perspectiva, apenas 
conhecer critérios linguísticos da língua não será suficiente
para produzir enunciados 
que evidenciam competência linguística. Pense, por exemplo, nas unidades 
polilexicais como as expressões idiomáticas e provérbios, bem como nas formações 
metafóricas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
Figura 1: Unidades polilexicais 
 
Fonte: https://bit.ly/3zZ1Cz5. Acesso em: 27 jul 2021 
 
Nenhuma das considerações acima traz, por si só, todo o sentido do 
enunciado, embora todas elas estejam escritas de acordo com a norma culta 
gramatical da Língua Portuguesa. Para que sejam amplamente compreendidas em 
sua definição mais usual, a metafórica, é preciso ir além da assimilação do 
significado de cada uma das palavras que as compõem e somar tais conceitos. É 
preciso conhecimento cultural e social da comunidade linguística falante do 
Português. Por isso mesmo, será difícil para um aprendiz de Língua Portuguesa como 
L2 entender o caráter que essas expressões possuem sem que sejam orientados por 
um falante nativo de LP. 
 
 
 
Percebem como competência comunicativa vai além de construções 
corretas e formais? Seu objetivo principal é fazer-se entender aos seus pares 
linguísticos. 
https://bit.ly/3zZ1Cz5
https://bit.ly/3B3HvRM
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
 
A decodificação linguística está para a compreensão do discurso recebido. 
É o trabalho que o interlocutor realizará ao se deparar com um texto da 
língua em qualquer modalidade de apresentação. Isso está de acordo com a 
citação já trazida de Castellanos: “saber interpretar e fazer julgamentos sobre frases 
produzidas pelo falante - ouvinte ou por outros”. Assim, a concretização da 
competência comunicativa depende de duas partes: o locutor e o interlocutor. 
Não basta que apenas a primeira parte cumpra seu papel, é preciso que a 
segunda tenha aptidão na recepção do texto que lhe foi oferecido. É preciso que o 
destinatário da mensagem se ocupe em interpretar, julgar e decifrar tal 
manifestação. Como nos lembrou Pilleux (1992): “interpretar e usar 
apropriadamente o significado social das variedades linguísticas [...] em relação às 
funções e variedades da língua e aos pressupostos culturais na situação de 
comunicação. Refere-se [...] ao uso como sistema de regras de interação social.” 
 Para uma decodificação plena e correta, será preciso que o interlocutor seja 
partícipe dos conhecimentos linguísticos do seu enunciador e vice-versa. Por 
exemplo, um intérprete de Libras poderá ser considerado um profissional eficiente, 
não apenas por ser proficiente nas línguas que utiliza para realizar as traduções, 
mas, também, por conhecer a capacidade cultural e linguística do seu destinatário. 
Isso envolverá compreensão dos aspectos já mencionados para o propósito da 
produção textual, além de compartilhamento dos pressupostos antropológicos e de 
interação social que permeiam o discurso a ser elucidado. 
 Os domínios de competência comunicativa estão vinculados a basicamente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
duas modalidades da língua: a semiótica e a semântica. Castellanos (1992) 
descreve as distinções desses dois domínios no quadro abaixo: 
 
Quadro 1: Domínios da língua: Semiótico e Semântico 
Domínio Semiótico Domínio Semântico 
A língua como sistema de signos. A língua em funcionamento. 
Significar. Comunicar. 
Domínio no âmbito do signo. Domínio no âmbito da frase. 
Nem a relação do signo com o denotado, 
nem a relação da língua com o mundo é 
considerada. 
Integra a sociedade e o mundo. A língua na 
sua função mediadora entre o homem e o 
homem; entre o homem e o mundo. 
Incorpora a noção de referente: o que é 
nomeado pelo signo. 
O signo tem um valor genérico e 
conceitual. 
O significado da frase implica a referência 
ao contexto e à atitude do falante. 
É uma propriedade da língua. É o resultado de uma atividade do locutor 
que coloca a língua em ação. 
Fonte: CASTELLANOS, 1992, online 
 
 
 
Toda comunicação se dará levando em consideração os campos 
determinados. De modo que a produção do discurso poderá ser significada e/ou 
comunicada a partir da intenção do enunciador e de suas habilidades 
(extra)linguísticas e a decodificação será atingível atrelando competência 
comunicativa do remetente à do destinatário. Tal competência é o que tornará 
possível, inclusive, que produção e decodificação sejam feitas no domínio 
correspondente ao discurso, seja ele pertencente ao conceito genérico do signo ou 
dependente de contexto. 
https://bit.ly/2Ya1DTm
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
 
 TIPOS TEXTUAIS 
Como analisamos no subtítulo anterior, a competência comunicativa pode 
ser avaliada em diferentes tipos de comunicação, que são, apropriadamente, 
denominadas textuais. 
 Os textos serão rotulados em gêneros, isto é, levando-se em consideração a 
intenção e a forma desses discursos, lhes são atribuídas classificações. Como já 
identificado, o texto é lugar de interação e visa comunicar-se. Dependendo da 
forma como tal comunicação se dará, cada texto será produzido em uma devida 
estrutura composicional. São essas estruturas e o objetivo na construção de sentido 
que serão levados em conta na identificação dos gêneros textuais. Lemos em 
Medeiros e Tomasi: 
 
O número de tipos textuais, diferentemente dos gêneros que 
constituem uma lista aberta, é limitado: descritivo, narrativo, 
expositivo, argumentativo, injuntivo, dialogal. Esses tipos textuais 
também são conhecidos como sequências textuais e são 
identificados pelo léxico utilizado, pela sintaxe, pelos tempos verbais, 
pelas relações lógicas etc. Uma composição textual não mantém a 
mesma regularidade o tempo todo: um texto argumentativo não o 
será o tempo todo; uma descrição pode conter momentos 
narrativos, uma narração pode ser entremeada de passagens 
argumentativas. (MEDEIROS; TOMASI, 2017, p.56) 
 
Os autores fazem menções importantes a serem consideradas. Além de 
indicar os tipos textuais mais comuns, ponderam sobre a vivacidade linguística ao 
identificar que, mesmo que um texto tenha características regulares de um tipo, ele 
pode discorrer, em alguns momentos, por características mais fortemente próprias a 
outro tipo. Isso não necessariamente o torna confuso, desordenado ou ilegítimo, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
desde que tal construção tenha sido feita intencionalmente pelo seu locutor. A 
regularidade não é meio de avaliação de um texto como linear, claro ou coeso. 
Apesar da previsibilidade, mesclas de distintos tipos textuais podem enriquecer a 
mensagem e facilitar a compreensão pelo interlocutor. 
 Os tipos textuais mais comuns também são identificados pelos autores; a 
saber, descritivo, narrativo, expositivo, argumentativo, injuntivo e dialogal. Ainda sob 
luz de Medeiros e Tomasi, consideraremos as principais características de cada um 
deles, a partir da tabela proposta pelos autores, aqui abaixo reproduzida: 
 
Quadro 2: Tipos Textuais 
Sequência Efeito Pretendido Fases 
Narrativa 
Manter a atenção do destinatário, 
estabelecendo uma tensão e 
subsequente resolução. 
 Situação inicial 
 Complicação 
 Ações desencadeadas 
 Resolução 
 Situação Final 
Descritiva 
Fazer o destinatário ver 
minuciosamente elementos de um 
objeto do discurso, segundo a 
orientação dada a seu olhar pelo 
produtor. 
 Tematização 
 Aspectualização 
 Relação 
 Expansão 
Argumentativa 
Convencer o destinatário da validade 
do ponto de vista do enunciador 
diante de um objeto do discurso visto 
como contestável pelo produtor e/ou 
pelo destinatário. 
 Premissas 
 Suporte argumentativo 
 Contra-argumentação 
 Conclusão 
Explicativa/Expositiva 
Levar o destinatário a compreender 
um objeto do discurso, visto pelo 
produtor como incontestável, mas de 
difícil compreensão para o 
destinatário. 
 Constatação inicial 
 Problematização 
 Resolução 
 Conclusão/Avaliação 
Injuntiva Fazer o destinatário agir segundo uma  Enumeração de
ações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
direção para atingir um objetivo. temporalmente 
subsequentes 
Dialogal 
O propósito é levar o destinatário a 
manter-se na interação proposta. 
 Abertura 
 Operações transacionais 
 Fechamento 
Fonte: MEDEIROS; TOMASI, 2017, p.55 
 
As particularidades dos principais tipos textuais estão apresentadas na figura. 
Falaremos mais sobre três desses tipos textuais, por serem os mais recorrentes no 
âmbito educacional, a fim de proporcionar maior facilidade na identificação dos 
mesmos e também aprimorar a perícia em decodificá-los enquanto interlocutores. 
 
 
 
1.2.1 A Narrativa 
O tipo textual narrativo propõe uma construção que desencadeia uma 
sequência de fatos a partir da perspectiva da(s) personagem(ns). Conforme a Fig.2 
nos indica, essa continuidade de ocorrências se dá, basicamente, pela ordenação 
de situações iniciais, mediais e finais. Normalmente, haverá uma circunstância de 
conflito que atingirá seu clímax no momento de maior contratempo e o seguimento 
para a situação final. 
 Medeiros e Tomasi detalham: 
 
Na sequência narrativa, temos uma sucessão de eventos: um evento 
ou fato é consequência de outro evento, constituindo seu elemento 
principal a delimitação do tempo. Observamos ainda na narrativa 
uma unidade temática: a ação narrada precisa apresentar um 
caráter de unidade; daí privilegiar um sujeito agente; embora 
possam ser muitas as personagens, haverá uma que será a principal. 
(MEDEIROS; TOMASI, 2017, p. 58) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
A sucessão de eventos pode acontecer em ordem cronológica e/ou 
psicológica e será apoiada em evidências importantes relacionadas às ações das 
personagens do relato. Outras características também são indicadas pelos autores 
como, por exemplo, a presença de personagem antropomorfa, evidências de um 
juízo de valor ou moral no decorrer ou ao final da narrativa inferida pelo leitor e o 
traço de verossimilhança. 
 
 
 
1.2.2 A Descritiva 
 As sequências descritivas, como depreendemos pela sua nomenclatura, 
servem para expor de modo minuciado, pormenorizado e detalhado um 
acontecimento ou evento, seres inanimados e animados, fenômenos e tudo mais 
que possa receber atribuições em especificidade. Lemos em Medeiros e Tomasi: 
 
Em geral, a sequência descritiva ocupa-se apenas de parte de um 
todo; selecionamos o que queremos transmitir ao leitor ou ao ouvinte, 
o que de certa forma já implica ausência de neutralidade. 
Preocupa-nos designar o que queremos informar, nomeando os 
objetos ou pessoas; em seguida, definimos objetos e pessoas para 
que o interlocutor tenha ideia precisa da extensão dos enunciados, 
dos atributos essenciais e específicos do objeto da descrição; 
finalmente, esse tipo de texto vale-se da individuação, necessária 
para tornar singular o objeto do enunciado; é essa individuação que 
especifica, distingue, particulariza. (MEDEIROS; TOMASI, 2017, p. 66) 
 
 
Ao indicar que “a sequência descritiva ocupa-se apenas de parte de um 
todo”, os autores retomam uma consideração importante: normalmente, a 
descrição será o excerto de uma totalidade, podendo contribuir para o objetivo da 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
apresentação singularizada em sequências como, por exemplo, a narrativa. É assim 
no caso de gêneros textuais que apelam para o caráter distintivo mais 
recorrentemente, como os Relatos, Biografias e Diário. 
 Como dito, a composição descritiva, “especifica, distingue, particulariza”; de 
modo ser impossível construir essas pertenças com total ausência de juízo de valor. É 
certo que algumas características, sendo próprias daquilo/daquele que está sendo 
categorizado, serão tomadas e reconhecidas por toda e qualquer pessoa a 
descrevê-las. No entanto, outras considerações acabam por indicar a avaliação 
pessoal do locutor, tendo em conta sua experiência e ponto de vista. Veja um 
exemplo: 
 
Clarice Lispector nasceu na aldeia de Tchetchelnik, na Ucrânia, no 
dia 10 de dezembro de 1920. Era filha de Pinkouss e Mania Lispector, 
casal de origem judaica que fugiu de seu país diante da perseguição 
aos judeus durante a Guerra Civil Russa. 
Ao chegarem ao Brasil, fixaram residência em Maceió, Alagoas. [...] 
Clarice tinha apenas dois meses de idade. Por iniciativa de seu pai, 
todos mudaram o nome. Nascida Haya Pinkhasovna Lispector, 
passou a se chamar Clarice. 
Depois, a família mudou-se para a cidade do Recife [...]. Aprendeu a 
ler e escrever e logo começou a escrever pequenos contos. Foi aluna 
grupo escolar João Barbalho, onde fez o curso primário. Estudou 
inglês e francês e cresceu ouvindo o idioma dos seus pais o iídiche. 
Ingressou no Ginásio Pernambucano, o melhor colégio público da 
cidade. (FRAZÃO, 2021, online) 
 
No caso de textos biográficos, detalhamentos são feitos ao longo da 
sequência e indicam descrições tanto factuais, como o nome, local de nascimento 
e eventos da vida de uma pessoa, como também descrições baseadas nos critérios 
do emissor da mensagem. Note que a autora da biografia de Clarice Lispector traz 
minúcias isentas de julgamento, mas quando indica que a literata, ainda criança 
“ingress[a] no Ginásio Pernambucano, o melhor colégio público da cidade”, atribui 
uma particularidade ao colégio que lhe é própria. Qual(is) razão(ões) justifica(m) 
considerar o Ginásio Pernambucano o melhor colégio público da cidade? É uma 
demanda absoluta? Evidente que não. Assim, mesmo que não propriamente 
concebido pela autora do texto, percebemos uma demanda de contribuição 
avaliativa e crítica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 Haverá sequências descritivas com maior ou menor grau de parecer pessoal, 
assim como também haverá mais ou menos trechos descritivos em um discurso, a 
depender do seu gênero textual e intenção comunicativa. 
 
1.2.3 O dissertativo-argumentativo 
No âmbito pedagógico, especialmente no percurso educacional dos anos 
finais da educação básica, a sequência textual dissertativa-argumentativa é uma 
das mais executadas e avaliadas, dada a necessidade e intento de despertar a 
leitura e escrita crítica do aluno, bem como sua capacidade de enunciar, objetar e 
arrazoar. 
 Na obra de Medeiros e Tomasi, a enunciação argumentativa é referenciada 
e, em seguida, há a consideração do tipo explicativo/expositivo, que também 
pode ser chamado dissertativo. Esse último tem por propósito dar ao interlocutor 
informações suficientes para que conheça o objeto de apresentação ofertado pelo 
remetente do discurso. 
 É uma sequência que se distingue da descritiva, pois a descrição apresenta 
detalhamentos de um referente conhecido ou familiar ao interlocutor, enquanto 
que a sequência expositiva ou dissertativa irá discorrer sobre um objeto do discurso 
não familiar, de difícil compreensão para o destinatário. Por isso, apresentará a 
exposição a partir de uma problematização constatada e de indicações de 
resoluções até a conclusão ou avaliação final. 
 Já a sequência argumentativa pode ser concomitante à dissertativa quando 
no caso de assim ser solicitado. O texto argumentativo: 
 
[...] dispõe de longa tradição. Já a retórica clássica tratava dela. A 
sequência argumentativa preocupa-se em explicar, analisar, 
classificar, avaliar a realidade do mundo. É o tipo de sequência 
predominante nos discursos científicos, filosóficos, nos editoriais 
jornalísticos. A argumentação está sempre presente em qualquer que 
seja o tipo de texto: há uma voz que se estabelece em contato com 
outra, manifestando um ponto de vista, buscando a adesão do 
interlocutor ou de um auditório às teses defendidas. Todavia, se em 
qualquer texto podemos detectar uma argumentação, um juízo 
sobre as coisas do mundo, “é só a sequência argumentativa que terá 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
a estrutura constitutiva do raciocínio” (WACHOWICZ, 2010, p. 95). 
(MEDEIROS; TOMASI, 2017, p.75) 
 
 
As teses
argumentativas terão, portanto, o objetivo de “busca[r] a adesão do 
interlocutor ou de um auditório às teses defendidas”. Na necessidade de não 
apenas apresentar um referente circunstancial, a argumentação quer convencer. 
Por isso, utiliza de recursos como premissas, defesa de ponto de vista, 
exemplificação para embasamento do discurso, contra-argumentação de 
construções antagônicas, propostas de intervenção e/ou sugestões de adesão ao 
ato enunciativo, etc. 
 Logo, mesmo que inicialmente o receptor tenha pensamento distinto 
daquele promovido pelo remetente, o objetivo desse último é estabelecer, através 
da argumentação, a conclusão que deseja alcançar. 
 Necessário ressaltar que características de escrita serão especialmente 
aqui relevantes, pois a argumentação efetiva necessita de textos convincentes, 
coerentes e coesos. Para tanto, a pessoalidade deve ser evitada, a fim de 
identificar construções comuns ao coletivo, e não ao indivíduo. A sequencialidade 
lógica e macroestrutural é fator expressivo para uma escrita dissertativa-
argumentativa com bom encadeamento. 
A escrita à base da norma culta padrão da língua também contribui para 
uma compreensão mais ampla das informações e dá peso de confiabilidade à 
explanação. 
 
 
 
Os tipos de sequências textuais não se esgotam por aqui. Analisamos três das 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
principais estruturas discursivas a fim de elucidar sua finalidade e estrutura e fazê-los 
perceber a necessidade do alto grau de compreensão léxico-gramatical e de 
maturidade linguística necessário para produção de discursos considerados 
competentes. 
A competência comunicativa está muito além de uma boa construção 
sintática. Ela envolve alcançar uma produção que, ao chegar ao destinatário, 
valide o intento do locutor por ser decodificada conforme seu objetivo. 
 
 TIPOS TEXTUAIS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2 PARA 
SURDOS 
A competência comunicativa parte dos princípios já analisados nos tópicos 
anteriores. Ela se dá a partir da materialidade da linguagem em forma de discurso 
linguístico em suas distintas formas. Para tanto, é imprescindível que as formas 
básicas de comunicação e efetivação textuais sejam conhecidas e reconhecidas 
pelos falantes da comunidade linguística. 
Sabendo que a língua é uma atividade social, a verbalização só poderá 
acontecer através de construções de sequências textuais padronizadas com as 
regras léxico-gramaticais próprias a essa comunidade. 
 Nessa perspectiva de letramento e produção de sentido, lemos em 
Salviano (2014): 
 
[...] cabe à escola a função de promover aprendizado de leitura e 
escrita de modo que permita aos seus alunos interação plena com a 
sociedade em todas as suas facetas formais ou informais. Como ter 
habilidade em fazer isso com o aluno padrão, isto é, com o aluno 
que faz parte do grupo base da sociedade, tem sido amplamente 
discutido nas Faculdades de Educação em todo o Brasil através de 
disciplinas, projetos, trabalhos, livros, etc. Mas como conseguir a 
mesma habilidade com um grupo minoritário que também faz parte 
dos assentos das escolas? Como conseguir essa habilidade com 
alunos surdos que têm uma visão de mundo absolutamente diferente 
da nossa, como ouvintes? E caso trabalhe com uma turma de escola 
inclusiva, ou seja, com alunos surdos e ouvintes, como caminhar de 
modo a promover a mesma competência para ambos os grupos? 
[...] E como fazer isso de um modo que privilegie a visão, já que é por 
esse sentido que os surdos captam as informações e o mundo 
externo? (SALVIANO, 2014, p.59) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
As funcionalidades e as classificações de sequências e gêneros textuais da 
Língua Portuguesa são as mesmas para todo corpo social que partilha dessa língua 
e cultura. 
Logo, qualquer indivíduo que recebe e perpassa informações em LP e que 
possui plena ou certa medida de civilidade a partir de enunciações produzidas ou 
decodificadas nessa língua deve ter a competência linguística necessária para 
desenvolver habilidade suficiente em tal perspectiva, estando, então, capaz de 
firmar um percurso educacional adequado, além de habilitar-se para o exercício 
da sua cidadania. 
A competência será aprimorada no ambiente escolar, responsável por 
desenvolver consciência regulamentadora da inata faculdade da linguagem e da 
L1 já adquirida. 
 
 
 
Sendo a escola mediadora na construção de sentido, deverá propiciar 
compreensão e refinamento de competência linguística e, portanto, 
reconhecimento e produção apta dos tipos textuais, a todo público que atenda; 
inclusive à comunidade surda. 
Por que haverá distinção de metodologias para surdos e ouvintes, quando na 
busca por um objetivo linguístico semelhante? A resposta está, basicamente, na 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
modalidade de captação e expressão desses dois grupos. 
 
Figura 2: A verbalização em línguas de distintas modalidades 
 
Fonte: BRASIL, 2009, p.19 
 
 Perceba a enunciação comunicativa trazida na Fig.3. Temos ali, 
verbalizações em Libras e em Língua Portuguesa. Para os partícipes do diálogo em 
língua de sinais, notamos que duas variantes são necessárias para entender e para 
se fazer entender: a visão e o espaço. 
É através da visão que há captação do que está sendo dito e é no espaço 
que tal manifestação acontece. Por isso, a Libras e as outras tantas línguas de sinais 
são denominadas línguas espaço-visuais. Já o discurso em LP que está sendo 
transmitido pelo canal televisivo não depende da visão do interlocutor ouvinte para 
ser compreendido. 
Mesmo estando de costas para o remetente da mensagem ou fora do seu 
campo visual, é possível captar e decodificar a mensagem pelo canal auditivo. E, 
para produzir uma mensagem, usa-se o aparelho fonoarticulatório. 
Consequentemente, a Língua Portuguesa pode ser classificada oral-auditiva; pois 
suas variantes de produção e decodificação são, respectivamente, a articulação 
oral e o sistema auditivo. 
 Essa diferença de modalidade aporta aos indivíduos surdos e ouvintes 
distinções no modo de ver o mundo, de se apropriar dos conceitos, de relativizar, de 
ser alfabetizado e, de um modo geral, de aprender. 
Não há, quando se tratando apenas da falta da audição, imputamento de 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
perdas cognitivas para o surdo. O que temos, no seu caso, é simplesmente uma 
diferença comunicativa modal que demanda metodologias próprias à sua 
especificidade linguística, como, por exemplo, o estabelecimento de uma relação 
ensino-aprendizagem a partir de ferramentas visuais e que não se primem 
exclusivamente pelos fonemas sonoros. 
 Reconhecendo uma forma de aprendizado particular dos surdos, a 
legislação brasileira reconhece, através da Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, 
regulamentada pelo Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, a Libras como 
meio oficial de comunicação da pessoa surda. Tal feito determina consequências 
importantes no processo educacional do surdo, incluindo sua relação com textos 
de línguas orais. 
 Sendo o meio de expressão da comunidade surda, a Libras deve ser 
encarada como sua L1 e, então, como meio de instrução dessa comunidade. Toda 
pessoa surda deve receber a educação básica por meio da língua de sinais. 
Consequentemente, o Português será uma L2, ou seja, uma língua 
estrangeira.Destarte, não é possível e nem expectável que um aprendiz de L2 tenha 
proficiência e aproveitamento absolutamente semelhante à de um nativo no 
desenvolvimento da competência comunicativa. 
 Tanto mais se a comparação entre esses aprendizes está para línguas de 
modalidades distintas. Não é realista supor que uma pessoa privada do pleno 
sentido da audição reconheça características de uma língua que estão 
alicerçadas em sistemas sonoros – justamente o que não é capaz de alcançar. 
Levando isso em consideração, as regências legislativas e documentos
oficiais no âmbito educacional promovem metodologias funcionais e efetivas para 
que o processo educacional do surdo se dê com o melhor acesso à competência 
comunicativa em uma perspectiva bilíngue que lhe caiba. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
 
Considerando os aspectos mencionados, trabalhar as sequências textuais 
com surdos a fim de lhes desenvolver a competência comunicativa deverá, 
necessariamente, perpassar pela sua L1 como ferramenta de instrução e pelo 
aprendizado do Português na modalidade escrita como L2. 
 
[...] levando em conta a importância da L1 na aprendizagem do 
Português como L2 na modalidade escrita por surdos, Fernandes 
(2006) comenta que, se houver uma base linguística assegurada pelo 
acesso à Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como L1, substituindo a 
oralidade em conteúdo e função simbólica, o surdo conseguirá 
aprender a escrita do Português. Isso porque, como aponta 
Fernandes (2006), as palavras são processadas como um todo 
quando são percebidas pelo surdo, sendo reconhecidas em sua 
forma ortográfica e ligadas a uma significação. A partir desse 
processo cognitivo, os surdos podem aprender estruturas linguísticas 
sem conhecer seus sons. No entanto, se não houver sentido, não 
haverá leitura por parte do aprendiz, pois ler não é apenas 
memorizar palavras isoladas, e sim compreender e negociar sentidos 
na interação com o texto. (TEIXEIRA, 2017, online) 
 
Somente apoiado na aquisição de sua língua natural, o surdo poderá 
processar as formas textuais, produzi-las e decodificá-las com domínio de 
proficiência em sua própria língua e com suficiente conhecimento na L2, isto é, a 
língua oral. Os benefícios de uma metodologia que respeita as especificidades 
linguísticas da comunidade os permite alcançar, ainda, habilidades cognitivas 
diversas, engajamento no processo pedagógico, criticidade social, autonomia 
léxico-gramatical, etc. Teixeira sugere propostas eficazes nesse sentido: 
 
Fernandes (2006) destaca também a importância de materiais ricos 
em imagens e ilustrações, pois eles permitem a contextualização 
visual do texto, a elaboração de hipóteses sobre os sentidos da 
escrita e a leitura das imagens, de modo que o aluno, a partir de seu 
conhecimento de mundo, poderá inferir possíveis efeitos de sentidos 
https://bit.ly/3FcAIHY
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
produzidos pelo texto. Após a seleção dos textos, Tomlinson (2003) 
sugere que sejam pensadas atividades que levem o aprendiz a 
experienciar o texto de diversas maneiras. Para que haja o 
desenvolvimento de um leitor crítico que vê o texto como objeto 
cultural, inserido em uma rede de relações sócio-históricas 
(Fernandes, 2006, p. 12), é preciso que seja propiciada a reflexão 
sobre os aspectos lexicais, gramaticais e funcionais do texto, que 
podem estar explícitos ou implícitos na organização textual. (TEIXEIRA, 
2017, online) 
 
Uma construção de conhecimento através de elementos visuais e da Libras 
enquanto elemento de ensino figurará em competência comunicativa. 
 
Figura 3: Oferta de formação pedagógica em sala de aula com alunos surdos 
 
Fonte: https://bit.ly/3zY13p9. Acesso em: 30 jul 2021 
 
O educador deverá proporcionar práticas pedagógicas que indiquem seu 
conhecimento sobre a forma de aprender do surdo. Quanto aos tipos textuais, é 
preciso que as práticas levem em consideração a relação leitura/escrita do surdo 
quanto à língua oral vigente no seu ambiente social. 
 
 
 
 
 
 
https://bit.ly/3zY13p9
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
FIXANDO CONTEÚDO 
1. De acordo com os conceitos analisados na Unidade, o que é a competência 
comunicativa? 
a) O domínio das variações linguísticas. Uma comunidade linguística é formada por 
indivíduos com diferentes níveis de competência lexical. De modo que conhecer 
as variações utilizadas nessa comunidade nos permite alcançar competência 
comunicativa com todos os partícipes. 
b) Estabelecimento de habilidades que excedem a compreensão dos domínios 
gramaticais e/ou sintáticos e alcançam conhecimentos extralinguísticos, como 
noções socioculturais, possibilitando domínio da mensagem por parte do locutor 
e plena compreensão por parte do interlocutor. 
c) Possuir um rol vocabular considerável e significativo. Esse conhecimento será 
essencial tanto para produzir textos compreensíveis como para reconhecer os 
textos de outrem. 
d) A habilidade de produzir sentenças de acordo com a norma culta padrão, de 
modo a auxiliar o remetente da mensagem na sua compreensão global. 
e) O domínio cultural do corpo social utilitário de dada língua, pois, como a língua é 
também formada pela cultura, só se terá competência linguística através do uso 
das ferramentas culturais. 
 
2. ITAME/2020 – adaptada - Leia o texto para responder à questão: 
Dom Quixote (Miguel de Cervantes) 
Há aproximadamente quatrocentos anos, na aldeia de La Mancha, na Espanha, 
vivia um fidalgo de poucas posses materiais, mas muitos livros, e que adorava 
experimentar os desafios da vida e cujo passatempo era ler contos e mais contos de 
cavalaria. Era este nobre senhor alto, magro, de cinquenta e poucos anos, queixo 
pontiagudo, cabelo grisalho desgrenhado e certo ar de loucura no olhar. De 
sobrenome Quixada ou Quesada, embora não rico, era muito conhecido pelos 
lavradores e tinha fala de boa pessoa entre os moradores da comunidade em que 
vivia. [...] 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
O trecho acima possui uma sequência narrativa, no entanto, também se 
caracteriza como: 
a) argumentativo. 
b) expositivo. 
c) descritivo. 
d) injuntivo. 
e) dialogal. 
 
3. VUNESP/2020 - Leia a tira para responder à questão. 
 
 
 
Fonte:https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/8d244b2e-ee 
O efeito de sentido da tira é construído a partir da atribuição, pelos personagens, 
de significados diversos à seguinte palavra ou expressão: 
a) sua tia. 
b) decorar. 
c) toda a nossa casa. 
d) já acho difícil. 
e) tabuada de dois. 
 
4. No que diz respeito ao uso de tipos textuais no ensino de Língua Portuguesa, a 
distinção metodológica no ensino de surdos e ouvintes se dará, dentre outros 
motivos, por: 
a) As funcionalidades e as classificações de sequências e gêneros textuais da 
Língua Portuguesa serem diferentes para a comunidade surda e para a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
comunidade ouvinte. 
b) Não existir componentes fonêmicos e fonológicos nas línguas de sinais. 
c) Os surdos possuírem déficit linguístico relacionado à estrutura de uma língua oral, 
não podendo, portanto, ser alfabetizado em Português. 
d) Serem as línguas de sinais de modalidade espaço-visual, pois a produção dos 
componentes linguísticos acontece no espaço físico mediada pelas mãos e é 
captada pelos olhos. 
e) Não haver coincidência léxico-gramatical entre a Libras e a Língua Portuguesa. 
Dessa maneira, a competência comunicativa dependerá de reconhecer 
estruturas linguísticas distintas. 
 
5. De acordo com os conceitos de elaboração e decodificação, relacione a 
primeira coluna com a segunda. Qual das duas ações as personagens 
mencionadas realizam em cada situação apresentada? 
 
( 1 ) Elaboração 
( 2 ) Decodificação 
 
( ) Olavo estuda para a prova de Biologia sublinhando as ideias principais dos 
resumos enviados pela professora. 
( ) Lurdinha escreve um cartão de agradecimento pelos presentes recebidos em 
seu aniversário. 
( ) Ana envia uma mensagem de texto produzida apenas com emojis e imagens 
por meio de um aplicativo do seu celular. 
( ) Malthus escolhe o jantar no menu do restaurante. 
( ) Beto analisa a bula do remédio que tomará pelos próximos sete dias. 
 
A sequência correta é: 
a) 1 – 1 – 2 – 2 – 2 
b) 2 – 1 – 2 – 1 – 1 
c) 1 – 2 – 2 – 1 – 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
d) 2 – 2 – 1 – 1 – 1 
e) 2 – 1 – 1 – 2 – 2 
 
6. A legislação brasileira já determina
a Libras como meio de comunicação e 
expressão da pessoa surda pelo estabelecimento da Lei nº 10.436, de 24 de abril 
de 2002, regulamentada pelo Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. 
Dentre as consequências dessa determinação, no que diz respeito ao processo 
de ensino e aprendizagem da comunidade surda, são verdadeiras as 
alternativas: 
 
I. Considerar a Libras como L1 da comunidade surda. 
II. Considerar a Libras como meio de instrução no processo educacional da 
comunidade surda. 
III. Considerar a Libras como substituta da língua oral, isto é, o Português. 
a) I. 
b) I, II. 
c) II. 
d) II, III. 
e) Todas as alternativas. 
 
7. FUNCAB/2015 - adaptada - Ensinar aos alunos com surdez, assim como aos 
demais alunos, a produzir textos em português objetiva torná-los competentes em 
seus discursos, oferecendo-lhes oportunidades de interagir nas práticas da língua 
oficial e de transformar-se em sujeitos de saber e poder com criatividade e arte. 
Para que essa aprendizagem ocorra, a educação escolar deve apresentar aos 
alunos com surdez a diversidade textual circulante em nossas(os): 
a) práticas sociais. 
b) ritos de passagem. 
c) produções literárias. 
d) práticas culturais. 
e) práticas bilíngues. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
8. SETA/2018 - Observe o extrato de texto abaixo e responda o que se pede: 
 
“Faz um domingo frio e ensolarado em Porto Alegre. O céu muito azul, depois de 
dias de chuva, é um convite a sair de casa. O Parque da Redenção, o mais popular 
da capital gaúcha, está lotado. Jovens casais conduzem carrinhos de bebês. Idosos 
tomam sol ou leem jornal. Atletas domingueiros passam com o fôlego curto. Jovens 
andam de bicicletas ou sentam-se em grupos animados sobre o gramado. (...)” 
 
O trecho acima tem como ideia central: 
a) os jovens conversarem em grupo; 
b) os carrinhos de bebê que circulam pelo parque; 
c) as condições do tempo que propiciam distrações ao ar livre; 
d) a popularidade dos parques de Porto Alegre; 
e) o fôlego dos atletas de fim de semana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 LIBRAS EM FOCO I 
 
 
 
 PRONOMES PESSOAIS 
 
Os pronomes pessoais são aquelas palavras que servem para se referir a 
outra da classe dos substantivos. Normalmente, os pronomes acompanham ou 
substituem nomes na medida que primam pela coesão e coerência textuais, 
evitando, por exemplo, as repetições. 
Aqui, trataremos dos pronomes pessoais do caso reto; aqueles que, via de 
regra, exercem função de sujeito. 
 Os pronomes pessoais vão referir-se às três possíveis pessoas do discurso, seja 
no contexto singular ou plural. Veja dois exemplos: 
 
 
 
Como podemos notar, a substituição dos substantivos Álvaro e aulas por 
pronomes pessoais mantém o sentido e torna as orações melhor compreensíveis na 
medida que recuperam o agente do enunciado sem repetições desnecessárias. 
 
UNIDADE 
02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
São pronomes pessoais do caso reto: 
Pessoas verbais Português 
1ª pessoa do singular eu 
2ª pessoa do singular tu – você 
3ª pessoa do singular ele – ela 
1ª pessoa do plural nós 
2ª pessoa do plural vós – vocês 
3ª pessoa do plural eles – elas 
 
Por ser uma língua espaço-visual e, também, por ter um recorrente processo 
de formação de palavras a partir do critério de iconicidade, a elaboração de 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
algumas lexias em Libras pode variar, especialmente quando se trata de determinar 
referentes. 
Em Língua Portuguesa, o processo de detalhamento da pessoa verbal 
também pode acontecer, quando, por exemplo, inserimos nele informações de 
cunho demonstrativo, direcional e/ou qualitativo. 
Em Libras, porém, essas informações são simultâneas ao discurso, pois são 
identificadas ao interlocutor em um único sinal que comporta a apresentação do 
pronome pessoal bem como algum detalhamento ao seu respeito. Analisaremos os 
casos específicos na apresentação dos pronomes pessoais em Libras. 
 
 
 
Os pronomes eu (1ª pessoa do singular) e tu/você (2ª pessoa do singular) são 
identificados pelo apontamento. Para identificar a pessoa eu, há o apontamento, 
com o indicador, para o próprio enunciador. 
 
 
 
Para distinguir a pessoa tu/você haverá o apontamento, também com o 
dedo indicador, para o interlocutor, ou seja, para a pessoa com quem se fala. 
Nessa perspectiva, é essencial considerar o direcionamento. O apontamento será 
orientado para o local onde o interlocutor está posicionado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
 
Em Libras, o pronome referente à 3ª pessoa do singular (ele/ela) também será 
efetivado a partir do apontamento. Mas, diferentemente do que acontece nas 
pessoas tu/você, o apontamento será para um ponto distinto daquele em que 
estão locutor e interlocutor. 
 É uma atribuição física de um espaço convencionado que contempla uma 
terceira pessoa, alheia à conversa naquele momento. Nesse espaço determinado 
para ele/ela, sempre que a mesma pessoa for mencionada será referida nessa 
localidade escolhida. 
Ainda, é importante indicar que a variação de gênero para tal pessoa não 
acontece da mesma forma como se dá em Língua Portuguesa. Em Português, a 
formação da palavra masculina ou feminina passa pelo processo de sufixação; ou 
seja, o radical da lexia acrescido do sufixo próprio ao gênero (EL+E ou EL+A). Em 
Libras, há dois fatores a serem considerados. 
O primeiro é que a variação de gênero não necessariamente acontecerá 
em todas as enunciações. É possível que apenas a sinalização do apontamento 
mantenha o discurso pleno de sentido. O segundo fator é que, quando tal 
indicação for apresentada, acontecerá pelo processo prefixal: prefixo marcador de 
gênero (masculino/feminino) + radical da palavra (apontamento). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
Como dissemos, em Libras, a própria forma de enunciação do pronome 
poderá apresentar detalhamentos do referente. É especialmente o caso das 
pessoas verbais do plural. 
Essa, ao lado, é a forma comum do pronome nós (1ª pessoa do plural). 
Todavia, dependendo do contexto, podemos apropriar à sinalização desse 
pronome as especificidades da contextualização própria ao referente. 
Veja, abaixo, as possibilidades de sinalizações como nós dois, nós três e nós 
quatro. Note que, no primeiro, temos uma alusão específica aos dois referentes do 
emissor da mensagem e, nos outros casos, temos semelhança de movimento do 
sinal primário com modificação da configuração de mão que recupera o número 
de referentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
Mesmas considerações podem ser feitas para o pronome vós/vocês (2ª 
pessoa do plural). Temos a forma primária que indica no espaço neutro os 
elementos partícipes dessa pessoa verbal através de um apontamento com 
movimento alongado. 
Contudo, podemos estender o agente ao contexto quando houver 
particularidades e acrescentar tais distinções no próprio sinal, como no caso de 
vocês dois, vocês três, etc. 
 
 
 
Para a 3ª pessoa do plural eles/elas haverá também a possibilidade de 
agregar ao sinal primitivo características da circunstância comunicativa. Perceba: o 
apontamento referente às pessoas referenciadas alheias àquele discurso acontece 
posicionando-as em um local distinto daquele em que o remetente da mensagem 
e o seu destinatário estão. 
 Note que o olhar do enunciador está direcionado ao seu interlocutor, 
enquanto que sua indicação com as mãos está em outro ponto físico do espaço 
discursivo. É possível agregar nesse sinal indicações peculiares da pessoa verbal 
eles/elas, como em eles dois, eles três, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
 
 
A construção das referências às pessoas do discurso pode ser explícita ou 
implícita: 
 
Na construção de uma frase em Libras, é possível a omissão do 
sujeito. Isso acontece nos casos em que o(s) locutor(es) e
o(s) 
interlocutor(es) do discurso reconhecem o contexto e já 
compreendem sobre quem a enunciação está se referindo ou 
quando esse sujeito já foi anteriormente citado, sendo desnecessária 
sua repetição. (PAULA, 2020, p.62) 
 
Portanto, caberá ao produtor do texto optar por indicar os pronomes 
pessoais de maneira manifesta ou subentendida. Cada realidade e situação 
comunicacional é que lhe permitirá determinar as melhores circunstâncias para 
essa escolha. 
 
 PRONOMES POSSESSIVOS 
Os pronomes possessivos levam em consideração os pronomes pessoais para 
estabelecer a eles uma relação de posse com algo ou alguém. Assim, ele indica a 
qual pessoa verbal o elemento referente é designado. 
Os pronomes possessivos vão concordar com o possuidor em alguma(s) da(s) 
três possíveis pessoas do discurso, seja no contexto singular ou plural. Nas variações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
de gênero e número, eles concordam com o que é possuído. Veja exemplos: 
 
 
São pronomes possessivos: 
 
Pessoas verbais Português 
1ª pessoa do singular meu(s); minha(s) 
2ª pessoa do singular teu(s); tua(s) 
3ª pessoa do singular seu(s); sua(s) 
dele; dela 
1ª pessoa do plural nosso(s); nossa(s) 
2ª pessoa do plural vosso(s); vossa(s) 
de vocês 
3ª pessoa do plural seu(s); sua(s) 
deles; delas 
 Em Libras, os pronomes possessivos terão a concordância em pessoa, e não 
em gênero e/ou ao referente possuído. Por exemplo, retomemos as sentenças 
anteriormente analisadas: 
 
 
A menção do pronome em ambos os casos se refere a algo possuído por 
Álvaro, a saber, a casa ou o sítio. De modo que a pessoa possuidora desses 
elementos é a mesma: Álvaro = ele (3ª pessoa do singular). 
Portanto, ao enunciar as duas frases em Libras, o pronome possessivo será o 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
mesmo; já que ele concorda com o possuidor, e não com o objeto possuído. Logo, 
seja esse referente possuído de gênero masculino ou feminino e/ou de número 
singular ou plural, isso não será levado em conta na construção do texto na língua 
de sinais, diferentemente de como acontece em Língua Portuguesa. 
O pronome meu (referente a algo possuído pela 1ª pessoa do singular) é 
realizado colocando a palma da mão aberta no peito. Em algumas obras 
didáticas, também é possível encontrar a forma variante com a CM de P no peito. 
 
 
Os pronomes teu (referente a algo possuído pela 2ª pessoa do singular) e seu 
(referente a algo possuído pela 3ª pessoa do singular) possuem a mesma 
configuração de mão e movimento. 
 No primeiro caso, o ponto de articulação e a orientação da palma estarão 
voltados para o interlocutor, enquanto que no segundo caso esses parâmetros 
serão estabelecidos em direção àquela pessoa alheia ao discurso. 
Note que a expressão não manual também coincide com essa variação: 
quando se menciona teu, o olhar está para o interlocutor direto. Quando se 
menciona seu, o olhar recai sobre a terceira pessoa, normalmente estabelecida ao 
lado do remetente da mensagem. 
 
Para as pessoas do plural, teremos uma coincidência lexical com o pronome 
nosso (referente a algo possuído pela 1ª pessoa). Ele será semelhante à forma do 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
pronome pessoal nós. 
 
Os pronomes possessivos vosso (referente a algo possuído pela 2ª pessoa do 
plural) e seu(s) (referente a algo possuído pela 3ª pessoa do plural) terão a mesma 
forma dessas pessoas verbais do singular (teu e seu(s)). 
 Porém, para o plural, o movimento será mais alongado, estendendo-se no 
espaço neutro quando da sinalização. 
É importante indicar que, assim como acontece em Português, em Libras, há, 
ainda a possibilidade de indicar uma sentença com ideia de posse a partir de uma 
construção em locução. Veja: 
 
 
É importante indicar que, assim como acontece em Português, em Libras, há, 
ainda a possibilidade de indicar uma sentença com ideia de posse a partir de uma 
construção em locução. Veja: 
 
O uso do sinal pertencer/próprio também favorece a construção de 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
discursos que aportam o sentido de propriedade/posse. 
 
 
 
 FAMÍLIA 
Reconhecer as lexias referentes aos graus de parentesco é um recurso 
fundamental pois, considerando o âmbito familiar o núcleo primário do cidadão, é 
ali que as primeiras referenciações são identificadas, compreendidas e 
reproduzidas. Mesmo na aquisição de uma L2, as associações familiares podem ser 
as primeiras a acontecer. 
Ao conhecer a árvore genealógica de parte da família real brasileira, 
identificaremos os sinais referentes aos graus de parentesco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
Figura 4: A família real brasileira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
 
Fonte: https://bit.ly/3iqPJMt. Acesso em: 07 ago 2021 
 
 
Observe que: 
 Dom Pedro IV é marido do primeiro casamento de Dona Maria Leopoldina, 
pai de Dom Pedro II e sogro de D. Teresa Cristina de Bourbon. 
 Dona Maria Leopoldina é esposa de Dom Pedro IV, mãe de Dom Pedro II e 
sogra de D. Teresa Cristina de Bourbon. 
 Dom Pedro II é filho de Dom Pedro IV e de Dona Maria Leopoldina, irmão de 
D. Francisca e cunhado de D. Francisco de Orléans. 
 Dom Pedro IV é neto de Dom Pedro III e sobrinho de Dom José. 
 Dona Maria Clementina é tia de D. Pedro IV. Se ela tivesse um filho, ele seria 
primo de D. Pedro IV. 
https://bit.ly/3iqPJMt
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
Vamos considerar o vocabulário em Libras para as lexias de família. 
 
Figura 5: Sinal da lexia “família” 
 
Fonte: https://bit.ly/3ikFQ2I. Acesso em: 08 ago. 2021 
 
No caso da variação de gênero dos substantivos, basta adicionamos à lexia 
base o prefixo próprio ao masculino e/ou feminino que são, respectivamente: 
 
 
 
 
 
Assim, a produção de palavras representativas do mesmo grau de 
parentesco, porém com variação do gênero, terá apenas o prefixo distinto, 
https://bit.ly/3ikFQ2I
https://bit.ly/3opcfZZ
https://bit.ly/3mfrQsn
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
obedecendo a seguinte estrutura: [prefixo de gênero] + [raiz da palavra]. 
Tomemos por exemplo as palavras marido e esposa. Ambas referem-se aos 
cônjuges, de modo que terão a mesma raiz, por se tratar de mesma relação de 
parentesco. Para identificar se estou tratando do cônjuge masculino (marido) ou do 
feminino (esposa), acrescentamos o prefixo desse referente. A raiz de cônjuge será: 
 
 
 
De modo que, então, teremos: 
 
 Dessa forma ocorrerá a indicação de gênero para todos os outros 
substantivos que nomeiam a classe familiar, quais sejam as seguintes raízes das 
palavras referentes a: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
 
No âmbito familiar, também é usual o vocabulário referente à condição civil, 
quais sejam: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
 
 APLICAÇÃO PRÁTICA 
Com os conhecimentos adquiridos no livro Libras I e com as novas 
compreensões dadas até aqui, vamos realizar algumas aplicações práticas para 
ampliar nossos conhecimentos. 
 
2.4.1 Atividade 1 
Retorne à árvore genealógica da família real brasileira colocada no subtítulo 
2.3 desta unidade. 
Com base na análise da figura, determine quais são as relações familiares 
entre: 
• D. Pedro III e D. Maria Francisca Benedita; 
• D. Ana de Jesus Maria e D. Antonio Pio; 
• D. Amelia de Beauharnais e D. Maria Amelia; 
• D. Maria Amelia e D. Januária. 
2.4.2 Atividade 2 
Assista à vídeo aula produzida pela TV INES no link abaixo: 
 
Link: https://bit.ly/3uvI587. 
 
Identifique no texto: 
 Os sinais reconhecidos por você e, portanto, já aprendidos; 
 Sinais novos, porém do mesmo campo semântico tratado nesta unidade; 
 Classificadores utilizados junto aos sinais para elucidar o discurso; 
 Estruturação das sentenças; de modo a reconhecer como as construções em 
Libras são independentes da gramática da Língua Portuguesa
e, a partir 
dessa constatação, auxiliar você nas suas próprias organizações frasais a fim 
de rejeitar o Português sinalizado. 
 
Dica: uma boa maneira de se chegar a conclusões assertivas, conforme 
sugerido no último item, é transcrever a forma como o texto foi sinalizado em Libras. 
https://bit.ly/3uvI587
 
 
 
 
 
 
 
 
 
49 
 
 
Isso permite que você tenha uma imagem visual de cada um dos elementos das 
orações e estabeleça critérios que te permitirão sinalizar com clareza e 
propriedade. 
 
2.4.3 Atividade 3 
Faça e apresente para a classe, para um grupo de colegas ou para o 
professor uma das duas possibilidades abaixo: 
• Sua árvore genealógica; 
• Uma árvore genealógica fictícia. 
 
Dê indicações sobre os principais membros da família. Veja um modelo: 
“Minha avó se chama Aurora. Ela tem 82 anos e mora na roça. Ela gosta de 
costurar, de...” 
Depois de apresentar seu texto, certifique-se de que as informações 
compreendidas pelos colegas e/ou pelo professor tenham sido as intencionadas 
por você. Aceite sugestões de adaptação de estruturação de sentenças e, caso 
seja necessário, refaça o texto para que fique ainda mais compreensível aos seus 
interlocutores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50 
 
 
2.4.4 Atividade 4 
Conheça o filme A Família Bélier. 
Leia a sinopse do longa retirada do site https://bit.ly/3FjOiJF. 
Paula é uma adolescente francesa que enfrenta todas as questões comuns 
de sua idade: o primeiro amor, os problemas na escola, as brigas com os pais… Mas 
a sua família tem algo diferente: seu pai, sua mãe e o irmão são deficientes 
auditivos. É Paula quem administra a fazenda familiar e que traduz a linguagem de 
sinais nas conversas com os vizinhos. Um dia, através de seu professor, ela descobre 
ter o talento para o canto, podendo integrar uma escola prestigiosa em Paris. Mas 
como abandonar os pais e os irmãos? 
Antes de assistir ao filme, encontre no excerto acima duas colocações 
equivocadas no que diz respeito aos estudos das línguas de sinais, surdez e cultura 
surda. Como podemos solucioná-las no texto? 
• Agora, assista ao filme. 
• Faça uma resenha crítica dos aspectos relativos aos conteúdos já 
trabalhados levando em consideração o cotidiano da família Bélier. O que 
você pode perceber ali que corrobora ou apresenta-se em desacordo com 
os aspectos teóricos já estudados? Embora seja um roteiro fictício, é possível 
se lembrar das perspectivas sobre surdez e cultura surda já apresentadas no 
decorrer do seu curso e ponderar sobre isso tendo essa família como 
referência. 
• Prepare uma sinopse do filme em Libras. Na sua sinalização, identifique a 
relação de parentesco entre as personagens e algumas características de 
cada uma delas. 
 
 
 
 
 
 
https://bit.ly/3FjOiJF
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 
 
 
FIXANDO CONTEÚDO 
1. Prefeitura de São Roque do Canaã/2020 - No trecho "Tu te tornas eternamente 
responsável por aquilo que cativas", o termo destacado é: 
a) Primeira pessoa do singular. 
b) Segunda pessoa do singular. 
c) Terceira pessoa do singular. 
d) Segunda pessoa do plural. 
e) Primeira pessoa do plural. 
 
2. O detalhamento de informações quantitativas, como aspectos de unicidade, 
dual, trial, etc., pode ser incorporado a um sinal base na constituição: 
a) dos pronomes possessivos referentes às pessoas do singular. 
b) dos artigos possessivos referentes às pessoas do plural. 
c) dos pronomes pessoais referentes às pessoas do singular. 
d) dos pronomes pessoais referentes às pessoas do plural. 
e) de todos os pronomes. 
 
3. Instituto AOCP/2015 – adaptada. Sobre as categorias gramaticais da Libras, é 
correto afirmar que: 
a) o classificador é uma forma que existe em número ilimitado em uma língua e 
estabelece um tipo de concordância. 
b) os pronomes pessoais não possuem um sistema pronominal para representar as 
pessoas do discurso. 
c) a incorporação de nomes e pronomes é muito frequente e invisível, devido às 
características espaciais e icônicas dos sinais. 
d) os pronomes são configurações de mãos que, relacionadas à pessoa, animal e 
objeto, não funcionam como marcadores de concordância. 
e) os pronomes possessivos, como os pessoais e os demonstrativos, não possuem 
marca para gênero e estão relacionados às pessoas do discurso e não ao objeto 
possuído. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
52 
 
 
 
4. A produção de sinais com prefixação referente à concordância de gênero se dá 
pelo processo: 
a) de composição. 
b) de classificação. 
c) de iconicidade. 
d) de arbitrariedade. 
e) de gramaticalização. 
 
5. Os sinais abaixo significam, respectivamente: 
I) II) 
 
a) I) gênero feminino e II) tia 
b) I) mãe e II) sobrinha 
c) I) avó e II) neto 
d) I) pai e II) tio 
e) Nenhuma das alternativas. 
 
6. Prefeitura de Itambaracá/2020 – adaptada - Leia o texto para responder a 
questão: 
E se a 2ª Guerra Mundial não tivesse acontecido? 
Sem a fundação da ONU e a invenção da bomba atômica para evitar a eclosão 
de um conflito entre potências, o mundo seria um lugar mais violento 
Por Fábio Marton 
Para que a 2ª Guerra não tivesse acontecido, bastaria uma traição. E nem seria a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
53 
 
 
primeira: embora França e Reino Unido fossem aliados da Tchecoslováquia no 
papel, não reagiram quando Hitler começou a ocupação do país, em 1938. O 
estopim do conflito veio só em setembro de 1939, quando as duas potências fizeram 
valer sua aliança com a Polônia e declararam guerra à Alemanha – mas não à 
União Soviética, que fechou com o Führer para invadir seu quinhão de território 
polonês pelo outro lado. 
Hitler não tinha muito interesse em avançar rumo ao Oeste: considerava os 
britânicos colegas arianos, possíveis aliados. E não faltavam fãs de Hitler entre os 
anglo-saxões: o parlamentar Edward Mosley, na Inglaterra, criou a União Nacional 
dos Fascistas e o herói nacional Charles Lindenberg, nos EUA, usou sua fama como 
primeiro aviador a cruzar o Atlântico para defender pautas de extrema direita. 
Ficaríamos, então, com uma guerra entre alemães e soviéticos em 1941, quando 
Hitler rasgou o acordo Molotov-Ribbentrop, de 1939, que permitiu a divisão da 
Polônia. Quem venceria? Na vida real, a URSS aniquilou a Alemanha pelo front leste 
e foi a principal responsável pela vitória aliada. 
A questão é que os soviéticos não teriam conseguido sozinhos. Eles tiveram acesso a 
material bélico americano e britânico e os nazistas perderam força quando foram 
obrigados a lutar em frentes múltiplas após a invasão da Itália, em 1943, e o Dia D, 
em 1944. Além disso, os japoneses deixaram os alemães em desvantagem sem 
querer quando dedicaram todas as suas atenções ao conflito contra os EUA no 
Pacífico em vez de invadir a URSS pela Sibéria. 
O ataque a Pearl Harbor é considerado pela maioria dos historiadores um erro 
estratégico crasso – ao contrário do que os líderes japoneses cogitaram, os EUA não 
pretendiam atacar o Japão. A opinião pública americana se opunha à guerra, e se 
oporia ainda mais caso França e Reino Unido tivessem permanecido neutros.[...] 
Disponível em: https://bit.ly/3B3NQwl. 
 
No quarto parágrafo, o pronome sublinhado retoma: 
a) os soviéticos. 
b) os alemães. 
c) os japoneses. 
https://bit.ly/3B3NQwl
 
 
 
 
 
 
 
 
 
54 
 
 
d) os nazistas. 
e) os americanos. 
 
7. Associe a primeira coluna com a segunda. 
( 1 ) sinal referente à indicação do gênero masculino. 
( 2 ) sinal referente ao verbo casar e também à raiz do substantivo referente ao 
cônjuge. 
( 3 ) sinal referente ao substantivo bebê. 
( 4 ) sinal referente ao substantivo mulher. 
( ) 
Fonte: https://bit.ly/2Y8ScEp. 
 
( ) 
Fonte: https://bit.ly/39Y1Z29. 
 
 ( ) 
Fonte: https://bit.ly/3mkugWD. 
https://bit.ly/2Y8ScEp
https://bit.ly/39Y1Z29
https://bit.ly/3mkugWD
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
 
 
( ) 
Fonte:
https://bit.ly/3B0rvzD. 
 
Será a resposta correta a seguinte sequência: 
a) 3 – 1 – 2 – 4 
b) 2 – 4 – 3 – 1 
c) 3 – 4 – 2 – 1 
d) 1 – 2 – 4 – 3 
e) 4 – 3 – 1 – 2 
 
8. A tradução para a frase abaixo sinalizada é: 
 
 
 
a) Minha prima tem 20 anos de idade. 
b) Minha tia está com 29 anos de idade. 
c) Eu tenho uma tia com 26 anos de idade. 
d) Meu primo tem 20 anos de idade. 
e) Eu tenho um tio que tem 29 anos de idade. 
 
 
 
https://bit.ly/3B0rvzD
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 
 
 
 ESTUDO DO LÉXICO 
 
 
 
 O LÉXICO DAS LÍNGUAS DE SINAIS (LS) 
 
O estudo do léxico data dos primórdios. Por isso, a definição de léxico é 
retratada por diversos autores, cada um indicando aspectos que lhes parecem mais 
pertinentes a considerar. Faremos, a seguir, um apanhado com algumas das 
reflexões acerca dessa conceitualização, a fim de elucidar o tema desta unidade. 
 
O léxico duma língua seria o conjunto das unidades submetidas às 
regras da gramática dessa língua, sendo a conjunção da gramática 
e do léxico necessária e suficiente à produção (codificação) ou à 
compreensão (descodificação) das frases duma língua. (REY-
DEBOVE, 1984, p. 46) 
 
Rey-Debove (1984) especifica o léxico como a completude das unidades da 
língua que estão construídas de acordo com a norma culta daquele idioma. São 
essas unidades que constituirão as estruturas linguísticas e comunicativas da 
sociedade falante de tal língua. Basílio (2011) concorda que é através do léxico que 
a construção de enunciados se dá. Ela acrescenta, ainda, a função do léxico: 
designar e categorizar os elementos do mundo apontando-os ao âmbito da 
linguagem. 
 
O léxico é uma espécie de banco de dados previamente 
classificados, um depósito de elementos de designação, o qual 
fornece unidades básicas para a construção de enunciados. O 
léxico, portanto, categoriza as coisas sobre as quais queremos nos 
comunicar, fornecendo unidades de designação, as palavras, que 
utilizamos na construção de enunciados. (BASÍLIO, 2011, p. 9) 
 
Analisamos, abaixo, as palavras de Correia (2011) no que diz respeito à 
definição de léxico. Encontramos ali a menção coincidente de léxico como 
conjunto das palavras de uma língua. A autora nos indica que nesse conjunto estão 
tanto as novas unidades como as lexias arcaicas. Por último, temos o apontamento 
que os elementos gramaticais formadores de palavras também são considerados 
UNIDADE 
03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
57 
 
 
parte do léxico. 
 
O léxico de uma língua é o conjunto virtual de todas as palavras de 
uma língua, isto é, o conjunto de todas as palavras da língua, as 
neológicas e as que caíram em desuso, as atestadas e aquelas que 
são possíveis tendo em conta as regras e os processos de construção 
de palavras. O léxico inclui, ainda, os elementos que usamos para 
construir novas palavras: prefixos, sufixos, radicais simples ou 
complexos. (CORREIA, 2011, p.227) 
 
Percebemos, portanto, na definição de léxico, o prevalecimento de 
conceitos comuns como, por exemplo, ser o conjunto de unidades da língua e o 
responsável pela construção de enunciados que possibilitam uma comunicação 
eficiente. Haensch et al. (1982) já indicavam unidade nas definições e também 
descreveram seu conceito de léxico como o conjunto das unidades formadoras do 
discurso, seja no âmbito individual ou no coletivo. 
 
Entre as diversas definições de 'léxico' existem pontos comuns, já que 
sempre se define ‘léxico’ como um conjunto de significantes verbais 
ou de signos [...] que estão acima do nível de distinção e que podem 
servir de partes componentes de proposições e textos. Para maior 
clareza da definição, decidiremos aqui pela solução que consiste em 
eliminar elementos linguísticos do conjunto de todos os elementos 
que pertençam à linguagem: se excluímos os grupos de fatores 
‘conteúdo’ e 'situação de comunicação’ (fatores relevantes para o 
ato de comunicação), nós temos o conjunto de significantes. Se, 
além disso, dispensarmos todos os significantes não verbais, teremos o 
conjunto de significantes verbais. Além disso, excluiremos a distinção 
e as regras relativas à combinação de significantes. Após essa 
múltipla eliminação de elementos, temos como definição do léxico 'o 
conjunto de monemas e sinmonemas' do discurso individual, do 
discurso coletivo, do sistema linguístico individual ou do sistema 
lingüístico coletivo. (HAENSCH et al., 1982, p. 91. Tradução nossa) 
 
As definições de léxico deixam claro sua importância para as comunidades 
linguísticas. São as ciências do léxico que retratam e conduzem as estruturas 
linguísticas e comunicativas de uma sociedade. 
A análise e constituição dos enunciados de uma língua se dão através do 
léxico. Portanto, não existe comunicação sem léxico. Não existe comunidade 
linguística que não esteja embasada sobre as ciências do léxico. 
Voltar os estudos lexicais para o âmbito das línguas de sinais reforça-as como 
línguas legítimas e confirma que as ciências do léxico são válidas para qualquer 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
58 
 
 
modalidade de língua: sejam as orais auditivas ou as visuais espaciais. 
 
 
 
Conforme definições já trazidas, podemos afirmar que há, nas línguas de 
sinais, legitimidade nos seus vocábulos e nos processos de formação de palavras. 
 Na compreensão mais comum de léxico como sendo, não apenas as 
palavras que compõe o inventário de uma língua, mas também as regras gerais 
dessa língua que permitem a formação de novos itens, posicionamos o léxico da 
Libras nesta categoria. 
Os recursos para que o rol vocabular de uma língua continue a se renovar a 
partir do momento que seja necessária a criação de novas lexias são campo de 
estudo das ciências do léxico. 
Igualmente ao que acontece nas línguas orais, nas línguas de sinais as 
unidades lexicais compõem-se de morfemas que se unem na formação das 
palavras. 
Anteriormente a esse processo, no entanto, é preciso considerar a existência 
do fonema. Lemos a definição de fonema em Quadros e Karnopp (2004, p.18): 
“[fonemas] são segmentos usados para distinguir palavras quanto ao seu 
significado, através de traços distintivos.” Assim, a Fonologia, a partir dos fonemas, é 
explicativa e interpretativa no sentido de que “a análise fonológica busca o valor 
dos sons em uma língua, ou seja, sua função linguística (Massini-Cagliari e Cagliari, 
2001, p.106).” (QUADROS; KARNOPP, 2004, p.18). 
 Nesse sentido, baseando-nos nos estudos de Willian Stokoe, na década 
de 60, passamos a especificar as unidades mínimas, os fonemas, na formação de 
https://bit.ly/3mk7QEG
 
 
 
 
 
 
 
 
 
59 
 
 
palavras das línguas de sinais. 
 
 
A Fonética e a Fonologia são áreas da Linguística que têm por finalidade 
pesquisar e descrever as unidades mínimas distintivas de significado nas quais as 
palavras e/ou enunciados de uma língua podem ser decompostas. A fonética 
descreve as propriedades articulatórias e perceptivas das unidades mínimas, ou 
seja, os aspectos físicos dos sinais. A fonologia determina a estrutura e a forma como 
essas mínimas partículas podem ser organizadas e combinadas. 
Assim, a partir dos parâmetros fonológicos da Libras, as relações lexicais são 
evidenciadas, por exemplo, pelos processos de formação de palavras. Tais relações 
descrevem o léxico real da Libras e definem seu léxico virtual. 
 Conforme o trabalho de Nascimento (2009), o fundo lexical da Libras, 
isto é, os recursos linguísticos identificados nessa língua para construções e 
ampliação de seus vocábulos, inclui os parâmetros fonológicos, classificadores, 
empréstimos linguísticos, elementos prototípicos e morfemas-base. As regras 
abstratas relacionadas ao fundo lexical e que estão de acordo com a origem da 
língua são classificadas como léxicon. 
 
 A LEXICOLOGIA DAS LS 
A partir de uma compreensão do objeto de estudo lexical, podemos 
aprofundar-nos nas suas
ciências; isto é, nas disciplinas que contemplam o léxico de 
uma língua. Abbade (2011) é apenas uma dentre os inúmeros autores responsáveis 
por elucidar a temática das ciências do léxico. Ela determina: 
 
A lexicologia enquanto ciência do léxico estuda as suas diversas 
relações com os outros sistemas da língua, e, sobretudo as relações 
internas do próprio léxico. Essa ciência abrange diversos domínios 
como a formação de palavras, a etimologia, a criação e 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
60 
 
 
importação de palavras, a estatística lexical, relacionando-se 
necessariamente com a fonologia, a morfologia, a sintaxe e em 
particular com a semântica. (ABBADE, 2011, p.1332) 
 
Como identificado na abordagem etimológica da palavra, a Lexicologia 
trata do estudo lexical em suas diversas perspectivas. A Lexicologia conceitua os 
elementos lexicais que servem como instrumentos para a Lexicografia e para a 
Terminologia. Por exemplo, é a Lexicologia que determina distinções definitórias 
fundamentais como a diferença entre palavra, vocábulo e lexia. É também a 
Lexicologia que identifica estudos estruturais do léxico a partir de fundamentos 
linguísticos e extralinguísticos. 
Assim o é para as línguas orais e também no caso das línguas espaço visuais. 
As considerações acerca do léxico das línguas de sinais e suas atribuições também 
estão para a Lexicologia. 
 Os estudos de unidades lexicais, unidades polilexicais, fraseologismos, 
neologismos, arcaísmos, etc. perpassam por essa área de estudo e são de extrema 
importância dado que, como nos lembra Basílio (2011), ao reconhecermos a língua 
tanto como sistema de classificação como sistema de comunicação, podemos 
considerar o léxico diretamente relacionado a ambas as funções, já que é atuante 
como banco classificatório de elementos de designação e também possibilita 
construções comunicacionais. 
Tomemos como exemplo os aspectos relacionados à produção de 
neologismos em Libras. Sendo uma língua natural, a Libras adota todos os recursos 
de linguagem identificados nas línguas orais. Um deles é a capacidade (e 
necessidade) da formação de neologismos lexicais para melhor atender aos 
discursos pronunciados. 
 Identificar o fator neológico e considerar suas especificidades é trabalho que 
nos permite tanto confirmar as línguas de sinais como língua genuína, como 
também compreender as suas demandas no âmbito da Lexicologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
61 
 
 
 
 
Como sistema dinâmico, o léxico é passível de extensão e dentre as 
estruturas que podem sofrer alteração estão os processos de formação de 
palavras_ também identificados e especificados, por exemplo, pela Morfologia. 
Daí a menção assertiva da autora Abbade (2011) trazida na introdução 
desta seção ao afirmar que a Lexicologia trabalhará, então, a partir de “suas 
diversas relações com os outros sistemas da língua.”. 
 No caso das línguas de sinais, a Lexicologia também cumprirá sua função tal 
qual disciplina de identificação e estudo do léxico em consonância com outros 
domínios linguísticos e extralinguísticos tais quais a Morfologia, a Fonologia, a 
Semântica, etc. 
No que diz respeito à Morfologia, a Lexicologia poderá decodificar e 
descrever, como citamos anteriormente, as construções neológicas encontradas 
em circulação na comunidade surda, mas ainda não registradas em uma obra 
lexicográfica. São os estudos lexicológicos que nos permitem identificar aspectos 
como construções formais, semânticas e por empréstimo na elaboração e 
divulgação de uma nova lexia. 
Quanto à Fonologia, os cinco principais parâmetros fonológicos da Libras 
podem estar associados à Lexicologia quando da sua utilização em palavras 
consideradas pares mínimos, bem como nas homônimas. 
Por último, o critério semântico também está atrelado aos estudos do léxico, 
tendo em vista que, no reconhecimento da língua como sistema comunicativo, as 
performances linguísticas dependem de constituintes que estão para além dos 
gramaticais, como o contexto e a capacidade linguística do interlocutor. 
 A fim de ser plenamente compreensível, a mensagem com sua carga 
 
https://bit.ly/3FawaS3
 
 
 
 
 
 
 
 
 
62 
 
 
semântica intencionada deve estar elaborada a partir das convenções lexicais da 
comunidade linguística que compartilha dessa língua através da qual o discurso 
será construído. 
Isso se justifica pelo fato que o sistema lexical é plenamente eficiente para os 
usuários dessa língua, o que não é verdade absoluta quando falamos do sistema 
gramatical_ que tem sua eficiência relacionada a questões como grau de 
escolaridade, regionalidade, classe social, competência cognitiva, etc. 
Destarte, a identificação da Lexicologia e suas contribuições para o 
desenvolvimento da competência do falante é essencial na formação de qualquer 
indivíduo. É essa premissa que justifica surdos brasileiros continuarem a estudar a 
Libras e ouvintes continuarem a estudar o Português pelo menos durante os anos de 
formação escolar obrigatória. 
Todos nós, embora já conheçamos as convenções lexicais e, até certo ponto, 
as gramaticais próprias da nossa L1, precisamos aperfeiçoá-las tendo em vista a 
constituição dinâmica do léxico. Só poderemos continuar a produzir enunciados 
compreensíveis a todo tipo de interlocutor e a elucidar enunciados a nós 
direcionados se mantivermos em mente o caráter ativo do léxico e, portanto, o 
sustentarmos como fonte de consideração, mesmo depois de já sermos 
considerados proficientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
63 
 
 
 
 
 A LEXICOGRAFIA DAS LS 
Para reproduzir as enunciações da comunidade linguística a ser descrita nas 
obras lexicográficas, a Lexicografia atenta-se para as atividades discursivas 
individuais e coletivas. Esse atributo do fazer lexicográfico nos é lembrado com 
considerações relevantes sobre sua complexidade: 
 
Para todo o domínio da descrição lexical que enfoca o estudo e a 
descrição dos monemas [...] dos discursos individuais, dos discursos 
coletivos, dos sistemas linguísticos individuais e dos sistemas linguísticos 
coletivos, reservamos o termo ‘lexicografia’. [...] Muitas disciplinas 
científicas desenvolveram uma metodologia científica própria; o 
mesmo ocorreu também com a lexicografia. Aquele que se dedica a 
tarefas lexicográficas de certa envergadura (sobretudo à 
elaboração de dicionários) necessita amplos conhecimentos teóricos 
sobre as possibilidades e pressupostos metodológicos desta 
atividade. Essas premissas metodológicas repercutem, por um lado, 
os conhecimentos de todos os ramos da linguística, e por outro lado, 
as condições e exigências de trabalho práticas, tecnológicas e 
socioeconômicas. (HAENSCH et al., 1982, p. 93. Tradução nossa.) 
 
A descrição da Lexicografia feita por Haensch et al. indica o caráter 
científico da mesma. De fato, a produção de obras lexicográficas deve ser tratada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
64 
 
 
como processo exclusivamente próprio àqueles que compartilham do extenso 
conhecimento técnico de tal ciência tradicional e antiga. 
 
 
 
Em tempo, Hernandéz (1989, p.6) considera a Lexicografia “a disciplina 
linguística que goza de maior tradição”. Embora não no amplo sentido e 
desenvolvimento hoje alcançado, a Lexicografia data da Antiguidade. 
 Biderman (1984) nos lembra que filólogos e gramáticos da escola grega de 
Alexandria já produziam glossários com o objetivo de facilitar a compreensão de 
textos homéricos. 
Assim, a estrutura de organização de listas de palavras seguidas de 
informações sobre as mesmas designa uma representação do léxico da língua 
corrente naquele momento, ou seja, remete-se a conteúdo lexicográfico nos seus 
primórdios. 
A necessidade de catalogar o léxico não é recente justamente pelo fato de 
compreendermos que essa é uma atividade que está diretamente associada ao 
desenvolvimento da competência lexical dos usuários da língua. 
Obras
assim possibilitam aos leitores ampliar a compreensão da sua própria 
língua, tornando-se falantes e receptores/decodificadores mais capazes. Ainda, 
tornam-se melhores conhecedores dos aspectos sociais e culturais da comunidade 
a que pertencem. 
Essas características vantajosas para os consulentes de obras lexicográficas 
significam trabalho árduo para os lexicógrafos. 
A importância dos estudos lexicais não se reduz aos procedimentos de 
delimitação e seleção de palavras; a sua relevância também está no 
processamento lexicográfico que engendra importantes obras para a comunidade 
linguística. Para a comunidade surda tal relevância também deve ser considerada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
65 
 
 
 
Cada língua se mostra de maneira diferente no que se refere à 
apropriação do léxico e à manifestação da linguagem. Para 
Zavaglia (2002, p. 233), “é o léxico que transmite os elementos de um 
conjunto de indivíduos; [...] é o léxico que permite a manifestação 
dos sentidos humanos, de suas afeições ou desagrados.” À vista disso, 
não é possível estudar o léxico de uma língua sem estudar a história 
de seus falantes. Por isto, é fundamental para os estudos lexicológicos 
a análise do léxico, pois possibilita a aquisição de conhecimentos 
históricos, comportamentais e habituais de determinado povo. E, 
como mencionado anteriormente, a ciência que estuda as unidades 
lexicais é denominada como Lexicologia. (ORSI; SILVA, 2016, p.106) 
 
Mesmo no período anterior ao reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais 
como língua legítima, já era possível identificar indícios que levariam a divulgar tal 
genuinidade. A produção, embora tímida, de obras lexicográficas, por exemplo, é 
evidência de aceitação linguística. 
O processo de análise e registro do léxico produz manuais sobre a 
manifestação linguística da comunidade além de, também, evidenciar a sua 
cultura e comportamento. Essa afirmativa pode ser justificada com a análise 
histórica das obras lexicográficas na Libras. 
Estudos históricos dos compêndios lexicográficos da Libras identificam o 
manual de Flausino José da Costa Gama, Iconographia dos signaes dos surdos-
mudos (1875), como sendo o primeiro de registro da língua. 
 
No Brasil, o primeiro registro da Língua de Sinais Brasileira é datado de 
1875. Foi intitulado A Iconographia dos signaes dos surdos-mudos. 
Trata-se de um manual ilustrado de autoria do surdo Flausino José da 
Costa Gama. Porém, Sofiato (2011) argumenta que o pioneirismo de 
Flausino é um mito, já que a obra não pode ser considerada original, 
enquanto que Flausino reproduziu fielmente as pranchas da obra de 
Pélissier. Para sustentar seu argumento, essa autora observa que a 
quantidade de sinais é a mesma (382) e que a indexação semântica 
também é muito similar à da obra de Pélissier. (MARTINS, 2012, p.33) 
 
 
Ter sido o início dos registros da língua de sinais em território brasileiro 
embasado em uma produção de origem francesa corrobora a resultante 
proximidade lexical entre essas línguas, bem como introduz à comunidade surda 
receptora, em certa medida, um conteúdo estrangeiro com as características 
originais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
66 
 
 
Tal afirmação é justificada pelo caráter cultural que as obras lexicográficas 
possuem, já que, segundo Laface (1997), quanto à função cultural dos dicionários, 
os mesmos acabam por ser “a norma explícita da cultura da comunidade.” 
As obras de Pélissier e a de Costa Gama funcionam como manual 
lexicográfico e, portanto, as características de acervo cultural são coincidentes. 
Mesmo falantes nativos de uma comunidade linguística, representada por qualquer 
obra lexicográfica, poderão refinar seus conhecimentos socioculturais por meio 
daquilo que ali trazem como instrumento cultural. 
Assim, a lexicografia da Libras tem sua gênese a partir da referência de 
conteúdos estrutural, linguístico, gramatical, social e cultural da Língua de Sinais 
Francesa. A iniciativa de Costa Gama determina a legitimidade da língua de sinais 
e a divulga para a sociedade brasileira do século XIX. 
Mais de noventa anos depois da obra de Costa Gama ser publicada, o 
padre Eugênio Oates lança o manual de Libras A linguagem das mãos (1969). Faz-
se necessário considerar que os estudos de Oates são contemporâneos aos do 
principal investigador da Língua de Sinais Americana e sua lexicografia; a saber, 
William C. Stokoe Jr. 
Por exemplo, em 1960, Stokoe publicara um artigo descritivo sobre a estrutura 
da Língua de Sinais Americana, já a classificando como sistema linguístico. Em 1965, 
ele e outros autores publicam o designado primeiro dicionário da Língua de Sinais 
Americana intitulado A dictionary of american sign language on linguistic principles. 
Tamanha deferência nos permite dizer que Oates conhecia e ponderava os 
trabalhos de Stokoe. Sendo também estadunidense, possivelmente Oates ainda 
conhecia a Língua de Sinais Americana, o que significa dizer que seu trabalho 
refletia as conclusões das recentes pesquisas de Stokoe e sua língua de estudo, a 
ASL. 
Por exemplo, Stokoe passa a descrever a composição das palavras em 
línguas de sinais em correspondência às línguas orais, no sentido de reconhecer que 
se constituem a partir de unidades mínimas. Para as línguas de sinais, denomina 
cada um desses constituintes como quiremas. Inicialmente, Stokoe destaca três: 
configuração das mãos, localização e movimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
67 
 
 
Essa organização de padrão proposta por Stokoe é percebida na obra de 
Oates ao descrever os sinais que compõem o seu corpus. Percebemos, portanto, na 
lexicografia da Libras, referências estabelecidas com os pioneiros estudos 
americanos sobre as línguas de sinais. 
Em 1981, surge um novo manual referente aos estudos da Língua Brasileira de 
Sinais. Desenvolvido por John Everett Peterson, um missionário americano Philosophy 
Doctor que, juntamente com sua esposa, Iva Jean Peterson, Doutora em Educação, 
se instalam em Fortaleza e, ali, iniciam a pesquisa sobre a Libras. 
Resultado das pesquisas e da prática de ensino dos surdos cearenses, 
Peterson produz o Comunicação Total, cujo objetivo era descrever sinais recorrentes 
no léxico geral da comunidade surda. Essa primeira edição compilou 490 sinais, sem 
ilustrações. 
A partir da segunda edição (1987), a obra passa a se chamar Comunicando 
com as mãos e expande-se para 574 sinais. Além disso, as lexias começam a 
também ser ilustradas, além de descritas. Assim, a obra de 1987 conta com dois 
autores: John Peterson e Judy Ensminger, a ilustradora. 
A literatura americana continua a motivar estudiosos das línguas de sinais e, 
mais adiante, não foi diferente. Em 1998, Fernando C. Capovilla, Walkiria D. Raphael 
e Elizeu C. Macedo, juntamente com sua equipe, publicam o Manual ilustrado de 
sinais e o sistema de comunicação em rede para surdos, a fim de registrar a Libras 
do século XX. 
Os autores buscaram todos os manuais quanto pudessem encontrar para 
que, à base dessa pesquisa, inserissem na obra própria os sinais coincidentes nos 
compêndios já publicados. Além dos manuais de Libras, foram também 
selecionados manuais da ASL, para que as duas línguas tivessem seus sinais 
comparados. 
A descrição dos autores em relação à seleção das lexias já demonstra a 
escassez de materiais lexicográficos referentes à Língua Brasileira de Sinais. Em todo 
seu período de existência, até o século XX, não havia muito mais do que três 
principais obras de compilação do léxico. 
Além disso, mesmo dentre as existentes, não havia tratamento dos sinais em 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
68 
 
 
todas as categorias linguísticas como semântica, morfológica, sintática, 
pragmática, etc. 
O primeiro dicionário foi publicado em 2001 de autoria de Fernando 
Capovilla e Walkiria Duarte Raphael. O Deit-Libras: Dicionário Enciclopédico 
Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira
foi publicado em dois volumes e, ao 
todo, descreve 4.327 sinais. 
É a primeira obra a ir além da grafia, em Português, da palavra a ser indicada 
e da simples descrição do sinal acompanhada de uma ilustração. 
Em 2009, o Deit-Libras é continuado com o lançamento do Novo Deit-Libras: 
Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. Além de 
manter os autores da primeira edição, Fernando Capovilla e Walkiria Raphael, 
acrescenta-se a autora Aline Cristina Mauricio. 
 O Novo Deit-Libras tem um corpus composto de 9.828 lexias catalogadas em 
forma de verbetes, incluindo, agora, variações linguísticas e sinais típicos de distintas 
regiões do país. 
Anteriormente à publicação do Novo-Deit Libras, é lançado, em 2006, o 
Dicionário da Língua Brasileira de Sinais, de autoria de Tanya Felipe; Guilherme Lira e 
equipe. 
 
Figura 6: A capa do Dicionário da Língua Brasileira de Sinais 
 
Fonte: DINIZ, 2010, p. 63 
 
Essa é uma obra virtual promovida pelo Instituto Nacional de Educação de 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
69 
 
 
Surdos e disponibilizada em CD-rom na versão 2.0. Nela, os consulentes podem fazer 
a busca pela lexia desejada através da ordenação alfabética, do campo 
semântico ou da configuração de mãos. 
A partir da primeira escolha, abre-se uma tela referente à palavra e, ali, são 
apresentados também a sua acepção; o campo semântico a que pertence, 
denominado assunto; a classe gramatical; a origem geográfica; um exemplo em 
Português, através de uma frase aparentemente produzida pela equipe, já que não 
há referência de um corpus de retirada e um exemplo em Libras, sendo esse último 
a transcrição da frase exemplo do Português. Há, neste dicionário um diferencial 
entre os até então publicados. Enquanto nos dicionários impressos os sinais são 
ilustrados ou desenhados, no dicionário digital do Ines a lexia em Libras é 
demonstrada por meio de um vídeo com a produção da mesma. 
O histórico das obras lexicográficas da Língua Brasileira de Sinais nos indica 
uma língua com repertório léxico pouco registrado. Pesquisas a respeito da 
Lexicologia, Lexicografia e Terminologia da Libras começam a despontar desde o 
período do primeiro manual publicado, no entanto, no que diz respeito a 
compêndios de vocabulários, glossários, dicionários, enciclopédias, etc, 
propriamente ditos, temos, basicamente, os volumes aqui descritos. 
 Esse cenário reforça a necessidade de utilização das pesquisas teóricas da 
área a fim de elaborar compilações de registro efetivo da língua, não apenas para 
atribuição linguística, mas também como reflexo da identidade social e cultural da 
comunidade surda do Brasil. 
 
 A TERMINOLOGIA DAS LS 
 A Terminologia é também uma área de estudo relacionada ao léxico. 
Lima (2014) identifica suas concepções e deixa-nos claro a abordagem de 
especificidade lexical da Terminologia: 
 
Em uma primeira acepção, a Terminologia refere-se simplesmente ao 
uso e estudo de termos, isto é, propõe-se a descrever as palavras 
simples e compostas que são geralmente usadas em contextos 
específicos. Já em uma segunda acepção, em sentido estrito, a 
Terminologia refere-se a uma disciplina científica que estuda 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
70 
 
 
sistematicamente a rotulação e a designação de conceitos de 
diversos campos dos saberes relativos às atividades humanas, ou 
seja, estuda os termos e os conceitos empregados nas línguas de 
especialidade. Seu objetivo é pesquisar, documentar e promover o 
uso correto dos termos. (LIMA, 2014, p.75) 
 
O termo ou unidade terminológica designa a lexia de caráter especializado, 
por exemplo, de um domínio técnico, profissional, científico, artístico, etc. Assim, 
sendo objeto de pesquisa e documentação da Terminologia, tal disciplina abordará 
o conjunto de termos de uma determinada área. 
 No âmbito das línguas de sinais, a Terminologia é, das ciências do 
léxico, a que menos tem publicações próprias, pois, quantitativamente, o número 
de lexias terminológicas determinadas e catalogadas na Libras é menor do que 
quando em comparado com a Língua Portuguesa. 
Por exemplo, ainda não temos um marco referencial teórico para produção 
de obras terminológicas em Libras e nem mesmo uma obra lexicográfica 
terminológica formal e oficial na Língua Brasileira de Sinais. 
 
 
 
A escassez de unidades terminológicas em Libras se justifica por alguns 
motivos, como, por exemplo, uma recente constatação da Libras enquanto língua 
oficial de comunicação dos surdos, acontecida apenas a partir do ano de 2012, 
com a Lei nº 10.436. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
71 
 
 
 Esse cenário acabou por determinar que, até a regulamentação de tal Lei, 
muitos surdos obtivessem seu percurso de formação educacional tendo o Português 
como língua de instrução. Isso trazia dificuldades relevantes para esse indivíduo que, 
obviamente, com o canal auditivo comprometido, tinha dificuldades significativas 
para decodificar e compreender informações a ele repassadas por meio de uma 
língua oral-auditiva. 
 De modo que apenas uma minoria alcançava ambientes de maior 
comunicação especializada, como os cursos técnicos, profissionalizantes, 
educação superior, etc. É em ambiente como esses que as unidades terminológicas 
circulam com mais regularidade. 
Já que poucos surdos chegavam a tais ambientes, a utilização de termos se 
tornava indiferente para esses sujeitos e, mesmo que lá se inserissem, acabavam 
submetidos à ministração do conteúdo em Língua Portuguesa, pois não havia 
obrigatoriedade em promover para o surdo o ensino exclusivamente em Libras. 
 Todavia, com a promulgação da Lei que determina a Libras como língua de 
instrução da comunidade surda, surge a necessidade de, primeiramente criar e, 
depois, sistematizar o léxico terminológico. Conforme nos lembra Paula (2020): 
 
Há grande necessidade de sistematização dos termos em Libras. A 
nulidade de uma obra que faça isso com autoridade permite um 
cenário escolar segmentado mesmo entre a comunidade surda, pois, 
nem os surdos nem os intérpretes que atuam na translação do 
conhecimento escolar científico têm acesso a termos padronizados. 
O que percebemos são os próprios surdos atuando, juntamente com 
seu intérprete, a fim de sugerirem sinais para os termos que surgem 
em sala de aula durante a ministração do conteúdo das diversas 
disciplinas. Essa situação resulta em incontáveis variantes, sendo, a 
maioria delas, criadas com o único objetivo de cumprir uma função 
imediata de tradução e evitar o uso recorrente de datilologia. Um 
dicionário [terminológico] poderia amenizar o desconforto causado 
pela falta de lexias e termos apropriados à tradução, bem como 
padronizar os termos escolares, solucionando uma segmentação 
atual evidente. (PAULA, 2020, p.26) 
 
A elaboração de referenciação teórica para produção de obras 
terminológicas, como vem sendo abordada por alguns autores, e sua consequente 
aplicabilidade na produção de dicionários, vocabulários, glossários e enciclopédias 
terminológicos se faz urgente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
72 
 
 
Não apenas para facilitar o trabalho dos intérpretes e solucionar uma 
segmentação aparente, conforme postulado pela autora supracitada, mas 
também para promover a ampliação do léxico da Libras nos campos de 
especialidade e permitir aos usuários dessa língua utilizá-la em todas as situações de 
comunicação sem constrangimento. 
Conforme Cabré, “a Terminologia parece indispensável para a sobrevivência 
das línguas minoritárias” (CABRÉ, p. 2002, p.4), pois qualquer língua com entraves se 
mostra incompleta de recursos. 
Assim, tendo a Libras todos os recursos linguísticos para expansão lexical, 
discutir a elaboração terminológica a partir de outros campos de especialidade 
como a Morfologia, Sintaxe, Semântica, etc. e produzir materiais nesse sentido 
permitirão à comunidade surda domínio conceitual em todos os âmbitos
de 
apresentação do léxico, seja o geral ou específico, aproximando ao máximo tanto 
quando for possível o léxico mental individual ao léxico externo da comunidade 
linguística a que pertence. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
73 
 
 
FIXANDO CONTEÚDO 
 
1. A partir dos conhecimentos adquiridos na unidade, considere as afirmativas 
abaixo e identifique quais são as verdadeiras: 
 
I. O conjunto lexical de uma língua refere-se às unidades constituintes das estruturas 
linguísticas e comunicativas de tal língua. 
II. É função do léxico denominar e classificar as unidades básicas de significado de 
uma dada língua. 
III. Fazem parte do léxico tanto o conjunto de palavras da língua como as regras de 
estruturação gerais dessa mesma língua. 
IV. A criação de novas lexias, os chamados neologismos, é compreendida e 
determinada pelas disciplinas das ciências do léxico. 
 
a) I e IV. 
b) I, II e IV. 
c) III e IV. 
d) I, II e III. 
e) I, II, III e IV. 
 
2. IF-RJ 2012- O neologismo é um fenômeno linguístico que consiste na criação de 
uma palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma 
palavra já existente. Pode ser fruto de um comportamento espontâneo, próprio 
do ser humano e da linguagem, ou artificial, para fins pejorativos ou não. 
Geralmente, os neologismos são criados a partir de processos que já existem na 
língua: justaposição, prefixação, aglutinação, verbalização e sufixação. 
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/neologismo>. Acesso em: 21 dez. 
2011.O neologismo desfabricação foi gerado através do mesmo processo que há 
na palavra: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
74 
 
 
a) reaproveitar. 
b) manufatura. 
c) licenciamento. 
d) reutilizado. 
e) destaque. 
 
3. Relacione a primeira coluna com a segunda. A ordem que corresponde à 
sequência correta é: 
( ) Trata-se do estudo relacionado à 
produção de obras que catalogam 
léxico em suas mais distintas formas. 
( ) Relaciona-se às funções da língua 
como sistema de classificação e de 
comunicação pois funciona tanto 
como banco classificatório de 
elementos de designação, como 
também possibilita construções 
para a comunicação. 
( ) Trata-se dos estudos relacionados 
às unidades lexicais de uma língua 
e sua relação com outras áreas de 
conhecimento linguístico. 
 ( ) Refere-se ao estudo do léxico de 
especialidade de uma dada língua. 
 
( 1 ) Léxico 
( 2 ) Lexicologia 
( 3 ) Lexicografia 
(4)Terminologia 
 
a) 1 – 2 – 3 – 4. 
b) 3 – 1 – 4 – 2. 
c) 3 – 1 – 2 – 4. 
d) 2 – 1 – 3 – 4. 
e) 1 – 3 – 4 – 2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
75 
 
 
4. IFB – 2017- adaptada. No âmbito dos estudos lexicográficos e lexicológicos das 
Línguas de Sinais, assinale a alternativa que apresenta apenas itens que constam 
no léxicon determinado na pesquisa de Nascimento (2009): 
 
a) movimento, classificadores e morfemas-base. 
b) palavras primitivas, léxico e foco. 
c) escrita de sinais, parâmetros fonológicos e empréstimos. 
d) tópico comentário, configuração de mão e metonímias. 
e) datilologia, classificadores e iconicidade. 
 
5. Fazem parte do histórico como autores da Lexicografia da Língua Brasileira de 
Sinais: 
 
a) Pélissier; John Peterson e Walkiria Raphael. 
b) Costa Gama; Eugênio Oates e Fernando Capovilla. 
c) William Stokoe, Iva Peterson e Elizeu Macedo. 
d) Pélissier, Judy Ensminger e Tanya Felipe. 
e) Costa Gama, William Stokoe e Aline Mauricio. 
 
6. FUNDATEC- 2019 Avalie as seguintes afirmações a respeito de “Léxico”: 
 
I. As múltiplas atividades dos falantes no comércio da vida em sociedade 
favorecem a criação de palavras para atender às necessidades culturais, 
científicas e da comunicação de um modo geral. As que vêm ao encontro 
dessas necessidades renovadoras chamam-se neologismos; no oposto a esse 
movimento criador, têm-se os arcaísmos – palavras e expressões que, por diversas 
razões, saem de uso e acabam esquecidas por uma comunidade linguística, 
ainda que permaneçam em comunidades mais conservadoras. 
II. Os empréstimos e calcos linguísticos são uma fonte de revitalização do léxico, 
assim como a criação de certos produtos ou novidades que recebem o nome de 
seus inventores ou fabricantes. 
III. Os processos de composição e derivação, que se valem do radical de certos 
vocábulos, são considerados de menor escala, visto que não se evidenciam 
regularidade nem sistematicidade com que operam na criação de novos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
76 
 
 
vocábulos. 
 
Quais estão corretas? 
a) Apenas I. 
b) Apenas II. 
c) Apenas I e II. 
d) Apenas II e III. 
e) I, II e III. 
 
7. É problemática resultante da falta e/ou escassez de obras terminológicas na 
Libras: 
 
a) padronização de lexias terminológicas, impedindo o processo natural de 
variação lexical. 
b) uso recorrente de datilologia, dificultando o acesso imediato ao conceito da 
palavra que poderia ser ofertado quando associada a um sinal próprio. 
c) catalogação de lexias, promovendo edições de obras lexicográficas que são de 
difícil consulta e arcaicas. 
d) impedimento ao conhecimento, já que sem um sinal técnico padronizado e 
catalogado é impossível que a comunidade surda decodifique conceitos. 
e) segmentação da ciência, pois apenas depois da nominalização efetiva a 
ciência classificada passa a existir. 
 
8. INSTITUTO AOCP – 2019 – adaptada. De acordo com a imagem abaixo que 
retrata lexias da Libras, podemos afirmar que a Libras é uma língua: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
77 
 
 
a) nacional com pouca variação e é oficializada pela constituição. 
b) com variação lexical, já que não possui regras definidas, sendo usada de um 
modo em cada região. 
c) com expressiva variedade de sinais, diferente do português, que possui várias 
regras e, portanto, poucas variedades. 
d) igual para todo surdo que a usa, assim como o português é a mesma língua para 
todos os ouvintes que a usam. 
e) que apresenta variedade lexical, pois se transforma nas práticas sociais do uso 
da linguagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
78 
 
 
 LIBRAS EM FOCO II 
 
 
 
 LOCALIZAÇÃO 
Vamos conhecer vocabulário específico para construções de localização 
como indicação de caminho e os cômodos da casa. Para contextualizar, vamos, 
inicialmente, analisar o vídeo “Aula de Libras- Rio Turismo” elaborado pela TV INES. 
Você encontra o vídeo no link https://bit.ly/3zW6xk9. 
 
Veja algumas construções utilizadas pelas personagens no diálogo entre 
Andreza e Renato. 
 
• Você poderia me dar uma informação? 
 
 
Fonte: https://bit.ly/3Fkta63. Acesso em: 09 ago. 2021; FELIPE, MONTEIRO, 2006 e 
CAPOVILLA, RAPHAEL, 2001 
 
• Eu estou procurando o hotel (Copacabana Palace). 
 
 
Fontes: https://bit.ly/3kZQSft. Acesso em: 09 ago. 2021 
https://bit.ly/3ioOjC5. Acesso em: 09 ago. 2021 
 
UNIDADE 
04 
https://bit.ly/3zW6xk9
https://bit.ly/3Fkta63
https://bit.ly/3kZQSft
https://bit.ly/3ioOjC5
 
 
 
 
 
 
 
 
 
79 
 
 
 
 
Essas estruturas são comumente utilizadas na busca por orientação de 
caminho. Além disso, temos: 
A palavra interrogativa onde é um vocábulo recorrente na constituição de 
expressões oracionais próprias de localização. Está presente em afirmativas, além 
das interrogativas. Por exemplo: 
• Onde fica o hotel Copacabana Palace? 
• Eu procuro algum lugar onde possa almoçar essa hora. 
 
 
Ao recebermos informação de indicação de caminho, provavelmente 
seremos direcionados ao lado pelo qual seguir. No caso da direita/esquerda, a 
sinalização será correspondente a esse direcionamento, assim como será, por 
exemplo, a indicação de seguir em frente. 
Essas são lexicalizações próprias dos estudos dos classificadores. Como nos 
lembra Quadros e Karnopp (2004, p.93) “Classificadores são geralmente usados 
para especificar o movimento e a posição de objetos e
pessoas ou para descrever 
o tamanho e a forma de objetos.” É assim que se dá com o direcionamento manual 
do estabelecimento de algum caminho oferecido ao interlocutor. 
 
 
https://bit.ly/3uxCLkA
https://bit.ly/39YJLxu
 
 
 
 
 
 
 
 
 
80 
 
 
 
 
 
 
Os verbos ir e vir também são habitualmente utilizados nesse contexto. 
Perceba que são verbos espaciais, ou seja, sua performance será a partir do 
contexto. É preciso ter estabelecido o agente da ação e o local para o qual ele se 
dirigiu ou do qual ele veio, de modo a orientar a configuração de mão, orientação 
da palma da mão, ponto de articulação e movimento do sinal obedecendo a 
essas construções sintático-semânticas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
81 
 
 
Temos também palavras da classe dos adjetivos na elaboração de textos de 
localização. Assim como acontece nos discursos em Língua Portuguesa, eles 
categorizarão substantivos, indicando-lhe qualidade, característica, defeito, estado, 
condição, etc. 
 
 
 
4.1.1 Lugares públicos 
Tendo como pano de fundo as lexias anteriormente apresentadas, 
poderemos utilizar o nome dos lugares públicos e cômodos da casa para nos 
localizarmos ou direcionar alguém. 
 
 
 
https://bit.ly/2Yc6h3Y
 
 
 
 
 
 
 
 
 
82 
 
 
 
 
4.1.2 Os cômodos da casa 
Também podemos localizar pessoas ou objetos nos ambientes de uma casa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
83 
 
 
Para tanto, serve-nos o vocabulário: 
 
 
 
 
 
 
 
 PRONOMES DEMONSTRATIVOS 
 A partir de um excerto do poema “Ou isto ou aquilo” de Cecília Meireles, 
Caio Augusto Castro nos orienta quanto ao conceito e exemplificação dos 
pronomes demonstrativos. 
 
https://bit.ly/3mjKVcG
https://bit.ly/3D5eIwI
 
 
 
 
 
 
 
 
 
84 
 
 
 
 
Lemos em Castro: 
 
“No clássico poema da célebre escritora, vemos tematizada a 
angústia gerada pela dúvida e incerteza no momento de uma 
escolha. Ao longo do texto, verificamos a ênfase no verso (o qual 
intitula o poema) ou isto ou aquilo, que, linguisticamente, constrói-se 
a partir de dois dos chamados pronomes demonstrativos. Segundo 
Lima (2010, p.159) esses pronomes indicam ‘a posição dos objetos 
designados, relativamente às pessoas do discurso’”. (CASTRO, 2020, 
p.35) 
 
Seja em Língua Portuguesa ou em Libras, os pronomes demonstrativos têm a 
mesma finalidade de identificar e situar, em relação às pessoas do discurso, 
elementos referenciados. Eles podem ser usados para marcar posição no espaço e 
também no tempo. São eles: 
 
Pessoas verbais Pronomes demonstrativos 
1ª pessoa este(s); esta(s); isto. 
2ª pessoa esse(s); essa(s); isso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
85 
 
 
3ª pessoa aquele(s); aquela(s); aquilo. 
 
Como estabelecer relação de identificação no tempo e espaço a partir dos 
pronomes demonstrativos? Vejamos com exemplos: 
• Pronomes demonstrativos de primeira pessoa indicam proximidade no 
espaço com o emissor da mensagem. No que diz respeito ao tempo, situam 
referentes do presente e/ou futuro em relação ao emissor da mensagem. 
 
 
 
 Pronomes demonstrativos de segunda pessoa indicam proximidade no 
espaço com o destinatário da mensagem. No que diz respeito ao tempo, 
situam referentes de um passado próximo em relação ao ato da fala. 
 
 
 
 Pronomes demonstrativos de terceira pessoa indicam proximidade no 
espaço com a pessoa de quem se fala. É uma posição distante de todos os 
participantes do discurso. No que diz respeito ao tempo, situam referentes de 
um passado longínquo em relação ao ato da fala. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
86 
 
 
 
 
A informação que foi recentemente ofertada ao interlocutor pode ser 
considerada temporalmente como passado próximo na sequencialidade discursiva. 
Já a informação que foi ofertada ao interlocutor há mais tempo pode ser 
considerada temporalmente como passado longínquo na sequencialidade 
discursiva. Assim, para dados recentemente oferecidos, utilizamos os pronomes 
demonstrativos de segunda pessoa e para dados oferecidos de modo longínquo, 
utilizamos os pronomes demonstrativos de terceira pessoa Veja: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
87 
 
 
Os aprovados; pois esse é o 
referente mais recentemente 
ofertado no texto. 
Os candidatos; pois esse é o 
referente mais longínquo 
ofertado no texto. 
“Os candidatos e os aprovados devem regularizar-se conforme sua situação. 
Esses efetuarão a matrícula enquanto aqueles realizarão a prova.” 
 
 
 
 
 
 
Em Libras, os pronomes demonstrativos serão, conforme Paula (2020, p.82): 
 
Figura 7: Os pronomes demonstrativos 
 
Fonte: PAULA, 2020, p.82 
 
Note que os pronomes demonstrativos, em Libras, recuperarão as mesmas 
referências. Por se tratar de situar itens no espaço e/ou no tempo, podem variar em 
número. No entanto, diferentemente do que acontece em Língua Portuguesa, não 
haverá variação de gênero. 
 
 PREPOSIÇÕES/LOCUÇÕES PREPOSITIVAS DE LUGAR 
A fim de apresentar discursos com sentido completo, de modo articulado e 
com recursos coesivos que demonstram um repertório diversificado lexicalmente, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
88 
 
 
faz-se necessário identificar as preposições e/ou locuções prepositivas. As 
preposições são a classe de palavras: 
 
[...] usadas para marcar as relações gramaticais que substantivos, 
adjetivos, verbos e advérbios desempenham no discurso. Em outras 
palavras, as preposições são unidades linguísticas dependentes de 
outras, ou seja, elas não aparecem sozinhas no discurso e servem 
justamente para estabelecer a ligação entre dois termos. (VIANA, 
2021, online) 
 
As preposições podem ser classificadas como essenciais e acidentais, além 
das locuções prepositivas. As primeiras dizem respeito “[àquelas] que só aparecem 
na língua propriamente como preposições, sem outra função.” (VIANA, 2021, 
online). São exemplos de preposições essenciais: após, até, com, de, desde, entre, 
para, por, sem, etc. 
As preposições acidentais são “aquelas que não possuem originalmente a 
função de preposição, mas que podem acabar exercendo essa função em 
determinados contextos.” (VIANA, 2021, online). Podemos citar como exemplo: 
como, conforme, durante, fora, visto, etc. 
Aqui, nesta unidade, trataremos das preposições e locuções prepositivas em 
Libras. Essas últimas são expressões que servem tal qual uma preposição enquanto 
função no discurso. “As principais locuções prepositivas são constituídas de um 
advérbio ou de uma locução adverbial seguido da preposição de, a e com.” 
(VIANA, 2021, online). 
As locuções prepositivas podem ser classificadas conforme o atributo 
semântico que estabelece para o discurso. Por exemplo, podem ser consideradas 
locuções prepositivas de lugar quando estiverem cumprindo função de estabelecer 
ligação entre os temos de um enunciado atribuindo-lhe noção de espaço ou 
localidade. Veja um exemplo: 
 
 
 
A locução prepositiva em cima do [de+o] relaciona a conexão enunciativa 
dos elementos pássaro e ação realizada por ele através de uma identificação de 
localidade. Portanto, é uma locução prepositiva de lugar. 
Em Libras, as preposições e locuções prepositivas terão a mesma função, a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
89 
 
 
saber, ligar dois elementos da oração. Algumas preposições e locuções prepositivas 
de lugar estão abaixo descritas: 
 
Figura 8: Locuções prepositivas de lugar 
 
Fonte: PAULA, 2020, p.82 
 
Alguns desses sinais podem ter variações como é o caso da palavra atrás, ou 
ainda podem ser complementados ou substituídos por classificadores que 
cumprirão a função de identificar localidade. Nesse caso, atuarão com função 
prepositiva. 
Figura 9: Variação da palavra atrás 
 
Fonte: https://bit.ly/3F9xjcU. Acesso em: 16 ago 2021 
 
https://bit.ly/3F9xjcU
 
 
 
 
 
 
 
 
 
90 
 
 
 
 
 APLICAÇÃO PRÁTICA 
Com os conhecimentos adquiridos na Unidade 4 do livro Libras I, vamos 
realizar algumas aplicações
práticas para ampliar nossos conhecimentos. 
 
4.4.1 Atividade 1 
Retomemos ao vídeo produzido pela TV INES, disponível no seguinte link: 
https://bit.ly/2Yd7cAQ. 
Depois de assistir novamente a essa vídeo aula, identifique no texto: 
• Os sinais reconhecidos por você e, portanto, já aprendidos; 
• Sinais novos, porém do mesmo campo semântico tratado nesta unidade; 
• Expressões não manuais utilizadas junto aos sinais para elucidar o discurso. 
Note, por exemplo, as ENM de Andreza quando Renato se oferece para ir 
com ela à Ipanema e ela diz: “Ótimo!”, também quando o narrador diz que 
“Ipanema é muito bonita”. (próximo ao tempo de 5 minutos de vídeo). 
• Estruturação das sentenças; de modo a reconhecer como as construções em 
Libras são independentes da gramática da Língua Portuguesa e, a partir 
dessa constatação, auxiliar você nas suas próprias organizações frasais a fim 
de rejeitar o Português sinalizado. 
 
Dica: uma boa maneira de se chegar a conclusões assertivas, conforme 
sugerido no último item, é transcrever a forma como o texto foi sinalizado em Libras. 
Isso permite que você tenha uma imagem visual de cada um dos elementos das 
orações e estabeleça critérios que te permitirão sinalizar com clareza e 
propriedade. 
 
 
https://bit.ly/2Yd7cAQ
 
 
 
 
 
 
 
 
 
91 
 
 
4.4.2 Atividade 2 
Veja a bela obra de Tarsila do Amaral intitulada A Cuca (1924). 
 
 
 
Construa sentenças em Libras utilizando das preposições e locuções 
prepositivas para identificar no espaço da obra os seguintes elementos, tenha o 
modelo por auxílio: 
 
Modelo: 
• A Cuca: A Cuca está na frente do lago. 
• A árvore com copa em formato de corações; 
• O sapo; 
• A ave; 
• A palmeira; 
• A centopeia; 
• O lago. 
 
4.4.3 Atividade 3 
Faça e apresente para a classe, para um grupo de colegas ou para o 
professor uma das duas possibilidades abaixo. Lembre-se de colocar no seu 
discurso: o vocabulário de localização já trabalhado, pronomes demonstrativos e 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
92 
 
 
preposições/locuções prepositivas de lugar. 
• A descrição do que você vê de uma das janelas da sua casa; 
• A disposição dos cômodos da sua casa; 
 
Depois de apresentar seu texto, certifique-se de que as informações 
compreendidas pelos colegas e/ou pelo professor tenham sido as intencionadas 
por você. Aceite sugestões de adaptação de estruturação de sentenças e, caso 
seja necessário, refaça o texto para que fique ainda mais compreensível aos seus 
interlocutores. 
 
 
 
 
 
Fonte: Secretaria de Educação, s/d, p.13 
 
https://bit.ly/3B13add
 
 
 
 
 
 
 
 
 
93 
 
 
4.4.4 Atividade 4 
 
A partir da imagem abaixo, produza um texto para cada situação 
apresentada: 
 
Fonte: https://bit.ly/2WuppsS. Adaptado. Acesso em: 16 ago 2021. 
 
 
• O Dick vai narrar para os colegas qual o trajeto ele realiza da sua casa para 
a escola. (texto em forma de narrativa) 
• Fiona está na porta da sua casa quando uma pessoa perdida lhe 
cumprimenta e pergunta como fazer para chegar até o supermercado. 
(texto em forma de diálogo) 
Utilize as setas como referência dos pontos de partida. 
Lembre-se de acrescentar no discurso os pronomes demonstrativos, o 
vocabulário apresentado na Unidade e as preposições/locuções prepositivas. 
Recorra à transcrição feita do texto “Rio Turismo” (TV INES) para se inspirar ao 
elaborar sentenças complexas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://bit.ly/2WuppsS
 
 
 
 
 
 
 
 
 
94 
 
 
FIXANDO CONTEÚDO 
 
1. COVEST-COPSET – 2019 – adaptada. No que diz respeito aos sinais de cômodos da 
casa, sobre as características da Língua Brasileira de Sinais, assinale a alternativa 
correta. 
a) A Libras é exclusivamente icônica. 
b) A Libras é icônica e arbitrária. 
c) A Libras é exclusivamente arbitrária. 
d) A Libras nem é icônica nem arbitrária, pois os sinais são criados a partir dos 
contextos sociais. 
e) As línguas de sinais não se configuram com elementos icônicos 
 
2. Quais dos sinais abaixo são realizados com a mesma configuração de mão? 
a) restaurante – sala – rodoviária. 
b) em cima – informação – esse. 
c) fábrica – supermercado – academia. 
d) casa – em frente – posto de gasolina. 
e) lá – ir – presídio. 
 
3. UFTM – 2018 – adaptada Considere o elemento linguístico "isso", destacado no 
excerto abaixo: 
“‘E nas públicas, o quadro não é diferente: a lei não é sempre cumprida. Dou aula no 
município de Mauá (SP) e lá temos um intérprete de Libras para cada aluno surdo. 
Mas isso é exceção: não ocorre em todas as escolas municipais, muito menos nas 
estaduais’, afirma”. 
Esse elemento refere-se a algo que: 
 
a) já foi enunciado no mesmo período. 
b) ainda será enunciado no período posterior. 
c) ainda será enunciado no mesmo período. 
d) não possui referente nos períodos enunciados. 
e) já foi enunciado em um período anterior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
95 
 
 
4. Analise a imagem abaixo e, a partir do que se pede escolha a alternativa 
verdadeira: 
 
 
Fonte: https://bit.ly/3mjHaUG. Adaptado. Acesso em: 16 ago 2021. 
 
Levando em consideração o sinal abaixo, para qual dos locais ele servirá de 
referência? 
a) Hospital e Estação de trem. 
b) Hospital e Túnel. 
c) Casa do Dick e Parque. 
d) Posto policial e Correios. 
e) Supermercado e Hospital. 
 
5. INSTITUTO AOCP – 2020 – adaptada. Relacione as colunas e assinale a alternativa 
com a sequência correta. 
 
1. Sinal Icônico. 
2. Sinal Arbitrário. 
( ) Atrás. ( ) Informação. ( ) Aquele. ( ) Banheiro. ( ) Padaria. ( ) Ir. ( ) Cozinha. ( ) Casa. 
 
a) 2 – 1 – 2 – 2 – 1 – 1 – 1 – 2. 
b) 1 – 1 – 2 – 1 – 2 – 1 – 1 – 1. 
c) 2 – 2 – 2 – 1 – 1 – 2 – 2 – 2. 
d) 1 – 2 – 1 – 2 – 2 – 1 – 1 – 1. 
e) 1 – 2 – 2 – 1 – 2 – 1 – 2 – 1. 
 
https://bit.ly/3mjHaUG
 
 
 
 
 
 
 
 
 
96 
 
 
6. 06- IDIB – 2021 – adaptada - Assinale a alternativa em que o vocábulo em destaque 
é classificado como preposição. 
 
a) “Borboletas brancas, duas a duas.” 
b) “... e mesmo que a ouvisse, não a entenderia.” 
c) “Avisto crianças que vão para a escola.” 
d) “Eu não a podia ouvir da altura da janela...” 
e) “A primavera chegou mais cedo!” 
 
7. 07- IPEFAE- 2019. Analise o trecho a seguir que contempla a estrutura gramatical de 
LIBRAS, complete as lacunas e assinale a alternativa correta. 
 
“Na LIBRAS os pronomes demonstrativos e os ___________ de lugar tem o mesmo sinal, 
sendo diferenciados no ___________”. 
 
a) Advérbios – Posicionamento. 
b) Classificadores – Contexto. 
c) Substantivos – Contexto. 
d) Classificadores – Posicionamento. 
e) Advérbios – Contexto. 
 
8. Considere as afirmativas: 
 
I. Os verbos simples são aqueles que não se flexionam em pessoa e número e 
também não possuem perspectiva de concordância espacial e locativa. 
II. Os verbos direcionais são aqueles que flexionam em pessoa e número e possuem 
morfema espacial e locativo. 
III. Os verbos espaciais são aqueles que flexionam em pessoa e número mas não 
possuem morfema espacial e locativo. 
IV. O verbo dormir é um exemplo de verbo simples. 
V. O verbo ajudar é um exemplo de verbo direcional. 
VI. O verbo chegar é um exemplo de verbo espacial. 
 
São verdadeiras as sentenças: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
97 
 
 
a) I, V e VI. 
b) II e III. 
c) IV, V e VI. 
d) I, IV, V e VI. 
e) I, II, III, IV, V e VI. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
98 
 
 
 AS EXPRESSÕES NÃO MANUAIS 
(ENM) 
 
 
 
 
 O USO DAS ENM NA LIBRAS E SEUS ASPECTOS GRAMATICAIS 
As expressões não manuais são aquelas que não se realizam com as mãos. 
Podem ser, portanto, marcações faciais e corporais, como movimentos da cabeça, 
dos olhos, dos ombros, sobrancelhas, etc. no momento da realização da 
sinalização. 
As expressões faciais e corporais aparecem tanto nos discursos das línguas 
orais como no discurso das línguas de
sinais. No entanto, no primeiro caso, as ENM 
não são consideradas elementos linguísticos gramaticais. Elas são simplesmente 
reforçadoras dos componentes gramaticais que são lexicalizados, ou seja, 
constituídos no discurso por meio de palavras que exercem uma função gramatical. 
Já nas enunciações em línguas de sinais, as ENM atuam como elemento 
gramatical, pois podem modificar o sentido do discurso, marcar construções 
sintáticas e/ou diferenciar itens lexicais. 
 Silva (2015) considera um exemplo em que a variação da expressão 
facial particulariza a lexia sinalizada. Veja: 
 
Figura 10: Sinais diferenciados pela ENM 
 
Fonte: SILVA, 2015, p.40 
 
Note que os sinais do campo semântico de tristeza e exemplo possuem 
UNIDADE 
05 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
99 
 
 
mesma configuração de mão e ponto de articulação. Todavia, a expressão facial 
do emissor deixa-nos claro qual lexia está sendo proferida. Perceba que, nesse 
caso, as ENM não são apenas um recurso que paramenta o discurso. Antes, são 
essenciais se queremos que o receptor da nossa mensagem compreenda o 
contexto da fala e o decodifique de acordo com a nossa intenção comunicativa. 
As ENM são apresentadas por Quadros e Karnopp (2004), conforme 
motivadas por estudo de Ferreira Brito e Langevin, no quadro abaixo: 
 
Figura 11: Expressões não manuais da Libras 
 
Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p.61 
 
As expressões não manuais podem ser únicas ou combinadas, a depender 
da necessidade discursiva. Nesta unidade, compreenderemos como elas 
desempenham papel sintático ao incorrer em marcações de sentenças 
interrogativas, topicalizações e foco; além de considerar sua constituição lexical ao 
marcar o aspecto e, também, sua manifestação na categorização de sentenças 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
100 
 
 
afirmativas, interrogativas e negativas. 
 
 
 
 ASPECTO 
Em Libras, os verbos podem sofrer flexão em aspecto. A flexão em aspecto 
pode indicar algumas características específicas à ação, como, por exemplo, se 
ela está ou não concluída e/ou se ela é duradoura, momentânea ou contínua, 
bem como pode caracterizar o foco da ação, evidenciando quando ele 
acontece: se no início, no decorrer ou no fim da ação. 
 
 
 
Como a flexão de aspecto se manifesta na Libras? Vejamos exemplos 
mencionados por Quadros e Karnopp (2004) na variação aspectual quanto à forma 
e duração da ação. 
Figura 12: Ação verbal com flexão aspectual
 
Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p.123 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
101 
 
 
Podemos perceber que, além da variação no movimento ao performar o 
verbo cuidar, há uma modificação no uso das ENM de modo a coincidir com a 
finalidade comunicativa da ação. 
 No caso de uma ação incessante, temos lábios contraídos, sobrancelhas 
franzidas e um movimento de cabeça direcionado ao objeto da ação, isto é, à 
pessoa ou objeto que está sendo cuidado. Para indicar a operação ininterrupta, as 
ENM são lábios contraídos, sobrancelhas levantadas e a cabeça direcionada ao 
interlocutor. 
Por último, na referência ao cuidar habitual, notamos lábios arredondados, 
sobrancelhas neutras e um movimento de cabeça para frente e para trás similar ao 
da mão dominante na sinalização. 
Logo, podemos concluir que, ao modificar o aspecto durativo do verbo 
cuidar, as ENM não serão ilustrativas ou complementares. Em associação com 
outro(s) parâmetro(s) fonológico(s) como, no caso acima, o movimento, elas se 
ocuparão de função gramatical essencial na decodificação do aspecto 
apropriado à situação discursiva e ao intento do emissor; a saber, se trata-se de 
uma ação pontual, durativa, contínua ou descontínua. 
 Ademais, lemos em Quadros e Karnopp: 
 
Klima e Bellugi (1979) descreveram onze dimensões para representar 
as formas que os sinais podem acessar na ASL. [...] Os autores 
também observaram que tais dimensões podem variar minimamente 
observando padrões sistemáticos, o que por sua vez evidencia a 
complexidade das formas flexionais desta língua. Tais dimensões 
também estão presentes na determinação da flexão e derivac ̧ão de 
sinais na língua de sinais brasileira. (QUADROS; KARNOPP, 2004, p.124) 
 
Dentre as representações variáveis flexionais está a tensão. A alteração nas 
ENM também é um determinante de tensão nos nomes em Libras. As mesmas 
autoras oferecem um exemplo: 
Figura 13: Adjetivo com tensão 
 
Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p.125 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
102 
 
 
Além de variação no movimento, a decodificação integral do sentido só 
acontecerá com uma mutabilidade das expressões não manuais. Os movimentos 
do rosto e do corpo acompanharão o intuito do emissor da mensagem ao 
estabelecer para o seu destinatário o grau de beleza daquele ou daquilo a que se 
refere. Observe que as expressões faciais e corporais (dos ombros) deixam claro a 
gradação de intensidade em cada forma de pronunciar o mesmo adjetivo. 
 
 FOCO 
O foco é, como sugerido por sua nomenclatura, uma construção que visa 
marcar uma informação da sentença dando-lhe maior entonação. Isso acontece, 
basicamente, por meio da mudança na ordem básica da expressão. 
 
Nestas também ocorrem elementos constituintes duplicados na 
mesma oração, contudo o interesse é enfatizar o constituinte, “mas 
de forma diferente da ênfase dada aos tópicos”, Quadros e Karnopp 
(2000, p.152). Petronio e Lillo Martin (1997, apud Quadros e Karnopp, 
idem), analisaram as construções com foco como “construções 
duplas”, de maneira que foram delimitadas quando não há uma 
“pausa significante antes do elemento duplicado”. As pesquisadoras 
encaram as construções duplas diferentes, por exemplo, das 
estratégias de discurso para sustentação de uma ideia. É possível 
que haja construções duplas com variadas classe de palavras, 
entretanto para analisar a ordem SOV que são advindas de 
construções de verbos sem concordância duplos, as pesquisadoras 
se atêm a este último. (RODRIGUES; SOUZA, 2017, p.21) 
 
As construções classificadas como “duplas” acontecem quando o elemento 
que receberá a entonação é repetido na mesma frase ou oração. Veja, tendo 
como exemplo, as possibilidades de expressar, em Libras, a oração “Eu perdi o 
livro.”: 
 
Haverá uma construção em foco na intenção de reiterar a ação expressa no 
discurso. Para isso, no foco, a ação será o elemento marcado em duplicidade: 
 
 
 
A construção SVOV (sujeito-verbo-objeto-verbo) visa enfatizar a ação 
acontecida, e não o sujeito que realizou tal ação ou o objeto que foi perdido. No 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
103 
 
 
entanto, conforme estabelecido por Quadros e Karnopp (2004), não basta apenas 
repetir a unidade que deseja ressaltar. É preciso associar ao realce, movimentos de 
cabeça, isto é, as expressões não manuais. 
 
Figura 14: Sentença [EU PERDER LIVRO PERDER] 
 
Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p.44 
 
Note as duas performances da sinalizadora para o verbo perder. Embora a 
sinalização seja a mesma, já que temos a mesma palavra, as ENM (movimento da 
cabeça e expressões faciais) são diferentes. Como já dito anteriormente, isso deixa-
nos claro como tais expressões não são apenas parâmetros que ornamentam o 
discurso, mas sim, elementos indispensáveis na correta construção sintática e, 
portanto, na consequente decodificação apropriada por parte do interlocutor. 
 
 
 
Embora a ordem mais comum de ordenação em Libras seja SVO, as outras, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
104 
 
 
como OSV, SOV e/ou VOS, são possíveis e compreensíveis à medida que se dão 
com base nas regras sintático-gramaticais dessa língua. O foco é uma alternativa 
sintática capaz de modificar a ordem básica e até multiplicar elementos linguísticos 
a fim de proporcionar efeito contrastivo, de modulação e/ou de realce. 
 
 TÓPICO 
Uma outra possibilidade de variarmos a ordem básica da frase em Libras 
(SVO) é pela topicalização. 
 
 
 
A topicalização dará conta da escolha de um eixo temático
do discurso e se 
concentrará nele. Isso acontecerá não só com uma colocação sintática específica, 
mas também por meio do uso das ENM. Quadros e Karnopp indicam: 
 
Esse mecanismo está associado à marcação não-manual com a 
elevação das sobrancelhas. (...) A marca de tópico associada ao 
sinal topicalizado é seguida por outras marcas não-manuais, de 
acordo com esse tipo de construção. Ou seja, pode ser seguido por 
uma marca não-manual de foco (se a sentença for focalizada), de 
negação (se for negativa) e de interrogação (se for interrogativa). 
(QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 146) 
 
O uso do tópico comentário pode ser observado no exemplo dado pelas 
mesmas autoras referente à enunciação da seguinte oração: 
 
 
 
Caso a oração fosse construída sem tópico e na ordenação sintática mais 
comum da Libras, estaria assim: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
105 
 
 
Nesse aspecto, nos é dada uma informação sem nenhuma ênfase específica 
a qualquer elemento da sentença. No entanto, podemos, à medida que 
necessário, especificar um constituinte do discurso para reforçá-lo a partir de sua 
topicalização. 
Foi o que aconteceu no exemplo trazido pelas autoras mencionadas ao 
indicar uma estrutura de tópico em uma oração semelhante. Veja: 
 
Figura 15: Sentença [FUTEBOL JOÃO GOSTAR] 
 
Fonte: QUADROS; KARNOPP, 2004, p.147 
 
Aqui, a informação recebida pelo interlocutor é exatamente a mesma 
daquela realizada em uma estrutura SVO. Contudo, perceba que temos uma 
flexibilização no critério de disposição dos elementos da oração; agora 
estabelecida em OSV. 
Qual o motivo dessa concessão? Apontar ao remetente da mensagem qual 
o tópico de relevância nesse contexto; a saber, aquele que foi primariamente 
determinado e cuja construção está associada à ENM de sobrancelhas levantadas. 
Assim, ao topicalizar o objeto (futebol), indica-se que esse é o elemento principal 
sobre o qual a explanação será feita. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
106 
 
 
 
 
Ainda, podemos identificar na Libras a possibilidade de replicação do 
elemento topicalizado, realçando-o ainda mais. Essa estrutura mantém o 
constituinte que recebeu a marca de tópico como o primeiro elemento da 
sentença e recupera-o no seu lugar de origem. Retomando a partir da oração 
exemplificada por Quadros e Karnopp, seria uma sentença como: 
 
 
 
Observe que a ordem comum (SVO) foi modificada pela ordem OSV para 
evidenciar o objeto futebol como assunto destaque da comunicação. Nesse caso, 
há indicativo de maior ressalto, pois esse substantivo foi duplicado na posição que 
estaria quando da ordenação básica da Libras: depois do verbo. 
 
 AFIRMATIVAS E NEGATIVAS, EXCLAMATIVAS E INTERROGATIVAS 
A utilização de expressões não manuais é necessária na constituição do tipo 
de frase em Libras, seja afirmativa, negativa, exclamativa e/ou interrogativa. 
Em línguas orais, os critérios que estabelecem os tipos de frases podem ser 
três: no caso das negativas, será a presença de alguma palavra com carga 
negativa, tal qual não, nunca, nada, etc. 
Já para os outros tipos de frases, as afirmativas, exclamativas e interrogativas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
107 
 
 
será a pontuação gráfica colocada ao final da sentença escrita e a entonação ao 
ser verbalizada oralmente. Veja: 
 
 
 
Perceba que, em exceção da sentença negativa, todas as orações possuem 
construção idêntica. As escolhas morfossintáticas são iguais para todos os casos, 
embora cada uma dessas orações tenha sentido próprio determinado pela sua 
pontuação e, portanto, por seu tipo. 
Todavia, não é possível estabelecer a modulação nos tipos de frases em 
Libras da mesma maneira que as expostas acima, dado que os recursos de 
pontuação gráfica e entonação não estão presentes nas línguas espaço-visuais, 
pois o seu registro escrito não é semelhante ao das línguas orais-auditivas e, 
obviamente, por não serem expressas pelo aparelho fonoarticulatório, estão isentas 
de marcas de oralidade, como a entonação. 
Assim, o elemento responsável por indicar o tipo de frase em Libras será a 
expressão não manual. 
As orações afirmativas terão expressões faciais e corporais neutras. Sua 
constituição reúne vocabulário relacionado à intenção do enunciador com 
imparcialidade de expressão, como podemos ver na ilustração abaixo: 
 
Figura 16: Sentença “Este livro é meu.” 
 
Fonte: PAULA, 2020, p. 93 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
108 
 
 
As orações negativas terão a inclusão de alguma palavra com carga 
negativa, além da atribuição de ENM próprias a tal intuito, isto é, o de negar; como, 
por exemplo, balançar de cabeça, aproximar as sobrancelhas, negar com o dedo 
indicador, etc. 
 
Figura 17: Sentença “Este livro não é meu.” 
 
Fonte: PAULA, 2020, p. 95 
 
Observamos que, ao trazer a palavra negativa que transforma a sentença, 
as ENM do sinalizador carregam o sentido de modo a diferenciar a afirmativa da 
negativa. Essa negação pode, inclusive, ser expressa simultaneamente à palavra ou 
termo negado. Veja: 
Figura 18: Sentença “Ele não falou nada.” 
 
Fonte: PAULA, 2020, p. 97 
 
O discurso exclamativo expressa surpresa, admiração, comoção, sobressalto, 
espanto e/ou susto. Assim, terá expressões corporais e faciais associadas à 
performance da sinalização a fim de ofertar esse(s) significado(s), como olhos 
arregalados, ombros erguidos, lábios contraídos, sobrancelhas levantadas, etc. 
 
Figura 19: Sentença “Belo Horizonte é linda!” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
109 
 
 
 
Fonte: PAULA, 2020, p. 97 
 
Já as interrogativas terão ENM coincidentes com tal significação, 
identificando o questionamento. São possibilidades de expressões indicativas de 
interrogativa: queixo inclinado para cima, sobrancelhas franzidas, arredondamento 
dos lábios, leve fechamento dos olhos, etc. 
Figura 20: Sentença “O parque é onde?” 
 
Fonte: PAULA, 2020, p. 97 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
110 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. COVEST-COPSET – 2019 As sentenças sujeito-verbo-objeto são comuns em Libras. 
Assinale a alternativa que segue esta regra. 
 
a) Nunca reclamar minha mãe 
b) José brasília não conhecer 
c) Comida nordeste ela gostar 
d) Miguel bolo colocar-no-forno 
e) Fátima estudar curso direito 
 
2. COPESE- UFPI – 2018 Sobre a ordem das frases na Língua Brasileira de Sinais, é 
possível afirmar que: 
 
1) Todas as frases com a estrutura SVO são gramaticais; 
2) A estrutura OSV é a estrutura utilizada no processo de topicalização; 
3) A estrutura SOV é utilizada para a construção de foco; 
4) Frases com a estrutura VOS são agramaticais. 
 
Estão CORRETAS as afirmações: 
a) Apenas 1, 2 e 3. 
b) Apenas 1, 2 e 4. 
c) Apenas 1, 3 e 4. 
d) Apenas 2, 3 e 4. 
e) 1, 2, 3 e 4. 
 
3. SELECON- 2018 – adaptado - Um instrutor usa uma frase do cotidiano para 
mostrar a flexibilidade da ordem das frases em Libras e, em seu exemplo, utiliza a 
estrutura de topicalização, onde a ordem visualizada é OSV. Apresenta-se a 
estrutura de topicalização correta (t= tópico e mc= movimento de cabeça) na 
seguinte alternativa: 
 
a) <Libras>t<Eu gostar>mc (De Libras, eu gosto.) 
b) <Libras>mc<Eu gostar>mc (De Libras, eu gosto.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
111 
 
 
c) <Libras>t<Eu gostar>t (De Libras, eu gosto.) 
d) <Libras>mc<Eu gostar>t (De Libras, eu gosto.) 
e) <Libras>t<Eu gostar>mc nulo (De Libras, eu gosto) 
 
4. A sentença abaixo reproduzida se trata de uma oração: 
 
 
Fonte: FELIPE, 2007, p.65 
 
a) Afirmativa. 
b) Negativa. 
c) Exclamativa. 
d) Interrogativa. 
e) Imperativa. 
 
5. FEPESE- 2019 - Analise a frase abaixo: 
Quando o tema do discurso sinalizado em Libras tem uma ..........................no início 
da frase, estamos nos referindo ao processo de topicalização. 
 
Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna do texto. 
a) supressão; 
b) derivação; 
c) subjetivação; 
d) ênfase especial; 
e) incorporação
6. São indicativos que a sentença abaixo reproduzida trata-se de uma negativa: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
112 
 
 
 
Fonte: FELIPE, 2007, p.66 
 
a) ENM sobrancelha franzida e vocabulário indeterminado. 
b) utilização de pronome pessoal e ENM do movimento de cabeça. 
c) exclusivamente a ENM do indicador sinalizando negativa. 
d) ENM de surpresa e espanto e ENM sobrancelha franzida. 
e) incorporação da sinalização negativa e ENM do movimento de cabeça. 
 
7. IBADE- 2018 A diferença entre a língua oral e a língua de sinais está na 
modalidade de articulação, sendo que na primeira a modalidade praticada é 
oral-auditiva, pronunciada oralmente e, na segunda, apresenta-se visual-
espacial, representada por sinais. Nesse sentido, nas duas línguas encontram-se 
presentes itens lexicais e todo aparato linguístico necessário para a efetivação 
da comunicação entre seus usuários. A Libras, tanto quanto as outras línguas 
apresentam estrutura e regras gramaticais próprias. A sintaxe da Libras é 
composta pela seguinte ordem básica, respectivamente: 
 
a) verbo, objeto e sujeito. 
b) sujeito, verbo e objeto. 
c) gênero, verbo e objeto. 
d) verbo, gênero e sujeito. 
e) sujeito, verbo e substantivo. 
 
8. UFCG – 2019 Na sintaxe da Libras, as construções em foco envolvem duplicação 
e estão associadas a marcações não-manuais enfáticas. De acordo com essa 
regra, qual o tipo de estrutura apresentada para a construção da oração [QUEM 
GOSTAR VIAJAR] qu QUEM]qu? 
 
a) quando o elemento for interrogativo, a marcação não manual será exclamativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
113 
 
 
b) quando o elemento for exclamativa, a marcação não manual será interrogativa. 
c) quando o elemento for interrogativo, a marcação não manual será interrogativa. 
d) quando o elemento for duplicação negativa, a marcação não manual será 
interrogativa. 
e) quando o elemento for duplicação negativa, a marcação não manual será de 
negativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
114 
 
 
 LIBRAS EM FOCO III 
 
 
 
 AÇÕES COTIDIANAS 
 
As enunciações referentes a atos cotidianos serão basicamente construídas a 
partir da classe de palavras que exprime as ações, estado ou mudança de estado; 
a saber, os verbos. 
Considere alguns verbos em Libras no vídeo apresentado pelo canal da 
Hand Talk disponível no Youtube: https://bit.ly/3BrTYip. 
Perceba que os verbos mostrados no vídeo estão fora de contexto e, 
portanto, sem qualquer tipo de concordância ou conjugação. Assim, quando 
necessário, marcas de tempos verbais e elementos morfológicos de conformidade 
ao referente serão indicados na adequação ao contexto. 
 
 
 
Vamos sugerir aplicações a partir de algumas das ações comuns no discurso 
cotidiano. Consideraremos o conteúdo nos principais tipos de frases, quais sejam: 
afirmativas, negativas, exclamativas e interrogativas. Vamos começar? 
Leia o texto a seguir escrito em Português. Note os verbos nele colocados que 
estão listados no vídeo que consideramos. No espaço em seguida, faça a 
transcrição da tradução desse mesmo texto para a Libras. Para isso, retome seus 
conhecimentos sobre pronomes pessoais, membros da família, lugares públicos, etc. 
 
 
 
 
 
UNIDADE 
06 
https://bit.ly/3BrTYip
 
 
 
 
 
 
 
 
 
115 
 
 
 
Uma rotina 
 
 
 
 
 
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________ 
 
 
 
No relato, podemos notar elaborações dos principais tipos de frases. Ao 
considerar cada exemplo mencionado, retome as considerações feitas no item 5.5 
desta obra. 
 Veja: 
 Afirmativas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
116 
 
 
 
 
 Considerando a ordenação SVO (sujeito + verbo + objeto) e/ou SOV 
essas sentenças podem ser construídas em Libras assim: 
 
 
 
Nas passagens acima, temos dois períodos oracionais em cada uma: a) Meu 
filho acorda + Meu filho vai para a escola e b) Eu acordo + Eu vou trabalhar. 
No primeiro caso, a estrutura em SVO para o período inicial é gramatical e 
compreensível. Porém, para o segundo período temos um verbo (IR) que deve levar 
em consideração o ponto estabelecido no espaço do enunciador ao indicar a 
referência locativa de tal verbo. Assim, a ordenação marcará primeiro o objeto 
(escola), pois essa indicação auxiliará no direcionamento dado ao verbo. 
No segundo caso, acontece de maneira semelhante. A primeira sentença 
pode ser estabelecida em SVO, porém a segunda será mais clara à medida que 
primeiro haja a cenarização do referente para, depois, atribuir a ele um 
apontamento manual direcionado à anterior demarcação. 
 
 
 
Tal afirmativa também pode ser produzida em SVO. Perceba que a 
marcação para nós dois está agrupada em uma única sinalização. Relembre no 
item 2.1 a construção dos pronomes referentes à primeira pessoa do plural nesse 
sentido. 
Importante ressaltar que o parâmetro das expressões não manuais deve ser 
considerado ao enunciar qualquer sentença em Libras. Para as afirmativas, o mais 
comum são expressões corporais e faciais neutras que deixam claro uma expressão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
117 
 
 
isenta de outros sentidos que não a informação pontual e assertiva. 
 
 Negativas 
 
 
 
Você aprenderá as construções referentes às formas de negativa de maneira 
detalhada no livro Libras IV. Por enquanto, vamos identificar a formação em SOV 
para ambas as frases negativas exemplificadas, dado que a partícula de negação 
deve vir imediatamente após o elemento que está sendo negado. Assim, teremos: 
 
 
 
No primeiro caso, o que está sendo negado é o fato do filho ficar sozinho 
identificado pelo verbo poder. No segundo caso, é a situação de assistir televisão 
que recebe uma referência negativa. Tal circunstância está identificada pelo verbo 
ver. Por isso, é depois desses dois verbos que a lexia de carga restritiva será posta. 
 
 
 
Aqui, também, as expressões não manuais são essenciais para elucidar a 
intenção do remetente da mensagem. Por exemplo, junto à sinalização da palavra 
não, acrescentar movimentos corporais como o balançar de cabeça para a direita 
e para a esquerda e expressões faciais como sobrancelhas franzidas, olhos 
semiabertos, lábios protuberantes em forma de beijo/bico, etc. não apenas adorna 
a mensagem, mas lhe dá integral percepção do intento negativo trazido pelo 
locutor. 
 
 Exclamativas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
118 
 
 
 
 
Para exclamativas, como a aqui citada, podemos manter a estrutura em 
SVO. No entanto, haverá, quando em comparado com a disposição dos elementos 
em Língua Portuguesa, uma variação na ordenação escolhida para o pronome 
muitos. Sendo uma classe de palavra que caracteriza e acompanha outra; nesse 
caso, um substantivo, será mais gramatical e tornará a compreensão mais factível 
se primeiro indicarmos o referente a ser indefinido pelo pronome. Veja: 
 
 
 
As expressões não manuais serão as responsáveis por indicar a propriedade 
exclamativa dessa sentença. Perceba que poderíamos formular afirmativas e 
interrogativas utilizando a mesma estrutura lexical: 
 
 
Em línguas orais auditivas, a identificação do tipo
de frase se dá, quando se 
tratando de um discurso verbalizado, por meio da entonação. É a entonação que 
determinará se estamos afirmando que ele tem muitos amigos, se estamos 
questionando isso ou se estamos exclamando sobre essa condição. No entanto, por 
não termos, nas línguas de sinais, elementos fonológicos próprios à modulação 
como responsáveis pelo reconhecimento da forma oracional, serão as ENM que 
servirão tais quais as caracterizações enunciativas de ênfase ou variação. 
Portanto, as expressões faciais como sobrancelhas levantadas, olhos bem 
abertos, lábios arqueados para baixo ou protuberantes em forma de beijo/bico, 
etc. indicarão que se trata de uma exclamativa relativa à intensidade e emoção. 
 Interrogativas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
119 
 
 
Teremos a necessidade de expressões não manuais para as interrogativas, 
pois se trata de uma forma oracional que, em alguns casos, demanda as mesmas 
considerações que fizemos sobre as exclamativas. No exemplo que abordamos 
anteriormente, pudemos perceber que uma mesma sequência lexical pode 
evidenciar tipos frasais distintos (a- Ele tem muitos amigos. b- Ele te muitos amigos! c- 
Ele tem muitos amigos?) 
Em casos assim, serão as ENM próprias de uma interrogativa que elucidarão 
ao interlocutor se tratar de uma pergunta. 
Ainda, temos discursos que possuem palavras interrogativas em sua 
constituição, deixando claro o tipo de frase para o contexto. É assim que se dá com 
a sentença aqui trazida a título de modelo. Note como enunciá-la em Libras de 
modo plausível para a estrutura gramatical dessa língua: 
 
 
 
Em Libras, as interrogativas que possuem na sua composição algum advérbio 
ou pronome que já aportam em si mesmo carga negativa (o que; quando; onde; 
por que; como; etc.) terão essas lexias colocadas no fim da sentença. De modo 
que é comum uma estrutura SOV +palavra interrogativa. 
Atrelada à estrutura, as ENM como os olhos semiabertos, sobrancelhas 
franzidas, queixo levemente levantado e lábio arredondado complementam a 
característica de marca interrogativa na performance enunciativa. 
 
 
 
 
 PARTÍCULAS INTERROGATIVAS 
Mencionamos, no subtítulo anterior, a presença de palavras interrogativas na 
constituição de sentenças indagatórias. Essas partículas podem estar em forma de 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
120 
 
 
lexia ou locução. 
 
 
 
Identificamos abaixo algumas das principais partículas interrogativas na 
Língua Brasileira de Sinais: 
 
 
 
 
Em Libras elas servem a basicamente dois sentidos: servir como lexia-função 
para indicar uma pergunta e/ou atuar como elemento de retórica. 
Em Língua Portuguesa, ao atuar como indicativo de uma pergunta, tais 
vocábulos iniciam as orações interrogativas seguidas do arranjo SVO: 
 
 
Acesso em: 12 set. 2021
https://bit.ly/3aaMy78
 
 
 
 
 
 
 
 
 
121 
 
 
Em Libras, porém, o mais comum é que a frase apresente a forma SOV +palavra 
interrogativa. Acompanhe: 
 
 
 
Caso a sentença não tenha um dos constituintes mencionados, como por 
exemplo, o objeto, mantemos a estrutura sugerida isenta do elemento omitido. É 
assim com o último modelo acima apresentado que, em Libras, ficará: 
 
 
 
Uma outra demanda possível para o uso das palavras interrogativas está 
para a construção de retórica e, não obrigatoriamente, na exigência de uma 
resposta do destinatário da mensagem. 
 Esse é um recurso muito comum na elaboração textual em Libras e tem 
como efeito chamar a atenção do interlocutor, destacar uma informação e facilitar 
a compreensão de períodos muito longos como os subordinados. Veja: 
 
 
 
Todas as proposições acima podem ter na sua elaboração o uso de palavras 
interrogativas com atribuição retórica. Assim, o narrador fará uma pergunta, mas 
não espera uma resposta do seu interlocutor. 
Ele mesmo responderá tal questionamento que servirá para identificar os 
pontos mais relevantes do contexto, isto é, as informações principais que recebem 
esse destaque. Teremos as seguintes construções: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
122 
 
 
 
 
A primeira frase traz as informações da oração subordinada depois da 
introdução da palavra interrogativa para quê. Essa construção sequencia as 
informações e destaca o que, nesse contexto, é selecionado como a referência 
mais importante a ser decodificada ou recebida. 
Algumas marcações feitas na descrição da sentença e importantes de serem 
identificadas têm a ver com, em primeiro lugar, unidades que, em Língua 
Portuguesa são polilexicais e, em Libras, terão sinalização única. 
É o que acontece com a expressão todos os dias que, ao ser traduzida para 
a língua de sinais será performada por um único sinal capaz de representar mesmo 
sentido. Em segundo lugar, é necessário mencionar a identificação do uso das 
expressões não manuais. 
A marcação das expressões corporais e faciais próprias de interrogativas 
serão realizadas apenas durante a sinalização da palavra/locução interrogativa. 
Logo em seguida, a continuidade da frase será marcada por ENM de afirmativa, já 
que a informação seguinte trata da resposta ao questionamento retórico 
anteriormente feito. 
A segunda frase, ao utilizar-se da interrogativa retórica nos indica que, nessa 
sentença, a informação para a qual está sendo chamada a atenção é o assunto 
que os sujeitos gostam de estudar juntos; ou seja, inglês. 
Aqui também temos marcações de um sujeito que será sinalizado com 
apenas uma lexia em Libras, embora em Português esteja referenciado com duas 
palavras: nós dois. Ainda, as ENM próprias do tipo de frase interrogativa estarão 
restritas ao momento da sinalização da locução interrogativa o quê. 
Por último, na terceira frase, também teremos uma unidade polilexical em 
Língua Portuguesa que pode ser sinalizada com apenas uma palavra em Libras. É o 
caso da negativa do verbo poder, isto é, não poder. 
Assim como funcionou para as duas outras sentenças analisadas e como 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
123 
 
 
funciona para a maioria das construções retóricas, o uso das expressões manuais e 
corporais que caracteriza o questionamento estará no momento da sinalização da 
palavra/locução interrogativa, enquanto que no restante da enunciação, as ENM 
evidenciarão o tipo de construção afirmativa, própria de ofertar uma informação 
factual e típica. 
 
 
 APLICAÇÃO PRÁTICA 
Com os conhecimentos adquiridos até aqui, vamos realizar algumas 
aplicações práticas para ampliar nossos conhecimentos. 
 
6.3.1 Atividade 1 
Construa pelo menos dois pares de frases para cada uma das ações de Ravi. 
Você pode aproveitar informações para desencadear outras seguintes. Não se 
esqueça de treinar os quatro tipos de sentenças aprendidas; a saber, afirmativas, 
negativas, exclamativas e interrogativas. Siga o modelo: 
Modelo: 
O que Ravi está fazendo? _ Ele está acordando. 
Ele acorda muito cedo! _ Sim, às 6:30h. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
124 
 
 
 
Fonte: https://bit.ly/3Bh3WCQ. Acesso em: 12 set. 2021 
 
 
6.3.2 Atividade 2 
 
Assista ao vídeo de Fiorella contando uma história para sua irmã Florence. O 
vídeo está no seguinte link: https://bit.ly/2YpQb6N. 
 
Trata-se do livro Barulhinhos da manhã, de Pollyana Gama: 
 
 
Identifique os sinais de ações cotidianas ali apresentados e, mesmo sem 
conhecer a história, faça uma contação mais detalhada a partir do que conheceu 
do relato pela leitura de Fiorella. 
https://bit.ly/3Bh3WCQ
https://bit.ly/2YpQb6N
 
 
 
 
 
 
 
 
 
125 
 
 
 
Depois de sua produção textual pronta, assista ao vídeo explicativo da obra 
no seguinte link: https://bit.ly/3ixb1ry. 
 
Isso lhe permitirá refletir sobre sua capacidade de depreender e ampliar um 
discurso e concepções dele a partir de uma informação restrita. Associe os 
classificadores à sua elaboração vocabular. 
 
 
6.3.3 Atividade 3 
Faça e apresente para a classe, para um grupo de colegas ou para o
professor a seguinte sugestão textual: 
 A descrição de um dia da sua rotina. 
 
Lembre-se de colocar no seu discurso: o vocabulário de localização já 
trabalhado, o vocabulário de ações cotidianas, diferentes tipos de frases 
(afirmativas, negativas, exclamativas e interrogativas). 
Depois de apresentar seu texto, certifique-se de que as informações 
compreendidas pelos colegas e/ou pelo professor tenham sido as intencionadas 
por você. Aceite sugestões de adaptação de estruturação de sentenças e, caso 
seja necessário, refaça o texto para que fique ainda mais compreensível aos seus 
interlocutores. 
 
 
https://bit.ly/3ixb1ry
 
 
 
 
 
 
 
 
 
126 
 
 
FIXANDO CONTEÚDO 
 
1. 2019 As expressões não manuais na Libras são fundamentais para a produção de 
enunciados em Libras, pois atuam em todos os níveis linguísticos. 
Podemos utilizar como exemplo da atuação da Libras em expressões 
gramaticais: 
 
a) A testa franzida mostrando insatisfação ou raiva do falante. 
b) O cerrar dos olhos indicando pergunta. 
c) Os lábios esticados indicando felicidade. 
d) A inclinação da cabeça para demonstrar tristeza. 
e) O alçar das sobrancelhas indicando surpresa. 
 
2. UFU-MG 2019 adaptada - Alguns verbos em Libras apresentam incorporação da 
negação, ou seja, o sinal já exprime o sentido da negativa sem a necessidade de 
se utilizar o item lexical de negação. Outro exemplo de incorporação é a de 
numeral, feita, por exemplo, na apresentação de pronomes pessoais. Sobre a 
incorporação, os estudos linguísticos apontam que os Sinais 
 
a) restringem-se a incorporar numerais aos verbos. 
b) não apresentam restrições, de modo que qualquer número pode ser incorporado 
ao Sinal. 
c) restringem-se a incorporar, no máximo, os numerais até quatro. 
d) limitam-se à produção para quantidade de horas. 
e) em todos os casos de incorporação de negativa mudam a forma da 
configuração de mão do verbo na sua forma afirmativa. 
 
3. COPESE-UFPI 2017 adaptada. As línguas de sinais são línguas organizadas 
espacialmente de forma tão complexa quanto as línguas orais-auditivas. 
Qualquer referência usada no discurso requer o estabelecimento de um local no 
espaço de sinalização. Esse local pode ser referido através de vários mecanismos 
espaciais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
127 
 
 
São opções que se referem a esses mecanismos: 
Direcionamento da cabeça e dos olhos em direção a uma localização particular. 
I. Apontação ostensiva antes do sinal de um referente específico. 
II. Usar um pronome em uma localização particular quando a referência for óbvia. 
III. Usar um classificador em uma localização particular. 
IV. Usar um verbo não-direcional (sem concordância). 
 
a) I, II, III, IV e V. 
b) I, II, III e IV. 
c) I, IV e V. 
d) I, II e III. 
e) I e III. 
 
 
4. Qual dos verbos abaixo pode ser sinalizado em Libras de duas formas distintas 
quando na sua atribuição negativa? 
a) Conversar. 
b) Ir. 
c) Estudar. 
d) Trabalhar. 
e) Poder. 
 
5. Os seguintes verbos correspondem a: 
 
 
Fonte: https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-da-libras 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
128 
 
 
a) Brincar; esquecer e aprender. 
b) Trabalhar; limpar e pensar. 
c) Discutir; lembrar e saber. 
d) Andar; entender e entender. 
e) Escrever; arrepender e pensar. 
 
6. FUNCAB- 2015. Verbos direcionais são os que possuem marca de concordância. 
A direção do movimento marca no ponto inicial e no final, respectivamente, 
o(a): 
a) Verbo – Objeto. 
b) Sujeito – Verbo. 
c) Verbo – Adjunto. 
d) Sujeito – Objeto. 
e) Gênero – Verbo. 
 
7. A frase que está sendo abaixo sinalizada pode ser traduzida por: 
 
 
 
a) Sua família ama viajar para onde? 
b) O que a família dele gosta de fazer ao viajar? 
c) Para onde sua família gosta de viajar? 
d) Como sua família gosta de viajar? 
e) Quando sua família gosta de viajar? 
 
8. COMVEST-UFAM 2019 Libras apresenta certa flexibilidade na ordem das palavras. 
Existem assimetrias entre as construções com verbos sem concordância e com 
concordância. No entanto, pesquisas evidenciam que a ordem mais básica da 
língua é: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
129 
 
 
a) VO. 
b) VOS. 
c) OSV. 
d) SVO. 
e) SOV. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
130 
 
 
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO 
 
UNIDADE 01 
 
 
 
UNIDADE 02 
 
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 B 
QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 D 
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 E 
QUESTÃO 4 D QUESTÃO 4 A 
QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 E 
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 A 
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 C 
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 C 
 
 
UNIDADE 03 
 
 
 
 
UNIDADE 04 
 
QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 B 
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 C 
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 E 
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 A 
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 D 
QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 A 
QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 E 
QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 D 
 
 
UNIDADE 05 
 
 
 
UNIDADE 06 
 
QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 B 
QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 C 
QUESTÃO 3 A QUESTÃO 3 B 
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 E 
QUESTÃO 5 D QUESTÃO 5 A 
QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 D 
QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 C 
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 D 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
131 
 
 
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