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CIDADES INTELIGENTES UNIDADE 1 ÍNDICE TÓPICOS PÁGINA 1. CIDADES PARA AS PESSOAS 3 1.1 Aspectos gerais do planejamento urbano 3 1.2 Como planejar cidade para pessoas 9 2. MOBILIDADE URBANA 12 2.1 Legislação brasileira 17 2.2 Casos no brasil e no mundo 18 3. CIDADES INCLUSIVAS E SUSTENTÁVEIS 21 3.1 Cidade inclusive: Do que estamos falando? 21 3.2 Cidades sustentáveis 24 4. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA REDUÇÃO DA DESIGUALDADE SOCIAL 27 4.1 Formulação de políticas públicas 27 4.2 Políticas para a redução da desigualdade social 32 REFERÊNCIAS 34 3 1.CIDADES PARA AS PESSOAS 1.1 ASPECTOS GERAIS DO PLANEJAMENTO URBANO Ao iniciarmos essa disciplina é importante adentrarmos, mesmo que brevemente, na situação mais recente das discussões sobre esse tema para nossa realidade brasileira bem como entendermos sobre o conceito do Planejamento Urbano. Nas últimas décadas a cidade tem se modificado muito rapidamente fazendo com que seja mais difícil seguir regras e técnicas de planejamento. Isso ocorre em razão das influências sociotécnicas e também dos sistemas econômico e político em âmbito nacional e internacional. Com isso, as atuais dinâmicas de crescimento e estruturação encontradas nas cidades brasileiras desafia as mais diferentes áreas do conhecimento na busca por melhores soluções, pois as transformações são velozes e, de certo modo, dependentes de diferentes atores fazendo com que essas transformações acabem fugindo a quaisquer regras e formalidades de planejamento, que por definição é uma área de natureza política e interdisciplinar. Outra questão histórica importante é que, nem sempre, as cidades foram planejadas e elas simplesmente se configuravam de acordo com as intervenções da sociedade de cada época. Com isso toda a ciência que hoje se desenvolve em cima dessa área, leva em consideração esse processo histórico e na medida do possível vem realizando tentativas de construção de conceitos nas últimas décadas, portanto, isso ocorre ainda em período relativamente recente. Isso faz com que haja dificuldade em encontrar subsídios teórico- conceituais nesse campo. Além desse cenário temos a histórica dificuldade de entendimento acerca da importância da área de planejamento urbano para a gestão pública. Uma das situações que contribui para isso é a inexistência de cursos de graduação específicos para profissionais e técnicos que se dedicam nas ações de planejamento urbano e, como consequência temos uma lacuna formativa entre a teoria e a prática (GONÇALVES, 2013). Na maioria das vezes os cursos de gestão são voltados para a área privada fazendo com que a área pública não tenha a devida atenção. Se houvessem mais experiências de extensão e pesquisa naturalmente os egressos desses cursos em gestão pública trariam contribuições na esfera pública. 4 Outro ponto a ser considerado é que a cada mudança de contexto político, econômico e social no Brasil, faz com que diferentes desafios sejam apresentados aos gestores públicos, planejadores, pesquisadores e no campo do ensino nessa área e, portanto, é muito comum que alguns temas, que pareciam superados e resolvidos, voltem a pauta da gestão pública, tais como o desenvolvimento, planejamento territorial, zoneamento, entre outros (GONÇALVES, 2013). No Brasil, o que mais impressiona é que, embora tenhamos práticas na elaboração e execução de planos urbanos, as altas taxas de densidade populacional em áreas urbanas ultrapassa qualquer tentativa de previsibilidade. Em sessenta anos, conforme apontado na Figura1, o crescimento populacional no período “entre os Censos de 1940 e 2000, a população brasileira cresceu quatro vezes. O Brasil rural tornou-se urbano, de 31,3% para 81,2% de taxa de urbanização” (IBGE, 2010). Fonte: IBGE (2010) 5 E um novo dado do IBGE de 2015, aponta novas taxas de crescimento conforme veremos na imagem abaixo: Fonte: IBGE, 2015 Além do Planejamento Urbano, destacamos também as ferramentas utilizadas em planos estratégicos de governo, também conhecidos como Planejamento Governamental. Este tipo de plano é utilizado desde o final dos anos de 1930, quando foi aplicado para alavancar o desenvolvimento nacional. A partir dos anos de 1950 a utilização do planejamento urbano se tornou mais significativa e veio sendo utilizado por diferentes governos (PALUDO e PROCOPIUCK, 2011, p. 51-62). As metas são traçadas de acordo com as demandas de cada período histórico e ao o percorrermos, vemos que existiram planos para obras públicas e aquisição de equipamentos bem como grandes planos econômicos e sociais que pudessem atender as demandas da sociedade brasileira. O destaque aqui é para o fato de que pode acontecer de um plano governamental não dialogar com o planejamento urbano de uma cidade e, desse modo, um ou outro será afetado naquela gestão de governo. Seguindo agora para entendermos qual o conceito do planejamento urbano, perpassando pelo seu processo histórico de elaboração, partindo do princípio de que o planejamento se utiliza de diferentes métodos e técnicas para promover a organização urbana. 6 Link O crescimento das cidades e a periferização Canal Futura: https://www.youtube.com/watch?v=puIh8Hr8tX4 O modo de pensar o planejamento sofreu idas e vindas e, no espaço urbano, o que se via eram cidadãos convivendo sem leis ou regulamentações, tanto nas habitações quanto nos espaços públicos. Na Europa, até o século XIX não haviam estruturas de esgoto ou água encanada e os trabalhadores moravam em cortiços e era isso que se via por toda a cidade (CARLOS, 2001). Tal situação atingiu níveis caóticos com tantas epidemias e doenças a ponto de ocorrer intervenção por parte das autoridades públicas. A partir daí surgem os primeiros movimentos do planejamento urbano para que se possível organizar minimamente a cidade industrial (CHOAY, 2005). A popularização do planejamento ocorreu em 1874, na Suécia, local onde ocorreu a promulgação das primeiras leis sobre urbanismo. Em seguida, em 1893, durante a Feira Mundial de Chicago, ocorreu uma mostra de diversos modelos de planejamento urbano influenciando a aplicação do modelo nos Estados Unidos (GIST e HALBERT, 1961). Todo o processo que envolvia as discussões sobre o planejamento teve o momento auge com a publicação da Carta de Atenas, documento que foi produzido pelo Congresso Internacional de Arquitetura Moderna em 1930. Com isso, inicia-se um novo olhar agora para o sistema administrativo, com limites rígidos que passam a organizar o território e a sociedade (CIAM,1933). Com a Carta de Atenas, a cidade passa a ser vista como um organismo, com diferentes funções que está ali para resolver as necessidades do homem, surgindo então a separação das áreas de trabalho, residenciais e de lazer. O solo urbano da cidade passa a ser considerado como pertencente à municipalidade e, portanto, público. A aplicação dessa perspectiva começou após a segunda guerra mundial nas cidades da Europa e no Brasil, de modo mais emblemático, a partir da criação do Plano Piloto de Brasília por Lúcio Costa. No Brasil, outra ocorrência importante foi a aprovação do Estatuto da Cidade (2001)1, importante ferramenta de planejamento para as cidades e que contem diretrizes sobre a aplicação e utilização do Plano Diretor, por exemplo, conforme vemos no Artigo 42: https://www.youtube.com/watch?v=puIh8Hr8tX4 7 Art. 42. O plano diretor deverá conter no mínimo: - a delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, considerando a existência de infraestrutura e de demanda para utilização, na forma do art. 5o desta Lei; - disposições requeridas pelos arts. 25, 28, 29, 32 e 35 desta Lei; III - sistema de acompanhamentoe controle. A partir então do Plano Diretor2 é possível garantir, de certo modo, diversas melhorias na cidade tais como a qualidade de vida dos cidadãos. Seria um plano que, a partir de um diagnóstico científico da realidade física, social, econômica, política e administrativa da cidade […] apresentaria um conjunto de propostas para o futuro desenvolvimento socioeconômico e futura organização espacial dos usos do solo urbano, das redes de infraestrutura e de elementos fundamentais da estrutura urbana, (…) (VILLAÇA, 1999, p. 238). Vemos então que até os anos de 1990, são diferentes iniciativas de cidades planejadas no Brasil, entretanto, a maioria das cidades não foram beneficiadas com essa ferramenta e o que se viu foram cidades que cresceram “de forma “natural”, aleatoriamente e sem infraestrutura inicial. [...] ocasionando graves problemas urbanos” (DINIZ e LESSA, 2010). Mas a realidade demonstra que mesmo as cidades planejadas enfrentam problemas, especialmente nas situações em que o planejamento original sequer é considerado nas propostas de intervenção e projetos urbanísticos, com isso, tanto a cidade planejada quanto a não planejada acabam tendo que lidar com as mais diversas e complexas situações. Alguns exemplos de planejamento urbano no Brasil Um dos casos mais emblemáticos é a cidade planejada de Brasília, construída durante o governo de Juscelino Kubitschek, nos anos de 1950. Mas vamos trazer outros casos mais atuais, citados por Resende (2018), como na Figura 3: a região Porto Maravilha, no Rio de Janeiro e na Figura 4 e 5, respectivamente, o Jardim das Perdizes e o Parque da Cidade, em São Paulo. 8 Destaque “Reforça-se a potencialidade para a cidade tornar-se viva, sempre que mais pessoas sintam-se convidadas a caminhar, pedalar ou permanecer nos espaços da cidade”. (Jan Gehl, 2013, p. 6) Fonte: Resende (2018) Fonte: Resende (2018) 9 Fonte: Resende (2018) 1.2 COMO PLANEJAR CIDADE PARA PESSOAS “Se a vida, como disse Vinícius de Morais, é a arte do encontro, a cidade é o cenário desse encontro – encontro das pessoas, espaço das trocas que alimentam a centelha criativa do gênio humano” (Jaime Lerner, 2013, p. XII) O argumento fundante do livro “Cidade Para Pessoas” de Jan Gehl, com Prólogos de Richard Rogers e Jaime Lerner, é a dimensão humana que deve ser o ponto de partida de qualquer pensamento no planejamento urbano. E esse destaque é feito por Jaime Lerner já na primeira linha do texto do Prólogo, enfatizando desse modo a importância da dimensão humana nesses espaços de trocas nas cidades. Mas, e de que modo planejar e pensar a cidade a partir das pessoas? Vimos na parte introdutória que, a partir da Carta de Atenas a cidade começou ser pensada e planejada para as pessoas e isso perdurou até os anos de 1960. Entretanto, com o decorrer do tempo, e as mudanças de pensamento na sociedade, as prioridades foram se alterando e com isso a dimensão humana foi perdendo espaço para a dimensão econômica. Em sintonia com a florescente expansão urbana, o desenvolvimento da cidade transferiu-se para profissionais, os urbanistas. Teorias e ideologias começaram a substituir a tradição como base para o desenvolvimento. O modernismo teve enorme influência, com sua visão de cidade como máquina e com suas partes separadas por função. Aos poucos, um novo grupo, o de planejadores de tráfego, entrou em cena com suas ideias e teorias de como garantir as melhores condições – para o tráfego de veículos (GEHL, 2013, p.XIV). 10 A preferência de usos que trouxessem mais benefícios econômicos para a cidade foram priorizados e, com isso, ganham espaço as áreas comerciais, industriais, condomínios verticais, shoppings centers, tudo para garantir empregos e o desenvolvimento das cidades e regiões. Mas, como vimos acima, a consequência foi o esquecimento da dimensão humana. Fonte: Gehl (2013, p. 2) Com isso o espaço urbano, antes destinado para a convivência humana, foi perdendo importância para a diversidade de funções dentro da cidade. Como consequência o que se constata é o aumento de insegurança e perda do sentido de pertencimento comunitário a partir de alguns casos mais comuns, tais como vazios urbanos; condomínios que contribuem para a segregação social perdendo o vínculo comunitário; áreas centrais vulneráveis e com baixa densidade populacional, entre outros fatores. O que também se tornou comum na maioria das cidades, independente do porte e localização geográfica, é que os cidadãos que ainda mantem o hábito de utilizarem espaços abertos – e que seriam para pessoas – sofrem riscos de atropelamento, assaltos, acidentes dos mais diferentes tipos, tudo isso porque esses espaços foram esquecidos e estão, na maioria das vezes, sujos e sem manutenção. 11 Porém, há esperança, é o que se constata em movimentos urbanos nas últimas duas décadas em diferentes cidades no mundo. O que os cidadãos passaram a pedir é um urbanismo mais voltado para as pessoas. Tudo isso vem sendo elaborado a partir da constatação de que, a forma física da cidade altera e influencia o comportamento humano, portanto, quando os vazios são ocupados, a segurança e o sentimento de pertencimento comunitário aumentam e com isso a cidade torna-se um organismo vivo novamente. Essa reflexão veio à tona nos anos de 1960, quando Jane Jacobs publicou seu livro, polêmico para a época “Morte e Vida das Grandes Cidades”, obra que já “denunciava” o risco que as cidades correriam se continuassem privilegiado o automóvel, a fragmentação de usos dos espaços, pois com isso, expulsariam as pessoas do convívio cotidiano nas cidades. Portanto, para que seja possível uma mudança significativa para o futuro das cidades para pessoas são necessárias ações mais efetivas que possam ser propostas em diferentes instâncias da sociedade. Essas ações podem vir da iniciativa pública, privada e da sociedade civil. Acreditamos que os centros de pesquisa e as universidades possuem incontáveis contribuições que justificam a importância de resgatarmos a cidade para pessoas. 12 2. MOBILIDADE URBANA Quando falamos em mobilidade urbana é importante termos em mente que nas últimas três décadas foram intensos os movimentos e articulações para que a indústria automobilística conquistasse um espaço considerável na economia dos países. No Brasil, as metas são ousadas e essas empresas têm planos de explorar a venda de veículos novos por ainda mais de vinte anos. Frota de veículos por regiões no Brasil Fonte: Conterno (2013) Diante desses dados temos a comprovação do volume das frotas, especialmente das frotas individuais e com isso, o que acontece nas nossas cidades? Congestionamento, queda no número de usuários do transporte coletivo e consequente sucateamento das frotas, aumento da poluição e a criação de cidades para os carros, entre outros! Todos, os donos dos carros, os que dependem do transporte público, os ciclistas e os pedestres sofrem com esta desorganização urbanística em torno do carro individual cujo resultado é uma imobilidade urbana generalizada. Reconhecer isto não constitui nenhuma novidade; o que consegue surpreender, no entanto, é que apesar do caos o paradigma não muda (BARTELT, 2006, p. 4). E as pessoas ficam onde? Cada vez mais excluídas dos espaços públicos e das vias de acesso. Vemos com mais frequência ruas largas e calçadas estreitas, que dificultam a circulação de pedestres, ciclistas, pessoas com deficiência, idosos, pessoas com imobilidade temporária, etc. 13 Destaque “Reconhecer isto não constitui nenhuma novidade; o que consegue surpreender, no entanto, é que apesar do caos o paradigma não muda”. Esse é o desafio das próximas décadas: pensar Cidade para Pessoas, cidades sustentáveis e mais agradáveis para se viver,já que grande parte da população se concentra em áreas urbanizadas. Fonte: Gehl (2013, p. 2) 14 Diferentes formas de interpretar a mobilidade A mobilidade, portanto, depende das variáveis da cidade e estas interferem na nossa capacidade de deslocamento. As variáveis podem ser: trânsito, transporte público e individual, transporte motorizado e não motorizado, ciclistas, pedestres, circulação de pessoas, a realização de um grande evento, ou seja, as atividades que acontecem no cotidiano das cidades. O primeiro passo então é voltarmos à origem do conceito e a partir dele alinharmos nosso entendimento acerca do tema, assim veremos que a mobilidade é muito mais do que traçarmos um deslocamento do “ponto A” para o “ponto B”. Vamos lá, começando pelas diferentes formas de interpretar a mobilidade. Contexto Definição A mobilidade enquanto movimento e comunicação: Mobilidade como um termo polissêmico pode indicar uma gama de formas de se movimentar assim como de formas de comunicação. Sua característica principal está ligada à possibilidade de mover, à certa volubilidade, à capacidade de se modificar ou de variar de estado e também à comunicabilidade. A mobilidade enquanto qualidade de conexão: A mobilidade pode ser o poder que nos permite comunicação e movimento, que possibilita expansão no espaço, que requer qualidade de conexão. Pode ser a possibilidade de participar de diversas atividades em diversos lugares. A mobilidade enquanto não movimento: A mobilidade é termo chave dos processos de “alisamento” do espaço e “fluidificação” dos deslocamentos. Em tempos de “urgência”, do “tudo para agora”, onde não encontramos lugares e nem tempos pré-determinados para a realização de atividades que antes tinham caráter mais fixo A mobilidade enquanto integradora de atividades: “E, mais do que isso, a mobilidade depende também do que é imóvel para dar-lhe sustentação”, por isso “nos apoiamos na mobilidade para integramos as diversas atividades da vida”. 15 Além das formas de interpretação existem também significados diferentes, e Rosas e Hogan (2011) apontam para quatro deles: • relacionado à acessibilidade - adaptações aos meios que possibilitam a mobilidade; • relacionado à mobilidade urbana e a sustentabilidade dos padrões de circulação na cidade; • relacionado à mobilidade virtual - tais como as realizadas através de telefones móveis ou fixos, internet e outras tecnologias de comunicabilidade; • relacionado à mobilidade social - que envolve migrações, mudanças de econômicas e ocupacionais. Vamos nos ater então aos significados da mobilidade enquanto circulação na cidade, especialmente numa perspectiva de pensamos cidades mais sustentáveis, e, sendo assim, a mobilidade encontra correspondência nas questões sobre mobilidade urbana. Muito se fala sobre as condições dessa mobilidade e sobre a sustentabilidade do atual padrão de circulação, baseado em grande parte no transporte individual e em meios motorizados. E este é um dos grandes problemas do planejamento urbano, pensar nas escolhas que podem prover formas de circulação que sejam “mais limpas”, mais integradoras e sirvam a todos (e não somente a alguns setores como se vê em cidades como São Paulo ou Campinas). O debate sobre sustentabilidade dos meios de circulação urbanos envolve temas como o aquecimento global por causa do excesso de gás carbônico liberado na atmosfera devido a grande quantidades de veículos automotores, o replanejamento da estrutura urbana que tende à descentralização (que aumentam a circulação), a preocupação em repensar em alternativas para evitar o colapso da estrutura rodoviária e, dentro do tema da sustentabilidade, a escolha de alternativas que, a curto prazo, ajude a melhorar índices de poluição e trânsito, como o uso de veículos sem motor ou com combustíveis alternativos. Pensar a mobilidade assim é ater-se a um aspecto apenas, o da circulação coletiva (ROSAS E HOGAN, 2011, p.12). E porque é tão importante refletirmos sobre a mobilidade, especialmente sob o viés da sustentabilidade? Justamente porque parece ter sido apagada a perspectiva de termos cidades mais limpas e sustentáveis. O que temos, e é isso que os veículos fazem, são transportes dependentes de combustível poluente. Então, além de melhorarmos as bases de nosso transporte coletivo, precisamos pensar soluções com combustíveis biodegradáveis e mais limpos. 16 Fonte: Vaccari e Fanini (2016, p. 20) Além disso, os gestores públicos juntamente com seus técnicos podem estabelecer outras estratégias e desse modo melhorar os indicadores de mobilidade em suas cidades, isso pode ser feito com a criação de políticas que tenham alguns requisitos conforme apontados por Conterno (2013, p. 29): • Desenvolvimento urbano orientado ao transporte coletivo; • Incentivo a deslocamentos de curta distância; • Restrições ao uso do automóvel; • Oferta adequada de transporte público; • Tarifa adequada à demanda e a oferta do transporte público; • Segurança para circulação de pedestres, ciclistas e pessoas de mobilidade reduzida, e; • Segurança no transporte público. 17 2.1 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA No Brasil, a Lei 10.257/2001 do Estatuto da Cidade, aponta importantes diretrizes para o planejamento urbano e o desenvolvimento sustentável nas cidades e inclui os planos de mobilidade. Outra Lei, a de número 12.587/12, conhecida como Lei da Mobilidade Urbana, foi criada para instruir os municípios nas ações de planejamento e execução de políticas de mobilidade urbana locais, passando a ser obrigatórias em municípios com população acima de 20 mil habitantes. Essas regulações pretendem, portanto, fazer com que os municípios possam aprimorar seus instrumentos de planejamento urbano e para que as cidades possam crescer de forma ordenada, entre as diretrizes, por exemplo, está a de que as cidades possam priorizar o meio de transporte não motorizado e os serviços de transporte público coletivo em detrimento ao transporte individual motorizado. E o que mudou antes e depois da legislação? Antes dessa legislação os municípios só elaboravam os planos de mobilidade nos casos em que haviam convênios ou programas junto ao Governo Federal destinados para essa área, caso contrário esses projetos de mobilidade sequer existiam. Após a promulgação da Lei 12.587/123 passa a ser obrigatório aos municípios os planos de mobilidade que observem os princípios e diretrizes estabelecidos na legislação, independente de repasse de recursos federais. Dos conceitos abrangentes, também conhecidos como proncípios estão: • Acessibilidade universal; • Desenvolvimento sustentável das cidades, nas dimensões socioeconômicas e ambientais; • Equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo; • Eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte urbano; • Gestão democrática e controle social do planejamento e avaliação da Política Nacional de Mobilidade Urbana; • Segurança nos deslocamentos das pessoas; • Justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos diferentes modos e serviços; • Equidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros; e • Eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana. 18 Por sua vez, a legislação também orienta um caminho a seguir, também conhecido por diretrizes, que são as seguintes: • Integração com a política de desenvolvimento urbano e respectivas políticas setoriais de habitação, saneamento básico, planejamento e gestão do uso do solo no âmbito dos entes federativos; • Prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individualmotorizado; • Integração entre os modos e serviços de transporte urbano; • Mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos dos deslocamentos de pessoas e cargas na cidade; • Incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e ao uso de energias renováveis e menos poluentes; • Priorização de projetos de transporte público coletivo estruturadores do território e indutores do desenvolvimento urbano integrado; e • Integração entre as cidades gêmeas localizadas na faixa de fronteira com outros países sobre a linha divisória internacional. Com isso notamos que no Brasil, embora de forma ainda muito lenta, também se consolidam diferentes regulamentações para que nossas cidades sejam inclusivas, sustentáveis e amigáveis. 2.2 CASOS NO BRASIL E NO MUNDO Nesse tópico apresentaremos alguns casos estudados no Brasil e no Mundo. Vejam que, da mesma forma que acabamos de ver em que a mobilidade é apresentada sob diferentes perspectivas, vemos que a solução também ocorre a partir de diversas iniciativas. Num evento interessante, ocorrido em Goiânia, em uma mesa redonda para debater as “Cidades Planejadas” foram convidados diferentes pesquisadores das questões urbanas. Em um dos diálogos eles discutem justamente a problemática envolvendo a cidade de Goiânia/GO e vemos que o desenho proposto para a cidade sem métricas de planejamento urbano impactaram também nos aspectos da mobilidade: 19 Wolney: O grande problema do Godói é que ele traz para Goiânia o desenho, somente. A concepção da cidade-jardim é uma coisa enorme, complexa, que envolve dados tão sofisticados quanto a posse da terra e a mobilidade urbana. Mas para o Setor Sul, Godói traz apenas o desenho, a parte mais visível da concepção, num típico caso de cópia mal feita de uma ideia (Wolney Unes). Tânia: Só o desenho, ele não trouxe uma estrutura social e econômica de que toda cidade precisa, ele só trouxe o desenho, então ficou uma coisa vazia (Tânia Daher). Dirceu: Pior que isso, ele trouxe um desenho que não se integra com a sociedade nem com a cidade, a sociedade cresceu em volta de uma forma diferente do que se passou no Setor Sul. Se tivesse havido uma prática de planejamento, o Setor Sul não seria do jeito que é hoje (Dirceu Trindade) (REVISTA UFG, 2009). A seguir serão citados algumas iniciativas que estão ocorrendo em cidades brasileiras e em outros países: Ponte móvel para ciclistas em São Paulo A bicicleta é um dos transportes mais importantes da mobilidade urbana sustentável. Ela permite a prática de exercícios e não polui o ambiente. Porém, o grande desafio das grandes cidades é viabilizar o trajeto dos ciclistas para que eles possam ter mais segurança e agilidade. A cidade de São Paulo possui uma ponte móvel para ciclistas entre os trechos do Canal da Represa Guarapiranga e o Canal do Rio Pinheiros. A ponte tem investimento privado e a estrutura permite a presença de ciclistas e pedestres que precisam passar de uma margem a outra (FRAGMAQ, 2019). Ônibus com telhado verde na Catalunha A Catalunha já tem ônibus com telhados verdes circulando em suas ruas. Os tetos verdes itinerantes ajudam a reduzir altas temperaturas na área interna dos ônibus e contribuem para a purificar o ar nas cidades (FRAGMAQ, 2019). Trem com vagão para bicicletas na Alemanha Em Stuttgart (Alemanha), alguns trens possuem um vagão externo onde é possível estacionar bicicletas de viajantes. Os ciclistas pegam suas bicicletas no desembarque e podem continuar seus trajetos pelas ruas (FRAGMAQ, 2019). 20 Restrição de veículos em áreas movimentadas em Londres A cidade de Londres proporcionou o exemplo mais emblemático contra o excesso de veículos em grandes cidades. Em 2003, a capital da Inglaterra restringiu a circulação de veículos nas regiões mais movimentadas, o que diminuiu drasticamente o tráfego de automóveis na rua (FRAGMAQ, 2019). Fonte: Google Fonte: Google Notem que em todos os exemplos citados e, em inúmeros outros que vocês podem pesquisar, os casos que se tornam referência são os que protegem o pedestre, criam espaços com menor circulação de veículos motorizados, possuem calçadas largas e ambientes bem sinalizados. 21 3. CIDADES INCLUSIVAS E SUSTENTÁVEIS 3.1 CIDADE INCLUSIVA: DO QUE ESTAMOS FALANDO? Ao longo da disciplina estamos percorrendo diferentes conceitos de termos que até recentemente, quando pegamos um determinado período de tempo, eram discussões que sequer eram imaginadas. Dentre esses conceitos temos a “Cidade Inclusiva” que ganha uma nova agenda mundial a partir da Conferência da ONU Habitat (Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável), realizada em Quito o Equador em 2016. Esta é a terceira conferência específica para tratar das questões das cidades, evento que também é conhecido por “Habitat III”. Mas o que sustenta a definição de uma cidade inclusiva? Uma cidade inclusiva é aquela que busca solucionar não apenas a igualdade econômica, mas também a igualdade social, política e cultural em todos os segmentos da cidade. [...] As oportunidades e ganhos econômicos e a sua distribuição não podem ser indistintamente isolados. Eles são pré- determinados por fatores sociais, culturais e políticos já historicamente entranhados nas sociedades, e também nas cidades (SAMPATH, 2010). Dos casos a serem citados, Sampath (2010) aponta para importante análise acerca das cidades asiáticas quando ela compara, por exemplo, com as cidades da África e da América Latina onde nestas ainda há “a inexistência de políticas consistentes e falta uma coordenação eficiente na formulação, planejamento e implementação de políticas de nível local”, acarretando na dificuldade em integrar organicamente as quatro dimensões da igualdade. As cidades asiáticas, por sua vez tiveram um desempenho ligeiramente melhor do que as cidades da África, mas não superior ao desempenho das cidades latino- americanas, de acordo com os resultados obtidos em levantamentos realizados a nível local. Essas cidades também exibiam desigualdades profundamente entranhadas a nível de cidade, que podem estar relacionadas ao contexto histórico dos sistemas de castas e divisões religiosas no seio da sociedade. A posição das mulheres e das minorias religiosas é particularmente difícil. 22 Destaque: “Uma cidade inclusiva é aquela que busca solucionar não apenas a igualdade econômica, mas também a igualdade social, política e cultural em todos os segmentos da cidade (SAMPATH, 2010)”. Os resultados das consultas revelaram que há um viés na percepção da questão da inclusão, a qual poderá demandar mais tempo para ser solucionada, em termos de reforma política. Já que a percepção de inclusão na sociedade é frequentemente determinada por preconceitos religiosos ou outros prejulgamentos, as pesquisas revelam que não há uma definição clara do que realmente significam igualdade e inclusão para os povos de todas as religiões, raças e gênero (SAMPATH, 2010). Vemos então a importância que o tema vem ganhando nas discussões mundiais, momentos em que são analisados e comparados os diferentes indicadores nas cidades, pois desse modo é possível monitorar avanços e retrocessos. Assegurar a cidade inclusiva que promova e engaje toda a sociedade, é um dos desafios que se apresenta nas próximas décadas, pois há cada vez mais a consciência de que todos nós compomos o mesmo sistema. Portanto, o que se pede e se espera de uma cidade é que esta “engendrem sentimentos de pertencimento e apropriação entre todos os seus habitantes, que priorizem espaços públicos adequados às famílias, seguros, inclusivos, acessíveis, verdes e de qualidade. Cidades que fortaleçam as interações sociais e intergeracionais, expressões culturais, participação política de forma adequada, que propiciem coesão social,inclusão e segurança em sociedades pacíficas e plurais, nas quais as necessidades dos habitantes são satisfeitas, reconhecendo-se as necessidades específicas daqueles em situações vulneráveis (RIBEIRO, 2017). Casos no Brasil: Goiânia e no mundo: Londres Em 2009 a Revista UFG, da Universidade Federal de Goiás, reuniu em uma mesa-redonda estudiosos da questão urbana para discutir as cidades planejadas. Nos trechos a seguir vemos os comentários dos participantes, com ênfase na abordagem das cidades inclusivas, a partir das problemáticas na cidade de Goiânia: 23 O grande problema do Godói é que ele traz para Goiânia o desenho, somente. A concepção da cidade-jardim é uma coisa enorme, complexa, que envolve dados tão sofisticados quanto a posse da terra e a mobilidade urbana. Mas para o Setor Sul, Godói traz apenas o desenho, a parte mais visível da concepção, num típico caso de cópia mal feita de uma ideia (UNES, 2009). Vemos que os especialistas têm opiniões unânimes acerca do que ocorre na cidade de Goiânia onde, embora haja um bom planejamento do desenho da cidade em uma das regiões, quando foi construída a cidade-jardim, não foi suficiente para atender as questões de convivência e de estruturas sociais e deixou uma espécie de lacuna na cidade. Só o desenho, ele não trouxe uma estrutura social e econômica de que toda cidade precisa, ele só trouxe o desenho, então ficou uma coisa vazia (DAHER, 2009). A problemática atual é de que a cidade não consegue integrar seus fluxos sociais. Pior que isso, ele trouxe um desenho que não se integra com a sociedade nem com a cidade, a sociedade cresceu em volta de uma forma diferente do que se passou no Setor Sul. Se tivesse havido uma prática de planejamento, o Setor Sul não seria do jeito que é hoje (TRINDADE, 2009). Isso ocorreu também pelo fato de que a cidade-jardim teria um número menor de habitantes quando comparada ao que tem atualmente, e essas situações são bem comuns de ocorrem no Brasil. Na próxima figura vemos algo recente, uma proposta do governo de Londres para tornar a cidade acessível, inclusiva e sustentável e, por meio de consulta pública, pediu para que a população enviasse suas contribuições. Das diretrizes constam: no capítulo dedicado especificamente ao Design (desenho), o Plano deixa claro que novos empreendimentos deverão atender uma série de requisitos de desenho urbano e arquitetônico, tais como: prover fachadas ativas bem conectadas com a rua; encorajar e facilitar o deslocamento de pessoas através de modos ativos; [...] O Plano dita regras gerais sobre a habitação em Londres, que deverão ser posteriormente detalhadas nos planos complementares das autoridades municipal e locais. Antes de detalhar tais regras, é importante lembrar que empreendimentos são obrigados a analisar as questões de acessibilidade espacial ao transporte público (PTALs, na sigla em inglês) (HAGERMANN, 2018). 24 Fonte: Hagemann (2018) 3.2 CIDADES SUSTENTÁVEIS A temática da sustentabilidade foi abordada primeiramente no âmbito das empresas e organizações e somente recentemente chegou no âmbito das cidades a partir do Programa da ONU denominado ONU Habitat - Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos, criado em 1978. Somente em 2002 o programa foi oficialmente incorporado à ONU e em 2016 aconteceu a conferência mais recente, inclusive com um importante desdobramento que é o relatório para uma nova agenda urbana para as cidades. Outro importante indicador que vem sendo utilizado para mapear políticas e estratégias para se atingir níveis sustentáveis em diferentes perspectivas, também denominados os “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS” incluíram pela primeira vez um indicador para mapear os índices urbanos sustentáveis. Vejam então, o quanto o tema ganha importância. O Sistema das Nações Unidas estabeleceu a primeira segunda-feira de outubro como o Dia Mundial do Habitat: “As cidades não são apenas tijolos e cimento: elas simbolizam os sonhos, as aspirações e as esperanças das sociedades. A gestão dos recursos humanos, culturais e intelectuais de uma cidade é, portanto, tão importante para o desenvolvimento harmonioso como a gestão de seus recursos físicos.” O Estado das Cidades Mundiais 2008/2009 (ONU BRASIL, 2019). http://www.un.org/en/events/habitatday/ http://www.un.org/en/events/habitatday/ http://www.unhabitat.org/pmss/listItemDetails.aspx?publicationID=2562 http://www.unhabitat.org/pmss/listItemDetails.aspx?publicationID=2562 http://www.unhabitat.org/pmss/listItemDetails.aspx?publicationID=2562 25 Em uma palestra Jaime Lerner (2013) afirma que várias frentes são importantes para tornar uma cidade sustentável: cuidados com o meio ambiente, reciclagem de resíduos, uso consciente da água, construções sustentáveis, edificações verdes. Mas o grande vilão é o transporte individualizado, ou seja, os automóveis. Para reverter esse quadro devem ocorrer investimentos densos no sistema de transporte coletivo para que funcione da melhor maneira possível. Para isso devem haver avanços nos sistemas de bilhetagem, rapidez no sistema de embarque, frota que possa circular com grande frequência, entre outros. Uma das estratégias urbanas na resolução de problemas e que vem sendo disseminada nos últimos anos por Jaime Lerner é utilizar o que ele denomina de “Acupuntura Urbana”. A perspectiva é de que, por ser quase impossível resolver todos os problemas da cidade de uma só vez, ao aplicar pequenas intervenções de acupuntura urbana, com pequenos projetos, aquele ponto da cidade que antes estava degradado passa a ter vida novamente. Podemos citar como exemplo a criação do Parque da Bossa Nova, construído entre 2008 e 2009 no Rio de Janeiro. A seguir a explicação do contexto do parque: O Parque da Bossa Nova se localiza no bairro do Leblon, Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, um território emblemático pela sua representatividade histórica e cultural. Em um terreno outrora ocupado por um batalhão de polícia, uma nova vitrine para a cultura e a arte brasileira será construído, com seu foco na música Bossa Nova. É um projeto que se abre para a cidade, convidando a entrada através de uma grande praça que circunda o prédio, enriquecido por um cuidadoso projeto paisagístico. O edifício em si, compreendendo 5.000 m², presta homenagem à expressão muito especial da cultura brasileira, repousando graciosamente sobre o terreno como as teclas de um teclado de piano. Seu projeto tem por objetivo refletir, como a letra de Garota de Ipanema de Tom Jobim diria “um doce balanço a caminho do mar” (JAIME LERNER, 2013). Uma ação pontual pode solucionar muitas questões urbanas, vamos a mais alguns exemplos que podemos ver na Figura 3 onde, a partir das edificações construídas, novas soluções surgem a partir da ideia de que a jardinagem contribui para a redução de níveis de estresse. Bem, se temos uma área urbana onde não é possível criar uma praça ou área verde para a população, essas são sem dúvida, excelentes soluções, não é mesmo? 26 Link Desafios urbanos: cidades sustentáveis e desigualdades territoriais - Fernando de Mello Franco (2019) https://www.youtube.com/watch?v=UCYg_ksW5OA Fonte: SIAGUTATEMP (2015 Muito bem, existem diferentes técnicas a serem utilizadas quando pensamos em buscar soluções para problemas urbanos, sem dúvida a acupuntura urbana é uma delas pois aponta para soluções pontuais, geralmente de baixo custo e que trazem benefícios imediatos para a população local. https://www.youtube.com/watch?v=UCYg_ksW5OA 27 4. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA REDUÇÃO DA DESIGUALDADE SOCIAL 4.1 FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS Hoje trabalharemos o tema das políticas públicas, sua formulação e demais processos, bemcomo seu conceito a partir de um viés mais técnico tendo como base a Administração, portanto, não entraremos no viés da Ciência Política. No segundo tópico trabalharemos especificamente com a formulação de políticas públicas dentro do âmbito da redução da desigualdade social. Ao abordarmos o tema é importante destacar que a política pública pode ser estudada sob diferentes óticas, para citar duas dessas: sob a Ciência da Administração, quando analisamos os diferentes programas e projetos, a gestão, orçamento, enfim, as características técnicas das políticas públicas. Já a Ciência Política analisa as decisões adotadas e os diferentes conflitos envolvidos entre os atores para que uma ou outra ideia seja aprovada e ganhe a pauta das políticas públicas. Então, quando falamos de políticas públicas não nos damos conta de que elas estão espalhadas por aí e, o tempo todo, nós as utilizamos e dependemos delas. Sim! Isso mesmo, independente de classe social, tipo de trabalho, escola ou tipo de moradia, universalmente, todos nós acessamos uma ou outra política pública. A política pública é, por natureza, relacionada ao interesse público porque, de algum modo, acaba por afetar, mesmo que indiretamente, todos os membros de uma sociedade (PROCOPIUCK, 2013, p. 138). Para entendermos o que é a política pública podemos sugerir a separação dos termos “política” e “pública”, ou seja, as políticas públicas são as ações desenvolvidas, a partir da ausência ou excesso de algo, em prol do interesse público por meio de diferentes iniciativas que podem ser: • Leis • Campanhas • Prêmios • Obras • Programas • Projetos • Ações • Decisões • Taxas, Multas e Impostos 28 Link Neste website você encontrará a definição de diferentes temas ligados à cidadania que certamente te ajudarão a compreender cada vez mais as políticas públicas: https://www.politize.com.br/ Essas ações podem ser adotadas em qualquer nível de governo – municipal, estadual ou federal - e podem, ou não, contar com o envolvimento ou participação de atores da iniciativa privada, sociedade civil e em alguns casos centros de pesquisa e universidades. Não adotar ações para resolver determinada situação é, segundo alguns autores e pesquisadores, também uma política pública. Outra dimensão importante que deve ser compreendida quando tratamos desse tema é de que uma política pública pode ser de Governo ou de Estado. Mas qual a diferença entre ambas já que são formuladas para atender aos interesses da sociedade? Bem, as diferenças estão na duração ou permanência dessas políticas. Uma política de Governo é idealizada por um determinado grupo político que assume o poder, para o caso brasileiro, em qualquer nível: municipal, estadual ou federal e em muitos casos, quando ocorre a mudança de grupo político essas políticas públicas podem ser descontinuadas, sendo, portanto, temporárias. E a política de Estado é aquela que é mantida, porque está amparada na constituição, independente do grupo político ou governo que assume o poder, e são, portanto, políticas permanentes. Fonte: UFG (2019) https://www.politize.com.br/ 29 Desse modo, a partir dos direitos garantidos na constituição, a sociedade tem acesso a políticas públicas nas mais diferentes áreas: educação, saúde, cultura, transporte, meio ambiente, habitação, assistência social, esporte, lazer, economia, segurança entre outras. Outro aspecto importante a ser compreendido é que a partir da finalidade de cada política pública elas possuem diferentes tipologias que são: constitutivas, distributivas, redistributivas ou regulatórias. Vamos ao conceito de cada uma delas no quadro a seguir: Tipologia das políticas públicas Tipologia Definição Políticas Constitutivas A elaboração de uma determinada política, que será tratada sistematicamente, e ocorre a partir de uma legislação que estabelece sua finalidade e também qual órgão fará a gestão dessa política. Políticas Distributivas São políticas que distribuem recursos, por meio de subsídios, concessão de benefícios entre outros. Políticas Redistributivas São as políticas que promovem alterações no grau de concentração de recursos redistribuindo-as das classes de maior renda para as classes de menor renda, promovendo o perfil geral de distribuição de renda. Políticas Regulatórias São as políticas estabelecidas para controle estatal sobre a utilização de recursos ou sobre a execução de atividades em diferentes setores da sociedade impondo, de certa forma, os padrões de comportamento dos indivíduos para preservar o interesse público. Vejam que quando adentramos no tema conseguimos observar os diferentes caminhos para que uma política pública seja entendida, formulada, implantada e monitorada. Olhando de longe, parece simples, não é mesmo? Conseguem perceber que você também acessa políticas públicas e ainda não havia se dado conta? Vamos a alguns exemplos apresentados no quadro a seguir: 30 Exemplos de políticas públicas Área Nível Exemplo Saúde Federal Campanhas de Vacinação Educação Estadual Universidades e Ensino Médio Educação Federal Universidades Educação Municipal Ensino Fundamental Transporte Municipal ou Interestadual Transporte coletivo Habitação Federal Programa Minha Casa Minha Vida Emprego e Renda Federal Isenção ou desconto em impostos para que as empresas contratem mais funcionários. Emprego e Renda Estadual e municipal Isenção ou desconto em impostos para que as empresas se instalem em seus estados e em determinado município para que seja fomentada a geração de empregos. Seguimos agora para entender como ocorre a elaboração de uma política pública, é claro, sob uma perspectiva introdutória, pois existem diferentes correntes teóricas que abordam o tema. 31 Ciclo de política Fonte: Procopiuck (2013, p. 159) A figura nos demonstra a sequência mínima de ações a serem realizadas para que se estruture uma determinada política pública. É claro que, em cada etapa, existem diversos outros desdobramentos e metodologias aplicadas para que a mesma se consolide. Saiba mais O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA vem publicando diferentes materiais que com análises de políticas públicas brasileiras. Para saber mais acesse o portal: www.ipea.gov.br http://www.ipea.gov.br/ 32 E porque é tão importante se preocupar com a política pública? Uma das respostas está em percebermos a necessidade de adotar níveis de “responsabilidade com a alocação de gastos, gastos eficientes" (BAERE, 2018) que beneficiem a sociedade e não privilegiem um determinado grupo de pessoas. No ano de 2018 o IPEA lançou um Guia com diferentes orientações sobre as políticas públicas e dentre os depoimentos e comentários percebemos que em 30 anos, desde a aprovação de nossa Constituição Federal, poderíamos ter obtido inúmeros avanços em políticas de saúde e educação, por exemplo. Isso não foi plenamente possível, tanto pelo fato de nosso país possuir o tamanho de um continente, quanto pelo fato de ainda estarmos aprendendo a pensar e elaborar as mais diferentes soluções para os mais diferentes públicos e seus interesses. Muito do que se fez no país nos últimos 20 anos poderia ter sido evitado se, no desenho depolíticas públicas, fizéssemos as perguntas que o guia mostra, por exemplo: quem se beneficiará com essa política? Como se dará ao longo dos anos? (ALMEIDA JÚNIOR, 2018). 4.1.1 POLÍTICAS PARA A REDUÇÃO DA DESIGUALDADE SOCIAL E de que forma tratar a questão da desigualdade social? Quais políticas podem ser elaboradas? É o que veremos agora, políticas que possam contribuir para a redução da desigualdade social em nosso país. Quando adentramos no tema da desigualdadepodemos ter por base alguns tipos existentes e, em algumas situações, o que vemos é uma sobreposição desses tipos e, por isso, os especialistas denominam a terminologia no plural: “desigualdades”. E, infelizmente, é o que temos como realidade em diferentes proporções em nosso país. Quanto aos tipos podem ser citadas: • Desigualdade regional: desigualdade entre regiões, municípios e estados; • Desigualdade racial: desigualdade entre raças; negro, branco, amarelo, parda; • Desigualdade econômica: desigualdade entre a distribuição de renda; • Desigualdade de gênero: desigualdade entre os sexos (homens e mulheres). Notem então que a questão da desigualdade é muito mais do que tratarmos apenas da distribuição de renda. 33 O ganhador do Prêmio Nobel, Amartya Sen (1999), tem enfatizado que é necessário ver a pobreza como a privação de capacidades básicas, em vez de meramente como precariedade de renda. A pobreza tem de ser considerada uma condição caracterizada por penúria, vulnerabilidade, exclusão e falta do poder necessário para alcançar padrões de vida adequados e garantir outros direitos (MARIÓ e WOOLCOCK, 2005, p.11). E um dos agravantes no Brasil é que “o problema da pobreza poderia ser explicado, sobretudo, por meio da má distribuição dos recursos existentes e não pela escassez dos mesmos”, conforme apontam BARROS et al (2000,p.123-142). Ou seja, recursos existem, mas são mal distribuídos ou alocados e desse modo as demandas dos diferentes públicos não são adequadamente atendidas. Dentre as diferentes causas da desigualdade social podem ser citadas: • Ausência e/ou insuficiência de investimento nas áreas social, cultural, saúde, educação, emprego e renda, habitação; • Ineficiência na gestão dos recursos públicos; • Corrupção; • Dentre outras causas. E havendo causas temos consequências, tais como: • Aumento nos índices de violência e criminalidade; • Aumento no número de pessoas vivendo na linha da pobreza e miséria; • Atraso no progresso da economia do país; • Fome, desnutrição, mortalidade materna e infantil; • Aumento das taxas de desemprego; Por fim, propor soluções que se transformem em políticas públicas para combater a desigualdade social é um desafio considerável para os técnicos e gestores públicos. Mas, com tudo isso que você estudou por aqui, temos certeza de que as respostas ficarão mais claras e com isso muitas ideias incríveis poderão surgir nos municípios. 34 REFERÊNCIAS ALMEIDA JÚNIOR, Mansueto. Ipea lança guia de avaliação de políticas públicas para gestores federais. 2018. Disponível em http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=3 2720. Acesso em 06 de maio de 2019. BAERE, Walter. Ipea lança guia de avaliação de políticas públicas para gestores federais. 2018. Disponível em http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=3 2720. Acesso em 06 de maio de 2019. BARROS, Ricardo Paes de; HENRIQUES, Ricardo; MENDONÇA, Rosane. Desigualdade e pobreza no Brasil: retrato de uma estabilidade inaceitável. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v.15, fev, 2000. BARTELT, Dawid Danilo. Apresentação. In: PAULA, Marilene de; BARTELT, Dawid Danilo (Org.). Mobilidade urbana no Brasil: desafios e alternativas. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Boll, 2016. CARLOS, Ana Fani Alessandri. Espaço e indústria. 9ª ed. São Paulo: Contexto, 1988. CHOAY, Françoise. O urbanismo. 6ª ed. São Paulo. Perspectiva, 2005. 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