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Scanned by CamScanner UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CCMN • INSTITUTO DE GEOCl~NCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA SETOR DE PALEONTOLOGIA E ESTRATIGRAFIA CARACTERIZAÇÃO ESTRATIGRÁFICA DO GRUPO _ SERRA GRANDE (SILURIANO) NA BORDA SUDESTE DA BACIA DO PARNAÍBA Aluna: Cynthia Maria Soares Metelo Orientadores: Dr. Sérgio Luiz Fontes (Observatório Nacional/CNPq) Prof. Dr. ·c1audio Limeira Mello (Depto. de Geologia - IGEO/UFRJ) Rio de Janeiro Dezembro de 1999 Scanned by CamScanner . ' ' ... ,, ~- ... ,~!.i . • . . . • 1> ' • .. .·: •• . .. b . ~ . .. -• - -=o k Scanned by CamScanner CARACTERIZAÇÃO ESTRATIGRÁFICA DO GRUPO SERRA GRANDE (SILURIANO) NA BORDA SUDESTE DA BACIA DO PARNAIBA CYNTH IA MARIA SOARES METELO TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO REQUISITO PARCIAL A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM c1i=NCIAS. · I ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PALEONTOLOGIA E ESTRATIGRAFIA ORIENTADORES: DR. SÉRGIO LUIZ FONTES APROVADA POR: PROF. DR. CLAUDIO LIMEIRA MELLO Prof. Dr. lsmar de Souza Carvalho (UFRJ) Dr. René Rodrigues (CENPES/PETROBRAS) Dr. Jean-Marie Flexor (Observatório Naciona/CNPq) -·· RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL DEZEMBRO DE 1999 Scanned by CamScanner FICHA CATALOGRÁFICA METELO, CYNTHIA MARIA SOARES Caracterização estratigráfica do Grupo Serra Grande (Siluriano) na borda sudeste da bacia do Parnaíba. [Rio de Janeiro] 1999. XVII, 102p. 29,7 cm (Instituto de Geociências - UFRJ, M.Sc., Programa de Pós Graduação em Geologia, 1999). Tese - Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizada no Instituto de Geociências. 1. . Estratigrafia do Grupo Serra Grande 2. Siluriano da bacia do Parnaíba 3. Fácies e arquitetura deposicional 1 - IG/UFRJ li - Título ii Scanned by CamScanner iíi AGRADECIMENTOS Ao Professor M.Sc. Leonardo Borghi (Depto. de Geologia/UFRJ), por seu auxílio, discussões e sua participação em todas as etapas deste estudo. Ao orientador Dr. Sérgio luiz Fontes (Observatório/CNPq), pela orientação nas atividades de levantamento, processamento e interpretação dos dados geofísicos. Gostaria de agradecer também aos técnicos do Observatório Nacional/CNPq Emanuelle Francesco La Terra e Carlos Roberto Germano, que foram responsáveis pela aquisição dos dados geofísicos utilizados neste trabalho. Emanuelle auxiliou, ainda, na etapa de processamento dos dados. A CPRM - O Serviço Geológico do Brasil, pelo apoio às atividades de campo. Aos geólogos Edmilson Feijão e Francisco Lages da CPRM (Residência Teresina}, especialmente ao geólogo Edmilson Feijão que acompanhou as atividades de campo. Ao IBAMA (Escritório Regional de São Raimundo Nonato) pelo empréstimo de viatura, possibilitando, assim, a realização dos trabalhos de campo. Ao fiscal do IBAMA Espedito, que acompanhou as atividades de campo, auxiliando com muita simpatia e bom humor. Ao geólogo Francisco Fontes (CENPES/PETROBRAS), pelas discussões que levaram a um aprimoramento deste trabalho. Ao Prof. Dr. Claudio Limeira Mello (Depto. de Geologia/UFRJ) por sua amizade, incentivo e pela utilização de sua sala e equipamentos, possibilitando a edição final deste trabalho. Por seu exemplo como profissional dedicado e competente. À geóloga Rute Maria Oliveira de Morais (Mestranda do Programa de Pós Graduação em Geologia - IGEO/UFRJ), por sua amizade e auxílio nas etapas finais deste estudo. Ao geólogo M.Sc. Claudio Valdetaro Madeira (Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Geologia - IGEO/UFRJ), por suas sugestões na finalização deste estudo. Scanned by CamScanner iv A todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuiram para a realização deste estudo. Por fim, gostaria de agradecer aos meus pais Mário José Metelo e Sônia Maria Soares Metelo que são os principais responsáveis pelo meu desenvolvimento pessoal e profissional, sempre me apoiando e incentivando. Scanned by CamScanner V RESUMO RESUMO DA TESE APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA /UFRJ ~OMO REQUISITO PARCIAL NECESSÁRIO A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS. CARACTERIZAÇÃO ESTRATIGRÁFICA DO GRUPO SERRA GRANDE (SILURIANO) NA BORDA SUDESTE DA BACIA DO PARNAÍBA CYNTHIA MARIA SOARES METELO DEZEMBRO DE 1999 ORIENTADORES: DR SÉRGIO LUIZ FONTES PROF. DR CLAUDIO LIMEIRA MELLO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PALEONTOLOGIA E ESTRATIGRAFIA O presente trabalho trata do estudo do Grupo Serra Grande na borda sudeste da bacia do Parnaíba, na região do município de São Raimundo Nonato (sul do Estado do Piauí). Foi possível reconhecer uma discordância angular dentro do intervalo de rochas mapeado na região como pertencente ao Grupo Serra Grande. O intervalo situado. abaixo da discordância apresenta deformação tectônica, sendo correlacionado, neste estudo, à Formação lpu (base do Grupo Serra Grande). O& estratos acima desta discordância apresentam-se horizontalizados e são correlacionados à Formação ltaim (base do Grupo Canindé). A identificação desta discordância angular entre os grupos Serra Grande e Canindé leva a interpretação de atividade tectônica significativa durante o Siluriano na bacia do Parnaíba. Scanned by CamScanner vi Foram realizados levantamentos estratigráficos de campo e análises faciológicas e de arquitetura deposicional, que possibilitaram, o reconhecimento de modelos deposicionais para o Grupo Serra Grande. Foram identificadas dez fácies sedimentares que puderam ser associadas em cinco elementos arquiteturais. A porção mais basal observada da Formação lpu é caracterizada por depósitos gerados em ambiente glacial. O intervalo que sucede estes depósitos possui elementos arquiteturais que indicam um ambiente fluvial entrelaçado arenoso, efêmero. Encerrando a deposição da Formação lpu observa-se também um ambiente fluvial entrelaçado efêmero, porém dominado por conglomerados. Esta variação faciológica, associada a dados de paleocorrente e estratigráficos, indicam atividade tectônica sinsedimentar. A Formação ltaim foi depositada em um ambiente fluvial entrelaçado perene., sendo diferenciada da Formação lpu por seus elementos arquiteturais, posição estratigráfica e direção de paleocorrentes. Através de levantamentos geofísicos (método magnetotelúrico), foi possível analisar o arcabouço estrutural da área estudada, sendo propostas seções geológicas, que confirmam o registro de atividade tectônica afetando as rochas do Grupo Serra Grande. Scanned by CamScanner .. vii ABSTRACT ABSTRACT OF THESIS PRESENTED TO GRADUATED PROGRAMME OF GEOLOGY/UFRJ AS PARTIAL FULFILLMENT OF THE REQUIREMENTS FOR THE DEGREE OF MASTER OF SCIENCE CYNTHIA MARIA SOARES METELO DEZEMBRO DE 1999 THESIS SUPERVISOR: DR SÉRGIO LUIZ FONTES PROF. DR CLAUDIO LIMEIRA MELLO SECTOR: PALEONTOLOGY ANO STRATIGRAPHY This work aims to discuss the stratigraphy of the Serra Grande Group at the Southeast limits of the Parnaíba basin, at the São Raimundo Nonato region ( south ot the Piauí State). lt was recognized an angular unconformity in the set of rocks that was mapped as Serra Grande Group. The unit bellow the unconformity shows a tectonic dip and is correlated to the lpu Formation (Serra Grande Group lo'Ner portion). The beds above the unconformity are horizontal and are correlated to the ltaim Formation (Canindé Group lower portion). The presence of this angular unconformity between the Serra Grande Group and the Canindé Group suggests a significant tectonic activity in the Parnaíba basin during the Silurian period. Stratigraphic surveys, faciological and depositional architectural analysis carríed out to the interpretation of depositional modais for the Serra Grande Group. lt was recognized ten sedimentary facies and tive architectural elements. Scanned by CamScanner viii The lower portion of the lpu Formation shows depositsthat were formed in a glacial environmerit. The middle part of the lpu Formation shows a sandy, ephemeral braided fluvial environment. The upper part of this formation is also marked by a braided fluvial environment, however the conglomeratic facies prevails. This faciologic change associated wíth the paleocurrent and stratigraphic data suggests a syn-sedimentary tectonic activity. The ltaim Formation was formed in a perennial braided fluvial environment and can be distinguished from the lpu Formation by the architectural elements, stratigraphic position and paleocurrents By the geophysic surveys (magnetoteluric method) it was possible to investigate the structural framework of the studied area and identify features that show the record of tectonic activity affecting the Serra Grande Group rocks. Scanned by CamScanner ix ÍNDICE AGRADECIMENTOS .. ......... .. ... ... ... ........... ..... .... .. .... ..... ........ ..... ..... .. .... .... ..... ... ........ 111 RESUMO ... ... ..... .. .. ... _ ... ............ ... .... .............. ... ...... .... .. ........ ... .... ...... .. .......... ... ... ......... V ABSTRACT .... ... ....... ........ ... ... ... .. .... .... .. ........ .... ..... ..... ........ ... .. ....... .... ...... ... .... ... .. .... VII ÍNDICE ........ .... .... ........... ........... ................... ... ... ..... ........ .. .. .... .. ..... .. .... ....... ... ..... ...... . IX LISTA DE FIGURAS ... .. ...... ... '. .. ...... ................... ......... .. .. ........ .. ... ..... .... ..................... XI LISTA DE TABELAS .................... ....... ........ .. .... ... ...... ... ...... .... .... ...... .. .. ..... ......... ... XVII 1 - INTRODUÇÃO .. .. ... ........... .. ... .. .. .. .... ...... .. .... ... .. ............ ................. .. ..... ... ............ .. 1 2 - OBJETIVOS .... .. .................. ......... ... ........ .... ... ....... ....... .. ..... .... .. .... ..... .. .... ..... .. ....... 2 3 - A BACIA DO PARNAÍBA. .. .. ... .. .... .. .. .. .... ................................................................ 3 3. 1 - Embasamento ... .......... ... ..... .. .... .. .. ... ................ ..... ..... ... .. .. .. ........ ..... ....... ... .. : ... 4 3.2 - Estratigrafia .. ..... .. ............... ..................... ......................... .. .......... .. .... ... ........ 1 o 3.3 - Evolução tectono-sedimentar da bacia do Parnaíba ............ ......................... 17 4 - ÁREA DE ESTUDO .............................. .... ..... .. -... ... ..... ....... .... .. .... ........................ 21 4.1 - Localização e acessos .. ............. ....... ....... .......... ...... ..... .... ..... .. .. ....... .. .......... 21 4.2 - Aspectos fisiográficos ........... ............... ..... ... ............. ... .. ....... ... ...... ................ 22 4.2 - Geologia da área de estudo ............... ....... ......... .. ................ ..... .......... .. .. ...... 24 5 - FUNDAMENTOS CONCEITUAIS .. ............... .. ... ... ... ....... .. ........ ....... .................... 26 5.1 - Fácies e-modelos de fácies ..... .. .. .... .. ... ....... .. ............... ....... ....... .. ....... .. .. .. .... 26 5.2 -Arquitetura deposicional ..... .. ..... .......................... .. .. ............................. ......... 29 5.3 - Fácies, modelos de fácies e arquitetura deposicional para o sistema flu·vial ........ .. ..... .. .... .... ........ .. .. .. ... .. ... ... ... .. ........ ................ .. ..... .... .............. .. .. 31 6 - METODOLOGIA ...... .... .. ... .. ... .... ............... ....... ... .. ..... .. .. ... ... ... .. ....................... .... 36 6.1 - Levantamento geológico ...................................................... .......... ... .. .. ........ 36 6.2 - Levantamento geofísico (método magnetotelúrico) ............................... .. ... ... 39 7 - RE·SUL TADOS .... .. ..... .. ..... : ......... ...... .. ... .. ... ...... ...... ............ ... ....... .. .... ......... .. ... ... 44 7.1 - Fácies sedimentares ... .... ..................... ... ....... ...... .. .. ... .. .... ... ............. ..... ....... 45 7.1.1 - Fácies Cmm - Conglomerado suportado por matriz, maciço .................. 45 7.1.2 - Fácies Cci - Conglomerado suportado por clastos, com imbricação .... .. 47 Scanned by CamScanner X 7.1.3 - Fácies Cch - Conglomerado suportado por clastos, com estratificação horizontal ... ........ .... ..... .. ... ..... ........ .. .. .. .... ........ .... .... ... .... 48 7.1.4 - Fácies Cem - Conglomerado suportado por clastos maciço .... ... .. ... ...... 50 7.1.5 - Fácies Cc - Conglomerado suportado por clastos com estratificação cruzada ... ...... ...... .. ...... ... .. ..... .... ...... .. ... .. ... ......... .............. .... .... .. .. 51 7.1.6 - Fácies Aca -Arenito com estratificação cruzada acanalada ....... .. ........ . 52 7 .1 . 7 - F ácies Acp - Arenito com estratificação cruzada planar ............. ........... 54 7.1.8 - Fácies Ah -Arenito com laminação horizontal ......... .. .... ... ... ........ ... .... .. . 55 7 .1. 9 - F ácies Ao - Arenito com marca de ondulação .... ........ .. ........ ....... .. ......... 55 7.1.10- Fácies PI-Palito laminado ..... .. .. .... .... ..... .. ..... ... ... .. .. .... ...... .. ... .. .... .. .... 56 7 .2 - Arquitetura deposicional .. ..... ... ... ... ..... ..... ...... ........ ...... .... ............... ... .... .. .. .. .. 58 7.2.1 - Barras e formas de leito em cascalho do tipo 1 (GB-1) .... ....... .. ..... ...... ... . 58 7.2.2 - Barras e formas de leito em cascalho do tipo li (GB-11) ...... ........ .... ...... .. 58 7.2.3 - Formas de leito arenosas do tipo 1(SB-1) ..... .. .. ... .... .. .. ..... ....... .. .. .. ...... ... . 59 7.2.4 - Formas de leito arenosas do tipo li (SB-11) ...... ... .... .. ..... ....... ......... .. .. ..... . 59 7.2.5 - Depósitos de acreção frontal (DA) .. .... .. ... ... .... .... ... ... .... ...... .. .... ... ........... 59 7. 3 - Estratigrafia da área de estudo .... ..................................... .................. ... ....... 65 7.4 -Ambientes deposicionais ... .................... ... .. ................ ... ......... ....... ... ... .. ..... .. . 83 7.5 - Interpretação geofísica ... .... ... ................ .. ... ... ... ....... .. ............. ...... ... ...... ........ 87 8 - CONCLUSÕES ...... ....... ......... .... .. .......... ..... .. ... ... ... ... ... ........ .... ..... ... .. .......... ...... .. 96 REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICAS .. ... .... ......... .................. .... ......... ....... .. ..... .. .. .. .. ... 98 ANEXO A: Descrição e localização dos pontos de afloramento ANEXO B: Descrição das amostras coletadas. ANEXO C: Descrição das lâminas petrográficas. ANEXO D: Gráficos de granulometria e composição realizados a partir de contagem de peritos em lâminas petrográficas. Scanned by CamScanner LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Distribuição das bacias sedimentares da parte emersa do Brasil, destacando a bacia do Parnaíba. Modificado de Schobbenhaus & xi Campos (1984) . ..... .... ... ...... ... ....... ........... ...... ............ ..... ...... ... ............ ..... . 3 Figura 2 - Mapa geológico esquemático do embasamento da bacia do Parnaíba, onde são observados os principais elementos geotectônicos que configuram o embasamento (Cordani et ai., 1984). ··· ······ ··· ······· ·············· ····· ········· ·· ··· ········ ···· ··· ···· ············ ····· ·· ····· ···· ····· · 7 Figura 3 - Distribuição das falhas, diques e alinhamentos morfológicos que definem os lineamentos Transbrasi/iano e Picos-Santa Inês (Cunha, 1986) . ....... .. .... .. ....... ..... ...... .... .... .... .... .... .... .. ....... .. .. ........ ... ... ........... ... .. ..... 8 Figura 4 - Estruturas grabenformes presentes no embasamentoda bacia do Parnaíba, em subsuperfície, segundo Góes & Travassos (1992, apud Nunes, 1993) ... ... .. ....... ......... ........... ... .. ......... .... .... .. ....... .. ....... ........ .. 9 Figura 5 - Carta estratigráfica da bacia do Parnaíba (modificado de Góes & Feijó, 1994), destacando a posição do Grupo Serra Grande (assinalado em azul claro), objeto do estudo proposto ... ...... .... ....... ........ 11 Figura 6 - Distribuição de folhelhos no Gondwana ocidental, representando a primeira ingressão marinha na bacia do Parnaíba, durante o Siluriano (Caputo, 1984) . .... .... ... .... ... .. .... .... ... ....... .. ... ..... .. ..... ..... .. .. .... ..... 18 Figura 7 - Relação entre os eixos deposicionais dos grupos Serra Grande e Canindé e os lineamentos Transbrasiliano e Picos-Santa Inês (Segundo Cunha, 1985, apud Góes et ai., 1990) . .. ....... ... ......... .. ~ .... ... ... 20 Figura 8 - Mapa de localização da área de estudo .. ... .... ... .. ... ..... .. .. ... ....... .. .. ..... .. .... 21 Figura 9 - Relevo escarpado (chapadões) característico das formações areníticas (Grupo Serra Grande). Vista do Alto do Pedra Furada, Parque Nacional Serra da Capivara (município de São Raimundo Nonato (PI) .... .. ... ... .......... .. ... .... ....... ..... .. ... .. ... ...... .... .. .... .. .. ... ... .. .. .... .. .. .. .. 23 Figura 1 o - Formação Pimenteira, mostrando o relevo colinoso característico das unidades pelíticas. Vista da BR-020, no trecho entre Coronel José Dias e São João do Piauí, a 25, 7 km de Coronel José Dias, Estado do Piauí . ... .... .... .. .... ... ... .... ..... .. .. ........ .......... .. .... .... .... .. ... ........ .... 24 Figura 11 - Parte do mapa geológico do Estado do Piauí (CPRM, 1995), mostrando a borda sudeste da bacia do Parnaíba, onde localiza-se a área de estudo . ..... .. ..... .. ...... .... .. .. .. ....... .. .... .. ...... .. .. .... .. ......... ..... .. .... .. 25 Figura .12 - Os principais sistemas deposicionais terrígenos elásticos e os caminhos de transporte que os conectam. (Modificado de Galloway & Hobday, 1996) . .... .. ..... ... .... ..... ... ... .. ...... .. ....... .. ..... ... .. ..... ... .. .. .. ..... .. .... 28 Scanned by CamScanner Figura 13 - Esquema representativo da hierarquia de superfícies de contato e arranjo interno de litofácies em depósitos arenosos. (a) Hierarquia das superfícies de contato, fácies sedimentares e posição das unidades sedimentares na sequência deposicional; (b) hierarquia das superfícies de contato de menor ordem. Modificado de Allen xii (1983). ··· ····· ·· ····· ··· ···· ·· ··· ··········· ···· ···· ···· ···· ········· ··· ··········· ···· ·· ····· ····· ····· ·· 31 Figura 14 - Tipos básicos de canais fluviais. Modificado de Miai/ (1977) . ... ....... ...... 32 Figura 15 - Os oito elementos arquiteturais básicos para depósitos fluviais (modificado de Miai/, 1996) . .. ....... ... ..... .. .. ....... .... .. ... .. .... ..... ... ... ........ ... .. 34 Figura 16 - Terminologia para espessura de camadas e lâminas (modificado de lngram, 1954, apud Collinson & Thompson, 1989) ... ........ .... ........... . 37 Figura 17 - Escala de comparação visual para arredondamento e circularidade (segundo Swason, 1985) . ........... .. .... ...... ...... ....... ... ........... ....... .......... ... 38 Figura 18 - Sistema de aquisição de dados MT(modificado do Manual de Operações da EM/) . ........... ... ... ....... .... ...... .. ... .. ....... ................... ... ...... ... 40 Figura 19 - Bobinas utilizadas para medir o campo magnético no levantamento Magnetoteiúrico realizado . .. .... ..... .... .... ....... .. .... ........ .. .. .... ....... ..... ..... .... 41 Figura 20 - Eletrodos utilizados para medir o campo elétrico no levantamento Magnetotelúrico realizado . ... .. .. ........ : .... ... ... ... ...... .... .... .... ........ .. ........... . 41 Figura 21 - Dados (séries temporais) obtidos no levantamento Magnetotelúrico, onde foram utilizados cinco canais: campo elétrico na direção X (Ex); campo elétrico na direção Y (Ey); campo magnético na direção X (Hx); campo magnético na direção Y (Hy) e campo magnético na direção Z (Hz) . ... ....... ... ... ....... .... ...... ..... ....... ........... ..... .. .. 42 Figura 22 - Mapa de localização dos pontos de afloramento e perfis geofísicos. (Fonte: CPRM, 1995) . .... ... .... .. ... .... .... .. ....... ................ ..... .. ..... .............. . 44 Figura 23 - Conglomerado suportado por matriz, maciço (fácies Cmm). Afloramento do ponto Pl-8 . .. .... .......... .. ...... ......... ................ .. .. ... .......... .. 46 Figura 24 - Detalhe da fácies Cmm, apresentada na Figura 23, mostrando um clasto de quartzito anguloso ...... .......... ..... ... ...... .. ... .. ...... ...... ... ... ....... ..... 46 Figura 25 - Conglomerado suportado por clastos com imbricação (fácies Cci). Inclinação dos eixos dos clastos para a esquerda da foto. Afloramento do ponto Pl-9 . ... .. ......... ....... ...... ... .. .... .... ....... ... ..... ~ ...... ...... 47 Figura 26 - Detalhe da fácies Cci. Inclinação dos eixos dos blocos para a direita da foto. Afloramento do ponto P/-9 ... .. ... .... .... .. .. ..... ..... ..... ..... .... .. 48 Figura 27 - Conglomerado suportado por clastos, com estratificação horizontal (fácies Cch) intercala;:.,'o a arenito com estratificação cruzada planar. Afloramento do ponto Pl- 1 . ..... ... ........... ......... .... ........ .... .. .. ...... .. 49 Figura 28 - Conglomerado intercalado a camadas lenticulares de arenito com laminação cruzada cavalgante (fácies Cch). Afloramento do ponto P/-7 .......... ............ .............. ..... .... .... .. ...... .... ..... ....... .. ... .. ... ...... .... .......... .. 49 Scanned by CamScanner xiii Figura 29 - Conglomerado suportado por clastos, maciço (fácies Cem). Afloramento do ponto Pl-9 . ..... .... .. ......... ..... .. ........ ....... ... ....... ................ 50 Figura 30 - Conglomerado suportado por clastos com estratificação cruzada (fácies Cc). Afloramento do ponto Pl-7 . .......... ... ... .......... ......... .......... ... . 51 Figura 31 - Arenito com estratificação cruzada acanalada (fácies Aca). Afloramento do ponto Pl-7 . .. ....... .. ... ... ... ....... ...... .. ..... .. ... ... ....... ... .......... 52 Figura 32 - Esquema mostrando a formação de estratificação cruzada acanalada a partir da migração de dunas 30. Modificado de Harms et ai. (1982, apud Miai/, 1996) .. ... .... ... ... .. ... ...... ... ... .... ...... .... .... .............. 53 Figura 33 - Esquema representando as relações entre as formas de leito, o regime de fluxo e a granulometria (modificado de Reineck & Singh, 1980). a - dunas de crista reta; b - dunas ondulatórias; c - dunas linguóides; d - dunas lunadas. As pequenas ondulações e as mega ondulações tendem a apresentar crista descontínua (dunas 30) com o aumento da velocidade do fluxo ...... .. ........ ..... .... .. ... .... ....... .. ....... 53 Figura 34 - Arenito com estratificação cruzada planar (fácies Acp). Afloramento do Ponto Pl-6 . ..... ... ..... ...... .. ... ..... .. ........ ..... .. .......... .. ..... .. .. ....... .............. 54 Figura 35 - Esquema mostrando a formação de estratificação cruzada planar a partir da migração de dunas 20. Modificado de Harms et ai. (1982, apud Miai/, 1996) .. .... .... .... .... ..... ........ .... .. .... .. .. .... ... .. ..... ..... ....... .... ... .... .. 55 Figura 36 - Arenito com marcas de ondulação (fácies Ao). Afloramento do ponto Pl-7 ....... ..... .. .. .. ...... .... ..... ... ... ....... .. ... .... ....... ..... ... .... ... .... ......... .... . 56 Figura 37 - Pelito laminado (fácies PI). Afloramento do ponto Pl-7 . ... .. ...... .... ..... ... .. 57 Figura 38 - Seção observada no ponto Pl-7, com sua interpretação, mostrando o elemento SB-1.O perfil sedimentológico levantado nesta seção mostra a distribuição das fácies sedimentares que compõem o elemento SB-1 (fácies Aca, Ah e PI) . .... ..... .... ..... ....... ... .. ... ...... ........ ... .. .. 60 Figura 39 - Seção observada no ponto Pl-7, com sua interpretação. Observa- se, na parte inferior da seção, o elemento SB-1, caracterizado pela fácies Aca e PI. Sobrepondo este intervalo, observa-se uma sucessão de elementos GB-1, caracterizado pelas fácies Cc e Aca . .. ... 61 Figura 40 - Seção observada no ponto Pl-9, com sua interpretação. Pode-se observar uma sucessão de elementos GB-11, compostos pelas fácies Cem, Cch, Acp e Ah. No topo ocorrem elementos GB-1, caracterizado pelas fácies Cc e Aca . .. .... .......... ........... ... .... ..... ... ........... 62 Figura 41 - Seção observada no ponto Pl-1, com sua interpretação. Observa- se, na base da seção, o elemento DA, seguido de alguns corpos . identificados como elementos GB-11 e, no topo, o elemento SB-11. Pode-se notar o caráter erosivo na base do elemento GB-11 . ..... ....... .... 63 Figura 42 - Seção observada no ponto Pl-1, com sua interpretação. Observa- se um sucessão de elementos SB-11, caracterizados pelas fácies Acp e Ch. Nota-se a tabularidade do elemento SB-11 . .. .. ... ... .... ..... ..... ... 64 Scanned by CamScanner xiv Figura 43 - Seção de afloramento localizada no ponto Pl-1, mostrando a superfície de discordância angular reconhecida na área de estudo que separa as formações lpu e ltaim. Afloramento localizado n~ Rodovia Pl-140, entre São Raimundo Nonato e Canto do Buriti a 12, 1 km de São Raimundo Nonato . ...... .... .... ..... ... ....... ...... ...... .. ... .' ........ 66 Figura 44 - Seção de afloramento localizada no ponto Pl-9, mostrando a superfície de discordância angular reconhecida na área de estudo, que separa as formações lpu e ltaim. Afloramento situado no Baixão das Vacas (Parque Nacional Serra da Capivara) ...... .. .... ........... 67 Figura 45 - Seção de afloramento localizada no ponto Pl-7, mostrando a superfície de discordância angular reconhecida na área de estudo, que separa as formações lpu e ltaim. Afloramento localizado na Serra do Gringos (Parque Nacional Serra da Capivara) . ....................... 68 Figura 46 - Afloramento do ponto Pl-5, localizado na rodovia Pl-140, entre São Raimundo Nonato e Canto do Buriti, a 17,5 km de São Raimundo Nonato, mostrando os folhelhos e arenitos da Formação _ Pimenteira . .... ....... .. ... .............. .... ... ...... .. .... ....... ..... ..... ... .... ..... .... .. ......... 69 Figura 47 - Detalhe do afloramento do ponto Pl-5, apresentado na Figura 57, mostrando a intercalação de folhelho e arenito fino, pertencentes à Formação Pimenteira . ... .... ...... ....... .. .... ...... ... ... ...... .. ... ... ..... .. ... ... ..... ..... . 69 Figura 48 - Arenitos com estratificação cruzada de grande porte pertencentes à Formação Cabeças. Afloramento localizado no ponto Pl-4 . ...... .... ..... 70 Figura 49 - Perfis sedimentológicos levantados nos pontos Pl-1, Pl-7 e Pl-9, mostrando a distribuição das fácies sedimentares nestas localidades. Estão assinalados os pontos de coleta de amostras para a descrição de lâminas petrográficas e os pontos onde foram medidas paleocorrentes . ... .......... .... ..... .. ........ .... ........ ..... ..... .. ..... .. ... .... .. 71 Figura 50 - Vista do Alto da Pedra Furada (Parque Nacional Serra da Capivara), mostrando o contraste entre o intervalo de arenitos e o intervalo de conglomerados que compõem a Formação lpu. Os arenitos, abaixo, apresentam cores mais avermelhadas, enquanto os conglomerados, acima, apresentam cores mais esbranquiçadas ... .. 7 4 Figura 51 - Afloramento do ponto Pl-9, mostrando, na parte superior da fotografia, o contato entre os arenitos e os conglomerados que compõem a Formação /pu. Afloramento localizado no Boqueirão do Paraguaio/Desfiladeiro da Capivara (Parque Nacional Serra da Capivara) ... .. ............... ......... ....... .. ... ... ... ... ...... ." ...... .... ..... ...... ........ : ....... .. 75 Figura 52 - Afloramento do ponto Pl-9, mostrando um detalhe do contato entre os arenitos e os conglomerados que compõem a Formação lpu. Afloramento localizado no Boqueirão do Paraguaio/Desfiladeiro da Capivara (Parque Nacional Serra da Capivara) . ... ........ .. .. ..... ~ ............... 75 Scanned by CamScanner Figura 53 - Seção observada no ponto Pl-1 O, mostrando uma discordáncia angular dentro do intervalo de conglomerados da Formação lpu. Afloramento situado no Baixão da Pedra Furada (Parque Nacional Serra da Capivara). O arqueamento (superfície côncava para cima) dos estratos abaixo da discordáncia deve-se ao efeito da topografia XV do afloramento . ....... ......... ...... ...... .... ..... .... ................ .............. ............... 76 Figura 54 - Seção de alforamento observada no ponto Pl-8, localizado na BR- 020, entre Coronel José Dias e São João do Piauí, a 5, 6 km de Coronel José Dias. Observa-se o contato do embasamento com a Formação lpu (inconformidade). Este afloramento encontra-se em um bloco falhado e soerguido, expondo a parte mais basal da Formação lpu . .. ........... .... .... ... .... .. ... ........................................ .... .. .. .. ..... 77 Figura 55 - Diagramas de roseta mostrando as direções de paleocorrente medidas na Formação lpu e na Formação ltaim, no perfil realizado no ponto Pl-9. Observa-se a mudança na direção de transporte sedimentar. Na Formação lpu as paleocorrentes estão direcionadas para SSE, e na Formação ltaim as paleocorrentes estão direcionadas para WNW . ....................................... ......... ............. 78 Figura 56 - Visão geral do afloramento do ponto Pl-6, mostrando a tabularidade dos corpos de arenito e sua horizontalidade. Estas rochas são correlacionadas à Formação ltaim . .. .. .... ......................... .... 79 Figura 57 - Perfil sedimentológico levantado no ponto Pl-6, no afloramento mostrado na Figura 53 . .. ................ ... ......... ......... ......... .......... .. .. ... ..... .. .. 80 Figura 58 - Seção de afloramento observada no ponto Pl-15, mostrando o contato do embasamento com a Formação ltaim . ..... ........ .. ·· ····:..:·· .. .. .. .. 81 Figura 59 - Seção de afloramento observada no ponto Pl-14, localizado na BR- 020, entre Coronel José Dias e São João do Piauí, a 34 km de Coronel José Dias. Observa-se o contato dos folhelhos e arenitos da Formação Pimenteira com os arenitos da Formação ltaim ... ... .. .... .. . 82 Figura 60 - Modelo deposicional interpretado para o intervalo arenítico da Formação lpu representativo das características faciológicas dos depósitos formados neste ambiente. Corresponde ao modelo 11 (arenoso, entrelaçado em lençóis, distal), proposto por Miai/ (1985, 1996) . ....... .... .......................................................... .. ......... ...... ........ ....... 84 Figura 61 - Modelo deposicional interpretado para o intervalo conglomerático da Formação lpu representativo das características faciológicas dos depósitos formados neste ambiente. Corresponde ao modelo 2 (entrelaçado raso, dominado por cascalhos), proposto por Miai/ (1985, 1996) ... .... ................ ........... ...... .............................. .................... 85 Figura.62 - Modelo deposicional interpretado para Formação ltaim representativo das características faciológicas dos depósitos formados neste ambiente. Corresponde ao modelo 9 (arenoso, entrelaçado raso, perene), proposto por Miai/ (1985, 1996) . ..... ..... .. ..... 86 Scanned by CamScanner Figura 63 - Pseudoseções obtidas para o perfil localizado próximo à cidade de São . Raimundo Nonato. O modo TE apresenta os valores de resistividade medidos na direção paralela ao strike regional (direção NE-SW). O modo TM apresenta os valores de resistividade medidos na direçãoortogonal ao strike regional XVI (direção NW-SE) . ... .... ...... ... ....... ....... ... ....................... .... ........ ... .. ...... ... . 89 Figura 64 - Pseudoseções obtidas para o perfil localizado próximo à cidade de São João do Piauí. O modo TE apresenta os valores de resistividade medidos na direção paralela ao strike regional (direção NE-SW). O modo TM apresenta os valores de resistividade medidos na direção ortogonal ao strike regional (direção NW-SE) . ... ... .. .. ............ ..... ...... ......... .. .... ...... ..... ...... ... ... ........ .. .. 90 Figura 65 - Seções geofísicas 1 D obtidas para o perfil localizado próximo à cidade de São Raimundo Nonato. O modo TE apresenta os valores de resistividade medidos na direção paralela ao strike regional (direção NE-SW). O modo TM apresenta os valores de resistividade medidos na direção ortogonal ao strike regional (direção NW-SE) . ........ ......... .. ..... ...... ...... .. .. ...... .. ..... ....... ... ..... ... .......... .. 91 Figura 66 - Seções geofísicas 20 obtidas para o perfil localizado próximo à · cidade de São João do Piauí. O modo TE apresenta os valores de resistividade medidos na direção paralela ao strike regional (direção NE-SW). O modo TM apresenta os valores de resistividade medidos na direção ortogonal ao strike regional (direção NW-SE) . ....... .. ......... .. ... .. .. .... ....... .... .... ...... .............. .. .. ....... ...... 92 Figura 67 - Dados de poços da CPRM utilizados na seção geológica de São Raimundo Nonato . ....... ...... ..... ...... ............ .......... .......... .... ........ ....... .. ... . 93 Figura 68 - Seção geológica proposta para o perfil de São Raimundo Nonato, a partir da interpretação geofísica, dados de campo e dados de poços da CPRM . ....... ..... ....... .... ... .. .... ... .... .......... .......... .. .............. .... .... . 94 Figura 69 - Seção geológica proposta para o perfil de São João do Piauí, a partir da interpretação geofísica e dados de campo . .. ...... ...... .............. . 95 Scanned by CamScanner xvii LISTA DE TABELAS Tabela 1 -Distribuição dos tipos climáticos na bacia do Parnaíba (Uma & Leite, 1978) . ... ... .... ........ ............... ..... .... ..... .. ..... ........ ..... ... ....... ...... .... .... ...... .... .. 22 Tabela 2 - Distribuição dos tipos de vegetação na bacia do Parnaíba (Uma & Leite, 1978) . ........ .... ..... ..... .... .... .... ... ....... ..... ......... .. .......... ..... .. ... ........ ..... 22 Tabela 3 -Classificação e interpretação de fácies fluviais (modificado de Miai/, 1996) . ...... ... .. ... ........ ... ... ...... ..... ..... .. .. ..... .... ...... ... ..... ... .... .... ... .. .... .... .. ...... 33 Tabela 4 -Elementos arquiteturais e principais associações de fácies para ambientes fluviais (modificado de Miai/, 1996) . ... .............. ...... .. ..... ..... ..... 34 Tabela 5 -Estilos fluviais segundo parêmetros geomorfológicos e elementos arquiteturais característicos (modificado de Miai/, 1996) . .. .... .......... ......... 35 Tabela 6 - Classes granulométricas em milímetros, segundo Wentworth (1922, apud Boggs, 1992) e na escala phi equivalente ................. ... .... ....... .. .. ... . 36 Tabela 7 -Fácies sedimentares identificadas para os depósitos estudados e sua correlação com as fácies sedimentares propostas por Miai/ (1996) . ......... ... .... .. .... .... .. .... ...... ...... ......... ... .... .... ... ..... ......... ........ ... ....... ... 45 I_ Scanned by CamScanner 1 1 • INTRODUÇÃO A bacia do Parnaíba está situada na região nordeste do território brasileiro. Trata-se de uma bacia intracratônica, com expressivo registro de rochas paleozóicas, que contém também rochas mesozóicas e cenozóicas pouco espessas, que cobrem grandes áreas da bacia. A área tratada neste estudo está localizada na borda sudeste da bacia do Parnaíba, no sul do Estado do Piauí, na região próxima ao município de São Raimundo Nonato Na região de São Raimundo Nonato, Estado do Piauí (borda sudeste do Piauí), são reconhecidas, no mapa geológico do estado (CPRM, 1995), as seguintes unidades estratigráficas do Paleozóico inferior: o Grupo Serra Grande (indiviso}, a Formação Pimenteira e a Formação Cabeças. Localmente é reconhecida a ocorrência da Formação lpu (base do Grupo Serra Grande). As formações Pimenteira e Cabeças pertencem ao Grupo Canindé, do Mesodevoniano- Eocarbonífero (Góes & Feijó, 1994), o qual contém em sua base a Formação ltaim, que não é reconhecida como aflorante na região. O Grupo Serra Grande foi originalmente definido como "série" por Small (1914). Desde então, o intervalo estratigráfico em questão vem sendo alvo de estudos por diversos autores, sendo observadas divergências quanto a limites estratigráficos, idades e ambientes de sedimentação. O Grupo Serra Grande é composto pelas formações lpu, Tianguá e Jaicós (Caputo & Lima, 1984). Trata-se da unidade sedimentar mais basal da bacia do Parnaíba e sua idade é considerada por Góes & Feijó (1994) como siluriana. O presente trabalho trata do estudo do Grupo_ Serra Grande na borda sudeste da bacia do Parnaíba, na região do município de São Raimundo Nonato (sul do Estado do Piauí). Este trabalho enfatiza questões como limites estratigráficos e ambientes de sedimentação, não sendo abordada a questão da idade. · Foram utilizados, neste trabalho, dados geofísicos (método magnetotelúrico), obtidos pelo Observatório Nacional/CNPq e pela CPRM - O Serviço Geológico do Brasil, dentro das atividades de pesquisa de água subterrânea na região do Scanned by CamScanner 2 município de São Raimundo Nonato. Estes dados geofísicos auxiliaram na compreensão do arcabouço estrutural da área estudada. 2 - OBJETIVOS Este trabalho tem como objetivo a caracterização estratigráfica do Grupo Serra Grande, na borda sudeste da bacia do Parnaíba. Através de análises faciológicas e do estudo da arquitetura deposicional, realizados em afloramentos, buscou-se a caracterização de ambientes deposicionais para os depósitos sedimentares analisados. Este estudo buscou, ainda, o reconhecimento do arcabouço estrutural da área estudada, através de · levantamentos geofísicos, utilizando-se o método magnetotelúrico. Scanned by CamScanner 3 3 -A BACIA DO PARNAÍBA A bacia do Parnaíba, antes denominada de bacia do Maranhão situa-se na ' região nordeste ocidental do território brasileiro (Figura 1 ), entre 3º e 1 Oº de latitude sul e 41° e 49º de longitude Oeste (Campbell et ai., 1949). Ocupa uma área de cerca de 600.000 km 2 , estando a sua maior parte compreendida nos estados do Maranhão e Piauí, abrangendo também amplos trechos dos estados de Tocantins e Pará e pequenas áreas dos estados do Ceará e Bahia. ... - m MAROINAL ~ INTEJ!JOR PALEOz6ic:As t-~ t0.S.JoÁdollelmonl9 !-Fonseca tt-Mlnlndlbl ,_ _,,,, 12-Tupanac:I +ReMnde t3-Afagado9dolnganlro .. Slo - t4- Bldllla g. Curlllll 15-serra do 1n•c1o wgoz(Mc:1o5 PALEOZÓICAS 7- lguetu ti- Colrnb1'8 .. La...,..cla...._..,. 11-Áfu1BonM '" '"' ti-Ria Ili• 9wn1,.. - - ... ,,. ... - ... Figura 1 - a do Brasil destacando a bacia do Distribuiçao das bacias sedimentares da parte em8[:984) , Pamafba. Modificado de Schobbenhaus & Campos . Scanned by CamScanner 4 Trata-se de uma bacia com expressivo registro de rochas do Paleozóico, ocorrendo também rochas mesozóicas e cenozóicas pouco espessas, que cobrem grandes áreas. A espessura sedimentar máxima é de cerca de 3.400 m (Góes et ai. , 1990). Seguindo os critérios de classificação de Klemme (1980), Asmus & Porto (1972, apud Figueiredo & Gabaglia, 1986) classificam a bacia do Parnaíba como uma bacia do Tipo 1 (Interior Cratônico). A borda sul da bacia do Parnaíba é definida pelo arco de São Francisco. As bordas leste e oeste são delimitadas pelo escudo Brasileiro. A borda noroesteda bacia é limitada pelo arco de Tocantins, que a individualiza da bacia do Amazonas. Ao norte existem duas pequenas bacias costeiras (bacia de São Luís e bacia de Barreirinhas), que são separadas da bacia do Parnaíba pelo arco de Ferrer-Urban·o Santos (Figura 1 ). 3.1 - Embasamento A bacia do Parnaíba está localizada na parte nordeste da plataforma Sulamericana, sobre embasamento fortemente estruturado, formado ou profundamente afetado durante o ciclo Brasiliano. A plataforma Sulamericana teve sua consolidação completada entre o final do Proterozóico e o início do Fanerozóico (700 - 450 Ma), com o encerramento do ciclo Brasiliano (Almeida & Hasui, 1984, apud Cunha, 1986). Cerca de 30% dos limites da bacia estão mascarados por rochas mesozóicas e cenozóicas (Cordani et ai., 1984), como ocorre em toda borda noroeste (limite com a bacia de Mexiana-Limoeiro), na borda norte (limite com as bacias de Barreirinhas e de São Luís) e na borda sul (na área de ocorrência da Formação Urucuia). A borda ocidental da bacia do Parnaíba é limitada pela faixa móvel Araguaia- Tocantins, que apresenta lineamento de orientação N-S (Figura 2). Trata-se de uma unidade geofectônica do Proterozóico superior, com deformações intensas ocorridas entre 1.000 e 500 Ma, as últimas relativas ao ciclo Brasiliano. As rochas Scanned by CamScanner 5 desta faixa de dobramentos podem ser agrupadas em duas grandes unidades litoestruturais: Grupo Tocantins e Grupo Estrondo. Na borda sudoeste da bacia, próximo a Monte do Carmo (TO), afloram rochas de médio e alto grau metamórfico, incluindo granulitos, pertencentes a faixa móvel Araguaia-Tocantins, de idade brasiliana (Figura 2). A faixa móvel Araguaia- Tocantins termina junto ao lineamento Transbrasiliano, um lineamento com direção NE-SW, que adentra a bacia na localidade de Monte do Carmo (TO), saindo na borda nordeste, onde é representado pela falha de Sobral. Ainda na borda sudoeste da bacia, ocorrem, associados ao lineamento Transbrasiliano, o gráben de Água Bonita, com sedimentação eopaleozóica e as molassas de Monte do Carmo. Na borda sul da bacia, na região de Dianópolis (Figura 2), a borda da bacia desaparece por baixo das rochas mesozóicas da Formação Urucuia. Nesta área ocorre uma região de intensa deformação cataclástica, com os principais falhamentos de direção NE-SW. As datações existentes apontam para uma idade brasiliana do evento deformativo, e para uma idade anterior (talvez do Proterozóico inicial, ou mesmo do Arqueano) para a formação da província crusta!. Nessa área aparecem também os metassedimentos (quartzitos, calcários metamórficos e xistos) do Grupo Natividade, considerados do Proterozóico médio (Fuck & Marini, 1981 , apud Cordani et ai., 1984 ). Na borda sudeste, região de Pamaguá (PI), as rochas da bacia do Parnaíba situam-se sobre gnaisses e migmatitos que pertencem à faixa de dobramentos do Rio Preto (Figura 2). Esta faixa, cuja evolução ocorreu no Proterozóico final (1.000 a 500 Ma), possui direções de lineamento NE-SW, subparalelas à borda da bacia e situam-se à margem do Cráton do São Francisco, que aparece mais para o sul. As rochas gnáissicas e migmatíticas seguem até São Raimundo Nonato (PI), onde tem início os metassedimentos da faixa Riacho do Pontal, que são constituídos principalmente por xistos e griaisses considerados formados ou regeneracros no ciclo Brasiliano. Estas rochas, cortadas por numerosas intrusões graníticas de 500- 600 Ma, estendem-se até o lineamento Pernambuco, que se aproxima da bacia na altura de Paulistana (PE). Neste segmento sudeste, as direções estruturais do Scanned by CamScanner 6 embasamento permanecem subparalelas à borda da bacia, destacando-se a presença do lineamento Senador Pompeu, coincidente com esta borda. Toda a borda leste da bacia, entre o lineamento Pernambuco e a costa atlântica (Figura 2), encontra-se adjacente à Província Estrutural da Borborema 1 cuja estruturação principal foi formada no ciclo Brasiliano. As direções de lineamento estrutural da Província Estrutural da Borborema, geralmente orientadas no sentido NE-SW, são transversais à borda da bacia e provavelmente as extensões destas estruturas se projetam por baixo dos sedimentos da bacia. Cunha (1986) chama a atenção para duas importantes estruturas do embasamento da bacia do Parnaíba: o lineamento Transbrasiliano e o lineamento Picos-Santa Inês (Figura 3). O lineamento Transbrasiliano (Figura 3) representa uma feição tectono- estrutural alongada, com cerca de 9. 700 km de extensão e orientação NE-SW, que cruza o território brasileiro do Ceará ao Mato Grosso do Sul e prossegue para sudoeste, penetrando no Paraguai e Argentina (Schobbenhaus et ai., 1975). No interior da bacia do Parnaíba, o lineamento Transbrasiliano é demarcado por falhas orientadas no sentido NE-SW, que cortam rochas paleozóicas e mesozóicas, e por diques de diabásio orientados no mesmo sentido (Cunha, 1986). Ainda segundo Cunha (1986), o lineamento Transbrasiliano teria se mantido ativo desde a sua instalação até a época presente, uma vez que os traços de suas falhas encontram-se demarcados na morfologia atual. Este mesmo autor estima uma largura entre 75 e 100 km para este lineamento. o lineamento Picos-Santa Inês constitui uma faixa cataclasada com orientação NW-SE, disposta transversalmente em relação ao lineamento Transbrasiliano (Figura 3). Esta faixa reflete na morfologia atual, produzindo alinhamentos orientados na direção NW. As evidências para a existência do lineamento Picos- Santa Inês não são tão fortes quanto as que caracterizam o lineamento . Transbrasiliano; porém, o lineamento Picos Santa-Inês exerceu grande influência no desenvolv~mento da bacia do Parnaíba, controlando importantes eixos deposicionais (Cunha, 1986). Scanned by CamScanner fifJ" 48" o· 6º 1o" 44• ,#! TERRENOS CATACLASADOS AO LONGO ,#! f DO LINEAMENTO TRANSBRASILIANO #' 6 6 6 SEDIMENTOS MOLÃSSICOS 6 INDICAÇÃO DE POLARIDADE METAMÓRFICA ANTÊCLISE XAMBIOA 7 Figura 2 - Mapa geológico esquemático do embasamento da bacia do Pamalba, onde s!o obseNados os principais elementos geotectônicos que configuram o embasamento (Cordani et ai. , 1984). Scanned by CamScanner \ \ \ \ \~ \ \ ',u \ \ \ 11 \ 1 \ \ \ .... . \ \ D ESCALA 100 CRATON DE SÃO LUÍS 20011m 8 Figura 3 - DistribuiçlJo das falhas, diques e alinhamentos morfológicos que definem os lineamentos Transbrasiliano e Picos-Santa Inês (Cunha, 1986). Scanned by CamScanner 9 Reconhecendo a existência de estruturas grabenformes no embasamento da bacia do Parnaíba (Figura 4), Nunes (1993), realiza modelagens com dados aeromagnéticos e gravimétricos, buscando identificar tais estruturas em subsuperfície. ESTRUTURAS GRABENFORMES NO EMBASAMENTO • • 1 BACIA DO PARNAÍBA 1 •• ~~ 1::~:;~ PllOTEROlÓICO U"ERIOR ~ PllOTIROZÓICO Mmo Figura 4 - Estruturas grabenformes presentes no embasamento da bacia do Parnaíba. em subsuperflcie, segundo Góes & Travassos (1992, apud Nunes, 1993). Scanned by CamScanner 10 3.2 - Estratigrafia A Figura 5 apresenta a carta estratigráfica mais recente, proposta para a bacia do Parnaíba, segundo Góes & Feijó (1994). A coluna estratigráfica é dividida em cinco grupos (Serra Grande, Canindé, Balsas e Mearim) e um conjunto de três formações (Grajaú, Codó e ltapecuru), depositados do Siluriano ao Cretáceo e 1 separados por discordâncias regionais. Cada um destes grupos ou conjunto de formações é considerado por Góes & Feijó (1994) como sendo uma seqüência deposicional segundo os conceitos de Sloss (1963). Além das unidades sedimentares reconhecidas para a bacia do Parnaíba, foram identificadas, em subsuperfície, rochas sedimentares imaturas (arenitos arcoseanos, siltitos micáceos e grauvacas ), que seriam anteriores à formação desta bacia (Caputo & Lima, 1984; Cunha, 1986;Góes et ai., 1990; Góes & Feijó, 1994). Estas unidades são representadas na coluna estratigráfica da bacia do Parnaíba (Figura 5) pela· Formação Riachão (Kegel, 1956, apud Góes & Feijó, 1994), de idade proterozóica final , e pela Formação Mirador (Rodrigues, 1967), de idade cambro-ordoviciana. A seguir serão descritas as unidades litoestratigráficas reconhecidas _para a bacia do Parnaíba, segundo a coluna estratigráfica proposta por Góes & Feijó (1994), e apresentada na Figura 5. Grupo Serra Grande O Grupo Serra Grande, objeto do estudo presente, foi definido por Small (1914) como "série", sendo posteriormente caracterizado como ''formação" por Campbell et ai. (1949) e promovido a "grupo" por Carozzi et ai. (1975), que o considerou composto pelas formações Mirador, lpu, Tianguá e ltaim. Caputo & Lima . (1984) e Góes & Feijó .(1994) consideram-no composto pelas formações lpu, Tianguá e-Jaicós. Scanned by CamScanner 11 oEOCllOllOLOOIA lH""'' UTOESTRATIORAFIA ~ <nRllGfWl:AS ·i -· ºj .. u i i ~ P..u«JLOGI.\ ,1 LITOLOGIA h tg !i FORMAÇÃO w-i 1 • OR. NW SE ffi ..-. - F\.lNllll. lJCIJST1.E SENJll 100 :il ~ ~ rT#'fCIAU m ti GIWA(J I COOÔ 231 :.: RIFT ~ a: ~ u IEOC. SofllHiA 20 .. ..... ~ 50 IWJl o ;i :f'fõ?: o: OORDI\ 29 u ~ ~ a5 PASTOS llONS 17 .., ! 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IERITICo _, ii - z IUM'L - \ i'.: ~ - ii Fl(Mc).GXW. ..., i 1 lillO MIRllDOI\ t20 ~ o RIFT ~= 1 o """"'""' -PROTBIOZÔICO ARQUEAMO 1 : ·:.: 1 SÍLEX • CALCÃRIO • .DIABÃSIO ARENITO . .ANIDRITA FOLHELHO • BASALTO • METAMÓRFICAS Figura 5 - Carta estratigráfica da bacia do Pamalba (modificado de Góes & Feijó, 1994), destacando a posição do Grupo Seffa Grande (assinalado em azul claro), objeto do estudo proposto. Scanned by CamScanner 12 A Formação lpu (Campbell et ai., 1949) é composta por arenitos, conglomerados, arenitos conglomeráticos e diamictitos, tendo sido depositada, entre o final do Ordoviciano e o início do Siluriano, em ambiente fluvial anastomosado ' com influência periglacial (Caputo & Lima, 1984). A Formação Tianguá (Rodrigues, 1967) é composta por folhelho cinza, siltíto e arenito muito micáceo, depositados em ambiente marinho raso durante o Wenlock, no Siluriano (Góes & Feijó, 1994). Caputo & Lima (1984) consideram a Formação Tianguá como depositada Llandovery (início do Siluriano), em ambiente marinho raso, durante a fase de máxima extensão da transgressão glácio-eustática mundial que se seguiu à fusão de gelo do norte da África. A Formação Jaicós (Plummer, 1948) é composta por arenito e eventuais pelitos, depositados por sistemas fluviais entrelaçados no Ludlow-Pridoli, no final do Siluriano (Góes & Feijó, 1994). Já segundo Caputo & Lima (1994) e Caputo (1984), a Formação Jaicós é composta por arenitos e conglomerados, de idade Wenlock, depositados em leques aluviais e fan deltas. O Grupo Serra Grande assenta-se discordantemente sobre rochas ígneas e metamórficas do embasamento (inconformidade\ ou sobre rochas sedimentares anteriores ao contexto deposicional da bacia do Parnaíba. O contato superior é discordante ( desconformidade2) com o Grupo Canindé. A desconformidade entre a Formação Jaicós (Grupo Serra Grande) e a Formação ltaim (Grupo Canindé) é difícil de ser reconhecida, pois ambas as formações são compostas por arenito, sendo o arenito da Formação Jaicós mais grosso que o da Formação ltaim (Caputo, 1984). 1 Segundo Mendes (1984), inconformidade é "uma discordância que ocorre -.. ntre uma sequência de rochas sedimentares e rochas -plutônicas e/ou rochas metamórficas não estratificadas de idade muito antiga". 2 Segundo Mendes (1984), desconformidade é "uma superfície irregular que se interpõe entre duas sequências sedimentares sobrepostas com paralelismo dos planos de estratificação". Scanned by CamScanner 13 Grupo Canindé O Grupo Canindé foi proposto por Rodrigues ( 1967) para agrupar as formações Pimenteira, Cabeças e Longá. Caputo & Lima ( 1984) incluíram a Formação ltaim neste grupo. Góes et ai. (1992, apud Góes & Feijó, 1994) consideraram o Grupo Canindé composto pelas formações ltaim, Pimenteiras, Cabeças, Longá e Poti. A Formação ltaim (Kegel, 1953) é composta por arenito fino esbranquiçado e folhelho cinza, depositados em ambientes deltaicos e plataformais, dominados por correntes induzidas por processos de marés e de tempestades, no Eifeliano, Mesodevoniano (Góes & Feijó, 1994). A Formação Pimenteira (Small, 1914) é composta por espessas camadas de folhelho cinza escuro a preto, retratando um ambiente marinho de plataforma (Della Fávera, 1990), que depositaram delgadas camadas de arenito muito fino, de idade givetiana-frasniana (Meso/Neodevoniano). Caputo (1984) interpreta a Formação Pimenteira como um registro da grande transgressão devoniana, com oscilações do nível do mar, sendo o nível máximo de mar alto representado por camadas de folhelho laminado, depositados no Fransniano (Neodevoniano). A Formação Cabeças (Plummer, 1948) é composta predominantemente por arenito com intercalações delgadas de siltitos e folhelhos, com estratificação cruzada tabular ou sigmoidal ("lobos sigmoidais"), ocorrendo, na base da unidade (na transição com a Formação Pimenteira), tempestitos (Della Fávera, 1990). A Formação Cabeças, segundo Della Fávera (1982, apud Góes & Feijó, 1994) e Freitas (1990, apud Góes & Feijó, 1994), teria se depositado em ambiente marinho plataforma!, sob a ação predominante de correntes induzidas por processos de marés. Na coluna estratigráfica ·proposta por Góes & Feijó (1994) - Figura 5, é atribuída idade gevitiana-fransniana à Formação Cabeças. Segundo Caputo (1984), a presença de· diamictitos e superfícies estriadas na parte superior da Formação Cabeças indica influência glacial e sugere que toda a bacia do Parnaíba estivesse coberta por capas de gelo nesta época. Scanned by CamScanner 14 A Formação Longá (Albuquerque & Dequech, 1946) consiste em folhelho e siltito cinza e arenito branco, fino e argiloso, depositados em ambiente marinho plataforma! dominado por tempestades, durante o Fameniano, Neodevoníano (Góes & Feijó, 1994). A Formação Poti (Lisboa, 1914) é composta por arenito cinza-esbranquiçado, intercalado e interlaminado com folhelho e siltito, depositados em deltas e planícies de maré sob a influência ocasional de tempestades no Toumaisiano, início do Carbonífero (Góes & Feijó, 1994). O Grupo Canindé assenta-se em desconformidade sobre o Grupo Serra Grande, e diretamente sobre o embasamento (inconformidade) no extremo leste da bacia, sendo recoberto discordantemente pelo Grupo Balsas (Góes & Feijó, 1994). Grupo Balsas O Grupo Balsas foi proposto por Góes et ai. (1989, apud Góes & Feijó, 1994) para reunir o complexo clástico-evaporítico que se sobrepõe em discordância (desconformidade) ao Grupo Canindé e que se sotopõe, também em discordância, às formações Mosquito (na parte leste da bacia), Grajaú, Codó e ltapecuru (nas partes norte e noroeste da bacia), Urucuia (na área sul da bacia) e ao Grupo Mearim (na parte central da bacia). O grupo Balsas é constituído por quatro formações: Piauí, Pedra de Fogo, Motuca e Sambaíba. A Formação Piauí (Small, 1914) é composta por arenitocinza-esbranquiçado, predominantemente fino a médio e bem selecionado, eventualmente conglomerático, folhelho vermelho e calcário esbranquiçado (Góes & Feijó, 1994). Daemon (1974, apud Góes & Feijó, 1994) posiciona estas rochas no Stefaniano (Neocarbonífero). Segundo Lima Fº (1991, apud Góes & Feijó, 1994), estas rochas foram depositadas em ambiente continental e litorâneo, sob severas condições de aridez. A Formação Pedrá de Fogo (Plummer, 1948) é caracterizada pela presença de sílex e calcários oolítico e pisolítico, creme a branco, eventualmente estromatolitico, intercalado com arenito fino a médio amarelado, folhelho cinzento e anidrita branca, Scanned by CamScanner 15 de idade eopermiana (Góes & Feijó, 1994). Esta formação foi depositada em ambiente marinho raso a litorâneo com planícies de sabkha, sob eventual influência de tempestades. A Formação Motuca (Plummer, 1948) é composta por siltito avermelhado e marrom, arenito branco fino e médio, anidrita branca, e raros calcários, depositados em ambiente continental desértico, controlado por sistemas lacustres, no Neopermiano (Kazaniano/Tatariano), segundo Góes & Feijó (1994). A Formação Sambaíba (Plummer, 1948) é composta por arenito róseo e amarelo, médio a fino, bem selecionado, bimodal, com estratificação cruzada de grande porte, depositado por sistemas eólicos em ambiente desértico (Góes & Feijó, 1994). Esta unidade é posicionada tentativamente no Eotriássico (Góes & Feijó, 1994). Grupo Mearim Este termo foi originalmente utilizado por Lisboa (1914) e, posteriormente, por Aguiar (1969, apud Góes & Feijó, 1994), para englobar as formações Mosquito, Pastos Bons, Corda e Sardinha. Góes et ai. (1992, apud Góes & Feijó, 1994) consideram o Grupo Mearim composto pelas formações Pastos Bons e Corda, que ocorrem discordantemente sobre o Grupo Balsas e as rochas vulcânicas da Formação Mosquito, e sotopostas, também em discordância, às formações Grajaú, Codó, ltapecuru e Sardinha. A Formação Pastos Bons (Lisboa, 1914) é constituída de siltito e folhelho/argilito verde e castanho-avermelhado, com grãos de quartzo inclusos; recobre discordantemente as formações Poti, Piauí, Pedra de Fogo e Motuca; e é recoberta concordantemente pela formação Corda. A Formação Pastos Bons foi depositada em ambientes lacustre e fluvial como resultado de uma reorganização da drenagem no nordeste do Brasil (Caputo, 1984). Scanned by CamScanner 16 A Formação Corda (Lisboa, 1914) é caracterizada por arenito cinza- esbranquiçado e avermelhado, fino a grosso, por vezes bimodal, e raros níveis de sílex, depositados em ambiente continental desértico, controlado por sistemas flúvio-lacustres, eventualmente retrabalhados por processos eólicos e sujeitos à ação esporádica de processos semelhantes a correntes de turbidez (Góes & Feijó, 1994), no fim do Jurássico, admitindo-se a possibilidade de a unidade estender-se até o início do Cretáceo. Formações Grajaú, Cod6 e ltapecuru Estas unidades estão associadas a um único ciclo deposicional e ocorrem na porção norte da bacia (Góes & Feijó, 1994). A Formação Grajaú {Lisboa, 1914) é composta por arenito esbranquiçado, fino a conglomerático, que ocorre interdigitado aos depósitos de ambiente marinho restrito da Formação Codó (Góes & Feijó, 1994). A Formação Grajaú sobrepõe-se discordantemente às formações Corda, Mosquito e Sambaíba. Seu contato superior é concordante com a Formação ltapecuru (Caputo, 1984). A Formação Codó (Lisboa, 1914) é composta por folhelhos betuminosos, calcários e anidritas, que representam depósitos de ambiente marinho restrito, interdigitados aos sedimentos litorâneos da Formação Grajaú, depositados durante o Aptiano. A Formação ltapecuru (Campbell, 1949) é constituída de arenito avermelhado. Estas rochas representam um sistema flúvio-lacustre, desenvolvido em clima semi- árido, no Albiano (Pedrão et ai., 1993; apud Góes & Feijó,1994), que se implantou sobre os sedimentos das formações Grajaú e Codó. O conjunto composto pelas formações Grajaú, Codó e ltapecuru jaz discordantemente sobre as unidades jurássicas, triássicas e paleozóicas, bem como em inconformidade sobre rochas pré-cambrianas no extremo noraeste do Arco Ferrar (Góes & Feijó, 1994). Scanned by CamScanner 17 Rochas magmáticas Na bacia do Parnaíba, ocorrem rochas ígneas básicas intrusivas e extrusivas, com idade variando e~tre 215 e 11 O Ma (Jurássico-Cretáceo), relacionadas a três pulsos magmáticos principais (Góes et ai., 1992, apud Góes & Feijó, 1994). Foram individualizadas duas unidades litoestratigráficas relacionadas a esses magmatismos, ambas extrusivas, denominadas de formações Mosquito e Sardinha. A Formação Mosquito (Aguiar, 1969; apud Góes & Feijó, 1994), de idade juro- triássica define o basalto preto, amigdaloidal, toleítico, eventualmente intercalado a arenito vermelho com leitos de sílex, posicionado entre os grupos Balsas e Mearim. A Formação Sardinha (Aguiar, 1969; apud Góes & Feijó, 1994), de idade eocretácea, designa o basalto preto, amigdaloidal, sobreposto ao Grupo Mearim e sotoposto às formações ltapecuru ou Urucuia. 3.3 - Evolução tectono-sedimentar da bacia do Parnaíba Como resultado dos pulsos termais do ciclo Brasiliano (Cambro-Ordoviciano), foram formados, na área posteriormente ocupada pela bacia do Parnaíba, diversos grábens com eixos orientados de nordeste a norte (Góes et ai. 1990). Esses grábens apresentam-se preenchidos por sedimentos representados pelas formações Riachão, de idade Proterozóico final (Kegel, 1956, apud Góes & Feijó, 1994) e Mirador, de idade Cambro-Ordoviciano (Rodrigues, 1967). Góes· et ai. (1992, apud Góes & Feijó, 1994) reconhecem cinco seqüências deposicionais de segunda ordem, segundo a definição e conceitos propostos por Sloss (1963), separadas por discordâncias regionais e correlacionáveis a ciclos tectônicos de caráter global (e.g. orogenia Caledoniana, orogenia Eoherciniana). __ ____ _ , ,,.,,.,, .... .. . ... .,_, •1.· 11"'" 1. · r .r1••\' ,1,·, ,u1l Scanned by CamScanner 18 Seqüência siluriana Esta sequência corresponde ao Grupo Serra Grande. Trata-se de um ciclo transgressivo-regressivo completo, representativo da primeira ingressão marinha nesta bacia (Figura 6). O início da sedimentação ocorreu como conseqüência de uma grande depressão ordoviciana que se estabeleceu devido a atuação de um megassistema de fraturas, associado à contração térmica ocorrida no final do ciclo Brasiliano. Foram depositados, então, os sedimentos flúvio-deltaicos a marinho rasos do Grupo Serra Grande. Góes et ai. (1990) apontam a influência de feições de grábens e lineamentos pré-existentes na deposição do Grupo Serra Grande (Figura 7). Segundo Góes & Feijó (1994), o término da sedimentação é atribuído ao "soerguimento provocado pelos reflexos da orogenia Caledoniana". ÁFRICA 1- __:-:::j Camadas de folhelhoa Q Arenitos litorâneos a continentais Figura 6 - Distribuiçao de folhelhos no Gonctwana ocidental, representando a primeira ingressão marinha na bacia do Parnaíba, durante o Siluriano (Caputo, 1984). Scanned by CamScanner 19 Seqüência devoniana Corresponde ao Grupo Canindé. Ocorre uma nova fase de subsidência na bacia, provavelmente devido à carga sedimentar pré-existente, implantando-se um novo ciclo transgressivo-regressivo, representativo da maior ingressão marinha na bacia do Parnaíba. Assim como o Grupo Serra Grande, o Grupo Canindé também sofreu influência das estruturas pré-existentes (Figura 7). O término da sedimentação é atribuído ao "soerguimento provocado pelos reflexos da orogenia Eo-herciniana" (Góes & Feijó, 1994). Seqüência carbonífero-triássica Corresponde ao Grupo Balsas. No Carbonífero. a bacia voltou a sofrer subsidência. Ocorreram mudanças estruturais e ambientais profundas na região ocupada pela bacia do Parnaíba. Os principais eixos deposicionais,anteriormente controlados por expressivas zonas de fraqueza de direção NE e NW, deslocaram-se em direção ao centro da bacia e os mares abertos com ampla circulação e clima temperado ( Caputo & Lima, 1984) cederam lugar a mares com circulação restrita e clima quente. Também é um ciclo transgressivo-regressivo, porém, sob condições marinhas rasas e restritas, associado a um processo de desertificação. Seqüência jurássica Corresponde ao Grupo Mearim. Este ciclo marca condições de deposição exclusivamente continentais na bacia. O peso da ~rga vulcânica resultante do magmatismo básico ocorrido na bacia durante o Triássico (Formação Mosquito) provocou uma nova fase de subsidência na bacia. Scanned by CamScanner 20 44• Gr. SERRA GRANDE Gr.CAMNDÉ + .,;., ., DIQUE DE DIABÁSIO ;_- . FALHA 1lJ= FEIÇÕES GRABENFORMES ;!:IJ_. ISÓPACAS -~ EIXO DEPOSICIONAL • POÇOS Figura 7 - Re/açao entre os eixos deposicionais dos grupos Serra Grande e Canindé e os lineamentos Transbrasiliano e Picos-Santa Inês (Segundo Cunha, 1985, apud Góes et ai., 1990). Seqüência cretácea Corresponde às formações Grajaú, Codó e ltapecuru. A retomada da sedimentação ocorreu como conseqüência direta dos esforços de ruptura da margem equatorial brasileira no Neocomiano. Este novo ciclo de sedimentação foi caracterizado por uma rápida transgressão, seguida da retirada definitiva do mar, implantando-se condições de deposição exclusivamente continentais e o encerramento do ciclo sedimentar da bacia do Parnaíba. L Scanned by CamScanner > 21 4 - ÁREA DE ESTUDO 4.1 - Localização e acessos A área de estudo está situada na borda sudeste da bacia do Parnaíba, na região dos municípios de Anísio de Abreu, São Raimundo Nonato e São João do Piauí, localizados no sul do Estado do Piauí. Nesta região observam-se extensas faixas de exposição das rochas do Grupo Serra Grande, delineando os limites atuais da bacia do Parnaíba (Figura 8). O acesso a área de estudo pode ser feito pela rodovia Pl-140 ou pela rodovia BR-020. ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ! . --------------- .. -,. ... Figura 8 - Mapa de /ocalízaçlJo da área de estudo. ... ................ ---~(- , . •. + .... tf+.. .. ... --·-·- ~ ...... =: 1a. A ,_•_ i.. V Scanned by CamScanner 22 4.2 - Aspectos fisiográficos Na bacia do Parnaíba são reconhecidos quatro tipos climáticos predominantes (Tabela 1 ). O clima na área de estudo (borda sudeste da bacia do Parnaíba) é o semi-árido quente, tendo como principal característica a baixa média pluviométrica anual, geralmente inferior a 750 mm; apresenta um período chuvoso, de novembro a abril , e um período seco de maio a outubro. A temperatura média anual, na área de estudo, situa-se normalmente entre 25ºC e 30ºC. Este tipo climático ocorre na parte oriental da bacia, abrangendo áreas dos estados do Ceará e Bahia e toda a região leste e sudeste do Estado do Piauí (Lima & Leite, 1978). Tabela 1 - Distribuição dos tiPOs climáticos na bacia do Parnaíba (Uma & Leite, 1978). CLJMA REGIÃO Semi-árido quente Parte oriental da bacia, abrangendo áreas dos estados do Ceará e Bahia e toda a região leste e sudeste do Estado do Piauí Tropical úmido Norte e centro do Estado do Piauí e no Estado do Maranhão Tropical semi-úmido Regiões interiores do sul dos estados do Piauí e Maranhão e no Estado de Tocantins Parte ocidental do Estado do Maranhão, trecho do Estado Clima equatorial do Pará incluído na bacia e no extremo norte do Estado de Tocantins A bacia do Parnaíba apresenta vegetação bastante variada, refletindo as variações de umidade e relevo. São reconhecidos quatro tipos de vegetação, entre os quais existem zonas de transição (Tabela 2). A vegetação predominante na área de estudo é a caatinga, característica do clima semi-árido quente, com escassas precipitações pluviométricas e prolongados períodos de estiagem. A vegetação de caatinga domina uma extensa faixa ao longo da borda oriental da bacia (Lima & Leite, 1978). Cerrado Extensa faixa ao lon o da borda oriental da bacia Centro-sul da bacia (centro e sul do Estado do Maranhão, sul e parte ocidental do Estado do Piauí, norte do Estado de Tocantins e o este do Estado da Bahia . Centro-norte da bacia Extremo noroeste da bacia Scanned by CamScanner 23 Na bacia do Parnaíba, o relevo é controlado, principalmente, pela li tologia das diversas unidades geológicas. Os fatores climáticos e estruturas geológicas têm apenas um papel secundário no desenvolvimento deste relevo (Lima & Leite, 1978). Sobre as formações essencialmente arenosas, a porosidade e a permeabilidade dos sedimentos reduzem a erosão superficial , favorecendo o desenvolvimento de um relevo caracterizado por extensos chapadões, limitados por escarpas muito entalhadas (Figura 9). Sobre as unidades predominantemente pelíticas, os sedimentos impermeáveis são intensamente erodidos pelas ação das águas superficiais; intensifica-se o ravinamento; a rede de drenagem tende ao tipo dendrítico denso e a topografia é gradualmente arrasada. Sobre estas unidades o relevo apresenta-se geralmente colinoso, caracterizado por formas abauladas, evoluindo, muitas vezes, para planícies suavemente onduladas (Figura 1 O). Figura 9 - d (cha dões) característico das fonnações areníticas (Grupo ~~ ~~~~:)~~/:;~ªd: Alto:: Pedra Furada, Parque Nacional Serra da Capivara (mumc1pKJ de sao Raimundo Nonato (PI). Scanned by CamScanner p 24 Figura 1 O - Formação Pimenteira, mostrando o relevo colinoso característico das unidades pelíticas. Vista da BR-020, no trecho entre Coronel José Dias e São João do Piauí, a 25, 7 km de Coronel José Dias, Estado do Piauí. 4.2 - Geologia da área de estudo Segundo o mapa geológico do Estado do Piauí (CPRM, 1995), afloram na área de estudo as seguintes unidades sedimentares da bacia do Parnaíba: Grupo Serra Grande, Formação Pimenteira e Formação Cabeças (Figura 11 ). O Grupo Serra Grande é mapeado como indiviso, sendo descrito como composto essencialmente por arenitos. Apenas localmente é mapeada a Formação lpu, pertencente ao Grupo Serra Grande. ' :- . ~ - . . · . . ' :l Scanned by CamScanner 25 10km o 10 20 30 40 50km bed 1 1 1 1 1 44º 43° 42° D Aluviões plelstocênlcos <:::> D Cobertura detrítica de planalto D Formação Cabeças Area de estudo D Formação Piauí D Formação Pimenteira ® Cidade D Formação Potl • Grupo Serra Grande D Formação Longá • Embasamento Figura 11 - Parte do mapa geológico do Estado do Piauí (CPRM, 1995), mostrando a borda sudeste da bacia do Parnaíba, onde localiza-se a área de estudo. Scanned by CamScanner - 26 5-FUNDAMENTOS CONCEITUAIS Para a realização deste trabalho foram utilizados alguns conceitos sedimentológicos e estratigráficos, os quais serão discutidos a seguir. Dentre os modelos deposicionais, destaca-se o fluvial, por ser aquele que melhor descreve o Grupo Serra Grande, na área de estudo. 5.1 - Fácies e modelos de fácies O termo fácies foi introduzido na Geologia por Nicholaus Steno em 1669, referindo-se ao aspecto geral de parte da superfície terrestre durante um certo intervalo de tempo geológico (Teichert, 1958, apud Walker, 1984). A palavra é derivada do latim facia ou facies, significando a aparência externa de alguma coisa. O conceito moderno de fácies foi introduzido por Gressly (1838, apud Walker, 1992) e refere-se a soma total dos aspectos litológicos e paleontológicos de uma unidade estratigráfica. Desde então, este termo foi utilizado de diferentes maneiras, havendo algumas controvérsias em relação a: (1) se o termo implica em características abstratas ou ao corpo de rocha propriamente dito; (2) se o lermo se refere apenas a partes restritas de uma unidade estratigráfica ou também se aplica a corpos de rocha não confinados estratigraficamente e (3) se o termo deve ser puramente descritivo ou também interpretativo (Walker, 1992).A definição de fácies utilizada neste estudo foi a proposta por Selley (1996), que considera fácies sedimentar como uma massa de rocha definida e diferenciada das demais por sua geometria, litologia, estruturas sedimentares, paleocorrente e conteúdo fossilífero. Este mesmo autor define um ambiente sedimentar (ou ambiente deposicional) como uma parte da superfície terrestre que é físico, químico e biologicamente distinta das áreas adjacentes. É importante ressaltar que uma fácies sedimentar resulta de um processo sedimentar. -A maior parte das fácies sedimentares, quando analisadas individualmente, apresentam interpretação ambiental ambígua, visto que determinado processo pode ocorrer em mais de um ambiente sedimentar. Sendo Scanned by CamScanner 27 assim, para a interpretação paleoambiental, é necessária a caracterização de um conjunto de fácies sedimentares, as quaís refletem um conjunto de processos sedimentares que permitem a caracterização de um ambiente sedimentar. Para a interpretação genética das fácies, é importante combinar informações sobre suas relações espaciais e suas características internas (e.g. litologia e estruturas sedimentares) e compará-las com informações de outras unidades estratigráficas bem estudadas e com estudos de ambientes sedimentares modernos (Middleton, 1978, apud Walker, 1992). A definição das fácies pode ser feita em diferentes escalas, dependendo dos objetivos do trabalho, do tempo disponível no estudo, do grau de preservação das rochas e da abundância e diversidade de estruturas sedimentares (Walker, 1992). O termo sucessão de fácies refere-se a um sucessão vertical ou horizontal de fácies geneticamente relacionadas, onde as propriedades mudam progressivamente em uma determinada direção (na vertical ou na horizontal). Walther (1894, apud Walker, 1984), em sua Lei de Correlação de Fácies, afirma que somente podem ser superimpostas verticalmente, sem uma quebra do registro estratigráfico, aquelas fácies que já tenham ocorrido em associação lateral umas com as outras. Ou seja, em uma sucessão vertical, uma transição gradacional entre as fácies significa que estas fácies já ocorreram lateralmente adjacentes em um mesmo ambiente sedimentar. Collinson (1969, apud Walker, 1992) define o termo associação de fácies como um conjunto de fácies geneticamente relacionadas e que apresentam algum significado ambiental . Walker (1992) define um modelo de fácies como uma síntese de um determinado sistema deposicional, envolvendo exemplos de ambientes deposicionais atuais e antigos, assim como o estudo dos processos e a distribuição das fácies. Os modelos de fácies servem como normas para comparação com novos exemplos; como guia para futuras observações; para prever novas situações geológicas e como base para a interpretação ambiental. Uma associação de fácies é essencialmente descritiva, enquanto o modelo de fácies tenta fornecer uma interpretação de uma determinada associação de fácies em termos de ambientes Scanned by CamScanner p 28 deposicionais (Miall, 1990). Estes modelos, geralmente, são feitos por comparação com ambientes modernos. Fisher & Mcgovven (1967, apud Brovvn & Fisher, 1977) definem sistemas deposicionais como associações tridimensionais de fácies geneticamente relacionadas por processos e ambientes. Sistemas deposicionaís contemporâneos podem estar ligados, produzindo o que se chama de trato de sistemas. Uma bacia é preenchida pela deposição em uma variedade de tratos de sistemas que evoluem no tempo acompanhando as mudanças tectônicas e de áreas fontes. Galloway & Hobday (1996) reconhecem oito sistemas deposicionais elásticos (Figura 12): í) Leque aluvial (Fan); ii) Lacustre (Lacustrine); iii) Fluvial (Fluvial); iv) Eólico (Eo/ian); v) Delta (De/ta); vi) Costeiro (Shore zone); vii) Plataforma (Shelf); vii) Talude continental (S/ope). / IalJmE , BASE po TAl,ODC '-...._ • r .. nopor1e~de-~ o Umlla 8f110XllNdo ele- """""9do Figura 12 - os principais sistemas deposicionais tefflgenos elásticos e os caminhos de transporte que os conectam. (Modificado de Gal/oway & Hobday, 1996). Scanned by CamScanner > 29 5.2 - Arquitetura deposicional As técnicas convencionais de análise faciológica e de interpretação ambiental são baseadas no uso da Lei de Walther e na interpretação de perfis verticais. Entretanto, os perfis verticais não podem representar as variações tridimensionais de composição e de geometria dos depósitos (Miall, 1985). No estudo de depósitos fluviais, os perfis verticais não constituem as ferramentas mais adequadas, devido à grande variação lateral das fácies e a natureza tridimensional dos corpos sedimentares, que não podem ser bem representados em um perfil vertical. Além disso, perfis verticais similares podem ser produzidos por diferentes processos autocíclicos e alocíclicos, o que os toma ferramentas pouco diagnósticas (Miall, 1985). Segundo Miall (1990), a maior parte dos depósitos sedimentares pode ser subdividida em vários tipos de corpos tridimensionais, caracterizados por assembléias de litofácies, geometrias externas e orientações. Miall (1985) utiliza o termo elemento arquitetural para definir estes corpos tridimensionais. Segundo Miall (1990), elemento arquitetural é "um litossoma3 caracterizado por sua geometria, composição faciológica e escala, sendo produto deposicional de um processo particular ou de um conjunto de processos que ocorrem num sistema deposiciona1·. A arquitetura deposicional busca a compreensão do arcabouço tridimensional de fácies, e não, simplesmente, reconhecer de forma descritiva um litossoma ou outra unidade estratal em uma sucessão estratigráfica. Para Miall (1985, 1988), dois são os conceitos básicos para o estudo de arquitetura deposicional: a escala e o elemento arquitetural. 3 Segundo Miall (1996), um litossoma consiste em uma unidade deposicional limitada por uma superfície distinta, tratando-se de um termo descritivo e na genético. Scanned by CamScanner 30 Borghi (1993) considera um elemento arquitetural como "uma massa de rocha sedimentar que possa ser caracterizada e distinguida das demais por seus seguintes atributos: superfícies de acamamento limitantes, escala, associação de fácies, arranjo (i.e. geometria interna) de camadas e suas relações de terminações contra a superfície de acamamento limitante". Vários autores vêm sugerindo a hierarquização das superfícies limitantes e superfícies internas. Borghi (1993), baseando-se no método proposto por Brookfield (1977) ordena as superfícies de forma crescente para o interior do elemento. Desta forma, o elemento arquitetural é limitado pela superfície de ordem mais inferior (ordem 1 ), e, à medida que se detalha o seu interior, surgem as superfícies de ordem superior (n+1 , n+2, etc.). Segundo Borghi (1993), este método permite uma melhor caracterização do elemento arquitetural como bloco fundamental da acumulação sedimentar. O método proposto por Allen (1983) é baseado na ordenação hierárquica crescente para o exterior do elemento arquitetural (Figura 13a). As superfícies de 11 ordem seriam aquelas que limitam sets individuais de estratificação cruzada. As superfícies de 2ª ordem limitam conjuntos de sets ou assembléias de litofácies - geneticamente relacionadas. As superfícies de 3ª ordem limitam grupos de elementos e são, geralmente, superfícies de erosão bem definidas, por exemplo, a superfície da base de um canal. Por este método, poderiam ser reconhecidos, ainda, contatos de zero ordem, representados pelas superfícies que definem lâminas ou estratos (Figura 13b). No trabalho aqui realizado, adotou-se a proposta de Borghi (1993), baseada no método de Brookfield (1977), para a hierarquização das superfícies limitantes e superfícies internas. Scanned by CamScanner ~ Linhas de clastos de argilito tifj1;~ Conglomerado maciço
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