Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS NANOESTRUTURADOS A BASE DE POLÍMEROS CONDUTORES PARA APLICAÇÃO EM SENSORES Paulo Henrique de Souza Picciani Tese em Ciência e Tecnologia de Polímeros, submetida ao Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor, em Ciências e Tecnologia de Polímeros, sob orientação da Professora Bluma Guenther Soares e do Dr. Luiz Henrique Capparelli Mattoso. Rio de Janeiro 2008 ii Tese de Doutorado: Desenvolvimento de Materiais nanoestruturados a base de polímeros condutores para aplicação em sensores Autor: Paulo Henrique de Souza Picciani Orientadores: Bluma Guenther Soares Luiz Henrique Capparelli Mattoso Data da defesa: 16 de setembro de 2008 Aprovada por: _________________________________________________ Professora Bluma Guenther Soares, DSc Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – IMA/UFRJ Orientador/Presidente da Banca Examinadora _________________________________________________ Professor Ricardo Cunha Michel, DSc Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – IMA/UFRJ _________________________________________________ Professor Fernando Gomes de Souza Jr., DSc Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – IMA/UFRJ _________________________________________________ Professora Nadia Maria Comerlato, DSc Instituto de Química – IQ/UFRJ _________________________________________________ Professora Marysilvia Ferreira da Costa, DSc Escola Politécnica – COPPE/UFRJ Rio de Janeiro 2008 iii FICHA CATALOGRÁFICA Picciani, Paulo Henrique de Souza. Desenvolvimento de materiais nanoestruturados a base de polímeros condutores para aplicação em sensores / Paulo Henrique de Souza Picciani. – Rio de Janeiro, 2008. xxiii, 177 f.: il. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Polímeros) – Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – IMA, 2008. Orientadores: Bluma Guenther Soares. Luiz Henrique Capparelli Mattoso 1. Polímeros. 2. Polianilina. 3. Dopagem. 4. Eletrofiação. 5. Sensores. I. Soares, Bluma Guenther (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano. III. Título. iv Parte desta Tese de Doutorado foi desenvolvida nos Laboratórios do Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano da Universidade Federal do Rio Janeiro, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). v A Deus, a minha família e aos meus amigos vi AGRADECIMENTOS Ao CNPq, a CAPES e a FAPERJ pelo auxilio financeiro que possibilitou o desenvolvimento deste trabalho. Ao Laboratório Nacional de Luz Síncrotron; projetos D04ASXS–6246/07 e D11A - SAXS1 – 7693/08 À Professora Bluma Soares pela amizade, companheirismo, orientação e ensinamentos profissionais e pessoais. Ao Dr. Luiz Mattoso pela orientação, companheirismo, exemplo de profissionalismo e amizade, também pela possibilidade do estágio nos Estados Unidos que, com certeza, mudou a direção da minha carreira científica. Aos professores Ricardo Cunha Michel, Fernando Gomes de Souza Jr., Nadia Maria Comerlato, Marysilvia Ferreira da Costa e Elizabeth Monteiro pela paciência e pelas valiosas e constantes contribuições ao trabalho. A todos os profissionais que facilitaram os trabalhos nos Estados Unidos: William J. Orts, Zhongli Pan, Tina Williams, Delilah F.Wood, Esperanza Gonzalez, Theresa Blasquez, Artur P. Klamczynski, Bor-Sen Chiou, Gregory M. Glenn, Kay S. Gregorski, Haani Jafri, Syed H. Imam e todos que contribuíram direta ou indiretamente. Aos profissionais e colaboradores da EMBRAPA/CNPDIA em São Carlos: Cauê Ribeiro, Rodrigo Guerreiro, Everaldo Venâncio, Renata, Alessandra e Alexandra. À Soraia Zaioncz, por todo o apoio, convivência, paciência, cumplicidade e exemplo de profissionalismo e retidão. Ao meu primo Caio Paranhos sem o qual este trabalho nem teria sido iniciado. Aos meus Pais Iza e Luiz pelo apoio integral em todos os meus estágios de vida. À minha família: Flávio, Fernanda, Fabiana, Gabriella, Gabriela, João, Maria, Selma, Dagmar, Siglia, Thalita, Marieta e todos os que estão próximos e distantes pelo apoio e pela felicidade de tê-los em minha vida. Ao meu amigo Harrison Silveira pela paciência, apoio e por ter me tirado da mais profunda ignorância da língua inglesa. Aos amigos e companheiros que estão ou estiveram laboratório J-112: Adriana, Ana Catarina, Anderson, Alessandra, Alex, Domenica, Fabio, Guilherme Barra, João, Matheus, Micheli, Paulo Roberto, Raul, Ricardo, Rodrigo, Rurik, Verônica. A todos os professores e funcionários do Instituto de Macromoléculas em especial à Léa Lopes, Márcia Benzi, Bárbara Regis, Dalva Caetano, Maria das Graças e Wilson Monteiro. vii À amiga Nágila, os amigos Evair, Eloisa, Danilo, Tina, Bernardo, Anamaria e todos os companheiros de caminhada. Aos amigos descobertos nos Estados Unidos: Eliton Medeiros pela contribuição decisiva neste trabalho, amizade, disposição e comprometimento profissional; Fauze e Márcia Aouada pela amizade, companheirismo e apoio durante os tempos difíceis; Alex Frank Arceneaux pela paciência, orientação, pelos bons momentos e pela descoberta de que bons amigos existem em qualquer lugar do mundo. Juan Carlos pela amizade, exemplo de vida e companheirismo nos momentos difíceis. Erin Donley, Teresa O´keffee, Marie Frank, Erik, Fernanda, Patrícia, Iran, Simone, Guilherme (Bill), Analia e todos os amigos norte-americanos e brasileiros que me oportunizaram vivências maravilhosas e ensinamentos para toda a vida. A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho. viii “Toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil – e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos.” Albert Einstein (1879 – 1955) ix RESUMO Resumo da Tese apresentada no Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (DSc), em Ciência e Tecnologia de Polímeros. Desenvolvimento de materiais nanoestruturados a base de polímeros condutores para aplicação em sensores Paulo Henrique de Souza Picciani Orientadores: Bluma Guenther Soares e Luiz Henrique Capparelli Mattoso Fibras poliméricas eletroativas ultrafinas compostas de poli(ácido lático) com polianilina (PAni) foram produzidas, caracterizadas e avaliadas segundo suas propriedades sensoativas na detecção de substâncias em forma líquida ou gasosa. Inicialmente o trabalho abordou a síntese da polianilina com o objetivo de encontrar as condições mais apropriadas que levam o polímero a desenvolver melhores características elétricas. A polianilina também foi dopada com diferentes agentes, dentre eles um complexo metálico derivado de 1,3-ditiol-2-tiona-4,5-ditiolato, com a intenção de encontrar o melhor agente para ser utilizado na obtenção de fibras poliméricas. Fibras poliméricas ultrafinas de PLA/PAni com diâmetros entre 100 nm a 1000 nm foram obtidas através da técnica de eletrofiação a partir da mistura de soluções de poli(ácido lático) e polianilina em diversas condições experimentais. O processo foi estudado em detalhe por uma abordagem estatística, onde foi observado que a concentração da solução de polianilina exerce influênciapredominante na morfologia e no diâmetro das fibras obtidas. As fibras eletrofiadas apresentaram um bom comportamento mecânico, baixa cristalinidade e menor condutividade elétrica DC quando em comparação com os filmes vazados de composições idênticas. As fibras foram depositadas em eletrodos interdigitados e tiveram suas propriedades de sensibilidade avaliadas frente a diferentes valores de umidade relativa e diferentes concentrações de cloreto de potássio em solução. Rio de Janeiro 2008 x ABSTRACT Abstract of Thesis presented to Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano of Universidade Federal do Rio de Janeiro, as partial fulfillment of the requirements for the degree of Doctor in Science (DSc), Science and Technology of Polymers. DEVELOPMENT OF NANOSTRUCTURED MATERIALS BASED ON CONDUCTING POLYMERS FOR SENSOR APPLICATIONS Paulo Henrique de Souza Picciani Advisors: Bluma Guenther Soares e Luiz Henrique Capparalli Mattoso Polymeric electroactive nanofibers of poly(lactic acid) and polyaniline (PAni) were prepared aiming new materials for building sensor devices with novel properties. Initially, the work dealt with the study of different conditions to synthesize polyaniline. The process was studied and optimized in order to find the best conditions which leads to better electrical response materials. After that, polyaniline was doped with different doping agents in order to find the best system which can produce ultra thin fibers using the electronspinning technique. A metallic complex based on (1,3- dithole-2-thione-4,5-dithiolate) ligand was also used to dope polyaniline and find a new electroactive material. Poly(lactic acid)/ PAni ultra thin fibers were prepared with diameters ranging from 100 nm and 1000 nm through electrospinning technique. The process parameters were studied in detail by statistical approach and it was found that PAni solution concentration plays the major role on the morphology and diameter of the fibers. The electrospun fibers showed good mechanical behavior, lower crystallinity values and lower DC electrical conductivity when compared to cast films with identical compositions. The fiber mats were deposited over interdigitated electrodes and tested as sensoactive materials for humidity and potassium chloride detection. Rio de Janeiro 2008 xi DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA Parte desta Tese de Doutorado foi apresentada nos seguintes congressos: World Polymer Congress – MACRO 2006 /IUPAC – Rio de Janeiro – Brasil. Título do trabalho: UV-VIS and FTIR study of Polyaniline; [bis(1,3-dithiole-2-thione- 4,5-dithiolato)indium(III)] - [tetrabutilammonium] + system. Apresentação de Pôster. World Forum on Advanced Materials – POLYCHAR 15/2007 – Búzios – RJ – Brasil promovido pelo IMA/UFRJ Título do Trabalho: Optimization of polyaniline synthesis using Montecarlo’s simulation pointing new to nanostructured systems. Apresentação de Pôster. VII Encontro da SBPMat 2008 – Guarujá – SP – Brasil. Título do Trabalho: Influence of Processing parameters on the morphology of polyaniline/poly(lactic acid) electrospun fibers described by statistical modeling. Apresentação Oral. VII Encontro da SBPMat 2008 – Guarujá – SP – Brasil. Título do Trabalho: Electrospun conducting nanofibers of polyaniline/poly(lactic acid). Apresentação de Pôster. Parte desta Tese de Doutorado foi publicada nos seguintes periódicos: Periódico: Synthetic Metals, volume: 157, n. 24. p. 1074-1079, December 2007 Título do Trabalho: A novel material based on polyaniline doped with [Cs][In(dmit)2], (cesium) [bis(1,3-dithiole-2-thione-4,5-dithiolato)indium (III)]. Periódico: Journal of Applied Polymer Science, Aceito Título do Trabalho: Development of Conducting Polyaniline/ Poly(Lactic Acid) Nanofibers by Electrospinning. Periódico: Macromolecular Materials & Engineering, Submetido Título do Trabalho: Influence of processing parameters on the morphology of polyaniline/poly(lactic acid) electrospun fibers: a statistical approach xii Sumário 1. Introdução............................................................................................................................ 1 2. Objetivo................................................................................................................................ 4 3. Materiais e Métodos ............................................................................................................ 5 3.1. Reagentes e Solventes.................................................................................................. 5 3.2. Lista de equipamentos................................................................................................... 6 3.3. Caracterizações............................................................................................................. 7 3.3.1. Técnicas espectroscópicas...................................................................................... 7 3.3.2. Microscopia eletrônica de varredura - SEM............................................................. 8 3.3.3. Medidas de condutividade elétrica .......................................................................... 8 3.3.4. Análise Térmica ..................................................................................................... 10 3.3.5. Ensaios mecânicos de tensão deformação ........................................................... 11 4. Estudo da Dopagem da polianilina com diferentes agentes.............................................. 12 4.1. Introdução.................................................................................................................... 12 4.1.1. Polímeros Intrinsecamente Condutores – PIC’s .................................................... 12 4.1.2. Dopagem em Polímeros Condutores .................................................................... 13 4.1.3. Polianilina .............................................................................................................. 15 4.2. Objetivo Específico ...................................................................................................... 23 4.3. Metodologia ................................................................................................................. 24 4.3.1. Síntese da Polianilina (Procedimento Padrão) ...................................................... 24 4.3.2. Síntese da PAni dopada com DBSA em meio orgânico........................................ 24 4.3.3. Síntese da PAni dopada com DBSA em dispersão aquosa .................................. 25 4.3.4. Desdopagem da Polianilina ................................................................................... 25 4.3.5. Técnicas de caracterização ................................................................................... 26 4.4. Resultados e Discussões ............................................................................................ 27 4.4.1. Estudo da influência dos parâmetros experimentais por planejamento experimental ......................................................................................................................................... 27 4.4.2. Modelagem da influência dos parâmetros experimentais sobre a condutividade da PAni dopada com DBSA em meio orgânico através de métodos estatísticos................. 33 4.4.3. Comparação das polianilinas sintetizadas em diferentes meios e com diferentes dopantes .......................................................................................................................... 35 4.5. Conclusões Parciais .................................................................................................... 40 5. Dopagem da PAni com compostos de coordenação......................................................... 41 5.1. Introdução....................................................................................................................41 5.2. Objetivo........................................................................................................................ 46 5.3. Metodologia ................................................................................................................. 47 5.3.1. Síntese da base de esmeraldina ........................................................................... 47 xiii 5.3.2. Síntese do sal bis(1,3-ditiol-2-tiona-4,5-ditiolato)índio(III) de césio....................... 47 5.3.3. Caracterização do complexo [Cs][In(dmit)2].......................................................... 48 5.3.4. Preparo dos compostos de polianilina com [Cs][In(dmit)2].................................... 48 5.3.5. Caracterização dos compostos Pani/[Cs][In(dmit)2].............................................. 48 5.4. Resultados e Discussão .............................................................................................. 50 5.5. Conclusões Parciais .................................................................................................... 59 6. Eletrofiação de Fibras Poliméricas .................................................................................... 60 6.1. Introdução.................................................................................................................... 60 6.1.1. Materiais Nanoestruturados................................................................................... 60 6.1.2. Nanofibras poliméricas e Eletrofiação ................................................................... 61 6.1.3. Nanofibras poliméricas eletroativas....................................................................... 67 6.2. Objetivo........................................................................................................................ 69 6.3. Método......................................................................................................................... 70 6.3.1. Preparo das Soluções ........................................................................................... 70 6.3.2. Aparato para eletrofiação (electrospinning setup) ................................................. 70 6.3.3. Filmes Vazados (Film Casting) .............................................................................. 72 6.3.4. Caracterização das fibras de PLA/PAni eletrofiadas e dos filmes vazados de mesma composição......................................................................................................... 72 6.4. Resultados e Discussão .............................................................................................. 73 6.4.1. Testes preliminares para obtenção de fibras......................................................... 73 6.4.2. Obtenção e análise de fibras ultrafinas de PLA/PAni ............................................ 79 6.4.3. Planejamento experimental e modelagem estatística do processo de eletrofiação de fibras de PLA com PAni.............................................................................................. 88 6.4.4. Caracterização das fibras de PLA/PAni eletrofiadas ............................................. 99 7. Aplicação das fibras ultrafinas de PLA/PAni(p-TSA) como elementos sensoativos........ 119 7.1. Introdução.................................................................................................................. 119 7.2. Objetivos.................................................................................................................... 122 7.3. Metodologia ............................................................................................................... 123 7.3.1. Preparo dos Microeletrodos interligados ............................................................. 123 7.4. Resultados e Discussão ............................................................................................ 129 7.4.1. Medidas de sensibilidade à umidade................................................................... 129 7.4.2. Medidas de sensibilidade a eletrólito ................................................................... 137 7.5. Conclusões Parciais .................................................................................................. 144 8. Conclusões Gerais .......................................................................................................... 145 9. Trabalhos Futuros............................................................................................................ 146 10. Referências.................................................................................................................... 147 Anexos……………………………………………….............……………………………..…...…149 xiv Lista de Figuras Figura 3.1. Arranjo experimental do método de quatro pontas................................................9 Figura 3.2. Vista lateral e superior do porta-amostras utilizado nas medidas de resistividade volumétrica das amostras.......................................................................................................10 Figura 3.3. Modulo de tensão de filmes do equipamento DMA Q 800 da TA Instruments.............................................................................................................................11 Figura 4.1. Mecanismos de dopagem em polímeros condutores e aplicações relacionadas............................................................................................................................14 Figura 4.2. Estrutura molecular da Polianilina (PAni)............................................................15 Figura 4.3. Mecanismo simplificado de polimerização da anilina, proposto por Wei e colaboradores.........................................................................................................................16 Figura 4.4. Modelo proposto para o mecanismo de propagação da polimerização da anilina baseado em Gospodinova......................................................................................................17 Figura 4.5. Processo de protonação da base esmeraldina...................................................20 Figura 4.6. Representação esquemática dos estados eletrônicos para a PAni com os níveis de energia aproximados.........................................................................................................21 Figura 4.7. Representação das corridas feitas nos pontos centrais das variáveis consideradas em um determinado planejamento experimental.............................................28 Figura 4.8. Diagrama de Pareto dos efeitos principais do processo estudado (a) e diagrama dos valores observados versus valores preditos (b)..............................................................32 Figura 4.9. Espectros no ultravioleta-visível das polianilinas sintetizadas em meio aquoso dopadas com (CSA), (DBSA) e (TSA) comparadas com os espectros da base esmeraldina (EB), dopada com (DBSA) em meio orgânico e a síntese padrão com HCl..........................36 Figura 4.10. Espectros no infravermelho da polianilina em sua forma base esmeraldina (a) e dopada com DBSA sintetizada em meio orgânico (b)............................................................38 Figura 5.1. (a) complexo de Pd(II) e (b) estrutura proposta para o sistema poli(o-toluidina) e o complexo de Pd(II)...............................................................................................................43 Figura 5.2. (a) Fórmula estrutural do 1,3-ditiol-2-tiona-4,5-ditiolato, dmit, (b) dmit coordenado a um íon metálico genérico M4+x.............................................................................................43 Figura 5.3. Vista em perspectiva ao longo do eixo b da celula unitária do composto [Ni(dmit)2]. Duas células unitárias são representadas com o objetivo de realçar as interações tipo S – S................................................................................................................................44Figura 5.4. Espectros no UV-Vis das soluções de (dmit) e (EB) em NMP (a); e (EB)/(dmit) nas proporções 2:1, 1:1 e 1:2 em NMP (b).............................................................................50 Figura 5.5. Espectros no infravermelho para a base esmeraldina (BE), o complexo ([Cs][In(dmit)2]) e a mistura 1:1 (BE/[Cs][In(dmit)2])..............................................................53 xv Figura 5.6. Espectros de XPS para a (a) base esmeraldina (BE); (b) o sal de esmeraldina PAni(HCl); e (c) a mistura (1:1) EB/[Cs][In(dmit)2].................................................................55 Figura 5.7. Padrões de difração de raios-x a altos ângulos (WAXS) para as amostras pulverizadas da base esmeraldina (EB), sal esmeraldina (ES), o complexo [Cs][In(dmit)2] e a mistura EB/[Cs][In(dmit)2].......................................................................................................57 Figura 5.8. Micrografias eletrônicas de varredura da EB em forma de pó em magnificação de 100x (a); complexo [Cs][In(dmit)2] pulverizado em magnificação de 100x; mistura EB/[Cs][In(dmit)2] (1:1) em forma de filme com aumentos de 100x (c) e a 1000x (d)...........58 Figura 6.1. Evolução da forma de uma gota de solução de óxido de propileno sob aplicação de um campo elétrico..............................................................................................................63 Figura 6.2. Ilustração das instabilidades laterais em um jato carregado estirado por um campo elétrico, onde FR indica a resultante das forcas de deformação para cima (FUO) e para baixo (FDO)..............................................................................................................................64 Figura 6.3. Ilustração do resultado das instabilidades laterais na forma do jato formado durante o processo de eletrofiação (esquerda); e fotografia de alta velocidade de um jato ejetado de PEO ilustrando o resultado das deformações laterais..........................................64 Figura 6.4. Diagrama do diâmetro médio de fibras em função do número de Berry em quatro regiões distintas relacionadas abaixo com diferentes situações das cadeias poliméricas em solução....................................................................................................................................66 Figura 6.5. Representação das reações de obtenção do poli(ácido lático) a partir do ácido lático........................................................................................................................................68 Figura 6.6. Representação esquemática do equipamento de eletrofiação usado neste trabalho (a): (1) Sistema de controle de rotação; (2) contra-eletrodo; (3) agulha; (4) bomba de injeção com seringa (5) fonte de alta tensão; (b) fotografia do aparato de eletrofiação....71 Figura 6.7. Micrografia eletrônica de varredura das fibras PLA eletrofiadas a 20 KV e 6 μL/min com magnificação de 1000x.......................................................................................74 Figura 6.8. Micrografia eletrônica de varredura das fibras PLA/ PAni(p-TSA) eletrofiadas a 20 KV e 6 μL/min com magnificação de 500x........................................................................75 Figura 6.9. Diferentes regiões da amostra acima, fibras PLA/ PAni(p-TSA), eletrofiadas a 20 KV e 6 μL/min com magnificação de 3000x...........................................................................75 Figura 6.10. Micrografia eletrônica de varredura das fibras PLA/ PAni(p-TSA) eletrofiadas a 20 KV e 6 μL/min com magnificação de 500x e 3000x..........................................................76 Figura 6.11. Micrografias eletrônicas de varredura das fibras PLA/PAni(p-TSA) eletrofiadas a 20 KV e 6 μL/min com magnificação de 1000x e 3000x......................................................76 Figura 6.12. Micrografias eletrônicas de varredura das fibras PLA a 5% eletrofiadas a 18 KV e 6 μL/min com magnificação de 500x e 1000x.....................................................................77 xvi Figura 6.13. Micrografias eletrônicas de varredura das fibras PLA a 5% eletrofiadas a 22 KV e 6 μL/min com magnificação de 500x e 3000x.....................................................................77 Figura 6.14. Micrografias eletrônicas de varredura das fibras PLA a 5% eletrofiadas a 24 KV e 6 μL/min com magnificação de 500x e 3000x.....................................................................77 Figura 6.15. Micrografias eletrônicas de varredura das fibras PLA a 5% eletrofiadas a 26 KV e 6 μL/min com magnificação de 500x e 3000x.....................................................................78 Figura 6.16. Valores de diâmetros médios das fibras de PLA obtidas através de uma solução a 5% e concentração de grânulos por μm2 em função do potencial elétrico aplicado...................................................................................................................................79 Figura 6.17. Diâmetro médio das fibras em função do teor de PAni(m/m) injetadas a 18 KV e 4 μL/min onde (■) corresponde as soluções de PLA a 10% (m/m) e (○) corresponde a soluções de PLA a 12% (m/m)...............................................................................................83 Figura 6.18. Diâmetro médio das fibras em função do teor de PAni(m/m) injetadas a 18 KV e 6 μL/min onde (■) corresponde as soluções de PLA a 10% (m/m) e (○) corresponde a soluções de PLA a 12% (m/m)...............................................................................................83 Figura 6.19. Diâmetro médio das fibras em função do teor de PAni(m/m) injetadas a 22 KV e 4 μL/min onde (■) corresponde as soluções de PLA a 10% (m/m) e (○) corresponde a soluções de PLA a 12% (m/m)...............................................................................................84 Figura 6.20. Diâmetro médio das fibras em função do teor de PAni(m/m) injetadas a 22 KV e 6 μL/min onde (■) corresponde as soluções de PLA a 10% (m/m) e (○) corresponde a soluções de PLA a 12% (m/m)...............................................................................................84 Figura 6.21. Micrografias das fibras eletrofiadas de PLA (lado esquerdo) e PLA/PAni(p-TSA) (lado direito) em diferentes condições de processo: (a, b) 18 KV e 4μL/min; (c,d) 18 KV e 6μL/min; (e,f) 22 KV e 4μL/min; (g,h) 22 KV e 6μL/min........................................................85 Figura 6.22. Micrografias das fibras de PLA/PAni(p-TSA) eletrofiadas a partir das soluções de PLA e PAni(p-TSA) em concentrações iniciais (m/m) de: (a) 1,6% a 18KV e 4μL/min; (b) 1.9% a 18 KV e 6μL/min; (c) 3,2 % a 18 KV e 6μL/min; (d) 3,8 % a 18 KV e 6μL/min; (e) 4,8 % a 22 KV e 6μL/min; (f) 5,7 % a 22 KV e 6μL/min...............................................................87 Figura 6.23. (a) Micrografia da amostra referente a corrida número um do planejamento experimantal 24 e (b) a respectiva distribuição de diametro das fibras coletadas..................89 Figura 6.24. Representação de uma função de densidade de probabilidades (PDF)...........90 Figura 6.25. Máxima probabilidade do diâmetro das fibras eletrofiadas: valores preditos versus valores observados.....................................................................................................96 Figura 6.26. Comparação dos dados experimentais e os calculados para as mesmas condições através do modelo ajustado com um limite de confiança de 90%.........................98 xvii Figura 6.27. Micrografias dos filmes de PLA/PAni em seis diferentes composições: (a) 1,6%; (b) 1,9% PAni; (a) 3,2%; (b) 3,8% PAni; (a) 4,7%; (b) 5,6% PAni........................................100 Figura 6.28. Comparação macroscópica da trama de fibras eletrofiadas com o filme depositado da mesma solução (a). Detalhe de uma fratura no filme vazado observadopor microscopia eletrônica de varredura (b)...............................................................................101 Figura 6.29. Micrografias das fibras de PLA/PAni(TSA) em diferentes quantidades de PAni: (a) 1,6%; (b) 1,9% PAni; (a) 3,2%; (b) 3,8% PAni; (a) 4,7%; (b) 5,6% PAni........................102 Figura 6.30. Ilustração de uma estrutura casca-caroço de uma fibra eletrofiada................102 Figura 6.31. Padrões de difração de raios-x dos filmes vazados em diferentes concentrações de PAni(TSA)................................................................................................103 Figura 6.32. Padrões de espalhamento de raios-x dos filmes vazados de PLA e PLA/PAni a 1,6%......................................................................................................................................104 Figura 6.33. Padrões de difração de raios-x das fibras eletrofiadas em diferentes composições de PAni de acordo com a Tabela 6.8.............................................................105 Figura 6.34. (a) comportamento comparativo entre a resistividade dos filmes depositados e das tramas eletrofiadas em função da concentração de PAni. (b) comportamento da resistividade das tramas de fibras eletrofiadas em função do diâmetro médio das fibras para uma mesma concentração de PAni......................................................................................109 Figura 6.35. Termogramas das fibras eletrofiadas de PLA (linha vermelha), resina PLA como recebida (linha azul) e filme de PLA depositado com a evaporação do solvente (linha preta).....................................................................................................................................110 Figura 6.36. Termogramas das tramas de fibras eletrofiadas com diferentes concentrações de polianilina.........................................................................................................................112 Figura 6.37. Comportamento do valor da transição vítrea e da temperatura de fusão cristalina em função da quantidade de PAni nas tramas eletrofiadas..................................112 Figura 6.38. Comportamento do valor da transição vítrea função do diâmetro das tramas eletrofiadas para uma mesma quantidade de PAni..............................................................113 Figura 6.39. Curvas de tensão versus deformação do filme vazado de PLA e da trama de fibras eletrofiadas de PLA com diâmetros em torno de 400 nm...........................................114 Figura 6.40. Curvas de tensão versus deformação para (a) fibras de PLA em comparação com as fibras de PLA/PAni a 2%; (b) curvas de tensão versus deformação em das tramas de PLA/PAni em diferentes concentrações de PAni..................................................................115 Figura 7.1. Representação esquemática do princípio de operação de um sensor químico.................................................................................................................................120 Figura 7.2. Representação esquemática de um microeletrodo interdigitado usado na fabricação dos sensores com detalhe mostrando a região dos dígitos................................123 xviii Figura 7.3. Fotografia de um eletrodo interdigitado seguida da representação de deposição das tramas de fibras eletrofiadas de PLA com PAni............................................................124 Figura 7.4. Diagrama do sistema de injeção de vapor de água usado. (1) cilindro contendo N2 seco; (2) válvula alternadora; (3) água líquida (erlenmeyer); (4) célula de medida; (5) multiplexador, (6) Solartron e (7) computador com software de aquisição dos dados. 126 Figura 7.5. Esquema ilustrativo do aparato usado para medidas e aquisição de dados do conjunto de sensores. (1) porta-amostra com o analito imerso num banho termostático para controle da temperatura; (2) multiplexador (parte superior) e analisador de resposta em freqüência e fase e (3) computador com um software dedicado..........................................127 Figura 7.6. Interface do sistema de coleta de dados desenvolvido na Embrapa Instrumentação Agropecuária (São Carlos – SP) para aquisição dos dados através do Solartron; (a) painel principal para inserção dos parâmetros de medidas e (b) painel de visualização da medida (impedância em módulo e fase, resistência e/ou capacitância) em tempo real.............................................................................................................................128 Figura 7.7. Comportamento da (a) resistência e (b) da capacitância dos sensores da série A em função da freqüência quando expostos a atmosfera saturada com vapor de água.......129 Figura 7.8. Comportamento da (a) resistência e (b) da capacitância dos sensores da série B em função da freqüência quando expostos a atmosfera saturada com vapor de água.......130 Figura 7.9. Curvas da resistência em função da freqüência do sensor 1A em três diferentes valores de umidade relativa: 1%, 54% e 100%....................................................................131 Figura 7.10. Comportamento da resposta resistiva dos sensores da série A em função da umidade no intervalo de freqüências considerado...............................................................132 Figura 7.11. Resposta capacitiva dos sensores 1A e 7A em três diferentes condições de umidade relativa....................................................................................................................133 Figura 7.12. Respostas resistivas dos sensores 1B, 2B, 3B e 4B cobertos com fibras em concentrações de polianilina 0%, 1,9%, 3,8 e 5.6% (m/m), respectivamente em diferentes valores de umidade na faixa de freqüências de 1 a 106 Hz.................................................135 Figura 7.13. Representação da seção transversal de um eletrodo metálico recoberto por uma camada de material fracamente condutor imerso em um eletrólito (a), e o circuito equivalente aproximado (b) proposto por Taylor e Macdonald............................................137 Figura 7.14. Curva da resposta capacitiva e perda capacitiva teórica em função da freqüência para um circuito equivalente a um eletrodo metálico recoberto por uma camada de material fracamente condutor imerso em um eletrólito segundo Taylor e Macdonald....138 Figura 7.15. Respostas resistivas e capacitivas dos sensores da série A em diferentes concentrações de KCl...........................................................................................................139 xix Figura 7.16. Resposta de um sensor i (Ri) em função da concentração (c) do analito para: (a) aumento/diminuição do sinal de resposta com a concentração e (b) resposta linearizada.............................................................................................................................140 Figura 7.17. Respostas resistivas e capacitivas linearizadas dos sensores da série A em função da concentração de analito em freqüência fixa de 1 KHz.........................................141 xx Lista de Tabelas Tabela 4.1. Planejamento para a síntese da PAni em tolueno de acordo com o planejamento experimental 23 considerando três corridas no ponto central.................................................29 Tabela 4.2. Resultados dos valores de condutividade da Pani em forma de pó prensado e rendimentos calculados para cada uma das onze corridas planejadas.................................29 Tabela 4.3. Resultados da análise dos efeitos principais dos parâmetros reacionais R1, R2 e T na condutividade elétrica da PAni.......................................................................................30 Tabela 4.4. Resultado da análise dos efeitos principais do modelo aplicado à Equação 4.2...........................................................................................................................................33Tabela 4.5. Resultados de condutividade simulado e experimental para a PAni(DBSA) sintetizada em tolueno............................................................................................................34 Tabela 4.6. Valores médios de condutividade superficial do pó prensado e rendimento das amostras sintetizadas com diferentes agentes dopantes em diferentes meios reacionais. ...35 Tabela 4.7. Principais bandas do espectro vibracional da polianilina....................................38 Tabela 4.8. Grau de oxidação das amostras sintetizadas com diferentes dopantes em diferentes meios estimados por espectroscopia no infravermelho.........................................39 Tabela 5.1. Valores de resistividade volumétrica para as amostras pulverizadas de polianilina, dmit e a mistura de ambos os materiais...............................................................51 Tabela 5.2. Distribuição das espécies de nitrogênio nas amostras poliméricas (determinados por XPS) e valores de grau de cristalinidade (determinados por WAXS)..............................55 Tabela 6.1. Valores de diâmetros médios, desvio padrão e concentração de grânulos para as amostras de PLA injetadas em diferentes potenciais........................................................78 Tabela 6.2. Faixa de valores consideradas para a obtenção de fibras poliméricas de PLA/PAni.................................................................................................................................80 Tabela 6.3. Valores de diâmetro médio e desvio padrão para as fibras obtidas em diferentes condições de processo...........................................................................................................81 Tabela 6.4. Valores máximos e mínimos das variáveis consideradas no planejamento experimental 24 para eletrofiação de fibras de PLA com PAni..............................................89 Tabela 6.5. Resultados experimentais da máxima probabilidade dos diâmetros de fibras e correspondentes limites superior e inferior com 95% de confiancia, de acordo com o planejamento experimental 24................................................................................................91 Tabela 6.6. Resultados da análise dos efeitos principais do experimento do planejamento experimental 24......................................................................................................................93 Tabela 6.7. Estimativa dos valores dos fatores do modelo otimizado representado na equação 6.4............................................................................................................................97 xxi Tabela 6.8. Características das fibras de PLA/PAni obtidas por eletrospinning depositadas por 6h......................................................................................................................................99 Tabela 6.9. Quadro comparativo entre os valores de fração cristalina Xc dos filmes vazados e fibras eletrofiadas de composição equivalente..................................................................106 Tabela 6.10. Comparação dos valores de tamanho de cristalito médio para as amostras de PLA/PAni na forma de filme e de fibras eletrofiadas em três ângulos de difração diferentes..............................................................................................................................107 Tabela 6.11. Valores do módulo elástico das fibras ensaiadas em função da concentração de polianilina e do diâmetro das fibras.................................................................................116 Tabela 7.1. Características das fibras depositadas por eletrofiação sobre os eletrodos em ambas as séries estudadas..................................................................................................125 Tabela 7.2. Valores de sensibilidade à umidade para os sensores da série A....................134 Tabela 7.3. Valores de sensibilidade à umidade para os sensores da série B baseados nas respostas resistiva e capacitiva............................................................................................136 Tabela 7.4. Valores de sensibilidade á presença de KCl(aq), calculados para as séries de sensores A e B......................................................................................................................142 xxii SÍMBOLOS E ABREVIATURAS AC – Corrente alternada; ANOVA – Análise de variância; APS – Persulfato de amônio; ATR – Refletância atenuada difusa; BC – Banda de condução; BV – Banda de valência; CB – Banda de condução; CSA – Ácido canforsulfônico; DBSA – Ácido dodecilbenzenosulfônico DC – Corrente contínua; DMA – Análise dinâmico mecânica; DMIT – 1,3-ditiol-2-tiona-4,5-ditiolato; DSC – Calorimetria diferencial de varredura; EB – Base de esmeraldina, forma desdopada da PAni; ES – Sal de esmeraldina; estado dopado da polianilina; FET – Transistor de efeito de campo; FTIR – Espectrometria no infravermelho por transformada de Fourier; HFP – 1,1,1,3,3,3-Hexafluoro-2-propanol; HOMO – Orbital molecular ocupado de maior energia; LEB – Leucoesmeraldina, estado completamente reduzido da polianilina; LED – Diodo emissor de luz; LUMO – Orbital molecular desocupado de menor energia; NLO – Óptica não linear; NMP – 1-metil-2-pirrolidona; PA – Poliacetileno; PAni – Polianilina; PNB – Pernigranilina; estado completamente oxidado da polianilina; PPV – poli(p-fenileno-vinilideno); PPy – Polipirrol; PTH – Politiofeno; p-TSA – Ácido para-toluenosulfônico; SEM – Microscopia eletrônica de varredura; xxiii TCNQ – 7,7,8,8-tetracianoquino-dimetano; TTF – Tetratiofulvaleno; UV-Vis – Espectrometria no ultravioleta e no visível; VB – Banda de valência; WAXS – Espalhamento de raios-x em altos ângulos; XPS - Espectroscopia de fotoelétrons excitados por raios-x; XRD – Difração de raios-x; 1 1. Introdução Desde a descoberta do poliacetileno (PA), o primeiro polímero intrinsecamente condutor sintetizado em 1977 por MacDiarmid, Shirakawa e Heeger (Heeger, 2001), uma série de polímeros intrinsecamente condutores foram subsequentemente sintetizados e estudados como, por exemplo, a polianilina (PAni), o polipirrol (PPy), o politiofeno (PTH), o poli(p-fenileno-vinilideno) (PPV), dentre outros. Segundo alguns autores, esses materiais podem combinar propriedades mecânicas de processamento dos polímeros com a condução elétrica comparada à dos metais, sendo assim chamados de Metais Sintéticos “Synthetic Metals” (Albuquerque, 2000). Desde então miríades de trabalhos têm sido publicados relatando aplicações tecnológicas dos polímeros condutores em diversos campos da ciência e tecnologia como o armazenamento e transformação de energia, catalisadores, indicadores, sensores, membranas, materiais eletrocrômicos, implantes neurais, supercondutores, tecidos condutores e muitos outros (Pron, 2002). Dentro desse contexto a polianilina (PAni) é um dos polímeros mais investigados nos últimos anos devido a sua facilidade de síntese, baixos custos e grande estabilidade quando exposta às condições ambientais (MacDiarmid, 2001; Heeger, 2001). Apesar das aparentes limitações da PAni em aplicações tecnológicas, devido às suas características de infusibilidade, insolubilidade e intratabilidade associados à elevada aromaticidade e rigidez das cadeias poliméricas, diversos trabalhos têm sido divulgados onde a PAni figura como agente principal, após sofrer algum tipo de modificação química ou física (Heeger, 2001). Existem diversas maneiras de melhorar as propriedades de processamento da PAni sem comprometer suas características elétricas, possibilitando aplicações específicas. A dopagem da PAni com diferentes agentes protônicos é uma das mais utilizadas para converter o polímero em seu estado metálico e, simultaneamente, obter um complexo de PAni solúvel em solventesorgânicos comuns (Heeger, 2001). Desde então, não somente uma gama de diferentes ácidos funcionalizados têm sido utilizados, mas também diferentes tipos de materiais como, por exemplo, complexos metálicos e condutores moleculares (Li, 2000). Um tipo de condutor molecular que tem despertado considerável atenção de diversos grupos de pesquisa são os 2 derivados de 1,3-ditiol-2-tiona-4,5-ditiolato ou dmit (Ikeuchi, 2005). Apesar destes compostos apresentarem grandes potenciais em aplicações com polímeros condutores, não existem muitos trabalhos divulgados envolvendo ambos os materiais (Pereira, 2005; Picciani, 2007). Além da dopagem com diferentes compostos, a polianilina pode ainda ser misturada a outros polímeros através de diversos métodos de processamento, de maneira a reter suas propriedades elétricas e, ao mesmo tempo, tornar a mistura aplicável em diversos campos da tecnologia. Atualmente muitas técnicas de processamento de materiais poliméricos objetivam a obtenção de materiais ordenados ou organizados na escala nanométrica (Ramakrishna, 2005). Diferentes formas de estruturas nanométricas podem ser formadas de acordo com o método de fabricação empregado, como nanofios, nanopontos, nanotubos, nanofibras e muitos outros. Uma das maneiras de se obter nanofibras poliméricas com baixos custos, grande controle sobre o processo e aplicável a diversos tipos de polímeros refere-se à técnica de eletrofiação. Esta técnica consiste na aplicação de um elevado potencial elétrico em uma solução polimérica, o que permite a formação de fibras ultrafinas com diâmetros que podem variar de poucos micrômetros até alguns nanômetros (Greiner, 2007). A técnica de eletrofiação (electrospinning) é um método bastante simples e versátil para a obtenção de fibras poliméricas de alta funcionalidade e alto desempenho que podem revolucionar o mundo dos materiais nanoestruturados (Cui, 2007). No que se refere à utilização de polímeros condutores como elementos sensoriais, a produção de estruturas poliméricas eletroativas em escala nano apresenta diversas vantagens em comparação com os métodos convencionais. Sensores químicos baseados em filmes ultrafinos obtidos por diferentes técnicas, foram aplicados com sucesso por vários grupos de pesquisa no reconhecimento de substâncias de interesse tanto em meio gasoso quanto em meio líquido, por exemplo (Brugnollo, 2007; Riul, 2003). Recentemente alguns pesquisadores têm relatado a utilização de sensores químicos baseados em nanofibras poliméricas. A utilização de nanofibras apresenta algumas vantagens sobre os filmes ultrafinos no que diz respeito à elevada área superficial por unidade de massa que as nanofibras poliméricas podem apresentar (Pinto, 2008; Bishop, 2005). Este trabalho vislumbra a possibilidade de obtenção de nanofibras poliméricas eletroativas contendo polianilina com objetivo de tornar este material possível de ser 3 usado como elemento sensorial. Para tal, procura-se inicialmente encontrar quais são as melhores condições experimentais na síntese da polianilina que podem levar um polímero com melhor desempenho elétrico e em boa quantidade. A seguir, são consideradas sínteses de polianilina com diferentes agentes dopantes com o objetivo de encontrar o sistema polimérico que melhor se adapte às condições experimentais para obtenção de fibras eletroativas ultrafinas contendo polianilina. Depois, o processo de eletrofiação é estudado em detalhe, buscando não somente a formação de fibras como um melhor entendimento do processo de formação de fibras poliméricas ultrafinas contendo polianilina. Finalmente, o trabalho considera alguns testes preliminares onde as fibras eletroativas foram depositadas em eletrodos metálicos e tiveram sua sensibilidade testada de acordo com as características de cada tipo de fibra em analitos de interesse, tanto em meio gasoso quanto em meio líquido. 4 2. Objetivo O presente trabalho tem como objetivo geral a obtenção, a caracterização e o estudo das características elétricas de misturas poliméricas contendo polianilina, na forma de fibras ultrafinas obtidas pela da técnica de eletrofiação e a aplicação destas fibras como elementos sensoativos de detecção de substâncias de interesse, tanto em meio gasoso quanto em meio líquido. Espera-se que estes novos materiais compósitos apresentem características eletro-eletrônicas diferenciadas dos materiais atualmente divulgados em literatura científica, possibilitando futuras aplicações tecnológicas. 5 3. Materiais e Métodos 3.1. Reagentes e Solventes Ácido Clorídrico – procedência: Vetec Química Fina – Brasil; grau de pureza: PA; usado como recebido. Ácido canforsulfônico – procedência: Sigma-Aldrich – USA; grau de pureza: >98%; usado como recebido. Ácido dodecilbenzenosulfônico – procedência: Acros Organics – USA; grau de pureza: >98%; usado como recebido. Ácido p-toluenosulfônico – procedência: Sigma-Aldrich – USA; grau de pureza; 98%; usado como recebido. Anilina – procedência: Sigma-Aldrich – USA; grau de pureza: 99%, utilizado como recebido. Anilina – procedência: VETEC Química Fina – Brasil; grau de pureza: PA; foi previamente destilada a vácuo e posteriormente armazenada em frasco de vidro âmbar em geladeira. Cloreto de Índio – procedência: Sigma-Aldrich – USA; grau de pureza: 99%, utilizado como recebido. Dimetilformamida – procedência: Sigma-Aldrich – USA; grau de pureza: 99%, utilizado como recebido. 1,1,1,3,3,3-Hexafluoro-2-propanol – procedência: Fluka – USA; grau de pureza: >99.0 %, utilizado como recebido. Hidróxido de Amônio – procedência: VETEC Química Fina – Brasil; grau de pureza: PA, utilizado como recebido. Perssulfato de amônio – procedência: VETEC Química Fina – Brasil; grau de pureza: PA, utilizado como recebido. Perssulfato de amônio – procedência: Mallinckrodt Inc.– USA; grau de pureza: PA, utilizado como recebido. Poli(ácido lático) – procedência: NatureWorks LLC – USA; nome comercial: Polylactide Resin 4042D; massa molecular 66.000 g/mol determinado por GPC em hexa-fluor-2-propanol; usado como recebido. Metanol – procedência: VETEC Química Fina – Brasil; grau de pureza: comercial, destilado a pressão atmosférica. 6 1-Metil-2-Pirrolidona – procedência: TEDIA – USA; grau de pureza: 99.0%, utilizado como recebido. Tolueno – procedência: Ipiranga; grau de pureza: comercial, destilado a pressão atmosférica. 3.2. Lista de equipamentos Além das aparelhagens comumente utilizadas no laboratório, foram utilizados os seguintes equipamentos: - Espectrofotômetro no Ultravioleta–visível (UV-Vis), Varian Cary, Modelo 100 [1]; - Espectrofotômetro no Infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), Varian 3100 FTIR, Excalibur Series [1]. - Espectrofotômetro no Infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), Nicolet MAGNA, Modelo IR- 760 [2]. - Difratômetro de raios-x a altos ângulos (WAXS), Miniflex Rigaku [1]. - Difratômetro de Raios-X (XRD), Philips X'Pert MPD [3]. - Microscópio Eletrônico de Varredura (SEM), JEOL, Modelo JSM-5300 [1]. - Microscópio Eletrônico de Varredura (field emission scanning electron microscope) Hitachi modelo S-4700 [3]. - Eletrômetro Keithley modelo 6517A[1]. - Multímetro Minipa modelo ET-2900[1]. - Analisador de resposta em freqüência e fase Solartron, modelo 1260 [4]. - Fonte de radiação síncroton [5]. - Calorímetro diferencial de varredura (DSC) modelo Q1000 (TA Instruments) [1]. 1 Equipamentos localizados no Instituto de Macromoléculas da UFRJ – Rio de Janeiro, RJ – Brasil. 2 Equipamentos localizados no Instituto de Química da UFRJ – Rio de Janeiro, RJ – Brasil. 3 Equipamentos localizados no United States Department of Agricultural – Albany, CA – USA. 4 Equipamentos localizados no Laboratório Nacional de Nanotecnologia Aplicada aoAgronegócio, Embrapa Instrumentação – São Carlos, SP – Brasil. 5 Laboratório Nacional de Luz SÍncrotron – Campinas, SP – Brasil. 7 3.3. Caracterizações As principais técnicas de caracterização dos materiais obtidos e estudados neste trabalho são descritas abaixo; 3.3.1. Técnicas espectroscópicas 3.3.1.1. Espectroscopia no ultravioleta-visível Os espectros eletrônicos dos sais de esmeraldina obtidos foram obtidos em soluções de tolueno em concentrações de ~10-3 g/L em cubetas de quartzo na região de 900 a 200 nm, com velocidade de varredura de 300 nm/min e resolução de 2 nm. Os espectros dos demais produtos obtidos neste trabalho foram obtidos em solução de NMP nas mesmas condições descritas acima. 3.3.1.2. Espectroscopia no infravermelho Os espectros no infravermelho foram obtidos no equipamento Varian 3100 utilizando-se o módulo de ATR com ponta de cristal de germânio na região de 4000 a 800 cm-1 com a integração de 100 varreduras e resolução de 4 cm-1. Os demais espectros obtidos neste trabalho foram obtidos em pastilhas de CsI na região de 4000 a 150 cm-1, com 32 integrações e resolução de 2cm-1. 3.3.1.3. Espectroscopia de fotoelétrons excitados por raios-x – XPS A técnica de XPS foi conduzida na linha de mesmo nome no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS/Campinas, Brasil) com as fontes convencionais disponíveis no laboratório, (Al Kα com resolução igual a 0,8 eV). Os picos N 1s foram deconvoluídos em seus componentes construídos de uma linha base Gaussiana- Lorentziana (Gaussiana = 80% e Lorentziana = 20%) em uma base de Shirley. 3.3.1.4. Espalhamento de raios-X em altos ângulos As medidas de espalhamento de raios-X em altos ângulos (WAXS) foram realizadas em dois diferentes equipamentos: Miniflex Rigaku, com radiação CuKα, comprimento de onda λ = 1,5418 ângstrons e monocromador de grafite. Os dados serão coletados a cada 0,05° com 8 2θ variando de 2° a 40°. As amostras foram pulverizadas e posteriormente colocadas em recipiente apropriado. Difratômetro de Raios-X Philips X'Pert MPD operado a 45 kV, 40 mA com um filtro de grafite e radiação Cu Kα1 (comprimento de onda de 0,154 nm) As amostras foram varridas de 1,5 a 40° com velocidade de varredura de 0,1°/s. 3.3.2. Microscopia eletrônica de varredura - SEM Foram utilizados dois diferentes equipamentos: Microscópio Eletrônico de Varredura, JEOL JSM-5300, com uma tensão de aceleração de 15kV. As amostras foram recobertas com ouro por 45 segundos e observadas em sua forma pulverizada ou em forma de filme, dependendo do material. Microscópio eletrônico de varredura com emissão de campo Hitachi modelo S-4700 operando a uma tensão de 2 kV na análise das fibras eletrofiadas. Todas as fibras foram recobertas com ouro em um equipamento Denton Desk II (Denton, NJ, USA) por aproximadamente 45 s com pressão de 75 mTorr. As imagens foram obtidas com resolução de 1280x960 pixels e escolhidas de acordo com sua representatividade para cada amostra. 3.3.3. Medidas de condutividade elétrica A condutividade elétrica por corrente contínua dos materiais foi determinada pelo método padrão de quatro pontas (ASTM D 991-89) com o auxílio de um eletrômetro Keithley modelo 6517A, que atua simultaneamente como fonte e voltímetro de alta impedância e um multímetro (Minipa ET-2900) que atua como amperímetro. O arranjo experimental deste circuito é apresentado na Figura 3.1. 9 Figura 3.1. Arranjo experimental do método de quatro pontas. Com o conhecimento das distâncias entre as pontas S1, S2 e S3, os valores de resistividade superficial (ρs) das amostras podem ser encontrados através da Equação 3.1 (Valdes, 1954; Girotto, 2002). 322131 1111 2 SSSSSS i V s + − + −+ = π ρ (Equação 3.1) Onde V é o valor de tensão marcado no eletrômetro e i a corrente lida no multímetro após um tempo de eletrificação da amostra de 60 s. Para as amostras mais resistivas os valores de resistividade volumétrica foram medidos de acordo com o método ASTM D257. O porta-amostra foi projetado de acordo com a Figura 3.2, que segue o modelo dos três eletrodos proposto pela norma ASTM. As amostras foram prensadas com espessuras de 1 mm e a medida da resistência volumétrica Rv foi realizada submetendo o material a uma diferença de potencial conhecida, por um tempo de eletrificação de dois minutos, como descrito na literatura (Girotto, 2002; ASTM D257-99). 10 Figura 3.2. Vista lateral e superior do porta-amostras utilizado nas medidas de resistividade volumétrica das amostras (Girotto, 2002). Os valores de resistividade volumétrica foram calculados através da Equação 3.2 i V gd v × + = ω π ρ 4 )( 2 (equação 3.2) onde ρv é a resistividade volumétrica da amostra, expressa em Ω.cm; c, d e g são as dimensões do porta-amostras (c= 35mm, d= 23mm, e g = 1 mm), w é a espessura da amostra e V e i são, respectivamente a tensão aplicada e a corrente medida durante o experimento. 3.3.4. Análise Térmica As fibras e filmes obtidos foram analisados em equipamento de calorimetria de varredura diferencial (DSC) modelo Q1000 (TA Instruments). Em torno de 2 mg de amostra foram selados em uma panelinha de alumínio e tiveram a temperatura varrida de 0°C a 200°C com taxa de aquecimento de 10°C/min. Após, a temperatura foi mantida a 200°C por 1 minuto e então baixada rapidamente a 0°C, quando se iniciou o segundo aquecimento a 10°C/min até 200°C. Todos os termogramas foram considerados em seu segundo aquecimento. 11 3.3.5. Ensaios mecânicos de tensão deformação Pedaços das tramas das fibras eletrofiadas foram recordados com dimensões de aproximadamente 10 mm x 5,5 mm x 0,1 mm e ensaiados em equipamento DMA Q 800 (TA Instruments, USA) no modo de rampa de deslocamento com força de pré- carregamento de 0,010 N e taxa de deslocamento de 40 μm/min. As condições de experimento foram baseadas em rotinas pré-definidas pelo fabricante do equipamento para filmes poliméricos. A temperatura do experimento foi mantida em 25°C sob atmosfera de nitrogênio. A Figura 3.3 ilustra a trama de fibras eletrofiadas montada no modulo de tensão de filmes do equipamento antes do ensaio. Figura 3.3. Modulo de tensão de filmes do equipamento DMA Q 800 da TA Instruments. 12 4. Estudo da Dopagem da polianilina com diferentes agentes 4.1. Introdução 4.1.1. Polímeros Intrinsecamente Condutores – PIC’s Uma nova classe de polímeros que tem atraído muita atenção de vários grupos de pesquisa é a dos polímeros intrinsecamente condutores – PIC´s ou “Intrinsically Conducting Polymers” – ICP’s (Lux, 1994, Mattoso, 1996, Albuquerque, 2000). Desde a descoberta do poliacetileno (PA), o primeiro polímero intrinsecamente condutor sintetizado em 1977 por MacDiarmid, Shirakawa e Heeger (Heeger, 2001), vários PIC´s têm sido subsequentemente sintetizados e estudados como a polianilina (PAni), o polipirrol (PPy), o politiofeno (PTH), o poli(p-fenileno- vinilideno) (PPV), dentre outros. Esses materiais podem combinar propriedades mecânicas de processamento dos polímeros com a condução elétrica comparada à dos metais, sendo assim chamados de Metais Sintéticos, “Synthetic Metals” (Albuquerque, 2000). Tanto a compreensão do fenômeno da condução elétrica nestes materiais quanto suas possíveis aplicações científicas e tecnológicas despertaram a atenção de vários grupos de pesquisa em todo o mundo (Xu, 2000). Uma das principais características dos polímeros condutores é a presença de ligações π conjugadas ao longo da cadeia polimérica, o que lhes proporciona propriedades eletrônicas diferenciadas como baixas energias de transição óptica, baixos potenciais de ionização e grande afinidade eletrônica. Assim, podem ser oxidados e reduzidos com facilidade e com reversibilidade, conferindo-lhes propriedadesisolantes e condutoras de eletricidade, conforme seu estado de oxidação (Riande, 2004; MacDiarmid, 1993). 13 4.1.2. Dopagem em Polímeros Condutores A dopagem de um polímero é o principal conceito que pode distinguir polímeros condutores dos outros tipos de polímeros (MacDiarmid, 1993). Diferentemente ao que ocorre com os semicondutores inorgânicos, a dopagem em polímeros condutores pode ser definida como um processo no qual um polímero que contenha duplas ligações alternadas em sua cadeia, tem suas propriedades eletrônicas, magnéticas, ópticas e estruturais alteradas e acompanhadas por um drástico aumento em sua condutividade, devido à adição de grandes quantidades (~50% em massa) do agente dopante (MacDiarmid, 2001). A dopagem pode ocorrer basicamente através dos seguintes processos: (1) dopagem química por transferência de carga em reações redox; (2) dopagem eletroquímica onde a reação redox ocorre em um eletrodo; (3) fotodopagem, onde o polímero é localmente oxidado ou reduzido por fotoabsorção, levando à criação e separação de transportadores de carga; (4) dopagem interfacial, onde elétrons e buracos são injetados através de contatos metálicos nas bandas π* e π respectivamente (Heeger, 2002; MacDiarmid, 1995). Todos os processos de dopagem descritos acima são considerados como uma dopagem primária e produzem um aumento nos caminhos condutores e no número dos portadores de carga ao longo da cadeia polimérica (Kroshwitz, 1986, MacDiarmid, 1995). Cada tipo de dopagem apresenta vantagens específicas em relação às outras, proporcionando diferentes tipos de aplicações tecnológicas. Algumas dessas aplicações são exemplificadas na Figura 4.1. 14 Figura 4.1. Mecanismos de dopagem em polímeros condutores e aplicações relacionadas (Heeger, 2002). O primeiro polímero intrinsecamente condutor obtido foi o poliacetileno, em 1977, onde em sua forma original possuía baixos valores de condutividade (σ = 10-5 S/cm). Foi então submetido à ação de agentes dopantes, oxidantes e redutores, tornando-se condutor elétrico intrínseco (σ = 102 S/cm) (Heeger, 2002). Esse trabalho rendeu o prêmio Nobel de química do ano 2000 a Alan MacDiarmid, Hideki Shirakawa e Alan Heeger pela “descoberta e desenvolvimento dos polímeros condutores” (Heeger, 2002; Petty, 1995; Kroshwitz, 1986). Alan MacDiarmid e Arthur Epstein introduziram ainda o conceito da dopagem secundária, onde o polímero condutor é exposto a uma substância, aparentemente inerte, que produz mudanças significativas nas propriedades do polímero dopado, incluindo um aumento significativo da condutividade. Essa substância difere de um dopante primário, pois quando o agente dopante é retirado, as novas propriedades adquiridas permanecem (MacDiarmid, 1995). 15 4.1.3. Polianilina Um grande impulso foi dado a partir da década de 1990 quando foram relatados estudos de aplicação tecnológica dos polímeros eletroativos em baterias recarregáveis, dispositivos eletrônicos, sensores químicos, biossensores, diodos emissores de luz, proteção contra corrosão, recobrimento de materiais, dentre outros (Mattoso, 1996; Xu, 2000). Dentro deste contexto, a polianilina (PAni) é um dos polímeros orgânicos eletroativos mais investigados nos últimos anos, devido à sua facilidade de síntese, baixos custos e elevada estabilidade em condições ambientais quando comparado aos demais polímeros condutores (Du, 2004). A polianilina é produzida através da reação química que leva ao acoplamento 1,4 das unidades monoméricas de anilina em meio ácido (Lux, 1994). A representação da fórmula estrutural da PAni é representada na Figura 4.2. N H H N N N y 1-y x Figura 4.2. Estrutura molecular da Polianilina (PAni) (Lux, 1994). Os subscritos y e (y-1) representam as espécies reduzidas (estrutura benzenóide) e oxidadas (estrutura quinonóide), respectivamente. O valor de y pode variar continuamente entre 1 (um), para o polímero completamente reduzido, e 0 (zero), para sua forma completamente oxidada. O termo x representa o grau de polimerização da cadeia. Os três estados de oxidação mais comuns da polianilina são comumente conhecidos como; Leucoesmeraldina (LEB), correspondente à forma completamente reduzida quando y = 1; Permigranilina (PNB) para a forma completamente oxidada, quando y = 0; e a Esmeraldina (EB) quando y = 0,5 (Lux, 1994; MacDiarmid, 1995). 16 4.1.3.1. Síntese da Polianilina A forma mais utilizada de obtenção da polianilina é através da polimerização oxidativa da anilina. As reações de polimerização podem ocorrer através de métodos químicos ou eletroquímicos, dependendo das características esperadas para o produto final como, por exemplo, condutividade elétrica e conversão. O conceito da polimerização da anilina como um processo redox é limitado apenas para o estágio inicial do processo, enquanto que para os estágios posteriores são utilizadas aproximações cinéticas do estudo das polimerizações (Gospodinova, 1998). A Figura 4.3 apresenta o mecanismo proposto por Wei e colaboradores, baseado principalmente em estudos cinéticos da polimerização da anilina pela via eletroquímica (Wei, 1990). Figura 4.3. Mecanismo simplificado de polimerização da anilina, proposto por Wei e colaboradores (Wei, 1990). De acordo com os autores, a etapa mais lenta na polimerização da anilina é a oxidação do monômero da anilina para formar espécies dimerizadas (p-amino- 17 difenil-anilina, N,N’-difenil-hidrazina e benzidina) pois, o potencial de oxidação do monômero é maior que os dos dímeros. Após sua formação, os dímeros são imediatamente oxidados e então reagem com monômeros anilina via substituição eletrofílica aromática, seguido por processos de oxidação e protonação para formar trímeros. Este processo é repetido várias vezes levando à formação de polímero (Wei, 1990). Segundo Gospodinova e Terlemezyan, este modelo apresenta várias discrepâncias e contradições, principalmente no que diz respeito à velocidade da reação e aos potenciais envolvidos. Isso levou outros autores a apresentarem modelos mais sofisticados envolvendo cátions nitrênio (C6H5NH+) (Gospodinova, 1998). Um modelo mais elaborado envolvendo o número de unidades repetitivas de anilina, números de elétrons no processo redox e potenciais eletroquímicos, foi proposto por Gospodinova e colaboradores e é apresentado na Figura 4.4. Figura 4.4. Modelo proposto para o mecanismo de propagação da polimerização da anilina baseado em (Gospodinova, 1997). No esquema acima, n corresponde ao número de unidades anilina; m o número de elétrons envolvidos na transição redox; (m = 2,4…n); Em os potenciais eletroquímicos do sistema correspondente a cada uma das n/2 transições redox; Ared 18 e Aox, às formas reduzidas e oxidadas do monômero, respectivamente; Bred e Box, às formas reduzidas e oxidadas da oligo- e polianilina. Inúmeras rotas de síntese da polianilina são descritas na literatura. Essa grande variedade de métodos se fundamenta na busca pela obtenção de uma PAni com melhores características de processamento. Isso depende de um grande número de variáveis como o tipo dos agentes oxidantes e dos dopantes utilizados. O primeiro método de síntese da polianilina, apresentado por MacDiarmid e colaboradores, envolve simplesmente a adição de quantidades determinadas de anilina e perssulfato de amônio (agente oxidante) em solução aquosa de HCl (1M) a 0ºC (MacDiarmid, 1989). Geralmente o polímero obtido PAni(HCl) é obtido em forma de pó, frequentemente com baixos graus de cristalinidade e orientação molecular, os quais estão associados a modestos valores de condutividade elétrica (Österholm, 1994). Evidentemente o meio ácido pode ser substituído por outros tipos de ácidos protônicos, como o ácido sulfúrico, ácido fórmico (Dan, 2003), ácidos carboxílicos (Erdem, 2004), ácido acrílico (Athawale, 2002) e muitosoutros. Quando ácidos protônicos funcionalizados são utilizados em sínteses de polianilina, as variáveis envolvidas aumentam e, consequentemente, muitos outros métodos são descritos. Österholm e colaboradores apresentaram um interessante trabalho sobre a polimerização em emulsão da PAni na presença de ácido dodecil-benzeno-sulfônico (DBSA) e solventes não polares ou fracamente polares. Neste caso o ácido protônico funcionalizado atua tanto como agente emulsificante quanto como agente dopante. Segundo os autores, os complexos de PAni(DBSA) podem ser produzidos com elevada massa molar, alta solubilidade e, sob condições específicas, com uma interessante morfologia fibrilar mostrando um excepcional grau de cristalinidade e orientação molecular (Österholm, 1994). Os autores apresentaram resultados da polimerização da anilina em diversas concentrações, utilizando dois tipos de solventes (xileno e clorofórmio), em temperaturas de 0°C e 25°C. Os produtos obtidos foram caracterizados em função do rendimento da reação, viscosidade, condutividade do polímero recém sintetizado, além de micrografias de transmissão eletrônica. A condição de temperatura ótima encontrada foi entre 0-5°C, onde valores maiores de temperatura proporcionam menores valores de viscosidade. Isto indica uma menor massa molar do polímero (Österholm, 1994). Das variáveis de síntese estudadas, a relação oxidante/anilina 19 foi a que mais afetou o rendimento da polimerização, porém demais variáveis afetaram marcadamente a viscosidade dos complexos PAni(DBSA) resultantes. Os polímeros sintetizados exibiram maiores valores de viscosidade (massa molar) que os observados para a PAni comumente sintetizada em meio aquoso (Österholm, 1994). Foi ressaltado que a solubilidade dos complexos assim obtidos é maior que a dos complexos obtidos pela mistura mecânica da base de esmeraldina e o DBSA, devido a uma maior homogeneidade de protonação pela polimerização em emulsão (Österholm, 1994). Uma rota alternativa para a polimerização da anilina, utilizando o DBSA como agente dopante, é a obtenção do sal DBSAni através da reação de anilina com DBSA. O sal DBSAni é posteriormente recristalizado com água e metanol antes da polimerização. A reação de polimerização ocorre em suspensão de clorofórmio, água e perssulfato de amônio como oxidante. Posteriormente a suspensão é desestabilizada com adições de acetona e metanol ao meio reacional. O sólido obtido pode então, ser seco e utilizado em diversas aplicações (Kuramoto, 1997). 4.1.3.2. Dopagem da PAni A polianilina pertence à classe de polímeros condutores que pode ser dopada por protonação, isto é, sem que ocorra alteração no número de elétrons (oxidação ou redução) associados à cadeia polimérica (Mattoso, 1996; MacDiarmid, 1993; 1995). Assim, os átomos de nitrogênio imina das espécies podem estar total ou parcialmente protonados para obter o polímero na forma de sal, o sal de esmeraldina (ES) (Mattoso, 1996; MacDiarmid, 1993). O estado de oxidação esmeraldina, y = 0,5 é a forma mais estável da polianilina na qual, após dopagem, se alcançam os maiores valores de condutividade. A protonação da base esmeraldina induz a uma transição isolante-condutor, enquanto o número de elétrons pz na cadeia permanece constante. Vários trabalhos vêm sendo desenvolvidos para estudar essa transição não usual que leva a formação de cátions-radicais ou defeitos localizados na estrutura eletrônica da cadeia polimérica (Gospodinova, 1998). Os tipos de defeitos associados às cadeias com conjugação podem ser do tipo: soliton, polaron e bipolaron; porém, nunca foi observada experimentalmente a existência de solitons na polianilina (Rice, 1982, 20 Przylusky, 1991). Dessa forma, o processo de protonação da polianilina provoca um deslocamento de energia do orbital molecular ocupado de maior energia (HOMO) e do orbital molecular desocupado de menor energia (LUMO) da estrutura eletrônica do polímero, causando uma diminuição na energia de ionização e gerando os chamados estados polarônicos. O processo de dopagem por protonação da base esmeraldina induz a formação das estruturas polarônicas e bipolarônicas, como representado na Figura 4.5. As estruturas geométricas representadas correspondem a da (a) poliesmeraldina antes da protonação, (b) a formação de bipolarons, (c) polarons e (d) a estrutura polarônica mais estável (Staftröm, 1987). Figura 4.5. Processo de protonação da base esmeraldina (Staftröm, 1987). 21 As energias envolvidas nas transições descritas acima apresentam energias da ordem de 2 eV e portanto, podem ser observadas através de técnicas espectroscópicas na faixa do ultravioleta-visível. McCall e colaboradores explicaram a origem das absorções foto-induzidas relativas aos defeitos eletrônicos da polianilina (McCall, 1990). A Figura 4.6 mostra a definição esquemática do modelo proposto para as propriedades dos estados eletrônicos da PAni, baseados nas posições relativas das bandas de valência (VB ou HOMO) e condução (CB ou LUMO). São incluídos os estados excitados: (1) polaron positivo PB + ; (2) polaron negativo PB - ; (3) polaron negativo localizado em anel quinonóide PQ - ; (4) polaron positivo localizado próximo a um anel quinonóide PBQ + e (5) exiton (McCall, 1990). Figura 4.6. Representação esquemática dos estados eletrônicos para a PAni com os níveis de energia aproximados (McCall, 1990). 22 Muitas das aplicações potenciais da polianilina têm sido limitadas devido a sua inerente intratabilidade. Isso resulta da natureza altamente aromática da polianilina, além das ligações de hidrogênio intercadeias e os efeitos de deslocalização de cargas que aumentam acentuadamente a rigidez das cadeias poliméricas (Paul, 2001; Heeger, 2002). Portanto, a polianilina se decompõe antes de atingir a fusão e apresenta baixíssima solubilidade, em sua forma dopada, até mesmo em solventes altamente polares. A polianilina em seu estado dopado não é solúvel em solventes orgânicos ou água, sendo também infusível (Kuramoto, 1997). Segundo Heeger, Cao e colaboradores realizaram um grande progresso em 1991 quando utilizaram ácidos protônicos funcionalizados para converter a polianilina em seu estado metálico e simultaneamente, obter um complexo de PAni solúvel em solventes orgânicos comuns (Heeger, 2002). Os contra-íons funcionalizados, grupos alquila em sua maioria, atuam como “surfactantes” onde uma parte da molécula fica ligada ionicamente à cadeia protonada da PAni, enquanto a outra parte interage com solventes orgânicos. Desde então uma gama de dopantes vêm sendo utilizados com o objetivo de melhorar a processabilidade de polianilina, muitas vezes acompanhado de um decréscimo da condutividade elétrica do material (Kuramoto, 1997). Uma grande quantidade de ácidos sulfônicos vem sendo utilizada com esse intuito, onde podem ser citados: o ácido dodecilbenzenossulfônico (DBSA), o ácido canforssulfônico (CSA), o ácido naftenossulfônico (NSA), o ácido p-toluenossulfônico (p-TSA), dentre muitos outros derivados. A variedade dos dopantes utilizados não se restringe apenas aos derivados de ácidos sulfônicos onde, além dos ácidos inorgânicos (Zhang, 2002), são também utilizados oxalatos (Mathur, 2001), íons metálicos (Dimitriev, 2004; Ali, 2005), óxidos metálicos (Xu, 2005) e até mesmo fulerenos e compostos de coordenação e compostos de coordenação (Wang, 2005; Langer, 2001; Ferreira, 2003; Picciani, 2007). 23 4.2. Objetivo Específico Como discutido acima, a polianilina pode ser sintetizada em diversas maneiras com diferentes tipos de agentes dopantes. A síntese química considerada como padrão neste trabalho considera a oxidação da anilina em meio aquoso acidificado com HCl (MacDiarmid, 1989). Na síntese da PAni existem vários fatores que podem influenciar na condutividade resultante e na conversão da polianilina sintetizada.
Compartilhar