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Caderno Monitoria Direitos Fundamentais primeira unidade Geovane Peixoto

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1 
 
CADERNO DE REVISÃO PARA A AV1 DE DIREITOS 
FUNDAMENTAIS 
MONITORA: ANA BEATRIZ DE MORAIS/ PROFESSOR: GEOVANE PEIXOTO 
AVISOS: 
• A PROVA DA TURMA “D” VAI ATÉ LIBERDADE (CONCEITO GERAL) E LIBERDADE 
RELIGIOSA; DA TURMA “A” ATÉ DIREITO À IGUALDADE. 
• O PROFESSOR REFORÇA A IMPORTÂNCIA DA LEITURA DOS TEXTOS 
DISPONIBILIZADOS NO ÁGATA E O CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DE 
BERNARDO GONÇALVES FERNANDES. 
SUMÁRIO 
Introdução aos direitos fundamentais ........................................................................................................ 1 
Direitos humanos ........................................................................................................................................ 3 
Dimensões dos direitos fundamentais ........................................................................................................ 5 
Da primeira dimensão ............................................................................................................................. 5 
Da segunda Dimensão ............................................................................................................................ 6 
Da terceira dimensão .............................................................................................................................. 7 
Quarta e quinta dimensões? ................................................................................................................... 7 
Eficácia e aplicabilidade .............................................................................................................................. 8 
Eficácia horizontal ................................................................................................................................... 8 
A eficácia e o princípio da aplicabilidade ................................................................................................ 8 
Transconstitucionalismo ........................................................................................................................... 10 
Direito à vida ............................................................................................................................................. 11 
Direito à igualdade .................................................................................................................................... 12 
Direito à liberdade .................................................................................................................................... 13 
Liberdade de consciência e crença........................................................................................................ 14 
 
INTRODUÇÃO AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
ANA BEATRIZ DE MORAIS 
 MONITORIA DF 2022.2 
 
2 
 
À priori, é importante destacar que os direitos humanos fundamentais servem de parâmetro 
de aferição do grau de democracia de uma sociedade (...) eles têm um papel decisivo na 
sociedade, porque é por meio dos direitos fundamentais que se avalia a legitimação de 
todos os poderes sociais, políticos e individuais. Onde quer que esses direitos padeçam de 
lesão, a sociedade se acha enferma. (CUNHA, 2012, p. 565) 
Pode-se dizer que o critério basilar para a construção de um conceito material de direitos 
fundamentais é o princípio da dignidade da pessoa humana, mas não é exclusivo. Assim, é 
certo conceituar os direitos fundamentais como posições jurídicas que investem o ser 
humano de um conjunto de prerrogativas, faculdades e instituições imprescindíveis a 
assegurar uma existência digna, livre, igual e fraterna de todas as pessoas. Se apresentam 
em duplo sentido: de um lado, porque são essenciais aos homens em sua convivência com 
outros homens; de outro lado, porque eles representam os pilares ético-política-jurídicos 
do Estado, fornecendo as bases sobre as quais as ações dos órgãos estatais se desenvolvem, 
em cujos limites se legitimam (determinantes de limites negativos) e para a concretização 
dos quais se determinam comportamentos positivos do Estado (determinantes positivos). 
Tendo como núcleo essencial a dignidade humana, os direitos fundamentais são princípios 
jurídicos que concretizam o respeito à dignidade da pessoa humana, seja numa dimensão 
subjetiva, provendo as pessoas de bens e posições jurídicas favoráveis e invocáveis perante 
o Estado e terceiros, seja numa dimensão objetiva, servindo como parâmetro conformador 
do modelo de Estado. (CUNHA, 2012, p. 573). 
Dessa forma, compreende-se que, no sentido formal, os direitos fundamentais são posições 
jurídicas reconhecidas às pessoas por decisão do legislador. Já no sentido material, são 
aqueles que mesmo fora do catálogo expresso da Constituição formal, podem ser 
equiparados, por conta do seu conteúdo de importância. Reunindo os dois, pode-se 
conceituar assim: “os direitos fundamentais são todas aquelas posições jurídicas 
favoráveis às pessoas que explicitam, direta ou indiretamente, o princípio da dignidade 
humana, que se encontram reconhecidas no texto da Constituição formal 
(fundamentalidade formal) ou que, por seu conteúdo e importância, são admitidas e 
ANA BEATRIZ DE MORAIS 
 MONITORIA DF 2022.2 
 
3 
 
equiparadas, pela própria Constituição, aos direitos que esta formalmente reconhece, 
embora dela não façam parte (fundamentalidade material).” 
DIREITOS HUMANOS 
o Um dos valores fundamentais a ser assegurado, primordial, é a dignidade humana. 
o Direitos humanos é, basicamente, bens essenciais que visam efetivar a dignidade 
humana, positivados em tratados internacionais. 
o A diferença entre direitos humanos e direitos fundamentais é a sua fonte normativa, 
o primeiro, encontra-se na Constituição, o segundo, em tratados internacionais. 
o Um tratado internacional é elaborado a partir de uma negociação entre Estados e 
seus representantes estatais, que caso concorde, assina o tratado. No Brasil, o 
representante é o Presidente da República. Após a assinatura, é enviado ao 
Congresso Nacional para a sua aprovação, em caso de validação, é ratificado pelo 
Presidente por decreto e, depois, ocorre a inserção no ordenamento jurídico. 
o O STF não concorda com a similaridade que é atribuída aos conceitos mencionados, 
pois, de acordo com o art. 105, III, a, é de competência do STJ julgar, em sede de 
recurso especial, a lei e os tratados internacionais. Dessa forma, o STF invalidou o 
entendimento da similaridade, tendo em vista que o art. 105 dava aos tratados 
qualidade de lei e não equiparação ao texto constitucional, como os direitos 
fundamentais. 
o Pacto de San Jose da Costa Rica: 
“Também conhecida como Convenção Americana de Direitos Humanos, traz, em seu 
texto, um acervo de 81 artigos, incluindo disposições transitórias, tendo por base a 
declaração universal dos direitos do homem (1948), dispondo sobre direitos civis, 
políticos, econômicos, sociais, culturais, meios de proteção, funcionamento da corte 
interamericana de direitos humanos, dentre outros assuntos. Foi assinado no ano de 1969, 
na cidade de San Jose, Costa Rica, por inicialmente 11 integrantes. O Brasil apenas o 
aprovou, pelo Congresso Nacional, em 26 de maio de 1992, por meio do Decreto 
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4 
 
legislativo nº 27, e o ratificou, também em 1992, por meio do Decreto nº 678, passando a 
cumpri-lo no seu ordenamento interno. A alegação para a demora residia na 
argumentação de que éramos soberanos e estaríamos sendo regidos por normas 
internacionais. No entanto, com a incorporação, a questão passou a ser o status conferido 
ao pacto de san Jose da Costa Rica, se este teria ou não caráter constitucional. Como a 
jurisprudência consolidada do STF conferia o status de lei ordinária aos tratados 
internacionais, logo, para a corte, disposições da convenção não poderiam derrubar 
normas constitucionais.” (LEITE, 2013) 
“Saiu vitoriosa, por 5 votos a 4, a tese deque estes tratados tinham caráter não 
constitucional, e sim de supralegalidade, portanto, abaixo da constituição, mas acima das 
demais leis, inclusive do Código de Processo Civil, que regulamenta a prisão civil. Em 
consequência, toda a legislação empregada, direta ou indiretamente, para possibilitar a 
prisão do depositário infiel, restou revogada. Com a decisão do Supremo Tribunal 
Federal, findou-se a possibilidade de prisão civil por dívida, em todas as hipóteses 
existentes. Ou seja, na prática, não existe mais esta prisão. Também restou revogada a 
Súmula STF 619 que autorizava a prisão do depositário judicial no próprio processo em 
que se constituiu o encargo.” (LEITE, 2013) 
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não 
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela 
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República 
Federativa do Brasil seja parte. (caráter material) 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos 
que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois 
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão 
equivalentes às emendas constitucionais. (aspecto formal) 
o Hoje, os tratados no Brasil são vistos como normas infraconstitucionais, exceto em 
matéria de Direitos Humanos. 
o Qual a posição do STF em relação aos tratados internacionais que tratam de direitos 
humanos? (estão abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna) 
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5 
 
“Assim, antes de serem direitos positivados, os direitos humanos fundamentais são direitos 
morais decorrentes da própria condição humana. E como tais, ainda que não positivados, 
devem ser observados e respeitados, por exigência de uma consciência ética coletiva, 
consistente na convicção generalizada da comunidade de que o homem só vive, convive e 
desenvolve suas virtualidades se alcançar um estágio ideal de dignidade. Os direitos 
humanos fundamentais não são, porém, apenas um conjunto de princípios morais que 
devem informar a organização da sociedade e a criação do direito. Enumerados em 
diversos tratados internacionais e constituições, asseguram direitos aos indivíduos e 
coletividades e estabelecem obrigações jurídicas concretas aos Estados. Compõem-se de 
uma série de normas jurídicas claras e precisas, voltadas a proteger os interesses mais 
fundamentais da pessoa humana. São normas cogentes que obrigam e vinculam os Estados 
no plano interno e externo.” (CUNHA, 2012, p. 633) 
DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
o Karel Vasak sintetizou a teoria geracional dos direitos fundamentais, evidenciando 
três gerações: da liberdade, da igualdade e da fraternidade. 
o Para a maioria, a discussão sobre a substituição do termo “gerações” por 
“dimensões” é irrelevante, assim, os dois termos podem ser considerados sinônimos. 
o Sobre as dimensões, há uma espécie de complementariedade, a segunda geração 
adiciona novos direitos à primeira e a terceira adiciona à segunda. 
DA PRIMEIRA DIMENSÃO 
Aqui, trata-se da dimensão dos direitos subjetivos (liberdade, privacidade, propriedade 
etc.), marcadamente individualistas, direitos de defesa. Existe uma lógica liberal, que foi 
pautada na limitação da intervenção estatal, uma reação contra os regimes absolutistas (a 
ascensão do estado de bem-estar social), buscando a intervenção mínima do Estado (Estado 
omissivo). Se deu através das Declarações do século XVIII e das primeiras constituições 
escritas que despontaram no constitucionalismo ocidental. Considera-se os cidadãos 
autônomos para regular esses direitos (à vida, liberdade etc.). A importância da divisão de 
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poderes para a garantia dos direitos individuais (negativos) é explicita, condiciona a 
existência de uma constituição estatal a partir de uma visão sociológica. Esses direitos 
foram reconhecidos para a tutela das liberdades públicas, em razão da preocupação de 
proteger as pessoas do poder opressivo do Estado. Aqui, o Estado era reduzido a guardião 
das liberdades apenas. 
Artigo 16 (DCUH) 
Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de 
raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimónio 
e fundar uma família. Têm direitos iguais em relação ao casamento, 
a sua duração e a sua dissolução. 
O casamento não será válido senão com o livre e pleno 
consentimento dos nubentes. 
A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem 
direito à proteção da sociedade e do Estado. 
A ideia presente é a de proporcionar ao ser humano uma emancipação em relação ao 
Estado, dessa forma, alcançando o patamar de cidadão. Defende-se a igualdade formal. 
DA SEGUNDA DIMENSÃO 
É a dimensão dos direitos sociais (educação, saúde, segurança etc.) e econômicos (acesso 
à terra entre outros), reconhecidos no século XX, sobretudo após a primeira guerra 
mundial. Há uma lógica de igualdade material aqui, além de uma defesa da intervenção 
estatal positiva, sob a forma do fornecimento de prestações, quando da manutenção da 
ordem social. Diferentemente dos direitos de primeira dimensão, na segunda geração, 
exige-se a permanente ação do Estado na realização dos programas sociais, não pode 
simplesmente atribuir ao indivíduo. Dessa forma, são denominados de direitos positivos, 
que expressam poderes de exigir ou de crédito. 
Na segunda dimensão ocorre uma busca para identificar os direitos que devem ser 
garantidos pelo Estado. O Estado, na segunda dimensão, é forte e interventor, um Estado 
proporcional. Também defende a igualdade material, uma busca por construir uma 
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sociedade livre, justa e solidária. Diante do exposto, há uma lógica subordinação 
econômica à garantia dos direitos fundamentais. A partir disso, as constituições passam a 
estabelecer as diretrizes norteadoras do que será necessário para que o que se encontra 
expresso na constituição seja efetivado. 
Art. 196, CF/88. A saúde é direito de todos e dever do Estado, 
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à 
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal 
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e 
recuperação. 
DA TERCEIRA DIMENSÃO 
Ocorre, na terceira dimensão, a reestruturação dos direitos humanos e fundamentais que 
visam atender as relações jurídicas de maior complexidade. Denominados usualmente de 
direitos de solidariedade ou fraternidade, em razão do interesse comum que liga e une as 
pessoas, exigindo esforços e responsabilidades em escala, até mesmo mundial, para a sua 
efetivação. Fala-se em direitos coletivos, daí que vem a noção de fraternidade; a proteção 
daquilo que precisa ser solidariamente partilhado. Tem titularidade coletiva ou difusa. À 
exemplo: direitos ambientais. 
O Estado, na terceira geração, tem um duplo papel: omissivo e interventor ao mesmo 
tempo. Uma outra característica é a presença dos direitos difusos, ou seja, aqueles que não 
se tem como reconhecer os indivíduos envolvidos na relação, busca-se regular as questões 
concretas pautadas em pressupostos coletivos, à exemplo: direitos do consumidor. 
QUARTA E QUINTA DIMENSÕES? 
Há uma discussão doutrinária sobre a existência dessas duas novas dimensões. Elas surgem 
como um resultado da globalização dos direitos fundamentais. A quarta, seria pautada nos 
direitos contidos em tratados internacionais contemporâneos (direito à democracia direta, 
à informação...), já a quinta, trataria de “novos direitos”, como o acesso à internet, a 
clonagem, entre outros. 
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EFICÁCIA E APLICABILIDADE 
EFICÁCIA HORIZONTAL 
Entende-se como a incidência e aplicação dos direitos fundamentais nas relações entre 
indivíduo e indivíduo, as relações privadas. Ao perceber que a opressãodas liberdades não 
decorria apenas do Estado, mas também do homem, a necessidade de estender a eficácias 
dos direitos humanos às relações privadas surgiu, com a finalidade de proteger o homem 
do próprio homem, principalmente quando fala-se em pessoas, grupos e organizações 
privadas poderosas (CUNHA, 2012, p. 649). 
Três teorias surgiram acerca do assunto: 
o Teorias negativas: sua origem vem dos Estados Unidos, da doutrina chamada State 
Action, em que se recusava a aplicação dos direitos fundamentais entre os 
particulares. 
o Teoria da eficácia indireta ou mediata: doutrina de origem alemã, defende a 
aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas, , condicionando essa 
incidência, contudo, à prévia atuação do legislador infraconstitucional, que teria o 
dever de conformar as relações privadas à luz das normas constitucionais 
definidoras de direitos. 
o Teoria da eficácia direta ou imediata: os direitos fundamentais têm aplicabilidade 
direta e imediata sobre as relações privadas, independentemente de prévia atividade 
legislativa. Foi acolhida na Espanha, Itália, Argentina e Portugal. 
A EFICÁCIA E O PRINCÍPIO DA APLICABILIDADE 
Art. 5°, CF/88: § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata. 
Toda e qualquer norma constitucional é dotada de eficácia, apenas varia a sua carga 
eficacial, ora para mais, ora para menos. Assim, nem todas as normas da Constituição têm 
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imediata e direta aplicabilidade, apenas aquelas que desfrutam de uma plena eficácia 
jurídica. 
As normas definidoras de direitos fundamentais, segundo a Constituição de 1988, têm 
aplicação imediata e eficácia plena, não sendo dependentes de qualquer interposição do 
legislador para lograrem a efetividade ou eficácia social. Contudo, em que pese todas 
integrarem a mesma categoria jurídico-normativa e serem rotuladas de normas definidoras 
de direitos fundamentais, elas – em razão das distintas funções que exercem e das diferentes 
técnicas de positivação às quais se submeteram – não são dotadas da mesma carga eficacial. 
Impõe-se, desde logo, definir o alcance do preceito em exame, para descortinar se o mesmo 
é aplicável a todos os direitos fundamentais (inclusive os situados fora do catálogo ou até 
mesmo fora da Constituição), ou se se limita aos direitos previstos tão-somente no art. 5º e 
seus incisos, da Constituição Federal, sobretudo em razão de ele situar-se topograficamente 
em um dos parágrafos deste artigo 5º, o que pode sugerir, em princípio, um alcance restrito 
aos direitos contemplados por aquela disposição. 
No Brasil, fundamentais abrange todos os direitos fundamentais, até mesmo os não 
previstos no catálogo (Título 11) e os não previstos na própria Constituição, desde que, 
quanto a estes, ostentem a nota distintiva da fundamentalidade material (como os 
decorrentes dos tratados internacionais em que o Brasil seja signatário). 
Na doutrina vigem duas posições extremadas. Uma entende que o art. 5°, § 1 º, da CF não 
pode atentar contra a natureza das coisas, de modo que os direitos fundamentais só têm 
aplicação imediata se as normas que os definem são completas na sua hipótese e no seu 
dispositivo (esta, com certeza não pode ser aceita, por não corresponder à vontade do 
Constituinte, dessa forma, não podendo prosperar), e outra, situada em extremo oposto, 
defende a imediata e direta aplicação das normas de direitos fundamentais, ainda que de 
caráter programático, no sentido de que os direitos subjetivos nelas consagrados podem ser 
imediatamente desfrutados, independentemente de concretização legislativa. 
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10 
 
No Brasil, tem-se Eros Roberto Grau, Flavia Piovesan e Luís Roberto Barroso defendendo 
a imediata aplicabilidade dos direitos fundamentais, independentemente da intermediação 
legislativa. 
 “(a) interpretar os preceitos constitucionais consagradores de direitos fundamentais, na sua 
aplicação em casos concretos, de acordo com o princípio da efetividade ótima e (b) 
densificar os preceitos constitucionais consagradores de direitos fundamentais de forma a 
possibilitar a sua aplicação imediata, nos casos de ausência de leis concretizadoras”.1 
Defende-se a tese de que, em caso de descumprimento, por omissão, de algum direito 
fundamental ou de lacuna legislativa impeditiva de sua fruição, deve e pode o Judiciário - 
valendo-se de um autêntico dever-poder de controle das omissões do poder público - desde 
logo e em processo de qualquer natureza, aplicar diretamente o preceito definidor do direito 
em questão, emprestando ao direito fundamental desfrute imediato, independentemente de 
qualquer providência de natureza legislativa ou administrativa. Sendo, portanto, 
desnecessário o manejo à ação específica do mandado de injução, em que pese 
reconhecermos sua potencialidade para sanar as imissões lesivas a direitos fundamentais. 
Não se ignora, obviamente, a existência de normas constitucionais definidoras de direitos 
fundamentais que, por exigência do Estado Social de Direito, prestam-se a fixar programas, 
finalidades e tarefas a serem implementadas pelos órgãos de direção política e que 
reclamam, por isso, mediação legislativa (as chamadas normas programáticas), tendo, 
portanto, em razão dessa função de prestação material social, uma eficácia limitada. Mas, 
nem por isso, essas normas são destituídas de aplicação imediata. Elas apenas exigem um 
esforço maior de complementação por parte dos órgãos do Judiciário, no exercício de sua 
atividade de garantia e efetivação dos direitos fundamentais. 
TRANSCONSTITUCIONALISMO 
 
1 Flávia Piovesan. 
ANA BEATRIZ DE MORAIS 
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11 
 
Simplificando o conceito de transconstitucionalismo, é possível falar em situações que 
envolvem problemas jurídico-constitucionais comuns a todas as ordens jurídicas, como por 
exemplo, problemas ligados aos direitos humanos. Aqui, envolvem-se tribunais estatais, 
internacionais, suprainternacionais e transnacionais, todos na busca de uma solução. Nesse 
sentido, o Direito Constitucional ultrapassa as fronteiras dos Estados respectivos e torna-
se diretamente relevante para outras ordens jurídicas estatais e até não estatais (CUNHA, 
2012, p. 44). 
Exemplos: sujeição do Brasil às decisões emanadas da Corte Interamericana de Direitos 
Humanos (CIDH), em razão da adesão do Estado brasileiro às disposições da Convenção 
Americana de Direitos Humanos. 
DIREITO À VIDA 
O mais básico sentido alcançado pelo direito à vida foi exemplarmente apresentado pelo 
Pacto de Direitos Civis e Políticos, de 1966, como a proteção contra a privação arbitrária 
da vida, ou seja, o direito de permanecer existindo. Em termos técnicos, o enunciado dirige-
se ao Estado, que em seu aparato policial repressor, respeite o direito de viver de todo 
indivíduo. No contexto brasileiro, uma das mais importantes decorrências dessa proteção 
é a vedação à pena de morte.2 
Em síntese, pode-se dizer que é o direito de defender a sua existência e que esta seja digna, 
sendo assim, proibido a tortura, tratamento desumano ou degradante. Aqui, fala-se no mais 
fundamental de todos os direitos, condição sine qua non para o exercício dos demais. 
“É preciso assegurar um nível mínimo de vida, compatível com a dignidade humana 
(parece haver, atualmente, um consenso em torno da vinculação entre estes dois 
“valores”, que são expressos na Constituição de 1988, falando-se comumente em vida 
digna). Isso inclui o direito à alimentação adequada, à moradia (art. 5º, XXIII), ao 
 
2 MENDES, CANOTINHO, SARLET, STRECK, p. 454, 2013. 
 
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12 
 
vestuário, à saúde (art. 196), à educação (art. 205), à cultura (art. 215) e ao lazer (art. 
217). Também se deve incluir, aqui, a garantia do direito à vida das pessoas idosas,expresso no art. 230 da Constituição. Observe-se, com PAULO ROBERTO BARBOSA 
RAMOS, que o direito à vida na plenitude de sua extensão depende de se tutelarem 
adequadamente (dignamente) as crianças, adolescentes e adultos” (MENDES, 
CANOTINHO, SARLET, STRECK, 2013, p. 454) 
Em termos prestacionais, o direito à vida se cumpre por meio de um aparto estatal que 
ofereça amparo à pessoa que não dispõe de recursos para uma vida digna, à exemplos: 
SUS, bolsa família etc. 
No Brasil, se reconhece a tutela desde a concepção. 
DIREITO À IGUALDADE 
“A Lei não deve ser fonte de privilégios ou perseguições, mas instrumento regulador da 
vida social que necessita tratar equitativamente todos os cidadãos. Este é o conteúdo 
político-ideológicos absorvido pelo princípio da isonomia e juridicidade pelos textos 
constitucionais em geral, ou de todo modo assimilado pelos sistemas normativos vigentes" 
(MELLO, p. 10). 
Art. 5º, CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
O direito à igualdade encontra-se tanto na primeira geração quanto na segunda. 
Da igualdade formal, entende-se haver o princípio da isonomia, a perspectiva que todos 
são iguais perante a lei, não pode haver distinções que não sejam autorizadas pela 
Constituição. Já da igualdade material, existe a aceitação do tratamento diferenciado, 
dentro do pensamento Aristotélico, “deve-se buscar tratar os iguais de forma igual e os 
desiguais de forma desigual, na medida da desigualdade”. É um princípio que que anseia 
pela maior concretização possível. Dessa forma, há o reconhecimento da pluralidade da 
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13 
 
sociedade, com isso, busca-se minimizar as desigualdades, pois, aqui, almeja-se a equidade 
social. 
Responsabilização do Estado: 
 Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa 
do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, 
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
DIREITO À LIBERDADE 
Consiste na prerrogativa fundamental que investe o ser humano de um poder de autodeterminação 
ou de determinar-se conforme a sua própria consciência. Isto é, é um poder de atuação em busca 
de sua realização pessoal e de sua felicidade (liberdade enquanto valor). Compreende: 
a) a liberdade de ação; 
b) a liberdade de locomoção; 
c) a liberdade de opinião ou pensamento; 
d) a liberdade de expressão de atividade intelectual, artística, científica e de comunicação; 
e) a liberdade de informação; 
f) a liberdade de consciência e crença; 
g) a liberdade de reunião; 
h) a liberdade de associação; 
i) a liberdade de opção profissional. 
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LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E CRENÇA3 
É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos 
religiosos e garantia, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias (art. 5°, VI): 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado 
o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a 
proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 
A primeira parte do inciso, traduz-se na autonomia moral-prática do indivíduo, a faculdade de 
autodeterminar-se no que tange aos padrões éticos e existenciais. Já a liberdade de religião, engloba 
em seu núcleo essencial a liberdade de ter, não ter ou deixar de ter religião e desdobra-se em várias 
concretizações: liberdade de crença (2ª parte do inciso VI), as liberdades de expressão e de 
informação em matéria religiosa, a liberdade de culto (3ª parte do inciso VI) e uma sua 
especificação. 
Em razão da proteção firmada em torno da liberdade de consciência e crença, a Constituição prevê 
que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou 
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a 
cumprir prestação alternativa, fixada em lei (art. 5º, VIII): 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou 
de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de 
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação 
alternativa, fixada em lei; 
A Constituição assegura, a chamada escusa de consciência, como um direito individual que investe 
a pessoa de recusar prestar ou aceitar determinada obrigação que contrarie as suas crenças ou 
convicções. Essa escusa, depende do cumprimento da prestação alternativa fixada em lei, caso 
contrário, não é legítima. Ex.: no art. 143, § 1º, a Constituição prevê que compete às Forças 
Armadas, na forma da lei, atribuir serviço alternativo ao serviço militar obrigatório aos que, em 
tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o 
decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades 
de caráter essencialmente militar. Regulamentando este preceito constitucional, foi editada Lei nº 
8.239/91, que definiu o serviço alternativo como sendo o exercício de atividades de caráter 
 
3 É importante ler sobre o racismo religioso. 
ANA BEATRIZ DE MORAIS 
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administrativo, assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, em substituição às atividades de 
caráter essencialmente militar. 
o Curiosidade: foi o Deputado Jorge Amado que, em 1946, membro do Partido Comunista 
Brasileiro, foi o responsável pela garantia da liberdade religiosa no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS: 
CANOTILHO, J. J. Gomes; MENDES, Gilmar F.; SARLET, Ingo W.; STRECK, Lenio L. 
(Coords.). Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva/Almedina, 2013. 2.380 
MELLO, Celso Bandeira de. Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade. 3ªed, São Paulo: 
Malheiros, p. 10. 
CUNHA, Dirley. Curso de direito constitucional. Salvador: Juspodivm, 2012. 
LEITE , Antonio José Teixeira. A posição dos tratados internacionais sobre direitos 
humanos, segundo o STF. Jus Navigandi , [S. l.], p. 1-7, 14 jun. 2013. Disponível em: 
https://jus.com.br/artigos/24713/a-posicao-dos-tratados-internacionais-sobre-
direitos-humanos-segundo-o-stf. Acesso em: 21 set. 2022.

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