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Ranin Lena Lima – Enfermagem em Saúde Mental II 1 Enfermagem em Saúde Mental Obsessões: pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes, experimentados como intrusivos e indesejáveis, causam acentuada ansiedade ou sofrimento para a maioria dos indivíduos Compulsões: comportamentos repetitivos ou atos mentais, realizados com a intenção de aliviar a ansiedade, o medo ou o desconforto associado a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser aplicadas rigidamente DSM-IV-TR - TOC incluído entre os transtornos de ansiedade DSM -5 - TOC foi inserido como um capítulo à parte, intitulado “Transtorno obsessivo- compulsivo e transtornos relacionados” Sintomas de colecionismo - transtorno de acumulação EPIDEMIOLOGIA Prevalência - 2 a 3% na população Doença multifatorial familiar: questões genéticas e ambientais como fatores de risco Acomete principalmente indivíduos jovens no final da adolescência, embora os primeiros sintomas possam se manifestar na infância. Meninos: 9 anos; Meninas: 11 anos Curso - crônico Início insidioso, dificultando aos familiares perceberem os primeiros sintomas Familiares de 1º grau: quatro vezes mais chances de desenvolver a doença No Brasil, um estudo multicêntrico com 842 pacientes clínicos verificou que o início dos sintomas nos homens foi em média aos 12,4 anos e nas mulheres aos 12,7 anos O tempo médio do início dos sintomas e a busca por tratamento em uma amostra de adultos pode chegar a 18,1 anos. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Presença de Obsessões e ou Compulsões; Nota: Crianças pequenas podem não ser capazes de enunciar os objetivos desses comportamentos ou atos mentais. Consomem tempo (+ 1h/dia) ou causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional, ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Os sintomas obsessivo-compulsivos não se devem aos efeitos fisiológicos de uma substância (p.ex., droga de abuso ou medicamento) ou a outra condição médica. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental. Especificar-se: o Com insight bom ou razoável: reconhece que as crenças não são verdadeiras o Com insight pobre: acredita que as crenças são provavelmente verdadeiras o Com insight ausente/crenças delirantes: está completamente convencido de que as crenças são verdadeiras o Relacionado a tique: o indivíduo tem história atual ou passada de um transtorno de tique. (até 30% dos indivíduos com toc tem um transtorno de tique ao longo da vida, sendo mais comum no sexo masculino com início do toc na infância) A DIVERSIDADE DE CAUSAS ENVOLVIDAS NO TOC Fatores cerebrais ou neurobiológicos: predisposição genética, alterações cerebrais provocadas por doenças cerebrais, alterações na neurofisiologia e neuroquímica cerebral. Fatores psicológicos: comportamentais (rituais ou evitações que produzem alívio dos desconfortos causados pelas obsessões e desta forma acabam reforçando o transtorno); cognitivos (avaliações, interpretações e crenças distorcidas ou erradas). Fatores familiares e ambientais: ambiente familiar, a forma como a família lida com os sintomas podem contribuir de alguma maneira para o surgimento e a manutenção do transtorno. Experiências traumáticas e ansiedade de separação parecem estar Ranin Lena Lima – Enfermagem em Saúde Mental II 2 associadas a uma maior probabilidade de se ter TOC COMO SE MANIFESTA O TOC O TOC apresenta uma condição sintomatológica heterogênea Medos de contaminação e lavagens excessivas Dúvidas e verificações Alinhamento, simetria, sequência, ordenamento e repetições Pensamentos repugnantes de conteúdo agressivo, blasfemos, escrupulosos e supersticiosos, e dúvidas sobre orientação sexual FENÔMENOS SENSORIAIS Desconforto físico ou uma sensação interna e generalizada de tensão ou energia que precisa ser descarregada através de atos repetidos que lembram os tiques, como tocar, raspar, estalar os dedos, mover a cabeça para o lado etc. São realizadas, de uma maneira geral, sem que qualquer obsessão definida as anteceda. Rituais de alinhamento, exatidão, ordem e simetria são geralmente precedidos pelos fenômenos sensoriais (just right). CRENÇAS DISFUNCIONAIS Senso aumentado de responsabilidade Tendência a superestimar o risco Perfeccionismo Intolerância à incerteza Importância excessiva dos pensamentos (p. ex., acreditar que ter pensamento proibido é tão ruim quanto executá-lo) Necessidade de controlar os pensamentos O TOC E A FAMÍLIA ATITUDES CRÍTICAS E HOSTIS Familiar se recusa a se envolver nos sintomas, tendendo a ser hostil, crítico e punitivo Esse tipo de familiar acredita que, se o paciente quisesse, ele poderia controlar os sintomas Esse estilo pode conduzir ao aumento dos sintomas, maior ansiedade e depressão ACOMODAÇÃO FAMILIAR Participação e Auxílio nos sintomas do paciente A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO TRATAMENTO O envolvimento dos familiares com os sintomas está associado à gravidade do TOC e aos resultados de tratamento Intervenções que abordem o envolvimento da família nos sintomas podem contribuir para a melhora do paciente, bem como do próprio funcionamento familiar TRATAMENTOS Psicofármacos: os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) Psicoterapia: de base cognitiva e/ou comportamental A TCC tem uma taxa de sucesso de 65 a 80% com crianças e adolescentes, semelhante à taxa de sucesso com adultos. Os resultados de uma recente meta-análise confirmam que TCC, medicação, ou tratamento combinado são eficazes na redução dos SOC. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO OCI-R Y-BOCS FAS-IR Ranin Lena Lima – Enfermagem em Saúde Mental II 3 TÉCNICAS COGNITIVAS E COMPORTAMENTAIS EXPOSIÇÃO E PREVENÇÃO DA RESPOSTA OU DE RITUAIS Exposição: de forma gradual Prevenção de resposta: deixar de executar os rituais Exposição + Prevenção de rituais → Habituação = Eliminação dos sintomas MODELAÇÃO E EXPOSIÇÃO AO VIVO Esta técnica consiste na realização de exercícios por parte do terapeuta, com o objetivo de estimular o paciente a reproduzir o comportamento. A ansiedade do paciente irá se elevar inicialmente, mas no decorrer da sessão, tende a diminuir, ocorrendo o fenômeno da habituação. A TÁTICA DE FALAR EM VOZ ALTA Procure se concentrar ao realizar alguma atividade Fale consigo mesmo ou até repita em voz alta durante ou imediatamente após o ato. EXERCÍCIO DO “PARA” Indicado em ruminações obsessivas (dúvidas), compulsões mentais, ou para interromper rituais automáticos. Falar “para” ou “para com isso”. QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO Esta técnica tem como objetivo fazer com que o paciente modifique a forma de pensar irracional por um raciocínio lógico, colocando em dúvidas suas convicções. “Que evidências tenho de que o que passa pela minha cabeça é verdade?” “Meus medos têm base em alguma prova real ou ocorrem por que tenho toc?” “Que provas tenho de que por que eu pensei irá acontecer?” A TÉCNICA DAS DUAS ALTERNATIVAS O paciente é estimulado a avaliar duas teorias alternativas o Teoria A: Eu estou contaminada e posso ficar doente ou prejudicar meus familiares caso não lave minhas mãos. o Teoria B: Sou uma pessoa sensível ao medo de ser contaminada devido ao TOC Qual destas duas alternativas é a mais provável? EXPERIMENTOS COMPORTAMENTAIS Este exercício visa corrigir as crenças distorcidas, testando-as na prática. O paciente deve se expor a algo que evita ou teme como, por exemplo, deixar o computador ligado ao sair de casa e em algumas horas depois verificar o que aconteceu. Após o experimento, o paciente fará uma comparaçãoentre o que imaginou que fosse acontecer e o que de fato ocorreu.
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