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INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E PSICOLOGIA 
FORENSE 
 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
RESUMO DA UNIDADE 
 
Esta unidade tratará brevemente da relação entre a psicologia e o direito, trazendo, 
em um primeiro momento, as diferenciações terminológicas entre os diferentes 
campos da psicologia jurídica. Serão tratadas aquilo que se conhece como funções 
mentais superiores, que se trata de uma forma de programação realizada pelos 
indivíduos em que apresentam imagens mentais tanto em si mesmos quanto do 
mundo a sua volta, interpretando os estímulos que recebem e isso influencia seus 
comportamentos. Será abordado sobre o processo de investigação criminal, a 
importância da psicologia criminal na investigação criminal trazendo algumas 
ferramentas práticas, bem como a técnica do criminal profiling, além da relação entre 
psicologia jurídica e a criminologia abordando sobre o exame criminológico sob o 
enfoque da criminologia, a criminologia midiática e a perícia psicológica forense. A 
psicologia jurídica aplicada ao cárcere, tratando do Plano Nacional de Saúde no 
Sistema Penitenciário e dos desafios do Serviço de Psicologia Aplicado. Sem a 
pretensão de esgotar o tema, a unidade utiliza-se do método hipotético-dedutivo, 
cuja hipótese baseia-se na utilização da psicologia jurídica para fins de investigação 
criminal. Diante deste cenário, apresenta-se ao leitor teorias e técnicas utilizadas por 
psicólogos jurídicos demonstrando a realidade vivida por estes profissionais. 
 
Palavras-chave: Psicologia Jurídica. Investigação Criminal. Criminologia Midiática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 4 
CAPÍTULO 1 – PSICOLOGIA E DIREITO .................................................................. 6 
1.1 Introdução ...................................................................................................... 6 
1.2 Determinação Terminológica: Psicologia Judicial X Psicologia Criminal X 
Psicologia Forense X Psicologia Carcerária X Psicologia Militar X Psicologia 
Criminológica ............................................................................................................... 7 
1.3 As Funções Mentais Superiores – Síndrome de Pirandello ......................... 11 
CAPÍTULO 2 – PSICOLOGIA JURÍDICA E A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL ........... 24 
2.1 O Processo de Investigação Criminal .......................................................... 24 
2.2 A importância da psicologia criminal na investigação policial ...................... 28 
2.3 Criminal profiling: Perfis Criminais e Comportamentais ............................... 39 
CAPÍTULO 3 – PSICOLOGIA JURÍDICA E A CRIMINOLOGIA .............................. 46 
3.1 A Relação entre a Psicologia e a Criminologia ............................................ 46 
3.2 Criminologia Midiática .................................................................................. 49 
3.3 Criminologia e Exame Criminológico............................................................ 52 
3.4 Perícia Psicológica Forense ......................................................................... 55 
3.5 A Psicologia Jurídica Aplicada ao Cárcere ................................................... 58 
3.6 Teste de Personalidade ............................................................................... 63 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 66 
 
 
4 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
O Direito é encarregado por tutelar a conduta humana, mas, evidentemente, a 
norma jurídica não consegue sozinha coibir comportamentos indesejáveis, por isso 
ela se vale da aliança com as ciências humanas e de saúde para compreender a 
complexidade do comportamento humano. 
Esta é uma relação que vem de longas datas entre as ciências, que vem sendo 
realizada pelos estudiosos ao longo dos séculos, desde a época em que o crime era 
concebido a partir de uma visão individualista e o delinquente era percebido como 
um ser anormal, devendo ser banido da comunidade que integrava. Antigamente, o 
criminoso era compreendido como alguém motivado pelo demônio. 
O movimento Renascentista teve como característica mais marcante a 
valorização do ser humano e o antropocentrismo colocou a pessoa humana no 
centro das reflexões, o que possibilitou uma visão mais humanizada das penas e do 
tratamento aos condenados a partir deste momento, trazendo maior relevância às 
causas sociais e econômicas. 
No entanto, a explicação para o comportamento criminoso ainda é mola 
propulsora dos estudos de diversas áreas, tanto nas ciências jurídicas, quanto nas 
ciências humanas e de saúde. 
Dessa forma, este material tem por fim apresentar uma breve amostragem 
sobre a Psicologia Jurídica e a sua aplicação no Direito Criminal, demonstrando 
como se relacionam em relação à investigação criminal, a relação da Psicologia com 
a criminologia, as características comportamentais dos delinquentes, as motivações 
que podem levar o indivíduo ao cometimento de atos delituosos, alguns tipos mais 
comuns de delitos, o exame criminológico, a perícia psicológica forense, e a 
psicologia jurídica aplicada ao cárcere, bem como os principais métodos e técnicas 
que subsidiam a atuação do psicólogo jurídico, explicando e diferenciando algumas 
delas, sem a pretensão de esgotá-las no presente trabalho. 
Nesta unidade, a reunião entre a psicologia e o direito destaca-se para tentar 
conciliar as teorias psicológicas com as determinações legais, lembrando que estas 
são determinadas pela ética social e construídas de acordo com determinantes 
históricos, sociais, culturais e econômicos. Essas considerações preliminares trazem 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
uma perspectiva mais ampliada; partindo-se da alegação de que o entendimento 
sobre o comportamento criminoso abre um grande espectro teórico, cujo 
entendimento, com o objetivo de coibir o cometimento de crime e estimular políticas 
públicas que previnam a ocorrência criminosa, solicita uma ampla 
interdisciplinaridade, uma vez que nenhuma ciência atingiu o grau de previsibilidade 
efetiva do comportamento humano. 
 
 
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CAPÍTULO 1 – PSICOLOGIA E DIREITO 
 
1.1 Introdução 
 
A Psicologia Jurídica como ramo da Psicologia que se conecta com as 
Ciências Jurídicas se vale de recursos técnicos e teóricos, definindo-se como área 
interdisciplinar de desempenho, em quadro multidisciplinar para melhor 
entendimento do comportamento do indivíduo. 
Este ramo surgiu da Psicologia do Testemunho cuja prática beneficiou a 
consolidação da Psicologia como uma ciência, em razão da contribuição na 
comprovação da confiabilidade de testemunhos, principalmente a partir dos testes 
psicológicos na metade do séc. XX, bem como o desenrolar de trabalhos sobre 
meios de prova como interrogatórios, dos falsos testemunhos e falsas memórias, 
servindo de ensaio para a criação dos primeiros laboratórios de Psicologia. 
Não obstante, no Brasil, a prática psicológica jurídica somente tenha sido 
validada no ano 2000 pelo Conselho Federal de Psicologia – CFP, ela foi iniciada 
ainda na década de 1960 na área criminal em trabalhos voluntários realizados em 
pessoas que estavam presas e em adolescentes infratores que passavam por 
avaliação psicológica. Por volta dos anos de 1979, a atuação do psicólogo em 
âmbito jurídico é ampliada à área civil, por meio de trabalho voluntário realizado com 
famílias em vulnerabilidade econômico-social no Tribunal de Justiça de São Paulo. 
Apenas em 1985, a entrada do cargo de oficial do psicólogo no Tribunal de 
Justiça de São Paulo é exigida por meio de concurso público. 
No final da década de 90, o Estado do Rio de Janeiro começa a realizar 
concursos públicos para contratação de psicólogos na estrutura judiciária. A partir 
desse momento, os Tribunais de Justiça em todas as suas esferas, bem como as 
Defensorias Públicas, os Ministérios Públicos, e as penitenciárias passaram a contar 
em seus quadros com o profissional de psicologia. 
 
SAIBA MAIS 
Filme sobre o assunto: A experiência (Oliver Hirschbiegel, 2001) 
Minority Report (Steven Spielberg, 2002) 
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1.2 Determinação Terminológica: Psicologia Judicial X Psicologia Criminal X 
Psicologia Forense X Psicologia Carcerária X Psicologia Militar X Psicologia 
Criminológica 
 
A Psicologia é a ciência que cuida do estudo dos elementos psíquicos e 
comportamento do ser humano, sejam influenciados pelo coletivo ou sejam 
resultado individual, por meio da avaliação de ideias, valores e emoções. 
Subdivide-se em vários ramos, quais sejam: psicologia clínica, psicologia 
jurídica, psicologia escolar/educacional, psicologia organizacional e do trabalho, 
psicologia do trânsito, psicologia hospitalar, psicopedagogia, psicologia social, 
psicomotricidade, psicologia do esporte e neuropsicologia. 
Apesar de ser um ramo novo, a Psicologia Jurídica é um ramo promissor e 
acredita-se que isso se deve a sua ligação com o Direito, uma vez que ambas têm 
como finalidade o comportamento humano, apesar de a psicologia priorizar questões 
específicas da vida do ser humano, seus relacionamentos e afetos, enquanto o 
Direito cuida da relação do indivíduo em sociedade, seu comportamento no tocante 
às leis estipuladas. 
Para complementar o estudo do comportamento humano, é preciso citar a 
Criminologia, uma ciência empírica, que preserva a importância de que o delito seja 
julgado também pelos motivos que levaram o indivíduo a cometê-lo, compreendendo 
o crime como um fenômeno social. 
Na Psicologia Jurídica, existem diferentes campos, intimamente relacionados 
entre si, entre os quais vale a pena destacar principalmente o seguinte: Psicologia 
Jurídica propriamente dita, Psicologia Forense, Psicologia Legal, Criminologia, 
Psicologia Policial, etc. 
Isso quer dizer que a Psicologia Jurídica teria dois significados: um mais amplo 
que incorporaria todas as áreas psicológicas relacionado ao âmbito da lei; e outro 
mais reduzido, que para diferenciação será chamado de Psicologia Judicial e 
definido como "a aplicação da Psicologia Social que estuda os comportamentos 
psicossociais de pessoas ou grupos que pensam da mesma forma, estabelecidos e 
controlada por lei em seus diversos aspectos, bem como os processos psicossociais 
que orientam ou facilitam atos e regulamentos legais" (SORIA, 1998, p. 4). 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Isto posto, dentro da psicologia jurídica, no sentido amplo, existem diferentes 
campos, embora relacionados uns aos outros. Destarte, Soria (2005, pp. 33-35) 
subdivide a Psicologia Jurídica em doze áreas: judicial, forense, penitenciária, 
criminal e prevenção, vitimização, policial, criminal, militar, investigação da 
juventude, resolução alternativa de conflitos, etiqueta da lei, e regra legal, quais 
sejam: 
 Psicologia Judicial é aquela divisão da Psicologia Jurídica que estuda a 
influência de fatores extralegais nas decisões dos órgãos judiciais, seja 
individual ou colegiado, juízes ou jurados, sejam eles profissionais ou são 
leigos. 
 Criminologia ou Psicologia Criminal é a disciplina que lida com ajudar a 
explicar o crime e fornecer medidas para o seu controle. 
 
Enquanto a Psicologia Criminologia aborda o crime, o estudo do ato criminoso 
e uma tentativa de preveni-lo (seja com programas de tratamento para infratores ou 
com medidas destinadas a tornar as vítimas alvos menos vulneráveis), a Psicologia 
Legal se cuida de estudos psicológicos no âmbito do Tribunal, e também trabalha no 
âmbito dos aspectos psicológicos que levam a gerar novas leis na compreensão da 
reação social a eles (GARRIDO, 2005, p. 12). 
 Psicologia forense ou jurídica é a realização do exercício psicológico 
nesses contextos. A qualidade do psicólogo forense é lidar com a 
avaliação de áreas - principalmente nos réus, mas em outros atores do 
processo, criminal ou civil, quando necessário - tais como a capacidade 
intelectual, personalidade, psicopatologia, o risco de comissionamento de 
novos crimes ou sua sinceridade (ou manipulação) em sua participação 
para o diagnóstico. Certos benefícios da Psicologia Forense são 
realizados em contextos bem definidos, como a atividade do psicólogo 
penitenciário que se encaixa nos casos acima (uma vez que desempenha 
outras funções, como o tratamento, que iria mais fundo no escopo de 
psicóloga nos tribunais de família, engajada na avaliação de diferentes 
membros em prol do bem-estar das crianças. 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Por sua vez, Miguel Angel Soria (2005, p. 33) o define como "aquele ramo da 
Psicologia Jurídica que desenvolve o seu conhecimento e aplicações com vista a 
concluir as suas conclusões dentro de um tribunal com o objetivo de ajudar o tribunal 
na sua tomada de decisão” (SORIA, 2005, p. 33). 
De maneira geral, os termos Psicologia Legal e Psicologia Forense são 
considerados termos equivalentes, apesar da Alemanha e Holanda usarem mais o 
primeiro, à medida que osEstados Unidos e a Inglaterra utilizam mais o segundo 
termo. 
 Psicologia Policial; não muito explorada no Brasil, os psicólogos aqui 
exercem nas corporações policiais atividades como a seleção das 
pessoas que são aprovadas em concursos públicos, bem como 
preparação de aulas no curso de preparação das academias de polícia. 
 
Há alguns estudiosos que defendem uma psicologia policial de base 
interventiva, ou seja, que ultrapasse as simples atividades corriqueiras dos 
psicólogos policiais, propondo: 
 O melhoramento da imagem da polícia perante a sociedade. 
 Melhor qualidade de vida aos sujeitos policiais, por meio de adequada 
supervisão e assistência psicológica. 
 Aperfeiçoamento de capacidades e maior efetividade em seus trabalhos. 
 Redução dos impactos psicossociais nos policiais e naqueles cidadãos 
que recorrem a Corregedoria por motivos diversos. 
 Prestação serviço à sociedade em conformidade com os Direitos 
Humanos. 
 
Os autores Ibáñez e González (2002) distinguem a Psicologia Policial em dois 
tipos de aplicações: 
 A aplicação interna que consiste em conhecimentos psicológicos 
aplicados aos integrantes do Corpo e das Forças de Segurança após a 
entrada em tais corporações e sendo exercida por meio da seleção de 
pessoas, curso de formação de policiais, estudo da organização e da 
estrutura organizacional e avaliação psicossocial dos integrantes. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 Implementação operacional, o que seria informação útil. 
 
Em última análise, a subcultura policial possui uma série de aspectos a serem 
considerados, uma vez que a socialização de seus integrantes singular. São 
integrantes que possuem grande solidariedade entre si, costumam não acreditar em 
ninguém, portanto não são adeptos da presunção de inocência, costumam 
considerar todas as informações como sigilosas e se vestem de um 
conservadorismo excessivo. 
Este conceito de subcultura é, portanto, particularmente útil para estudar 
grupos que, como a polícia, "opõem-se em um ou mais aspectos o resto do 
complexo cultural ao qual pertencem e que enfrentam de várias maneiras, ou seja, 
através de produções simbólicas ou simbólicas transgredido sua ordem" (López 
Latorre y Alba, 2006, p. 82). 
 Psicologia Carcerária explora e estabelece processos de avaliação e 
tratamento de pessoas que estão sob custódia na prisão, são condenados 
ou aguardando julgamento, e os processos subsequentes de tipo 
comunitário destinado à reintegração social. Sua aplicabilidade está 
expressamente estabelecida nos regulamentos prisionais: programas de 
reintegração e o sistema de classificação dos presos (Soria, 2005, p. 34). 
 Psicologia Militar; muito fraco no Brasil, mas com muita relevância em 
outros países, é muito próximo à Psicologia Policial, como subcultura 
policial e subcultura militar compartilham muitas características. 
 Psicologia Criminologia consiste na aplicação da Psicologia e, sobretudo, 
da Psicologia Social ao estudo do crime. Trata-se da subdivisão da 
Psicologia Jurídica que avalia os aspectos individuais, biológicos, 
familiares, sociais e culturais que fazem com que o indivíduo cometa um 
crime. Por este motivo, é possível defini-lo como ciência que determina 
tanto o delito quanto os motivos que levaram o indivíduo a cometer o 
crime, assim como medidas que possam ter o alcance preventivo e de 
controle, para fins de políticas públicas. 
 
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1.3 As Funções Mentais Superiores – Síndrome de Pirandello 
 
Antes de traçar o elo entre a psicologia jurídica e a investigação criminal 
propriamente dita, é importante conhecer os instrumentos que a mente possui para 
constituir a realidade, levando em conta que a psicologia se utiliza da realidade 
psíquica produzida pelas pessoas com base nos conteúdos arquivados na mente. 
O objetivo das técnicas de psicologia é que as pessoas possam identificam 
elementos até então desconhecidos que as encaminhavam para um comportamento 
indesejado, a hesitação e apreensão. 
Seguem abaixo os fenômenos mentais utilizados para a formação das imagens 
das quais o cérebro se utiliza para criar conteúdo com os quais o psiquismo lida. 
 Corpo, cérebro e mente: No livro “o Erro de Descartes”, o Prof. António 
Damásio, chefe do departamento de neurologia da Universidade de Iowa, 
logo contraria Descartes (penso, logo existo) quando afirma que sem 
corpo não há mente (2004, p. 226). Para o mundo científico e, 
especialmente, a psicologia, é importante reconhecer que o ser humano é 
formado dois elementos: corpo e mente, na qual “o cérebro é a audiência 
cativa do corpo” (DAMÁSIO, 2000, p. 196), haja vista que incentiva 
reflexões conceituais e metodológicas de grande acepção para a 
compreensão das engrenagens que dominam o comportamento. 
 
É exatamente no cérebro onde ocorrem as funções mentais superiores. O que 
a mente coordena não extrapola as fronteiras de desempenho das organizações 
cerebrais e as capacidades dessas funções, por meio do processamento de tudo 
que se está armazenado ali. 
As funções mentais superiores ocorrem em concomitância, embora neste 
material estejam separados apenas para que possam ser estudados e devidamente 
compreendidos. Cada uma das funções consiste numa espécie de elementos 
formados pelas pessoas que juntos formam imagens mentais tantos dos próprios 
indivíduos como do mundo, fazendo com que passem a interpretar os estímulos 
recebidos e elaborem conceitos e comportamentos a partir disso. 
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São funções mentais superiores: a sensação, a percepção, a atenção, a 
memória, o pensamento, a linguagem e a emoção, esta última é compreendida 
como a mais influente no comportamento humano. 
 Sensação e percepção: “Sensação” e “percepção” constituem-se em 
sequência, com o início da recepção do estímulo, seja ele interno ou 
externo ao corpo, até a análise da informação pelo cérebro, utilizando-se 
de conteúdos nele armazenados. 
 
Na realidade, a sensação é uma etapa para absorção de informação do mundo 
exterior para chegada ao cérebro para que então seja formada uma imagem mental 
correspondente àquela realidade. 
Em uma segunda fase denominada como percepção, existe a avaliação da 
imagem mental que foi formada anteriormente, ou seja, trata-se de um “processo de 
transferência de estimulação física em informação psicológica; processo mental pelo 
qual os estímulos sensoriais são trazidos à consciência” Kaplan e Sadock (1993, p. 
237). 
Características das sensações: Para a psicologia jurídica, é importante dizer 
que: 
 Alguns indivíduos passam por sensações resultantes de pequenas 
transformações fisiológicas em seus interlocutores, como de 
“adivinhassem emoções”, por exemplo, quando a pessoa prevê que 
alguém irá ou não fazer algo. Geralmente, a pessoa não sabe dessa 
habilidade que é desenvolvida inconscientemente pelo contatocom os 
mais diversificados tipos de pessoas. 
 A emoção afeta a sensação. Por exemplo, no decorrer de uma discussão, 
os oponentes passam a estar mais sensíveis a alguns estímulos como o 
movimento, a luz, o calor, o barulho. Mas, é possível que haja uma 
redução seletiva da sensibilidade, um mecanismo de proteção criado pelo 
organismo, fazendo com que o indivíduo crie um bloqueio que a inibe de 
ver tudo que ocorre a sua volta. 
 A sensação não é a mesma de uma pessoa para a outra. Ainda que duas 
pessoas tenham participado de uma mesma situação, cada uma terá uma 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
sensação diferente. A sensação possui um limiar inferior, que varia de um 
indivíduo para o outro, abaixo do qual o estímulo não é reconhecível. 
 Quando se trata de um limiar superior, que provocam danos nos 
mecanismos de recepção dos estímulos, podendo, ocasionalmente 
causar dor, chega-se “patamar de saturação”. Aparece o bloqueio da 
sensação. 
 Se o indivíduo recebe muitas informações ao mesmo tempo, elas podem 
não ser registradas, uma vez que o cérebro não tem capacidade de 
armazenar todas elas e acaba descartando algumas. 
 O estado emocional que indivíduo se encontra afeta diretamente a 
sensação, uma vez que se está agressivo em dado momento, um 
estímulo sonoro, um sorriso, um olhar pode ser registrado com maior 
intensidade do que o normal. 
 O estresse, exaustão física ou emocional, aumenta consideravelmente a 
sensibilidade em relação aos ruídos; o indivíduo fica menos tolerante. 
Tudo isso potencializa o estresse e influencia os comportamentos em 
situações de conflito, podendo comprometer o poder de observação das 
pessoas em relação aos eventos que ocorrem ao seu redor. 
 Tanto o álcool quanto as substâncias psicoativas também alteram as 
análises dos estímulos (distância, temperatura, dor, etc.), ainda que o 
indivíduo tenha consciência do estímulo, a reação será inadequada. 
 
A sensação necessita do estímulo e da capacidade da pessoa de captá-lo; a 
percepção necessita de acontecimentos prévios que envolveram o mesmo estímulo 
(ou outros semelhantes) e que afetam a interpretação da sensação pelo cérebro. 
Fatores que afetam a percepção: Assim como as sensações, os mesmos 
estímulos são capazes de gerar distintas percepções em cada indivíduo. 
a) Captura visual: Caso haja confronto entre a visão e quaisquer um dos 
sentidos, a visão sempre prevalecerá. 
b) Características particulares do estímulo: Intensidade, dimensões, 
mobilidade, cor, frequência, etc. 
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c) Experiências anteriores com estímulos iguais ou semelhantes: À medida que 
indivíduo vai praticando, ele vai melhorando e reconhecendo os estímulos e suas 
particularidades. 
d) Conhecimentos do indivíduo: Obviamente, os conhecimentos de um 
indivíduo impactam em sua percepção, por exemplo, um médico que é mais 
perceptivo às questões ligadas ao organismo, ou um contador que observa mais às 
questões ligadas aos números, etc. 
e) Crenças e valores: Há pessoas que têm a crença de que “todo político é 
desonesto” e percebem desonestidade em atos de quaisquer políticos. 
f) Emoções e expectativas envolvendo o estímulo ou as circunstâncias que o 
geram: As pessoas que presenciam um acidente com mortos e feridos têm 
percepções diferentes de pessoas que um acidente parecido, mas que os danos 
sejam apenas materiais. O estado emocional impacta fortemente na percepção, na 
memorização de conteúdos e depois em sua recuperação. 
g) A situação em que a percepção acontece: A namorada faz uma cena de 
ciúmes, pois vê seu namorado almoçando com outra. Essa mesma situação poderia 
ser considerada de outra maneira em outro momento ou mesmo em outro local. 
 
A percepção é construída no decorrer da vida e, não sendo praticada, pode ter 
retrocesso. Esse processo de aprendizagem é perceptível quando se avalia a 
adolescência, uma época em que as atenções e percepções estão voltadas para 
novos estímulos e o indivíduo dá menos atenção a outras pessoas, sendo mais 
indiferentes e desleixados. 
Fenômenos da percepção: A seguir será aprofundado a relação figura e fundo 
e a ilusão, que são utilizados para maior entendimento da psicologia jurídica. Esses 
fenômenos têm atuação em relação ao uso de drogas. 
a) Organização perceptiva de figura e fundo: A “relação figura e fundo” define 
uma direção construtiva essencial, habitual em qualquer percepção. Permite, seja 
qual for o estímulo, a escolha de uma parte mais simples e ordenada, a figura, com 
um fundo coadjuvante. O cérebro, constantemente, dá preferência ao que exerce a 
função de figura. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
b) Ilusões perceptivas: Trata-se de ilusão a deformação de “imagens ou 
sensações reais”. 
 
O estado emocional impede que os estímulos obtenham a compreensão 
correta. 
É perceptível a influência da emoção em relação à percepção provocando 
ilusões, por exemplo, quando torcedores observam erros de um árbitro que 
favorecem uma outra equipe. Logo, é compreensível que se verifique ilusões em 
depoimentos de testemunhas decorrentes de cenas com grandes emoções, uma vez 
que a emoção provoca processos mentais que trazem ilusões. 
O conflito e as percepções: Em um momento de conflito, a percepção de cada 
uma das partes em relação àquela situação é distinta e a figura de um pode abafar-
se no fundo percebido pelo outro, ou pelo menos, haver diferenças importantes ao 
que se entende como figura mais relevante no conflito, tanto para os conflitantes, 
quanto para as testemunhas. 
Não deve ser considerado apenas a visão do opositor para a solução do 
conflito, visto que é possível que essa medida tenha o efeito contrário: quanto mais 
se esforce para entender o outro lado, mais opositores podem se tornar, 
aumentando ainda mais suas diferenças. 
Entretanto, entender as percepções de cada um dos lados de embate é muito 
importante para compreensão do todo, principalmente, na tentativa de propositura 
de possíveis acordos entre as partes e, caso seja possível, no estabelecimento da 
reparação de danos às vítimas. 
 Atenção: O cérebro ganha incontáveis estímulos e a atenção propicia 
coleta de uns e a rejeição de outros, por intermédio de células cerebrais 
chamadas de detectores de padrão. 
 
Vários são os motivos que impactam na atenção seletiva, por exemplo, a 
emoção, a curiosidade da pessoa, a imposição da situação, a vivência. Os fatores 
que alteram uma situação chamam atenção: um barulho, uma movimentação, uma 
luz mais intensa, um cheiro mais forte, etc., fazendo com que a atenção retenha os 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperaçãode dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
estímulos e aqueles inexplorados sejam excluídos. Aqueles que forem retidos 
estarão presentes no processo de percepção. 
A emoção desperta a atenção para estímulos que provocam vários sentimentos 
como amor, ódio, dor, etc. Isso também acontece com o comportamento. 
Igualmente importante é a falta de atenção e vários fatores favorecem seu 
acontecimento, quais sejam: 
 O indivíduo não compreende o que está acontecendo naquela situação. 
 Alguns estímulos são impedidos de serem captados pela atenção por 
ferramenta inconsciente de defesa do próprio organismo do indivíduo. 
 O nível de concentração da pessoa em outra atividade é tão grande que 
ela não consegue prestar atenção nos estímulos recebidos (quando 
alguém conversa com uma pessoa que está “vidrada” olhando para o 
celular). 
 
A conquista e a continuidade da atenção consistem nos seguintes aspectos, 
vejamos: 
 Características dos estímulos: intensidade, novidade, repetição. 
 Fatores internos aos indivíduos: necessidades e objetivos (o que se quer 
obter); coisas que proporcionam prazer; indícios de algo temido, esperado 
ou antecipado, etc. 
 
É interessante observar que esses aspectos são diretamente inspirados pelos 
interesses, pela formação profissional, pela bagagem de vida que cada um trouxe 
até aquele momento. Todas as partes de um processo, o juiz, o promotor, o 
advogado, testemunha, jurados fixam sua atenção em situações de mais ponto de 
interesse em relação a outras. 
 Memória: “A faculdade de reproduzir conteúdos inconscientes” (JUNG, 
1991, p. 18) é provocada por sinais, dados obtidos pelos sentidos, que 
despertam a atenção. Se esta não acontecer, a informação não ativa a 
memória. 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Se prestar atenção e o estímulo for registrado, a informação poderá ser 
recuperada. A memória proporciona o reconhecimento do estímulo. 
Isto posto, cabe ressaltar que a emoção é muito relevante, uma vez que ela 
contribui para as lacunas, composições, ampliações, distorções, redução dos 
conteúdos ou mesmo o reconhecimento. Por exemplo, quando se passa em frente a 
um prédio azul e se lembra de uma música que tocava no rádio no dia em se estava 
indo casar. 
Geralmente, aqueles assuntos que causam dor são esquecidos. Essa 
inclinação ao esquecimento faz com que as pessoas não se recordem dos detalhes 
da situação, principalmente, quando são chamadas a testemunhar. Trata-se, na 
verdade, de um mecanismo de proteção utilizado pelo organismo inconscientemente 
que dificulta identificação da verdade dos fatos. 
Os pesquisadores não são unanimes em relação ao fato de que os assuntos 
dolorosos são preferivelmente esquecidos, mas aquilo que é entendido como mais 
importante, geralmente, é lembrado com mais simplicidade, ainda que o critério de 
relevância seja situacional e mediado pela emoção. 
Do mesmo modo, não é unanime o fato de que o indivíduo possa reprimir e, 
posteriormente, recuperar a lembrança completa de evento traumático. O maior 
desafio seria esquecer. 
Ainda que uma lembrança esteja viva em uma mente esquecida, não significa 
que realmente algo aconteceu. A memória não é apenas uma reprodução, mas é, 
também, uma reconstrução, não é possível que se tenha certeza de que algo é real 
apenas por parecer real, as memórias irreais também parecem ser reais. 
Uma prova disso é a recordação de alucinações. A alucinação é um fenômeno 
da percepção em que o indivíduo tem a convicção inabalável de ver algo que não 
existe. A recordação da alucinação em pessoas que fazem jejuns por períodos 
longos provoca visões de inferno e paraíso que se tornam reais em suas mentes. 
Estudos em relação a falhas na recuperação de conteúdos memorizados têm 
levado a conclusões importantes. 
As falsas lembranças, como as fantasias, não são criadas apenas por crianças, 
também podem ser criadas por adultos, que se utilizam desse artifício para suprimir 
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uma lacuna da memória com conjecturas aparentemente verdadeiras, muito comuns 
em casos de acidentes de carros. 
As memórias realizadas sob efeito de hipnose, sob uso de drogas e aquelas 
que estejam até os três anos de idade são consideradas não confiáveis. 
Cada indivíduo ativa a memória por meio de um sentido diferente. Enquanto 
uns recordam de um fato por meio da audição, outros recordam por meio da visão. 
Por isso, a necessidade da reconstituição dos fatos em dados crimes. 
 
A utilização de técnicas e métodos adequados permitem o estímulo correto da 
memória, algo que só pode ser feito um especialista, para que não se corra o risco 
de surgirem falsas lembranças. 
A confabulação é um fenômeno comum quando se trata da ativação da 
memória de pessoas idosas. Trata-se de uma falha de memória que é preenchida 
por uma realidade que não é verdadeira para a ocasião e são narradas com 
detalhes dando aparência de lucidez. 
Majoritariamente, os pesquisadores entendem que todo o conteúdo processado 
é armazenado pela memória e ali permanece por tempo indeterminado, salvo exista 
dano físico em suas estruturas cerebrais. Entretanto, não assegura a recuperação 
desses conteúdos. 
 Linguagem e pensamento: Trata-se de duas funções diretamente ligadas. 
 
Por meio da linguagem, “o homem transforma o outro e, por sua vez, é 
transformado pelas consequências de sua fala” (GODO; LANE, 1999, p. 32). 
A linguagem possibilita a integração, a constituição de modelos 
socioeconômicos e a construção da tecnologia. 
Quanto mais requintada for a linguagem, mais evoluído é o pensamento, pois 
ela influencia e é influenciada pelo pensamento de forma a estabelecer um círculo 
progressivo. 
A linguagem conserva o registro na memória, uma vez que as percepções são 
modificadas à medida que são falados. 
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O pensamento está inteiramente ligado ao processamento, à compreensão e à 
comunicação de informações, bem como às atividades de raciocínio, resolução de 
problemas e conceituações. 
Dificilmente, as pessoas concentram seus pensamentos no presente e, quando 
o fazem há uma projeção para o futuro. Isto é importante para que os conflitantes 
possam estabelecer seus reais interesses e se abrirem a soluções e negociações. 
Desenvolvimento do pensamento: Jean Piaget, biólogo, psicólogo e 
epistemólogo suíço foi um dos maiores pensadores do séc. XX. Defendeu a ideia de 
que os indivíduos desenvolvem a capacidade de pensar passando por fases que 
levam desde o nascimento, e sua evolução acompanha o desenvolvimento 
anátomo-fisiológico das estruturas cerebrais. 
A primeira etapa é chamada de estágio sensório-motor e ocorre do nascimento 
até o segundo ano de vida. Neste período, acontecem explorações em relação ao 
mundo e a si mesmo pelo indivíduo, mas o domínio do corpo é parcial e ali se 
começa a descoberta da linguagem.Já na segunda etapa, denominada de pré-operacional, que ocorre entre o 
terceiro e o sétimo ano, o indivíduo começa a solucionar problemas com objetos 
concretos; e, até o fim do quinto ano, boa parte já se utiliza da mesma linguagem 
empregada pelos adultos. A partir da aprendizagem da linguagem, inicia-se um 
processo de abstração, pois a criança começa com brincadeira de imaginação e cria 
realidades a partir de seu próprio mundo, de sua própria perspectiva com uma 
confiança cega no sensorial. 
Na terceira etapa, chamada de estágio operatório-concreto, que se dá entre o 
sétimo e o décimo anos, a criança passa a compreender uma estrutura lógica e 
perde a confiança cega no sensorial. Possui distinção entre aquilo que tem 
aparência e aquilo que é realidade, aquilo que é temporário e o que permanente. 
Tende a solucionar problemas por ensaio e erro, mas persiste a dificuldade para 
lidar racionalmente com ideias abstratas. 
No quarto estágio, denominado de operações formais, que é iniciado após os 
11 anos de idade, a criança inicia o desenvolvimento da capacidade de 
compreensão lógico-abstrata, ou seja, pensar sobre aquilo que pensa. Consegue 
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gerar soluções para os problemas e confrontar mentalmente suas soluções 
(permitindo-se abandonar a técnica de “ensaio-e-erro”). 
Ao fim desta etapa, atinge a capacidade mental do adulto. A evolução 
permanece por toda a vida desde que haja estímulo, mesmo que o indivíduo tenha 
algum problema motor ou sensorial. 
A evolução do pensamento acompanha a evolução anatômica, fisiológica e 
psicológica do indivíduo e ocorre: 
 Do concreto para o abstrato. 
 Do real para o imaginário. 
 Da análise para a síntese. 
 Do emocional para o racional. 
 
Durante os anos, a linguagem também sofre evolução e o desenvolvimento do 
pensamento depende de uma linguagem que possa prepará-lo. 
Este processo evolutivo traz uma indagação para o profissional do Direito: 
parcela dos adolescente e até mesmo dos adultos se mantêm na etapa de 
operações concretas e de operações formais, mas nem todos iniciam a etapa do 
operatório formal juntos, ou mesmo podem nem iniciar essa etapa ficando na etapa 
anterior pela vida toda. 
Isso tudo traz à reflexão acerca da evolução dos conflitos e o estágio de 
pensamento do indivíduo, pois, enquanto um encara o conflito como um ataque, 
outro percebe como desafio e outro pode nem o abalar. 
Pensamento, linguagem e conflitos: Os confrontos começam-se e ficam mais 
graves pela incapacidade dos conflitantes de tratar as mudanças. São restrições 
impostas pelo pensamento e pela emoção. 
A restrição do pensamento deriva do fato de que o cérebro já está 
condicionado a aplicar solução previamente estabelecidas a determinadas situações 
similares. 
A linguagem interfere na maneira como se pensa e no que se pensa, na 
medida que pode se tornar o ápice do conflito. Um simples “oi” pode deixar de ser 
um cumprimento e ser um verdadeiro insulto. 
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O poder da palavra justifica o questionamento de GADAMER (2007, p. 41): 
“Por que uma palavra errada, em um instante errado, pode ser tão funesta, sim, 
claramente fatal? E por que, inversamente, a palavra correta, no instante correto, 
pode desvelar pontos em comum e dissolver tensões?” 
 Emoção: Kaplan e Sadock (1993, p. 230) conceituam emoção como “um 
complexo estado de sentimentos, com componentes somáticos, psíquicos 
e comportamentais, relacionados ao afeto e ao humor”. 
 
A emoção delimita o campo de ação e conduz a razão. Damásio enfatiza 
(1996, p. 204) que “a atenção e a memória de trabalho possuem uma capacidade 
limitada. Se sua mente dispuser apenas do cálculo racional puro, vai acabar por 
escolher mal e depois lamentar o erro, ou simplesmente desistir de escolher, em 
desespero de causa”. 
As emoções são processos biológicos e dependem de mecanismos cerebrais 
estabelecidos de modo inato, embora sofram influências hormonais, culturais e 
socais. 
Tipos de emoção: 
 Emoções básicas: Felicidade, surpresa, raiva, tristeza, medo e 
repugnância. 
 Emoções sociais: Simpatia, compaixão, embaraço, vergonha, culpa, 
orgulho, ciúme, inveja, gratidão, admiração, espanto, indignação e 
desprezo. Todas podem estar presentes na gênese, na manutenção e no 
agravamento de conflitos. 
 Emoções de fundo: São representativas de estados corporais e mentais: 
felicidade, tristeza, bem-estar, mal-estar. Elas se subdividem em dois 
grandes grupos (LENT, 2001, p. 659-670): 
- emoções positivas ou relacionadas com o prazer; e 
- emoções negativas, relacionadas com a dor ou o desagrado. 
 
Enquanto as emoções positivas proporcionam a receptividade, a tolerância, a 
disposição para inovar e ousar e a solidariedade; as emoções negativas provocam 
ao recolhimento, à limitação, ao conservadorismo e podem ensejar discussões. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
O medo tensiona a musculatura, aumenta a frequência cardíaca, produz a 
vasoconstrição cutânea, produzindo um estado de alerta no indivíduo e preparando 
o organismo para o conflito. 
O medo bloqueia o raciocínio. Pessoas expostas a uma situação de agressão, 
de violência doméstica, por exemplo, não conseguem reagir ou encontrar solução 
para situação que vivem e permanecem presas no ciclo de violência. 
A raiva cria comportamentos impróprios e, geralmente, faz com que homens e 
mulheres reajam de forma distinta a essa emoção. É possível que raiva surja 
naturalmente, mas, também, é possível que seja derivada do medo. 
A paixão é uma emoção intensa e dominante sob a pessoa, em que o 
dominado não percebe quão ampla é o poder de dominação da paixão e, ao 
perceber a frustração, acaba por cometer o “crime passional”. Trata-se de um crime 
cometido por motivo torpe, individualista e cruel. 
A inveja é classificada como uma emoção social, associada ao fenômeno da 
relatividade da alegria. Ela possui seu lado positivo em que a pessoa invejada 
desperta na invejosa uma ação proativa para conquistar aquilo que quer, seja um 
melhor trabalho, uma casa, uma situação social melhor, etc. Mas, também, tem seu 
lado perverso, quando o invejoso se utiliza de delitos para se satisfazer ou mesmo 
de comportamentos que causam sofrimento para o indivíduo e para outros. Como 
não pode acabar com a diferença, o invejoso escolhe por prejudicar aquela pessoa 
que lhe causa inveja. 
Alegria: É uma emoção que propicia a sensação de felicidade, ampliando a 
percepção, estimulando a memória, flexibilizando os esquemas de pensamento e 
abre espaço para comportamentos cooperativos. 
Esta emoção propicia a abertura para a sensação de felicidade (a qual, na 
perspicaz visão de Damásio, constitui uma emoção de fundo). Ela contagia, amplia a 
percepção, estimula a memória, dando oportunidade para comportamentos 
cooperativos. 
A emoção funciona como uma energia que se acumula no corpo atéque ocorra 
a explosão emocional nas hipóteses em que essa energia não encontrou alguma 
maneira de ser consumida. São exemplos de emoções represadas os choros sem 
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motivos, depressões profundas, ataques de ansiedade e comportamentos 
agressivos. 
O psicólogo ou operador do direito não deve de maneira nenhuma reagir na 
mesma proporção a uma explosão emocional dada pelo cliente, sob o risco de 
comprometer a relação de confiança profissional previamente estabelecida. 
Há situações em que as explosões emocionais podem ser utilizadas de 
maneira a simular determinadas situações para que o indivíduo obtenha 
determinados benefícios. 
Conforme entendimento de Fiorelli (2020, p. 27-28), a gestão das explosões 
emocionais exige que o indivíduo tenha equilíbrio e escolha algumas técnicas, por 
exemplo: 
a) desviar o foco: Esquecendo-se do passado e passando a pensar no futuro. 
b) Concentrar-se nas questões práticas: Focaliza-se nos atos, procedimentos, 
e não na pessoa do inimigo. 
c) Promover idealizações do futuro: O indivíduo vê-se forçado a investir no 
campo da racionalidade. 
d) Manter-se bem humorado: A melhor maneira de combater a raiva é 
oportunizar a descontração, desde que seja realizada com critério e sensibilidade 
para que não seja encarado como desdém. 
 
INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA 
NOGUEIRA, Marcos de Jesus. Exame das Funções Mentais: Um Guia. 3ª ed. Rio 
de Janeiro: Atheneu, 2017. 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 2 – PSICOLOGIA JURÍDICA E A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
 
2.1 O Processo de Investigação Criminal 
 
A investigação criminal é um processo para se desvendar e obter informações 
a respeito das circunstâncias de um crime, materializar elementos de prova e 
procurar descobrir quem o cometeu, apurando-se tanto quanto possível, a realidade 
dos fatos. 
No entando, para a Psicologia, deve-se distinguir a realidade objetiva da 
realidade psíquica, que é a única existente para cada indivíduo. É possível que, em 
uma determinada situação, a realidade objetiva não corresponda a nenhuma das 
realidades psíquicas das pessoas nela envolvidas e, também, que a combinação 
dessas realidades não resulte na mesma realidade objetiva. Disso decorre a 
importância de diversas medidas relacionadas com o fato criminoso: 
 a preservação da cena do crime; 
 a reconstituição dos acontecimentos; 
 as entrevistas com as testemunhas; 
 as entrevistas com pessoas relacionadas aos protagonistas da 
ocorrência. 
 
A preservação da cena do crime1 tem a ver com a atividade de coleta de 
provas e com a reconstituição dos acontecimentos. Diversos fenômenos da 
 
1
 Art. 6º, CPP: Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada 
dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; (Redação dada 
pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; 
IV - ouvir o ofendido; 
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste 
Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; 
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; 
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua 
folha de antecedentes; 
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição 
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos 
que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. 
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percepção e da atenção assim o justificam; quando testemunhas e participantes de 
uma ocorrência reveem o local, os objetos, os sinais do que ali aconteceu, 
despertam-se conteúdos da memória que podem ter sido suprimidos, ainda que 
temporariamente, pela emoção que cercou o acontecimento. 
A fragilidade da memória, os fenômenos da percepção e da atenção justificam 
o amplo cuidado com esse tipo de detalhes. 
As entrevistas (com criminosos, vítimas, testemunhas) constituem, um 
momento peculiar, porque existe o fator emocional sempre presente, capaz de 
proporcionar inúmeros fenômenos. Lapsos, bloqueios, modificações de lembranças, 
confabulações podem estar presentes e somente a habilidade do entrevistador 
permite eliminar ou reduzir essas possibilidades. 
A linguagem peculiar entre adolescentes e entre integrantes de grupos coesos 
(por exemplo, organizações criminosas, etc) são muito importantes para criar um 
vínculo entre o entrevistador e entrevistado, facilitando a comunicação. 
Por isso, é tão relevante ter o conhecimento das técnicas de entrevista para 
inibir que este mecanismo de investigação seja um fator inviesamento na condução 
da investigação. 
Entre os motivos que sensibilizam consideravelmente o processo de 
investigação, e que influenciam os resultados das medidas anteriormente 
apontadas, sob o ponto de vista da psicologia, destacam-se: 
 O intervalo de tempo entre o fato gerador e o início; 
 A duração de sua realização; 
 A uniformidade dos procedimentos em relação a cada um dos envolvidos 
que venham a ser investigados; 
 O estilo de relacionamento interpessoal dos que investigam; 
 A divulgação que se dá ao caso; 
 A forma como são realizadas atividades de apoio, como as perícias 
médica, psicológica e o exame de corpo de delito. 
 
 
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome 
e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. 
26 
 
 
 
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A memória e o tempo não convivem em harmonia, daí a importância de se 
realizarem entrevistas, reconstituições da cena e outras providências que possam 
estar relacionadas com as lembranças, tão logo quanto possível. 
A rapidezna realização da investigação pode ser prejudicada, entretanto, pela 
emoção do momento. Mas, quando as emoções forem muito fortes, as lembranças 
podem sofrer influência das referências com fato e com os impactos sofridos pelos 
expectadores das cenas. 
É possível que alguns detalhes da situação surjam após o momento de 
emoção. O instante sucessivamente subsequente pode não ter tantos detalhes 
recuperados pela mente haja vista o curto período de tempo de recuperação, para 
reflexão e tranquilidade, absorção daquele evento. 
Todavia, a delonga na realização da invetigação é imensamente danosa, visto 
que as testemunhas e demais enredados podem ser sujeitos a vários dados, 
notícias, pontos de vistas, posições que podem embaralhar suas ideias de tal 
medida que não saibam mais quais são realmente as suas ideias ou quais são 
aquelas que realmente ouviram. 
Ademais, detalhes pouco marcantes, por exemplo, rostos mal vizualizados, 
cenas não muito nítidas, características não exatas podem ter influência de 
estímulas que, muitas vezes, nunca tiveram causando convicções sem sustenção 
concreta, convertendo indícios em verdades plenas. 
As confabulações, ainda que não patológicas, podem ocorrer caso uma série 
de lembranças tenha pequenos prejuízos advindos do lapso temporal entre 
determinada situação e a investigação. Sem consciência, a mente o corrigi 
utilizando-se de pensamento lógico indiscutível, mas não necessariamente real, com 
o objetivo de preencher as lacunas apagadas pela memória. 
Por outro lado, caso a investigação seja muito longa, há o aumento do estresse 
da testemunha e dos envolvidos e o prejuízo à memória. 
No Tribunal do Júri, os jurados são incomunicáveis, pois uma vez sorteados, 
não poderão comunicar-se entre si, nem manifestar sua opinião sobre o processo, 
sob pena de exclusão do Conselho e multa2. 
 
2
 Art. 466, § 1º, CPP: O juiz presidente também advertirá os jurados de que, uma vez sorteados, não poderão 
comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do 
Conselho e multa, na forma do § 2º do art. 436 deste Código. 
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Crianças e idosos possuem vulnerabilidade em situações desse tipo, podendo 
levar à fantasia como ferramenta de defesa. 
A delonga do processo investigativo pode ser causadora de vários transtornos 
psíquicos, como a depressão, a ansiedade, podendo danificar a regeneração das 
lembranças. 
A utilização regular de técnicas de entrevistas, quando se tem várias pessoas 
em um processo investigativo, é de suma importância, uma vez que cada 
investigador tem uma característica pessoal que pode induzir as respostas do 
entrevistado enviesando um resultado. 
Do mesmo modo, a maneira como é conduzida a investigação é determinante, 
pois o comportamento do entrevistador pode colocar o entrevistado em uma 
situação de medo, ou mais relaxado, ou estabelecer autoridade, ou cooperação ou 
mesmo punição. 
Diante de momentos de estresse, as pessoas podem ter bloqueios para se 
expressar ou têm a atenção estimulada captam detalhes emitidos pelo entrevistador. 
Um fator importante (será tratado no item 3.2) é a questão da Criminologia 
Midiática ou se chama de Labeling Approach (Teoria do Etiquetamento Social), em 
que as noções de crime e crimoso são construídas socialmente, a partir da definição 
legal e das ações de instâncias oficiais de controle social a respeito do 
comportamento de determinados indivíduos. Na realidade, a criminalidade não seria 
inerente ao sujeito, mas sim uma “etiqueta” atribuída a determinados indivíduos que 
a sociedade conhece como criminosos, a sociedade os rotuala como tal. 
A disseminação do caso na mídia afeta diretamente testemunhas, jurados, 
vítima e até mesmo aqueles que estão em julgamento, pela proporção que tudo 
toma, pois há uma comoção social em torno do caso que perde toda a técnica e é 
tomada por fatores emocionais relevantes. 
Todo esse clamor público pode ocasionar interferências importantes no 
julgamento, pois exigem das partes maior responsabilidade e imparcialidade quando 
do julgamento. 
Segundo o Professor Fiorelli (2020, p. 273), o quadro emocional de um 
episódio como este ocasiona impactos em todos os envolvidos e os meios de 
comunicação têm a potencialidade de ampliá-los, tanto no que tange às 
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responsabilidades para os que julgam, os que acusam e defendem, como afetando 
as interpretações de testemunhas e, até mesmo, dos diretamente envolvidos. 
O efeito Hawthorne ganha proporções e acentua-se a representação. 
Conforme a personalidade do indivíduo, ter-se-á a incidência deste efeito. Haverá 
três tipos de indivíduos: aquele que se sentirá amendrontado e, portanto se tornará 
mais dependente; aquele que vai procurar uma forma de se libertar de processos e, 
ainda, haverá aquele que vai se utilizar dos processos para se expor. 
Nas entrevistas, este efeito torna-se especial, pois, a depender da 
personalidade e do quadro emocional que cerca aquele acontecencimento, existirão 
respostas com consequências importantes. A maneira como a entrevista é realizada 
pelo profissional, seja ele investigador, médico, pscólogo, assistente social ou perito, 
é também capaz de identificar se há de algum envolvido má-fé, ou mesmo, no caso 
de crianças, adotar uma postura de proximidade cria uma relação fundamental de 
confiança e acolhimento, fazendo com que ela deixe de acreditar que é culpada pela 
violência que sofrera. 
 
2.2 A importância da psicologia criminal na investigação policial 
 
A utilização correta das técnicas de investigação policial é importantíssima para 
correta elucidação do fato criminoso. E, ao tempo em que a sociedade evoluiu, a 
criminalidade também se desenvolveu, organizando-se e se estruturando, exigindo o 
aperfeiçoamento das técnicas investigativas que se tornavam ineficazes para 
solucionar casos tão complexos. 
Tal evolução se deu ao longo dos séculos e por meio de uma busca 
interdisciplinar para solução de tais casos. Vejamos. 
Um senhor em 1850, criminoso arrependido, voluntariamente procurou um 
comissário de polícia em Paris e disse conhecer quem pratica cada um dos crimes, 
disse que era um criminoso habitual, que conseguiria à paisana desvendar o crime 
(fichário de todos os criminosos conhecidos e individualização por meio de 
cicatrizes, tatuagens e pegadas). Essa era a figura do informante. Este senhor era 
Eugène-François Vidocq, que conseguiu convencer o comissório e fez surgir a 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Sûreté Nationale, a primeira Polícia Civil, a primeira polícia investigativa do mundo, 
muito antes da Scotland Yard. É um marco da Polícia Investigativa. 
Vidocq trabalhava com análise de cenas de crimes, papéis de carta inalteráveis 
e tintas indeléveis, infiltração deagentes, disfarces em quadrilhas, ou seja, tudo o 
que acontece hoje já se fazia naquela época. 
Jean Alexandre Eugène Lacassagne montou um axioma importante: é 
necessário saber como duvidar. Ou seja, fazendo a pergunta certa, ainda que não 
se saiba do assunto, pode-se ter grande chance de se ter esclarecido a sua dúvida e 
questão processual. Nessa época, para saber se o sujeito estava morto, colocava-se 
um espelho próximo às narinas e se não o embasasse, significava que o sujeito 
estava morto. Muitas pessoas foram dadas como mortas mais cedo do que 
deveriam. Lacassagne, como médico, começou a desenvolver técnicas mais 
apuradas para tal verificação para substituição à técnica do espelho (estudo da 
variação da temperatura corporal e das manchas sanguíneas no óbito). 
Mathieu Joseph Bonaventure Orfila (1800) estuda a trajetória do veneno no 
corpo. Existia uma máxima que o veneno estaria sempre na corrente sanguínea, 
então a autópsia era muito comum e não detectava a maior parte dos crimes. Nessa 
época, as pessoas morriam muito por envenenamento por arsênicos, só que não era 
possível você encontrar os arsênicos no corpo. Ele começou a fazer biópsias para 
saber onde o arsênico realmente se instalava. Nessa época, o arsênico era 
conhecido como porder de sucsesion , ou seja, o sujeito tinha uma tia velha, que 
normalmente faleceria de gota e, normalmente, o envenenamento por arsênico é 
muito parecido com o falecimento por gota, então dava-se a causa mortis por gota. 
Após Orfila, começa-se a ter a explicação. 
Alphonse Bertillon era um policial medíocre, filho de uma pessoa importante, 
que foi tolerado e colocado em uma repartição em um subsolo e passou anos 
tentando medir o criminoso (sistema de medições do corpo humano - 
antropometria). Nessa época, o sujeito era preso e, do jeito que foi preso, ia para 
penitenciária, não tomava banho, e ficava com a roupa que estava. Muitas vezes, o 
sujeito era preso da primeira vez, e da segunda vez já tinha cicatrizes, tinha se 
disfarçados muitas vezes, ninguém examinava a pessoa, ninguém tocava no preso. 
Bertillon que era uma pessoa meticulosa começou a querer medir o preso e aí ele 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
passa anos catalogando, fazendo fichas em arquivos físicos (crânio, distância entre 
os olhos, altura, etc.). Ele passou anos catalogando, até que resolveu um caso muito 
famoso de um falso Conde que era um criminoso que ele conseguiu desmascará-lo. 
O criminoso não se deixava fotografar e era mal cheiroso. 
Juan Vucetich (1891) argentino de origem do leste europeu, inventou a 
chamada identificação datiloscópica. Bertillon cai no ostracismo, pois Vucetich 
afirma que a impressão digital é individual, não era preciso medir a pessoa inteira. 
O geneticista britânico Alec Jeffreys desenvolveu a técnica de impressão do 
DNA usada na ciência forense. 
Atualmente, é comum observar o aumento de investigação policiais que 
concluam por delitos praticados por indivíduos que tenham psicopatologias, dentre 
os quais são: homicídio; feminicídio; induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou 
a automutilação; estelionato; estupro; importunação sexual; registro não autorizado 
da intimidade sexual; estupro de vulnerável; satisfação de lascívia mediante 
presença de criança ou adolescente; divulgação de cena de estupro ou de cena de 
estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia; estupro coletivo ou 
corretivo, etc. 
Casos icônicos resultado de investigações policiais históricas conduziram à 
apreensão de delinquentes como Francisco das Chagas Rodrigues Brito, caso 
conhecido como O caso dos Meninos Emasculados de Altamira em que o suspeito 
fora incriminado pelo assassinato de quarenta e dois meninos no Maranhão e no 
Pará durante o período de 10 anos, entre 1993 a 2003. 
O Brasil foi representado perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos 
em virtude do descaso na investigação dos homicídios e estupros de crianças e 
adolescentes no Estado do Maranhão e Altamira-PA. Em dezembro de 2005, o 
Brasil e as ONGs Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Padre 
Marcos Passerini e o Centro de Justiça Global assinaram um acordo amistoso e o 
Estado brasileiro reconheceu a responsabilidade internacional perante o caso, 
firmando compromisso quanto ao julgamento e punição ao responsável pelos crimes 
de homicídio, estupro e emasculações dos menores nas quatro cidades onde os 
crimes ocorreram. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Neste caso, o “Maníaco do Maranhão” foi condenado com a idade de quarenta 
e cinco anos no julgamento encerrado no dia 27 de agosto de 2009 a trinta e seis 
anos e seis meses de prisão. 
Preso há mais de 20 anos, Francisco de Assis Pereira matou seis mulheres e 
violentou nove ficando conhecido como “Maníaco do Parque”. Condenado a mais de 
280 anos de prisão, Francisco atacava as vítimas de idade entre 17 e 27 anos no 
Parque do Estado na Zona Sul da Capital paulista. 
Um crime que impressionou todo o país foi o homicídio cometido pela filha 
juntamente com o namorado, Daniel Cravinhos, e o cunhado, Cristian Cravinhos, 
contra seus pais, o casal Manfred Albert von Richthofen e sua esposa Marísia von 
Richthofen. 
O casal estava dormindo quando foram golpeados pelos irmãos com barras de 
ferro. Marísia resistiu e foi sufocada com uma toalha. O revólver de Manfred foi 
colocado ao lado de seu corpo. Durante a execução, Suzane ficou no andar debaixo, 
na biblioteca e espalhou papeis para simular um assalto. Com a ajuda dos 
Cravinhos, arrombou a mala do pai e furtou todo dinheiro que estava nela. Após 
deixarem Cristian perto de casa, o casal seguiu para um motel para forjar um álibi. 
Diante dos casos narrados acima, é possível observar a necessidade de 
conhecimento técnico específico para enfretamento desses perfis criminosos. Para 
tanto, faz-se necessário o treinamento das equipes para que possam conduzir a 
investigação de maneira eficiente que possibilitem aos profissionais traçar o perfil 
comportamental do delinquente. 
É preciso que o investigador de Polícia tenha o conhecimento da legislação 
penal, bem como as técnicas da psicologia criminal para que possa identificar os 
motivos que levam o sujeito ao cometimento do crime, o modus operandi, e que 
possa percorrer o iter criminis, auxiliando na identificação da autoria, materialidade e 
circunstâncias do cometimento do crime, colhendo provas para que haja a denúncia 
pelo Parquet. 
É inevitável o conhecimento de determinados conceitos dos Direitos 
Administrativo, Constitucional, Penal e Processual para que se compreenda a 
atuação da Polícia Investigativa abrangendo toda a fase pré e pós-processual. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Conforme orienta Di Pietro3, o poder de polícia é "[a] atividade do Estado 
consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse 
público". 
Em relaçãoà Instituição Policial, Diocleciano Guimarães conceitua como: 
“órgãos do Poder Público incumbidos de garantir, manter, restaurar a ordem e a 
segurança públicas; zelar pela tranquilidade dos cidadãos; pela proteção dos bens 
públicos e particulares; prevenir contravenções e violações da lei penal, bem como 
auxiliar a Justiça4.” 
A Constituição da República dispõe no art. 144 que “a segurança pública, dever 
do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da 
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos 
seguintes órgãos5”: Polícia Federal; Polícia Rodoviária Federal; Polícia Ferroviária 
Federal; Polícias Civis; Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares e Polícias 
penais federal, estaduais e distrital. 
Cabe à Polícia Federal6, dentre outras funções, apurar infrações penais “cuja 
prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, 
segundo se dispuser em lei", e, "exercer com exclusividade, as funções de polícia 
judiciária da União". 
É importante ressaltar a diferença entre a polícia judiciária e a investigação 
criminal. Enquanto a primeira trata do cumprimento de determinações judiciais nas 
fases pré-processual e processual, a segunda tem por fim a apuração da 
responsabilidade penal do crime, na busca da autoria e materialidade para que 
possa propiciar fundamentação para ação penal, posteriormente, oferecida pelo 
 
3
 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 15 ed. São Paulo: Atlas, 2003. p.111. 
4
 GUIMARAES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Técnico Jurídico. Prefaciado pelo ministro Antônio Cezar 
Peluso. 7 ed. São Paulo: Rideel, 2005. p.44. 
5
 BRASIL. Constituição [1988]. Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial [da] República 
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ ccivil_03/ 
Constituicao/ Constituicao.htm>.Acesso em: 12 out. 2019. art.144. 
6
 Art. 144, § 1º, CF: A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela 
União e estruturado em carreira, destina-se a:"(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
I – apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da 
União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha 
repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; 
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem 
prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; 
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 19, de 1998) 
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. 
33 
 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Ministério Público. Caso o Parquet entenda que possui elementos suficientes para 
apresentação da denúncia, pode dispensar a instauração do inquérito (inclusive esta 
é uma das características do inquérito policial, a dispensabilidade). 
Na esfera federal, a Polícia Federal desempenha as investigações conforme 
suas atribuições, e os elementos colhidos na apuração pela equipe policial serão 
encaminhados ao Ministério Público Federal. Da mesma forma, na esfera estadual, 
a Polícia Civil, exercendo a atividade de Polícia Judiciária e investigando infrações 
penais, em que este último, será também lavrado inquérito policial e encaminhado 
ao Ministério Público Estadual. 
Assim que acontece um crime e a polícia tem conhecimento, algumas medidas 
precisam ser tomadas, conforme se compreende do art. 6º do Código de Processo 
Penal. A equipe policial se deslocará até o local providenciando para que o estado 
de conservação das coisas não seja alterado até que chegue a equipe de peritos 
criminais. É preciso que haja a localização e a identificação dos criminosos, bem 
como a identificação de testemunhas e vítimas. 
Há também a apreensão de objetos que tiverem relação com o fato, realização 
de vigilância do local, reconhecimento de pessoas e coisas e acareações, e 
utilização de demais técnicas policiais que serão detalhadas a seguir. 
A investigação policial é um procedimento policial administrativo composto por 
um conjunto de procedimentos sistematizados, de natureza interdisciplinar, que 
busca elementos de convicção que auxiliem na produção de provas da infração 
penal, buscando identificar autoria, a materialidade e as circunstâncias em que 
ocorreu. O resultado da investigação policial será enviado ao Poder Judiciário para 
que sejam realizados os procedimentos legais. 
A ciência da ocorrência de uma infração penal pela autoridade policial pode se 
dar de duas formas: a primeira, de forma direta, quando o Delegado de Polícia, em 
meio a uma investigação descobre o fato criminoso (cognição imediata). Ou 
indiretamente, quando a vítima ou outra pessoa comunica a ocorrência do fato 
provocando a atuação policial (cognição mediata)7. 
Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, o investigador de 
polícia deverá montar um plano de ações chamado de Planejamento Operacional 
 
7
 Notitia criminis, ou notícia-crime, é o conhecimento por uma autoridade policial – seja espontâneo ou 
provocado – de um fato criminoso. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
que terá determinado o começo e o final da investigação; quem fará parte da equipe 
e quais os procedimentos serão adotados considerando o nível de complexidade do 
caso. 
Para que haja o efetivo cumprimento dos princípios, garantias e direitos 
estabelecidos no exercício da atividade de investigação policial, é necessário que os 
operadores tenham conhecimento da legislação brasileira. 
O art. 1º, inc. III da Constituição Federal determina como fundamento básico a 
dignidade da pessoa humana, aplicada a todos sem distinção. 
No art. 5º, caput, a Constituição determina que todos são iguais perante a lei 
sem distinção de nenhuma natureza, garantia dada aos brasileiros e aos 
estrangeiros que residam no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade. 
A Convenção Americana de Direitos Humanos, também chamada como Pacto 
de San José da Costa Rica, consiste em um tratado internacional entre países da 
Organização dos Estados Americanos (OEA) que se comprometem 
“a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre 
e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem 
discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, 
opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, 
posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social”
8
. 
 
O princípio da presunção de inocência, disposto no art. 5º, inc. LVII da 
Constituição Federal determina que “ninguém será considerado culpado até o 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Para fins da investigação 
policial, este princípio implica na impossibilidadede que alguém que não tenha sido 
condenado pela justiça seja preso. Cabe ao Estado o ônus de provar que aquele 
indivíduo cometeu a infração penal. 
Outros princípios e direitos também são importantes, tais como: o princípio da 
legalidade (art. 5º, inc. XXXIX, CF), princípio da ampla defesa e ao contraditório, 
duplo grau de jurisdição e o direito ao silêncio. 
Durante a atividade investigativa, o operador deve aplicar técnicas policiais 
mais pertinentes para a apuração dos fatos dada à complexidade do caso, sempre 
 
8
 Art. 1º - Obrigação de respeitar os direitos. Acesso em: 
https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.htm 
https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.htm
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
devendo pautar sua conduta em bases legais e em cumprimento dos direitos e 
garantias do investigado. 
Abaixo, será feita uma breve exploração acerca das técnicas utilizadas na 
investigação policial, tais como a infiltração policial, a vigilância, a diligência para 
localização de pessoas e coisas, a interceptação telefônica, o requerimento de 
informação de entes públicos e privados, a declaração de testemunhas e vítimas, a 
busca pessoa e domiciliar. 
Trata-se a infiltração policial (técnica conhecida como undercover agent) de um 
meio de obtenção de prova previsto, inicialmente, na lei de crime organizado e, 
posteriormente, em outras legislações como a lei de drogas, mas só passou a ser 
completamente regulamentada na atual legislação de organizações criminosas. 
Consiste em uma técnica de investigação excepcional, especial e sigilosa que 
deve ser previamente autorizada judicialmente, em que um ou mais policiais, sem 
revelar suas identidades policiais, inserem-se de forma dissimulada no mecanismo 
da organização criminosa com o objetivo de colher provas a fim de desmantelar tal 
organização. 
A infiltração de agentes se divide em três etapas. 
Antes que ocorra a infiltração em si, há a seleção do Investigador de Polícia 
que será infiltrado, sendo observado: 
a) Análise do perfil do policial infiltrado. 
b) Criação de falsa identidade, preparando-o para o meio. 
c) Criação de uma cobertura (falsa história que apague sua condição de 
policial). 
d) Tempo de duração. 
e) Custo. 
Na segunda etapa, há a colocação do selecionado no bojo da organização, que 
pode acontecer de três formas: 
a) Por meio de informante (pessoa que tem laços com membros da 
organização, porém não faz parte dela). 
b) Membro da organização (pessoa identificada que pretende os benefícios da 
delação premiada). 
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c) Autocolocação (mais difícil e demorada, porém mais eficaz e segura para o 
plicial). 
Depois da infiltração, começa-se a coleta de provas que possam indicar autoria 
dos crimes praticados pela organização. No decorrer da infiltração, é preciso que 
observar alguns aspectos: 
a) Tempo de duração. 
b) Técnicas empregadas. 
c) Colheita de dados e informações. 
d) Custo da operação. 
e) Resultados obtidos. 
A vigilância policial consiste em uma prática policial que tem por objetivo 
realizar a colheita de dados para a investigação estando o mais próximo possível 
dos investigados. Geralmente, realizada por no mínimo quatro policiais que ficam de 
vigília, a pé ou em seus veículos, equipados com câmeras fotográficas ou 
filmadoras. Durante tal prática, a finalidade é que possam ser identificados 
indivíduos que tenham cometido a infração penal escopo da investigação, bem como 
o levantamento de locais e práticas realizadas pelos criminosos. 
Já a diligência para localização de pessoas e coisas é uma técnica policial que 
é utilizada para encontrar ofensores, vítimas e testemunhas, tal qual objetos 
provenientes da infração penal que possam estar, posteriormente, à disposição da 
polícia. 
Para que haja o cumprimento de uma diligência policial, é preciso que haja 
alguma informação proveniente da investigação que possa ensejar o uso de sites 
como: redes sociais, sites de busca, sites oficiais do governo, ou de pessoas 
desaparecidas. A partir da coleta dessas informações, o investigador poderá 
confirmar se dados coletados estão corretos e poderá se aprofundar na investigação 
por meio de entrevista de pessoas. 
A interceptação telefônica é uma técnica regida pela Lei n. 9.296/96 e se 
baseia, de forma simplificada, na captação da conversa telefônica de um terceiro, 
sem que haja o conhecimento dos interlocutores. 
Cabe ressaltar que, conforme interpretação do art. 5º, inc. XII da CF, a 
interceptação telefônica poderá ser utilizada tanto em fase de investigação criminal 
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quanto em fase de instrução processual penal, ou seja, a interceptação vale como 
prova criminal. 
O investigador irá selecionar os trechos que sejam importantes para a 
investigação em tela e, ao fim do prazo, irá preparar um relatório indicando o que 
tenha sido apurado. 
O requerimento de informações de entes públicos e privados trata-se da 
procura de indivíduos que estejam sob investigação e que estejam incluídos em 
bancos de dados públicos ou privados, obedecido ao critério de autorização judicial, 
quando o sigilo dos dados estiver sob proteção legal, como no caso de obtenção de 
dados telefônicos, fiscal e bancários, por exemplo: lista de passageiros, dados 
cadastrais de conta corrente, etc. 
As declarações de testemunhas e vítimas são métodos realizados pelos 
policiais, com a finalidade de fazer o levantamento de dados em relação ao fato 
criminoso investigado. 
Nas entrevistas dadas por cada testemunha, o investigador deve observar os 
seguintes elementos: 
 Descrição do lugar onde o crime ocorreu. 
 Horário do cometimento do crime. 
 Relação entre a testemunha e o criminoso e entre a vítima e o criminoso. 
 Descrição da roupa que o criminoso vestia (que possa indicar sua 
profissão ou empresa onde trabalhava). 
 Sotaque. 
 Aparência, descrição física do criminoso (cor da pele, tatuagem, corte de 
cabelo, cicatriz, cor dos olhos, altura, sexo etc.). 
 Placa e tipo de veículo que usava no dia do crime. 
 Instrumentos que usou para cometer o crime (arma de fogo, arma branca, 
cordas etc.) 
 
As declarações das testemunhas, do investigado e da vítima podem trazer 
dados que levarão a coautoria, participação, materialidade e circunstâncias da 
ocorrência da infração penal. Ilana Casoy9, descrevendo o método de David Canter, 
 
9
 CASOY, Ilana. Serial Killer: louco ou cruel?. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Ediouro, 2008. p.53. 
38 
 
 
 
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dá ênfase à coerência interpessoal entre vítima e agressor, acrescentando que "[...] 
a vítima representa alguém na vida ou no passado do agressor (como sua mãe ou 
sua ex-namorada)". Dessa forma, o investigador deve sempre estar alerta às 
manifestações da vítima em relação ao ofensor, buscando observar se em algum 
momento houve alguma agressão, violência ou comportamento que justificasse o 
crime. 
A busca pessoal é a inspeção do corpo do indivíduo com o objetivo é encontrar 
objetos de interesse à investigação, quais sejam, arma, faca, papéis ou quaisquer 
objetos que consistam corpo de delito, podendo ser realizada a qualquer tempo, 
independentemente de mandado judicial, desde que haja fundada suspeita ou 
mesmo no cumprimento de uma prisão em flagrante. 
Cabe ressaltar que a busca pessoal pode ser realizada durante o dia e durante 
a noite, também durante a busca domiciliar. 
A busca domiciliar é uma diligência realizada que tem por fim a localização de 
pessoas ou coisas por meio de ordem da autoridade judicial, devendo ser executado 
durante o dia pelo policial que irá ler o conteúdo do mandado antes de entrar no 
domicílio. Ao término do procedimento, o investigador deverá lavrar um termo 
circunstanciado informando tudo aquilo que fora encontrado. 
A prática de crimes como de homicídios, estupros e crimes cometidos por 
pessoas portadoras de psicopatologias exige da polícia investigativa uma equipe de 
profissionais com formação em Psicologia Criminal e Criminologia, para que haja 
eficiência na preservação do local do crime, bem como na colheita das informações 
iniciais que possam indicar a autoria e materialidade nas quais o fato ocorreu. 
A utilização correta das técnicas contribui para a elaboração assertiva do perfil 
criminoso, estabelecendo seu modus operandi e, até mesmo, prevenindo a 
ocorrência de outros crimes. 
A ineficiência e o despreparo das equipes apenas revela a carência de 
transformação e desenvolvimentos nas técnicas de investigação policial que 
perpassem pelo processo de formação e aperfeiçoamento do investigador de polícia, 
visando capacitá-lo a entender, colher dados e formular informações que apontem 
para autores de crimes cometidos por portadores de algum tipo de transtorno 
mental. 
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2.3 Criminal profiling: Perfis Criminais e Comportamentais 
 
Quando se fala em perfil psicológico, trata-se de conjunto de características da 
personalidade, traços que são continuamente estáveis ao longo do tempo. É 
exatamente isso que é a matéria-prima da psicologia forense neste contexto em 
particular no criminal profiling, que permite analisar comportamentos e fazer 
previsões em relação a esse comportamento, e isso pode ser contextualizado no 
âmbito criminal, mas, também, pode ser contextualizado em outros âmbitos que será 
desmistificado a seguir. 
Ao tratar do criminal profiling, indiretamente, associa-se a séries televisivas e 
muitas dessas servem para entreter. Embora tragam certa representatividade, trata-
se de contextos fictícios na maior parte das vezes. 
Um dos casos mais proeminentes é do Criminal Mind, que é uma equipe do 
FBI (Federal Bureau of Investigation ou Departamento Federal de Investigação) que 
faz análise dos perfis criminológicos e como essas mentes criminosas comentem 
determinados tipos de crimes. 
Quando se fala em círculos de influência, logo se lembra da série americana 
Hannibal Lecter, personagem criado pelo escritor Thomas Harris, e depois famoso 
pela interpretação nas telas dada pelo ator Anthony Hopkins. 
O criminal profiling começou como uma arte investigativa e vários autores 
começaram a escrever livros. O Sherlock Holmes (primeira versão é de 1887) foi um 
sucesso e continua a ser, e seu o raciocínio lógico dedutivo e indutivo está presente 
nesses livros. Foi isso que, de certa forma, promoveu, em certa medida, a expansão 
do profiling criminal sob o ponto de vista teórico para o ponto de vista prático. Em um 
dado momento, em meados de 1960, passou a ser uma técnica forense que 
pudesse ajudar a resolver determinados crimes, nomeadamente, no que diz respeito 
a assassinos em série. 
Os assassinos em série têm um padrão de comportamento facilmente 
identificável, um modus operandi específico, uma assinatura também específica, o 
que permite aos investigadores criminais determinarem que tipo de comportamento 
podem ter e prever também a partir do profiling geográfico qual poderá ser o próximo 
local em que o ofensor cometerá o crime. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Atualmente, é uma técnica auxiliar que não pode ser chamada de ciência, isto 
porque seria pisar em um terreno minado. Em vários congressos internacionais, há o 
debate se o criminal profiling é considerado uma ciência ou técnica. Aqueles que 
defendem que é uma ciência compreendem que ela se utiliza de método científico, 
mas aqueles que entendem que é uma técnica, a compreendem como falível, 
subjetiva, portanto, trata-se de comportamento humano e, como tal, o 
comportamento humano não é tão previsível como se pensa que é. Às vezes, pode 
acontecer algum acidente de percurso, e pode ter alguma alteração da 
personalidade, e então há um rompimento daquilo que se julgava estável. A maior 
parte entende como uma técnica auxiliar e os esforços estão em levar as técnicas do 
laboratório para o contexto real. Como é possível implementar essa técnica de uma 
forma mais eficaz e mais assertiva? 
O criminal profiling consiste em referências das características da 
personalidade do indivíduo. Como dito no início, um perfil é exatamente isto: um 
conjunto de característica de personalidade. É uma abordagem clínica, podendo ser 
feitos a partir, por exemplo, da análise de dados oceanográficos em relação ao 
ofensor. Pode-se determinar se ele tem psicopatologia ou não. A própria análise da 
cena de crime permite determinar isso com alguma frequência. Também, é possível 
fazer comparação de dados estatísticos a partir de uma abordagem estatística, 
tentando determinar se há uma ligação entre alguns casos, e perceber se o mesmo 
ofensor está cometendo vários crimes iguais ou se há pessoas cometendo crimes 
semelhantes, mas que não é o mesmo ofensor. Há análise da informação que é uma 
análise investigativa que se trata da aplicação da psicologia no contexto da 
investigação criminal. É tentar dizer quais são os procedimentos passo a passo que 
se deve ter de forma a garantir a informação fidedigna e permita construir um caso 
com alguma consolidação e que permita a partir daí chegar a uma lista de suspeitos 
(não apenas de um suspeito numa primeira fase). 
No que diz respeito à aplicação desta técnica, vários países a utilizam. No 
Reino Unido, utiliza-se mais uma abordagem estatística, olha-se para os dados de 
uma maneira estatística. Softwares especializados nesta análise permitem fazer a 
ligação entre os casos. Já nos Estados Unidos, é realizada uma análise 
comportamental. Basicamente, analise-se a pessoa, o comportamento que ela teve, 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
quando se vai à cena do crime, a própria cena determina uma série de 
características do ofensor (se é organizado ou não), a partir dessa classificação, já 
se tem uma série de características que é possível traçar o perfil do criminoso. 
O que se pretende com o criminal profiling é responder às seguintes questões: 
 O que é? 
 Por que é usado? 
 Onde é usado? 
 Quando? 
 Quem são os profilers? 
 
Entretanto, na prática policial, com a finalidade de ajudar na investigação 
criminal, aplica-se técnica aos casos considerados de crimes violentos e complexos, 
sejam eles em série ou não, múltiplos ou únicos, permitindo limitar a lista de 
suspeitos e, muitas vezes, chegar ao ofensor. 
Ao finalizar o parecer, o psicólogo pode indicar caminhos a serem seguidos, 
mas não cabe a ele indicar quaisquer medidas jurídicas que lhes ache conveniente. 
A cena do crime é de extrema importância para o criminal profiling. Nela, 
poderá haver muitos indícios que se mostrarão cruciais para elucidação da 
investigação, podendo servir como materialidade e autoria para o inquérito policial e 
base para a ação penal. 
Dessa forma, uma equipe investigativa bem treinada e conhecedora de tais 
técnicas pode ser determinante na cena do crime na busca de vestígios. 
Embora não exista uma profissão específica, qualquer pessoa pode ser um 
profiler, desde que tenha formação profissionalizante. Trata-se de uma função, 
geralmente. Qualquer investigador ou autoridade que esteja aplicando a técnica ou 
psicólogo forense que tenha uma formação de base abrangente e faça uma 
especialização também será um profiler. É importante que o profiler tenha: 
 Colaborações externas (internacionalização). 
 Formações profissionais e de competências. 
 Sistema de ensino adequado às exigências. 
 Colaborações com as entidades policiais. 
 
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A utilização das técnicas de criminal profiling também são de grande valia no 
nas práticas policiais em relação à preservação do local do crime para que possam 
ser realizadas as coletas de indícios de maneira adequadas. Geralmente, esses 
indícios são coletados em no máximo 24 horas após o cometimento do crime em 
virtude do perecimento do material. 
Entretanto, não é incomum que haja a perda de materiais ou pelo perecimento 
destes ou mesmo pela inabilidade técnica dos operadores na cena do crime, 
causando vários problemas dentre eles: 
 Arquivamento do Inquérito Policial por falta de provas. 
 Indiciamento e autuação de cidadão que não é de fato autor do crime. 
 Absolvição de culpados por falta de prova. 
 Demora excessiva na elucidação de delitos. 
 
A presença de um profissional especializado na técnica do Criminal profiling 
logo no início da investigação criminal amplia a capacidade de exploração e 
conservação do local do crime para coleta de indícios, uma vez que este será o 
primeiro contato entre a equipe policial e crime. 
O propósito do estágio de coleta de provas é relacionar e conservar aqueles 
indícios que contribuirão para a reconstituição do crime e para provar a autoria do 
ofensor. 
São alguns indícios que podem ser encontrados: 
a) Vestígios (resíduo de arma de fogo, resíduo de tinta, vidro quebrado, 
produtos químicos desconhecidos, drogas). 
b) Impressões digitais, pegadas e marcas de ferramentas. 
c) Fluidos corporais (sangue, esperma, saliva, vômito). 
d) Cabelo e pelos. 
e) Armas ou evidências de seu uso (facas, revólveres, furos de bala, 
cartuchos). 
f) Documentos examinados (diários, bilhetes de suicídio, agendas telefônicas; 
também inclui documentos eletrônicos tais como secretárias eletrônicas e 
identificadores de chamadas). 
Quais são as aplicações desta técnica: 
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 Avaliações de personalidade: Elas podem ser realizadas em qualquer 
contexto, não é preciso que seja necessariamente no contexto forense. 
 Análises equivocas da morte: Muitas vezes, não se chega a uma 
conclusão em relação a causa da morte e o profiler pode utilizar os dados 
e fazer uma anamnese, fazer uma autópsia psicológica e tentar saber o 
que causou esta morte, dando sugestões investigativas. 
 Sugestões investigativas: Muitas vezes, as equipes investigativas estão 
tão focadas no caso que lhes escapam algumas pistas e podem se 
socorrer aos consultores ou profilers para que possam sugerir algum 
caminho investigativo. 
 Estratégias de entrevistas: As entrevistas devem ser adequadas conforme 
o perfil de entrevistados. 
 Ligações de casos: É possível fazer ligação de casos até mesmo com 
casos já prescritos. 
 Estratégias de comunicação com a mídia: Alguns países como os 
Estados Unidos têm um organismo específico que é responsável por 
passar informações acerca da investigação de tal forma que essa 
informação não comprometa a investigação. 
 Avaliação de perigo/ameaça: É possível que profiler também possa fazer 
uma análise em relação aos ataques e ameaças terroristas tão em voga 
atualmente. 
 Estratégias para o Tribunal: O psicólogo que estiver atuando como profiler 
pode auxiliar advogados ou mesmo Ministério Público na adoção da 
melhor estratégia perante o Tribunal. 
 Testemunho de um especialista: O profiler é um expert e vai ao tribunal 
podendo dar seu parecer. 
 Profiling geográfico: Trata-se da ligação de casos em uma determinada 
área geográfica. Tentar perceber uma zona de residência ou de atuação 
de determinado ofensor mediante os crimes que são cometidos. 
 Análise de incidentes críticos. 
 
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Tudo aquilo que for coletado na cena do crime servirá para fundamentar 
condenação futura. Deste modo, a equipe de profilers utiliza-se de equipamentos 
modernos para que possa realizar o agrupamento de indícios coletados no local do 
crime. A análise do local do crime é relevante para a compreensão da dinâmica do 
delito, mas, também, para a análise comportamental e construção do perfil do 
criminoso. Os objetivos do Criminal profiling são: 
 Fornecer a avaliação psicológica e social do ofensor. 
 Analisar os objetos encontrados com o autor do crime. 
 Elaborar estratégias que possam ser utilizadas na entrevista aos 
suspeitos. 
 
Por exemplo, o perfil dos hackers: 
 QI médio. 
 Histórico de leniência familiar. 
 Não tem ocupação fixa. 
 Comete erros. 
 Hábitos noturnos. 
 Homem de 20 a 30 anos. 
 Não acumula valores. 
 
Esse perfil ajuda para que em meio a um grupo, os investigadores concentrem 
sua atenção para pessoas com esse perfil. 
Observando o comportamento de serial killers, é possível perceber algumas 
característicascomuns, por exemplo, o fato de urinar na cama, ou fato de praticarem 
tortura com animais quando criança, masturbação compulsiva, isolamento social, 
dentre outros. 
É importante que o perfil psicológico do serial killer seja avaliado, mas também 
que os fundamentos criminais que os classificam dessa forma e a maneira como 
age, seja ele: nômade, territorial e estacionário. 
Diante do exposto, faz-se a necessidade de profissionais preparados para 
exercerem com eficiência as técnicas do Criminal profiling, a fim de que os indícios 
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coletados na cena do crime possam ser realizados de maneira correta e analisados 
de forma a contribuir para a construção do perfil do criminoso. 
 
METODOLOGIA DO CRIMINAL PROFILING 
Elementos do Profiling 
a) Análise da cena de crime. 
 
b) Análise do perfil vitimológico específico. 
 
c) Análise dos elementos das ciências legais. 
Modelos de classificação 
a) Tipo de autor de homicídio(s). 
 
b) Fatores espaço/tempo. 
 
c) Grau de vítima em risco. 
 
d) Grau de risco tomado pelo criminoso. 
 
e) Escalada criminal. 
 
f) Crime narcísico-sexual organizado, desorganizado 
ou misto. 
Síntese dos elementos 
recolhidos (avaliação do 
crime) 
a) Assinatura psicológica e modus operandi. 
 
b) Posicionamento do corpo e mise en scène. 
 
c) Reconstituição do cenário criminal. 
 
d) Confrontação dos métodos indutivos e dedutivos. 
Perfil criminal 
a) Sexo e raça. 
 
b) Idade. 
 
c) Perfil caracterológico. 
 
d) Situação familiar e relações sentimentais. 
 
e) Vida social, escolaridade e serviço militar. 
 
f) Antecedentes e pontos fortes da biografia. 
 
g) Criminosos conhecidos similares. 
 
h) Perfil físico (a título indicativo). 
Detenção 
Fonte: Laurent Montent (2003, p. 45-112) 
 
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CAPÍTULO 3 – PSICOLOGIA JURÍDICA E A CRIMINOLOGIA 
 
3.1 A Relação entre a Psicologia e a Criminologia 
 
A criminologia como uma ciência surgiu em meados do séc. XIX e dividiu-se 
em duas fases: uma pré-científica e outra científica. A principal obra é do italiano 
nascido em Turim, Cesare Lombroso, chamado Tratado antropológico experimental 
do homem delinquente, que tinha uma ideia positivista evolucionista e que o 
comportamento criminoso teria origem no atavismo, ou seja, o criminoso seria uma 
espécie não avançada. 
A criminologia mais contemporânea é mais extensiva, conforme apresenta 
Garcia-Pablos de Molina (1997, p. 33), 
é uma ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, 
da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento 
delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, 
sobre a gênese, a dinâmica e as variáveis principais do crime – 
contemplado este como problema individual e como problema social – 
assim como sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas 
de intervenção positiva no homem delinquente. 
 
O crime é obstáculo social que nele se origina e nele deve descobrir métodos 
de resposta positiva, até porque o criminoso e a vítima coexistem ativos na 
sociedade. 
Para que se possa compreender a relação entre a psicologia e a criminologia, a 
análise de alguns elementos serão importantes, tais quais, o ofensor, a vítima e as 
instituições de exclusão que fazem parte do processo de controle social do 
comportamento delitivo. 
O controle social pode ser formal ou informal, sendo o primeiro exercido por 
entidades estatais, se iniciando desde a investigação criminal até a execução da 
pena, enquanto o sendo controle se dá na sociedade por meio do desacolhimento, 
do clamor social, pela rejeição. 
A criminologia crítica trouxe novas percepções acerca do comportamento do 
delinquente, avaliando a criminalidade como criminalização, compreendido por 
processos seletivos de construção social do comportamento criminoso como 
maneira de permitir desigualdades sociais. 
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A análise do crime como fenômeno social ensejou diversas classificações ao 
longo da história. A seguir, dá-se a classificação dada pelo Prof. Hilário Veiga de 
Carvalho, citado por Maranhão (1981), que se refere ao indivíduo que comete o 
delito e as influências para que o ato delitivo ocorra. Nesta classificação, relaciona-
se o começo do comportamento criminoso a dois tipos de fatores: as forças do meio 
e as forças intrapsíquicas. Logo: 
 Mesocriminoso: Atuação antissocial por força das injunções do meio 
exterior, como se o indivíduo fosse mero agente passivo; por exemplo, o 
silvícola. 
 Mesocriminoso preponderante: Maior preponderância de fatores 
ambientais. 
 Mesobiocriminoso: Determinantes tanto ambientais, quanto biológicos. 
 Biocriminoso preponderante: Portador de anomalia biológica insuficiente 
para levá-lo ao crime, mas capaz de torná-lo vulnerável a uma situação 
exterior, respondendo a ela com facilidade. 
 Biocriminoso puro: Atua em virtude de incitações endógenas, como ocorre 
em algumas perturbações mentais. 
 
Em relação ao primeiro e ao quinto tipo, são compreendidos como 
pseudocriminosos, pois ao primeiro lhe falta o animus delinquendi e ao quinto lhe 
falta a capacidade de imputação penal. No entanto, em relação aos outros utiliza-se 
a seguinte regra: 
 
Tipo Correção Reincidência 
Mesocriminoso 
preponderante 
Esperada Excepcional 
Mesobiocriminoso Possível Ocasional 
Biocriminoso 
preponderante 
Difícil Potencial 
Fonte: AMAR, Ay ush Morad, 1987. 
 
Existem vários elementos de derivação intrapsíquica reconhecíveis no 
comportamento delitivo, e há também desses elementos que se combinam com 
elementos sociais, por exemplo: 
 O reconhecimento de uma pessoa como modelo a ser seguido. 
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 Atuação de um grupo ao qual a pessoa pertença que exerce forte 
influência em suas ações. 
 Sujeição capaz de realizar determinados comportamentos indesejáveis. 
 Emoções exacerbadas que levem a situações de descontrole e façam 
com que a pessoa cometa atos agressivos, violentos. 
 
Para que haja a correta análise do comportamento delito é preciso que se faça 
a observação de dois aspectos importantes: a vítima e os meios de desestímulos 
utilizados por ela. 
Por óbvio, a vítima tem participação direta ou indireta no comportamento 
delitivo. A participação da vítima é necessária não apenas para desencadear a 
motivação do delinquente, mas também para despertar emoção. 
Os próprios mecanismos de desestímulo e controle têm impacto determinante 
sobre as expectativas de sucesso e sobre consequências do ato delitivo, afetandode maneira direta, a percepção do potencial delinquente e combinam-se com todos 
os elementos anteriores, intra e extrapsíquicos. 
Este é um panorama sofisticado ao qual a perfilhação a classificação se 
modelos simples definitivamente não se amoldam. 
A grande questão está nos motivos que sustentam o comportamento criminoso. 
Em relação a este tema, há um progresso do pensamento criminológico que passa 
pela concepção causalista, pela multifatorial até chegar a uma concepção crítica. 
A concepção crítica se orienta nas indagações advindas do Direito Penal, 
questionando por que alguns atos são considerados crime e alguns sujeitos são 
considerados criminosos, se aproximando mais de um conceito social. Esta 
concepção se opõe ao positivismo e ao determinismo biológico. 
Assim como ocorreu na psicologia, ao observar o padrão biológico da 
psicologia, em que a pessoa era vista como um organismo que interage no meio 
físico, sendo que os processos psicológicos eram compreendidos como causa que 
evidenciam seu comportamento. 
Na verdade, o homem biológico não sobrevive por si, seu organismo pe uma 
infraestrutura que autoriza uma superestrutura que é social. Logo, buscar 
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individualmente a resposta dos motivos que levaram os indivíduos a cometerem o 
crime sem considerar o meio social, é desconsiderar o comportamento humano. 
Tudo isto é bastante claro no ponto de intersecção entre a psicologia e o direito 
penal, quando se observa a história individual e a historial social que chega todos 
dias aos fóruns criminais pelo Brasil. 
É importante ressaltar que não se trata de ignorar a existência de elementos 
biopsiquícos, cujo transtorno pode estar associado a uma perturbação mental 
elevada, apesar de que estes indivíduos não se achem em maior quantidade no 
sistema prisional brasileiro. 
O estudo do fenômeno delitivo requer uma análise profunda acerca dos fatores 
que levam ao comportamento indesejado e, desse modo, tanto a quantidade, quanto 
a qualidade de dados e informações são muito importantes. 
A diversidade das condições sociais propiciam análises estatísticas 
segmentadas que observem o público-alvo, por exemplo: 
 Faixas etárias. 
 Características étnicas. 
 Características psicológicas e comportamentais. 
 Microssistemas sociais. 
 Grupos de atuação. 
 Escolaridade. 
 Especialidade profissional. 
 Opções políticas, religiosas e outras, etc. 
 
Ademais, é importante que o fenômeno delitivo seja compreendido na relação 
com os desencadeantes dos comportamentos, que compõem outra matriz de 
fatores. 
 
3.2 Criminologia Midiática 
 
O homem é um ser social e como tal inclina-se a agrupar-se em comunidade. A 
partir do momento em que o indivíduo se une a outros, é capaz de estabelecer 
costumes e hábitos de um grupo social, com comportamentos sociais específicos. 
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A teoria do etiquetamento, também chamada de Labeling Aproach ou rotulação 
trata das qualidades conferidas pelas instituições sociais que terminam separando 
dada aspecto, de alguma pessoa ou grupo, à prática de determinada conduta que 
acaba sendo rotulada como criminosa. A própria sociedade considera o indivíduo 
criminoso, decidindo aquilo que é ou não é aceito, tratando-o como um personagem 
social. 
Ao considerar o indivíduo como criminoso, a sociedade tomará atitudes contra 
tal pessoa desagradáveis, demonstrando rejeição, reprovação a sua conduta e de 
certa forma, causando-lhe humilhação em relação a quaisquer atos praticados por 
aqueles indivíduo, tornando-o estigmatizado. 
Esta teoria analisa os efeitos estigmatizantes no indivíduo, constatando o 
fenômeno social chamado de cifra negra. 
Há uma série de crimes cometidos que não constam em estatísticas oficiais, ou 
seja, trata-se da ideia de que todos já teriam praticado algum crime na vida, por 
exemplo, ameaça, difamação, mas que apenas uma parte desses crimes são 
realmente investigados, processados e levam à condenação penal. Isso quer dizer 
que o risco de rotulação não está vinculado à conduta em si, mas, sim, à posição do 
indivíduo na sociedade. Exatamente por este motivo, o sistema penal é 
extremamente seletivo, onde sua população carcerária é formada em sua grande 
maioria por indivíduos são pretos ou pardos (61,7%) e 75% dos encarcerados têm 
até o ensino fundamental10. 
Hoje, impera a era da informação, onde a mídia e as redes sociais exercem um 
papel extremamente importante quando o tema é informação em tempo real. A 
televisão e a internet são, na época atual, os principais formadores de opinião da 
sociedade. 
Entretanto, do mesmo modo que transmitem informação em tempo recorde, 
transmitem desinformação, e disseminam as chamadas “fake news” como dados 
verdadeiros, muitas vezes, sem que haja qualquer hesitação. De tal forma que as 
pessoas se sentem legitimadas a tratar de assuntos de ordem constitucional, penal, 
processual, penal, extremamente técnicas, sem nenhum conhecimento ou preparo. 
 
10
 Acesso em: <https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-
permanentes/cdhm/noticias/sistema-carcerario-brasileiro-negros-e-pobres-na-prisao> 
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Shecaira entende que, no Brasil, há aquilo que se entende como “fascinação 
pelo crime”, ou seja, a criminologia seria uma espécie de entretenimento para a 
sociedade, com a venda de jornais, programas sensacionalistas de televisão que 
tem por fim apenas atrair os expectadores e aumentar a audiência, explorando o 
crime como se fosse um espetáculo. 
Para Zaffaroni, a televisão espalha um discurso neopunitivista que seria uma 
comunicação em relação aos fatos criminosos denominada de criminologia 
midiática. A televisão seria um impedimento ao raciocínio, é o mecanismo mais hábil 
para deformar a opinião de uma sociedade e afastar as informações fundamentais 
para o exercício da democracia. 
Muitas pessoas não leem um jornal sequer por dia, mas são expectadoras fiéis 
da televisão, e tem esta ferramenta como sua única fonte de captação de 
informações. À medida que a sociedade completa seu tempo com as informações 
colhidas apenas pela TV, ela se afasta de sua capacidade crítica e do exercício de 
seus direitos democráticos. 
A finalidade dos meios de comunicação é bem clara: atingir o lucro. Os dados 
oferecidos nem sempre contam com uma fundamentação bem feita e, se o objetivo 
está previamente traçado, a maneira mais interessante de captar expectadores é 
transformar essas informações em um espetáculo atrativo e sensacionalista. 
Entretanto, o mais danoso dentro dessa prática é exatamente a rotulação do 
delinquente a partir da criação de um estereótipo com atributos fisiológicos, 
psicológicos e econômicos. 
Zaffaroni declara que, na América Latina, as características do delinquente são 
dehomens jovens de classe menos abastadas e isto se reflete na seletividade do 
sistema penal, conforme mencionado acima. 
Sob a ótica sociológica, tratando a questão racial, ser pobre em uma sociedade 
rica implica em ser negro e ter o status de uma anomalia social, trata-se de efeito 
excludente. 
Dentro da discussão da criminologia midiática, faz-se uma divisão entre dois 
grupos: “nós” e “os criminosos”, como se houvesse pessoas “boas” e pessoas “más”, 
“bem” ou “mal”. 
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A partir dessa divisão, o pensamento punitivista da criminologia midiática, 
determina que há aceitação por um direito penal total, em que a solução para todos 
os problemas existentes passa pelo direito penal. Essa solução é completamente 
descabida e incoerente com princípio da subsidiariedade do direito penal. 
Para aqueles que se perfilham a essa solução, a prisão é a única solução para 
delinquentes que possam provocar ameaça física e moral. 
Trata-se de um mecanismo imediato e simples de neutralização dos 
criminosos, para que a sociedade não possa tratar dos problemas reais. 
Este tipo de criminologia atua em pessoas que não possuem conhecimento 
técnico e acabam curvando-se às pressões punivistas. 
Uma das saídas para modificar esse pensamento é por meio de grande 
transformação cultural e maior comunicação para que haja a ressignificação da 
criminalidade, de tal forma que a mídia passe realmente a informar e não a formar 
opiniões. 
 
3.3 Criminologia e Exame Criminológico 
 
No Brasil, a história da psicologia no cárcere está ligada à Lei de Execução 
Penal promulgada em 1984, quando o exame criminológico foi realmente implantado 
no sistema prisional brasileiro por meio da Comissão Técnica de Classificação 
(CTC), que contava com o psicólogo como membro da comissão. 
A LEP – Lei n. 7.210/84 – foi promulgada antes da Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988. No ano de 2003, foi alterada pela Lei n. 10.792. 
O objetivo da LEP era de humanizar o sistema prisional determinar entre o 
Estado e o preso uma relação de direitos e deveres. 
Uma das mudanças trazidas pela reforma de 2003 foi a retirada da função de 
emissão de pareceres técnicos elaborados a partir de exame criminológico que 
antes pautavam as decisões judiciais nos casos de conversão de pena ou 
progressão de regime da Comissão Técnica de Classificação. Atualmente, as 
decisões são fundamentadas no comportamento carcerário do preso. 
No entanto, é importante diferenciar o exame criminológico realizado para 
fundamentar as decisões judiciais que foi extinto pela Lei n. 10.792/03 e o exame 
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criminológico inicial para produção de um plano individual de tratamento penal que 
permanece vigente. 
A partir de então, alguns requisitos objetivos foram exigidos para a progressão 
de regime o cumprimento de um sexto da pena como requisito objetivo para 
progressão de regime e a apresentação de atestado de boa conduta carcerária 
assinado pelo diretor do estabelecimento prisional como requisito subjetivo. 
Com a aprovação do Pacote Anticrime e entrada em vigor da Lei n. 
13.964/2019, o art. 112 da LEP passou a ter outros critérios para progressão da 
pena, quais sejam: 
 16% (dezesseis por cento) da pena, se for primário e o crime tiver sido 
cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça, ou seja, o famoso 1/6 
(um sexto). 
 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime 
cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça. 
 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o 
crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça. 
 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime 
cometido com violência à pessoa ou grave ameaça. 
 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela 
prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário (o que equivale 
a 2/5). 
 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: 
- Condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com 
resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional; ou 
- Condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de 
organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo 
ou equiparado; ou 
- Condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada. 
 
 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na 
prática de crime hediondo ou equiparado (o que equivale a 3/5). 
54 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime 
hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento 
condicional. 
 
Entretanto, é possível que o juiz peça o exame criminológico pelas 
peculiaridades do caso, mas é preciso que a decisão seja fundamentada. Este é o 
entendimento da Súmula 439 de 201011 do STJ e da Súmula Vinculante nº 26 de 
200912 do STF. 
Embora a Reforma de 2003 tenha extinguido o exame criminológico, a prática 
verifica que muitos tribunais ainda se utilizam da técnica como condição para a 
concessão de benefícios. 
O exame criminológico consiste em um conjunto de estudos científicos de 
caráter biopsicossocial do delinquente a fim de traçar um diagnóstico de sua 
personalidade e dessa forma, alcançar um prognóstico criminal. 
Alvino Augusto de Sá (2007, p. 191) ensina que: 
o exame criminológico é uma perícia. Como tal, visa o estudo da dinâmica 
do ato criminoso, de suas ‘causas’, dos fatores a ele associados. Oferece, 
pois, como primeira vertente, o diagnóstico criminológico. À vista desse 
diagnóstico, conclui-se pela maior ou menor probabilidade de reincidência, 
tendo-se então aí a segunda vertente, o prognóstico criminológico. 
 
Esse estudo tem por fim detalhar o perfil do criminoso, sua imputabilidade 
periculosidade, sensibilidade à pena e a viabilidade de sua reparação. 
É importante salientar que este exame não se confunde com exame 
psiquiátrico que trata de incidente de insanidade mental do acusado, com a 
finalidade averiguar a imputabilidade do indivíduo para fins de apenamento. 
O exame criminológico é realizado para a cautela da defesa social, e procura 
estimar a temibilidade do delinquente. 
A atuação interdisciplinar da equipe é imprescindível para traçar um perfil 
psicossocial do criminoso. 
A seguir, tem-se a subdivisão do exame criminológico: 
 
11
 Súmula 439 - Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. 
(Súmula 439, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/04/2010, DJe 13/05/2010) 
12
 Súmula Vinculante 26, STF: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime 
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25 de 
julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não,os requisitos objetivos e subjetivos do 
benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. 
55 
 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
SUBDIVISÃO DO EXAME CRIMINOLÓGICO 
Exame 
morfológico 
Análise somática, medidas e proporções do corpo humano, massa 
corporal, óssea, etc. 
Exame 
funcional 
Análise clínica, neurológica e eletroencefalográfica. 
Exame 
psicológico 
Perfil psicológico: nível mental do criminoso (prova de Raven), caracteres 
da personalidade e grau de agressividade (psicodiagnóstico miocinético – 
PMK). 
Exame 
psiquiátrico 
Diagnose de doenças mentais, por meio dos fatores psicoevolutivos e 
jurídicopenais. Anamnese + exame somático + Exame psíquico 
Exame moral 
Análise ética do ensino-aprendizagem. Imorais (desrespeitam as normas) e 
amorais (não assimilam as normas). 
Exame social 
Análise das condições de vida e meio social (família, situação econômica 
etc.). 
Exame 
histórico 
Reconstrução da interação familiar vivida (anamnese). 
Fonte: PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. 2012. p. 319. 
 
A Reforma ocorrida em 2003 extinguiu do texto legal o exame criminológico, 
mas a uniformização de orientação por meio da súmula do STJ e a Súmula 
Vinculante do STF admitiu que o exame fosse exigido. 
Ainda com as inovações legislativas trazidas pelo Pacote Anticrime, nada muda 
acerca das regras concernentes à exigência do exame criminológico que caberá ao 
juiz de direito solicitar o exame, se entender necessário, desde que o faça de forma 
fundamentada. 
 
3.4 Perícia Psicológica Forense 
 
Embora muitas técnicas e métodos que hoje fazem parte do estudo da 
psicologia fossem usados ao longo dos séculos, apenas em meados do século XIX é 
que a psicologia surgiu como ciência experimental na Alemanha, por meio de 
Wilhelm Wundt. 
Seu objetivo era estabelecer a psicologia como ciência, a partir da criação de 
um laboratório em Leipzing em 1879, e na primeira edição de seu livro Wundt 
“Grundüge der Phisiologische Psychologie” (Fundamentos da Psicologia Física). 
Para o médico alemão, esta nova ciência seria intermediária dentre as ciências 
da natureza e as ciências da cultura, cujo propósito se evidencia na maneira como o 
indivíduo vive as experiências da vida, antes de refletir sobre ela. 
56 
 
 
 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
A Psicologia pesquisa os elementos de funcionamento interno da mente como 
o pensamento, a memória, os sentimentos, a percepção, o comportamento, a 
linguagem, a aprendizagem, a inteligência, o desenvolvimento da personalidade. 
Algumas técnicas são utilizadas para tais estudos, por exemplo: observação, testes 
para avaliação de funções cognitivas, de personalidade e de inteligência, coleta de 
histórias pessoais, etc. 
A psicologia como ciência em si é recente e, portanto, o mesmo se aplica à 
psicologia forense. Mas da mesma forma, é possível afirmar que muitos métodos 
eram utilizados durante a história sem que tomassem feição de científica. 
Assim como o Direito, a Psicologia tem o interesse pelo comportamento 
humano. Mas, é preciso salientar que, ao passo que o Direito enfrenta o estudo do 
dever ser, a Psicologia enfrenta o estudo do ser. Portanto, a maneira como se 
analisa o indivíduo diante de cada perspectiva será diferente, embora sejam 
complementares. 
A Psicologia Forense aplica as áreas de saber da psicologia para responder às 
indagações realizadas pela justiça, contribuindo, com sua administração, atuando no 
Tribunal, estabelecidos os limites legais. 
Apenas em 1962, a profissão de psicólogo foi regulamentada no Brasil, a partir 
da Lei n. 4.119 que definiu quais são as funções de competência exclusiva13 dos 
psicólogos, auxiliando a estabelecer a atividade do profissional em assuntos 
jurídicos, posto que o art. 13, § 2º determina que “é da competência do Psicólogo a 
colaboração em assuntos psicológicos ligados a outras ciências”. 
No §1º do art. 13, o legislador estabelece que é função privativa do psicólogo a 
utilização de métodos e técnicas psicológicas com os objetivos de diagnóstico 
psicológico; orientação e seleção profissional; orientação psicopedagógica; e 
solução de problemas de ajustamento. 
 
13
 Art. 13. - Ao portador do diploma de Psicólogo é conferido o direito de ensinar Psicologia nos vários cursos de 
que trata esta lei, observadas as exigências legais específicas, e a exercer a profissão de Psicólogo. 
§ 1º Constitui função privativa do Psicólogo e utilização de métodos e técnicas psicológicas com os seguintes 
objetivos: (Vide parte mantida pelo Congresso Nacional) 
a) diagnóstico psicológico; 
b) orientação e seleção profissional; 
c) orientação psicopedagógica; 
d) solução de problemas de ajustamento. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Em 20 de dezembro de 2000, O Conselho Federal de Psicologia, editou a 
Resolução n. 14/2000 que instituiu o título profissional de Especialista em Psicologia, 
sendo uma das especialidades a serem concedidas Psicologia Jurídica. 
A Psicologia Forense é exercida pelo psicólogo por meio da definição dos 
processos mentais e comportamentais e utilização de métodos psicológicos aceitos, 
atendendo rigorosamente à diligência judicial, sem haja emissão de juízo de valor. 
Assim, é importante destacar que o psicólogo também responde judicialmente por 
seus atos na medida de sua culpabilidade. 
Contudo, é preciso diferenciar a psiquiatria e psicologia forense, pois, enquanto 
a primeira cuida dos distúrbios mentais e suas ligações com o delito, a psicologia 
forense trata dos elementos subjetivos do indivíduo e de sua personalidade e como 
este indivíduo significa suas experiências com o objetivo de ajudar o juiz no 
processo decisório. 
É importante salientar que a Psicologia Forense não caminha sozinha, ela 
necessita de outras ciências, por exemplo, Direito, Criminologia, Psiquiatria, 
Medicina, Sociologia, Antropologia, dentre outras. 
A perícia psicológica forense consiste em um exame científico feito por um 
especialista por meio da utilização de métodos e técnicas aceitos pela Psicologia 
com a finalidade de preparar diagnósticos em relação a fatos e indivíduos, traçando 
uma provável conexão de causa e efeito, e reconhecer a motivação e alterações 
psicológicas dos agentes envolvidos no processo judicial. 
Podemos definir a perícia psicológica no contexto forense, como o exame 
científico, desenvolvido por um especialista, realizado com o uso de métodos e 
técnicas reconhecidas pela Psicologia, com o objetivo de elaborar análises e 
conclusões sobre os fatos e pessoas, apontando uma possível correlação de causa 
e efeito, além de identificar a motivação e as alterações psicológicas dos agentes 
envolvidos no processo judicial. 
Para que a pessoa seja um perito é preciso que tenha concluído o nível 
superior e esteja inscrito em seu conselho de classe. No caso do psicólogoperito, 
deverá possuir graduação em psicologia e inscrição regular no Conselho Regional 
de Psicologia. 
58 
 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Não é necessário que o psicólogo tenha especialização na área de perícia, 
apenas é preciso que tenha capacidade técnica, embora aquele que tem formação 
na área jurídica/forense é mais capaz de responder às questões apontadas no 
processo judicial. 
Caso o psicólogo perito preste informações falsas, responderá judicialmente 
por dolo ou culpa e, neste caso, poderá ser responsabilizado pelos prejuízos 
causados à parte, ficando inabilitado para exercício da profissão por 2 anos e 
incorrer na sanção penal que a lei estabelecer. 
 
3.5 A Psicologia Jurídica Aplicada ao Cárcere 
 
O tratamento penal precisa ter uma intervenção multidisciplinar e 
institucionalizada, ou seja, a instituição como um todo deve estar dedicada ao preso 
e procurar ser inclusiva. Por óbvio, tais trabalhos são mais marcantes nos regimes 
prisionais fechados, onde esses trabalhos tem maior continuidade e exclusividade 
dado ao tempo em que o preso ali passa. 
Data-se da década de 60 o ingresso dos primeiros psicológos no sistema 
penitenciário do Brasil no Estado do Rio de Janeiro, logo após a regulamentação da 
profissão em 1962, inicialmente, no interior de manicômios judiciários e no âmbito 
das medidas de segurança. Todavia, em relação aos estabelecimentos prisionais, a 
presença dos profissionais de psicologia deu-se, em geral, a partir do final da 
década de 1970, simultaneamente à elaboração do projeto da Lei de Execução 
Penal. 
A partir da promulgação da LEP – Lei n. 7.210 – em 1984, o exame 
criminológico foi efetivamente implementado no sistema prisional brasileiro. Esta foi 
a primeira regulamentação sobre saúde penitenciária no país, e embora o art. 14 
contemplassem a assistância médica, farmaceutica e odontológica, não tratava da 
assistência psicologoca ao preso. 
Nesta lei foi instituída que, em cada presídio, seria criada uma Comissão 
Técnica de Classificação (CTC), da qual o psicólogo passa a ser membro efetivo em 
conjunto com o assistente social e o médico psiquiatra. Na época, a CTC deveria 
59 
 
 
 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
funcionar como um dispositivo para o acompanhamento individualizado da pena14, 
devendo propor à autoridade judicial as progressões e regressões de regime. 
Mesmo assim, a atividade de psicologia não era reclamada na legislação, o 
que permitia que o psicológo atuasse apenas como perito e como membro da CTC. 
Apenas a partir de 1994 com as Regras Mínimas para o Tratamento do Preso no 
Brasil (Resolução n. 14 de 11 de novembro de 1994) é que a assistência psicológica 
foi incluída como serviço de saúde aos presos. 
Posteriormente, em 2003, é criada a Portaria Interministerial n. 1777 que se 
transformou em 2014 na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas 
Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no âmbito do SUS – Portaria 
Interministerial n. 1, de 2 de janeiro de 2014 que alterou a composição mínima de 
saúde nas prisões passando a incluir um psicólogo na equipe de Atenção Básica 
(EAB) nas unidades com um efetivo carcerário de 501 a 1.220 PPL. 
Conforme determina tal portaria, o principal objetivo da legislação é promover o 
acesso das pessoas em PPL à Rede de Atenção à Saúde; garantir autonomia dos 
profissionais de saúde que trabalham com essas pessoas; qualificar e humanizar a 
atenção à saúde no sistema prisional por meio de ações conjuntas das áreas da 
saúde e da justiça; promover relações intersetoriais com as políticas de direitos 
humanos, afirmativas e sociais básicas e fomentar e fortalecer a participação e o 
controle social. 
De acordo com a edicação de 2007 das Diretrizes para Atuação e Formação 
dos Psicológos do Sistema Prisional Brasileiro do Conselho Federal de Psicologia 
realizado conjuntamente ao DEPEN – Departamento Penitenciário Nacional – 
prática dos pscicólogos em estabelecimentos prisionais aconteceram na prática, ou 
seja, não receberam um treinamento específico para exercer a função de realizar 
perícias, elaborar laudos e pareceres que eram usados como fundamento para 
decisões judiciais na concessão de benefícios. 
Além dessas questões de capacitação, muitos outros questionamentos 
permeavam a atividade do psicologo no ambiente do cárcere. 
 
14
 Art. 8º, LEP: O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será 
submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e 
com vistas à individualização da execução. 
60 
 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
No Fórum Nacional de 2010, o texto exibido pelo Conselho Federal de 
Psicologia “Desafios para Resolução sobre a Atuação do Psicólogo no Sistema 
Prisional”, traduz o exercício da psicologia em meio prisional, desde o início, como 
um “modelo médico-psiquiátrico do século XIX” e de “concepções higienistas” ainda 
com sob influências positivistas, em que suas práticas serviam como mecanismos de 
controle social, segregando os indivíduos indesejáveis longe da sociedade. 
A partir da promulgação da Lei de Execuções Penais, aparecem novos 
aspectos em relação as atividades dos psicológos em estabelecimentos prisionais, 
principalmente no que tange à sua participação como membro da CTC e ao exame 
criminológico. 
Durante a década que se seguiu dos anos 2000, muitos eventos e muitos 
materiais foram produzidos pelo CFP com o objetivo de trazer para o debate 
medidas que pudessem contribuir efetivamente com o processo de ressocialização 
do preso, essencialmente com a minimização de danos psíquicos provenientes do 
cárcere, por meio de uma rede de auxílio aos familiares e acompanhamento 
psicossocial. 
No ano de 2005, aconteceu o 1º Encontro Nacional dos Psicólogos do Sistema 
Prisional que deu início a uma parceria entre o Departamento Penitenciário Nacional 
(DEPEN) e o Conselho Federal de Psicologia (CFP) que consumou na publicação, 
em 2007, das Diretrizes para Atuação e Formação dos Psicólogos do Sistema 
Prisional Brasileiro, resultante de um estudo feito com os profissionais de psicologia 
que trabalhavam em estabelecimentos pricionais, e que teve como objetivo apontar 
questões e observações em relação ao exercício das atividades do psicólogo no 
contexto prisional, além de pensar medidas que pudessem contribuir mais do 
aquelas já realizadas. 
Já em 2008, foi editado o documento Falando Sério sobre Prisões, Prevenção 
e Segurança Pública, em que o CPF faz uma contextualização em três dimensões 
para enfrentamento da crise no sistema prisional: 
1. A questão da superlotação dos estabelecimentos prisionais e o aumento da 
demanda por encarceramento. 
2. As condições degradantes de vida nas prisões brasileiras, situadas entre as 
piores em todo o mundo, produtoras de sofrimento e violência.61 
 
 
 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
3. A política criminal brasileira centrada nas penas privativas de liberdade, em 
detrimento das penas alternativas. 
 
O Conselho Federal de Psicologia edita em 2010 a Resolução n. 009 e cria 
uma controvérsia entre os profissionais e o judiciário, isto porque a resolução 
impedia que o psicólogo de estabelecimentos penitenciários fizesse o exame 
criminológico e que participasse de ações e/ou decisões que envolvessem práticas 
de caráter punitivo e disciplinar. Em setembro do mesmo ano, o CPF edita a 
Resolução n. 019/2010 suspendendo os efeitos da Resolução n. 009/2010 pelo 
prazo de 6 meses. 
Depois de muita discussão, o CPF edita em 25 de maio de 2011 a Resolução 
n. 012/2011 que retira do texto anterior o impedimento para realização do exame 
criminológico pelo psicológo em estabelecimento prisional, entretanto, mantém a 
vedação em relação a participação de ações de caráter punitivo e disciplinar. 
Apenas em abril de 2015, na decisão de uma ação civil pública movida pelo 
Ministério Público Federal contra o Conselho Federal de Psicologia, a Resolução n. 
012/2011 é declarada nula e perde seu efeito em todo território nacional. 
Concomitantemente, existe uma movimentação legislativa para que o exame 
criminológico seja reintroduzido no ordenamento jurídico e exigido como condição 
para concessão de benefício na progressão de regime, conforme é possível se 
verificar nos Projetos de Lei n. 75/2007, do senador Gerson Camata e n. 190/2007, 
da senadora Maria do Carmo Alves. 
Contudo, embora a letra da lei tenha trazido um caráter mais humano para 
estabelecimento prsional, isto não é o que se vê no dia a dia, na realidade das 
penitenciarias pelo Brasil afora, pois 36 anos após a promulgação da LEP, muitas 
penitenciárias não seguem um terço do que a lei determina, sendo comum se 
deparar com a ausência de CTC, de alimentação e condições de higiene. 
Trata-se de estabelecimentos com altos indices de DSTs (doenças 
sexualmente transmissíveis), em especial o HIV, dentre outras doenças como a 
tuberculose, e doenças de pele que são um risco tanto para a população carcerárea, 
quanto para os funcionários e para os familiares que visitam as prisões. É um 
desafio diário . 
62 
 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Aqueles que se opõe ao exame criminológico consideram que o exame não 
cumpre rigor científico e não traz respostas assertivas aos questionamentos 
demandos pelo judiciário, bem como se trata de uma sujeição compulsória, o que 
poderia ferir o princípio ético do consentimento do examinando, além da 
precariedade de condições dos estabelecimentos prisionais, laudos incompletos 
feitos pela CTC ou com uma visão com uma concepção positivista ou esteriotipados. 
O que se pode observar é que, geralmente, o exame de classificação (art. 8º, 
LEP) que deve ser realizado no início de cumprimento da pena não é feito, mas 
apenas aqueles que fundamentam decisões judiciais. Dessa forma, a finalidade para 
a qual o exame criminológico se originou não cumpre seu papel, pois acaba por não 
individualizar a pena daquele indivíduo. 
Ao descumprir as regras de instalação da CTC, a instituição penitenciária 
acaba delegando ao psicógolo a responsabilidade pelo veredito em relação a 
progressão da pena. 
Como dito anteriormente, embora a Lei n. 10.792/03 tenha extinguido a 
exigência do exame criminológico, muitos magistrados continuam a exigi-lo até hoje 
com base na Súmula Vinculante nº 26 do Supremo Tribunal Federal (STF). Esse 
fator possivelmente tem contribuído para que, em várias regiões do país, o exame 
criminológico continue sendo a principal prática dos psicólogos que atuam no 
sistema prisional. 
Um estudo realizado pelo Conselho Federal, entendeu que as necessidades 
jurídicas em relação à psicologia estiveram ligadas às questões comportamentais do 
indivíduo considerado indesejável, por exemplo, periculosidade, psicopatia, 
reincidência ou perspectivas de tratamento. 
Hoje, a prática psicológica trata de questões heterogêneas, por exemplo, a 
eficiência do exame criminológico. A psicologia não é capaz de responder a 
aspectos como a reincidência se for considerada ao fenômeno complexo como é o 
crime. 
Por meio da produção de pareceres, como os exames criminológicos para 
aferição de mérito, a psicologia se coloca a serviço da garantia da defesa social, 
logo, do controle social exercido pelo sistema punitivo. Ressalta-se que a avaliação 
psicológica é uma importante atuação da profissão, e tem como meta informar 
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acerca de fenômenos psicológicos. Entretanto, o crime e a reincidência são 
fenômenos sociais por excelência e, portanto, devem ser considerados sob um 
prisma social, cultural, político e econômico1516. 
 
3.6 Teste de Personalidade 
 
Os testes de personalidade e exames criminológicos têm por fim avaliar a 
personalidade do indivíduo por meio de desenhos, quadros, ensaios, entre outros, 
que apresentam estímulos à pessoa que está sob avaliação, captando seus 
aspectos afetivos. A eficiência e a confiabilidade na realização dos testes para um 
parecer assertivo estão condicionadas a capacidade daquele que aplica o a técnica, 
bem como das condições daquele que é avaliado. 
Outros testes de personalidade são aplicáveis, quais sejam: 
 PMK (psicodiagnóstico miocinético de periculosidade delinquencial), 
criado por Myra Y Lopes, tem fundamentação na consciência motora, 
unindo a psiquê ao movimento muscular, ou seja, avalia-se a 
personalidade do indivíduo por meio de suas atitudes, as quais são 
 
15
 O Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19) alterou a LEP, no art. 112: A pena privativa de liberdade será 
executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, 
quando o preso tiver cumprido ao menos: 
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à 
pessoa ou grave ameaça; 
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou 
grave ameaça; 
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com 
violência à pessoa ou grave ameaça; 
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa 
ou grave ameaça; 
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou 
equiparado, se for primário; 
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: 
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o 
livramento condicional; 
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a 
prática de crime hediondo ou equiparado; ou 
c) condenado pelaprática do crime de constituição de milícia privada; 
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou 
equiparado; 
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com 
resultado morte, vedado o livramento condicional. 
16
 O juiz da execução penal poderá, de maneira fundamentada, solicitar a realização de exame criminológico, 
quando recomendável, uma vez que o exame poderá embasar a concessão ou não do benefício de progressão de 
regime – Súmula Vinculante n. 26 e Súmula n. 439 do STJ). 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
64 
 
 
 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
previamente idealizadas no cérebro antes de acontecerem e advém de 
movimentos musculares em resultado de estímulos recebidos. Ex.: 
empregue para candidatos a motoristas, maquinistas e para aquelas 
funções em que será necessário portar arma de fogo. 
 Teste da árvore de Koch, neste exame o examinando desenhará uma 
árvore, e esta representará seu autorretrato, de tal forma que o desenho 
proporcionará esclarecimentos em relação ao desenvolvimento e caráter 
do examinando. 
 Teste de Apercepção Temática (TAT), neste teste será exibido ao 
examinando várias pranchas gráficas sobre as quais ele deverá contar 
uma história. 
 Minnesota Multiphasic Personality Inventary (MMPI), trata-se de 550 
afirmativas sobre as quais o examinando deve assinalar como verdadeira 
ou falsa quando cabível a si mesmo. 
 Teste de Rorscharch, o examinando receberá 10 pranchas com manchas 
disformes de tinta devendo responder o que acredita que seja cada uma 
delas. 
 Inventário Fatorial de Personalidade (IFP), tem por fim analisar a pessoa 
normal em quinze necessidades ou motivos psicológicos: assistência, 
dominância, ordem, denegação, interação, desempenho, exibição, 
heterossexualidade, afago, mudança, persistência, agressão, deferência, 
autonomia e afiliação. 
 Teste de Atenção Concentrada, tem por objetivo analisar a capacidade de 
concentração que o indivíduo tem determinado intervalo de tempo. 
 Teste Palográfico, faz uma análise da personalidade do indivíduo por 
meio da expressão gráfica com a produção de leves traços verticais e 
paralelos. 
 QUATI, que examina a personalidade por meio das preferências 
situacionais de cada sujeito. 
 Teste de Raciocínio Lógico, criado com o objetivo de apurar o raciocínio 
lógico de motoristas, mas, também, pode ser usado na seleção de 
pessoal e avaliação do potencial de funcionários. 
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 Teste Não Verbal de Inteligência, utilizado para analisar a capacidade 
intelectual por meio de aspectos gráficos ou numéricos. 
 Inventário de Administração de Tempo, ferramenta que tem por fim 
coletar dados sobre a maneira como os indivíduos usam o seu tempo no 
trabalho. 
 Teste de Zulliger, que pode ser usado para toda a finalidade de 
diagnóstico, avaliação da personalidade, seleção de pessoal, avaliação 
de desempenho, etc. 
 Teste Wartegg, método de aferição da personalidade por meio de 
desenhos alcançados por meio de uma diversidade de pequenos 
elementos gráficos que se enquadram como uma série de temas formais 
a serem desenvolvidos pelo indivíduo de maneira pessoal. 
 
 
 
 
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