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61 TRATAMENTO QUÍMICO E BIOLÓGICO DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE ADEQUADA DOS REJEITOS Redução 1: ocorre quando o indivíduo deixa de consumir em sintonia com os padrões sustentáveis de produção e consumo, o que vai de encontro ao consumismo e desperdício. Redução 2: ocorre após o consumo, quando o produto volta ao ciclo produtivo pela reutilização ou reciclagem, possibilitadas pela atitude de triagem dos resíduos sólidos nas fontes geradoras. 9 RESÍDUOS SÓLIDOS E RECURSOS HÍDRICOS Países em desenvolvimento, como o Brasil, revelam uma situação preocupante, pois, embora existam serviços de limpeza urbana, estes não são capazes de coletar toda a produção de resíduos sólidos. O resultado disto é a deposição de resíduos sólidos em passeios públicos, terrenos baldios e, muitas vezes, próximos ou dentro dos cursos d’água. Os sistemas de drenagem urbana, já comprometidos pela falta de capacidade de condução para a urbanização atual, tornam-se agentes de transporte dos resíduos sólidos que obstruem o fluxo (NEVES & TUCCI, 2011; BLUMENSAAT et al., 2012). O gerenciamento de resíduos sólidos urbanos - RSU é uma atividade que deve ser processada de forma integrada, porém, para ser colocada em prática, é necessária a cooperação do poder público, disponibilizando recursos financeiros para a implementação e melhor qualidade na disposição final destes resíduos. 62 Fonte: www.abras.com.br Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010) comprovou que a população brasileira corresponde a cerca de 190 milhões de habitantes, produzindo, diariamente, 250 mil toneladas de resíduos sólidos. Com relação à situação da disposição final dos resíduos, observa-se que em 2000, dos municípios brasileiros, 86% encaminhavam seus resíduos para lixões e aterros controlados e, somente 14% destinavam em aterros sanitários. Em 2008, apesar do aumento ocorrido no número de municípios, ainda 29% faz a disposição final em aterros sanitários e que, a maioria, 71% dispõe seus resíduos em lixões e aterros controlados (IBGE, 2010). A cidade de Marechal Deodoro se enquadra neste cenário de má qualidade de limpeza urbana, tendo como destinação final o lixão a céu aberto, localizado, no município, na Fazenda Suíça (SILVA e OLIVEIRA, 2015). A Educação Ambiental tem um papel importante na gestão dos resíduos sólidos e pode ser praticada de diferentes maneiras dependendo da forma de proposta desse gerenciamento. Deve ser empregado como instrumento para reflexão no processo de mudança de atitudes em relação ao correto descarte do lixo e à valorização do meio ambiente. Se aplicada a gestão dos resíduos sólidos, as mudanças de atitude devem ser conduzidas de forma qualitativa e contínua, mediante um processo educacional. Na gestão dos resíduos sólidos, a sustentabilidade ambiental e social se constrói a partir de modelos e sistemas integrados, que possibilitam tanto a redução do lixo 63 gerado pela população, como a reutilização de materiais descartados e reciclagem dos materiais que possam servir de matéria prima para a indústria, diminuindo o desperdício e gerando renda. Gestão de resíduos sólidos é um conjunto de atitudes (comportamento, procedimento, propósitos), tendo como objetivo principal a eliminação dos impactos ambientais, relacionados à produção e a destinação do lixo (SILVA e OLIVEIRA, 2015). O combate ao desperdício da água é decisivo para se alcançar uma gestão eficiente dos recursos hídricos. Os índices de desperdício são alarmantes em um território em que se criou a mentalidade de que os recursos naturais e, especialmente a água, são infinitos. O que torna o desafio do combate ao desperdício uma missão gigantesca que deve abranger todos os segmentos da sociedade. O reuso dos recursos hídricos é de suma importância na busca pela tão sonhada sustentabilidade ambiental. No Brasil a reutilização dos recursos hídricos acontece de maneira tímida, devido à falta, principalmente de políticas públicas eficientes e também do cumprimento das legislações ambientais, especialmente quando se trata do uso público (RODRIGUES, et al 2016). Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais os indivíduos e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências de vida e sua sustentabilidade. A sustentabilidade ambiental é uma dimensão da educação, é a atividade intencional da prática social, que deve imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a natureza e com os outros seres humanos, visando potencializar essa atividade humana com a finalidade de torná-la plena de prática social e de ética ambiental. É a ação educativa permanente pela qual a comunicação tem a tomada de consciência de sua realidade global. A educação ambiental deve proporcionar as condições para o desenvolvimento das capacidades necessárias, para que grupos sociais, em diferentes contextos socioambientais do país, intervenham, de modo qualificado tanto na gestão do uso dos recursos ambientais quanto na concepção e aplicação de decisões que afetam a qualidade do ambiente. Com os avanços tecnológicos advindos após a Revolução Industrial e o crescente aumento da população a atividade humana passou a causar mais impactos negativos ao meio ambiente, e o que durante muito tempo foi visto como fonte inexaurível de recursos disponíveis para servir às necessidades do homem agora passa a ser uma inquietação, porquanto os recursos são limitados. O ciclo produtivo 64 da sociedade capitalista extrai do meio ambiente os insumos necessários para a produção de alimentos e bens de consumo, entretanto, o processo produtivo retorna resíduos sólidos, efluentes líquidos e emite gases nocivos e poluentes em grandes quantidades, acarretando poluição ambiental e esgotamento dos recursos naturais. Outra preocupação que emerge é que uma volumosa camada da população mundial que sofre com a pobreza, fome e exclusão social. As empresas procuram resultados financeiros, ampliação de fatias de mercado e sobrevivência e manutenção de sua competitividade. A globalização da economia e o acirramento da competição mundial elevam a escala de produção, com a consequente busca da redução dos custos. Diante deste panorama as empresas passam a se reestruturar para se adequarem a esta nova percepção. As pressões sociais e restrições impostas fazem com que as empresas sejam forçadas a buscar formas de reduzir seu impacto ambiental e a melhorar sua imagem frente a sua responsabilidade social. Neste sentido, muito tem sido feito para a sustentabilidade do setor produtivo (RODRIGUES, et al 2016). 9.1 Soluções Utilizadas para a Questão Hídrica 9.1.1 Dessalinização A dessalinização é a retirada de sais que se encontram dissolvidos na água por meio de diversos métodos. É verdade que a destilação e os processos de troca iônica são capazes de reduzir significativamente os sais dissolvidos, produzindo água desmineralizada, que é uma água com elevada purificação. Há vários outros processos, porém com finalidades distintas. Por exemplo, a filtração, a adsorção, a cloração e a própria esterilização são outros meios de que se lança mão para melhorar a qualidade da água, mas não são capazes de promover a retirada dos sais. Esses métodos atuam sobre outros elementos presentes nas massas líquidas. A filtração, por exemplo, é capaz de separar as partículas suspensas, ou seja, que não estão dissolvidas, enquanto que a adsorção, ao atuar por meio de filtros de carvão ativo, é capaz de reter partículas ainda menores do que aquelas separadas pela filtração. Justamente é o objetivo deste método, transformar a água salgada em doce. Os dessalinizadores são equipamentos que transformam águas salinas ou salobres em água potável empregando a osmose reversa. Essesequipamentos operam sob condições severas para os materiais que os constituem, dada à presença de um elemento corrosivo que é o íon cloreto, associado a pressões elevadas. Além disso, 65 são sofisticados em termos de tecnologia e a sofisticação reside na natureza das membranas semipermeáveis artificiais, que imitam as membranas naturais. Elas são fabricadas por um número muito pequeno de empresas em todo o mundo (RODRIGUES, et al 2016). Fonte: blogs.odiario.com As organizações em geral já são obrigadas pelas leis ambientais ao cumprimento de inúmeros requisitos a favor de recompensar ao menos parte da exploração causada por seu processo produtivo, e estas ainda, muitas vezes, vão um pouco mais além para ficar bem vistas perante a comunidade. Porém todas essas ações, ainda que realmente aplicadas e fiscalizadas, são pequenas se comparado o necessário para tornar-se um empreendimento sustentável. Despoluição dos rios: crescimento populacional, falta de planejamento urbano, conexões clandestinas com a rede de esgoto e indústrias que despejam resíduos indevidos. 66 Fonte: www.ambientelegal.com.br Coletores de ar que condensam a água: as máquinas que existem usam basicamente duas técnicas diferentes. A primeira é percebida com a de um ar condicionado promovendo o resfriamento do ar e a consequente condensação da água, que depois é filtrada e armazenada em pequenos tanques. (RODRIGUES, et al 2016) 67 Fonte: www.fenomenosdaengenharia.blogspot.com.br A outra envolve um processo químico, uma solução concentrada de sal absorve a umidade do ambiente de onde é extraída a água que também passa por filtração. (RODRIGUES, et al 2016). Aproveitamento da água da chuva: a água captada da chuva e armazenada pode ser usada para fins domésticos e industriais. Fonte: www.tubolarmeioambiente.com.br 68 Extração de águas de geleiras: mais da metade da água potável do planeta está nas geleiras e nas calotas polares. Em caso de crise mundial no abastecimento de água, uma das soluções possíveis seria a retirada e exportação de blocos de gelo dessas regiões. O mais provável é que a água fosse exportada já na forma líquida em grandes navios de carga ou por meio de canos, outra hipótese seria “aproveitar” o aquecimento global que está derretendo as geleiras e criando naturalmente novos cursos de água. Busca de água em outros planetas: outra resposta para a escassez de água pode ser encontrada nas fontes fora da Terra. No sistema solar, a NASA já detecta a presença de gelo em pontos de Marte, Mercúrio e na Lua. 9.2 Gestão de resíduos sólidos Em 2 de agosto de 2010, a Lei Federal nº 12.305 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), regulamentada pelo Decreto nº 7.404/2010 (BRASIL, 2010). A lei incorporou conceitos modernos de gestão de resíduos sólidos, trazendo novas ferramentas à legislação ambiental brasileira. Alguns desses aspectos podem ser ressaltados, como: Acordo Setorial: ato de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto; Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de atribuições dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos pela minimização do volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como pela redução dos impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei (RIBEIRO e MENDES, 2016); Logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social, caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para 69 reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada; Coleta seletiva: coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua constituição ou composição; Ciclo de Vida do Produto: série de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, a obtenção de matérias–primas e insumos, o processo produtivo, o consumo e a disposição final; Sistema de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos – SINIR: tem como objetivo armazenar, tratar e fornecer informações que apoiem as funções ou processos de uma organização. Essencialmente, é composto de um subsistema formado por pessoas, processos, informações e documentos, e um outro composto por equipamentos e seus meios de comunicação (RIBEIRO e MENDES, 2016); Planos de Resíduos Sólidos: o Plano Nacional de Resíduos Sólidos está sendo elaborado com participação social, contendo metas e estratégias nacionais sobre o tema. Também estão previstos planos estaduais, microrregionais, de regiões metropolitanas, planos intermunicipais, municipais de gestão integrada de resíduos sólidos e os planos de gerenciamento de resíduos sólidos (MMA; IPEA, 2011) 9.3 Classificação dos resíduos sólidos A classificação de resíduos sólidos é feita com base na identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, de seus componentes e características, e também da comparação entre os componentes dos vários tipos de resíduos e substâncias, os quais causam sérios impactos à saúde e ao meio ambiente. A classificação dos resíduos sólidos, por exemplo, facilita a segregação, a identificação e a composição na fonte, contribuindo para o gerenciamento adequado e correto, quanto ao seu destino final (SILVA, 2015) A Figura abaixo ilustra a classificação dos resíduos sólidos urbanos de acordo com a Funasa. 70 Figura - Classificação dos Resíduos Sólidos Urbanos Fonte: Funasa, 2010. Lei 12.305/2010 e a ABNT/NBR 10004 (2004) Art. 13. Para os efeitos desta lei, os resíduos sólidos têm a seguinte classificação: I - Quanto à origem: a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências urbanas; b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana; c) resíduos sólidos urbanos: é constituído pelos resíduos doméstico e comercial; d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”; e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”; f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industriais; 71 g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS; h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis; i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturas, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades; j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira; k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios; os resíduos sólidos são classificados quanto ao risco à saúde pública e ao meio ambiente em: perigosos e não perigosos, sendo ainda este último grupo subdividido em não inerte e inerte. II - Quanto à periculosidade: a) resíduos perigosos (classe I): aqueles que, em razão de suas característicasde inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, podendo apresentam risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, provocando ou contribuindo para o aumento de uma mortalidade ou incidência de doenças e/ou apresentar efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados e dispostos de forma inadequada. (ABNT, 2004) b) resíduos não perigosos (Classe II): são aqueles não enquadrados na alínea “a” (não são perigosos). Os resíduos não perigosos (Classe II) subdividem-se em: 1) resíduos da classe II A: são aqueles que em função de suas características não se enquadram nas classificações de resíduos classe I (perigoso) e classe II (inertes). Esses resíduos podem apresentar propriedades como solubilidade em água, biodegradabilidade ou combustibilidade. 72 2) resíduos da classe II B: são resíduos submetidos ao teste de solubilidade, não possuem nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água (ABNT, 2004). A figura abaixo ilustra a classificação dos resíduos não perigosos – Classe II Fonte: ABNT/NBR 10004 (2004 apud FELTRIN, 2014). Um resíduo é considerado não inerte caso ele não seja enquadrado como um resíduo perigoso (Classe I) ou resíduo Inerte (Classe II B). De acordo com ABNT, (2004) comumente quando os resíduos não inertes apresentam as seguintes propriedades: Biodegradabilidade: é a quebra de compostos químicos mediados biologicamente. Isto significa que determinadas substâncias podem ser utilizadas como substratos por micro-organismos capazes de produzirem como resultado energia, outras substâncias, novos tecidos e novos organismos. A Mineralização é a biodegradação ou quebra total das moléculas orgânicas em CO2, água e compostos inorgânicos. Combustibilidade: é quando uma substância tem capacidade de entrar em combustão e produzir energia, a exemplo das madeiras, dos tecidos e dos papéis. 73 Solubilidade em Água: são os constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G (padrões de ensaios de solubilização) depois de submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente. Já os resíduos que não tiverem seus constituintes solubilizados em água conforme descrito acima, são classificados como inertes (ABNT/NBR 10004, 2004 apud FELTRIN, 2014). O Quadro 1 apresenta outras legislações e normatizações (ABNT) pertinentes dos resíduos sólidos. Fonte: MMA: SNIR/ Legislação.2014 A caracterização consiste nos aspectos físico-químicos, biológicos, qualitativo e/ou quantitativo das amostras. De acordo com a caracterização dos resíduos, pode- 74 se enfim classifica-los para a melhor escolha da destinação do mesmo. Cumprindo- se assim a norma da ABNT NBR 10004/04 e também a lei 12.305 de agosto de 2010, Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Descrição da origem do resíduo; Estado físico; Aspecto geral; Cor; Odor; Grau de heterogeneidade; Denominação do resíduo; Estado físico; Processo de origem; Atividade industrial; Constituinte principal; Destinação; Destinação final; Aterro para resíduo perigoso; Aterro sanitário (não perigoso); Aterro de resíduo inerte (solubilidade); Tratamento térmico (compostagem, incineração, co-processamento). Após a caracterização dos resíduos sólidos, é realizado a classificação dos resíduos, que envolve a identificação da atividade que gerou determinado resíduo, além dos seus constituintes. A norma NBR 10004/04 da ABNT dispõe sobre a classificação dos resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública para que possam ser gerenciados adequadamente. Segundo ABNT (2004), a norma classifica os resíduos nos seguintes grupos: 9.3.1 Resíduos Classe I – Perigosos http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm 75 Os resíduos considerados perigosos são aqueles que têm características que podem colocar em risco as pessoas que manipulam ou que tem algum outro tipo de contato com o material. Fonte: www.koleta.com.br Para um resíduo ser considerado perigoso, ele deve apresentar pelo menos uma das características seguintes: inflamabilidade, corrosividade, toxicidade, reatividade e/ou patogenicidade. A NBR 10004/04 aponta critérios específicos para o profissional capacitado classifique e avalie cada propriedade dos resíduos. A intenção é que se o produto for considerado “perigoso”, seja tomada as devidas providencias para manuseio, transporte e a correta destinação desses materiais. (ABNT, 2004) 9.3.2 Resíduos não perigosos não inertes (Classe II A) São resíduos que não se apresentam como inflamáveis, corrosivos, tóxicos, patogênicos, e nem possuem tendência a sofrer uma reação química. Contudo, não se pode dizer que esses resíduos classe II A não trazem perigos aos seres humanos ou ao meio ambiente. https://www.vgresiduos.com.br/blog/veja-as-mudanca-nas-normas-para-transporte-de-residuos-perigosos/ 76 Os materiais desta classe podem oferecer outras propriedades, sendo biodegradáveis, comburentes ou solúveis em água. Resíduos dessa classificação merecem a mesma cautela para destinação final e tratamento do resíduo de classe I. 9.3.3 Resíduos não perigosos inertes (Classe II B) Os resíduos dessa classificação não têm nenhuma das características dos resíduos de classe I. Porém, se mostram indiferentes ao contato com a água destilada ou desionizada, quando expostos à temperatura média dos espaços exteriores dos locais onde foram produzidos. Com isso, não apresentam solubilidade ou combustibilidade para tirar a boa potabilidade da água, a não ser no que diz respeito à mudança de cor, turbidez e sabor, seguindo os parâmetros indicados no Anexo G da NBR 10004/04. Após a classificação, deve-se elaborar um relatório ou laudo, contendo informações sobre os resíduos. Desse modo é mais fácil para estabelecer qual o melhor descarte final, tratamento, transporte, embalagens. 9.4 Outros tipos de resíduos sólidos É importante destacar que há outros tipos de resíduos sólidos classificados segundo a origem, como: resíduos hospitalares, agrícolas, industriais, da construção civil, de varrição, comerciais, domésticos; os do tipo recicláveis e não recicláveis. No entanto, somente profissionais especializados podem indicar o melhor descarte para esse tipo de resíduos. Não apenas o descarte, mas os cuidados que devem ser tomados durante o processo de embalagem e transporte, e, até mesmo indicar melhores procedimentos para reciclagem, tratamento e destinação final. (ABNT, 2004) 9.5 Resíduos industriais Os resíduos industriais são considerados os maiores responsáveis pela poluição do meio ambiente. Para isso a melhor solução é o gerenciamento dos 77 resíduos sólidos industriais, possibilitando que as indústrias contribuam para um meio ambiente menos poluído e mais saudável. Fonte: www.saolourencoambiental.com.br De acordo com Resolução 313 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, são considerados resíduos industriais todo aquele que: Resulte das atividades das indústrias; Se encontre nos estados sólido, semissólido, gasoso (quando contido) ou líquido; Cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia possível. Inclui-se também lodos provenientes de sistemas de tratamento de efluentes líquidos e aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição. Sendo assim, todo remanescente da atividadeindustrial que preencha esses requisitos é considerado resíduo industrial. (ABNT, 2004) http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=335 78 9.6 Impactos Causados pela Disposição Inadequada dos Resíduos Sólidos Os recursos naturais estão a cada dia mais escasso, devido ao uso excessivo e sem as devidas medidas de preservação, e também em consequência do descarte irregular de resíduos sólidos nos ecossistemas, a exemplo dos lixões, da disposição em valas e locais públicos, constituindo um sério problema em relação aos aspectos ambientais, a saúde e suas interações. Fonte: residuoall.com.br Segundo SILVA (2015), os resíduos sólidos são considerados perigosos devido às suas propriedades físicas, químicas e infectocontagiosas e, por isso, alguns dos resíduos sólidos, a exemplo dos inorgânicos, disposto no solo não degradam facilmente, tal como o vidro, o alumínio, o plástico, entre outros, persistindo por muitos anos no meio ambiente. Já no processo físico-químico de decomposição dos resíduos orgânicos, quando não controlado de forma correta, produzirá um líquido, ou seja, o chorume rico em sua maioria em metais pesados, chumbo, níquel, cádmio, e outros, e tanto escoa, como percola e infiltra no solo, contaminando os meios hídricos superficiais e também 79 subterrâneos. Isso pode se agravar ainda mais no período de chuva, devido ao aumento no processo de carreamento e infiltração dessas substâncias em grande quantidade (SILVA,2015). 9.7 Doenças Causadas Devido à Disposição Inadequada dos Resíduos Sólidos Os impactos ambientais ocorridos pela disposição inadequada dos resíduos sólidos vêm seriamente afetando a saúde pública, através do desenvolvimento de diversas doenças crônico-degenerativas e infectocontagiosas, transmitidas por ratos, baratas, moscas, cães, etc., além dos microrganismos patogênicos, tais como as bactérias, vírus, protozoários e helmintos, que são responsáveis pela transmissão da leptospirose, dengue, diarreia, febre tifoide, malária e outras (SILVA,2015). O descarte de pilhas, lâmpadas fluorescentes e outros objetos que têm em sua composição o mercúrio, são descartados junto com os resíduos sólidos orgânicos, contaminando através do processo de lixiviação o solo e a água e por sua vez, prejudicando a cadeia alimentar, levando o homem a desenvolver sérios problemas no sistema nervoso, provocando lesões no córtex e no cérebro, que podem ser irreversíveis. O Quadro abaixo apresenta as doenças relacionadas aos agentes biológicos que fazem dos resíduos sólidos sua fonte de alimentação ou abrigo. Fonte: Cussiol (2005) 80 9.8 Reciclagem: a indústria do presente A reciclagem é uma das alternativas de tratamento de resíduos sólidos mais vantajosas, tanto do ponto de vista ambiental como do social. Ela reduz o consumo de recursos naturais, poupa energia e água e ainda diminui o volume de lixo e a poluição. Além disso, quando há um sistema de coleta seletiva bem estruturado, a reciclagem pode ser uma atividade econômica rentável. Pode gerar emprego e renda para as famílias de catadores de materiais recicláveis, que devem ser os parceiros prioritários na coleta seletiva. Em algumas cidades do país, como por exemplo, São Paulo e Belo Horizonte, foi implementada a Coleta Seletiva Solidária, fruto da parceria entre o Governo local e as associações ou cooperativas de catadores. Fonte: sociedadepublica.com.br Para atrair mais investimentos para o setor, é preciso uma união de esforços entre o governo, o segmento privado e a sociedade no sentido de desenvolver políticas adequadas e desfazer preconceitos em torno dos aspectos econômicos e da confiabilidade dos produtos reciclados. (FEITOSA, 2017) Os materiais normalmente encaminhados para a reciclagem são o vidro (garrafas, frascos, potes etc.), o plástico (garrafas, baldes, copos, frascos, sacolas, canos etc.), papel e papelão de todos os tipos e metais (latas de alimentos, 81 refrigerantes etc.). Por questões de tecnologia ou de mercado, alguns materiais ainda não são reciclados. 9.9 Para onde vai o lixo? Segundo a pesquisa do IBGE, em 64% dos municípios brasileiros o lixo é depositado de forma inadequada, em locais sem nenhum controle ambiental ou sanitário. São os conhecidos lixões ou vazadouros, terrenos onde se acumulam enormes montanhas de lixo a céu aberto, sem nenhum critério técnico ou tratamento prévio do solo, com a simples descarga do lixo sobre o solo. Além de degradar a paisagem e produzir mau cheiro, os lixões colocam em risco o meio ambiente e a saúde pública. Como resultado da degradação dos resíduos sólidos e da água de chuva é gerado um líquido de coloração escura, com odor desagradável, altamente tóxico, com elevado poder de contaminação que pode se infiltrar no solo, contaminando-o e podendo até mesmo contaminar as águas subterrâneas e superficiais. Esse líquido, chamado líquido percolado, lixiviado ou chorume, pode ter um potencial de contaminação até 200 vezes superior ao esgoto doméstico. (FEITOSA, 2017) Além da formação do chorume, os resíduos sólidos, ao serem decompostos, geram gases, principalmente o metano (CH4), que é tóxico e altamente inflamável, e o dióxido de carbono (CO2) que, juntamente com o metano e outros gases presentes na atmosfera, contribui para o aquecimento global da Terra, já que são gases de efeito estufa. Existe uma técnica ambientalmente segura para dispor os resíduos, denominada aterro sanitário. Esta técnica surgiu na década de 1930 e vem se aperfeiçoando com o tempo. O aterro sanitário pode ser entendido como a disposição final de resíduos sólidos no solo, fundamentado em princípios de engenharia e normas operacionais específicas, com o objetivo de confinar o lixo no menor espaço e volume possíveis, isolando-o de modo seguro para não criar danos ambientais e para a saúde pública. Os resíduos dispostos em aterros estão isolados do meio ambiente externo por meio da impermeabilização do solo, da cobertura das camadas de lixo e da drenagem de gases. 82 Tratamento e disposição final do lixo: Existem algumas formas possíveis para o tratamento do lixo e sua disposição final na natureza. No Brasil, o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos é de responsabilidade das Prefeituras Municipais. Ainda é bastante reduzido o número de municípios que possuem um bom gerenciamento de resíduos sólidos, com sistemas adequados de coleta, tratamento e disposição final dos resíduos. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo IBGE em 2000, 64% dos municípios brasileiros depositam seus resíduos em lixões. Apenas 14% possuem aterros sanitários e 18% possuem aterros controlados. Existe, ainda, a necessidade de se promover a universalização da limpeza pública (coleta, varrição, tratamento, destinação final etc.) para toda a população brasileira, já que cerca de 30 % do total de resíduos gerados não é coletado no país (IPT/Cempre 2000). Fonte: www2.maringa.pr.gov.br O conjunto de ações que objetivam a minimização da geração de lixo e a diminuição da sua periculosidade constitui a fase de tratamento dos resíduos, que representa uma forma de torná-los menos agressivos para a disposição final, diminuindo o seu volume, quando possível. Os processos de tratamento dos resíduos são os seguintes: 83 Compostagem: É um processo no qual a matéria orgânica putrescível (restos de alimentos, aparas e podas de jardins etc.) é degradada biologicamente, obtendo- se um produto que pode ser utilizado como adubo. A compostagem permite aproveitar os resíduos orgânicos, que constituem mais da metade do lixo domiciliar. A compostagem pode ser feita em casa ou em unidades de compostagem. Incineração: É a transformação da maior parte dos resíduos em gases, através da queima em altas temperaturas (acima de 900º C),em um ambiente rico em oxigênio, por um período pré-determinado, transformando os resíduos em material inerte e diminuindo sua massa e volume. Não se deve confundir a incineração com a simples queima dos resíduos. No primeiro caso, os incineradores geralmente são dotados de filtros, evitando que gases tóxicos sejam lançados na atmosfera. De qualquer forma, devido a aspectos técnicos, a incineração não é o tratamento mais indicado para a maioria dos resíduos gerados e não é adequado à realidade das cidades brasileiras. Algumas unidades de incineração estão sendo desativadas no país por operarem precariamente, sem sistemas de tratamento adequado dos gases emitidos. A incineração é um sistema complexo, que envolve milhares de interações físicas e reações químicas. Além do dióxido de carbono e do vapor de água, outros gases são produzidos, incluindo diversas substâncias tóxicas, como metais pesados e outras. (IPT/Cempre, 2000). Entre elas, destacam-se as dioxinas e os furanos, classificados como poluentes orgânicos persistentes – POPs, que são tóxicos, cancerígenos, resistentes à degradação e acumulam-se em tecidos gordurosos (humanos e animais). Esses poluentes são transportados pelo ar, água e pelas espécies migratórias, sendo depositados distante do local de sua emissão, onde se acumulam em ecossistemas terrestres e aquáticos. Em decorrência dessas características, em setembro de 1998 a Environmental Protection Agency (EPA), a agência de proteção ambiental americana, anunciou que não existe um nível “aceitável” de exposição às dioxinas. Pirólise: Diferentemente da incineração, na pirólise a queima acontece em ambiente fechado e com ausência de oxigênio. Digestão Anaeróbica: É um processo baseado na degradação biológica, com ausência de oxigênio e ambiente redutor. Neste processo há a formação de gases e líquidos. Este princípio é bastante utilizado em todo o mundo em aterros sanitários. Reuso ou Reciclagem: Já implantados em vários municípios brasileiros, estes processos baseiam-se no reaproveitamento dos componentes presentes nos resíduos 84 de forma a resguardar as fontes naturais e conservar o meio ambiente. Como todo processo de tratamento produz um rejeito, isto é, um material que não pode ser utilizado, a disposição final em aterros acaba sendo imprescindível para todo tipo de tratamento. (ARRUDA; MARQUES; REIS, 2017). Aterro sanitário: É um método de aterramento dos resíduos em terreno preparado para a colocação do lixo, de maneira a causar o menor impacto ambiental possível. Veja a seguir algumas das medidas técnicas empregadas para proteger o meio ambiente: O solo é protegido por uma manta isolante (chamada de geomembrana) ou por uma camada espessa de argila compactada, impedindo que os líquidos poluentes, lixiviados ou chorume, se infiltrem e atinjam as águas subterrâneas; São colocados dutos captadores de gases (drenos de gases) para impedir explosões e combustões espontâneas, causadas pela decomposição da matéria orgânica. Os gases podem ser queimados para evitar sua dispersão na atmosfera; É implantado um sistema de captação do chorume, para que ele seja encaminhado a um sistema de tratamento; As camadas de lixo são compactadas com trator de esteira, umas sobre as outras, para diminuir o volume, e são recobertas com solo diariamente, impedindo a exalação de odores e a atração de animais, como roedores e insetos; O acesso ao local deve ser controlado com portão, guarita e cerca, para evitar a entrada de animais, de pessoas e a disposição de resíduos não autorizados. 85 Fonte: www.grupoescolar.com Aterro controlado: O aterro controlado não é considerado uma forma adequada de disposição de resíduos porque os problemas ambientais de contaminação da água, do ar e do solo não são evitados, já que não são utilizados todos os recursos de engenharia e saneamento que evitariam a contaminação do ambiente. (ARRUDA; MARQUES; REIS, 2017). Fonte: meioambiente.culturamix.com 86 No entanto, representa uma alternativa melhor do que os lixões, e se diferenciam destes por possuírem a cobertura diária dos resíduos com solo e o controle de entrada e saída de pessoas. Unidades de segregação e/ou de compostagem: Essa forma de tratamento prevê a instalação de um galpão para a separação (triagem) manual dos resíduos, usualmente realizada em esteiras rolantes. Quando o município realiza a coleta seletiva, os resíduos já chegam separados, isto é, materiais recicláveis separados dos resíduos orgânicos. Fonte: www.poa24horas.com.br Entretanto, quando não existe esta separação nas residências, comércios etc., os sacos de lixo coletados na coleta convencional são encaminhados para a triagem, onde os resíduos recicláveis são separados dos orgânicos. Neste último caso, a separação é muito mais difícil porque os resíduos estão misturados, dificultando a segregação e comprometendo a qualidade do composto orgânico produzido. (ARRUDA; MARQUES; REIS, 2017). No Brasil, o sistema de reciclagem e compostagem desvinculado da coleta seletiva tem-se mostrado oneroso, pois além de exigir gastos elevados com muitos funcionários e equipamentos, a separação do material orgânico do reciclável é muito 87 baixa. Por esta razão, a melhor alternativa é integrar as centrais de triagem e de compostagem a um sistema de coleta seletiva, promovendo a separação dos materiais recicláveis e compostáveis na origem e a participação comunitária. Para que a coleta seletiva seja realmente eficiente é necessária a mudança de hábito na disposição e acondicionamento do lixo já na fonte geradora. Além dos benefícios ambientais promovidos pela coleta seletiva e consequente destinação dos resíduos para reciclagem e compostagem, podemos considerar também os benefícios de inclusão social dos catadores, caso eles sejam os parceiros preferenciais na coleta seletiva. 10 CULTURA E SUSTENTABILIDADE EM FOCO: A CULTURA DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL Desde quando emergiu no ambiente primitivo e sem o desenvolvimento do intelecto, os primeiros grupos humanos pouco se diferenciavam dos outros animais, pautando suas preocupações apenas na percepção dos meios de subsistência pela alimentação e pela segurança física. Viviam submissos aos rigores do ambiente, pela falta de habilidade para enfrentar as contingências da natureza e a competição com muitas outras espécies animais até que conseguiram desenvolver as primeiras estratégias de organização (FEITOSA, 2017). Os primeiros rudimentos de intelectualidade potenciaram ao homem o sentido de organização e de representação do espaço, que são marcos referenciais das atividades humanas, ao longo do processo civilizatório. A evolução deste processo registra o apogeu e o declínio de algumas comunidades, em diversos lugares e através do tempo, permeados por algumas iniciativas ambientalmente racionais, que perduraram e se notabilizaram por sua contribuição ao equilíbrio da natureza. Inicialmente, atribuindo pouca importância coletiva aos problemas ambientais, as primeiras reflexões no sentido de seu enfrentamento emergiram na percepção individual de estudiosos mais conscientes de sua relação responsável com o futuro do ambiente, no que respeita a extração de matéria-prima para a produção dos recursos, mais ainda sem a ponderação de ações mitigadoras tão reivindicadas na atualidade. Tais reflexões deram origem às primeiras reuniões setoriais e eventos