Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO THAIS CRISTINA MENDONÇA NOGUEIRA SÍNTESE DE DERIVADOS QUINOXALÍNICOS COM POTENCIAL ATIVIDADE ANTITUMORAL E APLICAÇÃO DO FURFURAL NA QUÍMICA VERDE PARA A OBTENÇÃO DE SUBSTÂNCIAS DE ALTA COMPLEXIDADE ESTRUTURAL RIO DE JANEIRO 2014 Thais Cristina Mendonça Nogueira SÍNTESE DE DERIVADOS QUINOXALÍNICOS COM POTENCIAL ATIVIDADE ANTITUMORAL E APLICAÇÃO DO FURFURAL NA QUÍMICA VERDE PARA A OBTENÇÃO DE SUBSTÂNCIAS DE ALTA COMPLEXIDADE ESTRUTURAL Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Química, Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Ciências (Química) Orientadores: Dr. Marcus Vinícius Nora de Souza (Farmanguinhos/FIOCRUZ) e Prof. Dr. Carlos Roland Kaiser (LABRMN-IQ/UFRJ) Rio de Janeiro 2014 Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Síntese Orgânica de Farmanguinhos/ FIOCRUZ, no Laboratório Multidisciplinar de Química e Ressonância Magnética Nuclear (LABRMN) do IQ/UFRJ e no Laboratório de Química de Coordenação (LCC-CNRS), sob a orientação do Dr. Marcus Vinícius Nora de Souza, do Professor Dr. Carlos Roland Kaiser e colaboração do Dr. Emmanuel Gras. AGRADECIMENTOS Ao Dr. Marcus Vinícius Nora de Souza e ao Professor Dr. Carlos Roland Kaiser, pelos ensinamentos, orientação, apoio, amizade e incentivo que tornaram possível o desenvolvimento desse trabalho. A todo corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Química do IQ-UFRJ, pela disponibilidade de seus profissionais que de alguma maneira colaboraram de forma significativa para a construção de meus conhecimentos e elaboração deste trabalho. Ao Dr. Emmanuel Gras e sua equipe, pelo apoio e estimulante convivência durante o doutorado sanduíche realizado no LCC-CNRS, França. Aos funcionários da Plataforma de Métodos Analíticos de Farmanguinhos/Fiocruz, pela realização dos espectros de IV, EM/IES e RMN. À Dra. Cláudia do Ó Pessoa e sua equipe do Laboratório de Oncologia Experimental (LOE)/ UFC, pela realização dos testes de citotoxicidade. Ao Dr. James Lewis Wardell pela realização dos estudos de cristalografia e difratometria de raios-X. Aos amigos do Laboratório de Farmanguinhos/Planta Piloto, Alessandra Campbell, Bernardo Reis, Bruna Abreu, Camila Cataldi, Camilo Lima, Claudia Brandão, Cristiane França, Daniele Freitas, Danrley Magalhães, Emerson Teixeira, Emily Muller, João Vitor da Costa, Letícia Ferreira, Leidiane Araújo, Liana Jasmim, Marcele Moreth, Marcelle Bispo, Marianna Araújo, Nathasha Rayssa, Raoni Gonçalves, Renato Carvalho, Rômulo Jesus, Silvio Duarte, Tamyris Marques, Victor Luz e Walcimar Trindade pela amizade, companheirismo, apoio, incentivo e agradável convivência. Aos meus amigos que sempre me entenderam, apoiaram e estiveram ao meu lado durante todo esse período de esforços, abdicações e correria. À minha família, em especial, aos meus pais, João e Célia e à minha irmã, Lívia, pelo apoio, incentivo, compreensão pela minha ausência em determinados momentos e acolhimento nos muitos momentos de desânimo e cansaço. À CAPES, ao CNPq, a Farmanguinhos/FIOCRUZ e a PGQu pelo apoio financeiro. O homem se torna, muitas vezes, o que ele próprio acredita que é. Se eu insisto em repetir para mim mesmo que não posso fazer uma determinada coisa, é possível que acabe me tornando realmente incapaz de fazê-la. Ao contrário, se tenho a convicção de que posso fazê-la, certamente adquirirei a capacidade de realizá-la, mesmo que não a tenha no começo. Mahatma Gandhi RESUMO NOGUEIRA, Thais Cristina Mendonça. Síntese de Derivados Quinoxalínicos com Potencial Atividade Antitumoral e Aplicação do Furfural na Química Verde para a Obtenção de Substâncias de Alta Complexidade Estrutural. Rio de Janeiro, 2014. Tese (Doutorado em Química)- Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. O primeiro capítulo desse trabalho descreve o planejamento e a síntese de derivados hidrazônicos contendo o núcleo quinoxalínico com potencial atividade antitumoral. Foram planejados quarenta e oito derivados 2-quinoxalinilidrazônicos por hibridação molecular entre a cloroquinoxalina sulfonamida (CQS) e o grupo hidrazona, uma vez que ambos os fragmentos apresentam importância comprovada para a obtenção de substâncias com atividade antitumoral. Esses derivados foram sintetizados em bons rendimentos (55-96%), sendo trinta e oito inéditos na literatura. Após a caracterização por métodos espectroscópicos e espectrométricos, esses derivados foram submetidos à avaliação da atividade citotóxica in vitro em três linhagens de células tumorais (HTC-116, OVCAR-8, SF-295), segundo o método do MTT. Dentre os derivados testados, sete apresentaram bons perfis de atividade in vitro, sendo selecionados para a realização de ensaios para a determinação do IC50 frente à quatro linhagens de células tumorais (OVCAR-8, SF-295, HTC-116 e HL-60), segundo o método do MTT. Baseado nos resultados desse ensaio, o derivado 2,3-dihidroxi substituído foi o que obteve os resultados mais promissores (IC50 = 0,09-0,49µg/mL), sendo esses comparáveis aos obtidos pelo fármaco de referência doxorrubicina (IC50 = 0,02-0,26µg/mL). No segundo capítulo desse trabalho, foi explorada a utilização do furfural e seus derivados na síntese de substâncias de alta complexidade estrutural baseada nos princípios da Química Verde. Foram desenvolvidas metodologias sintéticas alternativas para a obtenção de derivados diidroisobenzofurânicos e diidroisoindólicos através de reações intramoleculares de Diels-Alder, obtendo-se cinco derivados com rendimentos entre 34-90%, sendo dois inéditos na literatura. A partir desses derivados, diversas rotas sintéticas foram testadas com o intuito de obter compostos de maior complexidade estrutural. Nesse contexto, a metodologia proposta para a obtenção de derivados bicíclicos contendo o anel ciclo-hepteno fusionado mostrou-se promissora, com a obtenção de dois derivados em 57% e 27% de rendimento. Foi desenvolvida ainda uma nova metodologia sintética, utilizando irradiação de micro-ondas, para a obtenção de derivados oxa[2.2.1]bicíclicos a partir da sequência reacional Ugi/Diels- Alder, sendo sintetizados dois derivados inéditos na literatura em 95% e 78% de rendimento. Todos os derivados obtidos foram devidamente caracterizados por métodos espectroscópicos e espectrométricos. Palavras-chave: Quinoxalina, Câncer, Furfural, Química Verde. ABSTRACT NOGUEIRA, Thais Cristina Mendonça. Síntese de Derivados Quinoxalínicos com Potencial Atividade Antitumoral e Aplicação do Furfural na Química Verde para a Obtenção de Substâncias de Alta Complexidade Estrutural. Rio de Janeiro, 2014. Tese (Doutorado em Química)- Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. The first chapter of this work describes the design and synthesis of hydrazones containing the quinoxaline nucleus with potential antitumoral activity. Forty-eight 2- quinoxalinylhydrazone derivatives have been designed by molecular hybridization between the chloroquinoxaline sulfonamide (CQS) core and hydrazone moiety, since both fragments demonstrate relevant antitumoral potential. These derivatives have been synthesized in good yields (55-96%), among which thirty-eight are unknown in the literature. After characterization by spectroscopic and spectrometric methods, these derivatives were evaluated against three cancer cells (HTC-116, OVCAR-8, SF-295),according to MTT assay. Among them, seven derivatives showed good in vitro activity profile and have been selected for further assay to determine the IC50 against four human cancer cell lines (OVCAR-8, SF- 295, HTC-116 e HL-60), according to MTT assay. Based on these assay results, the compound 2,3-dihydroxy-substituted showed the most promising results (IC50 = 0,09- 0,49µg/mL), displaying a potent cytotoxicity activity compared to the reference drug doxorubicin (IC50 = 0,02-0,26µg/mL). The second chapter of this work explores the utilization of furfural and derivatives on the synthesis of molecules of high structural complexity based on Green Chemistry principles. Alternative synthetic methodologies for the intramolecular Diels-Alder reaction have been developed in order to obtain dihydroisobenzofuran and dihydroisoindole derivatives. Using these methodologies, five derivatives have been synthesized in yields ranging from 34-90%, among which two are unknown in the literature. In order to obtain compounds of high structural complexity, these derivatives have been used as starting material in different synthetic routes. On this context, the methodology for the obtention of bicyclic derivatives containing the fused cycloheptene ring showed promising results and two derivatives unknown in the literature have been synthesized in 57% and 27% yield. Moreover, a new synthetic methodology for the Ugi/Diels-Alder sequence using the microwave irradiation have been developed for the obtention of oxa[2.2.1]bicyclic derivatives and two derivatives unknown in the literature have been synthesized in 95% and 78% yield. All the compounds have been fully characterized by spectroscopic and spectrometric methods. Key-words: Quinoxaline, Cancer, Furfural, Green Chemistry. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS [M+H] íon molecular mais hidrogênio [M+K] íon molecular mais potássio [M+Na] íon molecular mais sódio [M-H] íon molecular menos hidrogênio 5-FU 5-fluorouracila a.C. antes de Cristo Ac grupo acetila ACS do inglês, American Chemical Society AL ácido levulínico APTS ácido para-toluenossulfônico Ar grupo arila ATF ácido trifluoracético ATP adenosina trifosfato BCR-ABL do inglês, B-cell receptor-Abelson BNip3 do inglês, Bcl-2/adenovirus E1B 19kD-interacting protein 3 Boc grupo terc-butiloxicarbonila BpT 2-benzoilpiridil tiossemicarbazona BPTBH 2-benzoilpiridino tiobenzoilidrazona BRCA1 do inglês, breast carcer 1 (câncer de mama 1) BRCA2 do inglês, breast carcer 2 (câncer de mama 2) Bz grupo benzila CCF cromatografia em camada fina CALB lipase de Candida antarctica tipo B cat. Catalítico CDI 1,1´-carbonildiimidazol CDKs do inglês, cyclin-dependent kinases (quinase dependentes de ciclinas) cél/mL células por mililitro CKIs do inglês, cyclin-dependent kinases inhibitors (inibidores de quinase dependentes de ciclinas) CLAE cromatografia líquida de alta eficiência cm centímetro CM do inglês, cross-metathesis (metátese cruzada) CQS cloroquinoxalina sulfonamida CV-1 células renais provenientes do macaco verde africano Cercopithecus Aethiops d dupleto d.C. depois de Cristo DA Diels-Alder DCM diclorometano Dcytb citocromo b duodenal dd duplo dupleto ddd duplo duplo dupleto dddd duplo duplo duplo dupleto DFO desferroxamina DIAD do inglês, diisopropyl azodicarboxylate (azodicarboxilato de isopropila) DMAc dimetilacetamida DMAP 4-(dimetilamino)piridina DMF dimetilformamida DMSO dimetilsulfóxido DMSO-d6 dimetilsulfóxido deuterado DMT1 do inglês, divalent metal transporter 1 (transportador de metal divalente 1) DNA do inglês, deoxyribonucleic acid (ácido desoxirribonucléico) dNTP do inglês, deoxynucleotide triphosphate (desoxirribonucleotídeo trifosfato) DPM desvio padrão da média DpT di-piridilcetona tiossemicarbazona DpT44mT di-2-piridilcetona-4,4,-dimetil-3-tiossemicarbazona dquint. duplo quinteto dt duplo tripleto EDG do inglês, electron donating groups (grupos doadores de elétrons) EM/IES espectrometria de massa por elétron-spray EPA do inglês, Envivonmental Protection Agency EROs espécies reativas de oxigênio Et grupo etila ETE 2-(etoximetil)tetraidrofurano EWG do inglês, electron withdrawing groups (grupos aceptores de elétrons) FDA do inglês, Food and Drug Adminstration FPN1 ferroportina 1 G1/S Gap 1/ Synthesis GADD45 do inglês, growth arrest and DNA damage 45 GADD45α do inglês, growth arrest and DNA damage 45α GHz Gigahertz GLOBOCAN do inglês, Global Burden of Cancer Study GSK GlaxoSmithKline HIF-1α do inglês, hypoxia-inducible factor-1α (fator induzível por hipóxia 1α) HL-60 do inglês, human promyelocytic leukemia cells (linhagem de células de leucemia promielocítica humana) HOMO do inglês, highest occupied molecular orbital (orbital molecular ocupado de energia mais alta) HRE do inglês, hypoxia-response element (elementos responsivos à hipoxia) HTC-116 células de câncer de cólon humanas IARC do inglês, Internacional Angency for Research on Cancer (Agência Internacional para Pesquisa em Câncer) IBX do inglês, orto-iodoxybenzoic acid (ácido orto-iodoxibenzôico) IC50 concentração capaz de inibir em 50% o crescimento celular ICAM-1 do inglês, intercellular adhesion molecule 1 (molécula de adesão intercelular-1) IMDA intramolecular de Diels-Alder IMR-32 células de neuroblastoma humano INCA Instituto Nacional de Câncer INNTR inibidor não-nucleosídeo da transcriptase reversa iPr grupo isopropila IRM imagem por ressonância magnética IV infravermelho kbar kilobar kHz kilohertz LOE Laboratório de Oncologia Experimental logP coeficiente de partição LUMO do inglês, lowest unoccupied molecular orbital (orbital molecular desocupado de energia mais baixa) m multipleto M do inglês, mitosis (mitose) mCPBA ácido meta-cloroperoxibenzóico MDR do inglês, multidrug-resistant (resistência a múltiplos fármacos) Me grupo metila MEK metiletilcetona MeOD-d4 metanol deuterado MF 2-metilfurano mg miligrama mmol milimol MMP do inglês, matrix metalloproteinases (metaloproteinase de matriz) MO micro-ondas mPEG metóxi-polietilenoglicol MTBE metil terc-butil éter MTHF 2-metiltetraidrofurano MTT brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5 difeniltetrazólio NCI do inglês, National Cancer Institute Ndrg-1 do inglês, N-myc drownstream regulated gene-1 nM nanomolar nm nanômetro NMP N-metilpirrolidinona n-Pr grupo n-propila Ns grupo 2-nitrofenilsulfonila NTBH 2-hidroxi-1-naftaldeído tiobenzoil hidrazona OMS Organização Mundial de Saúde OVCAR-8 linhagem de células tumorais de ovário humano p.f. ponto de fusão pH do latim, pondus hydrogenii (potencial hidrogeniônico) Ph grupo fenila pi piridina PIBF poli(isobenzofuranos) PIH piridoxal isonicotinoilidrazona pKa cologaritmo da constante de acidez PKIH di-2-piridilcetona isonicotinoilidrazona PKTBH di-2-piridilcetona tiobenzoilidrazona PM peso molecular ppm partes por milhão PPTS para-toluenossulfonato de piridina pRB proteína retinoblastoma PTBH piridoxal tiobenzoilidrazona q quadrupleto QSAR do inglês, Quantitative Structure-Activity Relationship (Relação Quantitativa Estrutura-Atividade) quint. quinteto RMN de 13C ressonância magnética nuclear de carbono 13 RMN de 1H ressonância magnética nuclear de hidrogênio RNAm do inglês, messenger ribonucleic acid (ácido ribonucleico mensageiro) ROM do inglês, ring-opening metathesis (abertura de anel por metátese) RPMI do inglês, Roswell Park Memorial Institute RR ribonucleotídeo redutase RSV do inglês, Rous sarcoma virus (Vírus do sarcoma de Rous) s simpleto SARM Staphylococcus aureus resistentes à meticilina sd do inglês, standard deviation (desvio-padrão) SF-295 linhagem de células tumorais do sistema nervoso central SK-N-MC células de neuroblastoma humano SK-N-SH células de neuroblastoma humano sl simpleto largo Src Sarcoma STBH salicilaldeído tiobenzoilidrazona t tripleto t.a. temperatura ambiente (25°C) TBMEéter metil-terc-butílico TC tomografia computadorizada td trileto de dupletos TEA trietilamina TEP tomografia por emissão de pósitrons TfR1 do inglês, transferrin receptor 1 (receptor 1 de transferrina) TfR2 do inglês, transferrin receptor 2 (receptor 2 de transferrina) THF tetraidrofurano TMS tetrametilsilano Ts grupo tosila tt triplo tripleto UFC Universidade Federal do Ceará UV ultravioleta VCAM-1 do inglês, vascular cell adhesion molecule 1 (molécula de adesão celular vascular-1) VEGF1 do inglês, vascular endothelial growth factor 1 (fator de crescimento do endotélio vascular 1) VHL von Hippel-Lindau W watt WAF1 do inglês, wild–type p53-activated fragment 1 WHO do inglês, World Health Organization μL microlitro μM micromolar LISTA DE SÍMBOLOS % percentual °C graus Celsius Δ refluxo < menor > maior δ deslocamento químico J constante de acoplamento Hz Hertz MHz Megahertz logP coeficiente de partição α posição alfa β posição beta ® marca registrada νmax absorção máxima LISTA DE FIGURAS Figura 1. Estimativa da taxa de incidência de câncer (excluindo os casos de câncer de pele não melanoma) por países em 2012. 28 Figura 2. Estrutura química de alguns agentes alquilantes empregados no tratamento contra o câncer durante a Segunda Guerra Mundial. 31 Figura 3. Estrutura química do ácido fólico e de alguns derivados do ácido fólico testados contra o câncer. 32 Figura 4. Estruturas químicas da 6-tioguanina e 6-mercaptopurina desenvolvidas por Hitching e Elion. 32 Figura 5. Exemplos de fármacos desenvolvidos com base no conceito de terapia- alvo. 33 Figura 6. Estruturas químicas da cisplatina, bleomicina e vimblastina utilizadas na terapia combinada. 34 Figura 7. Estruturas químicas de alguns exemplos de quimioterápicos modernos. 35 Figura 8. Alguns fármacos desenvolvidos como inibidores de proteínas quinases. 36 Figura 9. Numeração e possíveis nomenclaturas para o sistema heterocíclico quinoxalínico. 37 Figura 10. Exemplos de isósteros da quinoxalina. 37 Figura 11. Constante de equilíbrio (pKa) de alguns heterociclos nitrogenados. 38 Figura 12. Estruturas químicas dos antibióticos equinomicina e triostina A. 39 Figura 13. Derivados quinoxalínicos importantes no desenvolvimento de fármacos. 44 Figura 14. Derivados quinoxalínicos que estão em testes clínicos para o tratamento do câncer. 45 Figura 15. Detecção de hipóxia pelo sistema HIF-1. 50 Figura 16. Exemplos de compostos quelantes de ferro que estão sendo estudados como agentes antitumorais. 52 Figura 17. Estruturas químicas de alguns derivados aroilidrazônicos capazes de complexar ferro. 54 Figura 18. Estruturas químicas dos análogos PKIH desenvolvidos por Becker e colaboradores como complexantes de ferro. 54 Figura 19. Estruturas químicas de membros das séries de quelantes DpT e BpT. 56 Figura 20. Estrutura dos análogos tiossemicarbazônicos desenvolvidos por Huang e colaboradores com maiores atividades antiproliferativas. 57 Figura 21. Estruturas químicas de alguns análogos tioidrazônicos complexantes de ferro. 58 Figura 22. Estrutura química geral da nova série de derivados 2- quinoxalinilidrazônicos. 59 Figura 23. Derivados 7-cloro-4-quinolinilidrazônicos, 2-piridil-N-acilidrazônicos e isonicotinil-N-acilidrazônicos com atividade antitumoral. 60 Figura 24. Planejamento dos derivados 2-quinoxalinilidrazônicos. 61 Figura 25. Espectro de massas do intermediário-chave 2. 64 Figura 26. Espectro de infravermelho do intermediário-chave 2. 64 Figura 27. Expansão das regiões entre 8,4 ppm; 7,5-8.0 ppm e 4,0-6,5 ppm do espectro de RMN de 1H (400 MHz, DMSO-d6) do intermediário 2. 66 Figura 28. Espectro de RMN de 13C (100MHz, DMSO-d6) do intermediário 2. 67 Figura 29. Espectro de massas do derivado 3. 70 Figura 30. Espectro de infravermelho do derivado 3. 70 Figura 31. Expansão das regiões entre 11,5-9,0 ppm, 8,2-8,1 ppm, 8,0-7,4 ppm do espectro de RMN de 1H (400MHz, DMSO-d6) do derivado 3. 72 Figura 32. Espectro de RMN de 13C (100MHz, DMSO-d6) do derivado 3. 73 Figura 33. Estrutura proposta por difratometria de raios-X para o derivado 29. 74 Figura 34. Derivados mais promissores nos testes iniciais de avaliação citotóxica. 77 Figura 35. Comparação das atividades antitumorais de duas séries de hidrazonas. 81 Figura 36. Derivados 2-piridil-N-acilidrazônicos de maior potencial citotóxico. 81 Figura 37. Derivados mais promissores nos testes iniciais de avaliação citotóxica. 82 Figura 38. Estrutura da celulose. 267 Figura 39. Polissarcarídeos que constituem a hemicelulose. 267 Figura 40. Os três tipos de monômeros encontrados na lignina e representação esquemática dos diferentes tipos de ligações que podem apresentar. 269 Figura 41. Numeração e possíveis nomenclaturas para o furfural. 271 Figura 42. Compostos químicos que podem ser obtidos a partir do furfural. 272 Figura 43. Conversão de açúcares, lignina e proteínas presentes na biomassa lignocelulósica em processos integrados para a produção de combustíveis, produtos químicos, materiais, energia e alimentos. 275 Figura 44. Possibilidades de interação entre o dieno e o dienófilo na reação IMDA. 278 Figura 45. Derivados bicíclicos objetivados. 287 Figura 46. Espectro de massas do derivado 56. 292 Figura 47. Espectro de infravermelho do derivado 56. 293 Figura 48. Expansão das regiões entre 7,7-7,6 ppm; 7,3-7,2 ppm; 7,3-6,8 ppm; 5,8- 5,7 ppm; 4,4-4,2 ppm; 2,8-2,7 ppm; 2,5-2,4 ppm e 2,1 ppm do espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 56. 295 Figura 49. Espectro de RMN de 13C (100MHz, MeOD-d4) do derivado 56. 296 Figura 50. Espectro de infravermelho do derivado 59. 299 Figura 51. Expansão das regiões entre 7,1-6,9 ppm; 6,5-6,4 ppm; 5,9-5,8 ppm; 4,5- 4,4 ppm; 3,0-2,8 ppm; 2,7-2,5 e 2,0-1,5 ppm do espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 59. 300 Figura 52. Espectro de RMN de 13C (100MHz, MeOD-d4) do derivado 59. 301 Figura 53. Espectro de infravermelho do derivado 63. 303 Figura 54. Expansão das regiões entre 7,4-7,0 ppm; 6,4-6,3 ppm; 5,0-5,6 ppm; 4,4- 4,3 ppm e 2,8-2,4 ppm do espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 63. 304 Figura 55. Espectro de RMN de 13C (100MHz, MeOD-d4) do derivado 63. 305 Figura 56. Espectro de massas do derivado 65. 307 Figura 57. Espectro de infravermelho do derivado 65. 307 Figura 58. Expansão das regiões entre 7,2-7,0 ppm; 6,6-6,4 ppm; 5,8-5,7 ppm; 4,5- 4,3 ppm; 3,2-2,8 ppm; 2,7-2,5 ppm e 1,3-1,2 ppm do espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 65. 308 Figura 59. Expectro de RMN de 13C (100MHz, MeOD-d4) do derivado 65. 309 Figura 60. Espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 68. 311 Figura 61. Expansão das regiões entre 7,4-7,3 ppm; 7,37,2 ppm; 6,6-6,3 ppm; 5,9- 5,7 ppm; 4,5-4,3 ppm; 3,3 ppm; 3,0-2,8 ppm e 2,7-2,5 ppm do espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 68. 312 Figura 62. Espectro de infravermelho do derivado 71. 314 Figura 63. Expansão das regiões entre 7,0-6,9 ppm; 6,3 ppm; 5,7-5,6 ppm; 4,4-4,2 ppm; 2,8-2,7 ppm; 2,5-2,4 ppm e 2,1-1,9 ppm do espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 71. 315 Figura 64. Espectro de RMN de 13C (100MHz, MeOD-d4) do derivado 71. 316 Figura 65. Estrutura dos derivados desenvolvidos a partir das reações IMDA. 316 Figura 66. Expansão das regiões entre 7,2-6,9 ppm; 6,7-6,4 ppm; 6,5-6,4 ppm; 5,9- 5,8 ppm; 5,5-5,4 ppm; 4,5-4,4 ppm; 3,0-2,5 ppm; 2,0 ppm e 1,6 ppm do 321 espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) da mistura reacional. Figura 67. Espectro de massas do derivado 82. 326 Figura 68. Espectro de infravermelho de derivado 82. 327 Figura 69. Expansão das regiões entre 7,8-7,6 ppm; 7,3-7,2 ppm; 6,9-6,7 ppm; 4,1- 4,0 ppm; 2,6 ppm; 2,5-2,0 ppm; 2,0-1,8 ppm; 1,5-1,4 ppm e 0,8-0,6 ppm do espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 82. 329 Figura 70.Espectro de RMN de 13C (100MHz, MeOD-d4) do derivado 82. 330 Figura 71. Espectro de massas do derivado 84. 331 Figura 72. Espectro de infravermelho do derivado 84. 331 Figura 73. Expansão das regiões entre 7,1-6,9 ppm; 6,5-6,4 ppm; 5,9-5,8 ppm; 4,5- 4,3 ppm; 3,0-2,8 ppm e 2,7-2,5 ppm do espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 84. 332 Figura 74. Espectro de RMN de 13C (100MHz, MeOD-d4) do derivado 84. 333 Figura 75. Produto da reação de Ugi 95 formado a partir do aldeído 91. 337 Figura 76. Espectro de infravermelho do derivado 94a. 338 Figura 77. Expansão das regiões entre 6,5-4,9 ppm; 5,1-4,9 ppm; 4,4-4,3 ppm; 2,8- 2,5 ppm; 2,1-1,4 ppm e 0,8-0,6 ppm do expectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do intermediário 94a. 340 Figura 78. Espectro de RMN de 13C (100MHz, MeOD-d4) do intermediário 94a. 341 Figura 79. Espectro de massas do derivado 94b. 341 Figura 80. Espectro de infravermelho do derivado 94b. 342 Figura 81. Expansão das regiões entre 8,3-7,8 ppm; 6,3-6,1 ppm; 5,0-4,8 ppm; 3,0- 2,8 ppm; 2,4-2,1 ppm; 1,5-1,4 ppm e 0,9-0,2 ppm do espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do intermediário 94b. 343 Figura 82. Espectro de RMN de 13C (100MHz, MeOD-d4) do intermediário 94b. 344 Figura 83. Estrutura dos derivados obtidos a partir das reações de Ugi/Diels-Alder. 346 Figura 84. Estrutura dos derivados bicíclicos desenvolvidos. 347 Figura 85. Estrutura dos derivados obtidos a partir da reação enzimática. 347 Figura 86. Produtos obtidos a partir da sequência reacional Ugi/Diels-Alder. 349 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Sinais encontrados no espectro de RMN de 1H (400MHz, DMSO-d6) do intermediário 2. 65 Tabela 2. Deslocamento químico de 13C observado (δObs) do intermediário 2. 67 Tabela 3. Rendimentos e pontos de fusão dos derivados 2-quinoxalinilidrazônicos (3-51). 68 Tabela 4. Sinais encontrados no espectro de RMN de 1H (400MHz, DMSO-d6) do derivado 3. 71 Tabela 5. Deslocamento químico de 13C observado (δObs) do derivado 3. 74 Tabela 6. Avaliação da atividade citotóxica e valores de logP dos derivados 2- quinoxalinilidrazônicos (3-51). 76 Tabela 7. Avaliação da atividade citotóxica [IC50 (µg/mL e µM)] dos compostos selecionados (10, 25, 28, 47 e 48) em linhagens de células cancerosas. 78 Tabela 8. Guia para a escolha de solventes para projetos em química medicinal desenvolvida pela Pfizer. 262 Tabela 9. Alternativas ao uso dos solventes considerados indesejáveis para projetos em química medicinal. 263 Tabela 10. Concentração de pentosanas em vegetais e resíduos agrícolas que podem ser empregados na produção do furfural. 274 Tabela 11. Processos integrados desenvolvidos com o intuito de aumentar o aproveitamento da biomassa lignocelulósica na produção do furfural e coprodutos. 276 Tabela 12. Condições experimentais testadas na síntese do derivado 56. 291 Tabela 13. Sinais encontrados no espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 56. 293 Tabela 14. Deslocamento químico de 13C observado (δObs) do derivado 56. 296 Tabela 15. Condições experimentais testadas para a síntese do derivado 59. 299 Tabela 16. Sinais encontrados no espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do intermediário 59. 300 Tabela 17. Deslocamento químico de 13C observado (δObs) do derivado 59. 301 Tabela 18. Sinais encontrados no espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 63. 304 Tabela 19. Deslocamento químico de 13C observado (δObs) do derivado 63. 305 Tabela 20. Sinais encontrados no espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 65. 308 Tabela 21. Deslocamento químico de 13C observado (δObs) do derivado 65. 309 Tabela 22. Sinais encontrados no espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 68. 312 Tabela 23. Sinais encontrados no espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 71. 314 Tabela 24. Deslocamento químico de 13C observado (δObs) do derivado 71. 315 Tabela 25. Condições experimentais para a síntese dos derivados bicíclicos. 317 Tabela 26. Sinais relativos ao derivado 72 encontrados no espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4). 320 Tabela 27. Sinais relativos ao derivado acetilado 73 encontrados no espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4). 320 Tabela 28. Sinais encontrados no espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 82. 328 Tabela 29. Deslocamento químico de 13C observado (δObs) do derivado 82. 329 Tabela 30. Sinais encontrados no espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do 332 derivado 84. Tabela 31. Deslocamento químico de 13C observado (δObs) do derivado 84. 333 Tabela 32. Condições reacionais testadas para a síntese de 90a-d. 335 Tabela 33. Sinais encontrados no espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 94a. 338 Tabela 34. Deslocamento químico de 13C observado (δObs) do derivado 94a. 340 Tabela 35. Sinais encontrados no espectro de RMN de 1H (400MHz, MeOD-d4) do derivado 94b. 342 Tabela 36. Deslocamento químico de 13C observado do derivado 94b. 343 LISTA DE ESQUEMAS Esquema 1. Método de obtenção do núcleo quinoxalínico desenvolvido por Hinsberg. 40 Esquema 2. Metodologia de síntese one-pot de derivados quinoxalínicos desenvolvida por Bansal. 40 Esquema 3. Exemplo de mistura de isômeros formada a partir do uso da metodologia convencional de Hinsberg. 41 Esquema 4. Metodologia regiosseletiva desenvolvida por Gris e colaboradores empregada na síntese de análogos quinoxalínicos. 41 Esquema 5. Metodologia desenvolvida por Rostamizadeh e Jafazi para a síntese de quinoxalinas. 41 Esquema 6. Exemplo de metodologia verde empregada na síntese de quinoxalinas. 42 Esquema 7. Esquema das reações de Fenton e Haber-Weiss. 47 Esquema 8. Rota sintética utilizada para a síntese das hidrazonas 3-51. 62 Esquema 9. Proposta mecanística para a formação do intermediário 2. 63 Esquema 10. Conformação necessária para que o composto atue como um ligante tridentado do tipo N,N,O. 80 Esquema 11. Exemplo de reação otimizada através da utilização da irradiação do micro-ondas. 264 Esquema 12. Exemplo de reação otimizada através da utilização da energia transmitida pelo ultrassom. 265 Esquema 13. Formação do furfural proposta por Harris e Feather. 273 Esquema 14. Formação do furfural proposta por Marcotullio e Jong. 273 Esquema 15. Equação utilizada e exemplo de cálculo de economia atômica. 277 Esquema 16. Mecanismo concertado da reação IMDA. 279 Esquema 17. Metodologia sintética desenvolvida por Kanematsu e colaboradores. 279 Esquema 18. Esquemas mecanísticos para a obtenção dos anéis bicíclicos. 280 Esquema 19. Síntese do núcleo isoindólico proposta por Kanematsu e colaboradores. 281 Esquema 20. Síntese dos derivados bicíclicos pelo rearranjo do grupo trimetilsilila desenvolvida por Wu e colaboradores. 281 Esquema 21. Reação de Ugi envolvendo diferentes nucleófilos. 282 Esquema 22. Mecanismo proposto para a reação de Ugi. 283 Esquema 23. Sequência reacional Ugi/Diels-Alder desenvolvida por Paulvannan e colaboradores. 284 Esquema 24. Síntese de compostos policíclicos desenvolvida por Schreiber e colaboradores. 285 Esquema 25. Síntese de compostos através das reações de Ugi/Diels-Alder utilizando suportes de polímeros solúveis. 285 Esquema 26. Metodologia sintética para a obtenção de derivados isoindolinônicos desenvolvida por Gras e colaboradores. 286 Esquema 27. Análise retrossintética para a síntese dos derivados bicíclicos. 288 Esquema 28. Metodologia sintética para a obtenção de derivados isoindolinônicos desenvolvida por Gras e colaboradores. 289 Esquema 29. Rota sintética utilizada para a síntese do derivado 56. 290 Esquema 30. Primeira rota sintética utilizada para a síntese do derivado 59. 297 Esquema 31. Rota sintética alternativa utilizada para a síntese do derivado 59. 297 Esquema 32. Rota sintética utilizada para a síntese do derivado 63. 302 Esquema 33. Rota sintéticautilizada para a síntese do derivado 65. 306 Esquema 34. Rota sintética utilizada para a síntese do derivado 67. 310 Esquema 35. Rota sintética utilizada para a síntese do derivado71. 313 Esquema 36. Representação esquemática da formação do poli(isobenzofurano) (PIBF). 317 Esquema 37. Representação esquemática da formação do alquino substituído a partir do alquino terminal pela formação e rearranjo prototrópico do aleno. 318 Esquema 38. Metodologias empregadas na resolução de compostos racêmicos. 319 Esquema 39. Rota sintética utilizada para a síntese dos derivados 72 e 73. 319 Esquema 40. Rota sintética testada para a síntese do derivado 75. 322 Esquema 41. Rota sintética testada para a síntese do derivado 77. 323 Esquema 42. Rota sintética testada para a síntese do derivado 79. 323 Esquema 43. Rota sintética testada para a síntese do derivado 81. 324 Esquema 44. Rota sintética testada para a síntese do derivado 83. 325 Esquema 45. Formação do reagente de Furukawa e reação de ciclopropanação. 325 Esquema 46. Rota sintética utilizada para a síntese do derivado 85. 330 Esquema 47. Sequência reacional Ugi-DA testada para a síntese de 90a-d. 334 Esquema 48. Sequência reacional Ugi-DA utilizada para a síntese dos derivados 94a-b. 336 Esquema 49. Sequência reacional Ugi-DA testada para a síntese de 90a-d. 345 Esquema 50. Sequência reacional Ugi-DA utilizada para a síntese dos derivados 94a-b. 346 Esquema 51. Rota sintética utilizada para a síntese dos derivados 82 e 84. 348 Esquema 52. Sequência reacional Ugi-DA testada para a síntese de 90a-d. 348 SUMÁRIO SÍNTESE DE DERIVADOS QUINOXALÍNICOS COM POTENCIAL ATIVIDADE ANTITUMORAL 1 INTRODUÇÃO 24 1.1 Aspectos gerais sobre o câncer 24 1.2 Breve histórico do câncer 24 1.3 Panorama mundial e brasileiro do câncer 27 1.4 Formas de tratamento do câncer 29 1.5 Tratamentos quimioterápicos 30 1.6 Quinoxalina 37 1.6.1 Aspectos gerais e síntese 37 1.6.2 Quinoxalina no desenvolvimento de fármacos 42 1.7 Hidrazonas 45 1.7.1 Aspectos gerais e atividades biológicas das hidrazonas 45 1.8 Importância e metabolismo do ferro em células cancerígenas 46 1.9 Hidrazonas, tiohidrazonas e tiossemicarbazonas como agentes quelantes com atividades antitumorais 51 2. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS 59 2.1 Objetivos gerais 59 2.2 Objetivos específicos 59 2.3 Justificativa 59 2.3.1 Núcleo quinoxalínico 59 2.3.2 Hidrazonas 60 2.3.3 Planejamento dos derivados 2-quinoxalinilidrazônicos 60 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 62 3.1 Metodologia sintética 62 3.2 Síntese e caracterização dos derivados 2-quinoxalinilidrazônicos 62 3.3 Avaliação da atividade antitumoral dos derivados sintetizados 74 3.3.1 Citotoxicidade in vitro em células tumorais 74 4. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS 82 4.1 Conclusões 82 4.2 Perspectivas 83 5. EXPERIMENTAL 84 5.1 Materiais e Equipamentos 84 5.2 Metodologia sintética 85 5.2.1 Síntese dos intermediário 2-hidrazinoquinoxalina (2) 85 5.2.2 Metodologia geral para obtenção dos derivados 2-quinoxalinilidrazônicos (3- 51) 85 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 114 7. ANEXOS 133 APLICAÇÃO DO FURFURAL NA QUÍMICA VERDE PARA A OBTENÇÃO DE SUBSTÂNCIAS DE ALTA COMPLEXIDADE ESTRUTURAL 8. INTRODUÇÃO 260 8.1 A Química Verde e seus princípios 260 8.1.1 Solventes 261 8.1.2 Busca pela eficiência energética 263 8.1.3 Uso de fontes renováveis de matéria-prima 265 8.1.3.1 A biomassa e sua composição 266 8.1.3.2 Conversão da biomassa em produtos químicos 270 8.1.3.3 Processos químicos de conversão de carboidratos ao furfural 270 8.1.4 Economia atômica 276 8.1.4.1 Reação de Diels-Alder intramolecular 277 8.1.4.1.1 Reações IMDA envolvendo alenos 279 8.1.4.2 A Reação muticomponente de Ugi 282 8.1.4.2.1 Sequência reacional Ugi/Diels-Alder 283 9 OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS 287 9.1 Objetivo geral 287 9.2 Objetivo específico 287 9.3 Justificativa 287 9.3.1 Uso do furfural e derivados como matéria-prima 287 9.3.2 Síntese de derivados diidroisobenzofurânicos e diidroisoindólicos 288 9.3.3 Síntese de oxa[2.2.1]biciclos a partir da reação de Ugi/Diels-Alder 288 10 RESULTADOS E DISCUSSÕES 290 10.1 Metodologia sintética 290 10.2 Síntese e caracterização de anéis bicíclicos diidroisoindólicos e diidroisobenzofurânicos 290 10.2.1 Síntese do derivado 2-tosil-4,5-diidro-2H-isoindol-5-ol (56) 290 10.2.2 Síntese do derivado terc-butil 5-hidroxi-4,5-diidroisoindol-2-carboxilato (59) 297 10.2.3 Síntese do derivado 4,5-diidro-isobenzofuran-5-ol (63) 301 10.2.4 Síntese do derivado 4,5-diidro-1-isopropil-isobenzofuran-5-ol (65) 305 10.2.5 Síntese do derivado 2-ciclopropil-4,5-diidro-2H-isoindol-5-ol (68) 310 10.2.6 Síntese do derivado 4,5-diidro-1-metil-isobenzofuran-5-ol (71) 312 10.2.7 Resumo das condições reacionais das reações IMDA 316 10.3 Resolução enantiomérica 318 10.4 Síntese de derivados a partir dos anéis bicíclicos desenvolvidos 322 10.4.1 Síntese de alcóxi-alcóois bicíclicos 322 10.4.2 Síntese de derivados tetracíclicos 322 10.4.3 Síntese de derivados bicíclicos contendo o anel ciclo-hepteno fusionado 324 10.5 Síntese de oxa[2.2.1]biciclos a partir da reação de Ugi/Diels-Alder 334 10.5.1 Resumo das reações de Ugi/Diels-Alder empregadas na obtenção de derivados oxa[2.2.1]bicíclicos 344 11 CONCLUSÕES 347 12 EXPERIMENTAL 350 12.1 Materiais e Equipamentos 350 12.2 Metodologia Sintética 351 12.2.1 Síntese e caracterização do intermediário N-(2-furilmetil)-p- toluenosulfonamida (54) 351 12.2.2 Síntese e caracterização do derivado N-(2-furanilmetil)-4-metil-N-2-propinil- benzenosulfonamida (55) 352 12.2.3 Síntese e caracterização do intermediário 2-tosil-4,5-diidro-2H-isoindol-5-ol (56) 353 12.2.4 Síntese e caracterização do intermediário terc-butil furan-2-ilmetilcarbamato (57) 354 12.2.5 Síntese e caracterização do intermediário N-2-propin-1-il-2-furanometanamina (61) 354 12.2.6 Síntese e caracterização do intermediário terc-butil furan-2-ilmetil(prop-2- inil)carbamato (58) 355 12.2.7 Síntese e caracterização do derivado terc-butil 5-hidroxi-4,5-diidro-2H- isoindol-2-carboxilato (59) 356 12.2.8 Síntese e caracterização do intermediário 2-[(2-propiniloxi)metil]-furano (62) 357 12.2.9 Síntese e caracterização do derivado 4,5-diidro-isobenzofuran-5-ol (63) 358 12.2.10 Síntese e caracterização do intermediário 2-[2-metil-1-(2-propiniloxi)propil]- furano (64) 359 12.2.11 Síntese e caracterização do derivado 4,5-diidro-1-isopropil-isobenzofuran-5-ol (65) 360 12.2.12 Síntese e caracterização do intermediário N-(furan-2-ilmetil)-N-(prop-2- inil)ciclopropanamina (66) 361 12.2.13 Síntese e caracterização do intermediário 2-[1-(2-propil-1-iloxi)etil]-furano (70) 362 12.2.14 Síntese e caracterização do derivado 4,5-diidro-1-metil-isobenzofuran-5-ol (71) 363 12.2.15 Síntese e caracterização dos derivados (S)-terc-butil 5-hidroxi-4,5- diidroisoindol-2-carboxilato (72) e (R)-terc-butil 5-acetoxi-4,5-diidroisoindol- 2-carboxilato (73) 364 12.2.16 Síntese e caracterização do intermediário 2-tosil-2,4,5,5a,6,6a- hexaidrociclopropa[e]isoindol-5-ol (82) 365 12.2.17 Síntese e caracterização do intermediário terc-butil 5-hidroxi-5,5a,6,6a- tetraidrociclopropa[e]isoindol-2(4H)-carboxilato (84) 366 12.2.18 Síntese e caracterização do aldeído 1-(2-nitrofenilsulfonil)-1H-pirrol-2- carbaldeído (91) 367 12.2.19 Síntese e caracterização do derivado (+/-)-N-terc-butil-2-ciclopropil-1-oxo- 1,2,3,6,7,7a-hexaidro-3a,6-epoxiisoindol-3-carboxamida (94a) 368 12.2.20 Síntese e caracterização do derivado (+/-)-N-terc-butil-2-ciclopropil-8-[(2- nitrofenil)sulfonil]-1-oxo-1,2,3,6,7,7a-hexaidro-3a,6-epiminoisoindol-3- carboxamida (94b) 369 12.2.21 Síntese e caracterização do intermediário N-[2-(terc-butilamino)-1-{1-[(2- nitrofenil)sulfonil]-1H-pirrol-2-il}-2-oxoetil]-N-ciclopropilprop-2-enamida (95) 370 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 372 14 ANEXOS 38124 SÍNTESE DE DERIVADOS QUINOXALÍNICOS COM POTENCIAL ATIVIDADE ANTITUMORAL 1 INTRODUÇÃO 1.1 Aspectos gerais sobre o câncer A enfermidade câncer é definida, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), como um conjunto de mais de cem doenças que têm em comum o crescimento desordenado de diferentes tipos de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo se disseminar para outras regiões do corpo (metástase). Essas células têm maior tendência a se dividir, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. (INSTITUTO Nacional de Câncer, 2014) Apresentando diversos fatores de risco e epidemiológicos, o câncer possui causas internas e externas ao organismo, estando ambas associadas. As causas externas estão relacionadas ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente social e cultural. As causas internas são, na maioria dos casos, geneticamente predeterminadas e estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Dessa forma, esses fatores causais podem interagir de diferentes formas, aumentando, assim, a probabilidade de transformações malignas nas células normais. Porém, dados estatísticos revelam que cerca de 80% a 90% dos casos de câncer estão associados a fatores ambientais denominados cancerígenos ou carcinógenos, ou seja, relacionados a agentes capazes de provocar ou estimular o aparecimento de câncer em um organismo por alterar a estrutura genética, ou seja, o DNA das células. Como fatores de risco ambientais cancerígenos podemos mencionar o cigarro, que pode causar câncer de pulmão, a exposição excessiva ao sol, que pode causar câncer de pele, e alguns vírus, que podem causar leucemia. (INSTITUTO Nacional de Câncer, 2012). 1.2 Breve histórico do câncer O câncer acomete a população humana e outros animais desde a antiguidade. O relato mais antigo sobre a doença, embora a palavra câncer ainda não fosse usada, data de cerca de 1600 a.C. no Egito, onde o manuscrito chamado de Papiro de Edwin Smith, um texto de medicina da antiguidade egípcia, descreve oito casos de tumores ou ulcerações de mama que foram tratados por cauterização. (SUDHAKAR, 2009) No entanto, a evidência mais antiga de câncer remonta a cerca de 8000 a.C., com achados paleontológicos de tumores encontrados em fósseis de ossos de dinossauros. Além 25 desses, outros achados arqueológicos indicam a existência de câncer em um esqueleto humano de cerca de 2700 a.C. que apresentava câncer de próstata disseminado para os ossos. (SUDHAKAR, 2009) A origem da palavra câncer é creditada ao filósofo grego Hipócrates (460-370 a.C.), conhecido como “pai da medicina”, que usou os termos carcino e carcinoma para descrever certos tipos de tumores. Em grego, a palavra câncer faz referência ao animal caranguejo e foi empregada em analogia as patas do crustáceo que se assemelham ao aspecto do tumor, bem como é capaz de se locomover em diferentes direções. (ALMEIDA et al., 2005) Hipócrates acreditava que o corpo possuía quatro tipos de fluidos (humores): sanguíneo, fleumático (ou linfático), bílis amarela e bílis negra. Assim, qualquer desequilíbrio nas quantidades relativas desses fluidos no corpo seria responsável pelo surgimento de doenças. (SUDHAKAR, 2009) Alguns séculos após a tradução realizada pelo médico romano Aulus Cornelius Celsus (28-50 a.C.) dos termos gregos para cancer (palavra latina cujo significado é caranguejo), o médico grego Cláudio Galeno (130-200 d.C.) introduziu o termo oncos (em grego: expansão, inchaço) para descrever tumores e qualificou a doença como incurável. Galeno também foi responsável pelos primeiros estudos fisiopáticos do desenvolvimento do câncer, formulando a hipótese de que esse processo era consequência do excesso de bílis negra no organismo. (YOUNES, 2001) Essa teoria foi usada para explicar a doença até o fim do período da Idade Média, uma vez que os avanços na medicina eram limitados devido à proibição de autopsias e dissecações pela Igreja Católica. (SUDHAKAR, 2009) Somente no século XV, durante o período Renascentista, que a medicina começou a sofrer avanços mais significativos, principalmente, devido à melhor compreensão do funcionamento do corpo humano. Além disso, cientistas Renascentistas, como Galileu e Newton, introduziram a experimentação na ciência pelo uso do Método Científico que foi, posteriormente, usado nos estudos de doenças como o câncer. Com isso, uma nova teoria, sustentada durante o século XVII, foi proposta para explicar a formação do câncer, a teoria linfática de Franciscus Sylvius. Nessa teoria, o fluido linfático seria o responsável pelo crescimento do tumor que seria constantemente expulso através do sangue. (apud SUDHAKAR, 2009) Em 1761, Giovanni Morgagni, considerado o pai da patologia moderna, introduziu o uso da autopsia para relatar e descrever achados anatômicos pelo o exame do corpo de pacientes após a morte e relacioná-los aos sintomas apresentados pelos mesmos, lançando, 26 dessa forma, bases para o estudo do câncer, surgindo assim, a oncologia científica. (apud SUDHAKAR, 2009) O biólogo Johannes Peter Müller demonstrou, no ano de 1838, com o auxílio do microscópio, que os tumores eram formados por células e não por linfa, como preconizava a teoria defendida por Franciscus Sylvius. Nesse mesmo período, Matthias Scleiden e Theodor Schwann convenceram a comunidade científica de que a célula era a unidade estrutural da vida. (apud SUDHAKAR, 2009) Essas descobertas contribuíram para que, em 1855 (VIRCHOW, 1958), Rudolf Carl Virchow (1821-1902), aluno de Johannes Peter Müller, determinasse o conceito da impossibilidade da geração espontânea de células e que todas as células se originariam de outras preexistentes, expressando a idéia no enunciado: Omnis cellula ed cellula, isto é, toda célula tem origem em outra preexistente. (VIRCHOW, 1958; SUDHAKAR, 2009) Além disso, Virchow descreveu a histologia dos tumores e o processo de crescimento envolvendo vias linfáticas e linfonodos, abordando também a invasão de células malignas em determinados órgãos. Virchow também propôs que a irritação crônica pudesse causar câncer e que tratamentos cirúrgicos seriam capazes de erradicar totalmente o câncer. (DEL GIGLIO, 2002) A partir de meados do século XX, a ciência começou a desvendar complexos aspectos químicos e biológicos relacionados ao câncer. Nesse contexto, em 1962, James Dewey Watson e Francis Harry Compton Crick receberam o Prêmio Nobel pela descoberta da estrutura em hélice dupla do DNA, publicada em 1953 na revista científica Nature. (WATSON & CRICK, 1953) Essa descoberta foi fundamental para a compreensão da importância e funcionamento dos genes nas células e de como esses podem ser danificados por mutações. Dessa forma, substâncias químicas (carcinógenos), radiação, vírus e características herdadas geneticamente foram identificados como possíveis responsáveis por causar danos ao DNA. (SUDHAKAR, 2009) Em 1969, surge o conceito de oncogenes, genes que quando sofrem mutação ou são expressos em níveis elevados são capazes de transformar células normais em células tumorais. (HUEBNER & TODARO, 1969) Em 1970, o primeiro oncogene, o gene Src, é isolado a partir do vírus do sarcoma de Rous (RSV). O Src, abreviação de sarcoma, foi assim denominado por ter sido isolado do RSV, vírus capaz de transformar culturas de fibroblastos embrionários de galinha e induzir o desenvolvimento de sarcomas, isto é, tumores que têm origem na mesoderme embrionária e são responsáveis pela origem do tecido conectivo, como 27 ossos, cartilagem, músculos e gordura. (MARTIN, 1970; MARTIN, 2001; MARTIN, 2004) Desde então, dezenas de oncogenes foram identificados em cânceres humanos. Em 1984, a primeira proteína supressora de tumor foi identificada, a proteína retinoblastoma (pRB) queé produto do gene supressor de tumor (RB1). O RB1 tem como função o controle da divisão celular, replicação do DNA e morte celular, e está presente em diversos tipos de câncer, como no retinoblastoma. (MURPHREE & BENEDICT, 1984) Outros genes supressores de tumores foram descobertos, como é o caso dos genes BRCA1 e BRCA2 (do inglês, breast cancer 1 ou 2) que são dois genes envolvidos no reparo de quebras da molécula do DNA, divisão celular e morte celular, sendo responsáveis por muitos casos de câncer de mama hereditários e ovarianos raros. Dessa forma, indivíduos que herdam mutações nesses genes apresentam maior propensão para o desenvolvimento de neoplasias. (MIKI et al., 1994; WOOSTER et al., 1995; CHIAL, 2008). Atualmente, pesquisas para uma melhor compreensão do câncer têm sido baseadas na descoberta de novos agentes carcinogênicos, melhor entendimento dos mecanismos nos quais os tumores se desenvolvem, bem como proporcionar formas de cura, tratamento e prevenção. 1.3 Panorama mundial e brasileiro do câncer O câncer se configura como um grande problema de saúde pública mundial, sendo atualmente a maior causa de mortes no mundo. (WORLD Health Organization, 2012) No ano de 2012, segundo estimativas do projeto GLOBOCAN 2012, da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC do inglês, Internacional Angency for Research on Cancer) da Organização Mundial de Saúde (OMS), houve 14,1 milhões de novos casos, um total de 8,2 milhões de mortes e cerca de 32,6 milhões de pessoas vivendo com câncer em todo o mundo. (FERLAY et al., 2013) Os tipos de câncer mais comumente diagnosticados na população masculina foram os de pulmão (16,7%), próstata (15,0%), colorretal (10,0%) e estômago (8,5%), enquanto que os de mama (25,2%), colorretal (9,2%), pulmão (8,8%) e colo de útero (7,9%) foram os de maior incidência entre as mulheres. (FERLAY et al., 2013) Dentre os diferentes tipos de câncer, os que causaram o maior número de óbitos foram os de pulmão (19,4%), fígado (9,1%), estômago (8,8%) e colorretal (8,5%). (FERLAY et al., 2013) Dados de prevalência obtidos entre os anos de 2008 e 2012 indicaram um maior número de casos e mortes nos países desenvolvidos (Figura 1). Porém, dados de incidência 28 indicaram que os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento localizados na África, Ásia, América Central e Sul concentraram o maior índice de novos casos (com 57% de incidência) e o maior índice de mortalidade (65%), revelando assim, um crescimento alarmante da doença nessas regiões. (FERLAY et al., 2013) Figura 1. Estimativa da taxa de incidência de câncer (excluindo os casos de câncer de pele não melanoma) por países em 2012. (Adaptado de FERLAY et al., 2013) A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, no ano 2030, haverá cerca de 22 milhões de novos casos, 13 milhões de mortes e 75 milhões de pessoas vivendo com a doença. (FERLAY et al., 2013) No Brasil, seguindo a tendência mundial, os processos de redefinição dos padrões de vida têm produzido importantes mudanças no perfil das enfermidades que acometem a população. Assim, a partir de 1960, pôde-se observar que as doenças infecciosas e parasitárias deixaram de ser as principais causas de mortes no país, sendo substituídas pelas doenças do aparelho circulatório e pelas neoplasias. (INSTITUTO Nacional de Câncer, 2014a) Com isso, estima-se que, em 2014, ocorrerão aproximadamente 576 mil novos casos de câncer no país, incluindo os de pele não melanoma, reforçando a magnitude da doença em âmbito nacional. O câncer de pele do tipo não melanoma (182 mil novos casos) será o mais incidente na população brasileira, seguido pelos tumores de próstata (69 mil), mama feminina 29 (57 mil), colorretal (33 mil), pulmão (27 mil), estômago (20 mil) e colo do útero (15 mil). (INSTITUTO Nacional de Câncer, 2014a) Desconsiderando os casos de câncer de pele não melanoma, estimam-se 395 mil casos novos de câncer, 204 mil no sexo masculino e 190 mil no sexo feminino. Em homens, os tipos mais incidentes serão os cânceres de próstata (22,8%), pulmão (5,4%), colorretal (5,0%), estômago (4,3%) e cavidade oral (3,7%); e, nas mulheres, os de mama (20,8%), colorretal (6,4%), colo do útero (5,7%), pulmão (4,0%) e glândula tireoide (2,9%). (INSTITUTO Nacional de Câncer, 2014a) 1.4 Formas de tratamento do câncer O tratamento do câncer pode ser realizado por cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou transplante de medula óssea e objetiva a cura, o prolongamento ou a melhora da qualidade de vida do indivíduo. (DUNN, 2012; INSTITUTO Nacional de Câncer, 2012) Em muitos casos, dependendo da suscetibilidade dos tumores a cada uma das modalidades terapêuticas, é necessário combiná-las, uma vez que poucos tratamentos são uniformemente efetivos. Dessa forma, o número de neoplasias malignas tratadas atualmente com apenas uma das modalidades terapêuticas é reduzido. (INSTITUTO Nacional de Câncer, 2012). O tratamento cirúrgico do câncer pode ser aplicado com finalidade curativa ou paliativa. O tratamento é considerado curativo quando realizado em casos iniciais da maioria dos tumores sólidos e é considerado paliativo quando possui a finalidade de reduzir a população de células tumorais ou controlar sintomas que põem em risco ou comprometem a qualidade de vida do paciente. (INSTITUTO Nacional de Câncer, 2014) No início dos anos 1970, com o progresso das técnicas de ultrassom (sonografia), tomografia computadorizada (TC), imagem por ressonância magnética (IRM) e tomografia por emissão de pósitrons (TEP), essas começaram a ser utilizadas como instrumentos que auxiliavam alguns casos de tratamentos cirúrgicos. Dessa forma, pela utilização das técnicas acima mencionadas, associadas ao uso de câmeras de vídeo em miniatura e de técnicas de endoscopia, os tumores de cólon, esôfago e bexiga eram removidos de forma menos invasiva. (SUDHAKAR, 2009) Atualmente, técnicas cirúrgicas menos invasivas capazes de destruir tumores in loco estão sendo desenvolvidas, incluindo a criocirurgia (utilização de nitrogênio líquido em spray para congelar e matar as células tumorais) e a utilização de lasers (com a finalidade de cortar 30 o tecido tumoral podendo ser utilizado na laringe, fígado, pele e outros órgãos). (SUDHAKAR, 2009) A radioterapia é o método de tratamento local ou locorregional que utiliza equipamentos e técnicas variadas para irradiar áreas do organismo humano, prévia e cuidadosamente demarcadas. (INSTITUTO Nacional de Câncer, 2012) Dessa forma, o tratamento é capaz de danificar e destruir rapidamente células em divisão, incluindo células saudáveis como as do folículo piloso, da mucosa da boca, do trato digestivo e da medula óssea. Com isso, alguns dos efeitos colaterais observados pelos pacientes são: náuseas severas, vômitos, diarreias e maior suscetibilidade a infecções mais severas. (DUNN, 2012) As terapias radiológicas usadas atualmente são: terapia com feixes de prótons (uso de feixes de prótons para atingir e matar células tumorais), cirurgia ou terapia estereotáxica (técnica que utiliza a localização precisa de estruturas por um sistema de coordenadas tridimensionais para uma radiação mais precisa em um pequeno tumor, como em tumores cerebrais) e terapia de radiação intraoperativa (procedimento no qual ocorre a radiação de tecidos adjacentes ou do próprio tumor no momento em que este é removido cirurgicamente). (AMERICAN Cancer Society, 2012) O tratamento quimioterápico atua de forma sistêmica e consiste no emprego de substâncias químicas, administradas de forma isolada ou em associação, com o objetivo de tratar as neoplasias malignas. A finalidade da quimioterapia depende basicamente do tipo de tumor, da extensão da doença e do estado geral do paciente. Dessa forma, a quimioterapia apresenta diferentes finalidades, podendo ser classificada em: curativa, paliativa,adjuvante, neoadjuvante e controle temporário da doença. (INSTITUTO Nacional de Câncer, 2012) 1.5 Tratamentos quimioterápicos No início dos anos 1990, o termo quimioterapia foi definido pelo químico alemão Paul Ehrlich como o uso de substâncias químicas no tratamento de doenças. Até os anos 1960, a cirurgia e a radioterapia dominavam o campo do tratamento do câncer, embora alguns avanços no desenvolvimento e no estudo dos quimioterápicos já pudessem ser observados. (DEVITA & CHU, 2008) Em 1939, Charles Huggins, baseado nos estudos de Beatson (BEATSON, 1896) sobre os efeitos do estrógeno no câncer de mama, introduziu o conceito de terapia hormonal quando tratou, com hormônios, homens com câncer de próstata. (DEVITA & CHU, 2008) 31 Os efeitos acidentais do derramamento de gás mostarda em tropas em Bari Harbor, na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial, levaram a observação de que a medula óssea e os nódulos linfáticos de homens expostos ao gás-mostarda (Figura 2) sofreram marcante depleção celular. Em estudos realizados por Milton Winternitz e, posteriormente, por Alfred Gilman (GILMAN, 1946; GILMAN & PHILIPS, 1946), e Louis Goodman (GOODMAN et al., 1946) foram observados que camundongos com tumores linfáticos transplantados apresentaram regressão tumoral marcante. Assim, o cirurgião torácico Gustaf Lindskog administrou gás-mostarda em pacientes com diversos tipos de linfomas, que apresentaram marcante regressão tumoral após o uso do gás. Os resultados promissores dos estudos realizados impulsionaram a síntese e o teste de diversos agentes alquilantes, incluindo a clorambucila e a ciclosfosfamida (Figura 2), aprovada pelo FDA em 1959. Além disso, o uso do gás-mostarda para o tratamento de linfomas se espalhou rapidamente nos Estados Unidos após a publicação do artigo de Lindskog em 1946. (DEVITA & CHU, 2008) Figura 2. Estrutura química de alguns agentes alquilantes empregados no tratamento contra o câncer durante a Segunda Guerra Mundial. (DEVITA & CHU, 2008) Ainda durante a Segunda Guerra Mundial, o ácido fólico (Figura 3) foi identificado como importante fator para o funcionamento da medula óssea e, posteriormente, observou-se também que sua deficiência era capaz de produzir os mesmos efeitos do gás-mostarda. (DEVITA & CHU, 2008) Porém, estudos realizados por Farber concluíram que o ácido fólico seria, na verdade, responsável pelo crescimento das células leucêmicas. (FARBER, 1949) Diante disso, em 1948, diversos antifolatos análogos do ácido fólico, incluindo aminopterina e ametopterina (Figura 3), atualmente conhecida como metotrexato, foram desenvolvidos e 32 testados em crianças com leucemia por Farber e colaboradores, mostrando significativa diminuição do câncer. (FARBER et al., 1948; DEVITA & CHU, 2008) Figura 3. Estrutura química do ácido fólico e de alguns derivados do ácido fólico testados contra o câncer. (FARBER et al., 1948; DEVITA & CHU, 2008) Os avanços nos estudos da atividade do gás-mostarda e do metotrexato impulsionaram a síntese de outros compostos, como 6-tioguanina e 6-mercaptopurina (Figura 4), desenvolvidas por Hitchings e Elion em 1951 (HITCHINGS & ELION, 1954; ELION et al., 1954) e amplamente utilizadas no tratamento contra a leucemia e em outras enfermidades como gota, herpes viral e como agentes imunossupressores. (DEVITA & CHU, 2008) Figura 4. Estruturas químicas da 6-tioguanina e 6-mercaptopurina desenvolvidas por Hitching e Elion. (HITCHINGS & ELION, 1954; ELION et al., 1954) Porém, somente em 1957 foi desenvolvido um fármaco contra cânceres não hematológicos. Heidelberger e colaboradores desenvolveram uma fluoropirimidina, a 5- fluorouracila (5-FU) (Figura 5) que apresenta amplo espectro de atividade contra tumores sólidos. (HEIDELBERGER et al., 1957) Esse fármaco, por ser um análogo estrutural da base 33 nitrogenada uracila e utilizar as mesmas rotas metabólicas da uracila e da timina, foi responsável pelo surgimento do conceito de terapia-alvo que objetiva o desenvolvimento de substâncias que atinjam características específicas das células cancerosas como uma proteína envolvida no crescimento desordenado e acelerado das células. (DEVITA & CHU, 2008) Desse modo, em geral, as terapias-alvo causam menos danos às células sadias e provocam, por conseguinte, menos efeitos colaterais aos pacientes. (DUNN, 2012) Esse tipo de terapia já apresenta resultados satisfatórios para alguns tipos de cânceres, como cânceres de mama e leucemias. O primeiro alvo terapêutico utilizado foi o receptor de estrogênio, hormônio feminino que estimula o crescimento de alguns tipos de cânceres de mama. Assim, diversas substâncias foram desenvolvidas como moduladores seletivos do receptor de estrogênio, sendo o tamoxifeno (Figura 5), o mais usado. (DUNN, 2012) Outro exemplo é o fármaco Glivec® (imatinibe) (Figura 5) aprovado pelo FDA, em 2001, para o tratamento da leucemia mielóide crônica e para formas raras de câncer de estômago, que atua como inibidor dos receptores da tirosina-quinase BCR-ABL. (DOBBIN & GADELHA, 2002) HN NH F O O O N 5-fluorouracila, 5-FU (Edudex®, Adrucil®, Carac®) Tamoxifeno (Nolvadex®, Istubal®, Valodex®) N N N H N H N O N N Imatinibe (Glivec®) Figura 5. Exemplos de fármacos desenvolvidos com base no conceito de terapia-alvo. (HEIDELBERGER et al., 1957; DUNN, 2012; DOBBIN & GADELHA, 2002) 34 Em 1973, surge o conceito de quimioterapia adjuvante no tratamento contra o câncer. (DEVITA, 1973) Assim, diversas terapias adjuvantes para o tratamento, principalmente do câncer de mama e colorretal, foram desenvolvidas, resultando em um declínio significativo da mortalidade por esses casos de câncer. Seguindo essa tendência, Lawrence Einhorn e colaboradores desenvolveram uma série de estudos que resultaram no aumento do percentual de cura de pacientes com câncer metastático testicular, de 10% para 60%, pelo uso da terapia combinada com cisplatina, vimblastina e bleomicina (Figura 6) (EINHORN & DONOHUE, 1977; EINHORN & DONOHUE, 1979; EINHORN, 1981). Atualmente, a quimioterapia é usada em todos os estágios do tratamento, sendo capaz de curar a maioria dos casos de cânceres testiculares. Figura 6. Estruturas químicas da cisplatina, bleomicina e vimblastina utilizadas na terapia combinada. 35 Até o final dos anos 1990, grande parte dos fármacos usados no tratamento quimioterápico contra o câncer, com exceção dos tratamentos hormonais, atuava matando as células no processo de replicação do DNA e divisão celular. Embora esses fármacos apresentem um bom efeito sobre células cancerígenas, esses também atuam sobre as células sadias, matando-as. (AMERICAN Cancer Society, 2012) Por isso, essas substâncias são extremamente potentes e responsáveis por diversos e severos efeitos colaterais como perda do cabelo, náuseas severas, vômitos, diarreias e maior suscetibilidade a infecções. Como quimioterápicos modernos usados no tratamento contra o câncer, podemos destacar metotrexato, paclitaxel, cisplatina, doxorrubicina, gentamicina e etoposídeo. (Figuras 3, 6, 7). Esses podem ser obtidos de forma natural como a gentamicina, sintética como o metotrexato, a cisplatina e o etoposídeo, semi-sintética como a doxorrubicina e natural ou semi-sintética como o paclitaxel. (DUNN, 2012) Figura 7. Estruturas químicas de alguns exemplos de quimioterápicos modernos. 36 Os resultados obtidos no Projeto Genoma, concluído em 1995 e que teve como objetivo sequenciar todo o DNA do genoma humano, sugeriram que diversas anormalidades associadas ao câncer estariam relacionadas a disfunções nas proteínas quinases, possibilitando, assim, o desenvolvimento de diversos inibidores da proteína quinase como erlotinibe, gefitinibe, sunitinibe e sorafenibe (Figura 8), ampliando o uso da terapia-alvo no tramentocontra o câncer. (DEVITA & CHU, 2008; LEITE et al., 2012) N N HN O O O O Erlotinibe (Tarceva®) N N HN Cl F O ON O Gefitinibe (Iressa®) N H F O N H O NH N Sunitinibe (Sutent®) N O NH N H O CF3 Cl N H O Sorafenibe (Nexavar®) Figura 8. Alguns fármacos desenvolvidos como inibidores de proteínas quinases. Diante dos avanços na quimioterapia, alguns tipos de cânceres passaram a ser considerados curáveis pelo uso de quimioterápicos, como linfomas de Hodgkin e não- Hodgkin, leucemia mielogênea, linfoblastoma agudo, câncer de células germinativas e coriocarcinoma. Porém, em outros tipos, como os cânceres de mama, colorretal, ovário, próstata e pâncreas, embora o tratamento quimioterápico não seja curativo, é utilizado como neoadjuvante no processo de redução do tamanho do tumor primário para posteriores processos cirúrgicos, bem como para preservar órgãos vitais. (DEVITA & CHU, 2008) 37 1.6 Quinoxalina 1.6.1 Aspectos gerais e síntese O núcleo quinoxalínico é constituído pela fusão dos anéis benzênico e pirazínico, sendo também chamado de benzopirazina, 1,4-benzodiamina ou 1,4-diazonaftaleno (Figura 9). A quinoxalina é descrita como um isóstero do naftaleno, quinolina, benzotiofeno e outros anéis aromáticos como piridina e pirazina (Figura 10). N N 1 2 3 4 4a 5 6 7 8 8a Quinoxalina Benzopirazina 1,4-benzodiamina 1,4-diazonaftaleno Figura 9. Numeração e possíveis nomenclaturas para o sistema heterocíclico quinoxalínico. Figura 10. Exemplos de isósteros da quinoxalina. Assim como acontece na pirazina, cada um dos átomos de nitrogênio apresenta um par de elétrons livre, que não está envolvido com a ressonância existente no sistema aromático. A densidade eletrônica dos dois heteroátomos retiradores de elétrons presentes no anel aromático é maior que um heteroátomo presente na piridina e na quinolina, por isso, diazinas não substituídas são mais resistentes a substituições eletrofílicas que piridinas e quinolinas. Além disso, a disponibilidade do par de elétrons livre do nitrogênio também é reduzida, refletindo a influência desestabilizadora do segundo nitrogênio na N-protonação. Dessa forma, de maneira geral, adições eletrofílicas só ocorrem em um dos nitrogênios, uma vez que a presença de carga positiva no produto diminui drasticamente a reatividade do segundo nitrogênio frente a uma segunda adição eletrofílica. (JOULE & MILLS, 2010) Com isso, 38 pirazinas (pKa 0,37) e quinoxalinas (pKa 0,56) são menos básicas que piridinas (pKa 5,17) e quinolinas (pKa 4,85) (Figura 11). (BROWN & MIHM, 1955; CHESSEMAN & COOKSON, 1979; HOSMANE & LIEBMAN, 2009) A quinoxalina possui um segundo pKa de -5,52 (em água à 20°C), sendo capaz de ser diprotonada somente com o uso de meios fortemente ácidos (Figura 11). (CHESSEMAN & COOKSON, 1979) Figura 11. Constante de equilíbrio (pKa) de alguns heterociclos nitrogenados. O núcleo quinoxalínico está presente na estrutura de antibióticos, como equinomicina e triostina A (Figura 12) e seus derivados, apresentando também um amplo espectro de atividades, como antibacteriana, antifúngica, antitumoral, antitubercular, antileishmanial, antimalarial, antidepressiva e anti-inflamatória. Substâncias contendo o núcleo quinoxalínico podem ser utilizadas como corantes, materiais eletroluminescentes, semicondutores orgânicos e também como agentes responsáveis pela clivagem do DNA. (PATIDAR et al., 2011) 39 Figura 12. Estruturas químicas dos antibióticos equinomicina e triostina A. As quinoxalinas são raramente obtidas a partir de produtos naturais, sendo assim, várias metodologias sintéticas foram desenvolvidas e largamente utilizadas na obtenção de derivados quinoxalínicos. A metodologia sintética desenvolvida por Hinsberg (HINSBERG, 1886; HINSBERG, 1886a; HINSBERG, 1887) é a mais utilizada para a síntese do núcleo quinoxalínico e derivados. Essa envolve a reação de condensação de 1,2-diaminas aromáticas com compostos α-dicarbonilados ou equivalentes, sob refluxo (2-12 h), em ácido acético ou etanol, obtendo- se quinoxalinas com rendimentos entre 34-85%. (BROWN, 2004) Através dessa metodologia, o núcleo quinoxalínico pode ser obtido em rendimentos quantitativos, a partir da reação da orto-fenilenodiamina e glioxal (Esquema 1). (CHEESEMAN & COOKSON, 1979) 40 Esquema 1. Método de obtenção do núcleo quinoxalínico desenvolvido por Hinsberg. (HINSBERG, 1886; HINSBERG, 1886a; HINSBERG, 1887) Diversas metodologias sintéticas envolvendo reações one-pot foram desenvolvidas para a síntese de análogos quinoxalínicos como a desenvolvida por Bansal. Nessa metodologia, derivados quinoxalínicos foram obtidos com rendimentos de 76-98% a partir de orto-fenileno diaminas substituídas e ácido oxálico em reações one-pot sem solvente através de um simples método de trituração (Esquema 2). (apud THAKURIA & DAS, 2006) NH2 NH2 OHO OH NH NH + O O O t.a. trituração R1 = H; Cl R2 = H; NO2; Cl; Me; n-Pr; Ph R1 R2 R1 R2 Esquema 2. Metodologia de síntese one-pot de derivados quinoxalínicos desenvolvida por Bansal. (apud THAKURIA & DAS, 2006) Porém, a metodologia convencional de Hinsberg apresenta limitações quando diaminas aromáticas substituídas e diésteres ou cetoésteres assimétricos são utilizadas, uma vez que uma mistura de isômeros de posição é obtida (Esquema 3). (HINSBERG, 1887; PLATT, 1948; WOLF et al., 1949; HORNER et al., 1953; OTOMASU & YOSHIDA, 1960; WESTPHAL et al., 1977; KURASAWA et al., 1984; ABASOLO, 1987; HOCKENHULL & FLOODGATE, 1952; ZHAO et al., 2004) Com isso, metodologias regiosseletivas foram desenvolvidas com o uso de enzimas e micro-ondas, levando a formação de produtos únicos e em altos rendimentos (86-91%) (Esquema 4). (GRIS et al., 2008) 41 NH2 NH2 OR2O R2 NH N + O R2 O R1 = Br; Cl; Me; NO2; ArCO- R2 = H, alquil R1 NH N R2 OR1 R1 + Esquema 3. Exemplo de mistura de isômeros formada a partir do uso da metodologia convencional de Hinsberg. NH2 NH2 RO OH N NH + O O R a) S. cereviciae , 20ºC b) MO R = Me; Et; (CH2)2CO2H; Bz; OH Esquema 4. Metodologia regiosseletiva desenvolvida por Gris e colaboradores empregada na síntese de análogos quinoxalínicos. (GRIS et al., 2008) Rostamizadeh e Jafari, com o intuito de reduzir o tempo reacional da síntese das quinoxalinas, também desenvolveram uma nova metodologia na qual utilizaram orto- fenilendiamina e diferentes compostos α-dicarbonilados, em etanol, sob irradiação de micro- ondas (Esquema 5). (ROSTAMIZADEH & JAFARI, 2001) Esquema 5. Metodologia desenvolvida por Rostamizadeh e Jafazi para a síntese de quinoxalinas. (ROSTAMIZADEH & JAFARI, 2001) Além disso, com o objetivo de realizar a síntese de quinoxalinas utilizando condições mais brandas e menos agressivas ao meio ambiente, bem como melhorar o rendimento das reações, novas metodologias reacionais com o uso de catalisadores têm sido desenvolvidas. Essas metodologias, consideradas procedimentos simples, práticos e verdes, têm sido desenvolvidas na síntese one-pot de quinoxalinas à temperatura ambiente. Como exemplo de 42 catalisador utilizado com esse intuito, pode-se mencionar o iodo (Esquema 6), (BHOSALE et al., 2005; BANDYOPADHYAY et al., 2010) paládio, (WALLACE et al., 2008) sulfato de polianilina, (RAO et al., 2007) dióxido de zircônio, (AJAIKUMAR & PANDURANGAN, 2009) óxido de chumbo (II), (KOTHARKAR & SHINDE, 2006) sulfato de cobre pentaidratado (HERAVI et al., 2007) e ácido orto-iodoxibenzôico (IBX). (HERAVI et al., 2006) NH2 NH2 R2O R2 N N + O R2 R2R1 R1 R1 = Ph; 4-OMe-Ph; 2-furil R2 = H; Me; N-acetofenil DMSO, I2 (10mol%) t.a. Esquema 6. Exemplo de metodologia verde empregada na síntese de quinoxalinas. (BHOSALE et al., 2005; BANDYOPADHYAY et al., 2010) 1.6.2 Quinoxalinano desenvolvimento de fármacos Como foi mencionado anteriormente, o núcleo quinoxalínico apresenta ampla gama de atividades farmacológicas, sendo considerado, dessa forma, uma importante classe de compostos heterocíclicos no campo do desenvolvimento de fármacos. (PATIDAR et al., 2011) Em 2006, o laboratório Pfizer lançou, com o nome comercial de Chantix®, o vareniclina (Figura 11), derivado quinoxalínico desenvolvido especialmente para o tratamento do tabagismo. O fármaco foi desenvolvido com base no alcaloide natural citisina, encontrado principalmente nas sementes do vegetal Cytisus laburnum e utilizado no tratamento do tabagismo há mais de cinco décadas. (FOULDS, 2006; COE et al., 2005) A eficácia do vareniclina resulta da atividade agonista parcial sobre os receptores nicotínicos α4β2, nos quais a sua ligação produz um efeito suficiente para aliviar os sintomas de abstinência e dependência (atividade agonista) e, simultaneamente, resulta na redução dos efeitos compensatórios e de reforço do tabaco, pela prevenção da ligação da nicotina aos receptores α4β2 (atividade antagonista). (VENTURA et al., 2010) Outro fármaco disponível para uso clínico é a brimonidina (Figura 11). Esse fármaco, por ser considerado um agonista adrenérgico α2, é capaz de reduzir a produção de humor 43 aquoso e aumentar sua drenagem pela via do fluxo uveoscleral. Assim, aprovado em 1996 pelo FDA, é indicado para o tratamento de hipertensão ocular e na redução da pressão intraocular em pacientes com glaucoma de ângulo aberto. (CANTOR, 2006) O derivado quinoxalínico GW420867X (Figura 11), inibidor não-nucleosídeo da transcriptase reversa (INNTR), desenvolvido pela GlaxoSmithKline para o tratamento do HIV, mostrou-se capaz de reduzir a carga viral em testes in vivo realizados em monoterapia (IC50 de 33,5 nM) e em combinação com a zidovudina e lamivudina. (HOFFMANN, 2003; MURPHY, 1999) Porém, os efeitos colaterais gerados (neurológicos, gastrointestinais e hepáticos), semelhantes a outros INNTR, foram considerados desvantagens encontradas a sua utilização na terapêutica. Além disso, estudos demonstraram que essa substância apresenta resistência cruzada a outros fármacos INNTR, como nevirapina e efavirenz. GW420867X apresentou também atividade similar ao efavirenz frente a cepas resistentes a INNTR, sendo considerado, dessa forma, um fármaco do tipo “me-too”, isto é, não acrescenta benefícios claros no que diz respeito aos seus perfis de eficácia e segurança em relação a outros medicamentos já registrados. (HOFFMANN, 2003; AGÊNCIA Nacional de Vigilância Sanitária, 2014) Somado a esses estudos, resultados desfavoráveis quanto às propriedades farmacocinéticas obtidas em testes clínicos de fase II fizeram com que seu desenvolvimento fosse interrompido. (HOFFMANN & MULCAHY, 2007; STELLBRINK, 2007) Assim como GW420867X, outro inibidor de INNTR, o HBY 097, desenvolvido pela Hoechst-Bayer, também teve seus estudos clínicos interrompidos. (AIDS InfoNet, 2011) Além desses, pode-se citar dentre os derivados quinoxalínicos desenvolvidos a quinacilina (Figura 13), penicilina semi-sintética aprovada em 1961, mas nunca usada na terapêutica. A quinacilina é ativa contra o Mycobacterium tuberculosis, resistente a penicilinases e ativa contra algumas linhagens de Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (SARM) e Streptococcus faecalis. (ROLLO, 1966; REYNOLDS & TANSEY, 2008) 44 Figura 13. Derivados quinoxalínicos importantes no desenvolvimento de fármacos. Embora poucos derivados quinoxalínicos estejam disponíveis para o uso clínico, estes são especialmente relevantes no desenvolvimento de agentes antitumorais. A cloroquinoxalina sulfonamida (CQS, NSC 339004) e XK469 (NSC 697887) (Figura 14) são dois exemplos de quinoxalinas antineoplásicas desenvolvidas que atuam inibindo a topoisomerase II, sendo CQS inibidora das topoisomerases IIα e IIβ enquanto XK469 inibe somente a isoenzima topoisomerase IIβ. Assim, elas são capazes de inibir a abertura da hélice dupla de DNA, interrompendo a replicação do DNA e inibindo, por conseguinte, a proliferação celular e o desenvolvimento do tumor. (GAO et al., 2000) Os estudos sobre esses compostos estão, em ambos os casos, em etapas de testes clínicos, sendo que a CQS encontra- se em testes clínicos de fase II para o tratamento do câncer colorretal (BEKAII-SAAB et al., 2006; RIGAS et al., 1995) e a XK469 em testes clínicos de fase I para o tratamento de neuroblastomas. (CLINICAL Trials.gov, 2014) 45 Figura 14. Derivados quinoxalínicos que estão em testes clínicos para o tratamento do câncer. (MONTANA et al., 2014; GAO et al., 2000) 1.7 Hidrazonas 1.7.1 Aspectos gerais e atividades biológicas das hidrazonas As hidrazonas são compostos que contém o grupo azometina (-C=N-) em sua estrutura e são sintetizadas, geralmente, pela reação de hidrazinas com grupos carbonilados de aldeídos e cetonas em tetraidrofurano ou em solventes próticos como metanol e etanol. (ROLLAS & KÜÇÜKGÜZEL, 2007) Além de serem facilmente obtidos sinteticamente, os compostos hidrazônicos são de grande interesse no desenvolvimento de novos fármacos, uma vez que apresentam uma ampla variedade de atividades biológicas, incluindo atividade anticonvulsivante, antidepressiva, analgésica, anti-inflamatória, antiplaquetária, antimalarial, antibacteriana, antimicobacteriana, antitumoral, vasodilatadora, antiviral e antiesquistosomal. (ROLLAS & KÜÇÜKGÜZEL, 2007) As atividades biológicas são, em muitos casos, atribuídas às propriedades quelantes das hidrazonas por formarem compostos coordenados estáveis com diferentes íons de metais de transição, incluindo Co(II), Ni(II), Cu(II), Zn (II), Cd(II), Fe(II) e Fe(III). (RODRIGUEZ- ARGÜELLES et al., 2009; SUVARAPU et al., 2012) A atividade antitumoral é a mais relevante no contexto desse trabalho, destacando-se pelo desenvolvimento de diversos compostos hidrazônicos com atividade antineoplásicas. (ROLLAS & KÜÇÜKGÜZEL, 2007). Devemos destacar, ainda, o papel das hidrazonas como agentes antitumorais quelantes de ferro, apresentando atividade in vivo e in vitro. (YUAN et al., 2004) 46 1.8 Importância e metabolismo do ferro em células cancerígenas O ferro é, embora pouco explorado, um importante alvo biológico, sendo essencial em diversos processos biológicos, como no transporte de elétrons, síntese de DNA e na eritropoiese, sendo ainda fundamental no processo de proliferação celular como cofator de diversas proteínas que catalisam reações envolvidas em processos de metabolismo energético, transporte de oxigênio e síntese de DNA. (RICHARDSON, 2002; PANTOPOULOS et al., 2012) O ferro existe em dois estados de oxidação Fe(II) e Fe(III), e a habilidade de conversão entre esses dois estados de oxidação, atuando como doador ou aceptor de elétrons, é de fundamental importância para que diversos processos biológicos ocorram. (FAIRWEATHER-TAIT, 2004) Embora a presença de ferro seja essencial para o transporte de oxigênio no organismo, o Fe(II) é capaz de catalisar a decomposição de peróxido de hidrogênio (H2O2), sendo responsável pela formação de radicais hidroxila (.OH), via reações de Fenton (Esquema 7) (KOPPENOL, 2001), que podem reagir com o DNA, proteínas e lipídeos, induzindo mutações e danos celulares. (RICE-EVANS & BURDON, 1993; WISEMAN & HALLIWELL, 1996; KARIHTALA & SOINI, 2007; RICHARDSON et al., 2009) Assim, a alta concentração de ferro tem sido identificada como fator de risco para o desenvolvimento do câncer, sendo confirmado por diversos estudos nos quais relacionam a alta concentração de ferro no corpo ao maior risco de desenvolvimento de cânceres, incluindo o colorretal, de fígado, rim, pulmão e de estômago. (HUANG, 2003) Outra evidência encontrada da relação direta entre a presença de ferro e a proliferação de células tumorais foi descrita
Compartilhar