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Teoria de Médio Alcance de Amamentação

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM 
 
 
Cândida Caniçali Primo 
 
 
 
 
 
 
TEORIA DE MÉDIO ALCANCE DE AMAMENTAÇÃO: 
TECNOLOGIA DE CUIDADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2015 
 
 
Cândida Caniçali Primo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIA DE MÉDIO ALCANCE DE AMAMENTAÇÃO: 
TECNOLOGIA DE CUIDADO 
 
Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem, da Escola de 
Enfermagem Anna Nery, da Universidade Federal do 
Rio de Janeiro. Linha de Pesquisa: Concepções 
Teóricas, Cuidados Fundamentais e Tecnologias na 
Enfermagem do Núcleo de Pesquisa de Fundamentos 
do Cuidado de Enfermagem (NUCLEARTE). 
 
Orientador: Prof. Dr. Marcos Antônio Gomes 
Brandão 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
P 952 t Primo, Cândida Caniçali. 
 Teoria de médio alcance de amamentação: Tecnologia de cuidado 
/Primo, Cândida Caniçali. Rio de Janeiro: UFRJ/EEAN, 2015. 
 171f.: il.; 31 cm. 
 
 
 
Orientador: Marcos Antônio Gomes Brandão 
 
Tese (doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de 
Enfermagem 
Anna Nery, Programa de Pós-graduação em Enfermagem, 2015. 
1. Teoria de Enfermagem. 2. Aleitamento materno. 3. Relações mãe-
filho. 4. Processos de Enfermagem. 5. Classificação. I. Brandão, Marcos 
Antônio Gomes. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de 
Enfermagem Anna Nery, Programa de Pós-graduação em Enfermagem. III. 
Título. 
 
 
CDD :610.73 
 
 
 
 
Cândida Caniçali Primo 
 
TEORIA DE MÉDIO ALCANCE DE AMAMENTAÇÃO: 
TECNOLOGIA DE CUIDADO 
 
Tese de Doutorado submetida à Banca Examinadora do Programa de Pós-Graduação em 
Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – 
UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutora em Enfermagem. 
 
Rio de Janeiro, 14 de Dezembro de 2015 
Aprovada por: 
_______________________________________________ 
Prof. Dr. Marcos Antônio Gomes Brandão - Presidente 
_______________________________________________ 
Profa. Dra. Telma Ribeiro Garcia - 1ª Examinadora 
________________________________________________ 
Profa. Dra. Maria Helena Costa Amorim - 2ª Examinadora 
_________________________________________________ 
Profa. Dra. Marcia de Assunção Ferreira - 3ª Examinadora 
_________________________________________________ 
Profa. Dra. Ivis Emília de Oliveira Souza - 4ª Examinadora 
__________________________________________________ 
Profa. Dra. Erika Christiane Marocco Duran - Suplente 
_________________________________________________ 
Profa. Dra. Juliana Faria Campos - Suplente 
 
Rio de Janeiro 
Dezembro, 2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao Dálton, meu companheiro, amigo e amor, por estar sempre ao meu lado dividindo as 
angústias e as alegrias da vida, por não me deixar desistir dos sonhos, por compreender minhas 
ausências e por acreditar em minha capacidade, dando-me forças nos momentos de dificuldade 
e dúvidas. A sua compreensão e estímulo foram fundamentais. Te amo! 
 
À Alice e Anita, filhas queridas e amadas, por serem minha inspiração e alegria, dádivas de 
Deus, com vocês vivencio a magia de ser mãe, compreendi melhor a amamentação, e aprendi 
a ser uma pessoa mais dinâmica e paciente. A vida com vocês é completa, é pura diversão, 
agradeço por entenderem minhas ausências, as longas horas de estudo e, principalmente, pelo 
singelo e sincero amor de filhas. Amo muito vocês! 
 
 
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS 
 
Aos meus amados pais, Luiz Cláudio e Maria Helena, pelo amor incondicional, por 
compreenderem minhas correrias e ausências nas reuniões de família, pelo suporte nos cuidados 
com as meninas, por todos os investimentos na minha educação e pelos valores que alicerçaram 
em minha vida. Minha imensa gratidão por sempre acreditarem em minha capacidade e 
incentivarem meu caminhar na Enfermagem. Amo muito vocês! 
À querida amiga, mestre e madrinha Prof.ª Dr.ª Denise Silveira de Castro, por fazer parte da 
minha história de vida acadêmica, profissional e pessoal, sempre acreditando em minhas 
possibilidades e pelos ensinamentos e parceria constante nas coorientações no Mestrado 
Profissional, guiando-me nos caminhos da Pós-graduação. A você, minha eterna gratidão, 
profunda admiração, amizade e respeito. 
À querida amiga Prof.ª Dr.ª Maria Helena Costa Amorim, sempre presente na minha trajetória 
acadêmica, profissional e pessoal, a quem tenho uma profunda admiração e respeito. Agradeço 
pelos ensinamentos, parcerias, confiança e, sobretudo pela amizade, carinho e permanente 
estímulo para alçar voos mais altos. 
Às amigas-irmãs Eliane de Fátima Almeida Lima e Franciele Marabotti Costa Leite, que sempre 
me apoiaram, compartilharam os momentos de angústia, aprendizado e alegria. Agradeço pela 
amizade verdadeira, carinho e, principalmente por fazerem parte da minha vida, tornando-a 
mais divertida e leve. Vocês são especiais! 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A DEUS, pelo dom da vida, proteção, sabedoria e estar sempre ao meu lado fortalecendo-me e 
iluminando o meu caminho. 
A Nossa Senhora, Mãe de Deus e nossa Mãe, por guardar-me e defender-me sempre. 
À Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), à Universidade Federal do Rio de Janeiro 
(UFRJ) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela 
realização do Programa de Doutorado Interinstitucional - DINTER, que tornou possível cursar 
o Doutorado em Enfermagem, colaborando para a minha formação acadêmica. 
Ao Profº Drº Marcos Antônio Gomes Brandão, pela confiança em meu trabalho, por me orientar 
de forma segura e aberta, pelos momentos de reflexões que muito contribuíram na realização 
deste estudo e também no meu desenvolvimento acadêmico e profissional. A você minha 
grande admiração e amizade. 
À Profª Drª Telma Ribeiro Garcia, a quem tenho profunda admiração, respeito e um carinho 
especial. Agradeço pelos ensinamentos, pela significativa contribuição neste trabalho e pela 
compreensão com esta “apressada do juízo”. 
À Profª Drª Márcia de Assunção Ferreira, pelo carinho, acolhida e incentivo constante desde o 
início do DINTER, pela disponibilidade e enriquecedoras contribuições. Agradeço em especial 
por todas as oportunidades de grande aprendizado, e pela competência com que coordenou o 
DINTER. 
À Profª Drª Ivis Emília de Oliveira Souza, a quem admiro, agradeço pelo carinho, incentivo e 
por sua valiosa colaboração em todos os momentos. 
À Profª Dr.ª Erika Christiane Marocco Duran e Juliana Faria Campos pelo acolhimento e pelas 
contribuições. 
Ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery 
(EEAN) da UFRJ, coordenadores, professores e funcionários pelo acolhimento e pela 
excelência de ensino. 
À Coordenação do projeto DINTER EEAN e UFES pela competência e disponibilidade, por 
abdicarem de projetos pessoais em prol de uma construção coletiva. 
 
 
Aos colegas professores do Departamento de Enfermagem da UFES, com quem tenho a 
oportunidade de compartilhar a prática da docência em prol do crescimento da Enfermagem. 
Agradeço pelo incentivo, por todos os esforços empreendidos para a concretização do projeto 
DINTER, e principalmente por acreditarem que juntos podemos fortalecer a autonomia e a 
inovação da Enfermagem capixaba. 
Aos colegas professores do Mestrado Profissional em Enfermagem da UFES por confiarem em 
minha capacidade, pelo apoio a minha formação e pela oportunidade de aprender e ensinar 
nesse programa, que muito contribuiu para o meu desenvolvimento acadêmico e profissional. 
À Professora Dr.ª Leila Massaroni, pela amizade, carinho, apoio e incentivo em todas as etapas 
dessa caminhada. 
À Professora Dr.ª Roseane Vargas Rohr, agradeço o permanente incentivo a minha formaçãoprofissional e, em especial, pelo carinho e amizade. 
Às mulheres, crianças e famílias que vivenciam o processo de amamentação, por 
compartilharem suas alegrias e dificuldades, permitindo-me conhecer mais profundamente o 
fenômeno da amamentação. 
Aos funcionários do Departamento e Mestrado Profissional de Enfermagem da UFES, pela 
amizade, torcida e presteza nas informações. 
Aos queridos acadêmicos de Enfermagem participantes dos nossos Projetos de Extensão, 
Ensino e Pesquisa, os de hoje e os de ontem, pela oportunidade de exercitar diferentes formas 
de aprender-ensinar-pesquisar a assistência de enfermagem à mulher, à criança e à família em 
processo de amamentação. 
A todos os estudantes de Enfermagem, de Especialização em Enfermagem Obstétrica e de 
Mestrado Profissional em Enfermagem da UFES, pela oportunidade de compartilhar um pouco 
do que acredito sobre a Enfermagem, discutindo e vislumbrando novas possibilidades para a 
Enfermagem capixaba. 
Às colegas enfermeiras da maternidade e banco de leite humano do Hospital Universitário pela 
profícua parceria no desenvolvimento de nossos projetos, possibilitando-nos integrar ensino-
assistência-pesquisa e propor novas tecnologias para a enfermagem. 
Aos colegas do DINTER pelo companheirismo, por compartilharmos momentos de 
aprendizado, angústia, alegrias e vitórias, tornando essa experiência uma grande oportunidade 
para a nossa aproximação. 
 
 
Aos colegas da disciplina Linha de Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna Nery pela 
oportunidade de aprendizado científico, cultural e social. Agradeço pelos momentos divertidos, 
descontraídos e de muita troca de conhecimentos. 
Aos meus amados irmãos Cláudia, Luciano e Francisco e queridos cunhados Claiton, Paula e 
Paola, pela amizade, carinho e constante torcida em todos os momentos desta trajetória. 
Aos meus sobrinhos, Maria Carolina, Miguel, Antônio, Ulisses, Rafael, André e Eduardo pelas 
muitas brincadeiras e diversão que possibilitaram oxigenar minhas ideias. 
Aos meus queridos sogros José e Maristella, meus cunhados Gláucia, Marcos, Erika e Luigi 
pelo apoio e incentivo constantes, e pela confiança que sempre depositaram em mim. 
À grande família Caniçali pelo incentivo e torcida, em especial, agradeço aos primos Débora e 
Diogo pelas maravilhosas hospedagens sempre divertidas e repletas de uma deliciosa 
gastronomia regada de muita conversa. 
À Rosa por sempre cuidar com zelo e amor das meninas e das tarefas cotidianas da casa, em 
especial durante minhas viagens ao Rio de Janeiro para estudar. 
Ao Carlos Puig pela revisão de português e leitura cuidadosa do texto. 
Ao Fabrício Bragança pelo desenho da estrutura conceitual da Teoria e pela paciência com 
minhas solicitações. 
Aos familiares e amigos, não mencionados nominalmente aqui, mas que sempre torceram por 
mim para que eu chegasse com êxito ao final desta caminhada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
Cândida Caniçali Primo. Teoria de médio alcance de amamentação: tecnologia de cuidado. 
Rio de Janeiro, 2015. Tese (Doutorado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem Anna Nery, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. 
 
Introdução: A amamentação confere incontestáveis benefícios para a criança, a mulher, a 
família e a sociedade, mas, mesmo conhecendo essas vantagens, amamentar vem, ao longo da 
história da humanidade, apresentando variações quanto à frequência e duração, nas mais 
diversas sociedades. Este fato demonstra que as dificuldades encontradas para o início e a 
manutenção da prática da amamentação não são um problema atual, mas que percorre a nossa 
história. Havendo ainda necessidade de uma proposta de atenção que compreenda os fatores 
que influenciam todo o processo de amamentação. Objetivo: Elaborar uma teoria de médio 
alcance de amamentação, com base no Modelo Conceitual de Sistemas Abertos de Imogene 
King. Metodologia: Trata-se de um estudo teórico, descritivo-exploratório e, para elaborar a 
teoria, seguindo o modelo de Walker e Avant (2005), realizou-se análise do conceito de 
amamentação, síntese de afirmação e derivação de teoria. Resultados: Na análise de conceito, 
verificou-se que o atributo crítico da amamentação é a interação dinâmica entre mãe e filho, e 
os antecedentes foram: percepção da mulher e da criança; condições biológicas da mulher e da 
criança; imagem corporal da mulher; espaço para amamentar; papel de mãe; sistemas 
organizacionais de proteção, promoção e apoio à amamentação; autoridade familiar e social; e 
tomada de decisão da mulher. Os consequentes foram: os benefícios para a saúde da mulher, a 
saúde da criança, o relacionamento mãe-criança e os benefícios sociais. O estudo articulou os 
componentes do Modelo de King com os elementos do processo de amamentação, o que 
proporcionou base para a elaboração de uma teoria de médio alcance de amamentação que 
descreve, explica, prediz e prescreve esse fenômeno, examinando os fatores que antecedem e 
influenciam, bem como as consequências no processo de amamentar. A teoria orientou a 
organização do processo de enfermagem, e foram elaboradas 112 afirmativas de 
diagnósticos/resultados e 319 intervenções de enfermagem que contemplam os conceitos 
propostos na Teoria, possibilitando a elaboração de um subconjunto terminológico ou catálogo 
CIPE® de amamentação. Entretanto essas afirmativas ainda precisam ser submetidas a um 
processo de validação. Conclusões: A teoria de amamentação derivada do Modelo Conceitual 
de King é abstrata o suficiente para ser aplicada às mulheres em processo de amamentação nos 
diferentes contextos sociais, culturais, políticos e econômicos. A elaboração da teoria embasada 
em um modelo conceitual próprio colabora para a construção da ciência de Enfermagem; 
 
 
contribui para os processos de ensino-aprendizagem, ao promover uma articulação entre 
assistência-ensino-pesquisa, facilitando a compreensão dos acadêmicos e enfermeiros quanto à 
relação entre teoria de Enfermagem e as taxonomias; por fim, a elaboração do catálogo CIPE® 
de amamentação produz novas tecnologias para a Enfermagem e facilita a aplicação sistemática 
do processo de Enfermagem. 
 
Palavras-chave: Teoria de Enfermagem; Aleitamento materno; Relações mãe-filho; Processos 
de Enfermagem; Diagnóstico de Enfermagem; Classificação. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Cândida Caniçali Primo. A middle range theory of breastfeeding: care tecnology. Rio de 
Janeiro, 2015. Thesis (Ph.D. in Nursing) - Anna Nery School of Nursing, Federal University of 
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. 
 
 
Introduction: Breastfeeding has incontestable benefits to the child, the woman, the family and 
society. Nonetheless, there is still need for an assistance proposal that encompasses the factors 
that influence the whole breastfeeding process. Objective: To propose a middle range theory of 
breastfeeding based on Imogene King’s Open Systems Conceptual Model. Methodology: This 
is a theoretical and exploratory-descriptive study. To elaborate the theory, the concept analysis 
of breastfeeding was done, as well as the statement synthesis and the theory derivation, 
according to Walker and Avant (2005). Results: In the concept analysis, it was verified that the 
critical attribute for breastfeeding is the dynamical interaction between mother and child, and 
the antecedents were: the perception of the woman and the child; the biological conditions of 
the woman and the child; the body image of the woman; space for breastfeeding; the role of 
mother; organizational systems of protection, promotion and support for breastfeeding; the 
family and social authorities; and the woman’s decision making. The consequents were: the 
benefits for the woman’s health, the child’s health, on the mother-child relationship, and social 
benefits. The study has articulated the King’s Model components with the breastfeeding process 
elements, which has given the basisfor the construction of a middle range theory of 
breastfeeding that describes, explains, predicts and prescribes this phenomenon, examining the 
factors that are antecedent, which influence, and the consequences of the breastfeeding process. 
The theory has guided the organization of the Nursing process and the 112 statements of 
diagnoses/outcomes, as well as the 319 Nursing interventions constructed contemplated the 
concepts proposed in the theory, and have supported the creation of a CIPE® catalogue for 
breastfeeding. Nonetheless, these statements still need to be submitted to a validation process. 
Conclusions: The breastfeeding theory derived from King’s Conceptual Model is sufficiently 
abstract to be applied to all women in the breastfeeding process in the different social, cultural, 
political and economical contexts. The theory’s elaboration, based on it’s own conceptual 
model, contributes to the construction of the Nursing Science; and the elaboration of a CIPE® 
catalogue for breastfeeding produces new technologies in Nursing. 
 
Keywords: Nursing Theory; Breastfeeding; Mother-child Relations; Nursing Processes; 
Nursing Diagnosis; Classification. 
 
 
 
RESUMEN 
 
Cândida Caniçali Primo. Teoría de medio alcance de lactancia: tecnología de cuidado. Rio 
de Janeiro, 2015. Tesis (Doctorado en Enfermería) - Escola de Enfermagem Anna Nery, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. 
 
Introducción: La lactancia confiere incontestables beneficios al niño, a la mujer, la familia y la 
sociedad. No obstante, aún hay necesidad de una propuesta de atención que comprenda los 
factores que influyen en todo el proceso de lactancia. Objetivo: Proponer una teoría de medio 
alcance sobre lactancia, con base en el Modelo Conceptual de Sistemas Abiertos de Imogene 
King. Metodología: Se trata de un estudio teórico, descriptivo y exploratorio. Para elaborar la 
teoría se realizó análisis del concepto de lactancia, síntesis de afirmación y derivación de teoría, 
según Walker y Avant (2005). Resultados: En la análisis de concepto, se verificó que el atributo 
crítico de la lactancia es la interacción dinámica entre madre e hijo, y los antecedentes han sido: 
percepción de la mujer y del niño; condiciones biológicas de la mujer y del niño; imagen 
corporal de la mujer; espacio para lactancia; papel de la madre; sistemas organizativos de 
protección, promoción y apoyo a la lactancia; autoridad familiar y social; y toma de decisión 
de la mujer. Los consiguientes han sido: los beneficios para la salud de la mujer, la salud del 
niño, en la relación madre-niño y los beneficios sociales. El estudio articuló los componentes 
del Modelo de King con los elementos del proceso de lactancia, lo que proporcionó base para 
la construcción de una teoría de medio alcance de lactancia que describe, explica, predice y 
prescribe ese fenómeno, examinando los factores anteriores y que influyen y las consecuencias 
en el proceso de amamantar. La teoría orientó la organización del proceso de enfermería, y las 
112 afirmativas de diagnósticos/resultados y 319 intervenciones de enfermería construidas 
contemplaron los conceptos propuestos en la Teoría y posibilitaron la elaboración de un 
catálogo CIPE® de lactancia. Entretanto, esas afirmativas aún necesitan ser sometidas a un 
proceso de validación. Conclusiones: La teoría de lactancia derivada del Modelo Conceptual 
de King es abstracta lo suficiente para ser aplicada a todas las mujeres en proceso de lactancia 
en los diferentes contextos sociales, culturales, políticos y económicos. La elaboración de la 
teoría basada en un modelo conceptual proprio contribuye para la construcción de la ciencia de 
Enfermería; y la elaboración del catálogo CIPE® de lactancia produce nuevas tecnologías en 
la Enfermería. 
 
Palabras clave: Teoría de Enfermería; Lactancia materna; Relaciones madre-hijo; Procesos de 
enfermería; Diagnóstico de enfermería; Clasificación. 
 
 
 
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS 
 
AM Aleitamento materno 
BEET The Breastfeeding Evaluation and Education Tool 
BREAST-Feed The B-R-E-A-S-T-Feed Observation Form 
BSES Breastfeeding Self-Efficacy Scale 
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 
CIE Conselho Internacional de Enfermeiros 
CINAHL Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature 
CIPE® Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem 
CIPESC® Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde 
Coletiva 
COFEN Conselho Federal de Enfermagem 
DECs Descritores em Ciências da Saúde 
EFS Early Feeding Skills 
IBFAT The Infant Breast Feeding Assessment Tool 
IHAC Iniciativa Hospital Amigo da Criança 
LATCH Breastfeeding Charting System and Documentation Tool 
LILACS Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde 
MBA The Mother-Baby Assessment Tool 
MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line 
MESH Medical Subject Headings 
NANDA North American Nursing Diagnosis Association 
NIC Nursing Interventions Classification 
NOC Nursing Outcomes Classification 
NOMAS Neonatal Oral-Motor Assessment Scale 
NUCLEARTE Núcleo de Pesquisa de Fundamentos do Cuidado de Enfermagem 
OMS Organização Mundial de Saúde 
PIBBS Preterm Infant Breastfeeding Behavior Scale 
SAIB The Systematic Assessment of the Infant at Breast 
TECCONSAE Grupo de Pesquisa em Tecnologias e Concepções para a Sistematização 
da Assistência de Enfermagem 
Unicef Fundo das Nações Unidas para a Infância 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 Estrutura holárquica do conhecimento da Enfermagem 
contemporânea: componentes e níveis de abstração ............................. 
 
37 
Figura 2 Relacionamento entre os níveis de teorias ............................................ 42 
Figura 3 Estrutura Conceitual para Enfermagem: sistemas dinâmicos 
interatuantes .......................................................................................... 
 
49 
Figura 4 Estrutura da Versão Beta 2 e Modelo Sete Eixos da CIPE® ................ 58 
Figura 5 Fluxograma de elaboração da Teoria de médio alcance de 
amamentação seguindo o modelo de Walker e Avant (2005) .............. 
 
63 
Figura 6 Fontes de evidências para a estratégia de síntese de afirmação ............ 65 
Figura 7 Processo de derivação de teoria ............................................................ 67 
Figura 8 Etapas para elaboração de diagnósticos/resultados de Enfermagem .... 69 
Figura 9 Etapas para elaboração de intervenções de Enfermagem ..................... 69 
Figura 10 Fluxograma de identificação e seleção dos artigos da revisão 
integrativa sobre amamentação ............................................................. 
 
72 
Figura 11 Distribuição dos antecedentes, atributo crítico e consequentes da 
amamentação ......................................................................................... 
 
80 
Figura 12 Representação das afirmações relacionais entre a interação dinâmica 
mãe e filho e os conceitos da teoria ...................................................... 
 
111 
Figura 13 Representação das afirmações relacionais entre a percepção da 
mulher e os conceitos da teoria ............................................................. 
 
112 
Figura 14 Representação das afirmações relacionais entre a percepção da 
criança e os conceitos da teoria ............................................................. 
 
113 
Figura 15 Representação das afirmações relacionais entre as condições 
biológicas da mulher e os conceitos da teoria ....................................... 
 
114 
Figura 16 Representação das afirmações relacionais entre as condições 
biológicas da criança e os conceitos da teoria ....................................... 
 
114 
Figura 17 Representação das afirmações relacionais entre a imagem corporal da 
mulher e os conceitos da teoria .............................................................115 
Figura 18 Representação das afirmações relacionais entre o espaço para 
amamentar e os conceitos da teoria ....................................................... 
 
116 
Figura 19 Representação das afirmações relacionais entre o papel de mãe e os 
conceitos da teoria ................................................................................. 
 
116 
Figura 20 Representação das afirmações relacionais entre sistemas 
organizacionais de proteção, promoção e apoio a amamentação e os 
conceitos da teoria ................................................................................. 
 
 
117 
Figura 21 Representação das afirmações relacionais entre autoridade familiar e 
social e os conceitos da teoria ............................................................... 
 
117 
 
 
Figura 22 Representação das afirmações relacionais entre a tomada de decisão 
da mulher e os conceitos da teoria ........................................................ 
 
118 
Figura 23 Processo de interação mãe-filho para alcance da amamentação .......... 120 
Figura 24 Estrutura conceitual da Teoria de médio alcance de amamentação ...... 123 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 Artigos relacionados à saúde da mulher na área da amamentação ....... 31 
Quadro 2 Categorização dos estudos acerca da amamentação exclusiva segundo 
autor, ano, revista, tipo de estudo, amostra e país, publicados de 2010 
a 2014 .................................................................................................... 
 
 
73 
 
Quadro 3 Definições dos tipos de alimentação infantil ........................................ 76 
Quadro 4 Definições dos grupos de alimentação infantil ..................................... 77 
Quadro 5 Distribuição dos eixos, definição e códigos dos termos da CIPE® 
segundo os conceitos da teoria .............................................................. 
 
127 
Quadro 6 Distribuição dos diagnósticos e resultados de Enfermagem da CIPE® 
segundo os conceitos da teoria .............................................................. 
 
130 
Quadro 7 Distribuição das intervenções de Enfermagem da CIPE® segundo os 
conceitos da teoria e diagnósticos/resultados de Enfermagem ............. 
 
134 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 18 
1.1 APROXIMAÇÃO COM A TEMÁTICA DE ESTUDO ...................... 18 
1.2 PROBLEMATIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO .............. 19 
1.3 OBJETIVO GERAL ............................................................................. 28 
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................ 28 
1.5 RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO ......................... 28 
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................. 36 
2.1 O MARCO CLASSIFICATÓRIO DA TEORIA .................................. 36 
2.1.1 O conhecimento de Enfermagem ....................................................... 36 
2.1.2 As classificações das teorias de Enfermagem ................................... 40 
2.2 O MARCO TEÓRICO-FILOSÓFICO DA TEORIA ........................... 45 
2.2.1 O modelo conceitual de sistemas abertos de King ........................... 45 
2.3 O PROCESSO DE ENFERMAGEM E A CLASSIFICAÇÃO 
INTERNACIONAL PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM ......... 
 
55 
3 METODOLOGIA ............................................................................... 62 
3.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................... 62 
3.2 ELABORAÇÃO DA TEORIA DE MÉDIO ALCANCE DE 
AMAMENTAÇÃO ............................................................................... 
 
62 
3.2.1 Análise de conceito: amamentação .................................................... 63 
3.2.2 Síntese das afirmações dos conceitos ................................................. 64 
3.2.3 Modelagem da teoria de médio alcance de amamentação ............... 66 
3.3 O PROCESSO DE ENFERMAGEM ORIENTADO PELA TEORIA 
DE AMAMENTAÇÃO ........................................................................ 
 
68 
3.3.1 Construção dos diagnósticos, resultados e intervenções de 
Enfermagem para amamentação ....................................................... 
 
68 
3.4 ASPECTOS ÉTICOS ............................................................................ 69 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................ 70 
4.1 ANÁLISE DE CONCEITO DE AMAMENTAÇÃO ........................... 71 
4.1.1 Definição do conceito: amamentação ................................................ 75 
4.1.2 Atributo crítico da amamentação ...................................................... 80 
4.1.3 Antecedentes da amamentação .......................................................... 82 
4.1.3.1 Antecedente: condições biológicas da mulher e da criança .................. 82 
4.1.3.2 Antecedente: percepção da mulher sobre a amamentação .................... 87 
 
 
4.1.3.3 Antecedente: percepção da criança sobre a amamentação ................... 88 
4.1.3.4 Antecedente: imagem corporal da mulher ............................................ 89 
4.1.3.5 Antecedente: espaço para amamentar ................................................... 90 
4.1.3.6 Antecedente: papel de mãe ................................................................... 91 
4.1.3.7 Antecedente: sistemas organizacionais de proteção, promoção e apoio 
à amamentação ...................................................................................... 
 
92 
4.1.3.8 Antecedente: autoridade familiar e social ............................................. 97 
4.1.3.9 Antecedente: tomada de decisão da mulher .......................................... 98 
4.1.4 Consequentes da amamentação ......................................................... 100 
4.1.4.1 Benefícios para a saúde da mulher ........................................................ 100 
4.1.4.2 Benefícios para a saúde da criança ....................................................... 101 
4.1.4.3 Benefícios ao relacionamento mãe-filho ............................................... 102 
4.1.4.4 Benefícios sociais da amamentação ...................................................... 104 
4.1.5 Indicadores empíricos da amamentação ........................................... 105 
4.2 OS CONCEITOS DA TEORIA E SUAS AFIRMAÇÕES NÃO 
RELACIONAIS .................................................................................... 
 
108 
4.3 AS AFIRMAÇÕES RELACIONAIS ENTRE OS CONCEITOS DA 
TEORIA ................................................................................................ 
 
111 
4.4 A TEORIA DE MÉDIO ALCANCE DE AMAMENTAÇÃO ............ 119 
4.4.1 Pressupostos da Teoria de Médio Alcance de Amamentação ........ 123 
4.4.2 Proposições da Teoria de Médio Alcance de Amamentação .......... 124 
4.5 O PROCESSO DE ENFERMAGEM ORIENTADO PELA TEORIA 
DE AMAMENTAÇÃO ........................................................................ 
 
126 
4.5.1 Diagnósticos de Enfermagem orientados pela teoria de 
amamentação ....................................................................................... 
 
126 
4.5.2 Intervenções de Enfermagem orientadas pela teoria de 
amamentação ....................................................................................... 
 
133 
4.5.3 Catálogo ou Subconjunto terminológico da CIPE® de 
amamentação ....................................................................................... 
 
143 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 146 
 REFERÊNCIAS................................................................................... 151 
 
18 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
1.1 APROXIMAÇÃO COM A TEMÁTICA DE ESTUDO 
 
O cuidado à mulher e à criança sempre esteve presente em minhatrajetória, acadêmica 
e profissional. Ao concluir o curso de graduação em Enfermagem, iniciei o Curso de 
Especialização em Enfermagem de Saúde Pública oferecido pela Universidade Federal de 
Minas Gerais, que me possibilitou desenvolver, como temática de monografia, uma pesquisa 
qualitativa sobre o apoio da mãe da nutriz (avó materna) na decisão de amamentar tomada pela 
filha. Esse estudo me despertou para a importância da amamentação e do suporte familiar na 
vida da nutriz. 
Ao retornar a Vitória, com novas ideias e buscando novos desafios, organizei com outras 
duas enfermeiras, e, iniciei as atividades da Clínica de Aleitamento Materno do Espírito Santo. 
Realizávamos cursos para gestante, consultas de enfermagem e visitas domiciliares, orientando 
e auxiliando as mães nas dificuldades com a amamentação. Essa experiência foi inovadora no 
Espírito Santo e trouxe me muitos momentos de alegria, realização profissional, mas também 
frustrações e decepções com o pouco reconhecimento dado ao trabalho autônomo do 
enfermeiro. 
Durante seis anos atuei em uma maternidade municipal desenvolvendo atividades de 
orientação e assistência à mulher no trabalho de parto, no pós-parto, na amamentação, bem 
como de assistência ao recém-nascido. Também, participei da conquista pela Instituição do 
título de Hospital Amigo da Criança. 
Como docente, trabalhei quatro anos no curso de graduação em Enfermagem da 
Faculdade Brasileira-UNIVIX, lecionando as disciplinas de Semiologia e Semiotécnica I, Ética 
e Exercício Profissional e Enfermagem em Saúde da Mulher. Estive como docente e 
coordenadora da disciplina de Enfermagem em Saúde da Mulher do curso de graduação em 
Enfermagem da Escola Superior de Ciência da Saúde da Santa Casa de Misericórdia-
EMESCAM, no período de 2005 a 2007. Na disciplina de Semiologia e Semiotécnica I utilizava 
para o ensino do processo de enfermagem o referencial teórico da Teoria das Necessidades 
Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta e as classificações de enfermagem: Taxonomia 
de Diagnósticos da North American Nursing Associacion (NANDA) e Classificação 
Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®). 
Buscando enriquecer minha atuação docente-assistencial, entrei no mestrado em 
Atenção à Saúde Coletiva, em 2005, e realizei a dissertação “Efeitos da Intervenção de 
19 
 
Enfermagem – Relaxamento no sistema imunológico das puérperas, possibilitou-me pensar 
sobre novas formas de cuidar, despertando-me para a necessidade de incluir intervenções 
diferenciadas no cotidiano da assistência de enfermagem, que pudessem modificar a realidade 
e a vida das mulheres assistidas. 
Ao ingressar, em 2007, na Universidade Federal do Espírito Santo como docente efetiva, 
desenvolvo atividades de ensino, extensão e pesquisa na disciplina de “Atenção à Saúde da 
Mulher, Criança e Adolescente”, especialmente na área de puerpério. 
Ao longo desse tempo, observei que conhecer os aspectos relacionados à prática da 
amamentação é fator fundamental no sentido de colaborar para que a mãe e a criança possam 
vivenciá-la de forma efetiva e tranquila, recebendo do profissional as orientações necessárias e 
adequadas para o seu êxito. 
O processo de cuidar em Enfermagem no pós-parto engloba um conjunto de ações de 
apoio e educação em saúde. Assim, a puérpera tem momentos de tranquilidade, de troca de 
afeto, no ato de amamentar e no cuidado com o bebê, mas também passa por momentos de 
tristeza, dor, insegurança e dificuldade. Desse modo, entendo a amamentação, por experiência 
profissional e pessoal, como um processo dinâmico e resultado de um conjunto de experiências 
construídas ao longo da vida que perpassam as gerações e são influenciadas pelas vivências nas 
relações familiares e pelo contexto em que se vive. 
Além disso, para que a mulher possa sentir-se segura para decidir pela amamentação, é 
importante que seja assistida e orientada a respeito de suas dúvidas e dos benefícios dessa 
decisão. A assistência à mulher realizada pelo enfermeiro é imprescindível no que tange a 
informá-la, orientá-la e apoiá-la para que a prática da amamentação seja efetiva. E para cumprir 
esse papel o enfermeiro necessita de conhecimentos e de habilidades para orientar 
adequadamente o cuidado da amamentação (SANTOS; FERRARI; TONETE, 2009). 
Essas questões despertaram meu interesse em ampliar o conhecimento acerca das 
possibilidades de novas bases para a atenção de Enfermagem à mulher, à criança e à família 
durante a amamentação. 
 
1.2 PROBLEMATIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO 
 
São incontestáveis os inúmeros benefícios que a amamentação confere para crianças, 
mulheres, família e sociedade, como redução da morbimortalidade infantil; diminuição do risco 
de doenças crônicas; desenvolvimento da cavidade oral; diminuição da fertilidade após o parto 
e da probabilidade de desenvolver diabetes e alguns tipos de câncer de mama, de ovário e de 
20 
 
endométrio na mulher. Além disso, contribui para o estabelecimento de vínculos afetivos, é uma 
fonte de economia para a família e a sociedade, especialmente nos países em desenvolvimento 
(ARAÚJO et al., 2004; BRASIL, 2009, 2011; MORRIS, 2009; KRAMER; KAKUMA, 2012; 
BOCCOLINI et al., 2013; SILVEIRA et al., 2013). 
Mesmo conhecendo o valor atribuído ao leite humano e as vantagens da amamentação 
como fenômeno biológico e suas inúmeras virtudes como fator de desenvolvimento afetivo 
entre a mulher e seu filho, amamentar vem, ao longo da história da humanidade, apresentando 
variações quanto à frequência e duração, nas mais diversas sociedades. Este fato demonstra que 
as dificuldades encontradas para o início e a manutenção da prática da amamentação não são 
um problema atual, mas que percorre a nossa história. 
Muitos são os aspectos que afetam a maneira como as mulheres vão decidir alimentar 
seus filhos e o tempo durante o qual eles serão amamentados. Isso ocorre porque a prática da 
amamentação tem sofrido variações ao longo dos anos, devido aos fatores familiares, 
biológicos, psicológicos e socioculturais, fazendo-nos compreender que a amamentação não é 
um comportamento predominantemente instintivo no ser humano. 
A abrangência e complexidade da decisão pelo amamentar estão atreladas ao fato da 
amamentação ser um processo que envolve fatores culturais, sociais e políticos, sendo 
influenciada por diversos aspectos (SILVA et al., 2012). 
A decisão da mulher em amamentar está ligada a um ato intrínseco ao papel da mãe, 
uma experiência transmitida de mãe para filha, uma tradição familiar e influenciada por meio 
do discurso e da ação/apoio (PRIMO; CAETANO, 1999). 
A experiência bem-sucedida em relação à amamentação do filho anterior e as vivencias 
positivas de familiares e amigas influenciam na decisão da mulher pela amamentação exclusiva 
(TAKUSHI et al., 2008; MARQUES et al., 2010; STREET; LEWALLEN, 2013; CABRAL et 
al., 2013). O nível de escolaridade elevado da mãe e seu conhecimento sobre os benefícios da 
amamentação para o binômio mãe/bebê aumentam sua confiança e interferem em sua decisão 
pela amamentação (NUNES; OLIVEIRA; VIEIRA, 2009; CARRASCOZA et al., 2011; 
OSORIO-CASTAÑO; BOTERO-ORTIZ, 2012; SILVA et al., 2012; FURMAN; BANKS; 
NORTH, 2013). 
O sentimento de prazer na amamentação é vinculado ao amor incondicional da mãe pelo 
bebê, sendo um ato que estreita o vínculo afetivo entre ela e o filho (POLIDO et al., 2011). A 
amamentação é algo que faz parte da natureza feminina e deve ser valorizada, e as mulheres a 
consideram um dom divino, momento de realização, alegria, além dos benefícios ao filho 
(CATAFESTA et al., 2009). 
http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Carrascoza,%20Karina%20Camillo%22
http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Furman%20LM%22
http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Banks%20EC%22
http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22North%20AB%22
21 
 
Durante a amamentação,os aspectos psíquicos e emocionais do binômio também são 
importantes, pois durante essa interação se estabelece a cumplicidade e o vínculo afetivo entre 
ambos; e embora a criança tenha uma necessidade nutricional de leite, suas demandas 
emocionais são intensas e necessita do contato com a mãe, de tranquilidade e de amor, recebidos 
enquanto mama. Em relação ao aspecto emocional, amamentar possibilita uma interação rica 
entre mãe e filho e uma satisfação mútua. O contato íntimo da pele e o olhar permitem que 
sintam prazer nesse ato e, com o passar do tempo, o amor vai aumentando a cada mamada, 
construindo uma base sólida, vinculando para sempre mãe e filho (ODDY et al., 2011; KIM et 
al., 2011; RYAN; TODRES; ALEXANDER, 2011; LIU; LEUNG; YANG, 2013; JULVEZ et 
al., 2014). 
Os bebês comunicam-se inicialmente por choro, gestos e ruídos; e manifestam 
diferentes tipos de choro que mães e pais, gradativamente, são capazes de distinguir, 
interpretando as necessidades dos filhos. Existem muitas razões para o choro da criança, 
incluindo desde adaptação extrauterina, fome, dor, incômodos e até mesmo os ambientes muito 
tensos (HOCKENBERRY; WILSON, 2011). 
No entanto, o choro associado à fome é sustentado pela cultura, em decorrência dos 
problemas relacionados à produção e qualidade do leite (STHEPHAN; CAVADA; VILELA, 
2012), e também, estudos mostram que o choro e a fome da criança são, para as mães, 
determinantes para o desmame precoce (MARQUES; COTTA; PRIORE, 2011; ZAPANA et 
al., 2010). 
As crenças e mitos permeiam o discurso das nutrizes durante a amamentação, 
principalmente em relação a sua alimentação e em situações de baixa produção de leite real ou 
percebida e, dessa maneira, influenciam no seu sucesso (ARAGAKI; SILVA; SANTOS, 2008; 
STEPHAN; CAVADA; VILELA, 2012; TYLER; KIRBY; ROGERS, 2014). 
No pós-parto e durante todo o processo de amamentação, a mulher torna-se sensível às 
influências externas, e os membros da família, os amigos e os profissionais de saúde são os 
responsáveis pela maior interferência no processo de amamentação (MARQUES et al., 2010; 
CAETANO; NASCIMENTO; NASCIMENTO, 2011; GROSS et al., 2011; TWAMLEY et al., 
2011; CHOUDHRY; WALLACE, 2012; BARNES et al., 2013). Além disso, os primeiros dias 
de amamentação são de extrema importância para o sucesso da amamentação exclusiva, pois é 
um período de aprendizado para a mãe e para a criança, como também de aparecimento das 
dificuldades no processo de amamentar. Nesse momento, os profissionais de saúde, familiares 
e amigos precisam apoiar e incentivar as mães (FUJIMORI et al., 2010; HENDERSON; 
http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Tyler%20L%22
http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Rogers%20C%22
22 
 
REDSHAW, 2011; MAURI; ZOBBI; ZANNINI, 2012; BJÖRK et al., 2012; FURMAN; 
BANKS; NORTH, 2013). 
Estudo mostra que as mulheres querem ser ajudadas no cuidado da amamentação e 
consideradas em sua autenticidade e singularidade. Elas querem e precisam de um cuidado 
solícito, respeitoso e paciente, que não as domine, que não faça por elas, querem falar e querem 
ser ouvidas na forma de diálogo (OLIVEIRA M. I. C. et al., 2010). 
O incentivo à amamentação deve englobar ações que enfoquem a integralidade e a 
subjetividade da puérpera, que contribua para promover uma amamentação efetiva tanto para o 
recém-nascido como para a mãe (GORGULHO; PACHECO, 2008; ALVES et al., 2014). 
Desde 1981, o Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Incentivo ao 
Aleitamento Materno vem propondo intervenções visando à promoção, proteção e apoio ao 
aleitamento materno (AM) nas três esferas de gestão: federal, estadual e municipal. Atualmente, 
a Política Nacional de Aleitamento Materno está organizada em seis braços estratégicos: (1) 
promoção, proteção e apoio ao AM na Atenção Básica; (2) promoção, proteção e apoio ao AM 
com ênfase na atenção hospitalar; (3) Bancos de Leite Humano; (4) proteção legal ao AM; (5) 
divulgação/campanhas; e (6) monitoramento dos indicadores do AM (GIUGLIANI, 2010). 
Na Atenção Básica, as ações são por intermédio da estratégia Rede Amamenta Brasil, 
criada em 2008. Na Atenção Hospitalar, duas iniciativas: a Iniciativa Hospital Amigo da 
Criança (IHAC) e o Método Canguru. O terceiro braço estratégico é a Rede Brasileira de 
Bancos de Leite Humano com 198 bancos de leite e 73 postos de coleta distribuídos pelo Brasil. 
Dentre as ações relacionadas à proteção legal, o Brasil, a partir do Código Internacional de 
Substitutos do Leite Materno criou a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para 
Lactentes, em 1988. Em 2006 foi criada a Lei nº 11.625, que regulamenta a promoção comercial 
e dá orientações do uso apropriado de alimentos para crianças de até três anos. Outra ação foi 
a ampliação da licença maternidade, de quatro para seis meses, em 2008, e a criação de Salas 
de Apoio à Amamentação nas empresas (GIUGLIANI, 2010). 
Entre as ações de divulgação, campanhas e mobilização social estão: comemoração da 
Semana Mundial de Amamentação; o Dia Nacional de Doação de Leite Humano; Projeto 
Carteiro Amigo e a participação do Corpo de Bombeiros Militares colaborando na tarefa de 
buscar leite humano ordenhado nas residências das doadoras. O último componente da Política 
é o monitoramento tanto das ações como das práticas de amamentação no País. Já ocorreram 
dois inquéritos nacionais no dia da campanha nacional de vacinação contra poliomielite, em 
1999 e 2008. Além disso, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde é realizada a cada 10 
anos (GIUGLIANI, 2010). 
23 
 
Além da Política Nacional de Aleitamento Materno, o Brasil participa de redes 
internacionais de proteção, promoção e apoio à amamentação, como a Rede Internacional em 
Defesa do Direito de Amamentar – International Baby Food Action Network (Rede IBFAN) e 
a Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno – The World Alliance for Breastfeeding 
Action (WABA). A Rede IBFAN é formada por mais de 270 grupos de ativistas espalhados por 
cerca de 168 países e atua há mais de 30 anos para a melhoria da nutrição e saúde infantis. A 
missão da Rede é promover e defender o aleitamento materno e eliminar as práticas não éticas 
de mercadização de produtos que interferem negativamente na amamentação. A WABA é uma 
rede mundial de organizações e indivíduos que acreditam que a amamentação é um direito de 
todas as mulheres e crianças, e dedicam-se a proteger, promover e apoiar esse direito 
(CARVALHO; TAMEZ, 2010). 
Muitos avanços foram alcançados ao longo dos anos com as diferentes estratégias de 
proteção, promoção e apoio à amamentação. No entanto, nos diversos níveis de atenção, 
observa-se que as propostas de apoio estão contribuindo pouco para a autonomia e a 
participação das mulheres. Alguns estudos revelam que o cuidado de Enfermagem colabora 
para a participação da mulher no processo decisório no ciclo gravídico-puerperal. No entanto, 
existem limitações a essa participação, no momento em que o ato comunicativo das mulheres é 
bloqueado pela autoridade dos trabalhadores da Enfermagem e pela supremacia dos seus 
conhecimentos científicos (BUSANELLO et al, 2011). 
Percebe-se a necessidade de modificações na prática e no modo de cuidar da 
Enfermagem, não somente nos procedimentos técnicos, mas também na incorporação de 
valores e iniciativas humanizadoras do cuidado (ALMEIDA; SILVA, 2008). 
Estudo em unidades básicas de saúde demonstrou que, na maior parte das vezes, os 
profissionais não apoiaram ou desenvolveram apoio dúbio. Nos serviços, as mulheres ainda 
estão expostas ao falatório sobre a amamentação, que representa o excesso de informação e o 
autoritarismo do profissional de saúde para com elas. Existe um predomínio de impessoalidade, 
da atenção igual para todas ou da ausência de atenção (OLIVEIRA M. I. C. et al., 2010). 
Em relação ao incentivo à prática da amamentação exclusiva por parte dos profissionaisde Enfermagem, estudo verificou que essa contribuição não foi satisfatória, uma vez que as 
mulheres participantes relataram que passaram por dificuldades, por vezes de fácil solução, mas 
como não houve apoio e incentivo, acabaram abandonando a amamentação (BATISTA; 
FARIAS; MELO, 2013). 
O processo da amamentação deve ser visto sob a ótica da mulher para, dessa forma, 
compreender o que ela pensa sobre si mesma e reconhecer as influências contextuais e 
24 
 
efetivamente ajudá-la a ter clareza e confiança para a tomada de decisão livre de culpa, mesmo 
que essa decisão seja não amamentar. 
Esse olhar em relação à amamentação leva-nos a refletir sobre a necessidade de uma 
proposta de atenção que compreenda os fatores que influenciam a decisão da mulher, além da 
interação mãe-filho, buscando sistematizar uma assistência abrangente, holística e que perceba 
a mulher na sua totalidade. 
Frente a essas questões e buscando elementos que possam favorecer a interação do 
enfermeiro com a mulher e a criança, encontramos no Modelo Conceitual de Sistemas Abertos 
de King (1981) um modelo que envolve como um dos seus aspectos centrais a interação 
enfermeiro-cliente como fundamental para o estabelecimento e alcance de metas de saúde. 
O Modelo Conceitual de King apresenta, como um de seus pressupostos, que os 
indivíduos têm o direito de participar das decisões que influenciam suas vidas, sua saúde e sua 
comunidade. Ainda, compreende o ser humano como um ser social, que possui troca contínua 
com as pessoas em seu ambiente e que é capaz de sentir ou ter emoções (FAWCETT, 2005). 
O conhecimento dos conceitos do Modelo Conceitual e do processo de transação vai 
ajudar os enfermeiros a se concentrarem no fato de que todos os indivíduos devem ser 
respeitados como seres humanos de igual valor e que têm o seu próprio conjunto de valores 
(KING, 1999). 
Além disso, a prestação do cuidado é descrita como um processo interpessoal e 
dinâmico, no qual a equipe de Enfermagem e o paciente são afetados pelo comportamento um 
do outro, assim como pelo sistema de saúde (KING, 1981). 
Para que o enfermeiro aplique uma teoria de Enfermagem, precisa aprofundar o estudo 
sobre as proposições, pressupostos e conceitos da teórica, interagir de forma especial e ter 
afinidade com a visão de mundo do autor. Essa afinidade é percebida quando o enfermeiro se 
identifica com o referencial, se coloca presente, vive e sente as mesmas determinações que 
regem as ideias da teoria proposta (ROSA et al., 2010). 
O Modelo de King tem como meta ajudar os indivíduos a manter um estado saudável e, 
assim, ajudá-los a desempenhar seus papéis na sociedade. A meta global dos enfermeiros é 
promover a saúde, prevenir a doença e se preocupar com o paciente. Para isso, os enfermeiros 
devem dar ênfase às metas a serem alcançadas na situação de Enfermagem, aproximando-as da 
realidade e ajudando a verificar as percepções dos pacientes e a precisão dos dados levantados 
durante o processo de Enfermagem (MOREIRA; ARAUJO, 2002). 
O processo de Enfermagem proposto por King compreende cinco elementos: uma base 
de dados, uma lista de problemas, uma lista de objetivos, um plano e a evolução. Esse processo 
25 
 
de Enfermagem encontra-se permeado de ação e reação, pois os indivíduos são seres reagentes, 
e pautado no diagnóstico e na busca da resolução dos problemas, que somente será alcançada 
se ocorrer uma interação efetiva entre enfermeira-paciente (KING, 1981; KILLEEN; KING, 
2007). 
De acordo com King (2007), os quatro conceitos da teoria de alcance de metas 
(percepção, comunicação, interação, transação) foram selecionados para formar o processo de 
transação, que proporciona o conhecimento teórico utilizado para implementar o método de 
processo de Enfermagem de investigar, diagnosticar, planejar, implementar e avaliar os 
cuidados. Outra dimensão relativa a estes processos é a relação com os sistemas de classificação 
de Enfermagem. 
O processo de Enfermagem é um sistema de atividades cognitivas, afetivas e 
comportamentais do enfermeiro e é baseado no conhecimento que é organizado em taxonomias 
de Enfermagem, ou seja, as classificações de Enfermagem (KILLEEN; KING, 2007). 
A utilização de sistemas de classificação permite uma melhoria na qualidade da 
assistência de Enfermagem, por meio da sistematização, registro e quantificação do que os 
componentes da equipe de Enfermagem produzem, contribuindo assim para a tomada de 
decisão, do agrupamento e da comparação de dados para a inclusão em sistemas de informação 
em saúde (NÓBREGA; GARCIA, 2005). 
A Enfermagem conta com diversos sistemas de classificação que, desde a década de 
1970, vêm se aprimorando e, no final da década de 1980, alguns sistemas já tinham sido 
desenvolvidos internacionalmente, entre os quais os mais conhecidos e aplicados são: a 
Taxonomia da Associação Norte Americana de Diagnósticos de Enfermagem (North American 
Nursing Diagnosis Association, NANDA Internacional), a Classificação de Intervenções de 
Enfermagem (Nursing Interventions Classification, NIC), a Classificação de Resultados de 
Enfermagem (Nursing Outcomes Classification, NOC) e a Classificação Internacional para a 
Prática de Enfermagem (CIPE®) (FURUYA et al., 2011). 
Embora existam vários sistemas de classificação, neste estudo optamos por usar a 
CIPE®, por ser considerada um sistema de linguagem unificada em Enfermagem e, desde 2008, 
ter sido reconhecida como membro da família de classificações na Organização Mundial de 
Saúde (OMS). Por ser um padrão internacional, a CIPE® facilita a coleta e a análise de dados 
de Enfermagem entre populações, serviços, idiomas e diferentes regiões geográficas (CUBAS; 
SILVA; ROSSO, 2010; PRIMO et al., 2013). 
A CIPE® é uma tecnologia de informação em desenvolvimento. Desde a sua primeira 
publicação, em 1996, vem sendo aprimorada e ampliada, e também utiliza métodos práticos 
26 
 
para a elaboração dos diagnósticos e das intervenções, facilitando a realização do processo de 
Enfermagem e contemplando aspectos que não são abordados por outras classificações 
diagnósticas existentes (NOBREGA; GARCIA, 2009; PRIMO et al., 2010). 
Neste momento em que as pesquisas apontam a necessidade de novas propostas, as 
publicações da teórica King na área do cuidado podem trazer transformações e ser uma das 
bases essenciais para o aprimoramento de novas metodologias para o cuidado sistematizado a 
mulheres e crianças durante a amamentação. 
Baseando-nos em pressupostos humanísticos para subsidiar cientificamente o cuidado 
de Enfermagem, encontramos esse referencial em diversos estudos, abordando sua utilização 
em diferentes realidades da prática de Enfermagem (VIEIRA; ROSSI, 2000; SOUTO; 
GARCIA; COLER, 2000; FUNGHETTO; TERRA; WOLFF, 2003; SOUZA; MARTINO; 
LOPES, 2007; BEZERRA et al., 2010). Essa foi uma das razões que influenciaram na escolha 
do referencial de King como proposta para subsidiar a elaboração de uma teoria de Enfermagem 
de amamentação. 
A aplicação de referenciais teóricos na assistência de Enfermagem visa nortear a 
efetivação de ações de cuidar que privilegiem o ser humano, no sentido de restabelecer a saúde 
por meio do cuidado de Enfermagem. As proposições das teorias de Enfermagem contribuem 
na organização do cuidado (MCEWEN; WILLS, 2009). 
Faz-se necessário um avanço no estudo de teorias e de todos os seus componentes, pois 
estas são essenciais para o desenvolvimento da Enfermagem, e sua utilização na prática é capaz 
de promover o conhecimento como base de uma estrutura que guia as ações da profissão 
(FAWCETT; ALLIGOOD, 2005; ROSA et al., 2010). 
Teoria é definida como uma ou mais conceituações relativamente concretas e 
específicas que são derivadas de um modelo conceitual e de suas proposições, com afirmações 
concretas e relações específicas entre dois ou mais conceitos (FAWCET, 2005). Walker e Avant 
(2005) definem teoria de Enfermagemcomo uma conceitualização articulada da realidade, com 
a finalidade de descrever, explicar, prever ou prescrever os cuidados de Enfermagem. 
O desenvolvimento de teorias de Enfermagem permite a explicitação dos referenciais 
teóricos que justificam as diferentes práticas da profissão e, assim, a construção de projetos 
coletivos e de discursos próprios da disciplina de Enfermagem (ROSA et al., 2010). 
Uma das prioridades em ciência da Enfermagem é o desenvolvimento de teorias de 
médio alcance que são significativas e aplicáveis à prática de Enfermagem. Teorias de médio 
alcance contêm um número limitado de variáveis e relações testáveis, e ainda fornece 
generalidade suficiente para ser cientificamente interessante. O desenvolvimento da teoria de 
27 
 
médio alcance pode ocorrer indutiva e dedutivamente, evoluindo da prática para a teoria, ou 
das grandes teorias para a prática. Em contraste, as grandes teorias de Enfermagem retratam 
uma gama de complexidades inerente à prática de Enfermagem, mas muitas vezes são muito 
amplas ou abstratas para orientar diretamente as intervenções de Enfermagem (FAWCETT; 
ALLIGOOD, 2005). 
Um grande número de teorias de médio alcance utilizadas em Enfermagem é 
emprestado de outras disciplinas e, embora sejam extremamente úteis, muitas vezes não são 
aplicadas de forma adequada, pois não capturam as dimensões essenciais da prática da 
Enfermagem. As teorias de médio alcance abordam fenômenos relativamente concretos e 
específicos, declarando o que eles são, por que ocorrem e como ocorrem. Também apoiam o 
entendimento das conexões entre os diagnósticos, resultados e intervenções (MCEWEN; 
WILLS, 2009). 
Inúmeras estratégias, tais como síntese, derivação e análise, foram propostas para o 
desenvolvimento de teorias de médio alcance que são específicas para a Enfermagem 
(WALKER; AVANT, 2005). 
É essencial que os enfermeiros avaliem as terias a serem utilizadas, para maior auxílio 
à prática e desenvolvimento da Enfermagem, assim como para a elaboração de uma assistência 
mais sistematizada. Observa-se um maior número de estudos que utilizam os referenciais 
teóricos para a fundamentação de achados em diversas áreas da Enfermagem (ROSA et al., 
2010). 
A assistência planejada, fundamentada teórica e cientificamente com o levantamento de 
dados e a identificação dos diagnósticos segundo uma classificação, de forma individualizada, 
considerando o contexto em que a puérpera está inserida, é fundamental. A Enfermagem pode 
contribuir significativamente quando, assentada em um referencial teórico, implementa 
intervenções focadas nas reais necessidades da puérpera, qualificando assim o cuidado 
dispensado. Então, a aplicação do processo de Enfermagem na assistência à mulher durante a 
amamentação pode favorecer a comunicação entre a equipe de Enfermagem, e a documentação 
dos cuidados prestados à mulher e à criança. 
Um referencial teórico como o Modelo Conceitual de Sistemas Abertos de King, 
aplicado na prática do cuidado prestado às mulheres, crianças e famílias durante o processo de 
amamentação, é um importante recurso para superar a rigidez das práticas que engessam o 
encontro de cuidado, promovendo, assim, uma interação com diálogo mais sensível às 
percepções individuais das mulheres. 
Além disso, por esse referencial considerar como fundamento básico para o cuidado a 
28 
 
participação ativa nos movimentos/ações para alcançar uma meta que provoca mudança nos 
indivíduos, ele pode contribuir para quebrar barreiras que dificultam o momento do encontro 
dos enfermeiros com o binômio mãe-filho no puerpério e também com suas famílias. 
Dessa forma, emergiu neste estudo a seguinte questão: que relações teóricas podem ser 
estabelecidas entre os elementos do processo de amamentação e os conceitos do referencial 
teórico de King para constituição de uma teoria de médio alcance? 
Com a finalidade de contribuir para a assistência de Enfermagem à mulher e à criança 
em processo de amamentação, esta pesquisa tem como objeto de estudo, as relações teóricas 
entre os elementos do processo de amamentação e o Modelo Conceitual de Sistemas Abertos 
de King. 
 
1.3 OBJETIVO GERAL 
 
 Elaborar uma teoria de médio alcance de amamentação, com base no Modelo Conceitual 
de Imogene King. 
 
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
 Descrever o fenômeno da amamentação. 
 Identificar os conceitos relacionados ao processo de amamentação. 
 Estabelecer relações teóricas entre os conceitos do processo de amamentação e os 
elementos do Modelo Conceitual de King. 
 Modelar o processo de amamentação. 
 Elaborar diagnósticos, resultados e intervenções de Enfermagem da CIPE® para 
aplicação do processo de Enfermagem orientado pela teoria de médio alcance de 
amamentação proposta neste estudo. 
 
1.5 RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO 
 
Para organizar e sistematizar a assistência de Enfermagem, deve-se aplicar o processo 
de Enfermagem que, segundo a Resolução 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem 
(COFEN) está organizado em cinco etapas inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes, 
29 
 
que são: coleta de dados (ou histórico), diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação 
(CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2009). 
O Processo de Enfermagem deve estar baseado num suporte teórico que oriente a coleta 
de dados, o estabelecimento de diagnósticos de Enfermagem e o planejamento das ações ou 
intervenções de Enfermagem; e que forneça a base para a avaliação dos resultados de 
Enfermagem alcançados (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2009). 
O processo de Enfermagem e a elaboração dos diagnósticos de Enfermagem 
relacionados à saúde da mulher e da criança e em especial voltados para a amamentação, 
proporcionam o embasamento de intervenções apropriadas e o alcance dos resultados positivos 
no cuidado ao binômio mãe-filho (PRIMO et al., 2013; SILVA et al., 2013) 
Diversos estudos com foco no processo de Enfermagem têm sido desenvolvidos. 
Contudo, encontraram-se poucos estudos voltados exclusivamente para a elaboração de 
diagnósticos, resultados e intervenções na área da amamentação (PAES de OLIVEIRA S. K. et 
al., 2010; VIEIRA et al., 2010; CHAVES et al., 2011; SILVA et al., 2013). Nesse sentido, 
buscando melhor conhecer a produção do conhecimento da Enfermagem na área da saúde da 
mulher, realizou-se uma revisão integrativa da literatura com o objetivo de avaliar a produção 
científica acerca do processo de Enfermagem nessa área. 
Realizou-se uma busca nas bases Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde 
(LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (MEDLINE) e 
Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) a partir da pergunta 
norteadora “Quais os estudos disponíveis na literatura acerca do processo de Enfermagem na 
saúde da mulher?”, e com os descritores: “diagnóstico de Enfermagem, processos de 
Enfermagem, classificação e saúde da mulher”. Esses descritores foram selecionados por 
fazerem parte da lista dos Descritores em Ciências da Saúde (DECs) e Medical Subject 
Headings (MESH). Em virtude do quantitativo de artigos encontrados, optou-se por trabalhar 
com os artigos identificados a partir do cruzamento dos descritores de dois em dois. 
Os critérios de inclusão foram: artigos publicados em português, inglês e espanhol até o 
ano de 2012. Os critérios de exclusão foram: editoriais, cartas ao editor, monografias, teses, 
resumos de congresso ou eventos científicos e artigos de revisão de literatura. A busca foi 
realizada em março de 2013. A partir desses critérios obteve-se um total de 683 estudos e, após 
leitura e análise dos resumos, foram excluídos 629 que não respondiam a pergunta norteadora 
ou eram repetidos. Ao final, foram selecionados 54 artigos, sendo 35 artigos da base LILACS, 
15 da CINAHL e 4 do MEDLINE. 
30 
 
Quanto ao período de publicação, os primeiros artigos que abordavam o processode 
Enfermagem na área da saúde da mulher foram publicados em 1992 e tratavam sobre elaboração 
de diagnósticos de Enfermagem para a gestante adolescente e identificação das características 
definidoras do diagnóstico de Enfermagem: disfunção sexual. Houve um crescimento no 
número de publicações ao longo dos anos, com os maiores percentuais em 2005 e 2010 (11,1% 
cada) e 2006 e 2008 (9,2% cada). 
Em relação às áreas temáticas da saúde da mulher, 57,1% dos artigos referem-se ao ciclo 
gravídico puerperal, abordando a gestação (32,6%), o parto e o puerpério (18,4%) e a 
amamentação (6,1%); ainda 18,4% abordam assuntos de oncologia, 16,3% ginecologia e 8,2% 
clientelas específicas como: a mulher idosa, mulheres em situação de rua, fumantes e 
hipertensas. 
Quanto ao idioma e nacionalidade, 86,2% foram publicados em português e no Brasil, 
e 13,8% em inglês e em revistas estrangeiras, sendo que, destas, uma de produção brasileira. 
Dos estudos provenientes do Brasil, 42,9% é da região Sudeste, 36,7% da Nordeste, 12,2% da 
Centro-Oeste e 8,2% da Sul, sendo que foram realizados nos Estados de São Paulo (40,8%), 
Ceará (24,4%), Paraná, Paraíba, Mato Grosso do Sul e Goiás (6,2% cada), Alagoas, Recife, 
Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte (2,0% cada). 
Em relação ao referencial teórico, 63,2% não informaram ou utilizaram qualquer apoio 
teórico, no entanto, a Teoria do Autocuidado de Orem (12,3%), os Padrões Funcionais de 
Gordon (8,2%), a Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Horta (6,2%), o 
Sistema Conceitual de King e o Modelo de Adaptação de Roy (4,0% cada) e a Teoria de 
Intervenção Práxica de Enfermagem em Saúde Coletiva (2,0%) foram os modelos teóricos 
mencionados. Quanto aos sistemas de classificação, 6,1% dos estudos não utilizaram qualquer 
taxonomia, enquanto NANDA (75,5%), CIPE Beta 2 (8,2%), CIPE 1.0 (6,2%), CIPE Alfa 
(2,0%) e CIPESC (2,0%) foram citadas. 
Dos métodos utilizados nas pesquisas, descritivo, estudo de caso e ensaio clínico 
randomizado foram verificados com 79,6%, 18,5% e 1,8% respectivamente. Buscando avaliar 
a produção na área específica da amamentação, dos 54 estudos, 3 artigos descritivos tratavam 
da amamentação, como segue no Quadro 1: 
 
31 
 
Quadro 1 - Artigos relacionados à saúde da mulher na área da amamentação. 
Título Ano Periódico Sistema de 
Classificação 
Região 
Utilização do diagnóstico de Enfermagem 
segundo a classificação da NANDA, para a 
sistematização da assistência de Enfermagem 
em aleitamento materno. 
1997 Revista Latino-
Americana de 
Enfermagem 
NANDA São Paulo 
Diagnóstico de Enfermagem amamentação 
ineficaz- Estudo de identificação e validação 
clínica. 
2005 Acta Paulista de 
Enfermagem 
NANDA São Paulo 
Amamentação: a prática do enfermeiro na 
perspectiva da Classificação Internacional 
para Práticas de Enfermagem em Saúde 
Coletiva. 
2011 Revista de Escola 
de Enfermagem da 
USP 
CIPE® Paraná 
Fonte: PRIMO; BRANDÃO, 2015. 
 
O primeiro artigo descreve a reformulação de um instrumento utilizado na consulta de 
Enfermagem à puérpera, com base na classificação dos diagnósticos de Enfermagem, segundo 
a Taxonomia I da NANDA, e identificar os diagnósticos de Enfermagem mais frequentes 
relacionados à amamentação a partir da utilização desse instrumento, verificou que os 
diagnósticos encontrados em percentuais acima de 50%, que foram: déficit de conhecimento 
(100,0%); distúrbio no padrão do sono (75,0%); alteração no padrão de sexualidade (75,0%); 
amamentação ineficaz (66,6%) e mobilidade física prejudicada (66,6%) (ABRÃO; 
GUTIERREZ; MARIN, 1997). 
A segunda pesquisa desenvolvida em uma unidade de puerpério e em um Ambulatório 
de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo, com amostra de 124 mulheres e crianças 
que estavam em processo de amamentação, e teve como objetivo a identificação e validação 
clínica das características definidoras do diagnóstico de Enfermagem “Amamentação Ineficaz”, 
segundo a NANDA, encontrou que as características definidoras identificadas com maior 
frequência foram “processo de aleitamento materno insatisfatório”, “ferimento do mamilo na 
primeira semana” e “falta de manutenção da sucção da mama”. Os resultados encontrados 
permitiram concluir que as características definidoras propostas pela NANDA para o 
diagnóstico “amamentação ineficaz” foram validadas clinicamente (ABRÃO; GUTIERREZ; 
MARIN, 2005). 
O último estudo descreve os diagnósticos e as intervenções de Enfermagem sob a 
perspectiva da Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva 
(CIPESC®) na atenção à Saúde da Mulher, subtema Pré-Natal e Puerpério, correlacionando-os 
32 
 
com as competências do Enfermeiro no Programa Mãe Curitibana. Os dados utilizados foram 
os diagnósticos e intervenções gerados nas consultas de Enfermagem nos meses de abril a julho 
de 2005 e verificou que o diagnóstico “amamentação adequada” foi o mais frequente e as 
intervenções mais acionadas relacionam-se ao fortalecimento da usuária frente ao processo 
saúde-doença (68,9%) (CHAVES et al., 2011). 
Assim, pode-se notar que a organização da assistência de Enfermagem no cuidado da 
mulher que amamenta não está entre os estudos mais frequentes desenvolvidos pela 
Enfermagem no Brasil nos últimos anos. Vale destacar que, dentre as taxonomias utilizadas, 
um estudo aplicou a CIPE® e nenhum estudo utilizou o referencial teórico de King para 
organizar a assistência. 
Nesse sentido, a elaboração de diagnósticos, resultados e intervenções de Enfermagem 
utilizando a taxonomia CIPE® para a aplicação do processo de Enfermagem durante o cuidado 
da amamentação pode contribuir para a identificação de prioridades de atendimento, indicando 
os conteúdos essenciais a serem abordados em processos educativos e nas pesquisas na área de 
intervenções de Enfermagem. 
No que tange à assistência de Enfermagem, este estudo poderá trazer subsídios à 
organização do cuidado por meio de uma teoria de Enfermagem que irá embasar o processo de 
Enfermagem, além de poder selecionar ações de Enfermagem adequadas às necessidades 
específicas para promoção, prevenção e o apoio à mulher em amamentação. 
Em relação ao processo de formação, esses conhecimentos poderão inovar nos 
processos de ensino-aprendizagem, ao promover uma articulação mais efetiva entre a 
assistência e o ensino ao facilitar a compreensão dos acadêmicos quanto à relação entre uma 
teoria de Enfermagem e os diagnósticos-intervenções e as necessidades de cada cliente em 
específico. 
Em relação à pesquisa em Enfermagem, serve de estímulo para o desenvolvimento de 
novos estudos que visem à elaboração de teorias de Enfermagem voltadas para as diversas 
temáticas da área da saúde da mulher. 
Além disso, esta investigação poderá dar visibilidade ao trabalho do enfermeiro no 
atendimento às nutrizes, já que a sua realização implica na elaboração de uma teoria de 
Enfermagem para amamentação amparada em bases científicas. 
Desse modo, busca-se ampliar o conhecimento na área das tecnologias para o cuidado 
de Enfermagem e esta pesquisa poderá contribuir com os estudos que vem sendo desenvolvidos 
pelo grupo de pesquisadores do Grupo CUIDAR: Ensino e Pesquisa em Enfermagem do 
Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo na linha de pesquisa 
33 
 
Processo de Cuidar em Enfermagem, visando contribuir para o desenvolvimento metodológico 
e tecnológico da profissão no estado do Espírito Santo. 
Vale destacar que a pesquisa tem como objetivo a elaboração de uma teoria de 
Enfermagem, sendo de grande relevância e aprofundamento teórico, pois a construção do 
conhecimento específico em Enfermagem deriva de questões conceituais e assim, vem 
contribuir para o avanço e a consolidação das bases do conhecimento da Enfermagem 
Fundamental. 
A Enfermagem Fundamental é um dos pilares que sustentam a prática de Enfermagem, 
abrangendoo referencial ético-filosófico e histórico da profissão. Envolve princípios 
(científicos, éticos), conceitos (metaparadigmáticos - saúde, ser humano, ambiente e 
Enfermagem) e teorias que norteiam as ações da profissão, na realização dos cuidados básicos 
(SILVA; FERREIRA, 2014). 
A Enfermagem Fundamental não tem um campo de atuação específico, próprio ou 
particular, pois ela permeia a Enfermagem em sua inteireza, seu conceito e sua prática, 
subsistindo em todos os possíveis campos da ação e setores da atuação e da totalidade 
profissional (CARVALHO, 2013). 
Nesse sentido, este estudo alinha-se com os objetos de pesquisa do Núcleo de Pesquisa 
de Fundamentos do Cuidado de Enfermagem (NUCLEARTE), do Departamento de 
Enfermagem Fundamental, da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do 
Rio de Janeiro, dentro da Linha de Pesquisa: Concepções Teóricas, Cuidados Fundamentais e 
Tecnologias da Enfermagem. Assim, contribuirá para o desenvolvimento da Enfermagem 
Fundamental. 
Dentro do NUCLEARTE, este estudo faz parte do corpo de pesquisas desenvolvidas 
pelo Grupo de Pesquisa em Tecnologias e Concepções para a Sistematização da Assistência de 
Enfermagem (TECCONSAE), coordenado pelo Prof. Dr. Marcos Antônio Gomes Brandão, 
inserida na linha: Tecnologias e Estratégias para Sistematização da Assistência de Enfermagem. 
Essa pesquisa produz continuidade à organização do conhecimento de Enfermagem alicerçado 
nas concepções, modelos e políticas da instituição e aspectos do entorno, junto a outros estudos 
já desenvolvidos e em fase de elaboração pelo grupo de pesquisa, a saber: a tese intitulada 
“Proposição de uma teoria de Enfermagem para o processo de interação em ambientes virtuais”, 
de Jaqueline Santos de Andrade Martins; bem como a tese “Padrões de conhecimento em 
Enfermagem que fundamentam as intervenções de Enfermagem no curso da aprendizagem do 
cuidado”, de Beatriz Fernandes Dias, e da tese em desenvolvimento intitulada “Estrutura teórica 
34 
 
de Enfermagem orientadora do cuidado disciplinar em CAPSAD compatível com o modelo de 
integralidade da saúde”, de Wilson Denadai. 
Ainda, na linha de pesquisa Tecnologias e Estratégias para Sistematização da 
Assistência de Enfermagem, essa pesquisa contribui na produção de uma tecnologia para a 
organização do Processo de Enfermagem e Sistematização da Assistência de Enfermagem. 
Entende-se tecnologia como um conjunto de saberes e fazeres que está relacionado a 
produtos e materiais, os quais determinam técnicas, métodos, procedimentos e ferramentas para 
a aplicação no cuidado e nos processos de trabalho e se constituem em instrumentos para 
realizar ações na produção da saúde. A tecnologia encontra-se presente em todas as etapas de 
cuidado de Enfermagem, sendo considerada ao mesmo tempo processo e produto (ROCHA et 
al, 2008). 
Os profissionais podem utilizar diferentes tipos de tecnologia, que são: tecnologia dura, 
quando se utilizam instrumentos, normas e equipamentos tecnológicos; tecnologia leve-dura, 
quando se empregam os saberes estruturados (teorias, modelos de cuidado, processo de 
Enfermagem); e tecnologias leves, as quais requerem o estabelecimento de relações para 
implementação do cuidado (vínculo, gestão de serviços e acolhimento) (MERHY, 2002). 
Na Enfermagem existem as tecnologias educacionais, assistenciais e gerenciais, sendo 
que: as tecnologias educacionais são os processos de educação formal-acadêmica e formal-
continuada que estão relacionadas com o processo de aprender e ensinar. Tecnologias 
assistenciais ou de cuidado estão relacionadas com o cuidar, envolve os profissionais e os 
clientes em diferentes níveis de atenção e, por meio de investigações, aplicações de teorias e da 
experiência cotidiana com esta população, contribui com o desenvolvimento técnico-científico, 
com ações sistematizadas, processuais e instrumentais para a prestação de um cuidado 
qualificado ao ser humano. As tecnologias gerenciais são usadas nos processos de gestão por 
profissionais da área da saúde (NIETSCHE, 2005). 
Vale ressaltar que a taxonomia CIPE® é um instrumental tecnológico que visa 
padronizar a linguagem de Enfermagem para uso nos sistemas de informação em saúde e um 
guia para a documentação do produto do trabalho da Enfermagem, de forma que ele possa ser 
mensurável para se avaliar a qualidade do serviço prestado na instituição. Essa classificação 
destaca a assistência do enfermeiro do trabalho de outros profissionais, proporcionando assim 
autonomia e visibilidade ao cuidado prestado e os benefícios que acarreta ao cliente 
(NOBREGA; GARCIA, 2009). 
Dessa forma, a elaboração de uma teoria de médio alcance e a organização de 
diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem utilizando a taxonomia CIPE® 
35 
 
encontram-se dentro do escopo de tecnologias leve-duras e de cuidado, e nesse 
sentidocontribuiremos com a ampliação do corpo de conhecimento tecnológico construído pela 
Enfermagem, propondo novas tecnologias de cuidado. 
Devemos lembrar que a Enfermagem é considerada uma ciência do campo do 
conhecimento aplicado na grande área da saúde e enquanto tal alinha‐se às políticas de saúde 
de uma forma mais geral. Assim, as pesquisas em Enfermagem buscam estar em consonância 
com a Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde, que tem como pressuposto 
respeitar as necessidades nacionais e regionais de saúde e aumentar a indução seletiva para a 
produção de conhecimentos e bens materiais e processuais nas áreas prioritárias para o 
desenvolvimento das políticas sociais (BRASIL, 2008). 
Faz parte da agenda de prioridades os temas: “amamentação e alimentação 
complementar da criança” e “amamentação: tipologias, duração e fatores condicionantes, 
ideologias e condutas relacionadas com a amamentação e alimentação da criança, avaliação das 
atividades de promoção nos serviços de saúde”. Bem como também está entre as prioridades 
da agenda o “desenvolvimento e validação de metodologias”; dentre os pontos da subagenda 
encontra se a temática “métodos de informação, comunicação e educação”. 
Tendo em vista a contribuição desse estudo nos temas da agenda de prioridades em 
saúde, presume-se que a elaboração de uma teoria sobre amamentação será relevante para várias 
disciplinas da grande área, em especial para os profissionais de saúde da equipe 
multiprofissional que atua junto à mulher, à criança e à família durante a amamentação. 
De acordo com os manuais do Ministério da Saúde, o profissional de saúde deve 
fornecer atendimento humanizado e seguro às mulheres, recém-nascidos, familiares, 
acompanhantes e visitantes e ser capaz de acolhê-los. As atividades desempenhadas pela equipe 
multiprofissional de aconselhar e apoiar a puérpera tem como objetivo comum a adesão da mãe 
à amamentação e à nutrição adequada do recém-nascido. No entanto, as atividades 
desempenhadas pelos profissionais dependem da área de atuação de cada um, sendo que o papel 
de informar é de responsabilidade de todos os profissionais de saúde, além disso, estes devem 
ter conhecimento e habilidade na assistência clínica durante a amamentação (BRASIL, 2009; 
2011). 
36 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
Este tópico é destinado a apresentar o marco classificatório da teoria proposta e o marco 
teórico-filosófico que embasou a teoria de amamentação. 
 
2.1 O MARCO CLASSIFICATÓRIO DA TEORIA 
 
2.1.1 O conhecimento de Enfermagem 
 
A Enfermagem é considerada para alguns autores como uma ciência prática 
(ALLIGOOD, 2010; OREM; TAYLOR, 2011), uma disciplina (FAWCETT, 2005; ROSA et 
al. 2010), ou ainda uma disciplina orientada para a prática (WALKER; AVANT, 2005; 
MELEIS, 2012). 
A ciência da Enfermagem segundo Barrett (2002) é definida como “o conhecimento 
substantivo, específico à disciplina, que enfoca o processo humano-universo-saúde articulado 
nas estruturas e teorias de Enfermagem”. Além disso, refere que a geração do

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