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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM Cândida Caniçali Primo TEORIA DE MÉDIO ALCANCE DE AMAMENTAÇÃO: TECNOLOGIA DE CUIDADO Rio de Janeiro 2015 Cândida Caniçali Primo TEORIA DE MÉDIO ALCANCE DE AMAMENTAÇÃO: TECNOLOGIA DE CUIDADO Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Enfermagem, da Escola de Enfermagem Anna Nery, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Linha de Pesquisa: Concepções Teóricas, Cuidados Fundamentais e Tecnologias na Enfermagem do Núcleo de Pesquisa de Fundamentos do Cuidado de Enfermagem (NUCLEARTE). Orientador: Prof. Dr. Marcos Antônio Gomes Brandão Rio de Janeiro 2015 P 952 t Primo, Cândida Caniçali. Teoria de médio alcance de amamentação: Tecnologia de cuidado /Primo, Cândida Caniçali. Rio de Janeiro: UFRJ/EEAN, 2015. 171f.: il.; 31 cm. Orientador: Marcos Antônio Gomes Brandão Tese (doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Enfermagem Anna Nery, Programa de Pós-graduação em Enfermagem, 2015. 1. Teoria de Enfermagem. 2. Aleitamento materno. 3. Relações mãe- filho. 4. Processos de Enfermagem. 5. Classificação. I. Brandão, Marcos Antônio Gomes. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Enfermagem Anna Nery, Programa de Pós-graduação em Enfermagem. III. Título. CDD :610.73 Cândida Caniçali Primo TEORIA DE MÉDIO ALCANCE DE AMAMENTAÇÃO: TECNOLOGIA DE CUIDADO Tese de Doutorado submetida à Banca Examinadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutora em Enfermagem. Rio de Janeiro, 14 de Dezembro de 2015 Aprovada por: _______________________________________________ Prof. Dr. Marcos Antônio Gomes Brandão - Presidente _______________________________________________ Profa. Dra. Telma Ribeiro Garcia - 1ª Examinadora ________________________________________________ Profa. Dra. Maria Helena Costa Amorim - 2ª Examinadora _________________________________________________ Profa. Dra. Marcia de Assunção Ferreira - 3ª Examinadora _________________________________________________ Profa. Dra. Ivis Emília de Oliveira Souza - 4ª Examinadora __________________________________________________ Profa. Dra. Erika Christiane Marocco Duran - Suplente _________________________________________________ Profa. Dra. Juliana Faria Campos - Suplente Rio de Janeiro Dezembro, 2015 Ao Dálton, meu companheiro, amigo e amor, por estar sempre ao meu lado dividindo as angústias e as alegrias da vida, por não me deixar desistir dos sonhos, por compreender minhas ausências e por acreditar em minha capacidade, dando-me forças nos momentos de dificuldade e dúvidas. A sua compreensão e estímulo foram fundamentais. Te amo! À Alice e Anita, filhas queridas e amadas, por serem minha inspiração e alegria, dádivas de Deus, com vocês vivencio a magia de ser mãe, compreendi melhor a amamentação, e aprendi a ser uma pessoa mais dinâmica e paciente. A vida com vocês é completa, é pura diversão, agradeço por entenderem minhas ausências, as longas horas de estudo e, principalmente, pelo singelo e sincero amor de filhas. Amo muito vocês! AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Aos meus amados pais, Luiz Cláudio e Maria Helena, pelo amor incondicional, por compreenderem minhas correrias e ausências nas reuniões de família, pelo suporte nos cuidados com as meninas, por todos os investimentos na minha educação e pelos valores que alicerçaram em minha vida. Minha imensa gratidão por sempre acreditarem em minha capacidade e incentivarem meu caminhar na Enfermagem. Amo muito vocês! À querida amiga, mestre e madrinha Prof.ª Dr.ª Denise Silveira de Castro, por fazer parte da minha história de vida acadêmica, profissional e pessoal, sempre acreditando em minhas possibilidades e pelos ensinamentos e parceria constante nas coorientações no Mestrado Profissional, guiando-me nos caminhos da Pós-graduação. A você, minha eterna gratidão, profunda admiração, amizade e respeito. À querida amiga Prof.ª Dr.ª Maria Helena Costa Amorim, sempre presente na minha trajetória acadêmica, profissional e pessoal, a quem tenho uma profunda admiração e respeito. Agradeço pelos ensinamentos, parcerias, confiança e, sobretudo pela amizade, carinho e permanente estímulo para alçar voos mais altos. Às amigas-irmãs Eliane de Fátima Almeida Lima e Franciele Marabotti Costa Leite, que sempre me apoiaram, compartilharam os momentos de angústia, aprendizado e alegria. Agradeço pela amizade verdadeira, carinho e, principalmente por fazerem parte da minha vida, tornando-a mais divertida e leve. Vocês são especiais! AGRADECIMENTOS A DEUS, pelo dom da vida, proteção, sabedoria e estar sempre ao meu lado fortalecendo-me e iluminando o meu caminho. A Nossa Senhora, Mãe de Deus e nossa Mãe, por guardar-me e defender-me sempre. À Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela realização do Programa de Doutorado Interinstitucional - DINTER, que tornou possível cursar o Doutorado em Enfermagem, colaborando para a minha formação acadêmica. Ao Profº Drº Marcos Antônio Gomes Brandão, pela confiança em meu trabalho, por me orientar de forma segura e aberta, pelos momentos de reflexões que muito contribuíram na realização deste estudo e também no meu desenvolvimento acadêmico e profissional. A você minha grande admiração e amizade. À Profª Drª Telma Ribeiro Garcia, a quem tenho profunda admiração, respeito e um carinho especial. Agradeço pelos ensinamentos, pela significativa contribuição neste trabalho e pela compreensão com esta “apressada do juízo”. À Profª Drª Márcia de Assunção Ferreira, pelo carinho, acolhida e incentivo constante desde o início do DINTER, pela disponibilidade e enriquecedoras contribuições. Agradeço em especial por todas as oportunidades de grande aprendizado, e pela competência com que coordenou o DINTER. À Profª Drª Ivis Emília de Oliveira Souza, a quem admiro, agradeço pelo carinho, incentivo e por sua valiosa colaboração em todos os momentos. À Profª Dr.ª Erika Christiane Marocco Duran e Juliana Faria Campos pelo acolhimento e pelas contribuições. Ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) da UFRJ, coordenadores, professores e funcionários pelo acolhimento e pela excelência de ensino. À Coordenação do projeto DINTER EEAN e UFES pela competência e disponibilidade, por abdicarem de projetos pessoais em prol de uma construção coletiva. Aos colegas professores do Departamento de Enfermagem da UFES, com quem tenho a oportunidade de compartilhar a prática da docência em prol do crescimento da Enfermagem. Agradeço pelo incentivo, por todos os esforços empreendidos para a concretização do projeto DINTER, e principalmente por acreditarem que juntos podemos fortalecer a autonomia e a inovação da Enfermagem capixaba. Aos colegas professores do Mestrado Profissional em Enfermagem da UFES por confiarem em minha capacidade, pelo apoio a minha formação e pela oportunidade de aprender e ensinar nesse programa, que muito contribuiu para o meu desenvolvimento acadêmico e profissional. À Professora Dr.ª Leila Massaroni, pela amizade, carinho, apoio e incentivo em todas as etapas dessa caminhada. À Professora Dr.ª Roseane Vargas Rohr, agradeço o permanente incentivo a minha formaçãoprofissional e, em especial, pelo carinho e amizade. Às mulheres, crianças e famílias que vivenciam o processo de amamentação, por compartilharem suas alegrias e dificuldades, permitindo-me conhecer mais profundamente o fenômeno da amamentação. Aos funcionários do Departamento e Mestrado Profissional de Enfermagem da UFES, pela amizade, torcida e presteza nas informações. Aos queridos acadêmicos de Enfermagem participantes dos nossos Projetos de Extensão, Ensino e Pesquisa, os de hoje e os de ontem, pela oportunidade de exercitar diferentes formas de aprender-ensinar-pesquisar a assistência de enfermagem à mulher, à criança e à família em processo de amamentação. A todos os estudantes de Enfermagem, de Especialização em Enfermagem Obstétrica e de Mestrado Profissional em Enfermagem da UFES, pela oportunidade de compartilhar um pouco do que acredito sobre a Enfermagem, discutindo e vislumbrando novas possibilidades para a Enfermagem capixaba. Às colegas enfermeiras da maternidade e banco de leite humano do Hospital Universitário pela profícua parceria no desenvolvimento de nossos projetos, possibilitando-nos integrar ensino- assistência-pesquisa e propor novas tecnologias para a enfermagem. Aos colegas do DINTER pelo companheirismo, por compartilharmos momentos de aprendizado, angústia, alegrias e vitórias, tornando essa experiência uma grande oportunidade para a nossa aproximação. Aos colegas da disciplina Linha de Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna Nery pela oportunidade de aprendizado científico, cultural e social. Agradeço pelos momentos divertidos, descontraídos e de muita troca de conhecimentos. Aos meus amados irmãos Cláudia, Luciano e Francisco e queridos cunhados Claiton, Paula e Paola, pela amizade, carinho e constante torcida em todos os momentos desta trajetória. Aos meus sobrinhos, Maria Carolina, Miguel, Antônio, Ulisses, Rafael, André e Eduardo pelas muitas brincadeiras e diversão que possibilitaram oxigenar minhas ideias. Aos meus queridos sogros José e Maristella, meus cunhados Gláucia, Marcos, Erika e Luigi pelo apoio e incentivo constantes, e pela confiança que sempre depositaram em mim. À grande família Caniçali pelo incentivo e torcida, em especial, agradeço aos primos Débora e Diogo pelas maravilhosas hospedagens sempre divertidas e repletas de uma deliciosa gastronomia regada de muita conversa. À Rosa por sempre cuidar com zelo e amor das meninas e das tarefas cotidianas da casa, em especial durante minhas viagens ao Rio de Janeiro para estudar. Ao Carlos Puig pela revisão de português e leitura cuidadosa do texto. Ao Fabrício Bragança pelo desenho da estrutura conceitual da Teoria e pela paciência com minhas solicitações. Aos familiares e amigos, não mencionados nominalmente aqui, mas que sempre torceram por mim para que eu chegasse com êxito ao final desta caminhada. RESUMO Cândida Caniçali Primo. Teoria de médio alcance de amamentação: tecnologia de cuidado. Rio de Janeiro, 2015. Tese (Doutorado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. Introdução: A amamentação confere incontestáveis benefícios para a criança, a mulher, a família e a sociedade, mas, mesmo conhecendo essas vantagens, amamentar vem, ao longo da história da humanidade, apresentando variações quanto à frequência e duração, nas mais diversas sociedades. Este fato demonstra que as dificuldades encontradas para o início e a manutenção da prática da amamentação não são um problema atual, mas que percorre a nossa história. Havendo ainda necessidade de uma proposta de atenção que compreenda os fatores que influenciam todo o processo de amamentação. Objetivo: Elaborar uma teoria de médio alcance de amamentação, com base no Modelo Conceitual de Sistemas Abertos de Imogene King. Metodologia: Trata-se de um estudo teórico, descritivo-exploratório e, para elaborar a teoria, seguindo o modelo de Walker e Avant (2005), realizou-se análise do conceito de amamentação, síntese de afirmação e derivação de teoria. Resultados: Na análise de conceito, verificou-se que o atributo crítico da amamentação é a interação dinâmica entre mãe e filho, e os antecedentes foram: percepção da mulher e da criança; condições biológicas da mulher e da criança; imagem corporal da mulher; espaço para amamentar; papel de mãe; sistemas organizacionais de proteção, promoção e apoio à amamentação; autoridade familiar e social; e tomada de decisão da mulher. Os consequentes foram: os benefícios para a saúde da mulher, a saúde da criança, o relacionamento mãe-criança e os benefícios sociais. O estudo articulou os componentes do Modelo de King com os elementos do processo de amamentação, o que proporcionou base para a elaboração de uma teoria de médio alcance de amamentação que descreve, explica, prediz e prescreve esse fenômeno, examinando os fatores que antecedem e influenciam, bem como as consequências no processo de amamentar. A teoria orientou a organização do processo de enfermagem, e foram elaboradas 112 afirmativas de diagnósticos/resultados e 319 intervenções de enfermagem que contemplam os conceitos propostos na Teoria, possibilitando a elaboração de um subconjunto terminológico ou catálogo CIPE® de amamentação. Entretanto essas afirmativas ainda precisam ser submetidas a um processo de validação. Conclusões: A teoria de amamentação derivada do Modelo Conceitual de King é abstrata o suficiente para ser aplicada às mulheres em processo de amamentação nos diferentes contextos sociais, culturais, políticos e econômicos. A elaboração da teoria embasada em um modelo conceitual próprio colabora para a construção da ciência de Enfermagem; contribui para os processos de ensino-aprendizagem, ao promover uma articulação entre assistência-ensino-pesquisa, facilitando a compreensão dos acadêmicos e enfermeiros quanto à relação entre teoria de Enfermagem e as taxonomias; por fim, a elaboração do catálogo CIPE® de amamentação produz novas tecnologias para a Enfermagem e facilita a aplicação sistemática do processo de Enfermagem. Palavras-chave: Teoria de Enfermagem; Aleitamento materno; Relações mãe-filho; Processos de Enfermagem; Diagnóstico de Enfermagem; Classificação. ABSTRACT Cândida Caniçali Primo. A middle range theory of breastfeeding: care tecnology. Rio de Janeiro, 2015. Thesis (Ph.D. in Nursing) - Anna Nery School of Nursing, Federal University of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. Introduction: Breastfeeding has incontestable benefits to the child, the woman, the family and society. Nonetheless, there is still need for an assistance proposal that encompasses the factors that influence the whole breastfeeding process. Objective: To propose a middle range theory of breastfeeding based on Imogene King’s Open Systems Conceptual Model. Methodology: This is a theoretical and exploratory-descriptive study. To elaborate the theory, the concept analysis of breastfeeding was done, as well as the statement synthesis and the theory derivation, according to Walker and Avant (2005). Results: In the concept analysis, it was verified that the critical attribute for breastfeeding is the dynamical interaction between mother and child, and the antecedents were: the perception of the woman and the child; the biological conditions of the woman and the child; the body image of the woman; space for breastfeeding; the role of mother; organizational systems of protection, promotion and support for breastfeeding; the family and social authorities; and the woman’s decision making. The consequents were: the benefits for the woman’s health, the child’s health, on the mother-child relationship, and social benefits. The study has articulated the King’s Model components with the breastfeeding process elements, which has given the basisfor the construction of a middle range theory of breastfeeding that describes, explains, predicts and prescribes this phenomenon, examining the factors that are antecedent, which influence, and the consequences of the breastfeeding process. The theory has guided the organization of the Nursing process and the 112 statements of diagnoses/outcomes, as well as the 319 Nursing interventions constructed contemplated the concepts proposed in the theory, and have supported the creation of a CIPE® catalogue for breastfeeding. Nonetheless, these statements still need to be submitted to a validation process. Conclusions: The breastfeeding theory derived from King’s Conceptual Model is sufficiently abstract to be applied to all women in the breastfeeding process in the different social, cultural, political and economical contexts. The theory’s elaboration, based on it’s own conceptual model, contributes to the construction of the Nursing Science; and the elaboration of a CIPE® catalogue for breastfeeding produces new technologies in Nursing. Keywords: Nursing Theory; Breastfeeding; Mother-child Relations; Nursing Processes; Nursing Diagnosis; Classification. RESUMEN Cândida Caniçali Primo. Teoría de medio alcance de lactancia: tecnología de cuidado. Rio de Janeiro, 2015. Tesis (Doctorado en Enfermería) - Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. Introducción: La lactancia confiere incontestables beneficios al niño, a la mujer, la familia y la sociedad. No obstante, aún hay necesidad de una propuesta de atención que comprenda los factores que influyen en todo el proceso de lactancia. Objetivo: Proponer una teoría de medio alcance sobre lactancia, con base en el Modelo Conceptual de Sistemas Abiertos de Imogene King. Metodología: Se trata de un estudio teórico, descriptivo y exploratorio. Para elaborar la teoría se realizó análisis del concepto de lactancia, síntesis de afirmación y derivación de teoría, según Walker y Avant (2005). Resultados: En la análisis de concepto, se verificó que el atributo crítico de la lactancia es la interacción dinámica entre madre e hijo, y los antecedentes han sido: percepción de la mujer y del niño; condiciones biológicas de la mujer y del niño; imagen corporal de la mujer; espacio para lactancia; papel de la madre; sistemas organizativos de protección, promoción y apoyo a la lactancia; autoridad familiar y social; y toma de decisión de la mujer. Los consiguientes han sido: los beneficios para la salud de la mujer, la salud del niño, en la relación madre-niño y los beneficios sociales. El estudio articuló los componentes del Modelo de King con los elementos del proceso de lactancia, lo que proporcionó base para la construcción de una teoría de medio alcance de lactancia que describe, explica, predice y prescribe ese fenómeno, examinando los factores anteriores y que influyen y las consecuencias en el proceso de amamantar. La teoría orientó la organización del proceso de enfermería, y las 112 afirmativas de diagnósticos/resultados y 319 intervenciones de enfermería construidas contemplaron los conceptos propuestos en la Teoría y posibilitaron la elaboración de un catálogo CIPE® de lactancia. Entretanto, esas afirmativas aún necesitan ser sometidas a un proceso de validación. Conclusiones: La teoría de lactancia derivada del Modelo Conceptual de King es abstracta lo suficiente para ser aplicada a todas las mujeres en proceso de lactancia en los diferentes contextos sociales, culturales, políticos y económicos. La elaboración de la teoría basada en un modelo conceptual proprio contribuye para la construcción de la ciencia de Enfermería; y la elaboración del catálogo CIPE® de lactancia produce nuevas tecnologías en la Enfermería. Palabras clave: Teoría de Enfermería; Lactancia materna; Relaciones madre-hijo; Procesos de enfermería; Diagnóstico de enfermería; Clasificación. LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS AM Aleitamento materno BEET The Breastfeeding Evaluation and Education Tool BREAST-Feed The B-R-E-A-S-T-Feed Observation Form BSES Breastfeeding Self-Efficacy Scale CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CIE Conselho Internacional de Enfermeiros CINAHL Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature CIPE® Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem CIPESC® Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva COFEN Conselho Federal de Enfermagem DECs Descritores em Ciências da Saúde EFS Early Feeding Skills IBFAT The Infant Breast Feeding Assessment Tool IHAC Iniciativa Hospital Amigo da Criança LATCH Breastfeeding Charting System and Documentation Tool LILACS Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde MBA The Mother-Baby Assessment Tool MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line MESH Medical Subject Headings NANDA North American Nursing Diagnosis Association NIC Nursing Interventions Classification NOC Nursing Outcomes Classification NOMAS Neonatal Oral-Motor Assessment Scale NUCLEARTE Núcleo de Pesquisa de Fundamentos do Cuidado de Enfermagem OMS Organização Mundial de Saúde PIBBS Preterm Infant Breastfeeding Behavior Scale SAIB The Systematic Assessment of the Infant at Breast TECCONSAE Grupo de Pesquisa em Tecnologias e Concepções para a Sistematização da Assistência de Enfermagem Unicef Fundo das Nações Unidas para a Infância LISTA DE FIGURAS Figura 1 Estrutura holárquica do conhecimento da Enfermagem contemporânea: componentes e níveis de abstração ............................. 37 Figura 2 Relacionamento entre os níveis de teorias ............................................ 42 Figura 3 Estrutura Conceitual para Enfermagem: sistemas dinâmicos interatuantes .......................................................................................... 49 Figura 4 Estrutura da Versão Beta 2 e Modelo Sete Eixos da CIPE® ................ 58 Figura 5 Fluxograma de elaboração da Teoria de médio alcance de amamentação seguindo o modelo de Walker e Avant (2005) .............. 63 Figura 6 Fontes de evidências para a estratégia de síntese de afirmação ............ 65 Figura 7 Processo de derivação de teoria ............................................................ 67 Figura 8 Etapas para elaboração de diagnósticos/resultados de Enfermagem .... 69 Figura 9 Etapas para elaboração de intervenções de Enfermagem ..................... 69 Figura 10 Fluxograma de identificação e seleção dos artigos da revisão integrativa sobre amamentação ............................................................. 72 Figura 11 Distribuição dos antecedentes, atributo crítico e consequentes da amamentação ......................................................................................... 80 Figura 12 Representação das afirmações relacionais entre a interação dinâmica mãe e filho e os conceitos da teoria ...................................................... 111 Figura 13 Representação das afirmações relacionais entre a percepção da mulher e os conceitos da teoria ............................................................. 112 Figura 14 Representação das afirmações relacionais entre a percepção da criança e os conceitos da teoria ............................................................. 113 Figura 15 Representação das afirmações relacionais entre as condições biológicas da mulher e os conceitos da teoria ....................................... 114 Figura 16 Representação das afirmações relacionais entre as condições biológicas da criança e os conceitos da teoria ....................................... 114 Figura 17 Representação das afirmações relacionais entre a imagem corporal da mulher e os conceitos da teoria .............................................................115 Figura 18 Representação das afirmações relacionais entre o espaço para amamentar e os conceitos da teoria ....................................................... 116 Figura 19 Representação das afirmações relacionais entre o papel de mãe e os conceitos da teoria ................................................................................. 116 Figura 20 Representação das afirmações relacionais entre sistemas organizacionais de proteção, promoção e apoio a amamentação e os conceitos da teoria ................................................................................. 117 Figura 21 Representação das afirmações relacionais entre autoridade familiar e social e os conceitos da teoria ............................................................... 117 Figura 22 Representação das afirmações relacionais entre a tomada de decisão da mulher e os conceitos da teoria ........................................................ 118 Figura 23 Processo de interação mãe-filho para alcance da amamentação .......... 120 Figura 24 Estrutura conceitual da Teoria de médio alcance de amamentação ...... 123 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Artigos relacionados à saúde da mulher na área da amamentação ....... 31 Quadro 2 Categorização dos estudos acerca da amamentação exclusiva segundo autor, ano, revista, tipo de estudo, amostra e país, publicados de 2010 a 2014 .................................................................................................... 73 Quadro 3 Definições dos tipos de alimentação infantil ........................................ 76 Quadro 4 Definições dos grupos de alimentação infantil ..................................... 77 Quadro 5 Distribuição dos eixos, definição e códigos dos termos da CIPE® segundo os conceitos da teoria .............................................................. 127 Quadro 6 Distribuição dos diagnósticos e resultados de Enfermagem da CIPE® segundo os conceitos da teoria .............................................................. 130 Quadro 7 Distribuição das intervenções de Enfermagem da CIPE® segundo os conceitos da teoria e diagnósticos/resultados de Enfermagem ............. 134 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 18 1.1 APROXIMAÇÃO COM A TEMÁTICA DE ESTUDO ...................... 18 1.2 PROBLEMATIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO .............. 19 1.3 OBJETIVO GERAL ............................................................................. 28 1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................ 28 1.5 RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO ......................... 28 2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................. 36 2.1 O MARCO CLASSIFICATÓRIO DA TEORIA .................................. 36 2.1.1 O conhecimento de Enfermagem ....................................................... 36 2.1.2 As classificações das teorias de Enfermagem ................................... 40 2.2 O MARCO TEÓRICO-FILOSÓFICO DA TEORIA ........................... 45 2.2.1 O modelo conceitual de sistemas abertos de King ........................... 45 2.3 O PROCESSO DE ENFERMAGEM E A CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM ......... 55 3 METODOLOGIA ............................................................................... 62 3.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................... 62 3.2 ELABORAÇÃO DA TEORIA DE MÉDIO ALCANCE DE AMAMENTAÇÃO ............................................................................... 62 3.2.1 Análise de conceito: amamentação .................................................... 63 3.2.2 Síntese das afirmações dos conceitos ................................................. 64 3.2.3 Modelagem da teoria de médio alcance de amamentação ............... 66 3.3 O PROCESSO DE ENFERMAGEM ORIENTADO PELA TEORIA DE AMAMENTAÇÃO ........................................................................ 68 3.3.1 Construção dos diagnósticos, resultados e intervenções de Enfermagem para amamentação ....................................................... 68 3.4 ASPECTOS ÉTICOS ............................................................................ 69 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................ 70 4.1 ANÁLISE DE CONCEITO DE AMAMENTAÇÃO ........................... 71 4.1.1 Definição do conceito: amamentação ................................................ 75 4.1.2 Atributo crítico da amamentação ...................................................... 80 4.1.3 Antecedentes da amamentação .......................................................... 82 4.1.3.1 Antecedente: condições biológicas da mulher e da criança .................. 82 4.1.3.2 Antecedente: percepção da mulher sobre a amamentação .................... 87 4.1.3.3 Antecedente: percepção da criança sobre a amamentação ................... 88 4.1.3.4 Antecedente: imagem corporal da mulher ............................................ 89 4.1.3.5 Antecedente: espaço para amamentar ................................................... 90 4.1.3.6 Antecedente: papel de mãe ................................................................... 91 4.1.3.7 Antecedente: sistemas organizacionais de proteção, promoção e apoio à amamentação ...................................................................................... 92 4.1.3.8 Antecedente: autoridade familiar e social ............................................. 97 4.1.3.9 Antecedente: tomada de decisão da mulher .......................................... 98 4.1.4 Consequentes da amamentação ......................................................... 100 4.1.4.1 Benefícios para a saúde da mulher ........................................................ 100 4.1.4.2 Benefícios para a saúde da criança ....................................................... 101 4.1.4.3 Benefícios ao relacionamento mãe-filho ............................................... 102 4.1.4.4 Benefícios sociais da amamentação ...................................................... 104 4.1.5 Indicadores empíricos da amamentação ........................................... 105 4.2 OS CONCEITOS DA TEORIA E SUAS AFIRMAÇÕES NÃO RELACIONAIS .................................................................................... 108 4.3 AS AFIRMAÇÕES RELACIONAIS ENTRE OS CONCEITOS DA TEORIA ................................................................................................ 111 4.4 A TEORIA DE MÉDIO ALCANCE DE AMAMENTAÇÃO ............ 119 4.4.1 Pressupostos da Teoria de Médio Alcance de Amamentação ........ 123 4.4.2 Proposições da Teoria de Médio Alcance de Amamentação .......... 124 4.5 O PROCESSO DE ENFERMAGEM ORIENTADO PELA TEORIA DE AMAMENTAÇÃO ........................................................................ 126 4.5.1 Diagnósticos de Enfermagem orientados pela teoria de amamentação ....................................................................................... 126 4.5.2 Intervenções de Enfermagem orientadas pela teoria de amamentação ....................................................................................... 133 4.5.3 Catálogo ou Subconjunto terminológico da CIPE® de amamentação ....................................................................................... 143 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 146 REFERÊNCIAS................................................................................... 151 18 1 INTRODUÇÃO 1.1 APROXIMAÇÃO COM A TEMÁTICA DE ESTUDO O cuidado à mulher e à criança sempre esteve presente em minhatrajetória, acadêmica e profissional. Ao concluir o curso de graduação em Enfermagem, iniciei o Curso de Especialização em Enfermagem de Saúde Pública oferecido pela Universidade Federal de Minas Gerais, que me possibilitou desenvolver, como temática de monografia, uma pesquisa qualitativa sobre o apoio da mãe da nutriz (avó materna) na decisão de amamentar tomada pela filha. Esse estudo me despertou para a importância da amamentação e do suporte familiar na vida da nutriz. Ao retornar a Vitória, com novas ideias e buscando novos desafios, organizei com outras duas enfermeiras, e, iniciei as atividades da Clínica de Aleitamento Materno do Espírito Santo. Realizávamos cursos para gestante, consultas de enfermagem e visitas domiciliares, orientando e auxiliando as mães nas dificuldades com a amamentação. Essa experiência foi inovadora no Espírito Santo e trouxe me muitos momentos de alegria, realização profissional, mas também frustrações e decepções com o pouco reconhecimento dado ao trabalho autônomo do enfermeiro. Durante seis anos atuei em uma maternidade municipal desenvolvendo atividades de orientação e assistência à mulher no trabalho de parto, no pós-parto, na amamentação, bem como de assistência ao recém-nascido. Também, participei da conquista pela Instituição do título de Hospital Amigo da Criança. Como docente, trabalhei quatro anos no curso de graduação em Enfermagem da Faculdade Brasileira-UNIVIX, lecionando as disciplinas de Semiologia e Semiotécnica I, Ética e Exercício Profissional e Enfermagem em Saúde da Mulher. Estive como docente e coordenadora da disciplina de Enfermagem em Saúde da Mulher do curso de graduação em Enfermagem da Escola Superior de Ciência da Saúde da Santa Casa de Misericórdia- EMESCAM, no período de 2005 a 2007. Na disciplina de Semiologia e Semiotécnica I utilizava para o ensino do processo de enfermagem o referencial teórico da Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta e as classificações de enfermagem: Taxonomia de Diagnósticos da North American Nursing Associacion (NANDA) e Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®). Buscando enriquecer minha atuação docente-assistencial, entrei no mestrado em Atenção à Saúde Coletiva, em 2005, e realizei a dissertação “Efeitos da Intervenção de 19 Enfermagem – Relaxamento no sistema imunológico das puérperas, possibilitou-me pensar sobre novas formas de cuidar, despertando-me para a necessidade de incluir intervenções diferenciadas no cotidiano da assistência de enfermagem, que pudessem modificar a realidade e a vida das mulheres assistidas. Ao ingressar, em 2007, na Universidade Federal do Espírito Santo como docente efetiva, desenvolvo atividades de ensino, extensão e pesquisa na disciplina de “Atenção à Saúde da Mulher, Criança e Adolescente”, especialmente na área de puerpério. Ao longo desse tempo, observei que conhecer os aspectos relacionados à prática da amamentação é fator fundamental no sentido de colaborar para que a mãe e a criança possam vivenciá-la de forma efetiva e tranquila, recebendo do profissional as orientações necessárias e adequadas para o seu êxito. O processo de cuidar em Enfermagem no pós-parto engloba um conjunto de ações de apoio e educação em saúde. Assim, a puérpera tem momentos de tranquilidade, de troca de afeto, no ato de amamentar e no cuidado com o bebê, mas também passa por momentos de tristeza, dor, insegurança e dificuldade. Desse modo, entendo a amamentação, por experiência profissional e pessoal, como um processo dinâmico e resultado de um conjunto de experiências construídas ao longo da vida que perpassam as gerações e são influenciadas pelas vivências nas relações familiares e pelo contexto em que se vive. Além disso, para que a mulher possa sentir-se segura para decidir pela amamentação, é importante que seja assistida e orientada a respeito de suas dúvidas e dos benefícios dessa decisão. A assistência à mulher realizada pelo enfermeiro é imprescindível no que tange a informá-la, orientá-la e apoiá-la para que a prática da amamentação seja efetiva. E para cumprir esse papel o enfermeiro necessita de conhecimentos e de habilidades para orientar adequadamente o cuidado da amamentação (SANTOS; FERRARI; TONETE, 2009). Essas questões despertaram meu interesse em ampliar o conhecimento acerca das possibilidades de novas bases para a atenção de Enfermagem à mulher, à criança e à família durante a amamentação. 1.2 PROBLEMATIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO São incontestáveis os inúmeros benefícios que a amamentação confere para crianças, mulheres, família e sociedade, como redução da morbimortalidade infantil; diminuição do risco de doenças crônicas; desenvolvimento da cavidade oral; diminuição da fertilidade após o parto e da probabilidade de desenvolver diabetes e alguns tipos de câncer de mama, de ovário e de 20 endométrio na mulher. Além disso, contribui para o estabelecimento de vínculos afetivos, é uma fonte de economia para a família e a sociedade, especialmente nos países em desenvolvimento (ARAÚJO et al., 2004; BRASIL, 2009, 2011; MORRIS, 2009; KRAMER; KAKUMA, 2012; BOCCOLINI et al., 2013; SILVEIRA et al., 2013). Mesmo conhecendo o valor atribuído ao leite humano e as vantagens da amamentação como fenômeno biológico e suas inúmeras virtudes como fator de desenvolvimento afetivo entre a mulher e seu filho, amamentar vem, ao longo da história da humanidade, apresentando variações quanto à frequência e duração, nas mais diversas sociedades. Este fato demonstra que as dificuldades encontradas para o início e a manutenção da prática da amamentação não são um problema atual, mas que percorre a nossa história. Muitos são os aspectos que afetam a maneira como as mulheres vão decidir alimentar seus filhos e o tempo durante o qual eles serão amamentados. Isso ocorre porque a prática da amamentação tem sofrido variações ao longo dos anos, devido aos fatores familiares, biológicos, psicológicos e socioculturais, fazendo-nos compreender que a amamentação não é um comportamento predominantemente instintivo no ser humano. A abrangência e complexidade da decisão pelo amamentar estão atreladas ao fato da amamentação ser um processo que envolve fatores culturais, sociais e políticos, sendo influenciada por diversos aspectos (SILVA et al., 2012). A decisão da mulher em amamentar está ligada a um ato intrínseco ao papel da mãe, uma experiência transmitida de mãe para filha, uma tradição familiar e influenciada por meio do discurso e da ação/apoio (PRIMO; CAETANO, 1999). A experiência bem-sucedida em relação à amamentação do filho anterior e as vivencias positivas de familiares e amigas influenciam na decisão da mulher pela amamentação exclusiva (TAKUSHI et al., 2008; MARQUES et al., 2010; STREET; LEWALLEN, 2013; CABRAL et al., 2013). O nível de escolaridade elevado da mãe e seu conhecimento sobre os benefícios da amamentação para o binômio mãe/bebê aumentam sua confiança e interferem em sua decisão pela amamentação (NUNES; OLIVEIRA; VIEIRA, 2009; CARRASCOZA et al., 2011; OSORIO-CASTAÑO; BOTERO-ORTIZ, 2012; SILVA et al., 2012; FURMAN; BANKS; NORTH, 2013). O sentimento de prazer na amamentação é vinculado ao amor incondicional da mãe pelo bebê, sendo um ato que estreita o vínculo afetivo entre ela e o filho (POLIDO et al., 2011). A amamentação é algo que faz parte da natureza feminina e deve ser valorizada, e as mulheres a consideram um dom divino, momento de realização, alegria, além dos benefícios ao filho (CATAFESTA et al., 2009). http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Carrascoza,%20Karina%20Camillo%22 http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Furman%20LM%22 http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Banks%20EC%22 http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22North%20AB%22 21 Durante a amamentação,os aspectos psíquicos e emocionais do binômio também são importantes, pois durante essa interação se estabelece a cumplicidade e o vínculo afetivo entre ambos; e embora a criança tenha uma necessidade nutricional de leite, suas demandas emocionais são intensas e necessita do contato com a mãe, de tranquilidade e de amor, recebidos enquanto mama. Em relação ao aspecto emocional, amamentar possibilita uma interação rica entre mãe e filho e uma satisfação mútua. O contato íntimo da pele e o olhar permitem que sintam prazer nesse ato e, com o passar do tempo, o amor vai aumentando a cada mamada, construindo uma base sólida, vinculando para sempre mãe e filho (ODDY et al., 2011; KIM et al., 2011; RYAN; TODRES; ALEXANDER, 2011; LIU; LEUNG; YANG, 2013; JULVEZ et al., 2014). Os bebês comunicam-se inicialmente por choro, gestos e ruídos; e manifestam diferentes tipos de choro que mães e pais, gradativamente, são capazes de distinguir, interpretando as necessidades dos filhos. Existem muitas razões para o choro da criança, incluindo desde adaptação extrauterina, fome, dor, incômodos e até mesmo os ambientes muito tensos (HOCKENBERRY; WILSON, 2011). No entanto, o choro associado à fome é sustentado pela cultura, em decorrência dos problemas relacionados à produção e qualidade do leite (STHEPHAN; CAVADA; VILELA, 2012), e também, estudos mostram que o choro e a fome da criança são, para as mães, determinantes para o desmame precoce (MARQUES; COTTA; PRIORE, 2011; ZAPANA et al., 2010). As crenças e mitos permeiam o discurso das nutrizes durante a amamentação, principalmente em relação a sua alimentação e em situações de baixa produção de leite real ou percebida e, dessa maneira, influenciam no seu sucesso (ARAGAKI; SILVA; SANTOS, 2008; STEPHAN; CAVADA; VILELA, 2012; TYLER; KIRBY; ROGERS, 2014). No pós-parto e durante todo o processo de amamentação, a mulher torna-se sensível às influências externas, e os membros da família, os amigos e os profissionais de saúde são os responsáveis pela maior interferência no processo de amamentação (MARQUES et al., 2010; CAETANO; NASCIMENTO; NASCIMENTO, 2011; GROSS et al., 2011; TWAMLEY et al., 2011; CHOUDHRY; WALLACE, 2012; BARNES et al., 2013). Além disso, os primeiros dias de amamentação são de extrema importância para o sucesso da amamentação exclusiva, pois é um período de aprendizado para a mãe e para a criança, como também de aparecimento das dificuldades no processo de amamentar. Nesse momento, os profissionais de saúde, familiares e amigos precisam apoiar e incentivar as mães (FUJIMORI et al., 2010; HENDERSON; http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Tyler%20L%22 http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Rogers%20C%22 22 REDSHAW, 2011; MAURI; ZOBBI; ZANNINI, 2012; BJÖRK et al., 2012; FURMAN; BANKS; NORTH, 2013). Estudo mostra que as mulheres querem ser ajudadas no cuidado da amamentação e consideradas em sua autenticidade e singularidade. Elas querem e precisam de um cuidado solícito, respeitoso e paciente, que não as domine, que não faça por elas, querem falar e querem ser ouvidas na forma de diálogo (OLIVEIRA M. I. C. et al., 2010). O incentivo à amamentação deve englobar ações que enfoquem a integralidade e a subjetividade da puérpera, que contribua para promover uma amamentação efetiva tanto para o recém-nascido como para a mãe (GORGULHO; PACHECO, 2008; ALVES et al., 2014). Desde 1981, o Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno vem propondo intervenções visando à promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno (AM) nas três esferas de gestão: federal, estadual e municipal. Atualmente, a Política Nacional de Aleitamento Materno está organizada em seis braços estratégicos: (1) promoção, proteção e apoio ao AM na Atenção Básica; (2) promoção, proteção e apoio ao AM com ênfase na atenção hospitalar; (3) Bancos de Leite Humano; (4) proteção legal ao AM; (5) divulgação/campanhas; e (6) monitoramento dos indicadores do AM (GIUGLIANI, 2010). Na Atenção Básica, as ações são por intermédio da estratégia Rede Amamenta Brasil, criada em 2008. Na Atenção Hospitalar, duas iniciativas: a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) e o Método Canguru. O terceiro braço estratégico é a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano com 198 bancos de leite e 73 postos de coleta distribuídos pelo Brasil. Dentre as ações relacionadas à proteção legal, o Brasil, a partir do Código Internacional de Substitutos do Leite Materno criou a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes, em 1988. Em 2006 foi criada a Lei nº 11.625, que regulamenta a promoção comercial e dá orientações do uso apropriado de alimentos para crianças de até três anos. Outra ação foi a ampliação da licença maternidade, de quatro para seis meses, em 2008, e a criação de Salas de Apoio à Amamentação nas empresas (GIUGLIANI, 2010). Entre as ações de divulgação, campanhas e mobilização social estão: comemoração da Semana Mundial de Amamentação; o Dia Nacional de Doação de Leite Humano; Projeto Carteiro Amigo e a participação do Corpo de Bombeiros Militares colaborando na tarefa de buscar leite humano ordenhado nas residências das doadoras. O último componente da Política é o monitoramento tanto das ações como das práticas de amamentação no País. Já ocorreram dois inquéritos nacionais no dia da campanha nacional de vacinação contra poliomielite, em 1999 e 2008. Além disso, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde é realizada a cada 10 anos (GIUGLIANI, 2010). 23 Além da Política Nacional de Aleitamento Materno, o Brasil participa de redes internacionais de proteção, promoção e apoio à amamentação, como a Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar – International Baby Food Action Network (Rede IBFAN) e a Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno – The World Alliance for Breastfeeding Action (WABA). A Rede IBFAN é formada por mais de 270 grupos de ativistas espalhados por cerca de 168 países e atua há mais de 30 anos para a melhoria da nutrição e saúde infantis. A missão da Rede é promover e defender o aleitamento materno e eliminar as práticas não éticas de mercadização de produtos que interferem negativamente na amamentação. A WABA é uma rede mundial de organizações e indivíduos que acreditam que a amamentação é um direito de todas as mulheres e crianças, e dedicam-se a proteger, promover e apoiar esse direito (CARVALHO; TAMEZ, 2010). Muitos avanços foram alcançados ao longo dos anos com as diferentes estratégias de proteção, promoção e apoio à amamentação. No entanto, nos diversos níveis de atenção, observa-se que as propostas de apoio estão contribuindo pouco para a autonomia e a participação das mulheres. Alguns estudos revelam que o cuidado de Enfermagem colabora para a participação da mulher no processo decisório no ciclo gravídico-puerperal. No entanto, existem limitações a essa participação, no momento em que o ato comunicativo das mulheres é bloqueado pela autoridade dos trabalhadores da Enfermagem e pela supremacia dos seus conhecimentos científicos (BUSANELLO et al, 2011). Percebe-se a necessidade de modificações na prática e no modo de cuidar da Enfermagem, não somente nos procedimentos técnicos, mas também na incorporação de valores e iniciativas humanizadoras do cuidado (ALMEIDA; SILVA, 2008). Estudo em unidades básicas de saúde demonstrou que, na maior parte das vezes, os profissionais não apoiaram ou desenvolveram apoio dúbio. Nos serviços, as mulheres ainda estão expostas ao falatório sobre a amamentação, que representa o excesso de informação e o autoritarismo do profissional de saúde para com elas. Existe um predomínio de impessoalidade, da atenção igual para todas ou da ausência de atenção (OLIVEIRA M. I. C. et al., 2010). Em relação ao incentivo à prática da amamentação exclusiva por parte dos profissionaisde Enfermagem, estudo verificou que essa contribuição não foi satisfatória, uma vez que as mulheres participantes relataram que passaram por dificuldades, por vezes de fácil solução, mas como não houve apoio e incentivo, acabaram abandonando a amamentação (BATISTA; FARIAS; MELO, 2013). O processo da amamentação deve ser visto sob a ótica da mulher para, dessa forma, compreender o que ela pensa sobre si mesma e reconhecer as influências contextuais e 24 efetivamente ajudá-la a ter clareza e confiança para a tomada de decisão livre de culpa, mesmo que essa decisão seja não amamentar. Esse olhar em relação à amamentação leva-nos a refletir sobre a necessidade de uma proposta de atenção que compreenda os fatores que influenciam a decisão da mulher, além da interação mãe-filho, buscando sistematizar uma assistência abrangente, holística e que perceba a mulher na sua totalidade. Frente a essas questões e buscando elementos que possam favorecer a interação do enfermeiro com a mulher e a criança, encontramos no Modelo Conceitual de Sistemas Abertos de King (1981) um modelo que envolve como um dos seus aspectos centrais a interação enfermeiro-cliente como fundamental para o estabelecimento e alcance de metas de saúde. O Modelo Conceitual de King apresenta, como um de seus pressupostos, que os indivíduos têm o direito de participar das decisões que influenciam suas vidas, sua saúde e sua comunidade. Ainda, compreende o ser humano como um ser social, que possui troca contínua com as pessoas em seu ambiente e que é capaz de sentir ou ter emoções (FAWCETT, 2005). O conhecimento dos conceitos do Modelo Conceitual e do processo de transação vai ajudar os enfermeiros a se concentrarem no fato de que todos os indivíduos devem ser respeitados como seres humanos de igual valor e que têm o seu próprio conjunto de valores (KING, 1999). Além disso, a prestação do cuidado é descrita como um processo interpessoal e dinâmico, no qual a equipe de Enfermagem e o paciente são afetados pelo comportamento um do outro, assim como pelo sistema de saúde (KING, 1981). Para que o enfermeiro aplique uma teoria de Enfermagem, precisa aprofundar o estudo sobre as proposições, pressupostos e conceitos da teórica, interagir de forma especial e ter afinidade com a visão de mundo do autor. Essa afinidade é percebida quando o enfermeiro se identifica com o referencial, se coloca presente, vive e sente as mesmas determinações que regem as ideias da teoria proposta (ROSA et al., 2010). O Modelo de King tem como meta ajudar os indivíduos a manter um estado saudável e, assim, ajudá-los a desempenhar seus papéis na sociedade. A meta global dos enfermeiros é promover a saúde, prevenir a doença e se preocupar com o paciente. Para isso, os enfermeiros devem dar ênfase às metas a serem alcançadas na situação de Enfermagem, aproximando-as da realidade e ajudando a verificar as percepções dos pacientes e a precisão dos dados levantados durante o processo de Enfermagem (MOREIRA; ARAUJO, 2002). O processo de Enfermagem proposto por King compreende cinco elementos: uma base de dados, uma lista de problemas, uma lista de objetivos, um plano e a evolução. Esse processo 25 de Enfermagem encontra-se permeado de ação e reação, pois os indivíduos são seres reagentes, e pautado no diagnóstico e na busca da resolução dos problemas, que somente será alcançada se ocorrer uma interação efetiva entre enfermeira-paciente (KING, 1981; KILLEEN; KING, 2007). De acordo com King (2007), os quatro conceitos da teoria de alcance de metas (percepção, comunicação, interação, transação) foram selecionados para formar o processo de transação, que proporciona o conhecimento teórico utilizado para implementar o método de processo de Enfermagem de investigar, diagnosticar, planejar, implementar e avaliar os cuidados. Outra dimensão relativa a estes processos é a relação com os sistemas de classificação de Enfermagem. O processo de Enfermagem é um sistema de atividades cognitivas, afetivas e comportamentais do enfermeiro e é baseado no conhecimento que é organizado em taxonomias de Enfermagem, ou seja, as classificações de Enfermagem (KILLEEN; KING, 2007). A utilização de sistemas de classificação permite uma melhoria na qualidade da assistência de Enfermagem, por meio da sistematização, registro e quantificação do que os componentes da equipe de Enfermagem produzem, contribuindo assim para a tomada de decisão, do agrupamento e da comparação de dados para a inclusão em sistemas de informação em saúde (NÓBREGA; GARCIA, 2005). A Enfermagem conta com diversos sistemas de classificação que, desde a década de 1970, vêm se aprimorando e, no final da década de 1980, alguns sistemas já tinham sido desenvolvidos internacionalmente, entre os quais os mais conhecidos e aplicados são: a Taxonomia da Associação Norte Americana de Diagnósticos de Enfermagem (North American Nursing Diagnosis Association, NANDA Internacional), a Classificação de Intervenções de Enfermagem (Nursing Interventions Classification, NIC), a Classificação de Resultados de Enfermagem (Nursing Outcomes Classification, NOC) e a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®) (FURUYA et al., 2011). Embora existam vários sistemas de classificação, neste estudo optamos por usar a CIPE®, por ser considerada um sistema de linguagem unificada em Enfermagem e, desde 2008, ter sido reconhecida como membro da família de classificações na Organização Mundial de Saúde (OMS). Por ser um padrão internacional, a CIPE® facilita a coleta e a análise de dados de Enfermagem entre populações, serviços, idiomas e diferentes regiões geográficas (CUBAS; SILVA; ROSSO, 2010; PRIMO et al., 2013). A CIPE® é uma tecnologia de informação em desenvolvimento. Desde a sua primeira publicação, em 1996, vem sendo aprimorada e ampliada, e também utiliza métodos práticos 26 para a elaboração dos diagnósticos e das intervenções, facilitando a realização do processo de Enfermagem e contemplando aspectos que não são abordados por outras classificações diagnósticas existentes (NOBREGA; GARCIA, 2009; PRIMO et al., 2010). Neste momento em que as pesquisas apontam a necessidade de novas propostas, as publicações da teórica King na área do cuidado podem trazer transformações e ser uma das bases essenciais para o aprimoramento de novas metodologias para o cuidado sistematizado a mulheres e crianças durante a amamentação. Baseando-nos em pressupostos humanísticos para subsidiar cientificamente o cuidado de Enfermagem, encontramos esse referencial em diversos estudos, abordando sua utilização em diferentes realidades da prática de Enfermagem (VIEIRA; ROSSI, 2000; SOUTO; GARCIA; COLER, 2000; FUNGHETTO; TERRA; WOLFF, 2003; SOUZA; MARTINO; LOPES, 2007; BEZERRA et al., 2010). Essa foi uma das razões que influenciaram na escolha do referencial de King como proposta para subsidiar a elaboração de uma teoria de Enfermagem de amamentação. A aplicação de referenciais teóricos na assistência de Enfermagem visa nortear a efetivação de ações de cuidar que privilegiem o ser humano, no sentido de restabelecer a saúde por meio do cuidado de Enfermagem. As proposições das teorias de Enfermagem contribuem na organização do cuidado (MCEWEN; WILLS, 2009). Faz-se necessário um avanço no estudo de teorias e de todos os seus componentes, pois estas são essenciais para o desenvolvimento da Enfermagem, e sua utilização na prática é capaz de promover o conhecimento como base de uma estrutura que guia as ações da profissão (FAWCETT; ALLIGOOD, 2005; ROSA et al., 2010). Teoria é definida como uma ou mais conceituações relativamente concretas e específicas que são derivadas de um modelo conceitual e de suas proposições, com afirmações concretas e relações específicas entre dois ou mais conceitos (FAWCET, 2005). Walker e Avant (2005) definem teoria de Enfermagemcomo uma conceitualização articulada da realidade, com a finalidade de descrever, explicar, prever ou prescrever os cuidados de Enfermagem. O desenvolvimento de teorias de Enfermagem permite a explicitação dos referenciais teóricos que justificam as diferentes práticas da profissão e, assim, a construção de projetos coletivos e de discursos próprios da disciplina de Enfermagem (ROSA et al., 2010). Uma das prioridades em ciência da Enfermagem é o desenvolvimento de teorias de médio alcance que são significativas e aplicáveis à prática de Enfermagem. Teorias de médio alcance contêm um número limitado de variáveis e relações testáveis, e ainda fornece generalidade suficiente para ser cientificamente interessante. O desenvolvimento da teoria de 27 médio alcance pode ocorrer indutiva e dedutivamente, evoluindo da prática para a teoria, ou das grandes teorias para a prática. Em contraste, as grandes teorias de Enfermagem retratam uma gama de complexidades inerente à prática de Enfermagem, mas muitas vezes são muito amplas ou abstratas para orientar diretamente as intervenções de Enfermagem (FAWCETT; ALLIGOOD, 2005). Um grande número de teorias de médio alcance utilizadas em Enfermagem é emprestado de outras disciplinas e, embora sejam extremamente úteis, muitas vezes não são aplicadas de forma adequada, pois não capturam as dimensões essenciais da prática da Enfermagem. As teorias de médio alcance abordam fenômenos relativamente concretos e específicos, declarando o que eles são, por que ocorrem e como ocorrem. Também apoiam o entendimento das conexões entre os diagnósticos, resultados e intervenções (MCEWEN; WILLS, 2009). Inúmeras estratégias, tais como síntese, derivação e análise, foram propostas para o desenvolvimento de teorias de médio alcance que são específicas para a Enfermagem (WALKER; AVANT, 2005). É essencial que os enfermeiros avaliem as terias a serem utilizadas, para maior auxílio à prática e desenvolvimento da Enfermagem, assim como para a elaboração de uma assistência mais sistematizada. Observa-se um maior número de estudos que utilizam os referenciais teóricos para a fundamentação de achados em diversas áreas da Enfermagem (ROSA et al., 2010). A assistência planejada, fundamentada teórica e cientificamente com o levantamento de dados e a identificação dos diagnósticos segundo uma classificação, de forma individualizada, considerando o contexto em que a puérpera está inserida, é fundamental. A Enfermagem pode contribuir significativamente quando, assentada em um referencial teórico, implementa intervenções focadas nas reais necessidades da puérpera, qualificando assim o cuidado dispensado. Então, a aplicação do processo de Enfermagem na assistência à mulher durante a amamentação pode favorecer a comunicação entre a equipe de Enfermagem, e a documentação dos cuidados prestados à mulher e à criança. Um referencial teórico como o Modelo Conceitual de Sistemas Abertos de King, aplicado na prática do cuidado prestado às mulheres, crianças e famílias durante o processo de amamentação, é um importante recurso para superar a rigidez das práticas que engessam o encontro de cuidado, promovendo, assim, uma interação com diálogo mais sensível às percepções individuais das mulheres. Além disso, por esse referencial considerar como fundamento básico para o cuidado a 28 participação ativa nos movimentos/ações para alcançar uma meta que provoca mudança nos indivíduos, ele pode contribuir para quebrar barreiras que dificultam o momento do encontro dos enfermeiros com o binômio mãe-filho no puerpério e também com suas famílias. Dessa forma, emergiu neste estudo a seguinte questão: que relações teóricas podem ser estabelecidas entre os elementos do processo de amamentação e os conceitos do referencial teórico de King para constituição de uma teoria de médio alcance? Com a finalidade de contribuir para a assistência de Enfermagem à mulher e à criança em processo de amamentação, esta pesquisa tem como objeto de estudo, as relações teóricas entre os elementos do processo de amamentação e o Modelo Conceitual de Sistemas Abertos de King. 1.3 OBJETIVO GERAL Elaborar uma teoria de médio alcance de amamentação, com base no Modelo Conceitual de Imogene King. 1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Descrever o fenômeno da amamentação. Identificar os conceitos relacionados ao processo de amamentação. Estabelecer relações teóricas entre os conceitos do processo de amamentação e os elementos do Modelo Conceitual de King. Modelar o processo de amamentação. Elaborar diagnósticos, resultados e intervenções de Enfermagem da CIPE® para aplicação do processo de Enfermagem orientado pela teoria de médio alcance de amamentação proposta neste estudo. 1.5 RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO Para organizar e sistematizar a assistência de Enfermagem, deve-se aplicar o processo de Enfermagem que, segundo a Resolução 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) está organizado em cinco etapas inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes, 29 que são: coleta de dados (ou histórico), diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2009). O Processo de Enfermagem deve estar baseado num suporte teórico que oriente a coleta de dados, o estabelecimento de diagnósticos de Enfermagem e o planejamento das ações ou intervenções de Enfermagem; e que forneça a base para a avaliação dos resultados de Enfermagem alcançados (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2009). O processo de Enfermagem e a elaboração dos diagnósticos de Enfermagem relacionados à saúde da mulher e da criança e em especial voltados para a amamentação, proporcionam o embasamento de intervenções apropriadas e o alcance dos resultados positivos no cuidado ao binômio mãe-filho (PRIMO et al., 2013; SILVA et al., 2013) Diversos estudos com foco no processo de Enfermagem têm sido desenvolvidos. Contudo, encontraram-se poucos estudos voltados exclusivamente para a elaboração de diagnósticos, resultados e intervenções na área da amamentação (PAES de OLIVEIRA S. K. et al., 2010; VIEIRA et al., 2010; CHAVES et al., 2011; SILVA et al., 2013). Nesse sentido, buscando melhor conhecer a produção do conhecimento da Enfermagem na área da saúde da mulher, realizou-se uma revisão integrativa da literatura com o objetivo de avaliar a produção científica acerca do processo de Enfermagem nessa área. Realizou-se uma busca nas bases Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (MEDLINE) e Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) a partir da pergunta norteadora “Quais os estudos disponíveis na literatura acerca do processo de Enfermagem na saúde da mulher?”, e com os descritores: “diagnóstico de Enfermagem, processos de Enfermagem, classificação e saúde da mulher”. Esses descritores foram selecionados por fazerem parte da lista dos Descritores em Ciências da Saúde (DECs) e Medical Subject Headings (MESH). Em virtude do quantitativo de artigos encontrados, optou-se por trabalhar com os artigos identificados a partir do cruzamento dos descritores de dois em dois. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados em português, inglês e espanhol até o ano de 2012. Os critérios de exclusão foram: editoriais, cartas ao editor, monografias, teses, resumos de congresso ou eventos científicos e artigos de revisão de literatura. A busca foi realizada em março de 2013. A partir desses critérios obteve-se um total de 683 estudos e, após leitura e análise dos resumos, foram excluídos 629 que não respondiam a pergunta norteadora ou eram repetidos. Ao final, foram selecionados 54 artigos, sendo 35 artigos da base LILACS, 15 da CINAHL e 4 do MEDLINE. 30 Quanto ao período de publicação, os primeiros artigos que abordavam o processode Enfermagem na área da saúde da mulher foram publicados em 1992 e tratavam sobre elaboração de diagnósticos de Enfermagem para a gestante adolescente e identificação das características definidoras do diagnóstico de Enfermagem: disfunção sexual. Houve um crescimento no número de publicações ao longo dos anos, com os maiores percentuais em 2005 e 2010 (11,1% cada) e 2006 e 2008 (9,2% cada). Em relação às áreas temáticas da saúde da mulher, 57,1% dos artigos referem-se ao ciclo gravídico puerperal, abordando a gestação (32,6%), o parto e o puerpério (18,4%) e a amamentação (6,1%); ainda 18,4% abordam assuntos de oncologia, 16,3% ginecologia e 8,2% clientelas específicas como: a mulher idosa, mulheres em situação de rua, fumantes e hipertensas. Quanto ao idioma e nacionalidade, 86,2% foram publicados em português e no Brasil, e 13,8% em inglês e em revistas estrangeiras, sendo que, destas, uma de produção brasileira. Dos estudos provenientes do Brasil, 42,9% é da região Sudeste, 36,7% da Nordeste, 12,2% da Centro-Oeste e 8,2% da Sul, sendo que foram realizados nos Estados de São Paulo (40,8%), Ceará (24,4%), Paraná, Paraíba, Mato Grosso do Sul e Goiás (6,2% cada), Alagoas, Recife, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte (2,0% cada). Em relação ao referencial teórico, 63,2% não informaram ou utilizaram qualquer apoio teórico, no entanto, a Teoria do Autocuidado de Orem (12,3%), os Padrões Funcionais de Gordon (8,2%), a Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Horta (6,2%), o Sistema Conceitual de King e o Modelo de Adaptação de Roy (4,0% cada) e a Teoria de Intervenção Práxica de Enfermagem em Saúde Coletiva (2,0%) foram os modelos teóricos mencionados. Quanto aos sistemas de classificação, 6,1% dos estudos não utilizaram qualquer taxonomia, enquanto NANDA (75,5%), CIPE Beta 2 (8,2%), CIPE 1.0 (6,2%), CIPE Alfa (2,0%) e CIPESC (2,0%) foram citadas. Dos métodos utilizados nas pesquisas, descritivo, estudo de caso e ensaio clínico randomizado foram verificados com 79,6%, 18,5% e 1,8% respectivamente. Buscando avaliar a produção na área específica da amamentação, dos 54 estudos, 3 artigos descritivos tratavam da amamentação, como segue no Quadro 1: 31 Quadro 1 - Artigos relacionados à saúde da mulher na área da amamentação. Título Ano Periódico Sistema de Classificação Região Utilização do diagnóstico de Enfermagem segundo a classificação da NANDA, para a sistematização da assistência de Enfermagem em aleitamento materno. 1997 Revista Latino- Americana de Enfermagem NANDA São Paulo Diagnóstico de Enfermagem amamentação ineficaz- Estudo de identificação e validação clínica. 2005 Acta Paulista de Enfermagem NANDA São Paulo Amamentação: a prática do enfermeiro na perspectiva da Classificação Internacional para Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva. 2011 Revista de Escola de Enfermagem da USP CIPE® Paraná Fonte: PRIMO; BRANDÃO, 2015. O primeiro artigo descreve a reformulação de um instrumento utilizado na consulta de Enfermagem à puérpera, com base na classificação dos diagnósticos de Enfermagem, segundo a Taxonomia I da NANDA, e identificar os diagnósticos de Enfermagem mais frequentes relacionados à amamentação a partir da utilização desse instrumento, verificou que os diagnósticos encontrados em percentuais acima de 50%, que foram: déficit de conhecimento (100,0%); distúrbio no padrão do sono (75,0%); alteração no padrão de sexualidade (75,0%); amamentação ineficaz (66,6%) e mobilidade física prejudicada (66,6%) (ABRÃO; GUTIERREZ; MARIN, 1997). A segunda pesquisa desenvolvida em uma unidade de puerpério e em um Ambulatório de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo, com amostra de 124 mulheres e crianças que estavam em processo de amamentação, e teve como objetivo a identificação e validação clínica das características definidoras do diagnóstico de Enfermagem “Amamentação Ineficaz”, segundo a NANDA, encontrou que as características definidoras identificadas com maior frequência foram “processo de aleitamento materno insatisfatório”, “ferimento do mamilo na primeira semana” e “falta de manutenção da sucção da mama”. Os resultados encontrados permitiram concluir que as características definidoras propostas pela NANDA para o diagnóstico “amamentação ineficaz” foram validadas clinicamente (ABRÃO; GUTIERREZ; MARIN, 2005). O último estudo descreve os diagnósticos e as intervenções de Enfermagem sob a perspectiva da Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva (CIPESC®) na atenção à Saúde da Mulher, subtema Pré-Natal e Puerpério, correlacionando-os 32 com as competências do Enfermeiro no Programa Mãe Curitibana. Os dados utilizados foram os diagnósticos e intervenções gerados nas consultas de Enfermagem nos meses de abril a julho de 2005 e verificou que o diagnóstico “amamentação adequada” foi o mais frequente e as intervenções mais acionadas relacionam-se ao fortalecimento da usuária frente ao processo saúde-doença (68,9%) (CHAVES et al., 2011). Assim, pode-se notar que a organização da assistência de Enfermagem no cuidado da mulher que amamenta não está entre os estudos mais frequentes desenvolvidos pela Enfermagem no Brasil nos últimos anos. Vale destacar que, dentre as taxonomias utilizadas, um estudo aplicou a CIPE® e nenhum estudo utilizou o referencial teórico de King para organizar a assistência. Nesse sentido, a elaboração de diagnósticos, resultados e intervenções de Enfermagem utilizando a taxonomia CIPE® para a aplicação do processo de Enfermagem durante o cuidado da amamentação pode contribuir para a identificação de prioridades de atendimento, indicando os conteúdos essenciais a serem abordados em processos educativos e nas pesquisas na área de intervenções de Enfermagem. No que tange à assistência de Enfermagem, este estudo poderá trazer subsídios à organização do cuidado por meio de uma teoria de Enfermagem que irá embasar o processo de Enfermagem, além de poder selecionar ações de Enfermagem adequadas às necessidades específicas para promoção, prevenção e o apoio à mulher em amamentação. Em relação ao processo de formação, esses conhecimentos poderão inovar nos processos de ensino-aprendizagem, ao promover uma articulação mais efetiva entre a assistência e o ensino ao facilitar a compreensão dos acadêmicos quanto à relação entre uma teoria de Enfermagem e os diagnósticos-intervenções e as necessidades de cada cliente em específico. Em relação à pesquisa em Enfermagem, serve de estímulo para o desenvolvimento de novos estudos que visem à elaboração de teorias de Enfermagem voltadas para as diversas temáticas da área da saúde da mulher. Além disso, esta investigação poderá dar visibilidade ao trabalho do enfermeiro no atendimento às nutrizes, já que a sua realização implica na elaboração de uma teoria de Enfermagem para amamentação amparada em bases científicas. Desse modo, busca-se ampliar o conhecimento na área das tecnologias para o cuidado de Enfermagem e esta pesquisa poderá contribuir com os estudos que vem sendo desenvolvidos pelo grupo de pesquisadores do Grupo CUIDAR: Ensino e Pesquisa em Enfermagem do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo na linha de pesquisa 33 Processo de Cuidar em Enfermagem, visando contribuir para o desenvolvimento metodológico e tecnológico da profissão no estado do Espírito Santo. Vale destacar que a pesquisa tem como objetivo a elaboração de uma teoria de Enfermagem, sendo de grande relevância e aprofundamento teórico, pois a construção do conhecimento específico em Enfermagem deriva de questões conceituais e assim, vem contribuir para o avanço e a consolidação das bases do conhecimento da Enfermagem Fundamental. A Enfermagem Fundamental é um dos pilares que sustentam a prática de Enfermagem, abrangendoo referencial ético-filosófico e histórico da profissão. Envolve princípios (científicos, éticos), conceitos (metaparadigmáticos - saúde, ser humano, ambiente e Enfermagem) e teorias que norteiam as ações da profissão, na realização dos cuidados básicos (SILVA; FERREIRA, 2014). A Enfermagem Fundamental não tem um campo de atuação específico, próprio ou particular, pois ela permeia a Enfermagem em sua inteireza, seu conceito e sua prática, subsistindo em todos os possíveis campos da ação e setores da atuação e da totalidade profissional (CARVALHO, 2013). Nesse sentido, este estudo alinha-se com os objetos de pesquisa do Núcleo de Pesquisa de Fundamentos do Cuidado de Enfermagem (NUCLEARTE), do Departamento de Enfermagem Fundamental, da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro, dentro da Linha de Pesquisa: Concepções Teóricas, Cuidados Fundamentais e Tecnologias da Enfermagem. Assim, contribuirá para o desenvolvimento da Enfermagem Fundamental. Dentro do NUCLEARTE, este estudo faz parte do corpo de pesquisas desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisa em Tecnologias e Concepções para a Sistematização da Assistência de Enfermagem (TECCONSAE), coordenado pelo Prof. Dr. Marcos Antônio Gomes Brandão, inserida na linha: Tecnologias e Estratégias para Sistematização da Assistência de Enfermagem. Essa pesquisa produz continuidade à organização do conhecimento de Enfermagem alicerçado nas concepções, modelos e políticas da instituição e aspectos do entorno, junto a outros estudos já desenvolvidos e em fase de elaboração pelo grupo de pesquisa, a saber: a tese intitulada “Proposição de uma teoria de Enfermagem para o processo de interação em ambientes virtuais”, de Jaqueline Santos de Andrade Martins; bem como a tese “Padrões de conhecimento em Enfermagem que fundamentam as intervenções de Enfermagem no curso da aprendizagem do cuidado”, de Beatriz Fernandes Dias, e da tese em desenvolvimento intitulada “Estrutura teórica 34 de Enfermagem orientadora do cuidado disciplinar em CAPSAD compatível com o modelo de integralidade da saúde”, de Wilson Denadai. Ainda, na linha de pesquisa Tecnologias e Estratégias para Sistematização da Assistência de Enfermagem, essa pesquisa contribui na produção de uma tecnologia para a organização do Processo de Enfermagem e Sistematização da Assistência de Enfermagem. Entende-se tecnologia como um conjunto de saberes e fazeres que está relacionado a produtos e materiais, os quais determinam técnicas, métodos, procedimentos e ferramentas para a aplicação no cuidado e nos processos de trabalho e se constituem em instrumentos para realizar ações na produção da saúde. A tecnologia encontra-se presente em todas as etapas de cuidado de Enfermagem, sendo considerada ao mesmo tempo processo e produto (ROCHA et al, 2008). Os profissionais podem utilizar diferentes tipos de tecnologia, que são: tecnologia dura, quando se utilizam instrumentos, normas e equipamentos tecnológicos; tecnologia leve-dura, quando se empregam os saberes estruturados (teorias, modelos de cuidado, processo de Enfermagem); e tecnologias leves, as quais requerem o estabelecimento de relações para implementação do cuidado (vínculo, gestão de serviços e acolhimento) (MERHY, 2002). Na Enfermagem existem as tecnologias educacionais, assistenciais e gerenciais, sendo que: as tecnologias educacionais são os processos de educação formal-acadêmica e formal- continuada que estão relacionadas com o processo de aprender e ensinar. Tecnologias assistenciais ou de cuidado estão relacionadas com o cuidar, envolve os profissionais e os clientes em diferentes níveis de atenção e, por meio de investigações, aplicações de teorias e da experiência cotidiana com esta população, contribui com o desenvolvimento técnico-científico, com ações sistematizadas, processuais e instrumentais para a prestação de um cuidado qualificado ao ser humano. As tecnologias gerenciais são usadas nos processos de gestão por profissionais da área da saúde (NIETSCHE, 2005). Vale ressaltar que a taxonomia CIPE® é um instrumental tecnológico que visa padronizar a linguagem de Enfermagem para uso nos sistemas de informação em saúde e um guia para a documentação do produto do trabalho da Enfermagem, de forma que ele possa ser mensurável para se avaliar a qualidade do serviço prestado na instituição. Essa classificação destaca a assistência do enfermeiro do trabalho de outros profissionais, proporcionando assim autonomia e visibilidade ao cuidado prestado e os benefícios que acarreta ao cliente (NOBREGA; GARCIA, 2009). Dessa forma, a elaboração de uma teoria de médio alcance e a organização de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem utilizando a taxonomia CIPE® 35 encontram-se dentro do escopo de tecnologias leve-duras e de cuidado, e nesse sentidocontribuiremos com a ampliação do corpo de conhecimento tecnológico construído pela Enfermagem, propondo novas tecnologias de cuidado. Devemos lembrar que a Enfermagem é considerada uma ciência do campo do conhecimento aplicado na grande área da saúde e enquanto tal alinha‐se às políticas de saúde de uma forma mais geral. Assim, as pesquisas em Enfermagem buscam estar em consonância com a Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde, que tem como pressuposto respeitar as necessidades nacionais e regionais de saúde e aumentar a indução seletiva para a produção de conhecimentos e bens materiais e processuais nas áreas prioritárias para o desenvolvimento das políticas sociais (BRASIL, 2008). Faz parte da agenda de prioridades os temas: “amamentação e alimentação complementar da criança” e “amamentação: tipologias, duração e fatores condicionantes, ideologias e condutas relacionadas com a amamentação e alimentação da criança, avaliação das atividades de promoção nos serviços de saúde”. Bem como também está entre as prioridades da agenda o “desenvolvimento e validação de metodologias”; dentre os pontos da subagenda encontra se a temática “métodos de informação, comunicação e educação”. Tendo em vista a contribuição desse estudo nos temas da agenda de prioridades em saúde, presume-se que a elaboração de uma teoria sobre amamentação será relevante para várias disciplinas da grande área, em especial para os profissionais de saúde da equipe multiprofissional que atua junto à mulher, à criança e à família durante a amamentação. De acordo com os manuais do Ministério da Saúde, o profissional de saúde deve fornecer atendimento humanizado e seguro às mulheres, recém-nascidos, familiares, acompanhantes e visitantes e ser capaz de acolhê-los. As atividades desempenhadas pela equipe multiprofissional de aconselhar e apoiar a puérpera tem como objetivo comum a adesão da mãe à amamentação e à nutrição adequada do recém-nascido. No entanto, as atividades desempenhadas pelos profissionais dependem da área de atuação de cada um, sendo que o papel de informar é de responsabilidade de todos os profissionais de saúde, além disso, estes devem ter conhecimento e habilidade na assistência clínica durante a amamentação (BRASIL, 2009; 2011). 36 2 REFERENCIAL TEÓRICO Este tópico é destinado a apresentar o marco classificatório da teoria proposta e o marco teórico-filosófico que embasou a teoria de amamentação. 2.1 O MARCO CLASSIFICATÓRIO DA TEORIA 2.1.1 O conhecimento de Enfermagem A Enfermagem é considerada para alguns autores como uma ciência prática (ALLIGOOD, 2010; OREM; TAYLOR, 2011), uma disciplina (FAWCETT, 2005; ROSA et al. 2010), ou ainda uma disciplina orientada para a prática (WALKER; AVANT, 2005; MELEIS, 2012). A ciência da Enfermagem segundo Barrett (2002) é definida como “o conhecimento substantivo, específico à disciplina, que enfoca o processo humano-universo-saúde articulado nas estruturas e teorias de Enfermagem”. Além disso, refere que a geração do
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