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Adriana-Martiliano

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
 
ADRIANA FERREIRA MARTILIANO DE MIRANDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DETERMINAÇÃO DOS TEORES DE FLAVONAS E FLAVANONAS EM CASCAS 
DE FRUTAS CÍTRICAS CULTIVADAS NO BRASIL PARA POSTERIOR 
ISOLAMENTO E APLICAÇÃO NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS E 
FARMACÊUTICA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 RIO DE JANEIRO 
2013 
Adriana Ferreira Martiliano de Miranda 
 
 
 
DETERMINAÇÃO DOS TEORES DE FLAVONAS E FLAVANONAS EM CASCAS 
DE FRUTAS CÍTRICAS CULTIVADAS NO BRASIL PARA POSTERIOR 
ISOLAMENTO E APLICAÇÃO NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS E 
FARMACÊUTICA. 
 
 
 Volume 1 
 
Dissertação de Mestrado apresentada 
ao Programa de Pós-Graduação em 
Ciências de Alimentos, Instituto de 
Química, Universidade Federal do Rio 
de Janeiro, como requisito parcial à 
obtenção do título de Mestre em 
Ciências de Alimentos 
 
 
Orientadores: Prof. Dra. Adriana Farah 
 Dr. Antonio Gomes Soares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2013 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
M672 
Miranda, Adriana Ferreira Martiliano de. 
 Determinação dos teores de flavonas e flavanonas em 
cascas de frutas cítricas cultivadas no Brasil / Adriana Ferreira 
Martiliano de Miranda. -- Rio de Janeiro: UFRJ/IQ, 2013. 
 136f.: il. 
 
 Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade 
Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Química, Programa de 
Pós-Graduação em Ciência de Alimentos, Rio de Janeiro, 2013. 
 
 Orientadores: Adriana Farah e Antonio Gomes Soares. 
. 
 1. Flavonoides. 2. Frutas citricas. 3. Flavonas. 4. 
Flavanonas. 5. HPLC. I. Farah, Adriana. (Orient.). II. Soartes, 
Antonio Gomes. (Orient.). III. Universidade Federal do Rio de 
Janeiro. Instituto de Química. Programa de Pós-Graduação em 
Ciências de Alimentos. III. Título. 
CDD: 
 
 
 
 
CDD: XXXX. 
 
 AGRADECIMENTOS 
 
Primeiramente a Deus minha fonte de inspiração, sabedoria, conhecimento 
e força. 
A todos os que estiveram do meu lado desde o início nessa conquista. 
À Dra Adriana Farah, por suas orientações serei eternamente grata. 
Ao Dr Antonio Gomes obrigada de coração pela confiança, orientação, 
incentivo e amizade; faltam-me palavras para expressar tamanha gratidão. 
Aos meus pais Carlos e Heloisa pela amizade, estímulo, conselhos, 
orações e todo investimento feito ao longo de toda minha jornada. Em especial à 
minha mãe a quem gostaria de honrar por ser minha companheira de dias, noites 
e madrugadas ficando ao meu lado acordada e lembrando-me o quão grandioso é 
nosso Deus e o quanto Ele pode fazer. 
Às minhas irmãs Andressa e Simone que nos momentos de dificuldade com 
palavras e atitudes singelas me fizeram sorrir e ver o lado bom das coisas. 
Às minhas grandes amigas Juliana, Henriqueta, Jeane, Alexandra, Geyza e 
Andressa Moreira. Sou grata a Deus por colocar vocês em minha vida e por terem 
lutado comigo não me deixando desistir e por muitas vezes me emprestarem seus 
livros, ombros e ouvidos. “Vocês são presentes de Deus, amigas mais chegadas 
do que irmãs.” 
Aos amigos, em especial, Augusto César por todo companheirismo, 
incentivo, dicas, conselhos e auxílio nos estudos. Ao Uelton, Daniel Cruz, Cristian 
Renê por cederem seus ouvidos nos momento de desabafo quase intermináveis. 
Aos meus líderes e amigos Pedro Brum, Geyza, Uelton, os Baraldinis 
(Vânia, Viviane e Wagner) e em especial minha Avó Aldaléia que pagaram o preço 
de oração por mim para que subisse mais esse degrau. 
Aos funcionários e estagiários do laboratório de Fisiologia Pós-Colheita da 
Embrapa por toda ajuda, em especial, Rodrigo Campos, sem vocês esse sonho 
não teria sido realizado. E os funcionários e estagiários do laboratório 
Cromatografia líquida da Embrapa por toda ajuda. 
À Embrapa por ceder gentil e prontamente suas instalações, laboratórios, 
equipamentos, funcionários e estagiários. 
A todos os professores, coordenadores e funcionários do Programa de Pós-
graduação em Ciência dos Alimentos da Universidade Federal do Rio de Janeiro 
por toda compreensão e por consentir a oportunidade de obter o título de Mestre. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tem que arriscar. Se não arriscar, não faz novas descobertas”. Adriana Farah 
 
 
 "O óleo e o perfume alegram o coração; assim o faz a doçura do amigo 
pelo conselho cordial". (Provérbios 27 : 9) 
 
 
“Guardemos firme na confissão da esPêrança pois quem fez a promessa é 
Fiel”. (Hebreus 10 :23) 
 
 
“Grandes guerreiros são forjados de grandes desafios; e ao término de 
cada desafio não só demonstra sua capacidade em uma área de conhecimento, 
mas demonstra sua capacidade para metas que excedem o próprio 
entendimento”. 
André de Macedo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
MIRANDA, Adriana Ferreira Martiliano. Biblioteca e memória: Determinação dos 
teores de flavonas e flavanonas em cascas de frutas cítricas cultivadas no Brasil 
para posterior isolamento e aplicação nas indústrias de alimentos e farmacêutica. 
Rio de Janeiro, 2013. Dissertação (Mestrado em Ciência de Alimentos) - Instituto 
de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. 
 
As frutas cítricas, de modo geral, são de grande relevância para a 
sociedade, por conterem nutrientes e compostos bioativos importantes para a 
saúde humana, como a vitamina C e flavonoides, que atuam na prevenção de 
diversos tipos de doenças. Mais de 850 mil toneladas de subprodutos, incluindo as 
cascas dos frutos ricas em flavonoides, são descartadas por ano pelas indústrias 
citrícolas, após a obtenção de suco. Este trabalho objetivou a identificação e a 
quantificação de flavonoides em cascas de frutas cítricas cultivadas no Brasil, para 
posterior isolamento e utilização na indústria farmaceûtica e alimentícia. Foram 
analisadas duas amostras de cascas de quatro variedades de Citrus sinensis 
(laranja Bahia, laranja Seleta, laranja Sanguínea e Laranja Pêra); duas espécies 
de tangerina, Citrus reticulata e Citrus deliciosa, e quatro espécies de limão, Citrus 
limon, Citrus limettioides, Citrus latifolia tanaka e Citrus limonia. A desidratação 
das cascas foi realizada em estufa com aeração forçada a 55ºC. As principais 
flavonas (diosmina, nobiletina, rutina, sinensetina, escutelareina e tangeritina) e 
flavanonas (hesperidina, hesperitina, naringenina, naringina e narirutina) cítricas 
foram extraídas das cascas de acordo com a AOAC (2005), método 2001.10, com 
modificações, e analisadas por HPLC-DAD-RP (280nm), utilizando-se sistema 
gradiente, com água acidificada com ácido fórmico a 1% e acetonitrila . Os 
resultados dos compostos flavonoides foram comparadas por ANOVA, seguida de 
teste de Fisher – LSD utilizando-se o Software Statistica 7.0., sendo diferenças 
consideradas a nível de significância de 95%. Os valores foram expressos em 
base seca. Nove flavonoides foram identificados em todas as cascas de citrus 
avaliadas, e dois em diferentes frutos. Hesperidina, narirutina e rutina foram os 
flavonoides mais abundantes em todos os citrus analisados, com teores de 
hesperidina variando de 153- 287 mg100g-1 nas laranjas; 81-147 mg100g-1 nos 
limões e 9-164 mg100g-1 nas tangerinas. Os teores de narirutina variaram de 50-
248 mg100g-1 nas laranjas, 10-27 mg100g-1 nos limões e 37-269 mg100g-1 nas 
tangerinas e, por fim, os teores de rutina variaram de 27-38 mg100g-1 nas laranjas, 
7-68 mg100g-1 nos limões e 8-18 mg100g-1 nas tangerinas. Entre as três espécies 
cítricas analisadas, as laranjas apresentaram os maiores teores de flavonas totais 
(373,68 ± 2,54 mg100g-¹) e de flavanonas totais (2.999,84 ± 9,86 mg100g-¹). A 
laranja Pêra foi a maior fonte de hesperidina (287± 3,49 mg100g-1); a tangerina 
Murcote,de narirutina (269,41 ± 2,89 mg100g-1) e naringenina (20,77 ± 0,35 
mg100g-¹); o limão Siciliano, de rutina (68,81± 2,61 mg100g-¹); a tangerina Poncã, 
de nobiletina (27,71 ± 1,14 mg100g-¹) e de tangeritina (34,17 ± 2,57 mg100g-¹); o 
limão Tahiti de naringina (6,78 ± 0,15mg100g-1); o limão Cravo, de diosmina (5,44 
± 0,75 mg100g-¹), a laranja Valência de escutelareina (5,95±1,08 mg100g-¹) e 
sinensetina (3,81 ± 0,11 mg100g-¹), igualmente encontrada na laranja Sanguínea 
(sinensetina 3,15 ± 0,05 mg100g-¹); e a Lima da Pérsia, de hesperitina (5,46 ± 
0,03 mg100g-¹). Os resultados do presente trabalho indicam que as cascas dos 
citrus avaliados são fontes promissoras para isolamento de hesperitina, narirutina, 
rutina, e, em menor escala, naringenina, nobiletina e tangeritina, aplicação nas 
indústrias de alimentos e farmacêutica. 
Palavra- chave: Frutas cítricas, Flavonoides, Quantificação por HPLC-DAD. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
MIRANDA, Adriana Ferreira Martiliano. Biblioteca e memória: Determination of 
favones and flavanones in peels obtained from citrus fruits cultivated in Brazil for 
aiming latter isolatin and aplication in pharmaceutical.ou food industries. Rio de 
Janeiro, 2013. Dissertação (Mestrado em Ciência dos Alimentos) - Instituto de 
Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. 
 
Citrus fruits are greatly relevant for society because they contain important 
nutrients and bioactive compounds for human health, such as vitamin C and 
flavonoids, that act preventing various types of diseases. More than 850 tons of 
byproducts, including flavonoid rich fruit peels, are annually discarded by industries 
after juice extraction or preparation of other citrus products. In search of a suitable 
use for citrus byproducts, this study aimed to identify and quantify flavonoids 
existing in peels of citrus fruits grown in Brazil. Analyses were performed in dried 
peels of four varietals of Citrus sinensis (Bahia, Valencia, Blood orange and Pêra); 
two tangerine species, Citrus reticulata; Citrus deliciosa and four lemon species, 
Citrus limon; Citrus limettioides; Citrus latifolia tanaka and Citrus limonia. Two 
samples of each fruit were obtained from different sources. Peels were dried in 
oven with forced aeration, at 55°C. The main flavones (diosmin, nobiletin, rutin, 
sinensetin, scutelarein and tangeritin) and flavanones (hesperidin, hesperetin, 
naringenin, naringin and narirutin) were extracted according to AOAC (2005), 
method 2001.10, and analyzed by HPLC-DAD-RP at 280nm, using a gradient of 
acidified water (1% formic acid) and acetonitrile. Values were expressed in dry 
basis. Eleven flavonoids compounds were identified in different evaluated citrus 
peels, with nine being identified in all of them. Hesperitin, narirutin e rutin were the 
most abundant flavonoids in all evaluated dried citrus, in agreement with literature. 
Hesperidin contents varied from 153 to 287 mg100g-1 in oranges; from 81 to 147 
mg100g-1 in lemons, and from 9 to 164 mg100g-1 in tangerines. Narirutin contents 
varied from 50 to 248 mg100g-1 in oranges, from 10 to 27 mg100g-1 in lemons and 
from 37 to 269 mg100g-1 in tangerines; contents of rutin varied from 27 to 38 
mg100g-1 in oranges, from 7 to 68 mg100g-1 in lemons and from 8 to 18mg100g-1 
in tangerines. Among the three citrus species evaluated, oranges presented the 
highest contents of total flavones (373,68 ± 2,54mg100g-¹) and total flavanones 
(2.999,84 ± 9,86mg100g-¹). Pêra orange was the best source of hesperidin (287± 
3,49mg100g-¹); Murcote tangerine, of narirutin (269,41 ± 2,89 mg100g¹) and 
naringenin (20,77 ± 0,35 mg100g-¹); Sicilian lemon of rutin (68,81± 2,61 mg100g-
¹); Ponkan tangerine, of nobiletin (27,71 ± 1,14 mg100g-¹) and of tangeritin (34,17 
± 2,57 mg100g-¹); Tahiti lemon, of naringina (6,78 ± 0,15 mg100g-1); Rangpur 
lime, of diosmin (5,44 ± 0,75 mg100g-¹), Valencia, of scutellarein (5,95±1,08 
mg100g-¹) and sinensetin (3,81 ± 0,11 mg100g-¹), and finally, Persian lime, of 
hesperitin (5,46 ± 0,03 mg100g-¹). The citrus analyzed in the present study can be 
considered as promising sources for isolation of hesperitin, narirutin, rutin, and, lin 
a lower extent, of naringenin, nobiletin and tangeritin. 
Keywords: Flavonoids, Citrus fruits, flavones, flavanones, HPLC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
QUADROS 
 
Quadro 1 - Classificação das espécies cítricas e suas variedades no Brasil e no 
mundo. .............................................................................................................. 28 
Quadro 2- Sazonalidade das frutas cítricas mais cultivadas no Brasil –Melhor 
período de compra. ........................................................................................... 30 
Quadro 3- Composição de frutas cítricas por 100 gramas de parte comestível: 
centesimal, minerais, vitaminas e colesterol, 2011. .......................................... 39 
 
FIGURAS 
 
Figura 1- Algumas espécies cítricas cultivadas no Brasil.....................................27 
Figura 2- Morfologia das frutas cítricas.................................................................29 
Figura 3- Produção de Citros no mundo...............................................................32 
Figura 4- Rotas biossintéticas dos vegetais..........................................................41 
Figura 5- Rota biossíntética dos compostos fenólicos nos vegetais.....................43 
Figura 6- Estrutura química dos ácidos fenólicos.................................................45 
Figura 7- Estrutura dos flavonoides (núcleo flavônico).........................................46 
Figura 8- Biossíntese resumida dos flavonoides...................................................47 
Figura 9- Estrutura química das subclasses das chalconas.................................48 
Figura 10- Diferença entre flavonas e flavanonas.................................................49 
Figura 11- Estrutura dos principais flavonoides cítricos........................................51 
Figura 12- Principais fontes de hesperidina, hesperitina, nobiletina e tangeritina.52 
Figura 13- Principais fontes de narirutina e naringina...........................................53 
Figura 14- Principais fontes de rutina....................................................................54 
Figura 15- Principais fontes de diosmina, escutelareina e sinensetina................55 
Figura 16- Principais fontes da naringenina..........................................................56 
Figura 17- Espécies cítricas analisadas................................................................73 
Figura 18- Seleção dos frutos para análise de flavonoides (Tangerina Poncã)...76 
Figura 19- Desidratação por liofilização................................................................78 
Figura 20- Desidratação por secagem em forno a 55ºC.......................................79 
Figura 21- Moagem das cascas de citrus.............................................................80 
Figura 22- Fluxograma do procedimento experimental- extração de flavonoides 
das cascas secas de citrus....................................................................................82 
Figura 23- Cromatógrafo Líquido de Alta Performace (HPLC) Waters Alliance® 
2695........................................................................................................................83 
Figura 24- Cromatogramas típicos e espectros de UV dos padrões individuais de 
flavonas e flavanonas de citrus (280nm)................................................................91 
Figura 25- Perfil cromatográfico típico de flavonoides obtidos em análises de 
cascas de laranja Bahia cultivadas no Brasil (280nm)............................................94 
Figura 26- Perfil cromatográfico típico de flavonoides obtidos emanálises de 
cascas de laranja Pêra cultivadas no Brasil (280nm).............................................94 
Figura 27- Perfil cromatográfico típico de flavonoides obtidos em análises de 
cascas de laranja Sanguínea cultivadas no Brasil (280nm)...................................95 
Figura 28- Perfil cromatográfico típico de flavonoides obtidos em análises de 
cascas de laranja Seleta cultivadas no Brasil (280nm)...........................................95 
Figura 29- Perfil cromatográfico típico de flavonoides obtidos em análises de 
cascas de limão Cravo cultivados no Brasil (280nm).............................................96 
Figura 30- Perfil cromatográfico típico de flavonoides obtidos em análises de 
cascas de limão Tahiti cultivados no Brasil (280nm)..............................................97 
Figura 31- Perfil cromatográfico típico de flavonoides obtidos em análises de 
cascas de limão Siciliano cultivados no Brasil (280nm)..........................................97 
Figura 32- Perfil cromatográfico típico de flavonoides obtidos em análises de 
cascas de lima da Pérsia cultivadas no Brasil (280nm)..........................................98 
Figura 33- Perfil cromatográfico típico de flavonoides obtidos em análises de 
cascas de tangerina Murcote cultivadas no Brasil (280nm)....................................99 
Figura 34- Perfil cromatográfico típico de flavonoides obtidos em análises de 
cascas de tangerina Poncã cultivadas no Brasil (280nm)......................................99 
Figura 35- Teores médios de flavonas totais, flavanonas totais e flavonoides 
totais quantificados nas cascas de espécies e variedades de laranjas, limões e 
tangerinas cultivadas no Brasil.............................................................................102 
Figura 36- Distribuição percentual de flavonoides em cascas de laranjas 
cultivadas no Brasil...............................................................................................103 
Figura 37- Teores médios (n=3) de flavonas e flavanonas em cascas de 
variedades de laranja cultivadas no Brasil. (A) Compostos majoritários (B) 
Compostos minoritários........................................................................................108 
Figura 38- Distribuição percentual de flavonoides em cascas de limões cultivados 
no Brasil................................................................................................................110 
Figura 39- Teores médios (n=3) de flavonas e flavanonas em cascas de 
espécies de limão cultivadas no Brasil. (A) Compostos majoritários (B) Compostos 
minoritários............................................................................................................115 
Figura 40- Distribuição percentual de flavonoides em cascas de tangerinas 
cultivadas no Brasil...............................................................................................116 
Figura 41- Teores médios (n=3) de flavonas e flavanonas em cascas de 
espécies de tangerinas cultivadas no Brasil. (A) Compostos majoritários (B) 
Compostos minoritários........................................................................................119 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1- Teores de umidade em diferentes espécies e variedades cítricas 
cultivadas no Brasil. .......................................................................................... 89 
Tabela 2- Tempos de retenção (tR) e seus respectivos comprimentos de onda de 
absorção λreal(nm), por ordem de eluição, obtidos no presente estudo para os 
padrões de flavonas e flavanonas estudados. .................................................. 92 
Tabela 3- Flavonas e flavanonas identificadas em espécies de laranja comumente 
cultivadas no Brasil. .......................................................................................... 93 
Tabela 4- Flavonas e flavanonas identificadas em espécies de limão comumente 
cultivadas no Brasil e avaliadas no presente estudo. ....................................... 96 
Tabela 5- Flavona e flavanonas identificadass em espécies de tangerina 
comumente cultivadas no Brasil e avaliadas no presente estudo. .................... 98 
Tabela 6- Limites de detecção (LD) e quantificação (LQ) e coeficiente de variação, 
(CV) obtidos em análise de flavonoides em Laranja Seleta por HPLC-DAD 
(280nm)........................................................................................................... 100 
Tabela 7- Teores das flavonas e flavanonas em cascas de espécies de laranjas 
cultivadas no Brasil. ........................................................................................ 105 
Tabela 8- Teores das flavonas e flavanonas em cascas de espécies de laranjas 
cultivadas no Brasil. ........................................................................................ 105 
Tabela 9- Teores das flavonas e flavanonas em cascas de espécies de laranjas 
cultivadas no Brasil. ........................................................................................ 106 
Tabela 10- Teores das flavonas e flavanonas em cascas de espécies de limão 
cultivados no Brasil. ........................................................................................ 112 
Tabela 11- Teores das flavonas e flavanonas em cascas de espécies de limão 
cultivados no Brasil. ........................................................................................ 112 
Tabela 12- Teores das flavonas e flavanonas em cascas de espécies de limão 
cultivadas no Brasil. ........................................................................................ 113 
Tabela 13- Teores das flavonas e flavanonas em cascas de espécies de 
tangerinas cultivadas no Brasil. ...................................................................... 118 
Tabela 14- Teores das flavonas e flavanonas em cascas de espécies de 
tangerinas cultivadas no Brasil. ...................................................................... 118 
Tabela 15- Teores das flavonas e flavanonas analisadas em cascas de espécies 
de tangerinas cultivadas no Brasil. ................................................................. 118 
 
LISTA DE SIGLAS 
A 
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ACN – Acetonitrila 
AcOEt – Acetato de Etila 
AMPc – Adenosina monofosfato cíclico 
ANOVA – Análise de variância 
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
AOAC – Association of Official Analytical Chemists 
ASTM – American Society for Testing and Materials 
 
 
B 
β – beta 
BHA – Butil-hidroxi-anisol 
BHT – Butil-hidroxi-tolueno 
 
C 
C – Carbono 
Ca – Cálcio 
CG – Cromatografia Gasosa 
Clae- Cromatografia Líquida de Alta Eficiência 
Cu – Cobre 
 
D 
DAD- Detector por Arranjo de Diodos 
DMAPP – Dimetilalil difosfato 
DOQ-CGCRE – Definições de termos utilizados nos documentos relacionados à 
acreditação de laboratórios 
DMSO - Dimetilsulfoxido 
DPPH – 1,1-difenil-2-picrilidrazil 
 
E 
ERA – Equivalente Retinol Atividade 
 
F 
FAO – Food and Agriculture Organization 
FDA – Food and Drug Administration 
Fe – Ferro 
 
G 
g – Grama 
 
H 
HDL – High Density Lipoprotein 
HPLC – High Performance Liquid Chromatography 
 
 
I 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IBRAF – Instituto Brasileiro de Frutas 
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia 
ISO – International Organization for Standardization 
 
K 
K – Potássio 
Kcal – Kilocaloria 
Kg – Kilograma 
KJ – Kilojoule 
 
L 
L – Litro 
LD – Limite de Detecção 
LDi – Limites de Detecção do Instrumento 
LDL – Low Density Lipoprotein 
LDM – Limites de Detecção do Método 
LQ – Limite de Quantificação 
LQi – Limites de Quantificação do Instrumento 
LQM – Limites de Quantificação do Método 
 
M 
µg – Micrograma 
µL – Microlitro 
Mg – Magnésio 
mg – Miligrama 
ml – Mililitro 
mm – MilímetroMn – Manganês 
mg 100g-¹ – miligrama por cem grama. 
 
 
N 
n.d. – Não detectado 
Na – Sódio 
nm – Nanomêtros 
 
P 
P – Fósforo 
PAL – Fenilalanina amônia-liase 
PG – Propil galato 
pH – Potencial hidrogeniônico ou Potencial hdrogênio Ionico 
PKS – Policetídeo sintase 
PLE – Extração Liquida Pressurizada 
PMF – Flavonas polimetoxiladas 
 
 
R 
 r – Coeficiente de correlação linear 
RE – Retinol 
Rpm – Rotações por min 
 
S 
SCDE – Extração Supercrítica de Dióxido de Carbono 
SFE – Extração Supercrítica de Fluidos 
 
T 
TACO – Tabela de Composição Química dos Alimentos da Unicamp 
TBHQ – Terc-butil-hidroquinona 
t-BOC-L – Laboratório de Química Bio-Orgânica Teórica 
teste F – Snedecor 
teste t – Student 
ton – Tonelada 
Tr – Traço 
 
U 
US$ – Dólar americano 
USP – Universidade de São Paulo 
UHPLC – Ultra High Performance Liquid Chromatography 
 
Z 
Zn – zinco 
 
LISTA DE SÍMBOLOS 
% – Por cento 
R$ – Real 
$ – Dólar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
AGRADECIMENTOS ......................................................................................... X 
EPÍGRAFE ....................................................................................................... VII 
RESUMO ........................................................................................................ VIII 
ABSTRACT ........................................................................................................ X 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES(QUADROS, FIGURAS) ......................................... XI 
LISTA DE TABELAS ........................................................................................ XV 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .......................................................... XVI 
LISTA DE SIMBOLOS .................................................................................. XVIII 
SUMÁRIO ....................................................................................................... XXI 
INTRODUÇÃO ................................................................................................ XXI 
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 24 
1.1 FRUTAS CÍTRICAS .................................................................................... 24 
1.1.1 Origem Botânica .................................................................................... 24 
1.1.2 Importância sócioeconômica ................................................................ 30 
1.1.3 Composição química e valor nutricional ............................................. 37 
1.2 COMPOSTOS FENÓLICOS ....................................................................... 40 
1.2.1 Caracterização e estrutura química...................................................... 40 
1.2.2 Compostos fenólicos em alimentos ..................................................... 44 
1.3 FLAVONOIDES ........................................................................................... 46 
1.3.1 Via de produção e estrutura quimica ................................................... 46 
1.3.2 Propriedades fisico-químicas dos flavonoides ................................... 48 
1.3.3 Flavonoides em frutas cítricas ............................................................. 49 
1.3.4 Potencial aplicação dos flavonoides isolados de cascas de citrus na 
indústria alimentícia ....................................................................................... 56 
1.3.5 Potencial aplicação dos flavonoides isolados de cascas de citrus na 
indústria farmacêutica .................................................................................... 57 
1.3.6 Aplicação do HPLC na análise de identificação de flavonas e flavanonas
 .......................................................................................................................... 67 
1.3.7 Extração das flavonas e favanonas...................................................... 69 
2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 71 
3 OBJETIVO ..................................................................................................... 72 
3.1. OBJETIVO GERAL .................................................................................... 72 
3.2. OBJETIVO ESPECÍFICO ........................................................................... 72 
4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 73 
4.1 AMOSTRAS ................................................................................................ 73 
4.2 PADRÕES E REAGENTES ....................................................................... 74 
4.3 EQUIPAMENTOS ....................................................................................... 75 
4.4 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS ...................................................... 75 
4.4.1 Seleção de frutos e preparo das cascas para análise ........................ 75 
4.4.2 Testes iniciais de secagem ................................................................... 76 
4.4.2.1 Secagem das cascas por liofilização .................................................... 77 
4.4.2.2 Secagem das cascas por forno a 55° C ................................................ 78 
4.4.3 Moagem .................................................................................................. 79 
4.4.4 Umidade .................................................................................................. 80 
4.4.5 Extração de Flavonoides ....................................................................... 81 
4.4.6 Análise por HPLC de flavonas e flavanonas em casca de frutas cítricas
 .......................................................................................................................... 81 
4.4.7 Parâmetros de Validação ...................................................................... 83 
4.4.7.1 Recuperação ......................................................................................... 84 
4.4.7.2 Linearidade ........................................................................................... 84 
4.4.7.3 Seletividade .......................................................................................... 85 
4.4.7.3 Determinação de LD e LQ .................................................................... 86 
4.5 EstatÍstica .................................................................................................. 86 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 86 
5.1 MÉTODO DE SECAGEM – TESTES INICIAIS ........................................... 86 
5.2 UMIDADE ................................................................................................... 88 
5.3 IDENTIFICAÇÃO DAS FLAVONAS E FLAVANONAS NAS ESPÉCIES 
CITRICAS ......................................................................................................... 90 
5.3.1 Laranjas .................................................................................................. 93 
5.3.2 Limões .................................................................................................... 95 
5.3.3.Tangerinas .............................................................................................. 98 
5.4 VALIDAÇÃO DO METODO PARA AS MATRIZES DE CITRUS ............... 100 
5.5 QUANTIFICAÇÃO DAS FLAVONAS E FLAVANONAS NAS ESPÉCIES 
CITRICAS ....................................................................................................... 101 
5.5.1 Laranjas ................................................................................................ 102 
5.5.2 Limões .................................................................................................. 109 
5.5.3.Tangerinas ............................................................................................115 
6 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................. 120 
7 ETAPAS FUTURAS .................................................................................... 123 
8 REFERENCIAS ........................................................................................... 124 
INTRODUÇÃO 
 
Necessidade biológica vital ao ser humano, a alimentação recebeu 
destaque especial desde os primórdios da sociedade. Inovações e melhorias para 
aumentar a qualidade, valor nutritivo, acessibilidade e aproveitamento integral dos 
alimentos são constantes e importantes para o desenvolvimento da sociedade 
como um todo. Estudos recentes têm proporcionado o conhecimento aprofundado 
dos compostos bioativos produzidos pelas plantas para sua manutenção ou 
defesa e que para o ser humano apresentam aplicações potencialmente 
terapêuticas (LÓPEZ, MONDRAGÓN & HERNAÁNDEZ, 2006; SILVA, 2008; 
ANDRADE, 2010; FILHO, 2010). Dentre os inúmeros compostos bioativos na 
natureza estão os flavonoides, um grupo pertencente à classe dos compostos 
fenólicos que são amplamente distribuídos no reino vegetal. Atualmente, estes 
compostos têm recebido um grande enfoque devido às propriedades medicinais e 
antioxidantes que exercem (HARBONE & WILLIAMS, 2000; FERREIRA, 
OLIVEIRA & SANTOS, 2008). 
 
Ao longo dos anos, a indústria alimentícia, visando corresponder de 
maneira efetiva a demanda emergente por produtos com maior durabilidade e que 
apresentassem potencial nutracêutico deu início à utilização de alguns 
antioxidantes sintéticos como butil-hidroxi-tolueno (BHT), butil-hidroxi-anisol 
(BHA), terc-butil-hidroquinona (TBHQ) e propil galato (PG), que com o passar dos 
anos foram associados ao desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas. 
Com isso, uma nova proposta foi consolidada, a substituição dos antioxidantes 
sintéticos pelos antioxidantes naturais. Em conjunto com essa nova proposta teve 
início a preocupação com a valorização de resíduos agroindústrias que 
apresentam teores interessantes de compostos naturais com ação antioxidante 
(BRASIL, 2009). 
 
No Brasil, existe uma rica diversidade de plantas exóticas com inúmeros 
exemplares amplamente difundidos como o gênero Citrus, de grande importância 
na economia nacional e na fruticultura mundial (FEDERICI, et al. 1998; POLL, et 
al. 2011). A indústria citrícola produz altas quantidades de resíduos com valor 
agregado benéfico à saúde. Anualmente, no Brasil, são produzidas cerca de 397 
milhões de caixas de laranja. Setenta por cento dessa produção é destinada à 
produção de suco e gera cerca de 851mil toneladas de subprodutos (casca, polpa 
e semente). 
 
Os resíduos da indústria citrícola são destinados à alimentação de gado de 
corte na forma de pellets, na suplementação da alimentação de gado leiteiro em 
forma de silagem, na obtenção de óleos essenciais e no enriquecimento de 
alimentos além de co-produtos como inseticidas e produtos de limpeza (NEVES, 
et al. 2011). 
 
Estudos relatam que a casca, a polpa e a semente dos citrus apresentam 
em sua composição flavonoides de grande interesse comercial (NOGATA, et al. 
2006). Acredita-se que nestes resíduos existam teores consideráveis de flavonas 
e flavanonas, específicas de frutas cítricas, muito utilizados pela indústria 
farmacêutica na formulação de medicamentos para prevenção e tratamento de 
diversos tipos de doenças, como as doenças crônico-degenerativas, 
cardiovasculares e de carcinomas (ANDROUTSOPOULOS, et al. 2009). 
 
No Brasil, as flavonas e flavanonas cítricas são muito aplicadas na 
formulação de medicamentos, como por exemplo o medicamento Daflong®, 
composto por diosmina e hesperidina, de notável ação no tratamento de doenças 
do sistema circulatório. Os flavonoides utilizados na produção de medicamentos 
no Brasil são importados dos Estados Unidos e de países da Europa e Ásia, 
apresentando um alto valor comercial. No entanto, ainda não existem dados sobre 
o teor desses flavonoides em cascas de frutas cítricas brasileiras, que podem ser 
boa fontes desses compostos, podendo ser utilizados futuramente na produção de 
medicamentos brasilieros. O presente trabalho de dissertação aborda este tema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
1.1 FRUTAS CÍTRICAS 
 
1.1.1 Origem Botânica 
 
As frutas cítricas surgiram há cerca de vinte a trinta milhões de anos, nas 
regiões subtropicais e tropicais do continente Asiático e nos Arquipélagos Malaios 
de onde se expandiram por todo o mundo (NUNES, et al. 2009). De acordo com 
Swingle (1946) e Tanaka (1977), que estabeleceram os principais sistemas de 
classificação mais aceitos nos dias de hoje, as frutas cítricas são pertencentes à 
família Rutaceae, subfamília Aurantioideae (=Citroideae) e Gênero Citrus 
composto por um número variável de espécies. Segundo Nunes et AL (2009), há 
apenas 16 espécies de citrus, sendo que os demais são representantes dos 
Citrus híbridos. Já de acordo com Tanaka (1977) há cerca de 162 espécies de 
citrus (FEDERICI, et al. 1998; NUNES, et al. 2005). 
 
 O gênero Citrus é o de maior importância na subfamília Aurantioideae pela sua 
importância econômica e complexidade taxonômica. Entretanto, apesar da estável 
posição taxonômica, segundo Nunes, et al. (2005), há muita controvérsia sobre os 
limites da família, subfamílias e espécies, em decorrência dos diferentes 
julgamentos de caracteres indicadores de parentesco, tradicionalmente 
fundamentados na estrutura morfológica, anatômica e bioquímica dos táxons. 
 
A nomeclatura dos citros exerce grande influência no reconhecimento de uma 
espécie e muitas vezes não se encontra um concenso, o que é agravadoquando 
os nomes populares são considerados. A denominação varia de região para 
região, devido às diferenças de coloração e sabor existentes em virtude do clima, 
do solo, da região e do sistema de produção em que são plantadas. No caso da 
tangerina Poncã (Citrus reticulata), por exemplo, pode-se observar outras 
sinomínias regionais como Bergamota ou Vergamota na região sul do Brasil, 
principalmente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul; em alguns lugares como 
em Curitiba é chamada de Mimosa, Mexerica na Região Sudeste e, em especial, 
no Espírito Santo, e Tanja na região nordeste (Piauí e Maranhão). Já a laranja 
azeda (Citrus aurantium) ou Laranja Pêra é conhecida em algumas regiões do 
Brasil como Laranja da Terra ou Laranja Amarga, sendo semelhante, em tudo, à 
‘Agro-sevilhana’ da Espanha e ‘Bigarade’ da França, ‘Arancio Amaro’ da Itália e 
‘Sour Orange’ dos Estados Unidos, e outro na palestina. A Laranja doce (Citrus 
Sinensis) échamada no Estado de São Paulo de ‘Laranja Caipira’ e em outra 
regiões do Brasil de ‘Laranja da China’ e recebe outras denominações na 
California, Estados Unidos. A laranja Seleta para o Rio de Janeiro é conhecida em 
São Paulo como Laranja Valência. A laranja Lima também é um tipo de laranja 
doce muito popular no Brasil conhecida em algumas zonas como ‘Serra 
d’água’(MOREIRA, 1941). 
 
Os limões da mesma forma apresentam variações na maneira como são 
conhecidos. O limão Cravo (Citrus limonia) é chamando de ‘limão rosa ou francês’ 
e é internacionalmente conhecido como ‘Rangpur lime’. O limão Tahiti assim 
conhecido no Brasil e na Florida é diferentemente conhecido na Califórnia, onde é 
denominado ‘Bears’. No Mexico, é chamado de ‘Limão Persa’ e como ‘Lima ácida 
de fruto grueso’ na Espanha (STUCHI & CYRILLO, 1998). A Lima da Pérsia é 
conhecida como ‘Lima Doce’ é bem distribuida por todo território brasileiro e na 
Palestina (STENZEL & NEVES, 2004). 
 
 Dentre as espécies de citrus mais cultivadas no Brasil temos Citrus 
sinensis (Laranja-doce), Citrus aurantium (Laranja-azeda), Citrus reticulata e Citrus 
deliciosa (Tangerina Poncã e Murcote), Citrus limon (Limão Siciliano), Citrus 
aurantifolia (Limão Galego), Citrus limettioides(Lima da Pérsia), Citrus latifolia 
tanaka (Limão Tahiti), Citrus limonia (Limão Cravo) (Figura 1) (SAWAZAKI, et al. 
1992; FEDERICI, et al. 1998). De acordo com Zecca & Trevisan, (2004) as 
variedades das espécies de frutas cítricas podem ser agrupadas por sua 
similaridade (Quadro1). Este tipo de agrupamento é uma das razões pelas quais 
várias variedades possuem o mesmo nome popular utilizado para sua 
comercialização. 
 
 
Figura 1- Algumas das espécies cítricas cultivadas no Brasil de grande importância comercial. 
Fonte: villalvafrutas.com.br; paodeacucar.com.br; sitemantenopolis.com.br; zonasulatende.com.br; 
supracitrus.com.br; zonasulatende.com.br; ceasacampinas.com.br; produtomercadolivre.com.br; 
mdemulher.abril.com; nutrigo.blogspot.com. 
 
 
Com os recentes avanços de métodos fundamentados na análise biomolecular, 
principalmente de DNA, tem sido possível realizar novos estudos filogenéticos e 
comparativos, principalmente, nos níveis subfamiliar, genérico e específico da 
Família Rutacea. O Binpon, por exemplo, um híbrido de tangerina e laranja, é um 
exemplo dos avanços nesta área. Criado no Japão em (1972), foi introduzido no 
Brasil em (1993), conhecido como “Tangerina azeda” pouco distribuido devido à 
sua forte acidez. No ano de (2007) pesquisadores do IBRAF (Instituto Brasileiro de 
Frutas ) desenvolveram uma fruta menos ácida, com sabor incorpado, sais 
minerais, fibras e rica em vitamina C característica que auxilia na prevenção da 
gripe , entre outras enfermidades (NUNES, et al. 2005; IBRAF, 2007). 
 
Quadro 1 - Classificação das espécies cítricas e suas variedades no Brasil e no 
mundo. 
Espécie Classificação das variedades por grupos 
Laranja doce 
C. sinensis 
Comum ou do 
mediterrâneo 
Sem 
acidez 
Sanguínea De umbigo 
Valência, Pêra, 
Hamlin, Natal, 
Folha murcha 
Piralima, 
Céu, Lima 
verde 
Maltesa, 
Moro 
Sanguinelli 
Baia, Bianhinha, Monte 
Parnaso, Navelina, 
Navelate e Newhall 
Laranja Azeda 
C. aurantium 
Comum Adocicada 
Sevila Amarga 
Bittersweet 
of florida 
 
Tangerina 
C. reticulata e 
C. deliciosa 
Comum ou do 
mediterrâneo 
Satsumas Ponkans Clementinas Outras 
Mexerica do 
Rio, Cái, 
Montenegrina, 
Pareci 
Owari, 
Miho, 
Okitsu, 
Clauselina 
Ponkan, 
Oneco 
Clemenules, 
Fina, Marisol, 
Herdandina 
Cravo, 
Dancy, 
King, 
Lee, 
Murcote, 
Michal 
Limoeiro 
C. limon 
C. limonia 
Ácidos Doces 
Siciliano, 
Eureka, Cravo 
Feminello 
Doce, 
Dorshapp 
 
Limeiras 
C. limettioides 
C. aurantifolia 
C. latifolia 
tanaka 
Ácidas Doces 
Semi-
ácidas 
 
Lima da 
Pérsia, 
Palestina 
Tahiti, 
Galego, 
Bears 
Umbigo 
Bugre 
 
 
 
Fonte: Zecca & Trevisan, 2004. 
 
De forma geral, as frutas cítricas são caracterizadas por frutos com forma 
arredondada moderadamente achatada, alta suculência, , de poucas sementes 
ricas em glândulas ou vesículas de óleos essenciais. Morfologicamente, 
apresentam na parte interna do fruto a columela e o endocarpo (gomo) formado 
por vesículas de suco e em direção à parte externa apresentam o mesocarpo 
(albedo de coloração branca) e o epicarpo (compostos por glândulas de óleo e 
flavedo). A casca é formada pelo mesocarpo e epicarpo (Figura 2) (FILHO, 2012). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2- Morfologia das frutas cítricas. 
Fonte: Filho, 2012 adaptada. 
 
A coloração do epicarpo das frutas cítricas em geral pode variar de verde, 
amarelo-claro a alaranjada, e da polpa, de amarelo-claro a vermelho. O aroma e 
sabor proveniente das cascas e polpas estão diretamente relacionados à 
intensidade de processos químicos, bioquímicos e fotossintéticos na planta 
(SARTORI, et al. 2002). 
 
Para o desenvolvimento das frutas cítricas, alguns fatores são fundamentais 
como temperatura e intensidade de luz durante o período de crescimento dos 
frutos. A temperatura ideal é entre 23 a 32°C. Para algumas frutas cítricas o vigor 
e a longevidade são favorecidos por climas mais amenos, influenciando na 
qualidade e quantidade de frutos. A resistência ao frio varia entre as variedades, 
sendo o índice pluviométrico ideal em torno de 1.200 a 1.400 mm anuais. Algumas 
espécies são sazonais e outras perenes. Contudo, com o melhoramento genético, 
algumas espécies produzem fruos ao longo de todo o ano (DETONI, et al. 2009). 
 
O ciclo de desenvolvimento das frutas cítricas varia de seis a dezesseis meses 
entre o florecimento (normalmente na primavera) e a maturação das frutas. Em 
relação ao grau de maturação, as frutas podem ser consideradas como precoces, 
de meia estação e tardias. As frutas colhidas durante o período de maturação 
tendem a ser mais doces e menos ácidas. No Quadro 2 é possivel observar a 
sazonalidades das frutas cítricas comumente cultivadas no Brasil (ZECCA & 
TREVISAN, 2004). 
 
Quadro 2- Sazonalidade das frutas cítricas mais cultivadas no Brasil –Melhor 
período de compra. 
Cultivar 
MESES 
J F M A M J J A S O N D 
Tang. Poncã X X X X X 
Tang. Murcote X X X 
Laranj. Lima X X X X 
Laranj. Baia X X X X 
Laranj. Seleta X X X 
Laranj. Pêra X X X X X 
Laranj. Sang X X X X 
Lima da Pérsia X X X X X 
Limão Tahiti X X X X X X 
Limão Siciliano X X X X X X 
Limão Cravo X X X X 
 Fonte: Zecca & Trevisan, 2004. 
 
1.1.2 Importância socioeconômica 
 
A citricultura é uma atividade que apresenta grande importância 
socioeconômica no Brasil e no mundo (Figura 3). Estimativas realizadas pelo 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), juntamente com o Instituto 
Brasileiro de Frutas (IBRAF) informam que dentre as principais frutas cítricas estão 
a laranja, a tangerina e o limão, sendo as melhores variedades para 
comercialização o limão Siciliano e o Eureca no mercado interno e na indústria as 
variedades Tahiti, Galego, Siciliano e Eureca. As laranjas mais importantes 
economicamente são: Naval (híbrido das laranjas Natal e Valência), Seleta 
(Valência) e Pêra. Entre as tangerinas, a Poncã se destaca no consumo in natura, 
e a Murcote na fabricação de sucos (VIANA, 2010 a; POLL, 2011; SILVA, et al. 
2011). 
 
Desde 1962, quando começaram as primeiras exportações, a citricultura 
tem contribuido de forma definitiva para o desenvolvimento do país. No ranking 
Mundial de produtos agrícolas, o Brasil assumiu a posição de maior produtor de 
laranjas, exportando 98% do que produz sendo responsável por 85% do mercado 
mundial seguido dos Estados Unidos. Das laranjas produzidas no Brasil nas 
safras de 2008 e 2009, 70% destinaram-se ao processamento industrial de suco, 
29,8% ao consumo interno in natura e apenas 0,2% à exportação da fruta in 
natura. Em relação ao volume de suco exportado pelo Brasil, 71% é direcionado 
para a Europa, 13% para a América do Norte, 12% para Àsia e 4% para outros 
continentes. O estado de São Paulo é o maior produtor do fruto, sendo 
responsável sozinho por 53% do total produzido no país (SANTANA, et al. 2009; 
NEVES, et al. 2011). 
 
Os Estados Unidos (EUA) são o segundo maior produtor mundial de 
laranjas. O estado da Florida é o principal estado produtor nos EUA s. Das safras 
de 2008 e 2009, 79% das laranjas produzidas foram destinadas para produção de 
suco, 15% para consumo in natura e 6% para exportação in natura. Como terceiro 
produtor mundial, o México destinou 23% destinando para suco, 76% para 
consumo in natura e 1% para exportação in natura. Na China, quarto produtor 
mundial, 4% foi aplicado a produção de suco sendo 94% para consumo in natura 
e 2% para exportação in natura. Nas safras de 2008 e 2009, a Espanha foi o país 
que mais exportou frutos in natura com 52% de sua produção, 30% foi destinado a 
consumo in natura e 18% à produção de suco (NEVES, et al. 2011). 
 
Figura 3- Produção de Citros no mundo. 
Fonte: Zecca & Trevisan, 2004. 
 
No Brasil, o limão também apresenta grande importânciaeconômica. A 
produção e consumo são predominantes na região Sudeste, que produziu, em 
2009, em torno de 88% da fruta (8% no Nordeste e 4% no Centro Oeste). No 
Sudeste, o estado de São Paulo produziu 78% dos limões e limas, Minas Gerais 
(5%) e Rio de Janeiro (2%). No Nordeste, a Bahia predominou com 4%. Na 
America Latina, o México, a Argentina e o Brasil são os principais produtores de 
lima ácida (limão Tahiti) (BATISTA,2010). Os dois principais mercados mundiais 
de lima e limão são os EUA e a União Européia (U.E.). Com relação aos 
principais exportadores mundiais de limão Siciliano (Limão Verdadeiro) e de lima 
ácida Tahiti (Limão Tahiti), destacam-se respectivamente, a Argentina e o México. 
O Brasil ganha destaque no passado recente, exportando lima para a U.E. A Índia, 
em 2009 foi o maior produtor desta fruta com 17,73% da produção mundial e os 
EUA, o maior consumidor mundial. Na Europa, o principal limão consumido é o 
Siciliano, seguido do Tahiti, sendo que das 590mil toneladas consumidas, 95% 
foram de limão Siciliano e 5% do Limão Tahiti (PRIMÍCIA, 
2007apudBATISTA,2010). Com relação aos canais de distribuição de lima ácida 
tahiti, tem-se que 89 % de sua produção é destinada ao mercado interno, 7 % ao 
processamento e 4 % aàa exportação. Os principais canais de distribuição de lima 
ácida tahiti são as Centrais de Abastecimento (CEASAs) regionais, com mais 
destaque a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo 
(CEAGESP) (PINS, 2011). 
 
 Em relação às tangerinas, a China é o maior produtor mundial seguida por 
Espanha, Japão e Brasil. A China não é somente o maior produtor como é o maior 
consumidor de tangerinas no mundo, seguida pelo Japão (BOTEON, 2010). No 
Brasil em (2010), o estado de São Paulo é o maior produtor de tangerina com 39% 
da produção, seguido do Paraná (24%), Rio grande do Sul (14%), Minas Gerais 
(12 %), Espírito Santo e Bahia com (8%) cada e , por último, Rio de Janeiro( 3%) 
(IBGE, 2010 e EMBRAPA CNPMF, 2012). 
 
 De toda produção mundial de tangerinas, 90 % são voltados para o 
consumo in natura (DUTRA,2010). No ranking mundial, os principais países 
consumidores das tangerinas brasileiras em (2009) foram o Canadá, em primeiro 
lugar, seguido por Indonésia, Russia, Árabia Saudita, Emirados Árabes Unidos, 
Filipinas e Portugal (VIANA, 2010). 
 
A produção de suco gera uma grande quantidade de resíduos com alto teor de 
fibra alimentar (NUNES, 2009). Entre esses resíduos estão a casca, semente e 
polpa representando 50% do peso de cada fruto com umidade de 
aproximadamente 82%. Depois da produção de suco, os resíduos sólidos e os 
restos líquidos de extração de sumo são tratados (CUTRALE,2011). A polpa é 
submetida às etapas de trituração e secagem, até obter umidade de 12% e ser 
então peletizada (GILAVERTE,2009). 
 
A casca e semente recebem outro tipo de tratamento para obtenção dos óleos 
essenciais. Esses óleos, com grande número de compostos voláteis, são 
extraidos da casca durante o processo de extração do sumo em que as bolsas de 
óleo são rompidas. Todo oléo liberado é removido por meio de jatos de água. 
Esse material é então centrifugado e arrefecido (CUTRALE, 2011). Os 
subprodutos dos óleos são obtidos através da remoção de compostos oxidantes 
como o D-Limoneno, e com a concentração das suas frações aromáticas. O D-
Limoneno é usado pelas indústrias farmacêuticas e alimentícias como 
componente aromático e para dar sabor (flavorizantes), na obtenção de sabores 
artificiais de menta e na fabricação de doces e chicletes (GILAVERTE, 2009; 
NUNES, et al. 2009). 
 
Atualmente, os subprodutos da indústria de sucos são aplicados no mercado 
interno e externo. A polpa na forma de pellets é, em sua grande maioria, usada 
como complemento para ração animal, principalmente na criação de gado, tendo 
boa aceitação como insumo na ração de rebanhos bovinos (leite e corte) na forma 
de silagem, devendo ser usada até 60 dias se armazenada adequadamente 
(CUTRALE, 2011, GILAVERTE, 2009). Outra aplicação da polpa é a produção de 
alimentos enriquecidos com fibra alimentar realizada pela indústria alimentícia, 
devido à grande carência deste componente nas dietas (NUNES, 2009; SILVA, et 
al. 2011 a). Os óleos essencias são utilizados de diversas maneiras, porém, sua 
maior aplicação é feita pelas indústrias de alimentos, farmacêuticas e cosméticos. 
Eles podem ser usados para dar sabor a bebidas, sorvetes e alimentos e para 
aromatização de produtos de perfumaria e limpeza (SILVA, et al. 2011 b). 
 
De acordo com Neves et al, 2011, em 2000, foram exportados US$ 85 milhões 
em óleos essenciais, D- Limoneno, terpenos e farelo de polpa cítrica, sendo eles 
os subprodutos provenientes de laranja, lima, limão, tangerina e grapefruit. Outros 
autores relatam que em 2009, o volume financeiro elevou-se para US$ 241 
milhões e a participação na receita para 11,3%. Enquanto o preço médio de 
exportação do suco não concentrado e do suco concentrado foi de, 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Flavorizantes
http://pt.wikipedia.org/wiki/Chiclete
respectivamente, US$ 337/toneladas (t) e US$ 1.153/t., o do óleo essencial de 
laranja alcançou U$ 1.966/t., o D-Limoneno /terpeno U$ 1.336/t. e o farelo de 
polpa cítrica U$ 120/t. (NEVES, et al. 2011). 
 
Em 2009, as exportações do complexo de frutas cítricas somaram 2,9 milhões 
de toneladas, sendo 1,129 milhão de suco concentrado, 939 mil de suco não 
concentrado e com 851 mil de subprodutos. Na safra 2009/2010, a produção 
brasileira foi de 397 milhões de caixas de laranja de 40,8 Kg . Entretanto, na última 
década, o Brasil tem conseguido diversificar os mercados em que atua. Na safra 
2009/10, o Brasil exportou o suco para 70 países diferentes, dos quais 12 
receberam suco não concentrado. Isso demonstrou a capacidade de inovação da 
indústria ao reorientar as exportações para mercados não saturados, encontrando 
novos canais para o escoamento da produção nacional (NEVES, et al. 2011). 
 
A citricultura gera, entre empregos diretos e indiretos, um contingente de 230 
mil posições, e uma massa salarial anual de R$ 676 milhões. Ao longo do ano-
agrícola 2009/10, cerca de 150 mil trabalhadores foram alocados em atividades no 
campo, sendo que na indústria de suco concentrado de laranja, são cerca de sete 
mil trabalhadores fixos e quatro mil temporários, totalizando 11 mil ao longo da 
safra. Em junho de 2010, o saldo de trabalhadores no cultivo de laranja foi de 77 
mil e na indústria de suco de laranja foi de cerca de sete mil. Considerando que, 
na cadeia produtiva da laranja, cada emprego direto no campo gera dois indiretos 
ao longo da cadeia, estima-se que existam cerca de 230 mil trabalhadores 
envolvidos na citricultura no país (NEVES, et al. 2011). 
 
 
1.1.3 Composição química e valor nutricional 
 
Segundo a tabela brasileira de composição química dos alimentos TACO, 
da Universidade de Campinas (Unicamp) ( 2011), , a composição química das 
principais espécies cítricas de importância no Brasil, a saber, Citrus sinensis 
(Laranja Pêra, Laranja Baia e Laranja Seleta), Citrus sinensis (L.) Osbeck (Laranja 
Lima e Laranja Sanguínea), Citrus reticulata Blanco (Tangerina Poncã), Citrus 
deliciosa (Tangerina Murcote), Citrus limonia (Limão Cravo) e Citrus latifolia tanaka 
(Limão Tahiti) esta apresentada no Quadro 3. Dados para Citrus limon (Limão 
Siciliano), Citrus limettioides (Lima da Pérsia) não estão disponíveis (LIMA, et al. 
2011). 
 
A funcionalidade das frutas na dieta é ampla, devido ao seus teores de 
vitaminas, minerais, água e fibras. Isso inclueas frutas cítricas, cujos altos teores 
de vitamina C são bem conhecidos. O consumo de uma unidade de laranja, por 
exemplo, corresponde à dose diária recomendada de vitamina C, de 75 mg para 
mulheres e 90 mg para homens (RDA, 2009). A vitamina C é importante por sua 
propriedade anti-inflamatória, cicatrizante e apresentaum alto poder antioxidante 
contra radicais livres (COUTO & CANNIATI-BRAZANCA, 2010; ROOWI & 
CROZIER, 2011). 
 
As frutas cítricas (laranja, limão e tangerina) previnem e curam o escorbuto, 
doença causada pela ausência de vitamina C na alimentação, e também facilitam 
a função intestinal por causa do alto teor de fibras solúveis, encontradas na polpa 
e no bagaço. Na parte branca do bagaço, encontra-se também a pectina, que 
previne o câncer do trato intestinal como do colon e reto (LOPES, DERIVI & 
MENDEZ, 1984), e promove aumento do colesterol bom HDL (high density 
lipoprotein) e diminuição do colesterol ruim LDL (low density lipoprotein) no 
organismo (TAN, 2010; CHANET et al. 2012). O teor de cálcio presente nas frutas 
cítricas ajuda a manter a estrutura óssea, promovendo uma boa formação 
muscular e sanguínea. O β-caroteno, o fitonutriente que confere o tom alaranjado 
à laranja, tangerina e alguns limões, pode previnir o desenvolvimento de câncer e 
infartos além de outras propriedades (COUTO & CANNIATI-BRAZANCA, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 3- Composição de frutas cítricas por 100 gramas de parte comestível: 
centesimal, minerais, vitaminas e colesterol, 2011. 
mg- Miligrama; g - Grama; µg – Micrograma; Kcal - Kilocaloria; Kj- Kilojoule; NA- Não aplicável; Tr 
– Traço; RAE- Retinol Actividade equivalente; RE – Retinol. 
Fonte: Lima, et al. 2011. 
 
 
 
 
 
 
 
COMPOSTO 
Tangerina 
Poncã 
Laranja 
Baía 
Limão 
Cravo Galego Tahiti 
in 
natura 
suco 
in 
natura 
suco Suco Suco Suco 
Umidade (%) 89,2 90,4 87,1 90,2 94,8 91,8 87,4 
Ac.Ascórbico(mg) 48,8 41,8 56,9 94,5 34,5 34,5 38,2 
Cálcio (mg) 13 4 35 6 10 5 51 
Carboidrato(g) 9,6 8,8 11,5 8,7 5,2 7,3 11,1 
Cinzas (g) 0,3 0,3 0,4 0,4 0,2 0,3 0,4 
Cobre (mg) 0,03 0,02 0,04 0,02 0,03 0,02 0,06 
Colesterol (mg) NA NA NA NA NA NA NA 
Energia (Kcal) 38 36 45 37 14 22 32 
Energia (KJ) 158 151 190 153 59 93 133 
Ferro (mg) 0,1 Tr 0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 
Fibra alim. (g) 0,9 Tr 1,1 Tr Tr Tr 1,2 
Fósforo (mg) 12 9 24 22 11 13 24 
Lipídeos (g) 0,1 Tr 0,1 Tr Tr 0,1 0,1 
Magnésio (mg) 8 6 9 8 9 6 10 
Manganês (mg) 0,04 0,02 0,04 0,02 0,03 0,01 0,07 
Niacina B3 (mg) Tr Tr Tr Tr Tr Tr Tr 
Piridoxina B6 (mg) 0,02 0,03 Tr 0,02 Tr 0,03 Tr 
Potássio (mg) 131 119 174 173 120 113 128 
Proteína (g) 0,8 0,5 1,0 0,7 0,3 0,6 0,9 
RAE (µg) 24 26 2 2 16 
RE (µg) 47 51 4 4 31 
Retinol Vit A(µg) NA NA NA NA NA NA NA 
Riboflavina B2 
(mg) 
0,02 Tr 0,02 Tr Tr Tr 0,04 
Sódio (mg) Tr Tr Tr Tr Tr Tr 1 
Tiamina B1 (mg) 0,06 0,06 0,06 0,03 Tr Tr 0,30 
Zinco (mg) Tr Tr 0,1 Tr 0,1 0,2 
1.2 COMPOSTOS FENÓLICOS 
 
1.2.1 Caracterização e estrutura química 
 
Os nutrientes e compostos bioatios dos vegetais são sintetizados a partir de 
várias vias metabólicas e são divididos em dois grupos: os metabolismos primários 
e os metabólitos secundários. Os metabolitos primários são responsáveis pela 
produção de substâncias envolvidas nas funções básicas essenciais como 
fotossíntese, respiração e biossínteses de fundamental importância para 
crescimento, desenvolvimento e reprodução. Estes metabólitos possuem uma 
distribuição universal nas plantas, tendo como exemplo os aminoácidos, 
nucleotídeos, lipídios, carboidratos e a clorofila (FERREIRA, et al. 2008; FILHO, 
2010; PERES, 2011). 
 
Os metabólitos secundários são substâncias que não possuem distribuição 
universal, pois alguns só estão presentes em determinadas espécies, sendo assim 
considerados uma vantagem evolutiva. Atuam como atrativo para polinizadores, 
pesticidas naturais, nas respostas adaptativas a condições de estresse 
relacionadas à luz, temperatura e umidade; no reparo de danos teciduais, contra 
agreção de agentes físicos; participam da formação de hormônios na planta, entre 
outras funções (Figura 4) (FILHO, 2010; LEE, et al. 2010; MARKHAM & 
ANDERSEN, 2006 a; FARAH & DONANGELO, 2006). 
 
Dentre essas substâncias fisiologicamente sintetizadas, as classes mais 
importantes são os terpenos (grupo de lipídios); os alcalóides (derivados dos 
aminoácidos, principais constituintes das proteínas) e os compostos fenólicos 
(derivados dos carboidratos) (DIXON & STEELE, 1999; TAIZ & ZEIGER, 2004; 
FILHO, 2010). Aproximadamente 8.000 compostos fenólicos são provenientes das 
vias biossintéticas da fenilalanina e tirosina. Entre estes, destacam-se os 
flavonoides, e seus ésteres, os fenóis simples, as cumarinas, taninos, ligninas e 
tocoferóis (TAKITA, et al. 2007; YILDIZ, 2009 a; PERES, 2011; FARAH & 
DONANGELO, 2006). 
 
 
Figura 4- Rotas biossintéticas dos vegetais. 
Fonte: FILHO, 2010, adaptada. 
Os compostos fenólicos são formados por um anel aromático com um 
grupamento carboxílico e um ou mais substituintes hidroxílicos e/ou metoxila na 
molécula, incluindo seus grupos funcionais. São classificados como derivados de 
estruturas químicas C6-C1 específicas dos ácidos hidroxibenzóico, gálico e 
elágicos; estruturas C6-C3 específicas dos ácidos cafeico e p-cumárico, 
hidroxicinamatos e estruturas C6-C2-C6 específicas do trans-resveratrol, cis-
resveratrol e trans-resveratrol-glucosídio (TAIZ & ZEIGER, 2004; YILDIZ, 2009 a). 
 
Os compostos fenólicos estão presentes nos vegetais na forma livre ou ligada 
a açúcares (heterosídeos), ácidos e /ou e proteínas(ANGELO & JORGE, 2007). 
Podem ser divididos em dois grupos: flavonoides e não flavonoides. Os 
flavonoides (flavonas, flavanonas, isoflavona, antocianinas, flavonóis e seus 
derivados), apresentam uma estrutura básica em comum, o que não ocorre com 
os não flavonoides (fenóis simples: as ligninas, lignanas, suberinas, curaminas, 
estilbenos, taninos hidrolisáveis e os ácidos fenólicos e seus ésteres) sendo esta 
uma classe muito heterogênea (DEGÁSPARI & WASZCZYNSKYJ, 2004; FARAH 
& DONANGELO, 2006). 
 
A rota biossintética dos compostos fenólicos se dá a partir da fenilalanina e 
tirosina. A fenilalanina amônia-liase (PAL) é a enzima chave na regulação da via 
metabólica de fenilpropanóides, conforme ilustra a Figura 4, convertendo a L-
fenilalanina em ácido trans-cinâmico e iniciando a biossíntese dos 
fenilpropanóides (Figura 5). 
 
 
Figura 5- Rota biossíntética dos compostos fenólicos nos vegetais. 
Fonte: Dutra, 2010. 
 
 
De forma geral, os compostos fenólicos são incluídos na categoria de 
interruptores de radicais livres, sendo muito eficientes na prevenção da 
autooxidação. Estes mecanismos de ação dos antioxidantes, presentes em 
extratos de plantas possui um papel importante na redução da oxidação lipídica 
em tecidos vegetal e animal e, quando incorporados na alimentação humana, não 
conservam apenas a qualidade do alimento, mas também reduzem o risco de 
desenvolvimento de patologias (ANGELO & JORGE, 2007). 
 
Um grande número de publicações evidenciam a ação protetora destes 
compostos contra doenças cardiovasculares, cerebrovasculares, neurológicas, 
trombóticas, carcinogênicas, inflamatórias, diabetes, arteriosclerose. Também 
possuem propriedades que atuam na prevenção contra o envelhecimento precoce 
e as propriedades antimicrobiana, antifúngica dentre outras (HAVSTEEN, 2002; 
TRIPOLI, et al. 2007; COUTINHO, MUZITANO & COSTA, 2009; SALAS, et al. 
2011; TOUNSI, et al. 2011; WANG, et al. 2012). 
 
 
1.2.2 Compostos fenólicos em alimentos 
 
A distribuição de compostos fenólicos nas plantas não é homogênea. São 
principalmente encontrados na parede celular. Sua distribuição (teores e perfis) 
depende de diversos fatores supracitados como espécie, variedade, exposição 
direta aos raios solares, altas temperaturas, umidade, agressões ambientais e 
fatores genéticos (DEGÁSPARI & WASZCZYNSKYJ, 2004; CRUZ, et al. 2010). 
Em resposta a essas estresses ambientais, mudanças podem ocorrer na produção 
de alguns destes compostos resultando no aumento ou na diminuição, fazendo 
com que sejam produzidos frutos com características diferenciadas, tornandocertos alimentos uma fonte especifica ou abundante de determinados compostos 
fenólicos (YILDZ, 2009 b). 
 
As frutas cítricas estão entre as principais fontes de compostos fenólicos, além 
de outras frutas como cereja, uva, ameixa, pêra, maçã e mamão, sendo 
encontrados em maiores teores na polpa do que no suco da fruta. Café, mate, 
própolis, algumas plantas medicinais e algumas hortaliças também são boas 
fontes (ANGELO & JORGE, 2006; FARAH & DONANGELO, 2006). 
 
Segundo Bocco, et al. (1998) e MA, et al. (2008) na casca de frutas cítricas 
podem ser encontrados ácidos fenólicos e flavonoides. Dentre os ácidos 
cinâmicos estão os ácidos caféico, ferúlico, sinápico e p-cumárico que é o mais 
importante ácido hidroxicinâmico em cítricos. Entre os ácidos benzoicos, os ácidos 
protocatecuico, p-hidroxibenzóico vanílico e derivados são os principais em 
cítricos (Figura 6). 
 
Em alimentos, os compostos fenólicos são grandes responsáveis pela cor, 
adstringência, aroma e estabilidade oxidativa das frutas cítricas, contribuindo para 
o sabor, odor e coloração esendo usados como flavorizantes e corantes (YILDZ, 
2009 a). 
 
 
Figura 6- Estrutura química dos ácidos fenólicos. 
Fonte: Silva, 2011. 
 
 
1.3 FLAVONOIDES 
 
1.3.1 Via de síntese e estrutura química 
 
Os flavonoides pertencem à classe dos compostos fenólicos, também 
conhecidos como polifenólis. Eles constituem o maior grupo na classe dos 
fenólicos vegetais. São substâncias de baixo peso molecular constituídas de 15 
átomos de carbono, sendo duas fenilas ligadas por uma ponte de três carbonos 
C6-C3-C6 (difenilpropano), (Figura7) (TAIZ & ZEIGER 2004). 
 
 
 
 
 
 
Figura 7- Estrutura dos flavonoides (núcleo flavônico). 
Fonte: Lopez, Mondragon & Hernàndez, 2006. 
 
 
Apresentam como via biossintética uma via do tipo mista Malonato e 
Chiquimato em que a fenila A é fornecida da via do malonato após a parte da β-
policetoester não estabilizada pela enzima PKS (Policetídeo sintase) sofrer 
distintas ciclizações por enzimas ciclizadoras e a fenila B fornecida da via do 
chiquimato que metaboliza a fenilalanina no ácido p-cumárico através da PAL 
(Fenilalanina amonialiase). A condensação das fenilas A e B gera a chalcona que 
é o precursor dos flavonoides existentes na natureza, (Figura 8) (SIMÕES, et al. 
2011; LOPEZ, MONDRAGÓN & HERNAÁNDEZ , 2006; MARKHAM & 
ANDERSEN, 2006 b). 
 
 
Figura 8- Biossíntese resumida dos flavonoides. 
Fonte: t-BOC-L, 2007 adaptado. 
 
Sua diversidade estrutural pode ser atribuída ao nível de oxidação e às 
variações no esqueleto carbônico básico, promovidas por reações de alquilação, 
glicosilação ou oligomerização. As modificações no anel central dessas 
substâncias levam à diferenciação em subclasses distintas, cada uma com local 
de atuação e função específicos (Figura 9). Os anéis fenólicos A e B são 
hidroxilados e podem conter substituintes metoxílicos e ou acilados. Os 
flavonoides podem ser encontrados nas formas agliconas ou heterosídeos. Os 
heterosídeos possuem resíduos de açúcar e /ou ácidos ligados à sua molécula, já 
os agliconas estão na forma livre (MIYASHIRO, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9- Estrutura química das subclasses das chalconas. 
Fonte: Lopez, Mondragon & Hernàndez, 2006. 
 
 
1.3.2 Propriedades físico-químicas dos flavonoides 
 
Os flavonoides apresentam propriedades físico-químicas bem variadas 
devido ao tipo de polaridade que possuem. As flavanonas, as isoflavonas, 
flavonas metoxiladas e os flavanois possuem baixa polaridade em relação aos 
demais. Em geral, os flavonoides na forma de agliconas são mais solúveis em 
solventes apolares do que as glicosiladas e em soluções aquosas alcalinas, 
enquanto que as glicosiladas são solúveis em água e em álcool diluído. Porém, 
são insolúveis em solventes orgânicos habituais. Fatores como a posição ocupada 
pela porção de açúcar, o grau de insaturação e a natureza dos substituintes 
influenciam na solubilidade da molécula e na sua capacidade de precipitação na 
presença de metais (MARKHAM & ANDERSEN, 2006 c). 
 
ISOFLAVONA 
O aquecimento, mesmo em soluções diluídas, pode levar à hidrólise dos O-
heterosídeos e, muitas vezes, interferir na análise estrutural de flavonoides. As 
hidrólises alcalinas e ácidas facilitam a identificação dos núcleos flavônicos, 
enquanto que a hidrólise enzimática rompe pontos específicos das moléculas, 
facilitando a identificação dos constituintes da porção glicosidica (MARKHAM & 
ANDERSEN, 2006 c). 
 
1.3.3 Flavonoides em frutas cítricas 
 
 Segundo Nunes, et al. (2009) os flavonoides são representados nas frutas 
cítricas por duas classes de compostos: flavonas (polimetoxiladas ou 
heterosídicas) e flavanonas (heterosídicas ou agliconas). A diferença entre as 
flavonas e flavanonas é a presença da dupla ligação no anel C entre os carbonos 
2 e 3 na flavona (Figura 10) (WANG, et al. 2008; MEDINÁ-REMON, et al. 2011). 
Comumente, pode-se identificar de cinco a dez diferentes tipos de flavonoides 
glicosilados que incluem D-glicose, L-ramnose, O-glicosídeos e o C-glicosídeos 
como os açúcares mais comuns. Estes açúcares aparecem ligados nos carbonos 
C-7 ou no C-3 em alguns casos, sendo detectados em várias frutas cítricas. 
 
Figura 10- Diferença entre flavonas e flavanonas. 
Fonte: GATTUSO, 2007, adaptado. 
 
De acordo com GATTUSO, et al. (2007) os principais flavonoides 
presentes em cítricos incluem as flavanonas agliconas hesperitina, naringina e 
narirutina, nas várias partes da fruta, e a hesperidina (rutinósideo) mais 
abundantes na parte comestível. Além dessas, temos as flavonas glicosiladas 
rutina, diosmina e escutelareina e as flavonas polimetoxiladas (PMF) como 
nobiletina, tangeretina e sinensetina na casca (Figura 11). 
 
Conforme GATTUSO, et al. (2007), as flavonas agliconas hesperetina, 
naringenina e escutelareína ocorrem com menor frequência em sucos cítricos 
devido á sua natureza lipofílica e baixa solubilidade em água. A presença 
relativamente grande do número de flavonoides em sucos cítricos é um resultado 
da algumas diferentes combinações possíveis entre polihidroxilas agliconas e um 
número limitado de mono e dissacarídeos. 
 
A naringina é uma flavanona glicosilada presente em algumas frutas 
cítricas, sendo a principal responsável por seu sabor amargo. Ela, assim como a 
neohesperidina (neohesperidosídeos), narirutina e hesperidina (rutinósideo), é 
mais abundantes na parte comestível das frutas (LEE, et al. 2010; NUNES, et al. 
2009; MORIN, et al. 2008, YILDIZ, 2009 b). 
 
 A composição de flavonoides glicosilados na casca, semente e suco é 
diferente. Essa diferença é dada devido ao alto teor de flavanonas nas partes 
sólidas (albedo e columelas), comparado com a parte liquida (vesículas de suco). 
Assim, a fruta inteira pode ter cinco vezes mais flavanonas do que um copo de 
suco (WANG, et al. 2008; TRIPOLI, et al. 2007; YILDIZ, 2009 b). 
 
Os flavonoides cítricos, ou bioflavonoides, podem ser encontrados em 
outras partes de uma infinidade de vegetais. Atualmente, indústrias especializadas 
nesse tipo de extração obtêm os flavonoides cítricos de diferentes fontes. Algumas 
espécies vegetais utilizadas como fontes para isolamento desses compostos 
flavonoides não são nativas do Brasil. Porém, podem ser encontradas bem 
adaptadas no em nosso país. 
 
Figura 11- Estrutura dos principais flavonoides cítricos. 
 Fonte: Gattuso, 2007, adaptada. 
 
 
 Atualmente, as frutas cítricas asiáticas e da América do Norte são as 
principais fontes de hesperidina, hesperitina, nobiletina e tangeritina, podendo ser 
encontradas na polpa como na casca, nas quais geralmente são relatados 
maiores teores. Comercialmente, são extraídas das flores da laranja lima, da 
bergamia um hibrido citrico (Citrus aurantium L. ssp. Bergamia), uma éspecie de 
laranjeira comum na Europa (Citrus aurantium L.var. myrtifolia), uma espécie 
japonesa comumente chamada de japônica ou margarita (Citrus Japonica), das 
folhas e da parte comestivel do citrus conhecido como mão de buda (Citrus 
medica L. Var. medica), da tangerina Poncã e das flores e frutas da laranja doce e 
da parte comestivel do limão Siciliano (Figura 12) (EXTRASYNTHESE, 2013). 
 
 
Figura 12- Principais fontes de hesperidina, hesperitina, nobiletina e tangeritina 
Fontes: aromaseencantos.com.br; folhadecampolargo.com.br; zufglobus.webt.co.il; 
citrusvariety.ucr.edu; tradewindsfruit.com; flickr.com/photos 
 
 Narirutina,é obtida da folha de limão Siciliano (Citrus limon), da tangerina 
Poncã (Citrus reticulata Blanco), da laranja doce (Citrus sinensis) e da polpa de 
um híbrido (Citrus X Paradisi macfad. (Figura 13) (EXTRASYNTHESE, 2013). 
 
Figura 13- Principais fontes de narirutina e naringina. 
Fontes: pfaf.org; flickr.com; folhadecampolargo; revistagloborural.globo.com; blog.rpc-
commerce.com.br; heavendelhaye.com.br; supermercadosantoantonio.com.br; 
citrusvariety.ucr.edu. 
 
A naringina vem sendo isolada da folha de limão Siciliano, e de outras frutas 
cítricas européias como mão de buda, tangerina Poncã, laranja doce, da polpa do 
híbrido (Citrus X Paradisi macfad), Cardo de leite (Silybum marianum), uva comum 
roxa (Vitis vinifera), laranja lima, e da bergamia, um hibrido citrico (Citrus 
aurantium L. ssp. Bergamia). (Figura 13) (EXTRASYNTHESE, 2013). 
 
A rutina, conhecida como vitamina P, é um dos flavonoides mais abundantes 
no reino vegetal, podendo ser extraída de aproximadamente 115 espécies de 
plantas como, por exemplo, maracujá, uva, camélia, frutos da pimenta malageta 
(Capsicum frutescens), folhas de lúpulo usada para efeitos sedativos (Humulus 
lupulus), folha da mamona (Ricinus communis L.), Ginkgo (Ginkgo Biloba), Freixo 
europeu (Fraxinus Excelsior), Urtiga anã (Urtica urens), na chicória (Cichorium 
intybus) e nos citrus, como laranja azeda, laranja doce e limão Siciliano (Figura 
14) (EXTRASYNTHESE, 2013). 
 
 
Figura 14- Algumas fontes de rutina. 
Fontes: pt.wikipedia.org; pt.wikipedia.org; tribes.tribe.net; camelliasrus.com.au; wildchicken.com; 
gnc.com.ph; en.wikipedia.org; en.wikipedia.org 
 
 
A diosmina tem como principal fonte a laranja lima (Citrus aurantium), sendo 
também extraída com metanol e DMSO de diversas plantas como o Conium 
(Conium maculatum), a Mezereon (Daphne mezereum), a Hortelã-pimenta 
(Mentha piperita), o Alecrim (Rosmarinus officinalis) e a Parede germander 
(Teucrium chamaedrys). Com relação aos outros citrus, é obtida das folhas do 
limão Siciliano, da tangerina Poncã e da flor na laranja doce, (Figura 15) 
(EXTRASYNTHESE, 2013). 
 
A escutelareina assim como a diosmina, também é extraída da laranja Lima 
ou da polpa de outras laranjas doces. Nas herbáceas ela é extraída da Sálvia 
(Salvia officinalis), originária do Sul da Europa, uma planta bem difunfidada por 
todo o mundo, sendo encontrada no Mediterrâneo, África e Américas Central e do 
Sul (ZIGIOTTO, 2007); ou das folhas de bigode de gato ou chá de Java, (Figura 
15) (EXTRASYNTHESE, 2013). 
 
 A sinensetina também pode ser encontrada nas mesmas espécies que a 
diosmina e a escutelareina, tem como diferencial sua presença na Ambrosioide 
chenopodium, conhecida como chá mexicano ou chá dos jesuítas. Geralmente, é 
extraída da erva de Santa Maria (Chenopodium ambrosioides), nativa da America 
Tropical, provavelmente oriunda do México (POZZATTI, et.al 2010). (Figura 15) 
(EXTRASYNTHESE, 2013). 
 
 
Figura 15- Principais fontes de diosmina , escutelareina e sinensetina. 
Fontes: en.wikipedia.org; commons.wikimedia.org; mundodasfolhas.blogspot.com.br; 
thepoisongarden.co.uk; finegardening.com; biovip.pt; pt.wikipedia.org; 
en.wikipedia.org 
 
 
A naringenina é extraida de distisntos vegetais como alcaçuz (Glycyrrhiza 
glabra), elecampane (Inula helenium), salsa (Petroselinum crispum), nas frutas da 
cereja selvagem (Prunus cerasus), do sândalo vermelho (Pterocarpus santalinus), 
da matricária (Tanacetum parthenium), do caju (Anacardium occidentale), do 
../../../../Downloads/en.wikipedia.org
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estragão (Artemesia dracunculus), da cavalinha do campo (Equisetum arvense), 
do eucalipto da Tasmânia (Eucalyptus globulus), da folha da soja (Glycine max.) e 
da Camélia (Camellia sinensis), da laranja azeda, do limão Siciliano, da laranja 
doce e da polpa de um híbrido (Citrus X Paradisi macfad), (Figura 16) 
(EXTRASYNTHESE, 2013). 
 
 
Figura 16- Principais fontes da naringenina. 
Fontes: health-from-nature.net; pfaf.org; biolib.cz; heavendelhaye.com.br; camelliasrus.com.au; 
 gardenworldimages.com; cmpr-avs.com; en.wikipedia.org; commons.wikimedia.org; 
botanicalgarden.ubc.ca; habitas.org.uk; australianseed.com; herbaleducation.net 
 
 
 
 
1.3.4 Potencial aplicação dos flavonoides isolados de cascas de citrus na 
indústria alimentícia 
 
 
 Há anos a indústria de alimentos comercializa produtos com substâncias 
bioativas conhecidas como antioxidantes, utilizadas na preservação do alimento 
pelo retardamento da deterioração, rancidez e descoloração decorrentes da 
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autooxidação. Os antioxidantes presentes nos alimentos são encontrados na 
maioria dos vegetais, o que explica parte das ações saudáveis que as frutas, 
legumes, hortaliças e cereais integrais excercem sobre o organismo (MORAES & 
COLLA, 2006). 
 
 O uso dos antioxidantes na indústria de alimentos e seus mecanismos de 
ação têm sido amplamente estudados, tendo como base as propriedades que 
vários desses compostos desempenham na oxidação de gorduras e alimentos 
gordurosos que podem ser sintéticos ou naturais (FIB 2009; BRASIL, 2009). 
 
 Muitos alimentos tem sido referidos como nutracêuticos, devido à sua 
composição de nutrientes como vitaminas, minerais e enzimas que apresentam 
ação antioxidante, como o caso do ácido ascórbico, vitamina C, tocoferol, β-
caroteno e o selênio. Entre os antioxidantes naturais mais utilizados e presentes 
em extratos de plantas estão os tocoferóis, os ácidos fenólicos (ácido cafeico, 
ácido elágico e ácido gálico) e os flavonoides, os mais ativos. Muitas espécies 
vegetais têm sido estudadas e tem-se observado que o caule, as folhas, as flores, 
os frutos, incluindo das espécies cítricas possuem compostos com forte atividade 
antioxidante (BRAGA & BARTELA, 2007). 
 
 
 
1.3.5 Potencial aplicação dos flavonoides isolados de cascas de citrus na 
indústria farmacêutica 
 
 Os flavonoides apresentam ação protetora efetiva contra os processos 
oxidativos de ocorrência natural no organismo e estão associados à proteção 
contra diferentes tipos de doenças crônico-degenerativas e doenças do 
envelhecimento. Também são relacionados a uma ampla gama de potentes 
efeitos biológicos como anti-inflamatórios, antialérgicos, antitumoral, 
antimicrobiano devido a diversos aspectos químicos, bioquímicos, farmacêuticos e 
nutricionais (MORIN, et al. 2008; TRIPOLI, et al. 2007 WANG, 2008). 
 
De acordo com Degáspari & Waszczynskyj, (2004), a formação de radicais 
livres pelo oxigênio é supostamente a chave para o desenvolvimento de câncer e 
doenças coronárias, aliado à função protetora da membrana celular. Radicais 
livres podem atacar biomoléculas, dentre as quais destacam-se os lipídios, as 
proteínas ou DNA propriamente dito, os quais podem ser preservados pela ação 
dos antioxidantes. 
 
Os antioxidantes

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