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Física tem história
Não escreva no livro.
Quem se ocupou durante muito tempo com o problema 
da conservação dos alimentos foi Denis Papin, um cientista 
francês. Papin fez numerosas experiências entre o final do 
século XVII e o começo do século XVIII. E contou sua histó-
ria para Gottfried Wilhelm Leibniz, filósofo e matemático 
alemão. Leibniz, esperto, logo pensou em usar conservas 
para abastecer exércitos em campanha. Mas quem daria 
uma solução para o problema técnico principal ainda estava 
para nascer: Nicolas Appert, um compatriota de Papin.
Em 1780, Appert abriu uma confeitaria em Paris. Ao 
mesmo tempo, abria para si mesmo uma página na Histó-
ria. A vida profissional o colocou frente a frente com o pro-
blema da conservação de alimentos. Appert acabou tendo 
uma intuição genial: o calor deveria destruir os microrga-
nismos que modificam as substâncias vegetais e animais. 
O confeiteiro pôs as mãos na massa. Enchia frascos de vi-
dro com alimentos, fechava o recipiente muito bem e o 
mergulhava em água fervente. Depois do resfriamento, o 
produto continuava inalterado por tempo considerável.
Era o processo de esterilização, que mais tarde seria ex-
plicado cientificamente por Louis Pasteur. O laborioso 
Appert então resolveu operar em escala industrial. Em 
1804, instalou uma fábrica de conservas – a mãe de todas 
as indústrias de alimentos, pode-se dizer. Meia centena 
de operários trabalhava no local. Eles enchiam latas de fo-
lhas de flandres com carne cozida e completavam o volu-
me com o suco do cozimento. Depois soldavam as tampas. 
Fechadas hermeticamente, as latas eram mergulhadas em 
caldeirões com água em ebulição. O tempo de fervura va-
riava de acordo com o tamanho do recipiente com carne.
Depois do tratamento, as latas ficavam de quarentena. 
Se não se dilatassem, indicando a deterioração do conteú-
do, saíam para o comércio. As conservas serviram no exér-
cito de Napoleão Bonaparte e na marinha francesa, 
conquistando os elogios merecidos. No dia 30 de janeiro de 
1810, Appert recebeu uma subvenção governamental de 
12 000 francos, a título de encorajamento. Em contraparti-
da, o confeiteiro genial deveria tornar públicas suas desco-
bertas: a briga por patentes ainda não existia.
Cidadão honrado, Appert cumpriu sua parte no trato. Em 
junho de 1810, ofereceu ao público Le livre de tous les ménages 
ou L’art de conserver toutes les substances animales et végétales. 
Os leitores devoraram a tiragem de 6 000 exemplares. O livro 
seria traduzido para o alemão e o inglês, contribuindo para o 
lançamento da indústria mundial de conservas.
tempo do frio
Appert prosseguiu sua atividade industrial. Mas a lite-
ratura disponível não informa se ele teria se preocupado 
com o problema da abertura das latas. […]. O abridor de 
latas apareceria várias décadas mais tarde, inventado pelo 
inglês Robert Yates. Isso não impediu que a indústria de 
conservas prosperasse.
Na Alemanha, ela nasceu por volta de 1840. Em 1906, o 
país já contava com 224 empresas do gênero. Na Itália, es-
se ramo da indústria desenvolveu-se na segunda metade 
do século XIX. […] O pioneiro das conservas nos Estados 
Unidos foi William Underwood, que nasceu na Inglaterra e 
depois mudou-se para o outro lado do Atlântico, em 1817.
[…]
O avanço no campo das conservas se deu apenas um 
pouco antes de surgir a refrigeração. O primeiro refrigera-
dor, tocado a vapor, foi patenteado em 1851, nos EUA. […] 
Cerca de 20 anos depois, um engenheiro francês, constru-
tor de máquinas frigoríficas para conservar carne, conse-
guiu instalá-las num cargueiro, o Frigorifique. Em 1876, o 
navio transportou carne de Buenos Aires para a França, 
numa viagem de 105 dias. Depois disso, o interesse pela 
refrigeração aumentou de maneira substancial, e a tecno-
logia avançou com rapidez, particularmente nos EUA.
Furtado, R. Agribusiness brasileiro: a história. São Paulo: Evoluir, 2002. p. 192-195.
1. No processo de esterilização descoberto por Nicolas Appert, como ocorre a transferência de calor do fogo 
para a água e para os produtos contidos em vidros de conserva ou para as latas de carne cozida, supondo-
se que não haja a formação de correntes de convecção no interior desses recipientes?
2. Por que fica mais fácil abrir um vidro de conserva com tampa metálica depois de ele ser aquecido?
3. Por que embalagens de conservas – latas e vidros – devem ser descartadas se suas tampas estiverem dilatadas?
4. Antes de Nicolas Appert desenvolver a primeira embalagem eficiente para a conservação de carnes, quais 
eram os métodos de preservação mais comuns, utilizados até hoje? Dê exemplos de produtos consumidos 
em grande escala que são preparados com esses métodos.
5. Hoje é bem grande a diversidade de embalagens que apresentam características específicas de acordo com 
cada produto que deverão acondicionar. Cite algumas que você conhece.
 Compreender e relacionar 
Latas para napoleão
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