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Aristoteles-Rios-Netto-Doutorado

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza 
Instituto de Geociências 
Programa de Pós-Graduação em Geologia 
 
 
 
 
 
 
 
Evolução Paleoambiental e Palinoestratigrafia do Intervalo Alagoas na 
parte oriental da Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil 
 
 
 
 
Aristóteles de Moraes Rios Netto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO – RJ 
2011 
 
 
EVOLUÇÃO PALEOAMBIENTAL E PALINOESTRATIGRAFIA DO 
INTERVALO ALAGOAS NA PARTE ORIENTAL DA BACIA DO ARARIPE, 
NORDESTE DO BRASIL 
 
ARISTÓTELES DE MORAES RIOS NETTO 
 
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geologia do Instituto de 
Geociências das Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos 
requisitos para obtenção do titulo de Doutor em Ciências/Geologia. 
 
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Paleontologia e Estratigrafia 
ORIENTADORES: Prof. Dr. Ismar de Souza Carvalho 
 Dra. Marília da Silva Pares Regali 
 
BANCA EXAMINADORA: 
 
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RIO DE JANEIRO – RJ 
2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
RIOS-NETTO, Aristóteles de Moraes 
 
Evolução Paleoambiental e Palinoestratigrafia do Intervalo Alagoas na parte 
oriental da Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil. Rio de Janeiro: URFJ/IGEO, 
2011. 
xx, 270f. + anexos: 30cm 
Tese (Doutorado), realizada no Instituto de Geociências (Instituto de Geocências – 
UFRJ, D.Sc., Programa de Pós-Graduação em Geologia, 2010. 
Orientadores: Ismar de Souza Carvalho & Marília da Silva Pares Regali. 
1. Cretáceo 2. Bacia do Araripe 3. Palinologia 4. Bioestratigrafia 
5. Paleoecologia 
I – IG/UFRJ II – Titulo (série) 
 
 
iv 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus, que criou o mundo que nós, geólogos, tentamos decifrar. 
A minha esposa Isabella, força sem a qual não haveria essa conquista. 
 
 
 
 
 
v 
Agradecimentos 
 
Aos meus orientadores, Prof. Ismar de Souza Carvalho e Dra. Marília da 
Silva Pares Regali: eles ensinaram e estimularam, vezes sem fim. Cada um a 
seu jeito, com sua experiência, foi essencial no aprimoramento do conteúdo e 
da forma desse trabalho. À Dra. Marília devo ainda a leitura das lâminas 
palinológicas que embasaram essa pesquisa. 
Aos professores Leonardo Borghi e Carlos Jorge Abreu, colegas de 
trabalho, com os quais discuti muitos tópicos relativos à Sedimentologia e 
Estratigrafia, o que trouxe imensa contribuição ao trabalho e ao meu 
conhecimento. Também aos geólogos Alexandre Braga de Paula Freitas e Max 
Vasconcelos de Moura, que contribuíram com discussões e com os perfis 
litológicos dos furos de sondagem estudados nessa pesquisa. À Dras. Ortrud 
Monika Barth e Márcia Aguiar de Barros e à bióloga Shana Yuri Misumi, do 
Laboratório de Palinologia/Departamento de Geologia/IGEO/UFRJ, pelas 
discussões que me ajudaram a compreender e admirar aspectos que algumas 
vezes nós, geólogos, deixamos de lado na Palinologia. 
Ao 4o Distrito do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), 
em Recife, Pernambuco, que gentilmente disponibilizou os testemunhos aqui 
estudados. O professor Leonardo Borghi e os geólogos Alexandre Braga de 
Paula Freitas e Max Vasconcellos de Moura foram os responsáveis pela coleta 
das amostras nesses testemunhos, pelo que também lhes sou grato. 
Ao geólogo Francisco Idalécio de Freitas, da Universidade Regional do 
Cariri (URCA), pelo apoio nos trabalhos de campo, sem o qual teria sido muito 
mais difícil o aprendizado da geologia da Bacia do Araripe. 
Ao colega Prof. João Graciano Graciano Mendonça Filho, que cedeu os 
reagentes necessários e os técnicos que processaram as amostras. À técnica 
Clarice Paixão pela preparação e análise das amostras de carbono orgânico e 
enxofre. Aos geólogos Antônio Donizetti de Oliveira, Renata Brennand das 
Chagas e Diego Marques de Brito e à bióloga Jaqueline Torres de Souza pela 
preparação das amostras palinológicas. 
Aos motoristas do Instituto de Geociências/UFRJ – especialmente a 
Sidney da Conceição Belarmino – pela dedicação e paciência nos trabalhos de 
campo. 
 
 
vi 
Impossível não reconhecer a importância do pessoal das áreas visitadas, 
na Bacia do Araripe: aos trabalhadores da mina de calcário Pedra Branca de 
Nova Olinda – CE, à gerência da minas de gipsita Pedra Branca (Nova Olinda 
– CE) e Rancharia (Araripina – PE), ao Prof. José Álvares Coutinho Júnior 
(Fundação Francisco de Lima Botelho, Jardim – CE), ao Prof. Antônio Álamo 
Feitosa Saraiva (URCA), e às muitas pessoas simples da Serra do Araripe, que 
com o conhecimento da região, possibilitaram o acesso aos afloramentos 
estudados. 
Às geólogas Daniela Machado Brito e Isabella Lopes Antunes e à 
tecnóloga, Wethya Alves, amigas que prestaram incansável ajuda com 
gráficos, tabelas, figuras e manejo da bibliografia. 
Finalmente, mas não menos importante, agradeço ao Programa 
Tecnológico de Fronteiras Exploratórias (PROFEX) e à Gerência de 
Bioestratigrafia Aplicada (BPA), ambos do Centro de Pesquisa e 
Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (CENPES)/Petróleo 
Brasileiro S.A. (PETROBRAS), cujo financiamento possibilitou, embora 
indiretamente, grande parte dessa pesquisa. 
 
 
vii 
SUMÁRIO 
 
Resumo ................................................................................................... 1 
Absctract.................................................................................................. 2 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3 
2 OBJETIVOS ......................................................................................... 4 
3 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................... 5 
3.1 MATERIAL ESTUDADO ....................................................................... 5 
3.2 O INTERVALO DE ESTUDO ................................................................. 7 
3.3 TRABALHOS DE CAMPO ..................................................................... 9 
3.4 PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS .................................................... 9 
3.4.1 Amostras palinológicas ...................................................... 9 
3.4.2 COT, ST e RI ......................................................................... 10 
3.5 ANÁLISE PALINOLÓLOGICA ................................................................ 13 
4 A BACIA DO ARARIPE ....................................................................... 14 
4.1 LOCALIZAÇÃO .................................................................................. 14 
4.2 GEOLOGIA …................................................................................... 14 
4.2.1 Contexto estrutural ............................................................. 14 
4.2.2 Origem e evolução .............................................................. 18 
4.2.3 Embasamento cristalino ..................................................... 22 
4.2.3 Litoestratigrafia ................................................................... 23 
5 CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA E AFINIDADE BOTÂNICA/ 
ZOOLÓGICA ................................................................................... 
 
51 
5.1 O MATERIAL CRETÁCICO ………….................................................... 54 
5.2 PALINOMORFOS RETRABALHADOS ………......................................... 76 
6 BIOESTRATIGRAFIA E CORRELAÇÃO ESTRATIGRÁFICA .....…... 80 
6.1 ESTUDOS ANTERIORES .................................................................... 80 
6.2 O BIOZONEAMENTO DE REFERÊNCIA ................................................. 82 
6.3ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DOS FUROS DE SONDAGEM ....................... 88 
6.4 CORRELAÇÃO ESTRATIGRÁFICA DOS FUROS DE SONDAGEM ............... 136 
6.5 CORRELAÇÃO COM BACIAS SEDIMENTARES DO ENTORNO ................... 146 
 
 
 
 
 
viii 
 
7 A IDADE DO INTERVALO FORMACIONAL RIO DA BATATEIRA–
SANTANA .............................................................................................. 
 
148 
7.1 ESTUDOS ANTERIORES .................................................................... 148 
7.2 A BIBLIOGRAFIA ASSEGURA A PRESENÇA DO ALBIANO NA BACIA DO 
ARARIPE? ........................................................................................... 
150 
7.3 O LIMITE APTIANO/ALBIANO E O BIOZONEAMENTO DE REFERÊNCIA ...... 161 
7.4 A IDADE DO INTERVALO, SEGUNDO OS DADOS OBSERVADOS ............... 161 
8 ANÁLISES GEOQUÍMICAS ................................................................ 163 
8.1 ESTUDOS ANTERIORES ..................................................................... 163 
8.2 A RAZÃO C/S E PALEOSSALINIDADE .................................................. 164 
8.3 RESULTADOS DE COT E A PALEOSSALINIDADE NOS FUROS E 
AFLORAMENTOS .................................................................................... 
 
166 
9 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................... 192 
9.1 MATERIAL ESTUDADO ....................................................................... 192 
9.2 O INTERVALO DE ESTUDO ................................................................. 195 
10 INTEGRAÇÃO DOS RESULTADOS PALEOAMBIENTAIS ............. 229 
10.1 CICLOS DEPOSICIONAIS E PALEOAMBIENTES DE SEDIMENTAÇÃO ........ 229 
10.2 A INFLUÊNCIA MARINHA ................................................................ 232 
10.3 A CURVA GERAL DE VARIAÇÃO DOS TEORES DE COT ....................... 235 
Correlação com eventos anóxicos globais ............................... 237 
10.4 A CURVA GERAL DE PALEOSSALINIDADE .......................................... 239 
10.5 PALEOCLIMA .................................................................................. 241 
10.6 RETRABALHAMENTO DO PALEOZOICO .............................................. 241 
10.7 ECOZONAS .................................................................................... 242 
11 CONCLUSÕES .................................................................................. 246 
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................. 247 
ANEXOS 
 
 
ix 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 Mapa de localização dos furos de sondagem e dos pontos 
estudados, com cidades mais próximas. O intenso 
falhamento da bacia (linhas vermelhas) define uma calha 
de direção NW–SE onde estão localizados a maior parte 
dos furos e afloramentos estudados. 
8 
Figura 2 Mapa de localização da Bacia do Araripe. No 
sombreamento de modelo digital de elevação observa-se a 
Chapada do Araripe e o Vale do Cariri (Ceará), no qual 
estão as principais cidade da região (imagem de relevo 
gerada a partir de dados altimétricos SRTM/NASA, com 
iluminação de 0o de elevação e 45o de azimute). 
16 
Figura 3 Contexto estrutural da Bacia do Araripe (Fonte: Ponte & 
Ponte-Filho, 1996). O entendimento do contexto 
geotectônico é fundamental na compreensão da complexa 
arquitetura da Bacia do Araripe. 
17 
Figura 4 Os sistemas de riftes neocomianos (Fonte: Matos, 1992). 
Esforços extensionais de direção NO – SE no início da 
Reativação Wealdeniana deram origem às bacias 
cretácicas do Nordeste. 
19 
Figura 5 Fotomosaicos da mina de gipsita Pedra Branca, em Nova 
Olinda, Ceará: (a) conjunto de falhas normais na parte 
média/superior da Formação Santana, acima do nível do 
gipsita do Membro Ipubi; (b) detalhe das falhas lístricas 
que aparecem no canto esquerdo da fotografia (a), 
mostrando acentuado rollover, que teve folhelhos como 
superfície de descolamento. Fotografias tiradas em 
09/11/2005. 
21 
Figura 6 Embasamento cristalino aflorante na subida do Horto, em 
Juazeiro do Norte, Ceará (granito cortado por veios de 
quartzo). 
22 
Figura 7 Comparação das principais propostas estratigráficas para 
a Bacia do Araripe. 
26 
Figura 8 Carta estratigráfica da Bacia do Araripe, segundo proposta 
de Ponte & Appi, 1990 (Arai et al., 2004). O intervalo 
estudado corresponde às formações Rio da Batateira e 
Santana. 
27 
Figura 9 Distribuição espacial das unidades litoestratigráficas da 
Bacia do Araripe (mapa geológico modificado de Assine, 
2007; imagem de relevo sombreado gerada a partir de 
dados altimétricos SRTM/NASA, com iluminação de 0o de 
elevação e 45o de azimute). Observar que os principais 
afloramentos do intervalo estudado – formações Rio da 
Batateira e Santana – ocorem na encosta da chapada. 
28 
 
 
x 
Figura 10 Formação Mauriti. (a) arenitos, com siltitos intercalados, na 
subida do Horto, Juazeiro do Norte, Ceará; (b) arenitos 
tabulares, na Cachoeira de Missão Velha, Ceará; (c) 
icnofósseis, no topo das camadas da fotografia anterior; 
(d) localidade de Malhada, Milagres, Ceará, onde Carvalho 
et al. (1995) descreveram pegadas de dinossauro (e). 
30 
Figura 11 Afloramento na rodovia CE-293, próximo à cidade de 
Missão Velha, Ceará, onde se vêm os folhelhos e argilitos 
marroms-avermelhados típicos da Formação Brejo Santo 
(a); a amostra da fotografia (b), contendo ostracodes 
(ostrac) e conchostráceos (conc), foi coletada nessa 
localidade. 
33 
Figura 12 (a) Afloramento da Formação Missão Velha na localidade 
de Grota Funda, rodovia CE-293, Missão Velha, Ceará; (b) 
Afloramento próximo a túnel da Ferrovia Transnordestina 
sob a rodovia CE-293, Missão Velha, Ceará. Nessa 
localidade sedimentos argilosos atribuídos à Formação 
Brejo Santo se mostram intercalados a sedimentos 
arenosos da Formação Missão Velha. Na camada mais 
superior (seta branca) ocorrem abundantes fragmentos de 
troncos permineralizados. 
34 
Figura 13 Afloramentos da Formação Rio da Batateira: (a) arenitos 
com estratificações cruzadas, pertencentes ao 1o 
ciclo/sequência 1, nas barrancas do rio Salamanca, 
rodovia Barbalha – Crato, Ceará; (b) folhelhos cinza 
escuros do Membro Fundão, que encerram o 1o 
ciclo/sequência 1, na margem do rio Batateira, Crato, 
Ceará; (c) arenitos com estratificações cruzadas, do 2o 
ciclo/sequência 2, na subida do rio Batateira, Crato, Ceará. 
38 
Figura 14 Perfil estratigráfico ao longo do rio Batateira, mostrando a 
variação litológica, os limites das unidades 
litoestratigráficas, os ciclos de Ponte & Appi (1990) e as 
sequências deposicionais de Paula-Freitas (2010). O 
intervalo referido como “camadas Batateira” é o objeto do 
presente estudo. As profundidades assinaladas no perfil 
têm como referência o topo da cascata do Lameiro 
(profundidade = 0 metros; cota altimétrica = 579 metros; 
coordenadas: Zona 24M, X=449824, Y=9198236) e ponto 
final (profundidade = 155 metros; cota altimétrica = 424 
metros; coordenadas: Zona 24M, X= 453329, Y=9201298). 
39 
 
 
 
xi 
 
Figura 15 Estratótipos propostos para o Membro Fundão. (a) 
holoestratótipo: intervalo entre as cotas altimétricas 467 
metros (profundidade = 103 metros) e 476 metros 
(profundidade = 112 metros), no Sítio Fundão, na margem 
do rio Batateira, Crato, Ceará; a profundidade “zero” 
metros corresponde ao topo da Cascata do Lameiro, 
Crato, Ceará; (b) estratótipo suplementar: intervalo entre 
as profundidades 86,20 e 121,80 metros do furo de 
sondagem 1-PS-06-CE, na localidade de Salobro, Abaiara, 
Ceará (Fonte do perfil do furo 1-PS-06-CE: Paula-Freitas, 
2009). 
45 
Figura 16 Afloramentos da Formação Santana: (a) calcários 
laminados do Membro Crato, na mina de calcário Pedra 
Branca, Nova Olinda, Ceará; (b) fotomosaico com vista 
geral da mina de gipsita Pedra Branca, Nova Olinda, 
Ceará, mostrando a gipsita do Membro Ipubi, na parte 
inferior, e argilitos, folhelhos e arenitos do Membro 
Romualdo, na parte superior; (c) folhelhos eargilitos com 
concreções calcárias, da parte superior do Membro 
Romualdo, em Crato, Ceará. 
47 
Figura 17 Arenitos e siltitos com estratifições cruzadas acanaladas, 
na localidade de Arajara Park, Barbalha, Ceará. Pacotes 
sedimentares como esses, na parte oriental da Bacia do 
Araripe, são assinaláveis à Formação Arajara, no 
esquema litoestratigráfico de Ponte & Appi (1990) ou à 
parte mais superior da Formação Santana, na proposta de 
Assine (1992, 2007). 
49 
Figura 18 Afloramentos da Formação Exu: (a) panorâmica de uma 
ponta da Chapada do Araripe, BR-122, Exu, Pernambuco 
– a Formação Exu capeia a chapada; (b) arenito com 
estratificação cruzada da Formação Exu, na subida do 
Pontal da Santa Cruz, localidade de Cancão, Santana do 
Araripe, Ceará; (c) icnofóssil da Formação Exu, na rodovia 
BR-122, próximo a Exu. 
50 
Figura 19 Fotomicrografia de alguns palinomorfos indicadores de 
paleoambientes: (a) Botryococcus sp. (furo 1-PS-12-CE, 
prof. 222,4 m); (b) Chomotriletes almegrensis (furo 1-PS-
03-CE, prof. 25,8 m). 
55 
 
 
 
xii 
 
Figura 20 Fotomicrografia de alguns esporos triletes: (a) 
Cardioangulina elongata (furo 1-PS-06-CE, prof. 93,3 m); 
(b) Cicatricosisporites avnimelechi (furo 1-PS-09-CE, prof. 
40,6 m); (c) Cicatricosisporites microstriatus (furo 1-PS-11-
CE, prof. 123,5 m); (d) Klukisporites variegatus (furo 1-PS-
01-CE, prof. 55,5 m); (e) Klukisporites foveolatus (furo 1-
PS-06-CE, prof. 3,0 m); (f) Pilosisporites trichopapilosus 
(furo 1-PS-08-CE, prof. 48,6 m); g) Perotriletes 
perinopustulosus (furo 1-PS-11-CE, prof. 17,4 m); (h) P. 
Perinopustulosus (furo 1-PS-06-CE, prof. 3,0 m). 
62 
Figura 21 Fotomicrografia de alguns táxons de grãos de pólen de 
importância bioestratigáfica e/ou paleoambiental: (a) 
Afropollis operculatus (furo 1-PS-07-CE, prof. 18,5 m); (b) 
Sergipea variverrucata (furo 1-PS-12-CE, prof. 120,0 m); 
(c) Classopollis alexi (tétrade; furo 1-PS-11-CE, prof. 17,4 
m); (d) Classopollis brasiliensis (tétrade; furo 1-PS-08-CE, 
prof. 48,6 m); (e) Classopollis torosus (furo 1-PS-12-CE, 
prof. 139,6 m); (f) Araucariacites australis (furo 1-PS-08-
CE, prof. 48,6 m); g) Tricolpites sagax (furo 1-OS-05-CE, 
prof. 58,5 m); (h) Retiquadricolpites sp. (furo 1-PS-03-CE, 
prof. 21,0 m). 
72 
Figura 22 Fotomicrografia de alguns palinomorfos indicadores de 
paleoambientes: (a) Subtilisphaera sp. (furo 1-PS-12-
CE, prof. 139,6 m); (b) Spiniferites chebca (furo 1-PS-12-
CE, prof. 139,9 m); (c) Spiniferites sp. (furo 1-PS-12-CE, 
prof. 206,7 m); (d) palinoforaminífero indeterminado (furo 
1-PS-11-CE, prof. 4,4 m); (e) palinoforaminífero 
indeterminado (furo 1-PS-12-CE, prof. 139,9 m); (f) 
Mystheria oleopotrix (furo 1-PS-03-CE, prof. 25,8 m). 
75 
Figura 23 Fotomicrografia de algumas prasinófitas retrabalhadas do 
Paleozoico: (a) Maranhites mosesi (furo 1-PS-06-CE, prof. 
107,0 m); (b) Polyedrixium sp. (furo 1-PS-03-CE, prof. 25,8 
m. 
77 
Figura 24 Biozonas e subzonas de palinomorfos do Aptiano – 
Albiano, em correlação com biozoneamento de 
foraminíferos planctônicos, conforme proposto por Regali 
& Santos (1999). Somente as subzonas P.270.2 e P-280.1 
(destacadas em laranja) foram encontradas na Bacia do 
Araripe no presente trabalho. 
84 
Figura 25 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-11-CE, ordenados pelos níveis de último 
aparecimento. 
93 
Figura 26 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-11-CE, ordenados pelos níveis de 
primeiro aparecimento. 
94 
 
 
xiii 
Figura 27 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-10-CE, ordenados pelos níveis de último 
aparecimento. 
95 
Figura 28 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-10-CE, ordenados pelos níveis de 
primeiro aparecimento. 
96 
Figura 29 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-02-CE, ordenados pelos níveis de último 
aparecimento. 
99 
Figura 30 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-02-CE, ordenados pelos níveis de 
primeiro aparecimento. 
100 
Figura 31 Correlação entre o furo de sondagem 1-PS-02-CE e o 
perfil do rio Batateira. Essa correlação permitiu o 
reconhecimento do Membro Fundão nos demais furos 
(perfil do furo 1-PS-02-CE modificado de Scheid et al., 
1978). 
101 
Figura 32 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-01-CE, ordenados pelos níveis de último 
aparecimento. 
102 
Figura 33 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-01-CE, ordenados pelos níveis de 
primeiro aparecimento. 
103 
Figura 34 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-14-CE, ordenados pelos níveis de último 
aparecimento. 
105 
Figura 35 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-14-CE, ordenados pelos níveis de 
primeiro aparecimento. 
106 
Figura 36 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-03-CE, ordenados pelos níveis de último 
aparecimento. 
109 
Figura 37 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-03-CE, ordenados pelos níveis de 
primeiro aparecimento. 
110 
Figura 38 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-04-CE, ordenados pelos níveis de último 
aparecimento. 
111 
Figura 39 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-04-CE, ordenados pelos níveis de último 
aparecimento. 
112 
Figura 40 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-13-CE, ordenados pelos níveis de último 
aparecimento. 
114 
 
 
xiv 
Figura 41 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-13-CE, ordenados pelos níveis de 
primeiro aparecimento. 
115 
Figura 42 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-05-CE, ordenados pelos níveis de último 
aparecimento. 
121 
Figura 43 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-05-CE, ordenados pelos níveis de 
primeiro aparecimento. 
122 
Figura 44 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-08-CE, ordenados pelos níveis de último 
aparecimento. 
123 
Figura 45 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-08-CE, ordenados pelos níveis de 
primeiro aparecimento. 
124 
Figura 46 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-12-CE, ordenados pelos níveis de último 
aparecimento. 
125 
Figura 47 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-12-CE, ordenados pelos níveis de 
primeiro aparecimento. 
126 
Figura 48 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-09-CE, ordenados pelos níveis de último 
aparecimento. 
127 
Figura 49 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-09-CE, ordenados pelos níveis de 
primeiro aparecimento. 
128 
Figura 50 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-07-CE, ordenados pelos níveis de último 
aparecimento. 
132 
Figura 51 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-07-CE, ordenados pelos níveis de 
primeiro aparecimento. 
133 
Figura 52 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-06-CE, ordenados pelos níveis de último 
aparecimento. 
134 
Figura 53 Distribuição dos táxons de palinomorfos no furo de 
sondagem 1-PS-06-CE, ordenados pelos níveis de 
primeiro aparecimento. 
135 
Figura 54 Localização das seções estratigráficas AA‟ (NW – SE), BB‟ 
(SW – NE) e CC‟ (SSE – MMW). 
141 
 
 
 
 
 
xv 
Figura 55 Correlação lito- e bioestratigráfica NW – SE (seção A – A‟). 
Essa seção abrange a maior parte dos furos de sondagem 
estudados no presente trabalho e sua direção coincide 
com a direção das paleocorrentes obtidas para a 
Formação Rio da Batateira por Assine (1994) e Chagas 
(2006). Para localização da seção veja figura 48. 
142 
Figura 56 Correlação lito- e bioestratigráfica SW – NE (seção B – B‟), 
transversal à seção A – A‟ e, portanto, transversal àdireção das paleocorrentes obtidas para a Formação Rio 
da Batateira por Assine (1994) e Chagas (2006). Para 
localização da seção veja figura 48. 
143 
Figura 57 Correlação lito- e bioestratigráfica NNW – SSE (seção C – 
C‟). Essa seção correlaciona os dois furos de sondagem 
de maior amplitude estratigráfica dentre aqueles 
analisados nesse estudo. Para localização da seção veja 
figura 48. 
144 
Figura 58 Perfil lito- e bioestratigráfico completo do intervalo 
estudado. Esse perfil idealizado foi composto com partes 
dos perfis 1-PS-06-CE, 1-PS-10-CE e 1-PS-11-CE e rio 
Batateira. Para maiores explicações veja texto no item 6.4 
(Fonte do perfil do furo 1-PS-06-CE: Paula-Freitas, 2009; 
fonte do perfil do furo 1-PS-11-CE: Moura, 2007). 
145 
Figura 59 Figura 59 (a) Exemplares identificados como Galeacornea 
causea forma B, por Lima (1978a, estampa 14, figuras 13 
e 14; 1979, est. VI, figs. 19-20). (b) Ilustração de 
Galeacornea causea forma B apresentada por Jardiné 
(1967), ao definir o táxon. Apesar da qualidade limitada 
das figuras, a comparação sugere que os espécimens não 
pertencem ao mesmo tåxon. 
152 
Figura 60 Variação de COT e de paleossalinidade no furo de 
sondagem 1-PS-11-CE. 
169 
Figura 61 Variação de COT e de paleossalinidade no furo de 
sondagem -PS-10-CE. 
170 
Figura 62 Variação de COT e de paleossalinidade no furo de 
sondagem 1-PS-02-CE. 
170 
Figura 63 Variação de COT e de paleossalinidade no furo de 
sondagem 1-PS-01-CE. 
171 
Figura 64 Variação de COT e de paleossalinidade no furo de 
sondagem 1-PS-14-CE. 
173 
Figura 65 Variação de COT e de paleossalinidade no furo de 
sondagem 1-PS-13-CE. 
174 
Figura 66 Variação de COT e de paleossalinidade no furo de 
sondagem 1-PS-04-CE. 
174 
 
 
 
 
xvi 
Figura 67 Variação de COT e de paleossalinidade no furo de 
sondagem 1-PS-13-CE. 
178 
Figura 68 Variação de COT e de paleossalinidade no furo de 
sondagem 1-PS-05-CE. 
179 
Figura 69 Variação de COT e de paleossalinidade no furo de 
sondagem 1-PS-08-CE. 
179 
Figura 70 Variação de COT e de paleossalinidade no furo de 
sondagem 1-PS-12-CE. 
180 
Figura 71 Variação de COT e de paleossalinidade no furo de 
sondagem 1-PS-09-CE. 
182 
Figura 72 Variação de COT e de paleossalinidade no furo de 
sondagem 1-PS-07-CE. 
182 
Figura 73 Variação de COT e de paleossalinidade no furo de 
sondagem 1-PS-06-CE. 
184 
Figura 74 Variação de COT e de paleossalinidade no perfil do rio 
Batateira. 
185 
Figura 75 Frequência relativa dos principais táxons de esporomorfos 
e ocorrência de táxons de palinomorfos de importância na 
interpretação paleoambiental/paleoclimática do furo de 
sondagem 1-PS-11-CE. Para palinoforaminíferos e 
dinoflagelados o gráfico mostra a frequência absoluta. 
202 
Figura 76 Frequência relativa dos principais táxons de esporomorfos 
e ocorrência de táxons de palinomorfos de importância na 
interpretação paleoambiental/paleoclimática do furo de 
sondagem 1-PS-10-CE. 
203 
Figura 77 Frequência relativa dos principais táxons de esporomorfos 
e ocorrência de táxons de palinomorfos de importância na 
interpretação paleoambiental/paleoclimática do furo de 
sondagem 1-PS-02-CE. 
204 
Figura 78 Frequência relativa dos principais táxons de esporomorfos 
e ocorrência de táxons de palinomorfos de importância na 
interpretação paleoambiental/paleoclimática do furo de 
sondagem 1-PS-01-CE. 
205 
Figura 79 Frequência relativa dos principais táxons de esporomorfos 
e ocorrência de táxons de palinomorfos de importância na 
interpretação paleoambiental/paleoclimática do furo de 
sondagem 1-PS-14-CE. 
208 
Figura 80 Frequência relativa dos principais táxons de esporomorfos 
e ocorrência de táxons de palinomorfos de importância na 
interpretação paleoambiental/paleoclimática do furo de 
sondagem 1-PS-03-CE. 
209 
 
 
 
 
 
xvii 
Figura 81 Frequência relativa dos principais táxons de esporomorfos 
e ocorrência de táxons de palinomorfos de importância na 
interpretação paleoambiental/paleoclimática do furo de 
sondagem 1-PS-04-CE. 
212 
Figura 82 Frequência relativa dos principais táxons de esporomorfos 
e ocorrência de táxons de palinomorfos de importância na 
interpretação paleoambiental/paleoclimática do furo de 
sondagem 1-PS-13-CE. 
213 
Figura 83 Frequência relativa dos principais táxons de esporomorfos 
e ocorrência de táxons de palinomorfos de importância na 
interpretação paleoambiental/paleoclimática do furo de 
sondagem 1-PS-05-CE. 
214 
Figura 84 Frequência relativa dos principais táxons de esporomorfos 
e ocorrência de táxons de palinomorfos de importância na 
interpretação paleoambiental/paleoclimática do furo de 
sondagem 1-PS-08-CE. 
216 
Figura 85 Frequência relativa dos principais táxons de esporomorfos 
e ocorrência de táxons de palinomorfos de importância na 
interpretação paleoambiental/paleoclimática do furo de 
sondagem 1-PS-12-CE. Para palinoforaminíferos e 
dinoflagelados o gráfico mostra a frequência absoluta. 
225 
Figura 86 Frequência relativa dos principais táxons de esporomorfos 
e ocorrência de táxons de palinomorfos de importância na 
interpretação paleoambiental/paleoclimática do furo de 
sondagem 1-PS-09-CE. 
226 
Figura 87 Frequência relativa dos principais táxons de esporomorfos 
e ocorrência de táxons de palinomorfos de importância na 
interpretação paleoambiental/paleoclimática do furo de 
sondagem 1-PS-07-CE. 
227 
Figura 88 Frequência relativa dos principais táxons de esporomorfos 
e ocorrência de táxons de palinomorfos de importância na 
interpretação paleoambiental/paleoclimática do furo de 
sondagem 1-PS-06-CE. 
212
8 
Figura 89 Quadro resumo das interpretações paleoambientais para a 
Bacia do Araripe. Origem das interpretações para os 
intervalos arenosos: 1Moura(2007); 2Paula-Freitas (2009). 
Ecozonas interpretadas de acordo com proposta de Regali 
(1989). 
244 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xviii 
Figura 90 Seção NW – SE (C – C‟), apresentando correlação dos 
ciclos deposicionais nos furos de sondagem 1-PS-11-CE e 
1-PS-12-CE. Somente os três ciclos finais estão 
registrados nesses furos. As associações de 
palinoforaminíferos e dinoflagelados sugerem que a 
condição marinha melhorou do ciclo Ipubi para o ciclo 
Romualdo, e voltou a tornar-se mais restrita no final desse 
último ciclo. A diferença nas associações indicam que o 
furo 1-PS-12-CE é mais distal, enquanto o furo 1-PS-11-
CE seria mais marginal. Palinoforaminíferos e 
dinoflagelados ocorrem também em outros níveis, além 
daqueles apontados nessa desenho esquemático (veja 
figuras 61 e 71, e anexos 11 e 12). Para localização mais 
completa da seção, veja figura 48. 
245 
 
 
 
 
xix 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 Localização, cota altimétrica dos furos de sondagem (Scheid 
et al., 1978) e dos pontos estudados (dados desse trabalho). 
Os dados de profundidade final alcançada aplicam-se 
somente aos furos (N.A. = não aplicável). 
7 
Tabela 2 Resumo da classificação sistemática adotada para 
esporomorfos cretácicos. 
79 
Tabela 3 Percentuais de COT, ST e RI, e razão C/S para cada uma 
das amostras analisadas nos furos 1-PS-01-CE a 1-PS-06-
CE. 
187 
Tabela 4 Percentuais de COT, ST e RI, e razão C/S para cada uma 
das amostras analisadas nos furos 1-PS-07-CE a 1-PS-10-
CE. 
188 
Tabela 5 Percentuais de COT, ST e RI, e razão C/S para cada uma 
das amostras analisadas no furo 1-PS-11-CE. 
189 
Tabela 6 Percentuais de COT, ST e RI, e razão C/S para cada uma 
das amostras analisadas nos furos 1-PS-12-CE a 1-PS-14-
CE. 
190 
Tabela 7 Percentuais de COT, ST e RI, e razão C/S para cada uma 
das amostras analisadas em afloramentos. 
191 
 
 
xx 
LISTA DE ANEXOS 
 
Anexo 1 Tabela de distribuição dos táxons de palinomorfos 
encontrados no furo 1-PS-01-CE. 
 
Anexo 2 Tabela de distribuição dos táxons de palinomorfos 
encontrados no furo 1-PS-02-CE. 
 
Anexo 3 Tabela de distribuição dos táxons de palinomorfos 
encontrados no furo 1-PS-03-CE. 
 
Anexo 4Tabela de distribuição dos táxons de palinomorfos 
encontrados no furo 1-PS-04-CE. 
 
Anexo 5 Tabela de distribuição dos táxons de palinomorfos 
encontrados no furo 1-PS-05-CE. 
 
Anexo 6 Tabela de distribuição dos táxons de palinomorfos 
encontrados no furo 1-PS-06-CE. 
 
Anexo 7 Tabela de distribuição dos táxons de palinomorfos 
encontrados no furo 1-PS-07-CE. 
 
Anexo 8 Tabela de distribuição dos táxons de palinomorfos 
encontrados no furo 1-PS-08-CE. 
 
Anexo 9 Tabela de distribuição dos táxons de palinomorfos 
encontrados no furo 1-PS-09-CE. 
 
Anexo 10 Tabela de distribuição dos táxons de palinomorfos 
encontrados no furo 1-PS-10-CE. 
 
Anexo 11 Tabela de distribuição dos táxons de palinomorfos 
encontrados no furo 1-PS-11-CE. 
 
Anexo 12 Tabela de distribuição dos táxons de palinomorfos 
encontrados no furo 1-PS-12-CE. 
 
Anexo 13 Tabela de distribuição dos táxons de palinomorfos 
encontrados no furo 1-PS-13-CE. 
 
Anexo 14 Tabela de distribuição dos táxons de palinomorfos 
encontrados no furo 1-PS-14-CE. 
 
 
 
1 
Resumo 
 
Esta tese apresenta um estudo integrado do Andar Alagoas da Bacia do 
Araripe, com interpretações bioestratigráficas e paleoambientais baseadas em 
análises palinológicas e geoquímicas (carbono orgânico total e enxofre total) de 
amostras provenientes de 14 furos de sondagem perfurados na borda leste 
desta bacia, e também de afloramentos nessa área e na parte oeste. As 
análises bioestratigráficas comprovaram a presença somente do Aptiano 
superior na área estudada, e uma revisão de dados publicados anteriormente 
sugere que essa restrição provavelmente é válida para toda a bacia. Com 
base na frequência relativa de esporomorfos e na ocorrência de microfósseis 
de parede orgânica foram reconhecidos quatro ciclos deposicionais, ao longo 
dos quais o clima tornou-se crescentemente mais árido. Do mesmo modo, a 
paleossalinidade foi crescente ao longo desses ciclos, alcançando o máximo 
durante o terceiro deles. Análises geoquímicas mostraram quatro picos de 
anoxia, correlacionáveis com o evento anóxico Kilian, do Aptiano final da 
França. Nos sedimentos da Formação Santana foram identificados os primeiros 
indícios inequívocos de influência marinha (Membro Ipubi) e também o auge 
dessa condição ambiental (Membro Romualdo). Um importante 
retrabalhamento do Paleozoico da Bacia do Parnaíba foi reconhecido na 
Formação Rio da Batateira e, em menor grau, na Formação Santana. O 
intervalo conhecido como “camadas Batateira” foi reestudado, foi proposta a 
mudança de sua denominação para “Membro Fundão” e observou-se que ele 
alcança espessura considerável em alguns locais da Bacia do Araripe, 
prejudicando o caráter de marco estratigráfico que lhe foi atribuído 
originalmente. 
 
 
 
 
 
 
2 
Abstract 
 
This thesis presents an integrated study of the Alagoas Stage in the 
Araripe Basin, with biostratigraphic and paleoenvironmental interpretations 
based on palynological and geochemical analyses (total organic carbon and 
total sulphur) of samples from 14 wells drilled at the Western Araripe Basin, and 
from outcrops at both Western and Eastern sub-basins. The biostratigraphic 
analyses showed that only the upper Aptian is present in the studied area, and 
an accurate revision of published data sugests that this restriction probably is 
applied to the whole basin. Based on the relative frequence of sporomorphs and 
on the occurrence of organic-walled microfossils, four depositional cicles were 
recognized, and it was observed that throughout them the climate became 
crescently more arid. Likewise, paleosalinity increased throughout those cicles, 
achieving maximum values during the thirth one. Geochemical analyses 
showed four peaks of anoxia, which can be correlated to the Kilian anoxic 
event, late Aptian of France. Within the Santana Formation were identified the 
first unequivocal signs of marine influence (Ipubi Member) and also the 
maximum of this environmental condition (Romualdo Member). An important 
reworking of the Parnaíba basin Paleozoic was recognized within the Rio da 
Batateira Formation and, at minor degree, within the Santana Formation. The 
study of the interval knew as “Batateira layers” led to proposition of changing its 
name to “Fundão Member” and showed that its considerable thickness is not 
consistent with its use as regional stratigraphic marker, as assigned in the most 
of the earlier papers. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
1 INTRODUÇÃO 
 
A Bacia do Araripe tem história geológica semelhante à das bacias 
sedimentares marginais brasileiras, relacionada ao processo de abertura do 
oceano Atlântico Sul e à divisão do paleocontinente Gondwana. Sua evolução 
tem sido correlacionada, por diferentes autores, às bacias do Parnaíba, 
Potiguar, Sergipe–Alagoas e/ou Recôncavo–Tucano–Jatobá. A correlação com 
bacias importantes do seu entorno concede relevância especial ao seu estudo, 
pois implica em que o melhor conhecimento da história geológica da Bacia do 
Araripe traz contribuição efetiva ao entendimento da dinâmica evolutiva da 
geologia de todo o Nordeste brasileiro. 
Dentre toda a sucessão sedimentar da Bacia do Araripe, o intervalo 
correspondente ao Andar Alagoas (formações Rio da Batateira e Santana) é 
especialmente instigante, pois representa um tempo de grandes mudanças 
ambientais pelas quais passou a bacia, incluindo a ingressão marinha que 
afetou drásticamente a geografia da região (Petri, 1987). Esse intervalo 
também apresenta um riquíssimo conteúdo fossilífero, que se encontra entre os 
mais diversificados, abundantes e bem preservados em todo mundo. Essas 
características contribuem para tornar o Andar Alagoas o intervalo mais 
estudado da Bacia do Araripe. Contudo, apesar do longo histórico de 
pesquisas, algumas questões permanecem sem resposta satisfatória, como a 
presença (ou ausência) de sedimentos albianos, a dinâmica da implantação e 
da evolução da deposição lacustre nesse intervalo, a caracterização da 
contribuição marinha e a evolução do clima da região durante a idade Alagoas 
e sua relação com a evolução paleoambiental da bacia. 
A presente tese oferece a essas questões um enfoque integrado, 
envolvendo análises palinológicas e geoquímicas (carbono orgânico total e 
enxofre total), no estudo de 14 furos de sondagem perfurados na borda leste 
da Bacia do Araripe, além do apoio de dados de afloramentos nessa área e 
também na parte oeste da bacia. 
 
 
4 
2 OBJETIVOS 
 
Essa tese tem como objetivo principal contribuir com o conhecimento da 
evolução ambiental da Bacia do Araripe durante a idade Alagoas, representada 
nessa bacia por rochas das formações Rio da Batateira e Santana. 
Seus objetivos específicos são: 
˚ caracterizar esse intervalo em termos bioestratigráficos e correlacioná-
lo com um biozoneamento de referência e com outras bacias 
sedimentares da região; 
˚ correlacionar esse intervalo com o Diagrama Estratigráfico 
Internacional (International Stratigraphic Chart), com foco na discussão 
da presença ou ausência do Albiano na Bacia do Araripe; 
˚ caracterizar a implantação e evolução do ambiente lacustre 
amplamente representado nesse intervalo; 
˚ identificar e caracterizar possíveis ingressões marinhas na área de 
estudo; 
˚ entender a evolução do clima da região, durante a idade Alagoas, e 
sua relação com a evolução paleoambiental da bacia. 
Para atender a esses objetivos, a pesquisa utiliza análises palinológicas e 
de carbono orgânico total (COT), a partir de amostras de testemunhos 
coletados na parte oriental da Bacia do Araripe (sub-Bacia do Cariri, segundo 
Ponte & Ponte-Filho, 1996). 
 
 
5 
3 MATERIAL E MÉTODOS 
 
3.1 MATERIAL ESTUDADO 
Os objetos principais desse estudo foram 167 amostras de sedimentos 
provenientes de testemunhos de 14 furos de sondagem perfurados na porção 
nordeste da Bacia do Araripe. Essas amostrasforam coletadas pelos geólogos 
Alexandre Braga de Paula Freitas e Max Vasconcellos de Moura, do 
Laboratório de Geologia Sedimentar (LAGESED)/Departamento de 
Geologia/Instituto de Geociências (IGEO)/Universidade Federal do Rio de 
Janeiro (UFRJ). Em caráter complementar, foram analisadas 15 amostras de 
afloramento, coletadas, em 2009, nos municípios do Crato (CE, nas margens 
do rio Batateira), Nova Olinda (CE, na mina de gipsita Pedra Branca) e 
Araripina (PE, na mina de gipsita Ponta da Serra). A localização dos furos de 
sondagem e dos locais de coleta das amostras de afloramento é mostrada na 
tabela 1 e na figura 1. Conforme pode ser observado na figura, a maioria dos 
furos estudados (1-PS-01-CE a 1-PS-08-CE, 1-PS-10-CE e 1-PS-11-CE, 1-PS-
13-CE e 1-PS-14-CE) foram perfurados em uma calha estrutural de orientação 
aproximada oeste-noroeste – este-sudeste; somente dois furos foram 
executados fora dessa calha, e ainda sobre horsts (1-PS-09-CE e 1-PS-12-
CE). Todas as amostras originárias dos furos de sondagem foram submetidas 
a análise do conteúdo palinológico e 166 delas a análises do teor de carbono 
orgânico total (COT), enxofre total (ST) e do resíduo insolúvel (RI); somente 
uma amostra (LM-06/545; prof. 93,2 m do furo 1-PS-11-CE) não pode ser 
analisada, por insuficiência de material. As amostras de afloramento foram 
submetidas somente a análises geoquímicas, visando a comparação com os 
resultados dos furos de sondagem. 
O “Projeto Santana”, que gerou os furos de sondagem estudados nesta 
pesquisa, foi desenvolvido entre 1975 e 1978 pela CPRM – Serviço Geológico 
do Brasil, por solicitação do Departamento Nacional da Produção Mineral 
(DNPM), com a finalidade de estudar a ocorrência e viabilidade econômica de 
sulfetos de chumbo, zinco e cobre na região da Chapada do Araripe. A primeira 
etapa do projeto, além de compilação bibliográfica e estudos geoquímicos e 
faciológicos, gerou o mapeamento geológico da região, tendo sido seus 
 
 
6 
resultados apresentados por Moraes et al. (1976). Em sua segunda etapa, 
entre 1977 e 1978, o projeto executou e estudou furos de sondagens, com o 
objetivo de observar o comportamento da zona mineralizada em profundidade 
e sua extensão lateral; esses resultados foram apresentados por Scheid et al. 
(1978). 
O intervalo testemunhado na segunda etapa do “Projeto Santana” incluiu 
desde o que se acreditava ser a porção superior da Formação Santana (sensu 
Moraes et al., 1976) até pouco abaixo do nível mineralizado que se buscava 
(“nível de marga betuminosa mineralizada em sulfetos”, conforme Scheid et al., 
1978, p.25). Deve-se ressaltar que a etapa anterior de estudos (Moraes et al., 
1976) indicava que o nível mineralizado estaria no topo da “fácies arenosa” da 
Formação Missão Velha (sensu Moraes et al., 1976), intervalo atualmente 
assinalado à Formação Rio da Batateira (sensu Ponte & Appi, 1990). Desse 
modo, a perfuração sempre foi interrompida ao alcançar o que se entendeu ser 
esse nível. Treze, dos quatorze furos de sondagem perfurados (1-PS-01-CE, 1-
PS-02-CE, 1-PS-03-CE, 1-PS-04-CE, 1-PS-05-CE, 1-PS-06-CE, 1-PS-07-CE, 
1-PS-08-CE, 1-PS-09-CE, 1-PS-10-CE, 1-PS-11-CE, 1-PS-13-CE e 1-PS-14-
CE), foram locados na encosta da Chapada do Araripe e não contêm o topo da 
Formação Santana (sensu Moraes et al., 1976). Somente o furo 1-PS-12-CE foi 
perfurado no topo da Chapada, tendo atravessado a parte mais superior da 
coluna sedimentar da Bacia do Araripe, embora a testemunhagem tenha sido 
iniciada à profundidade de 106,3 metros, nível a partir do qual foram 
encontrados folhelhos. Esse furo foi, portanto, o único a testemunhar o topo 
daquela formação. Os testemunhos estudados estão armazenados no 4o 
Distrito do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), em Recife, 
PE, que gentilmente os disponibilizou para o presente estudo. 
As descrições litológicas representadas nesse trabalho são originárias de 
Moura (2007; 1-PS-7-CE, 1-PS-09-CE a 1-PS-14-CE), Paula-Freitas (2009; 1-
PS-05-CE, 1-PS-06-CE e 1-PS-08-CE) e do próprio projeto Santana II (1-PS-
01-CE a 1-PS-04-CE). 
 
 
7 
 
3.2 O INTERVALO DE ESTUDO 
Esse estudo tem como foco o Andar Alagoas da Bacia do Araripe, 
correspondente a rochas clásticas e químicas das formações Rio da Batateira e 
Santana. Considerando-se que o limite entre essas duas formações é 
gradacional – dificultando algumas vezes seu reconhecimento em campo e nos 
furos de sondagem – e que a ênfase do presente trabalho é bioestratigráfica e 
paleoambiental, e não litoestratigráfica, optou-se pela referência ao conjunto do 
intervalo como “intervalo formacional Rio da Batateira – Santana”. 
 
Tabela 1 Localização, cota altimétrica dos furos de sondagem (Scheid et al., 1978) 
e dos pontos estudados (dados desse trabalho). Os dados de profundidade final 
alcançada aplicam-se somente aos furos (N.A. = não aplicável). 
 
 
 
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9 
3.3 TRABALHOS DE CAMPO 
Foram realizadas três campanhas de campo. As duas primeiras 
campanhas ocorreram em julho de 2004 e em agosto de 2005, e 
concentraram-se na Sub-bacia do Cariri. Elas tiveram como objetivo o 
reconhecimento das unidades descritas na bibliografia especializada, bem 
como de sua distribuição espacial nessa sub-bacia. A observação da variação 
lateral de fácies das diversas unidades foi fundamental para a melhor 
compreensão da complexidade da estratigrafia e sedimentologia da bacia. O 
terceiro e último trabalho de campo deu-se em agosto de 2009, tendo-se 
estendido também à Sub-bacia de Feitoria. O objetivo dessa etapa foi 
aprofundar as observações sobre as unidades e coletar amostras para análises 
complementares àquelas realizadas nos testemunhos de sondagem. Durante 
essa campanha foi realizado um perfil estratigráfico ao longo do rio Batateira, 
na cidade do Crato, Ceará (tabela 1 e figura 1). Esse perfil será apresentado e 
discutido no capítulo quatro e constitui uma peça chave na correlação dos furos 
de sondagem estudados, como poderá ser visto no capítulo seis. 
 
3.4 PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS 
3.4.1 Amostras palinológicas 
O processamento das amostras palinológicas foi realizado pela equipe de 
técnicos do Laboratório de Palinofácies e Fácies Orgânicas 
(LAFO)/Departamento de Geologia/IGEO/UFRJ, seguindo a metodologia 
proposta por Oliveira et al. (2004), que é descrita resumidamente abaixo; 
(i) Cada amostra foi coberta com ácido clorídrico (HCl) a 32 % e deixada a 
reagir, em uma capela, por no mínimo duas horas, ou até que cessasse a 
reação, visando a dissolução da fração carbonática. Caso fosse observado 
que, havendo cessado a reação, ainda restava material carbonático, era 
acrescentado mais HCl. 
(ii) Após constatar-se a dissolução total da fração carbonática, o material 
foi vertido sobre uma peneira de malha de 6 µm. 
 
 
10 
(iii) O material retido na peneira foi transferido para um béquer e, por 
diversas vezes, lavado com água corrente filtrada sobre peneira de malha 6µm, 
visando neutralizar a solução. 
(iv) Esse material, ainda na peneira, foi coberto com detergente Extran, 
deixado descansar por 15 a 30 minutos, e depois novamente lavado com água 
corrente filtrada, por seguidas vezes, até que a água que a atravessa saísse 
limpa de espuma. 
(v) O material foi transferido para um béquer de polipropileno e recoberto 
com ácido fluorídrico (HF) em quantidade equivalentea três vezes o volume do 
resíduo da amostra, e deixado repousar por um período aproximado de 12 
horas, com o objetivo de dissolver a fração silicosa. 
(vi) O material foi novamente vertido para peneira de malha 6 µm e aí foi 
lavado seguidas vezes até que a solução fosse neutralizada. 
(vii) Procedeu-se a nova etapa de lavagem com detergente, conforme 
descrita na etapa (iv). 
(viii) Quando necessário, em amostras com litologia um pouco mais 
arenosa, após as etapas anteriores, o resíduo da preparação foi transferido, 
com um pouco de água destilada, para um vidro de relógio e submetido a 
movimentos circulares, visando concentrar minerais pesados no fundo e no 
centro do vidro. O resíduo sobrenadante leve (palinomorfos) foi vertido para um 
frasco. Esse procedimento é comparado por Oliveira et al. (2004) ao 
bateamento usado para concentrar ouro em sedimentos de aluvião. 
(ix) O resíduo final contendo os palinomorfos, após as etapas (g) ou (h) – 
quando essa última se faz necessária – é usado para a montagem das lâminas 
palinológicas. 
 
3.4.2 Carbono orgânico total (COT), enxofre total (ST) e resíduo insolúvel 
(RI) 
A preparação e análises de COT, ST e RI foram realizadas no Laboratório 
de Palinofácies e Fácies Orgânicas (LAFO)/Depto. de Geologia/ IGEO/UFRJ. 
Os procedimentos adotados são descritos resumidamente abaixo e seguem os 
 
 
11 
métodos ASTM D 4239 (American Society for Testing and Materials – ASTM, 
2008) e NCEA-C-1282 (Schumacher, 2002), com algumas adaptações. 
 
Preparação das amostras – descarbonatação 
O processamento das amostras visou a descarbonatação das amostras e 
seguiu as seguintes etapas: 
(i) cada amostra foi triturada e passada por peneira com malha de 4,76 
mm; 
(ii) separaram-se 3 gramas de material com diâmetro inferior a 4,76 mm 
para as etapas seguintes da preparação; esse material foi moído em um 
pulverizador RETSCH MM200. 
(iii) foram pesados aproximadamente 0,26g da amostra (massa inicial), 
previamente pulverizada, num cadinho de cerâmica filtrante, de massa 
conhecida; 
 (iv) após a pesagem, a amostra foi acidificada, a frio, com HCl 1:1, e 
permaneceu assim por 24 horas, para eliminação de todo carbonato; 
(v) em seguida iniciou-se a lavagem com água destilada quente, para 
eliminação dos cloretos formados na etapa anterior; a amostra permaneceu por 
uma hora nesta etapa; 
(vi) logo após, deu-se continuidade à lavagem com água destilada, em 
temperatura ambiente, até que o pH ficasse próximo de seis, escoando-se o 
excesso de água; 
(vii) a amostra foi seca em estufa à 65ºC, por aproximadamente 3 horas; 
após o resfriamento, o cadinho foi pesado novamente, obtendo-se a massa da 
amostra descarbonatada. 
Após essas etapas, o resíduo restante (resíduo insolúvel) continha 
apenas carbono orgânico, e estava, portanto, preparado para a análise de 
COT/ST/RI. 
 
 
 
12 
Cálculo do Resíduo Insolúvel 
O resíduo insolúvel (RI) corresponde à fração de amostra não eliminada 
pelo tratamento ácido, e é calculado pela formula abaixo. 
 
 % RI = PI x 100 onde: PI = Peso do insolúvel (massa da amostra descar- 
 PA bonatada) 
 PA= Peso da amostra (massa inicial) 
 
 Análise de carbono orgânico total e enxofre total 
A determinação dos teores de COT e ST foi realizada em um analisador 
de carbono e enxofre LECO, modelo SC-144DR, que faz a quantificação 
simultânea desses elementos. 
Antes de proceder as análises das amostras, o equipamento foi calibrado 
usando-se amostras-padrão de solo, coque ou rocha. A combustão dos 
padrões de referência dá origem a uma curva de calibração para cada método 
(COT e ST). Essa curva de variação é definida com três a cinco padrões de 
teores diferentes: entre 0,34% e 12% para o carbono, e entre 0,017% e 10%, 
para o enxofre; a massa de cada padrão também varia: 0,10, 0,20 e 0,30 g, e 
em triplicata. Ao final da combustão há a formação da área do pico 
correspondente de cada teor; com essa gama de áreas de padrões é feita a 
calibração e, logo após, são quantificadas as amostras. 
Após a calibração do equipamento, a amostra é levada ao forno, em uma 
atmosfera de oxigênio (superseco), à temperatura de 1.350ºC. A combinação 
de fluxo de oxigênio e alta temperatura leva a amostra à combustão total, 
levando a amostra a um processo de oxi-redução. Os elementos que se deseja 
quantificar, carbono e enxofre, transformam-se respectivamente em CO2 e SO2. 
A leitura dos gases formados é feita pela respectiva célula de infravermelho. O 
sinal analógico é convertido em digital e obtêm-se as concentrações 
porcentuais, por uma equação pré-existente no software do equipamento, que 
as relaciona à massa da amostra analisada e à área do pico respectivo aos do 
padrão de referência que gerou a curva de calibração de cada método. Para 
 
 
13 
esses cálculos é utilizada a massa inicial da amostra (PA), anterior à 
descarbonatação, a qual é informada ao equipamento. 
 
3.5 ANÁLISE PALINOLÓLOGICA 
A identificação e contagem dos táxons palinológicos foram realizadas com 
a colaboração da Dra. Marília Regali, em microscópios óticos Zeiss, com 
objetivas de 2,5X, 16X, 40X e 100X, e oculares de 8X e 12,5, e Zeiss Axioplan 
2 Imaging, com objetivas de 4X, 10X, 20X, 40X e 63X, sistema de prismas 
OPTOVar de 1,25X ou 1,6X, e oculares de 10X. As fotomicrografias foram 
realizadas com câmera Sony DSC-S85 acoplada ao microscópio Zeiss 
Axioplan 2 Imaging, e as escalas gráficas inseridas com apoio do software 
Zeiss AxioVision LE 4.2. 
Foi adotado o biozoneamento proposto por Regali et al. (1974a), 
considerando a emenda de Beurlen & Regali (1987), e a subdivisão em 
subzonas acrescentada por Regali & Santos (1999). 
Para a análise quantitativa dos palinomorfos utilizados para a 
interpretação bioestratigráfica, procedeu-se à contagem total dos esporomorfos 
de cada lâmina. Somente quando um determinado táxon era extremamente 
abundante, esse táxon (e somente ele) era contado em meia lâmina, e o valor 
encontrado multiplicado por dois, para estimar a quantidade total daquele táxon 
na lâmina. Quanto a palinomorfos paleozoicos retrabalhados e aqueles 
utilizados somente na interpretação paleoambiental (zooclastos e 
microplâncton), em alguns poucos casos, quando entendeu-se que a análise 
quantitativa completa não acrescentaria informação significativa, procedeu-se 
uma análise semi-quantitativa, com classes como “frequente”, “presente”, “raro” 
e “alguns”. 
 
 
14 
4 A BACIA DO ARARIPE 
 
4.1 LOCALIZAÇÃO 
A Bacia do Araripe está localizada no sertão do Nordeste do Brasil, 
abrangendo partes dos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. Tem 
orientação geral Leste – Oeste, estando limitada, aproximadamente, pelas 
coordenadas 38o 35‟ – 40o 50 W e 7o 04‟ – 7o 50‟ S. Ocupa uma área total de 
aproximadamente 12.200 Km², com extensão máxima de cerca de 250 km, na 
direção leste – oeste, e 68 km, na direção norte – sul, correspondendo às 
feições geomorfológicas da Chapada do Araripe e do Vale do Cariri (figura 2). 
 
4.2 GEOLOGIA 
4.2.1 Contexto estrutural 
A Bacia do Araripe insere-se na Província Estrutural Borborema, uma 
feição tectônica de origem pré-cambriana que abarca grande parte da região 
Nordeste brasileira. Essa província é composta por maciços e cinturões de 
dobramentos metassedimentares, sendo marcada por fraturas e intrusões 
ígneas (figura 3). Esses terrenos desenvolveram-se principalmente entre o 
Proterozóico Médio a Final (evento Cariris Velhos; 1.100 – 950 Ma) e foram 
intensamente deformados, metamorfisados e intrudidos durante o Ciclo 
Brasiliano (670 – 570 Ma), que gerou cinturões de dobramentos com direção 
preferencial Nordeste – Sudoeste e zonas de cisalhamento com direção 
preferencial Leste – Oeste (Ferreira et al., 2004). São essas característicaspré-
cambrianas que, mais tarde, ao tempo da Reativação Wealdeniana, servirão 
como zonas de fraqueza que originarão o sistema de riftes do Nordeste do 
Brasil, no qual está inserida a Bacia do Araripe (Matos, 1992). Segundo 
Ferreira et al. (2004), a Província Borborema está dividida em três domínios, 
limitados pelos lineamentos Paraíba (ou Patos) e Pernambuco: o domínio 
setentrional (ao Norte do lineamento Paraíba), o domínio meridional (ao Sul do 
lineamento Pernambuco) e a Zona Transversal (entre os dois lineamentos). A 
Zona Transversal corresponde a uma faixa orientada na direção Leste – Oeste, 
que se estende desde o litoral de Pernambuco e Paraíba até o leste do Piauí, 
 
 
15 
englobando ainda parte do sul do Ceará, e que está geologicamente limitada 
pelo Lineamento Paraíba, ao norte, pela Falha de Tatajuba, à oeste, e pelo 
Lineamento Pernambuco, ao sul. Internamente a esse domínio, os diversos 
falhamentos presentes no embasamento pré-cambriano têm orientação 
predominante nordeste – sudoeste e, subordinada, noroeste – sudeste (Ponte 
& Ponte-Filho, 1996). A Bacia do Araripe está situada na extremidade oriental 
da Zona Transversal e essa forte herança originou uma configuração em altos 
(horsts) e baixos (grabens) estruturais que caracterizam sua arquitetura. Uma 
das manifestações dessa herança estrutural é a compartimentação da Bacia do 
Araripe em duas sub-bacias: Sub-bacia de Feitoria e Sub-bacia do Cariri, 
separadas pelo horst Dom Leme. Por seu turno, conforme pode ser visto na 
figura 3, a arquitetura da Sub-bacia do Cariri é ainda fortemente marcada por 
uma calha estrutural de orientação aproximada oeste-noroeste – este-sudeste 
(Ponte & Ponte-Filho, 1996). 
 
 
 
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17 
 
Figura 3 Contexto estrutural da Bacia do Araripe (Fonte: Ponte & Ponte-Filho, 1996). 
O entendimento do contexto geotectônico é fundamental na compreensão da 
complexa arquitetura da Bacia do Araripe. 
 
 
 
18 
4.2.2 Origem e evolução 
A origem da Bacia do Araripe está ligada ao evento de estiramento crustal 
que levou ao desenvolvimento de uma extensa depressão de direção norte – 
nordeste durante a idade Dom João (Jurássico – Cretáceo Inicial?), a qual foi 
preenchida por sedimentos principalmente fluviais e aluviais. Essa feição é 
denominada Depressão Afro-brasileira, sendo reconhecida nas bacias do 
Gabão, Congo e Cabinda, na África, e Recôncavo, Tucano, Jatobá, Sergipe, 
Alagoas e Araripe, no Brasil. Os indícios dessa depressão parecem ter sua 
extensão limitada pelo lineamento da Paraíba (Chang et al., 1988; Matos, 
1992). Na Bacia do Araripe, essa etapa está representada pelas formações 
Brejo Santo e Missão Velha. Durante as idades Rio da Serra e Aratu inicial 
(Neocomiano) esforços extensionais de direção noroeste – sudeste deram 
origem a três trends de riftes: (1) trend Gabão – Sergipe-Alagoas, (2) trend 
Recôncavo – Tucano – Jatobá e (3) trend Cariri – Potiguar; nesse último 
insere-se a Bacia do Araripe, além das bacias do Rio do Peixe, Iguatu, 
Malhada Vermelha, Icó, Lima Campos e Potiguar (figura 4). Matos (1992) 
chama a atenção para o fato de que o eixo do trend Cariri - Potiguar (NE – SO) 
coincide, em linhas gerais, com a direção dos cinturões de dobramentos pré-
cambrianos, confirmando a forte influência dessas feições sobre o processo de 
rifteamento cretácico. Essa etapa rifte corresponde, na Bacia do Araripe, aos 
sedimentos fluviais da Formação Abaiara. Um estágio erosivo, correspondente 
às idades Aratu final e Buracica, separa os compartimentos Pré-rifte – Rifte e 
Pós-rifte da Bacia do Araripe, levando Ponte & Ponte-Filho (1996) a inferirem 
uma etapa de soerguimento seguida de subsidência flexural termomecânica e 
novo soerguimento, durante os quais teria ocorrido o último ciclo de 
sedimentação da Bacia do Araripe, um ciclo transgressivo – regressivo. Assine 
(2007) divide essa etapa em dois estágios. A subsidência ocorrida durante o 
primeiro estágio (Pós-rifte I), de idade Alagoas, levou à implantação de um 
sistema lacustre e à chegada do mar à Bacia do Araripe (formações Rio da 
Batateira e Santana). Esse intervalo é o objeto de estudo do presente trabalho. 
O estágio Pós-rifte II (Albiano? – Cenomaniano?) reflete o fim da subsidência 
térmica e um novo soerguimento epirogênico, que teria levado ao 
assoreamento do sistema lacustre do estágio anterior, com deposição em 
 
 
19 
ambiente lacustre raso (Formação Arajara) e fluvial (Formação Exu) 
encerrando a coluna sedimentar da Bacia do Araripe. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Deve-se ressalvar que essa visão da evolução da Bacia do Araripe, 
implica em uma extrapolação, por parte de autores como Ponte & Appi (1990), 
Ponte (1992) e Ponte & Ponte-Filho (1996), dos modelos de evolução 
desenvolvidos por Ponte & Asmus (1976) e Chang et al. (1992) para as bacias 
marginais brasileiras. No entanto, evidências de campo demonstram 
claramente a presença de falhas lístricas na parte superior da Formação 
Figura 4 Os sistemas de riftes neocomianos (Fonte: Matos, 1992). Esforços 
extensionais de direção NO – SE no início da Reativação Wealdeniana deram 
origem às bacias cretácicas do Nordeste. 
 
 
 
20 
Santana (membros Ipubi-Romualdo), indicando, portanto, que esforços 
tectônicos extensionais continuaram ativos no intervalo considerado como 
“Pós-rifte” (veja figura 5). Deve-se observar também que Moura & Borghi 
(2005) identificaram uma superfície de regressão forçada no interior da 
Formação Santana, a qual foi interpretada por Moura (2007) como sendo de 
natureza tectônica. Appi (2009) interpretou, em seções sísmicas, falhas em flor 
que atravessam as tectonossequências rifte e pós-rifte, além de falhas lístricas 
restritas à tectonossequência Pós-rifte; esse mesmo autor ressalta a ausência, 
nas linhas sísmicas que estudou, de grandes rejeitos de falhamentos de borda, 
ou mesmo de espessamento sedimentar de sismofácies, que confirmassem o 
modelo de bacia de rifte. Paula-Freitas (2009 e 2010) procedeu a uma análise 
faciológica da Formação Rio da Batateira, sob enfoque da Estratigrafia 
Sequencial, em alguns dos furos de sondagem abordados no presente trabalho 
(1-PS-01-CE, 1-PS-05-CE, 1-PS-06-CE, 1-PS-07-CE, 1-PS-08-CE, 1-PS-09-
CE, 1-PS-13-CE), e concluiu que a correlação estratigráfica desses furos 
aponta tectônica ativa durante a deposição daquela unidade. Esses 
questionamentos deixam clara a necessidade de serem aprofundados os 
estudos sobre a evolução da Bacia do Araripe. 
 
 
21 
 
 
Figura 5 Fotomosaicos da mina de gipsita Pedra Branca, em Nova Olinda, Ceará: (a) 
conjunto de falhas normais na parte média/superior da Formação Santana, acima do 
nível do gipsita do Membro Ipubi; (b) detalhe das falhas lístricas que aparecem no 
canto esquerdo da fotografia (a), mostrando acentuado rollover, que teve folhelhos 
como superfície de descolamento. Fotografias tiradas em 09/11/2005. 
 
 
(a) 
(b) 
 
 
22 
4.2.3 Embasamento cristalino 
O embasamento da Bacia do Araripe (figura 6) é formado por rochas 
ígneas e metamórficas da Província Borborema. A estruturação dessa 
província, apresentada no item 4.2.1, reflete-se claramente tanto na forma 
alongada de orientação E-W da bacia, quanto na disposição SW-NE dos 
diversosgrabens e horsts que condicionam a deposição (Ponte & Ponte-Filho, 
1996). O conhecimento dessas estruturas é essencial para entender a 
estratigrafia dessa bacia, uma vez que a movimentação vertical de blocos, 
eleva ou rebaixa unidades estratigráficas a níveis altimétricos inesperados. 
Beurlen (1963) nota que a erosão diferenciada de granitos, gnaisses, 
migmatitos (rochas mais resistentes) e micaxistos (menos resistentes), 
presentes nos flancos N, S e W da Bacia do Araripe teria originado um relevo 
ondulado, composto por elevações e depressões, que se estenderiam por sob 
a coluna sedimentar dessa parte da bacia. O autor observa também que, do 
mesmo modo, um embasamento constituído predominantemente por rochas 
metassedimentares de grau mais baixo no flanco NE teria dado origem a uma 
superfície mais aplanada e escavada, constituindo uma extensa depressão na 
área que hoje expõe a unidade sedimentar mais basal (Formação Mauriti). 
 
Figura 6 Embasamento cristalino aflorante na subida do Horto, em 
Juazeiro do Norte, Ceará (granito cortado por veios de quartzo). 
 
 
 
23 
4.2.4 Litoestratigrafia 
A figura 7 apresenta uma comparação atualizada das diversas colunas 
estratigráficas propostas para a Bacia do Araripe. Uma síntese dessa evolução 
dos conhecimentos estratigráficos sobre a bacia é apresentada a seguir, 
destacando-se os trabalhos que representaram mudanças mais significativas. 
É de Small (1923) a primeira proposta de coluna estratigráfica para a 
Bacia do Araripe: (i) um “arenito conglomerático”, na base; (ii) seguido do 
“arenito inferior do Araripe”; (iii) o “calcário de Sant‟Anna”; (iv) cobertos pela 
“série superior de arenito do Araripe”. Essa é a divisão mais básica e mais 
facilmente reconhecida no campo. Ela foi seguida mais tarde por Beurlen 
(1962), que denominou esses mesmos intervalos, respectivamente, como (i) 
Formação Cariri, (ii) Formação Missão Velha, (iii) Formação Santana, e (iv) 
Formação Exu. Esse autor também propôs uma subdivisão tripartite da 
Formação Santana: calcários inferiores, gipsita e calcários superiores. Barros 
(1963) propôs a mudança da denominação “Formação Exu” para “Formação 
Arajara”, com o argumento principal de que a localidade de Arajara (Ceará) 
teria melhores afloramentos desse intervalo, enquanto a cidade de Exu 
(Pernambuco), que teria dado origem ao nome da unidade, estaria situada 
geologicamente sobre o embasamento cristalino da Bacia do Araripe. Beurlen 
(1963) restringiu o nome “Formação Santana” ao intervalo contendo a gipsita e 
os calcários superiores, e atribuiu aos calcários inferiores denominação 
Formação Crato. Gaspary & Anjos (1964) destacaram da parte inferior da 
Formação Missão Velha uma nova unidade – a Formação Brejo Santo. Braun 
(1966) foi o primeiro a correlacionar unidades estratigráficas dessa bacia com 
intervalos formais das bacias do Recôncavo, Tucano e Jatobá. Silva-Santos & 
Valença (1968) também adotaram uma divisão da Formação Santana em 
somente dois membros (inferior e superior), mas consideraram que, por sua 
natureza evaporítica, a gipsita/anidrita deveria ser agrupada aos calcários 
laminados, no membro inferior, isolando os folhelhos e argilitos com nódulos 
calcários em um membro superior. Beurlen (1971) retomou sua proposta 
original de subdivisão tripartite da Formação Santana, atribuindo às 
subunidades os nomes de Membro Crato, Membro Ipubi e Membro Santana, 
denominação adotada, ainda hoje, pela maioria dos pesquisadores que atuam 
 
 
24 
na Bacia do Araripe. Mabesoone & Tinoco (1973) dividiram a Formação Exu 
em dois subintervalos, inferior e superior. Mesclando propostas anteriores de 
Beurlen (1962 e 1963), Moraes et al. (1976) consideraram a Formação Santana 
sensu Beurlen (1962) subdividida em dois intervalos, referindo-se ao intervalo 
inferior como “fácies carbonáticas” (calcários inferiores de Beurlen, 1962), e 
denominando o intervalo superior como “fácies lutítica-argilosa-evaporítica” 
(englobando a gipsita e calcários superiores de Beurlen, 1962). Silva (1986) 
identificou uma importante discordância em posição estratigráfica 
correspondente ao topo dos evaporitos (gipsita/anidrita); essa feição teria 
caráter regional, podendo ser reconhecida mesmo nas localidades onde os 
evaporitos não estão presentes; a partir dessa observação, Silva (1986) 
retomou a proposta de Silva-Santos & Valença (1968) de considerar os 
evaporitos na mesma unidade estratigráfica que os calcários laminados 
(Formação Araripina), enquanto os folhelhos e argilitos com nódulos calcários 
foram separados em outro intervalo (Formação Santana). Ponte & Appi (1990) 
dividiram a Formação Missão Velha sensu Gaspary & Anjos (1964) em três 
formações (Missão Velha, Abaiara e Rio da Batateira), e adotaram o nome de 
“Formação Arajara” para o intervalo Exu inferior de Mabesoone & Tinoco 
(1973), restringindo a denominação Formação Exu ao intervalo Exu superior 
desses autores. Martill & Wilby (1993) elevaram os membros Crato, Ipubi e 
Romualdo (sensu Beurlen, 1973) ao nível de formações; esses autores 
utilizaram o nome “Formação Missão Velha” para todo o intervalo 
correspondente às formações Brejo Santo (Gaspary & Anjos, 1964), Missão 
Velha sensu Ponte & Appi (1990), e Abaiara (Ponte & Appi,1990). Um aspecto 
interessante no esquema estratigráfico de Martill & Wilby (1993) é que eles 
consideram que a Formação Cariri (Beurlen, 1962) seria parcialmente colateral 
às formações Missão Velha (sensu Martill & Wilby, 1993) e Rio da Batateira 
(Ponte & Appi, 1990) e à parte basal da Formação Crato (sensu Martill & Wilby, 
1993), enquanto a Formação Rio da Batateira também se estenderia 
verticalmente, sendo parcialmente colateral às formações Crato, Ipubi e parte 
basal da Formação Santana (sensu Martill & Wilby, 1993). Assine (1990, 1992) 
definiu a Formação Barbalha, um intervalo integralmente correlacionável à 
Formação Rio da Batateira de Ponte & Appi (1990). A proposta de Neumann & 
Cabrera (1999) tem como base o esquema de Ponte & Appi (1990), mas 
 
 
25 
considera como formações os membros Crato, Ipubi e Romualdo (sensu 
Beurlen, 1973); para esses autores a Formação Rio da Batateira seria 
parcialmente colateral à Formação Crato, e existiria uma “unidade terrígena” 
colateral à Formação Ipubi e parcialmente colateral à Formação Romualdo. 
Assine (2007) atribui o nome “Formação Araripina” ao intervalo Exu inferior de 
Mabesoone & Tinoco (1973), restringindo a denominação “Formação Exu” ao 
intervalo Exu superior desses autores. 
As considerações apresentadas a seguir sobre cada unidade tomam 
como base o esquema estratigráfico de Ponte & Appi (1990), uma proposta que 
alcançou relativa estabilidade no meio geológico, apesar das reconhecidas 
limitações. No entanto, essas notas incorporam ainda algumas contribuições 
posteriores, como aquelas trazidas por Carvalho et al. (1993; 1995), Coimbra et 
al. (2002) e Assine (2007), além de observações inéditas do presente estudo, 
em especial no que se refere à Formação Rio da Batateira. Uma carta 
estratigráfica da Bacia do Araripe é apresentada na figura 8. A figura 9 mostra 
um mapa geológico da Bacia do Araripe. 
 
 
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27 
Figura 8 Carta estratigráfica da Bacia do Araripe, segundo proposta de Ponte & Appi, 
1990 (Arai et al., 2004). O intervalo estudado corresponde às formações Rio da 
Batateira e Santana. 
 
 
 
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29 
 Formação Mauriti (Beurlen, 1962) 
Proposta por Beurlen (1962) como Formação Cariri, essa unidade teve 
sua denominação mudada para Formação Mauriti por Gaspary & Anjos (1964), 
considerando que o termo “Mauriti” refere-se à localidade-tipo dessa unidade. 
Ponte & Appi (1990) argumentam ainda que o termo “Cariri” seria impróprio por 
fazer referência a uma região extensa, onde ocorre também diversas outras 
formações. Segundo Ponte & Appi (1990), os sedimentos mais basais 
registrados na bacia correspondem a arenitos brancos, amarelados a 
acinzentados, médios a muito grossos, imaturos, depositados em um sistema 
de rios entrelaçados (figura 10). Esses sedimentos, que repousam 
diretamente sobre o embasamento cristalino, foram considerados por Small 
(1923) e Beurlen (1963) como cretácicos. Porém, desde Braun (1966), é 
bastante difundida a hipótese de que essa formação teria uma idade entre o 
Ordoviciano final e o Devoniano inicial (p.ex.: Ponte & Appi, 1990; Ponte & 
Ponte-Filho, 1996; Assine, 2007). Essa interpretação não se baseia em fósseis, 
mas exclusivamente em correlação litoestratigráfica com a Formação Tacaratu 
(Bacia do Jatobá) e com o Grupo Serra Grande (Bacia do Parnaíba) e vem 
sendo questionada por alguns autores, como resumido abaixo: 
(i) Berthou (1990) argumenta que a depressão na qual se depositou a 
Formação Mauriti prefigura a deposição reconhecidamente cretácica da Bacia 
do Araripe e que dificilmente estaria presente desde o paleozoico. 
(ii) Martill & Wilby (1993) apontam que “considerações estruturais não 
favorecem uma idade devoniana” para a Formação Mauriti e registraram que 
na região de Nova Olinda, Ceará, sedimentos dessa unidade se sobrepõem 
arenitos da Formação Missão Velha. Esses autores consideram que a 
Formação Mauriti seria colateral com as unidades que Ponte & Appi (1990) 
denominam formações Brejo Santo, Missão Velha, Abaiara e Rio da Batateira, 
além do Membro Crato/Formação Santana. 
(iii) Carvalho et al. (1993; 1995) e Viana et al. (1993) relatam a descoberta 
de pegadas de dinossauros nessa formação, o que indicaria correlação com a 
Formação Antenor Navarro, das bacias de Sousa, Cedro e Lima Campos, que 
teriam idade cretácica inicial (Carvalho, 2000). 
 
 
30 
A Formação Mauriti aflora somente na borda leste da Bacia do Araripe, no 
Vale do Cariri (figura 8), enquanto na parte oeste ocorre somente em sub-
superfície. 
 
Figura 10 
Formação 
Mauriti. (a) 
Arenitos, com 
siltitos 
intercalados, na 
subida do Horto, 
Juazeiro do 
Norte, Ceará; 
(b) arenitos 
tabulares, na 
Cachoeira de 
Missão Velha, 
Ceará; 
(c) icnofósseis, 
no topo das 
camadas da 
fotografia 
anterior; 
(d) localidade de 
Malhada, 
município de 
Milagres, Ceará, 
onde Carvalho et 
al. (1995) 
descreveram 
pegadas de 
dinossauro (e). 
 
 
31 
Formação Brejo Santo (Gaspary & Anjos, 1964) 
Essa unidade corresponde a folhelhos e lamitos marrom-avermelhados 
(figura 11) posicionados na base do intervalo originalmente conhecido como 
Formação Missão Velha (sensu Beurlen, 1962) e que foram descritos como 
“Formação Brejo Santo” por Gaspary & Anjos (1964). Para Ponte & Appi (1990) 
esses sedimentos teriam sido depositados em ambiente lacustre, nos quais 
estão presentes restos de celacantídeos, conchostráceos, palinomorfos e 
ostracodes. Coimbra et. al. (2002) atribuíram essa unidade às biozonas 
Bisulcocypris pricei (Biozona NRT-001, ostracodes, andar Dom João inferior) e 
Dicheiropollis sp.A – Leptolepidites spp. (palinomorfos, andar Dom João). 
 
Formação Missão Velha (sensu Ponte & Appi, 1990) 
Como visto no item anterior, Gaspary & Anjos (1964) já haviam reduzido a 
abrangência da Formação Missão Velha, destacando os lutitos lacustres da 
base sob a denominação “Formação Brejo Santo”. Ponte & Appi (1990), 
trabalhando com o conceito de sequências tecno-sedimentares, reconheceram 
as sequências Pré-rifte, Rifte e Pós-rifte da Bacia do Araripe. Com base nessas 
sequências, os autores definiram, no intervalo correspondente à Formação 
Missão Velha sensu Gaspary & Anjos, 1964), as formações Abaiara (Rifte) e 
Rio da Batateira (Pós-rifte), restringindo a aplicação do nome “Formação 
Missão Velha” ao intervalo que, juntamente com a Formação Brejo Santo, 
compõe a sequência Pré-rifte. O intervalo seria composto por arenitos 
quartzosos, chegando a conglomeráticos, com estratificação cruzada planar ou 
acanalada (figura 12a) e contém fósseis de troncos de coníferas que ocorrem 
em abundância e, quase sempre, são encontrados dispersos. Essas 
características apontam para depósitos gerados por rios entrelaçados, em um 
paleoambiente de sedimentação aluvial, passando gradativamente para uma 
antiga planície aluvial (Freitas, 2008). Estudo de Rosa & Garcia (2000) 
integrando dados de paleocorrentes, petrografia e paleontologia (troncos 
fósseis) indica uma área-fonte metamórfica a noroeste, que teria sido 
continuamente soeguida durante a deposição dessa unidade, provendo 
sedimentos não somente para a Bacia do Araripe, mas também para as bacias 
de Recôncavo–Tucano–Jatobá (Formação Sergi) e Sergipe–Alagoas 
 
 
32 
(Formação Serraria). Apesar de geralmente ser assinalada à sequência Pré-
rifte (Ponte & Appi, 1990; Assine, 2007), Freitas (2008) observou indícios de 
atividade tectônica durante a deposição da Formação Missão Velha, conforme 
indicado por suas características litógicas e paleontológicas (no que concerne 
às dimensões e distribuição dos troncos fósseis). Uma vez que ostracodes 
estão ausentes e a associação palinológica não permite diferenciar essa 
unidade da Formação Brejo Santo, ambas são assinaladas a um mesmo 
intervalo palinoestratigráfico, a Biozona Dicheiropollis sp. A – Leptolepidites 
spp. (Coimbra et. al., 2002; andar Dom João). Arai et al. (1989) admitem que a 
idade Dom João poderia incluir desde o Jurássico médio até parte do Cretáceo 
inicial e Coimbra et al. (2002) mantêm essa questão em aberto para a Bacia do 
Araripe. Entretanto, Arai (2006) compara a associação palinológica encontrada 
na parte média da Formação Missão Velha com análises de amostras 
provenientes de Cuba, que o autor informa serem comprovadamente 
jurássicas; para o autor, a semelhança entre essas palinofloras, inclusive em 
termos quantitativos, sugeriria que a Formação Missão Velha deve ser 
correlacionada com o Jurássico e, por extensão, garantiria uma idade mínima 
jurássica para a Formação Brejo Santo, que lhe é sotoposta. No entanto, 
observações nas campanhas de campo realizadas para o presente estudo 
sugerem fortemente que a Formação Brejo Santo ocorre também 
colateralmente com a Formação Missão Velha e que, portanto, não seria mais 
antiga do que essa em todas as situações em que ocorre (figura 12b). 
 
Formação Abaiara (Ponte & Appi, 1990) 
Para Ponte & Appi (1990), a Formação Abaiara apresenta intercalações 
de arenitos finos argilosos e micáceos, friáveis, com siltitos e folhelhos; 
estratificação cruzada é frequente. Sua deposição teria se dado em 
paleoambiente lacustre raso a fluvial. Nos folhelhos intercalados, são 
encontrados palinomorfos e ostracodes que possibilitaram

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