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Unidade III Registros Contábeis Fundamentos Contábeis Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria DANIELI PULGA AUTORIA Danieli Pulga Sou bacharel em Administração e especialista em Administração Financeira, Contábil e Controladoria, com uma experiência profissional na área financeira e de custos de mais de 10 anos. Trabalhei em empresas prestadoras de serviços aplicando todo o conhecimento da Administração e da Contabilidade, implantando métodos de controle e rotinas de trabalho. Essas experiências contribuíram para minha formação profissional e, em paralelo, venho realizando trabalhos como docente há quase 9 anos. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Registro Contábil ........................................................................................10 Constituição de uma empresa e procedimentos contábeis ........................... 10 Registro do Capital Social na abertura da empresa ................... 20 Registro do capital social na abertura da empresa............................................... 20 Capital .....................................................................................................................................................23 Entendendo os registros de ativo e passivo ...............................................................24 Registro de Ativo e Passivo .................................................................... 30 Ativo e Passivo Circulante ........................................................................................................ 30 Registro dos principais itens circulantes .................................................... 31 Ativo e passivo não circulante ...............................................................................................35 Registro dos principais itens não circulantes ......................................... 38 Depreciação e exaustão .........................................................................................44 Registro das Contas de Resultado ..................................................... 49 7 UNIDADE 03 Fundamentos Contábeis 8 INTRODUÇÃO Lá vamos nós para mais um mundo de descobertas e aprendizado! Você aprendeu muita coisa sobre a contabilidade, mas ainda há muitas outras a saber, por exemplo, como se forma o capital de uma empresa, como são os lançamentos de todas as contas que formam o patrimônio. Agora você vai aprender a aplicar as técnicas e os métodos de débito e crédito e isso vai elevar o seu conhecimento na área para um nível superior. Nesta unidade vamos trabalhar juntos como fazer os registros contábeis dos ativos, dos passivos e entender melhor as contas de resultado e como elas são tratadas. Os registros contábeis são realizados com o intuito de gerar relatórios de fácil leitura e instrução com relação ao patrimônio de determinada entidade. Os lançamentos são balizados pelos princípios contábeis que atendem as Normas Brasileiras da Contabilidade (NBC), portanto, sofrem alterações para se manterem em consonância com as normas brasileiras e internacionais. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Fundamentos Contábeis 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Interpretar como ocorre a constituição de uma empresa, o a formação de capital e como funciona o os métodos e técnicas de registro das contas contábeis; 2. Aplicar as técnicas de lançamentos das contas a débito e crédito nas contas do Ativo, Passivo e Resultados; 3. Identificar e solucionar problemas relacionados a registros incorretos e em desacordo com os princípios basilares da contabilidade; 4. Executar os procedimentos de registros e lançamentos contábeis. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Fundamentos Contábeis 10 Registro Contábil OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona a constituição de capital de uma empresa. Tudo o que você conhece até então será ampliado com a visão da contabilidade. Você compreenderá como se inicia uma pessoa jurídica portadora de bens que proporcionarão o desenvolvimento da atividade que a tornará uma empresa em crescimento. Além disso, entenderá como é realizado o registro do capital inicial e dos itens patrimoniais que estarão compondo essa empresa. Motivado para desenvolver essa competência? Então, vamos lá! Constituição de uma empresa e procedimentos contábeis Vamos supor que você e um amigo estudaram o mercado e entenderam que há um nicho a ser explorado que casa perfeitamente com as habilidades que vocês têm, então, iniciam um projeto. Ao estudar o plano de negócios, percebem que será necessário o investimento em alguns bens, tais como máquinas, equipamentos e estrutura física. Além disso, será necessário um estoque inicial de matéria-prima e algum dinheiro em caixa. Até aí, tudo bem, pois vocês têm tudo isso em mãos e uma grande energia para gastar com o novo negócio. Fundamentos Contábeis 11 Figura 1 - Necessidade de investimento em alguns bens, tais como máquinas, equipamentos e estrutura física e capital de giro – dinheiro, estoques Fonte: Freepik Ao iniciar uma empresa, procure um contador. Há um caminho a ser percorrido para iniciá-la de forma legal e correta. Para formalizar o negócio, será necessário procurar um contador, pois será ele que dará andamento à abertura da empresa, como todos os processos formais e de registro junto aos órgãos necessários. Junto aos procedimentos de início da sociedade e registro da pessoa jurídica, são realizados os registros do capital investido pelos sócios. Dentre os registros a serem realizados, os principais são os seguintes: • Contrato social, estatuto social ou requerimento - após a formalização do contrato social, definindo o objeto do contrato e as cláusulas que regem a sociedade, esse deve ser registrado na Junta Comercial, tanto o caso de empresário individual como para o caso de empresas com atividade mercantil e ou/comercial e prestação de serviços. • Registro federal - realizado na Receita Federal por meio do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas). • Registro estadual - realizado na Receita Estadual e obrigatório apenas para atividadesde comércio, indústria e de alguns tipos de serviços, tais como transportes de cargas e outros que possam ser Fundamentos Contábeis 12 tributados no âmbito do imposto estadual (ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadoria e de Serviços). • Registro municipal - realizado na Prefeitura Municipal através do Alvará de localização e funcionamento, que é liberado pelo corpo de bombeiros, saúde pública e outros, após vistoria e constatação de instalação e uso de itens necessários ao correto funcionamento da atividade naquele local. • Registros especiais - para o caso de algumas atividades específicas, tais como: representações comerciais (CORE), Engenharia e Arquitetura (CREA), Turismo (EMBRATUR), Instituições Financeiras (BACEN), auditoria (CVM) etc. Como as empresas são iniciadas com o intuito de mercantilismo ou prestação de serviços, é importante lembrar que podem ser formadas por uma ou mais pessoas físicas, podendo ser intitulada como sociedade empresária ou simples. Figura 2 - A partir de duas pessoas físicas, forma-se uma sociedade empresária Fonte: Freepik Considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro e considera- se simples, as demais. Quanto às sociedades por ações, muito comentadas no mercado financeiro, qualquer que seja seu objeto, são sempre comerciais. De acordo com a legislação brasileira, os tipos de sociedade são: • Sociedade simples. • Sociedade limitada. Fundamentos Contábeis 13 • Sociedade em conta de participação. • Sociedade anônima. • Sociedade em comandita simples. • Sociedade cooperativa. Os tipos mais comuns são a sociedade limitada e a sociedade anônima. Na prática, o contrato ou estatuto social é o documento que fixa o exercício social de determinada empresa, devendo compreender, obrigatoriamente, o período de 12 meses. O exercício social não precisa obedecer exatemente o ano civil, já que as empresas não têm regras e datas para abertura, no entanto, devido aos períodos de entrega das demonstrações contábeis e da legislação societária e tributária, principalmente o regulamento do Imposto de Renda, as pessoas jurídicas compatibilizam essas datas. Figura 3 - Relatórios contábeis Fonte: Freepik Essas demonstrações a serem levantadas, que são relatórios financeiros ou contábeis, estão previstas na Lei nº 6.404/1976, são elas: • Balanço Patrimonial • Demonstração do resultado do exercício (DRE) Fundamentos Contábeis 14 • Demonstração dos lucros ou prejuizos acumulados (DLPA) ou Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) • Demonstrações dos fluxos de caixa (DFC) em alguns casos Existem alguns outros relatórios que devem ser gerados e divulgados, porém são exigências a alguns tipos de sociedades, tais como a demonstração dos fluxos de caixa para as empresas com Patrimônio Líquido acima de 2 milhões e a demonstração do valor adicionado (DVA) e notas explicativas para as sociedades anônimas. Existem ainda outras expecificações sobre as sociedades, tais como os requisitos de enquadramento no regime tributário. Figura 4 - Regime de tributação Fonte: Freepik O que os sócios devem saber para estabelecer o porte da empresa e o tipo de enquadramento mais adequado é basicamente a previsão do faturamento, a previsão das despesas, margem de lucro e gastos com funcionários. Assim, o negócio poderá ser definido como microempresa (ME), empresa de pequeno porte (EPP), microempreendedor individual (MEI) ou empresa de médio e grande porte. Sabendo dessas informações, será possivel optar pelo tipo de regime a ser tributário, podendo ser o Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real – os mais utilizados no Brasil. Fundamentos Contábeis 15 IMPORTANTE: O regime de tributação é também atrelado ao tipo de objeto social, havendo algumas particularidades e exigências em lei que podem excluir a possibilidade de enquadramento no Simples, por exemplo. Após a providência dos documentos de formalização, como ficará os registros dos bens e obrigações dessa entidade? Como será formado seu patrimônio? Antes de iniciarmos o passo a passo do registro, é importante relembrarmos do método utilizado pela contabilidade para registrar qualquer tipo de fato. Então, vamos lembar do método das partidas dobradas e de mais alguns conceitos e relações das contas. Primeiramente, conforme tabela a seguir, temos: Tabela 1 – Exemplo do método das partidas dobradas Fonte: Elaborado pela autora (2021). As aplicações de recursos compreendem as contas do Ativo, onde ficam demonstrados os bens e direitos. As origens de recursos compreendem as contas do Passivo, onde ficam demonstradas as obrigações. As contas de aplicações de recursos têm natureza devedora, enquanto as contas de origens de recursos têm natureza credora. REVISANDO: o método das partidas dobradas – metodologia utilizada na contabilidade para registrar os fatos e as transações de uma entidade – define-se por a cada débito existe um ou mais crédito de igual valor. Fundamentos Contábeis 16 • Débito representa para onde foi destinado – aplicado o recurso da transação. • Crédito representa a fonte (origem) da transação. • Destino – aplicação dos recursos: bens e direitos e para as operações. Fonte (origem) dos recursos – próprios, de terceiros e das operações. Em seguida, outra regra importante a lembrarmos é a seguinte: Tabela 2 - Regra de registro dos fatos para as contas de ativo e passivo Fonte: Elaborado pela autora (2021). Importante retomar a questão da tabela anterior, que diferencia os tipos de lançamentos de acordo com a classificação ativo ou passivo e tipo do fato, se movimenta entrada ou saída de ativos; ou entrada ou saída de obrigações. Agora, para concluirmos nossa revisão, os registros são realizados em dois tipos de livros obrigatoriamente, ou seja, em dois formatos: livro diário e livro razão. No livro diário, depreenchimento obrigatório (exigido por lei), são lançadas as operações diárias da empresa, obedecendo ordem cronológica e o método das partidas dobradas. No livro razão, fundamental ao processo contábil e exigido pela legislação brasileira para empresas cuja tributação do Imposto de Renda seja com base no Lucro Real, os lançamentos são realizados pelo método das partidas dobradas. Em nossos exemplos, para facilitar o entendimento, vamos realizar o registro nos razonetes, que utilizam a essência dos lançamentos em razão, porém é uma técnica contábil para levantamento do saldo de cada conta individualmente. Fundamentos Contábeis 17 Figura 5 - Cálculo de Imposto de Renda com base no Lucro Real Fonte: Freepik Finalmente, documentação e registros, para a abertura da escrita contábil da empresa, tem-se os lançamentos de subscrição do capital e, em seguida, a integralização total ou parcial do capital subscrito. A integralização do capital social poderá ser efetuada em dinheiro ou em bens móveis ou imóveis suscetíveis de avaliação em dinheiro. IMPORTANTE: Quando uma empresa é iniciada, aberta, seus sócios atribuem um valor de investimento. Quando é uma empresa do tipo “sociedade limitada” o valor é representado por quotas, enquanto, se a empresa é do tipo “sociedade anonima”, é representada por ações. Essa atribuição de valor do investimento corresponde a uma promessa de “depósito” ou integralização desse valor em determinada data. Quando esse capital subscrito é efetivamente integralizado, ele passa a ser chamado de capital integralizado. O capital pode ocorrer na forma de dinheiro ou na disposição de bens, como máquinas, automóveis ou imóveis. Fundamentos Contábeis 18 No caso da abertura de uma empresa, o contrato é a forma jurídica – ato. A essência do lançamento só ocorrerá quando do usufruto do objeto do contrato (fato). A subscrição de capital deve ser feita por meio de um documento, com o claro estabelecimentode direitos e deveres para todos os envolvidos no processo. ACESSE: O artigo Cálculos de análise contábil na abertura de empresas e estudos iniciais para a constituição eficaz do capital trata dos primeiros cálculos empresariais que devem ser feitos por um contador no início de uma formação patrimonial, ou seja, na criação de um empreendimento. Esses saberes são importantes para o aprendizado sobre os principais fatores em relação ao processo de constituição de uma empresa. Clique aqui para acessar. Fundamentos Contábeis https://revista.crcmg.org.br/rmc/article/view/368/177 19 RESUMINDO: E então? Gostou dessa primeira competência? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste primeiro capítulo, vamos resumir o que vimos. Você deve ter entendido como funcionam os principais aspectos e processos em relação à constituição de capital de uma empresa. Também podemos relembrar sobre os registros a serem realizados, tais quais: contrato social, estatuto social ou requerimento; registro federal; registro estadual; registro municipal; registros especiais. Além disso, vimos os tipos de sociedade de acordo com a legislação brasileira que são: sociedade simples; sociedade limitada; sociedade em conta de participação; sociedade anônima; sociedade em comandita simples; sociedade cooperativa. É importante relembrar que para a documentação e os registros, para a abertura da escrita contábil da empresa, tem-se os lançamentos de subscrição do capital e, em seguida, a integralização total ou parcial do capital subscrito. Tomando por base esses aprendizados, o profissional de contabilidade em diversos contextos práticos de sua área de atuação estará preparado para entender as responsabilidades das ações e promover em seu ofício as melhores decisões possíveis. Fundamentos Contábeis 20 Registro do Capital Social na abertura da empresa OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona a contabilização da subscrição do capital de uma empresa. Tudo o que você conhece até então será ampliado com a visão da contabilidade. Você compreenderá também como aplicar as técnicas de lançamentos das contas a débito e crédito nas contas do Ativo, Passivo e Resultados. Vamos lá! Registro do capital social na abertura da empresa Vamos então à contabilização da subscrição do capital. Inicia-se pelo capital subscrito, que é o valor total do compromisso de contribuição firmado pelos sócios (em dinheiro ou em bens), por meio de contrato social, na formação do capital da empresa. Na sequência, a contabilização da integralização do capital, que é a parte ou o total do capital subscrito, já recebido pela sociedade. Figura 6 - Compromisso firmado pelos sócios de uma empresa Fonte: Freepik Fundamentos Contábeis 21 EXEMPLO: para ilustrar e facilitar o entendimento da prática do registro do capital social, vamos utilizar o seguinte exemplo: Formação e registro da empresa Solutions Ltda. Os sócios João e Joaquim constituíram uma sociedade por cotas de responsabilidade limitada. A cláusula do contrato social, relativa à forma da realização do capital, está redigida da seguinte forma: • Cláusula 4ª - O capital social é de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), dividido em 30.000 (trinta mil) cotas de R$ 1,00 (um real) cada uma, a ser integralizado da seguinte forma: a. João, 15.000 (quinze mil) cotas de R$ 1,00 (um real) cada uma, totalizando R$ 15.000,00 (quinze mil reais), sendo que: 15.000 (quinze mil) cotas, totalizando R$ 15.000,00 (quinze mil reais), serão integralizadas neste ato em moeda corrente do país. b. Joaquim, 15.000 (quinze mil) cotas de R$ 1,00 (um real) cada uma, totalizando R$ 10.000,00 (quinze mil reais), integralizadas neste ato, e integralização do restante, após 120 dias da assinatura do contrato. Passo a passo: Registros contábeis: 1º. Pela subscrição do capital social: D - Capital Social a Realizar (Patrimônio Líquido) R$ 15.000,00 D - Capital Social a Realizar (Patrimônio Líquido) R$ 15.000,00 C - Capital Social Subscrito (Patrimônio Líquido) R$ 30.000,00 • Histórico: valor do capital subscrito no valor de R$ 30.000,00, dividido em 30.000 cotas de R$ 1,00 cada uma, conforme o contrato registrado na Junta Comercial, sendo 15.000 cotas ao sócio João e 15.000 quotas ao sócio Joaquim. • Nota: dois lançamentos na conta de “Capital a Integralizar” referente ao compromisso firmado pelos dois sócios, João e Joaquim. Fundamentos Contábeis 22 2º. Integralização do capital: Capital integralizado é a parte ou o total do capital subscrito, já recebido pela sociedade. D – Caixa (Ativo Circulante – disponível) R$ 15.000,00 D – Caixa (Ativo Circulante – disponível) R$ 10.000,00 C – Capital Social a Integralizar (Patrimônio Líquido) R$ 15.000,00 C – Capital Social a Integralizar (Patrimônio Líquido) R$ 10.000,00 • Nota: Integralização total por parte do sócio A e integralização por parte do sócio B, da parte firmada em contrato no ato da assinatura do contrato. 3º. Integralização do capital no prazo de 120 dias. Após os 120 dias da assinatura do contrato, o sócio B deve integralizar o restante do capital social. Segue a contabilização: D – Caixa (Ativo Circulante – disponível): R$ 5.000,00 C – Capital Social a Integralizar (Patrimônio Líquido): R$ 5.000,00 O mesmo lançamento, realizado em razonetes ou conta T: 1º - Pela subscrição do capital social: 2º - Integralização do capital: Fundamentos Contábeis 23 3º - Integralização do capital no prazo de 120 dias: Para ter uma visão mais clara do patrimônio dessa empresa, veja a seguir o Balanço Patrimonial. Já que estamos utilizando uma variação no termo “Capital” é importante falarmos um pouco mais desse assunto. Capital Retomando o conceito de origem e aplicação dos recursos, observamos no exemplo que utilizamos para subscrição e integralização do capital social que o “capital” teve origem no Passivo – Patrimônio Líquido – Capital Social e sua aplicação ocorreu no Ativo – Circulante – Disponível – Caixa. Logo, temos a seguinte definição: O capital é o conjunto de recursos postos à disposição da empresa, seja por terceiros ou pelos proprietários (passivo ou patrimônio líquido). Fundamentos Contábeis 24 Figura 7 - Investimento de capital Fonte: Freepik Logo, vamos retomar um pouco os demais termos utilizados pela contabilidade: REVISANDO: Capital social: também chamado de capital nominal ou de capital integralizado, é o investimento dos sócios na empresa. Ele pode ser aumentado a partir de novas integralizações feitas pelos sócios ou até mesmo pela entrada de novos sócios. Entendendo os registros de ativo e passivo Os ativos são as aplicações de recursos, ou seja, como os sócios aplicaram o capital social investido inicialmente ou, também, como está sendo aplicado o capital vindo de terceiros. Em ambos os caso, teremos vários tipos de bens representando as aplicações. Vamos ver alguns exemplos. EXEMPLO: 1. Ao iniciar os negócios, os sócios integralizaram capital (Passivo – Patrimônio Líquido – Origem de Recursos) de forma parcial em dinheiro, máquinas e imóveis (Ativo – Aplicação de Recursos). Fundamentos Contábeis 25 2. Para produzir, foi comprado matéria-prima (Ativo – Aplicação) para pagar a prazo com o fornecedor (Passivo – Origem, a partir de capital de terceiros). 3. Aquisição de máquina (Ativo – Aplicação) para a fábrica através de financiamento bancário (Passivo – Origem, a partir de capital de terceiros). Além desses exemplos, existem muitos, mas o importante aqui é entendermos que existem vários tipos de bens no ativo, aqueles de grau de liquidez imediata, tais como o dinheiro, que já é liquido, contas correntes em banco, duplicatas a receber e os imobilizados, aqueles que caracterizam bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da empresa. Note que não temos como falar das contas doativo sem mencionar as contas do passivo e vice-versa, pois muitas vezes um altera o outro, então, a partir de agora, vamos estudar mesclando os dois grandes grupos do Patrimônio, considerando os princípios conceituais básicos e a regulamentação de acordo com as leis. IMPORTANTE: A Lei nº 6.404/1976, que regulamenta a existência das sociedades por ações (sociedades anônimas) determinou os relatórios a serem apresentados, estabeleceu os critérios de avaliação do ativo e passivo. Posteriormente, o Decreto- lei nº 1.598/1977 aprovou em termos fiscais de imposto de renda as demonstrações financeiras sugeridas pela Lei nº 6.404/1976 das S/As, estendendo a sua obrigatoriedade para todas as outras formas de sociedades. Em atenção e obediência às leis, os relatórios financeiros e contábeis devem seguir o padrão estabelecido, com nomenclatura e contas apropriadas para o entendimento do fisco, dos gestores e demais usuários. Para facilitar o entendimento, vamos observar a disposição das contas dentro do Balanço Patrimonial a seguir: Fundamentos Contábeis 26 Tabela 3 - Estrutura básica do novo formato do Balanço Patrimonial Fundamentos Contábeis 27 Fonte: Elaborado pela autora (2021). E por falar em novo formato, é importante saber um pouco mais sobre algumas alterações realizadas para atender as práticas internacionais da Contabilidade. Em dezembro de 2009, a Lei nº 11.941/2009 complementou a Lei nº 11.638/2007, consolidando as alterações necessárias. Então, a obrigatoriedade da apresentação das demonstrações contábeis ou financeiras, segundo as práticas internacionais da contabilidade, a partir de 1/1/2010, serve para todas as empresas e entidades brasileiras. Vamos listar a seguir as principais alterações da Lei nº 11.404/1976, pronunciada pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis: • Substituição da nomenclatura Longo Prazo por Não Circulante. • Apresentação do ativo em dois agrupamentos de contas: o Ativo Circulante e o Ativo Não Circulante. • Apresentação do passivo em três grandes agrupamentos de contas: o Passivo Circulante, o Passivo Não Circulante e o Patrimônio Líquido. • Extinção da nomenclatura Ativo Permanente, ficando seus componentes dentro do Ativo Não Circulante. • Incorporação do Realizável a Longo Prazo dentro do Ativo Não Circulante. • Extinção do grupo Ativo Diferido, sendo suas contas transferidas para o Ativo Imobilizado ou Intangível. Fundamentos Contábeis 28 • Criação do subgrupo Intangível, apresentado no Ativo Não Circulante, cujos itens que o compõem serão destacados do Imobilizado. • Incorporação do grupo Resultado de Exercícios Futuros como item do Passivo Não Circulante, sob a terminologia de Receitas – Despesas Diferidas. Pronto, agora que essas informações ficaram claras. A compreensão dos primeiros conceitos sobre ativo e passivo são primordiais para a compreensão das variações mais detalhadas sobre esses conceitos. A abordagem que envolve o ativo e o passivo é bem mais complexa do que se imagina. No próximo capítulo iremos nos dedicar a entender ainda mais sobre esse conteúdo. SAIBA MAIS: Para entender mais aspectos sobre a contabilidade na abertura de empresas, leia o artigo: A contabilidade na abertura de empresas. O estudo do tipo de empresa a ser aberta é essencial para que se entenda o ramo que se quer atuar e como fará isso, para reduzir as chances desse negócio dar errado no futuro. Questiona-se qual o papel da contabilidade, bem como as exigências para que um empreendedor possa abrir seu negócio, seja MEI, ME ou EPP. Clique aqui para acessar. Fundamentos Contábeis http://ojs.toledo.br/index.php/gestaoetecnologia/article/view/3027/514 29 RESUMINDO: E então? Gostou dessa segunda competência? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste primeiro capítulo, vamos resumir tudo o que vimos até aqui. Você deve ter entendido como funciona a contabilização da subscrição do capital de uma empresa desde o momento de definição do valor total do compromisso de contribuição firmado pelos sócios, que origina o capital social do negócio. Para isso, ilustramos com um exemplo fictício as etapas de integralização desse capital na empresa, refletindo seus efeitos nas demonstrações financeiras, como o balanço patrimonial. Também podemos relembrar que o capital é definido como um conjunto de recursos postos à disposição da empresa, seja por terceiros ou pelos proprietários (passivo ou patrimônio líquido e que o aporte desse capital no negócio por parte dos sócios é a fonte do capital social. Além disso, pudemos conhecer melhor sobre a aplicação e contextualização do ativo e passivo de uma empresa, tanto sob a forma de demonstrativo financeiro como discricional. É importante relembrar que a documentação e os registros que devem ser apresentados pelas empresas de capital social são estabelecidos com base na Lei nº 6.404/1976, que regulamenta a existência das sociedades por ações (sociedades anônimas). Tomando por base esses aprendizados, o profissional de contabilidade, em diversos contextos práticos de sua área de atuação, estará preparado para entender as responsabilidades das ações e promover em seu ofício as melhores decisões possíveis. Fundamentos Contábeis 30 Registro de Ativo e Passivo OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender aspectos basilares sobre os ativos e passivos em uma empresa. Entenderá sobre a divisão das contas desses grupos e o manuseio delas de forma correta, evitando equívocos em seu uso na prática profissional. E aí? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá! Ativo e Passivo Circulante Para facilitar os estudos e o entendimento, vamos falar do Ativo e Passivo em conjunto, porém separando pelos grandes grupos. Quando falamos do circulante, temos algumas contas de ativo e de passivo semelhantes, tais como Clientes (Ativo) e Fornecedores (Passivo). Além da semelhança, estamos falando de componentes patrimoniais movimentados a curto prazo, ou seja, dentro do exercício contábil. E como observamos nos lançamentos de abertura da empresa, na grande maioria das vezes, teremos fatos que envolvem contas dos dois grupos. Outro ponto a ser observado com o intuito de facilitar nossos estudos é o foco nas principais contas do ativo e passivo circulantes, ou seja, algumas contas são mais comuns e utilizadas de forma geral por uma grande quantidade de empresas e serão essas as comentadas e tratadas. Dentre os ativos circulantes, as principais contas são: • Caixa. • Bancos. • Aplicações financeiras. • Duplicatas a receber (clientes). • Estoque de mercadorias. Fundamentos Contábeis 31 • Impostos a recuperar. • Despesas do exercício seguinte. • Outros valores a receber/realizar. RELEMBRANDO: Dentre os ativos estão os bens e os direitos. Dentre os componentes patrimoniais do ativo existem aqueles considerados como ativos corpóreos – que são exatamente os bens que têm forma, que podem ser vistos, tocados, ou seja, os bens tangíveis, tais como os veículos, prédios, estoques etc. Existem também os ativos incorpóreos, que são aqueles que não têm forma física, imateriais, ou conforme vimos, os bens intangíveis, são exemplos as marcas, as patentes de invenção, o domínio de internet etc. Os principais itens do passivo circulante são: • Duplicatas a pagar – fornecedores. • Salários e encargos sociais a pagar. • Impostos a recolher. • Financiamentos e empréstimos. • Provisão para imposto de renda. • Distribuição de lucros diversos. • Outras contas a pagar. Registro dos principais itens circulantes Através do registro dos fatos contábeis ocorridos no dia a dia de uma empresa será possível entendermos como cada conta é registrada e quais são suas particularidades. Logo, seguem diversos exemplos de situações/fatos a serem registrados, cada um deles será comentado. a. Situação A – Aberturade conta corrente com dinheiro do caixa – permuta de valores dentro do ativo. A empresa Solutions Ltda. possui um saldo de caixa no valor de R$ 30.000,00 (a). Para facilitar as transações de compra, venda e de Fundamentos Contábeis 32 pagamentos, os sócios João e Joaquim decidiram abrir uma conta corrente no banco (b). Depositaram em dinheiro (caixa) (c) o valor de R$ 25.000,00. Lançamento em diário: D – Banco Conta Corrente (Ativo Circulante) R$ 25.000,00 (b) C – Caixa (Ativo Circulante) R$ 25.000,00 (c) Nota explicativa: No dia 01/02/2019 foi realizada a abertura da conta corrente no Banco através de depósito com comprovante de número 1234, no valor de R$ 25.000,00. Lançamento em razonete – conta T: EXPLICANDO MELHOR: Lançamos o saldo da conta caixa a débito (a); depois registramos a “entrada” a débito do depósito no banco conta corrente (b) e, por fim, registramos a “saída” de dinheiro do caixa (c). Temos aqui um fato do tipo permutativo, ou seja, não houve alteração patrimonial nem quantitativa. Somente alteração qualitativa, de uma conta para outra. Após lançamentos, verifique a seguir o balanço patrimonial atualizado. Fundamentos Contábeis 33 b. Situação B: aquisição de ativo utilizando recursos de terceiros. A empresa Solutions Ltda. é uma empresa de prestação de serviços de manutenção de equipamentos de informática, mas também comercializa peças e itens. Para garantir as atividades em 100% do objeto contratual, realizaram a aquisição de itens para estoque (a) no valor de R$ 4.000,00 com pagamento a prazo ao fornecedor, através de duplicatas (b). Lançamento em diário: D – Estoque de itens para revenda (Ativo Circulante) R$ 4.000,00 (a) C – Duplicatas a pagar (Passivo Circulante) R$ 4.000,00 (b) Nota explicativa: No dia 05/02/2019 foi realizada a aquisição de mercadorias para estoque através da Nota Fiscal nº 987, no valor de R$ 4.000,00, junto ao fornecedor Informática Ltda. Lançamento em razonete – conta T: EXPLICANDO MELHOR: Lançamos a débito a entrada de mercadorias na conta Estoque de itens (a); depois, em contrapartida, registramos a “entrada” a crédito de uma obrigação na conta Duplicatas a pagar (b). Note que nessa situação houve alteração tanto no ativo quanto no passivo. Temos então um fato do tipo modificativo, ou seja, houve alteração patrimonial quantitativa e qualitativa. Agora existe uma obrigação com terceiros e também um novo item patrimonial no ativo referente aos estoques. Fundamentos Contábeis 34 Após os lançamentos, veja como ficou o balanço patrimonial atualizado: c. Situação C: aplicação de valor em conta corrente para conta de aplicação financeira. Os sócios da Solutions Ltda., após conversa com o gerente do banco, acharam interessante fazer uma aplicação financeira. No dia 12/02/2019, a conta corrente permanece com um saldo de R$ 25.000,00 (a), então, transferiram R$ 2.000,00 da conta corrente no banco (b) para uma aplicação financeira (c) no mesmo banco. Lançamento em diário: D – Aplicação financeira (Ativo Circulante) R$ 2.000,00 (b) C – Conta corrente banco (Ativo Circulante) R$ 2.000,00 (c) Nota explicativa: No dia 12/02/2019 foi realizada a transferência de R$ 2.000,00 da conta corrente através do comprovante nº 1256 para a conta Aplicação Financeira no mesmo banco. Lançamento em razonete – conta T: Fundamentos Contábeis 35 EXPLICANDO MELHOR: Lançamos a débito o saldo da conta corrente banco (a); depois, lançamos a “entrada” dos R$ 2.000,00 a débito na conta Aplicação Financeira (b); e, por fim, registramos a “saída” de recurso a crédito na conta corrente Banco (c) diminuindo o saldo dessa conta. Note que nessa situação não houve alteração quantitativa no patrimônio, apenas uma modificação no ativo, ou seja, o fato foi apenas permutativo, alterando a qualidade dos elementos e não os valores do patrimônio. Veja como ficou o balanço patrimonial atualizado: NOTA: Como você deve ter percebido, nós comentamos sobre alguns dos elementos patrimoniais que compõem o ativo e o passivo circulante, mas não comentamos de todos os considerados mais comuns e importantes, no entanto, serão comentados na sequência, quando falarmos dos registros que envolvem as Contas de Resultado. Ativo e passivo não circulante De maneira oposta ao ativo circulante, que acontece dentro dos próximos 365 dias que ocorrerão no exercício seguinte, o não circulante Fundamentos Contábeis 36 corresponde aos ativos que serão realizados ou recebidos após 365 dias. Assim também ocorre com as dívidas que serão pagas além desse prazo. Temos então as contas de ativo ou passivo de longo prazo. As contas do ativo assumem a classificação de Realizável a Longo Prazo e as contas do passivo como Exigível a Longo Prazo. Ambas são consideradas como Não Circulante. IMPORTANTE: O ponto de referência para se classificar no circulante (curto prazo) ou não circulante (longo prazo) é a data do encerramento do balanço patrimonial. O ativo não circulante é composto pelos bens e direitos que têm natureza distinta. Enquanto os itens classificados como Realizável a Longo Prazo têm a característica básica da intenção de realização (venda ou recebimento), mesmo que em prazo mais longo do que os bens e direitos do ativo circulante, os demais itens do ativo não circulante têm como característica básica a ideia de “não venda” (PADOVEZE, 2014). Então, os itens do ativo não circulante devem permanecer no patrimônio, e mesmo sendo essa uma característica semelhante ao “Ativo Permanente”, que pela nova lei foi extinto e substituído pelos subgrupos: Investimento, Imobilizado ou Intangível – os substitutos assumem a mesma ideia de permanência. São exemplos de itens do Ativo Não circulante: • Investimentos – empresas controladas, empresas coligadas, ações etc. • Imobilizado – terrenos, edifícios, pátios, instalações, máquinas, móveis e utensílios, veículos, obras em andamento etc. • Intangível – gastos com pesquisa e desenvolvimento, marcas e patentes. Fundamentos Contábeis 37 São também exemplos de ativos intangíveis: a. Gastos com propaganda. b. Carteira de clientes adquirida. c. Direitos autorais. d. Licença de transmissão. e. Aquisição de franquias. f. Direitos de comercialização. Passivo não circulante era denominado, antes das alterações vigoradas em 2010, Exigível a Longo Prazo, pela característica das obrigações com vencimento superior a 365 dias da data do balanço. De forma geral e simplificada, podemos dizer que todos os itens do Passivo Circulante, podem vir a se tornar também Passivos Não Circulantes, caso seus vencimentos ocorram em datas superiores ao balanço ser encerrado. EXEMPLO: vamos supor que foi realizado um empréstimo e o pagamento deverá ocorrer nas seguintes datas: 1ª Parcela em 10/10/X2 2ª Parcela em 10/10/X3 O encerramento do balanço ocorrerá em 31/12/X1. A 1ª parcela será considerada Passivo Circulante, pois se contarmos da data de fechamento do balanço para o vencimento da 1ª parcela, o vencimento está dentro dos próximos 365 dias, logo, temos um lançamento na conta Empréstimos (Passivo Circulante). Já a 2ª parcela, com vencimento em 10/10/X3 será um item do Passivo Não Circulante, pois seu vencimento ultrapassa os 365 dias a contar do encerramento do balanço. Os principais exemplos de componentes do Passivo Não Circulante são os Empréstimos e Financiamentos que ultrapassam os 12 meses do encerramento do exercício. Em geral, são recursos de terceiros com vencimento a longo prazo. Fundamentos Contábeis 38 Registro dos principais itens não circulantes Vamos entender melhor como funcionam os lançamentos das contas de ativo e passivo não circulante. É importante salientar que normalmente a aquisição de imobilizados sugere uma contrapartida em contas do passivo não circulante, pois são operações pagas utilizando crédito a longo prazo. a. Situação A: aquisiçãode ativo imobilizado através de financiamento a longo prazo. A empresa Solutions Ltda. está montando um laboratório móvel para atender aos clientes, então, necessitará adquirir um veículo utilitário. No dia 20/02/2019 adquiriu um veículo no valor de R$ 50.000,00 (a), o pagamento será efetuado em 2 parcelas iguais, sendo o vencimento da primeira no dia 20/03/2019 (b) e a segunda no dia 20/04/2020 (c). Para realizar essa aquisição, contraiu um financiamento junto ao banco. Lançamento em diário: D – Veículos (Ativo Não Circulante - Imobilizado) R$ 50.000,00 (a) C – Financiamento a Curto Prazo (Passivo Circulante) R$ 25.000,00 (b) C – Financiamento a Longo Prazo (Passivo Não Circulante) R$ 25.000,00 (c) Nota explicativa: no dia 20/02/2019 foi adquirido o veículo utilitário através da nota fiscal nº 555. O pagamento será realizado através do financiamento com o Banco B, constante no contrato nº 789/2019, em 2 parcelas iguais com vencimento em 20/03/2019 e 20/04/2020. Lançamento em razonete – conta T: Fundamentos Contábeis 39 EXPLICANDO MELHOR: Registramos a aquisição do veículo (Ativo Não Circulante – Imobilizado) caracterizado por entrada de Ativo através de lançamento a débito; e considerando o encerramento do período em 31/12/2019, registramos um crédito referente à 1ª parcela na conta Financiamento a Curto Prazo (b) (item do Passivo Circulante) e o restante do saldo respectivo à 2ª parcela, foi registrado a crédito, na conta Financiamento a Longo Prazo, (Passivo Não Circulante) (c) devido ao vencimento ocorrer após o encerramento do exercício. Temos aqui um fato do tipo modificativo, causador de alteração patrimonial, tanto em contas do ativo quanto em contas do passivo. Vamos conferir como ficou o balanço patrimonial atualizado: b. Situação B: levantamento de capital de giro – dinheiro através de empréstimo a longo prazo. A empresa Geradores Ltda. está com dificuldade financeira e precisou fazer um empréstimo de capital de giro (dinheiro). No dia 20/11/2019 efetivou a contratação do empréstimo no valor de R$ 20.000,00. O dinheiro será depositado diretamente na conta corrente e o pagamento será feito em 18 parcelas sem juros com vencimento mensal, sendo a primeira no dia 20/12/201. Fundamentos Contábeis 40 Calculando valores: Valor do capital = 20.000 Nº de parcelas = 18 Pagamento a curto prazo (12 meses) = valor do capital/parcelamento total x 12 Substituindo os valores: Pagamento a curto prazo (12 meses) = 20.000 / 18 x 12 Pagamento a curto prazo (12 meses) = 13.333,33* Para encontrarmos o valor de longo prazo: Pagamento a longo prazo (quantidade de parcelas que excedem os 12 meses) Nº de parcelas = 18 Parcelas a serem pagas a curto prazo 12 Quantidade de parcelas excedentes ao curto prazo = 18 – 12 Quantidade de parcelas excedentes ao curto prazo = 6 Pagamento a longo prazo (6 meses) = 20.000 / 18 x 6 Pagamento a longo prazo (6 meses) = 6.666,67* Observação: quando o cálculo resultar em uma dízima periódica, deveremos arredondar os valores após a vírgula, mantendo em 2 casas. Nesse caso, para facilitar a visualização, estamos mantendo o número inteiro, sem casas depois da vírgula. Lançamento em diário: D – Banco conta corrente (Ativo Circulante) R$ 20.000,00 (a) C – Empréstimo a Curto Prazo (Passivo Circulante) R$ 13.333,00 (b) C – Empréstimo a Longo Prazo (Passivo Não Circulante) R$ 6.667,00 (c) Nota explicativa: no dia 20/11/2019 foi contraído empréstimo, junto ao Banco W, constante no contrato nº 1.515/2019. O pagamento será em Fundamentos Contábeis 41 18 parcelas iguais com vencimento mensal, sendo a primeira parcela com vencimento em 20/12/2019. O valor entrou na conta corrente no dia 20/11/2019 através da operação nº 23456. Lançamento em razonete – conta T: EXPLICANDO MELHOR: Registramos a contratação de um empréstimo no valor de R$ 20.000,00, sendo que as 12 primeiras parcelas que totalizaram R$ 13.333,00 foram lançadas a crédito na conta Empréstimo a Curto Prazo (Passivo Circulante) e o restante das parcelas que totalizaram R$ 6.667,00 foi devidamente lançado a crédito na conta Empréstimo a Longo Prazo devido ao fato de ultrapassar o fechamento do exercício contábil de 12 meses. Os R$ 20.000,00 foram lançados a débito na conta Banco conta corrente. Temos aqui um fato do tipo modificativo, causador de alteração patrimonial, tanto em conta do ativo quanto em contas do passivo. c. Situação C: amortização de parcela de empréstimo. Chegada a data de 20/12/2019, foi realizado o pagamento da 1ª parcela do empréstimo contratado em 20/11/2019. A parcela foi paga pelo banco conta corrente que permaneceu com o saldo de R$ 20.000,00. Calculando valores: Na conta Empréstimos a pagar a curto prazo consta o valor de R$ 13.333,00, que será pago em 12 parcelas. Fundamentos Contábeis 42 No dia 20/12/2019 estamos pagando apenas a 1ª parcela, ou seja, precisamos diluir desse montante o respectivo a 1 parcela apenas, então, temos o seguinte: Montante do empréstimo a curto prazo: R$ 13.333,00 Nº de parcelas: 12 Encontrando o valor da parcela: R$ 13.333,00 / 12 = R$ 1.111,00 Lançamento em diário: D – Empréstimo a Curto Prazo (Passivo Circulante) R$ 1.111,11 (a) C – Banco Conta Corrente (Ativo Circulante) R$ 1.111,11 (b) Nota explicativa: na data 20/12/2019, pagamento de parcela de empréstimo junto ao Banco W através da conta corrente, no valor de R$ 1.111,11 com nº da operação 475869. Lançamento em razonete – conta T: EXPLICANDO MELHOR: A conta Banco conta corrente tinha um saldo de R$ 20.000,00 e foi registrado a débito, enquanto a conta Empréstimo a curto prazo tinha um saldo de R$ 13.333,00, que foi registrado a crédito. Quando realizamos o pagamento da 1ª parcela, no valor de R$ 1.111,00, registramos na conta Empréstimos a curto prazo um débito, reduzindo assim o saldo credor da conta. Em contrapartida, a saída de valor no banco conta corrente, foi creditada, reduzindo também o saldo da conta. Fundamentos Contábeis 43 No exemplo pudemos visualizar o que acontece com as contas de ativo e passivo quando recebem lançamentos opostos à sua natureza, ou seja, para a conta banco conta corrente (ativo circulante) que tem a natureza devedora, registrou o lançamento credor, causando uma redução no saldo final. O mesmo ocorreu com a conta Empréstimo a curto prazo (passivo circulante), que tem a natureza credora e registrou uma operação de débito, reduzindo também o saldo final da conta. d. Situação D: investimento em ações de outras empresas – Ativo Não Circulante – Investimentos. A empresa Solutions Ltda. decidiu investir em ações, acompanhou o mercado e optou por comprar 5.000 ações da Emprea A, no valor de R$ 0,50 cada uma, pagas em cheque pelo Banco conta corrente no dia 20/03/2019. Total pago: R$ 2.500,00. Lembrando que a conta Banco conta corrente dessa empresa está com um saldo de R$ 23.000,00. Lançamento em diário: D – Ações de outras empresas (Ativo Não Circulante, Investimentos) R$ 2.500,00 C – Banco conta corrente (Ativo Circulante) R$ 2.500,00 Nota explicativa: na data de 20/03/2019, foi realizada a compra de 5.000 ações da Empresa A, com pagamento através do cheque nº 1234, banco conta corrente, no valor de R$ 2.500,00. Lançamento em razonete – conta T: Fundamentos Contábeis 44 EXPLICANDO MELHOR: Ao realizar investimento em ações, a Solutions Ltda. movimentou uma nova conta, no Ativo Não Circulante. As cotas adquiridas foram registradas com uma operação de débito enquanto o valor pago saiu do banco através do cheque, tendo o registro de um crédito, reduzindo o saldo da conta. Houve aqui um fato permutativo, pois o total do patrimônio permanece inalterado, havendo apenas uma permuta entre as contas do ativo. Confira o balanço patrimonial atualizado. Depreciação e exaustão Constantes no Ativo Não Circulante, comumente visível no Imobilizado, as contas de depreciação eexaustão são contas consideradas “redutoras” de ativos. Isso porque elas aparecem reduzindo o valor de determinados bens que sofrem desvalorização ou desgaste. CONCEITO: Depreciação é a perda de valor dos bens pelo uso, desgaste natural do bem ou obsolescência. São exemplos de depreciação: a. Máquinas utilizadas no processo produtivo - a utilização da máquina ao longo do tempo promove um desgaste natural e seu valor deprecia, diminui em paralelo. Fundamentos Contábeis 45 b. Computadores sofrem uma grande desvalorização em função da obsolescência tecnológica. c. Veículos que sofrem desvalorização em função do uso do bem e também por causa da substituição de modelos e novos lançamentos. Os prazos para depreciação dos ativos se diferenciam de um para outro, contabilmente as taxas de depreciação devem ser definidas de acordo com o tempo de vida útil estimada para o bem. Entende-se por vida útil a quantidade de anos, horas de trabalho ou quantidade/capacidade de produção em que o bem opera em condições normais de uso. Uma das alterações feitas pela Lei nº 11.638/2007 consiste na obrigatoriedade de se rever a vida útil estimada utilizada para o cálculo da depreciação dos ativos imobilizados e intangíveis. Além disso, as novas práticas contábeis trazem um novo conceito para o procedimento de cálculo das depreciações, o valor residual. Na prática, toda vez que um ativo imobilizado está com muito tempo de uso, demandando de manutenção, as empresas vendem por um valor bem abaixo do que pagaram, isso porque, devido ao desgaste e ao tempo de uso, o bem perdeu o valor econômico e de mercado. A esse valor estimado de venda chamamos de valor residual. Para calcularmos o valor da depreciação, será necessário determinar uma taxa anual em função da vida útil do bem. Esse cálculo é descrito da seguinte forma: Fórmula: Taxa de depreciação = 100% Tempo de vida útil em anos Exemplo prático: No caso de um veículo, o tempo de depreciação é de 5 anos. Então, para calcularmos a taxa de depreciação anual, devemos substituir o tempo de vida útil do bem na fórmula apresentada anteriormente: Fundamentos Contábeis 46 Taxa de depreciação = 100% 5 anos Taxa de depreciação do veículo = 20% ao ano Na tabela a seguir, estão listados alguns itens do imobilizado com suas respectivas estimativas de vida útil e taxas de depreciação. Contabilmente são utilizadas, porém, atendendo às novas práticas, as empresas deverão revisar essas taxas com frequência. É importante lembrar que esses valores serão utilizados em nossa exemplificação e nas questões de prática. Tabela 4 - Tempo de vida útil e taxas de depreciação de ativos imobilizados Fonte: Elaborado pela autora (2021). Exemplo de cálculo do valor da depreciação de um veículo de R$ 50.000,00, com valor residual zero. Valor depreciação = Valor do bem x taxa de depreciação Valor depreciação = 50.000 x 20% Valor depreciação = R$ 10.000,00/ano Para calcular a depreciação em meses: Valor depreciação anual/12 meses Depreciação mensal = 10.000/12 = R$ 833,00 por mês Fundamentos Contábeis 47 IMPORTANTE: Caso exista um valor residual para o bem, o valor contábil do bem ao final do período de sua vida útil será igual ao valor residual. Caso não tenha valor residual, o valor contábil no final será igual a zero. É como se o bem se esgotasse. A baixa do bem do imobilizado deve ocorrer apenas quando ele não estiver mais em uso ou disponível para venda. O valor contábil deverá ser transferido para o ativo circulante, caso o bem seja vendido. A contabilização das contas de depreciação será demonstrada quando tratarmos das contas de resultado, já que ela é lançada como despesa, evolvendo também algumas particularidades de subcontas a serem esclarecidas quando fizermos o registro das referidas contas. Quanto à exaustão, entendemos que é a aplicação de todos os conceitos que estudamos para a depreciação, porém aplicados à exploração de recursos naturais, tais como florestas, jazidas, poços de minérios. E para cálculo de vida útil, considera-se a capacidade mínima de potencial de exploração/extração. Até aqui aprendemos muitas coisas, todas relacionadas a registro e lançamento de contas ou dos itens patrimoniais, porém é importante lembrar que os itens patrimoniais sofrem alteração devido à movimentação da empresa que envolve as vendas/receitas e as despesas, que são as contas de resultado. Para fechar nosso aprendizado, no próximo capítulo iremos nos dedicar a entender ainda mais sobre os procedimentos de registros e lançamentos contábeis dessas contas. Fundamentos Contábeis 48 RESUMINDO: E então? Gostou desta terceira competência? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste primeiro capítulo, vamos resumir o que vimos neste terceiro capítulo. Estudamos detalhadamente sobre aspectos basilares das contas de ativos e passivos em uma empresa. Por meio desses procedimentos, é possível compreender sobre a divisão das contas desses grupos e o manuseio delas de forma correta, proporcionando maior assertividade de conduta na prática profissional. O entendimento e a prática sobre as contas de ativo e passivo em seus grupos, além do tópico de depreciação e exaustão é um fator essencial para que os gestores, sócios, investidores e demais usuários da contabilidade que fazem parte das decisões de uma empresa possam exercer, com efetividade, o controle social sobre as contas, tendo assim maior clareza e capacidade de efetuar uma análise situacional que sirva de base para planejamento e execução de ações assertivas nos negócios. Com esse conhecimento, o profissional de contabilidade em diversos contextos práticos de sua área de atuação estará preparado para entender as responsabilidades das ações em promover em seu ofício as melhores decisões possíveis. Fundamentos Contábeis 49 Registro das Contas de Resultado OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona a execução dos procedimentos de registros e dos lançamentos contábeis. Entenderá como é realizado o registro do capital inicial e dos itens patrimoniais que estarão compondo a empresa. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Avante! Ao tratarmos dos lançamentos de ativo e passivo, absorvemos muitas informações. Foi possivel através dos exemplos entendermos um pouco mais sobre as origens e aplicações de recursos, ficou visivel também como as operações lançadas a débito ou a crédito podem aumentar ou diminuir o saldo das contas. Além do mais, retomamos alguns conceitos vistos no inicio desta disciplina. Foi possivel perceber também que várias contas do ativo não foram comentadas, nem algumas que compõem o patrimônio líquido, isso porque elas são afetadas pelos registros das contas de resultado, então, agora que vamos estudar essas contas, exclareceremos também como funciona o registro de todas as outras. Primeiramente, vamos retomar um assunto bastante comentado até aqui, mas que também é de grande importância para realizarmos os lançamentos contábeis, que é o princípio da competência. Trata-se do regime de competência que determina que as receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado da empresa no período em que ocorreram, independente do recebimento (receitas) ou do pagamento (despesas). A verificação da receita ocorre quando a empresa fornecece bens ou serviços ao cliente, independente do recebimento do valor da venda dos bens ou prestação dos serviços. A verificação da despesas ocorre no momento em que há consumo de bens ou a utilização dos serviços, independente do pagamento. As receitas são respaudadas pelas notas Fundamentos Contábeis 50 fiscais de saída, ou seja, toda vez que ocorre uma venda, gera-se uma nota fiscal parao cliente. No caso da despesa, o consumo de itens ou serviços também será documentado por nota fiscal. Relembrando: outra característica importante a ser lembrada sobre as contas de resultado é que ao contrário das contas patrimoniais, as primeiras são temporárias, ou transitórias, e em todo fechamento do período elas devem ser zeradas para a apuração do resultado do exercício. Logo, os lançamentos a débito ou a crédito para registro da ocorrência do fato serão da seguinte forma: • As contas são abertas com saldo igual a zero no primeiro dia do período analisado. • Durante esse período, recebem os dados de forma cumulativa. • As contas de receitas recebem apenas lançamentos a crédito. • As contas de despesas recebem apenas lançamentos a débito. • Ao final do período, tanto as contas de receitas como as de despesas são zeradas e encerradas. Relembradas algumas informações importantes, vamos aos registros e lançamentos das contas de resultado! a. Situação A: no mês de abril/2019 a Solutions Ltda. realizou a venda de alguns itens a preço de custo (R$ 4.000,00), com recebimento à vista em dinheiro. Lembrando que essa empresa tem R$ 5.000,00 de saldo na conta caixa. Lançamento em diário: D – Caixa (Ativo Circulante) R$ 4.000,00 (a) C – Receita de Vendas (Conta de Resultado) R$ 4.000,00 (b) Fundamentos Contábeis 51 Além de registrar as receitas e a entrada de caixa, devemos registrar também a saída de estoque. D – Custo da Mercadoria Vendida (Conta de Resultado) R$ 4.000,00 (c) C – Estoque de itens (Ativo Circulante) R$ 4.000,00 (d) Nota explicativa: no mês de abril/2019, a Solutions Ltda. vendeu itens do seu estoque pelo valor de R$ 4.000,00 – preço de custo, através da nota fiscal nº 001. O recebimento foi em dinheiro e entrou no caixa através do recibo nº 001/2019. Lançamento em razonete – conta T: Registro da operação de venda: Registro da operação de saída de estoque: Fundamentos Contábeis 52 EXPLICANDO MELHOR: Foi realizado o resgistro de uma venda de mercadoria, que já estava em estoque, pelo preço de custo, ou seja, pelo valor que foi pago por ela, sem nenhum tipo de ganho. A venda e foi registrada com o lançamento de crédito na conta Receitas de Vendas (b). O valor da venda foi recebido a vista, em dinheiro, logo, foi registrado através de um débito na conta Caixa (a). Na segunda situação, a mercadoria que estava em estoque foi vendida, logo, precisa ser baixada, então, registramos um lançamento a crédito na conta Estoque de itens para venda (d) no valor pago pela mercadoria, ou seja, a preço de custo. O custo da mercadoria vendida (CMV) (c) deve ser lançado sempre que ocorre a venda de mercadoria para que seja registrado o custo dessa venda. O lançamento será sempre a débito. b. Situação B: registro de receita de vendas, com recebimento composto: parte à vista e outra parte a prazo. A empresa Solutions Ltda., durante o mês de abril, realizou vendas no total de R$ 8.000,00 e o recebimento foi da seguinte forma: R$ 2.000,00 através de depósito à vista em banco e o restante a prazo através de duplicatas. O custo dessa venda foi de R$ 3.600,00. Lançamento em diário Lançamento da venda: D – Banco conta corrente (Ativo Circulante) R$ 2.000,00 (a) D – Duplicatas a receber de cliente (Ativo Circulante) R$ 6.000,00 (b) C – Receita de vendas (Conta de Resultado) R$ 8.000,00 (c) Lançamento do custo da mercadoria vendida: D – Custo da mercadoria vendida (Conta de Resultado) R$ 3.600,00 (d) C – Estoque de itens para venda (Ativo Circulante) R$ 3.600,00 (e) Fundamentos Contábeis 53 Nota explicativa: no mês de abril/2019, a Solutions Ltda. prestou serviços no valor total de R$ 8.000,00 através da nota fiscal nº 002 e recebeu R$ 2.000,00 através do depósito de comprovante nº 56896. O restante receberá a prazo (30/60/90 dias) através das duplicatas pelo Banco W. Lançamento em razonete – conta T: Lançamento da venda: Lançamento do custo da mercadoria vendida: EXPLICANDO MELHOR: Nessa situação ocorreu uma venda de mercadoria com preço de venda maior do que o custo de aquisição dos itens. A venda também teve uma parte recebida à vista e outra parte a receber a prazo. Registramos assim a receita a crédito no valor total e fracionamos o recebimento em dois registros a débito, um no banco, no valor de R$ 2.000,00, e o outro a débito também, porém na conta Duplicatas a receber de cliente. O custo da mercadoria vendida foi lançado a débito na respectiva conta de resultado e baixou o mesmo valor do estoque, com um lançamento a crédito. Note que reduziu o saldo em estoque, porém não zerou. Fundamentos Contábeis 54 c. Situação C: recebimento da primeira parcela das duplicatas a receber através do banco, conta corrente, no valor de R$ 2.000,00 Lançamento em diário: D – Banco conta corrente (Ativo Circulante) R$ 2.000,00 (a) C – Duplicatas a receber de clientes (Ativo Circulante) R$ 2.000,00 (b) Nota explicativa: recebimento de duplicata com vencimento no mês de maio/2019 do cliente ABC através do banco, documento de liquidação nº 9235689. Lançamento em razonete – conta T: EXPLICANDO MELHOR: Após ter realizado venda a prazo, a empresa Solutions Ltda. gerou uma carteira de recebimenrto de clientes – direito de recebimento. Quando ocorrer o pagamento por parte do cliente, então, o saldo de duplicatas a receber deverá diminuir, pois parte está sendo recebida, logo, ocorreu o lançamento a débito da entrada do valor no banco conta corrente e um lançamento a crédito na conta duplicatas a receber. Antes de exemplificar outro tipo de registro que envolva contas de resultado, vamos falar sobre o cálculo do Custo da Mercadoria Vendida. Primeiramente é importante não se confundir custo com despesa, pois custo é a soma dos gastos incorridos para a aquisição ou industrialização de um bem que será revendido e transformado em receita, já as despesas são gastos necessários para a manutenção da atividade da empresa ou valores gastos com a venda dos produtos acabados. Fundamentos Contábeis 55 Podemos observar nas situações A e B a presença do Custo da Mercadoria Vendida (CMV) que faz contrapartida com o Estoque de Mercadoria, porém a 1ª Conta é de resultado e a 2ª Conta é patrimonial – ativo circulante. Ele é na verdade uma despesa avaliada pelo custo ou valor de compra. O que ocorre é que a empresa, ao longo do exercício contábil, precisa manter mercadoria em estoque para realizar vendas e para isso são feitas compras de mercadoria com diversos fornecedores em valores diferenciados. Então, suponhamos que existe mercadoria em estoque, porém a empresa tem uma previsão de vendas que excederá as expectativas, logo, ela realizará novas compras. Assim, teremos um saldo final de estoque. Para que seja feito o controle correto, há uma fórmula prática para calcularmos o valor do CMV. Fórmula: CMV = ESTOQUE INICIAL + COMPRAS – ESTOQUE FINAL Ou CMV = EI + C - EF Na prática: O estoque encerrou o mês com um saldo de R$ 3.600,00. O saldo inicial de estoques era de R$ 2.000,00. No decorrer do mês foram realizadas compras no total de R$ 12.000,00. Então, nossos dados são os seguintes: Estoque inicial (EI) = 2.000,00 Compra (C) = 12.000,00 Estoque final (EF) = 3.600,00 Aplicando a fórmula: CMV = EI + C – EF CMV = (2.000 + 12.000) – 3.600 CMV = 10.400,00 Fundamentos Contábeis 56 É necessário esclarecer que os registros que envolvem as contas de resultado estão sendo demonstrados como exemplos avulsos, para que se conheça e entenda como devem ser lançados os débitos e os crédito com as contas de contrapartida. O encerramento das contas de resultado e a apuração do resultado do exercício veremos em outro momento. Vamos agora retomar a exemplificação dos registros. d. Situação D: registro de impostos que incidem sobre a venda. Antes de fazermos o registro do imposto sobre a venda, vamos trabalhar uma situação decompra de mercadoria, onde a empresa deverá registrar o imposto a recuperar. VOCÊ SABIA? Como consumidor final, quando compramos algum tipo de bem, seja ele durável ou de consumo imediato, no preço que pagamos, está embutido o imposto. No caso de empresas, que não são consumidores finais, ainda vão processar o bem ou revendê-lo, o imposto é registrado e acumulado e quando ocorrer a venda, com a retenção do valor a ser recolhido para o goveno, é possível abater o valor a recolher daquele que já foi pago, ou seja, pode ser recuperado. Vamos admitir que a empresa Solutions Ltda. adquiriu mercadoria para revenda para pagar a prazo ao Fornecedor A no valor de R$ 25.000,00. O registro dessa compra de mercadoria ocorrerá da sequinte forma: Lançamento em diário: D – Estoque de Mercadoria (Ativo Circulante) R$ 25.000,00 (a) C – Duplicatas a Pagar a Fornecedores (Passivo Circuante) R$ 25.000,00 (b) Depois, D – ICMS a recuperar – 18% - (Ativo Circulante) R$ 4.500,00 (c) Fundamentos Contábeis 57 C – Estoque de mercadoria (Ativo Circulante) R$ 4.500,00 (d) Lançamento em razonete – conta T: Agora sim, vamos ao registro da venda: a empresa realizou uma venda de mercadoria no valor de R$ 21.000,00 com recebimento a prazo através de duplicatas. O custo dessa venda foi de R$ 9.000,00. Destacar ICMS de 18%. Lançamento em diário Registro da venda: D – Duplicatas a Receber de Cliente (Ativo Circulante) R$ 21.000,00 (a) C – Receitas de Vendas (Conta de Resultado) R$ 21.000,00 (b) Registro do Custo da Mercadoria Vendida: D – CMV (Conta de Resultado) R$ 9.000,00 (c) C – Estoque de Mercadoria (Ativo Circulante) R$ 9.000,00 (d) Registro do ICMS sobre vendas: D – ICMS sobre vendas (Conta de Resultado) R$ 3.780,00 (e) C – ICMS a recuperar – 18% - (Ativo Circulante) R$ 3.780,00 (f) Fundamentos Contábeis 58 EXPLICANDO MELHOR: Toda vez que acontece uma venda, ocorrem três tipos de registros: 1 – o da venda e como será recebida; 2 – o custo da venda e a baixa do estoque; 3 – o imposto sobre a venda. Como pode perceber no exemplo, as contas vêm com saldos anteriores e vão se alterando conforme acontecem novas operações. O registro da venda (1) tem o lançamento a crédito na conta de receitas de vendas e contrapartida a débito em duplicatas a receber. O registro do CMV (2) é feito a débito (conta de resultado), creditando estoque de mercadoria e reduzindo seu saldo. Por fim, no registro do ICMS (3), debitamos o ICMS sobre a venda (conta de resultado) com contrapartida de crédito na conta já existente e com saldo de ICMS a recuperar (Ativo Circulante). Fundamentos Contábeis 59 No exemplo, o imposto citado foi o ICMS, porém, no caso de outros impostos, o processo de registro é o mesmo, apenas muda-se a nomeclatura. Para o caso de impostos (IPI, PIS, COFINS) sem recuperação é lançada a despesa e contrapartida com conta de impostos a recolher (Passivo Circulante). e. Situação E: pagamento de salários. A empresa Solutions Ltda. tem três funcionários e o total a ser pago em salário é de R$ 6.000,00. A folha corresponde ao mês de maio/2019, porém será paga no mês de junho/2019, no 5º dia útil. Lançamento em diário: D – Despesas com salários (conta de resultado) R$ 6.000,00 (a) C – Salários a pagar (Passivo Circulante) R$ 6.000,00 (b) Lançamento em razonete – conta T: EXPLICANDO MELHOR: O registro realizado anteriormente refere-se aos salários a serem pagos pelo período trabalhado em maio. Ou seja, estamos trabalhando a competencia de maio, então, registramos o débtio na conta de despesa referente ao mês, porém, a contrapartida é uma obrigação futura, a ser paga no próximo mês (periodo), logo, temos um lançamento a crédito na conta salários a pagar. f. Situação F: pagamento de despesas dentro do período. A empresa Solutions Ltda. pagou R$ 150,00 em reconhecimentos e autenticação de documentos no cartório. O valor foi pago em dinheiro. Lembrando que o saldo de caixa é de R$ 9.000,00. Fundamentos Contábeis 60 Lançamento em diário: D – Despesa de cartório (conta de resultado) R$ 150,00 (a) C – Caixa (Ativo Circulante R$ 150,00 (b) Lançamento em razonete – conta T: EXPLICANDO MELHOR: A despesa de cartório ocorreu e foi paga dentro do mês, sendo assim, registramos lançando um débito na conta de resultado – despesa e um crédito na conta caixa, fazendo a retirada de valor do caixa –ativo circulante. g. Situação G: depreciação do veículo. A empresa Solutions Ltda. possui um veículo no valor de R$ 50.000,00. Sem valor residual a considerar. Conforme tabela 4, a vida útil esperada para esse tipo de bem é de 5 anos, logo a taxa de depreciação anual é de 20%. Calculando o valor da depreciação: Valor do bem = 50.000 Taxa de depreciação = 20% a. a. Depreciação = 50.000 X 20% = 10.000 por ano Depreciação mensal = 10000/12 meses = R$ 833,00/mês Lançamento em diário: D – Depreciação (conta de resultado) R$ 833,00 (a) C – Depreciação acumulada (Ativo Imobilizado) R$ 833,00 (b) Fundamentos Contábeis 61 Lançamento em razonete – conta T: EXPLICANDO MELHOR: A depreciação é considerada como despesa e registrada a débito dentro do mês de acompanhamento. A contrapartida é um crédito na conta Depreciação acumulada, no ativo imobilizado. Ao longo da vida útil, esse valor da depreciação informa a desvalorizção gradativa do bem. É importante lembrar que a conta Depreciação acumulada é uma conta retificadora ou subconta do ativo imobilizado e sempre terá seus lançamentos feitos a crédito. h. Situação H: registro de receita financeira A empresa Solutions Ltda. investiu em uma aplicação financeira o valor de R$ 2.000,00. Após 30 dias aplicado, houve um rendimento de juros no valor de R$ 10,00. Lançamento em diário: D – Aplicação Financeira (Ativo Circulante) R$ 10,00 (a) C – Receitas financeiras (conta de resultado) R$ 10,00 (b) Nota explicativa: rendimento financeiro de aplicação. Lançamento em razonete – conta T: Fundamentos Contábeis 62 EXPLICANDO MELHOR: Ao realizarmos aplicações financeiras sem resgatar o valor, ele renderá juros que serão pagos a nós pela instituição financeira. Esses juros são registrados como Receitas Financeiras e lançados a crédito na conta desse nome. A contrapartida é um débito na conta Aplicação financeira, resultando num aumento de saldo. Ao concluir o registro das movimentações, as contas de resultados devem ser encerradas e zeradas, apurando o resultado final do período. Para exemplificar, vamos utilizar as situações D, E, F, G e H. O fechamento do período resultou em receitas maiores do que as despesas, logo, obtivemos aqui um resultado positivo, sendo declarado assim como LUCRO. O lucro do período deverá ser lançado no balanço patrimonial, junto ao Patrimonio Líquido em uma conta chamada Lucros Acumulados. Aumentando assim a riqueza líquida da empresa. Fundamentos Contábeis 63 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir o que vimos. Você deve ter aprendido o que a prática contábil; como é realizado o registro dos fatos, os lançamentos a débito e a crédito, respeitando as particularidades de cada grupo de conta; como são tratados os fatos e principalmente a respeito ao regime de competência, que é observado e praticado devido à obediência à lei, como ele funciona e o quanto é importante. Na prática desta unidade, pudemos ver com maior clareza as alterações patrimoniais, ou seja, como as aplicações de recursos são feitas e quais as origens de recursos e como cada uma é tratada. E vimos que é muito importante sempre termos em mente os conceitos, pois a prática contábil é religiosamente baseada nos conceitos e princípios. Observamos também algumas alterações que foram determinadas por lei e alteraram a formulação do próprio balanço patrimonial. Em geral, a partir de agora,você tem o conhecimento do conceito e já foi introduzido à prática! Fundamentos Contábeis 64 REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 29 jun. 2021. GIROTTO, M. Revogação da Resolução nº 750/1993: contexto e considerações. Conselho Federal de Contabilidade, 2016. Disponível em: https://cfc.org.br/noticias/revogacao-da-resolucao-no-7501993-contexto- e-consideracoes/. Acesso em: 29 jun. 2021. MARION, J. C.; SANTOS, A. C. M. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018. MULLER, A. N. Contabilidade Básica – Fundamentos especiais. São Paulo: Pearson, 2009. PADOVEZE, L. C. Manual de Contabilidade Básica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2014. Fundamentos Contábeis http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm https://cfc.org.br/noticias/revogacao-da-resolucao-no-7501993-contexto-e-consideracoes/ https://cfc.org.br/noticias/revogacao-da-resolucao-no-7501993-contexto-e-consideracoes/ Registro Contábil Constituição de uma empresa e procedimentos contábeis Registro do Capital Social na abertura da empresa Registro do capital social na abertura da empresa Capital Entendendo os registros de ativo e passivo Registro de Ativo e Passivo Ativo e Passivo Circulante Registro dos principais itens circulantes Ativo e passivo não circulante Registro dos principais itens não circulantes Depreciação e exaustão Registro das Contas de Resultado
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