Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CONTABILIDADE DAS ORGANIZAÇÕES AULA 1 Prof. André Júnior de Oliveira CONVERSA INICIAL Estamos embarcando em mais uma “aventura” em que aprenderemos mais acerca da contabilidade, sendo esta uma importante ferramenta que os gestores têm ao seu alcance, com a finalidade de registrar, controlar, analisar e evidenciar o patrimônio das organizações. Nesta aula, teremos condições de visualizar o patrimônio das empresas, saber quais são os seus componentes e ainda sabermos os mecanismos de apuração do lucro ou prejuízo das empresas. CONTEXTUALIZANDO Geralmente o conceito que carregamos acerca de patrimônio está relacionado à herança familiar, que são, em sua maioria, compostos de bens cuja posse, em determinado momento, é repassada para outra pessoa. Na contabilidade, de certa forma, não é diferente, visto que Patrimônio são bens, direitos e obrigações de uma pessoa, podendo essa pessoa ser física ou jurídica. A importância de controle do patrimônio é datada antes mesmo do surgimento de uma ciência chamada contabilidade. Na atualidade, tal processo tem sido aperfeiçoado, visando assim o processo de tomada de decisão, que está alicerçado a sistemas contábeis eficientes, uma vez que estes devem ser passíveis de fornecer informações de ordem financeira e não financeira, oportunas e precisas, de forma a facilitar aos responsáveis humanos o processo de tomada de decisão, visando assim à continuidade das organizações. TEMA 1 – PATRIMÔNIO – DEFINIÇÃO E EQUAÇÃO PATRIMONIAL 1.1 Definição Patrimônio, no campo do direito, é entendido como o conjunto de bens, direitos e obrigações de valor econômico, pertencentes a uma pessoa (física) ou empresa (pessoa jurídica), que a qualquer momento serão objeto de análise diante de ações em que se fizerem necessárias a posse ou a desapropriação de itens componentes do patrimônio, das pessoas intituladas autoras ou rés dos processos ora formalizados. Patrimônio, em contabilidade assim como no direito, continua apresentando características de posse de bens, direitos e obrigações, propostos pelas correntes do patrimonialismo e neopatrimonialismo. De acordo com Sá e Sá (2012), O neopatrimonialismo é um corpo de doutrinas que foi se formando ao redor do mundo latino, devido ao avanço científico de teorias defendidas por grandes autores. Essa vertente tem por objetivo o estudo do patrimônio dos empreendimentos humanos com a finalidade de alcançar a prosperidade desses empreendimentos. É importante destacar que o neopatrimonialismo tem origem no patrimonialismo, que no Brasil começou no século XX, devido à reunião de intelectuais da contabilidade no estado de Minas Gerais. De acordo com Marion (2015), “O patrimônio pode ser definido como um conjunto de bens, direitos e obrigações”. Dessa forma, pode ser considerado o objeto de estudo da contabilidade, ou seja, caso não exista patrimônio, não há condições de existir contabilidade. 1.2 Equação patrimonial Quando falamos em patrimônio, perguntas do tipo “O patrimônio das empresas surgiu em que momento?” “O patrimônio do sócio é o mesmo da empresa?” podem ser facilmente respondidas tomando por base a equação patrimonial, em que se tem um vislumbre da composição do patrimônio das empresas, mais especificamente do balanço patrimonial. O balanço patrimonial é composto por três componentes: o ativo, o passivo e o patrimônio líquido. A posição financeira da empresa é refletida diante da relação desses grupos na dinâmica empresarial da empresa. O termo balanço indica equilíbrio entre eles, o que pode ser demonstrado pela seguinte equação: Figura 1 – Equação patrimonial Fonte: Dumont Treinamentos, 2018. Se observamos a figura acima, podemos denotar que: ATIVO (–) PASSIVO (=) PL (PATRIMÔNIO LÍQUIDO) ou ATIVO (=) PASSIVO (+) PL. Os grupos de ativo e passivo são comumente chamados de grupos de controle, ao passo que o patrimônio líquido é considerado o capital próprio, visto que nele são registrados o capital inicial para início das atividades da empresa e os resultados advindos da dinâmica empresarial, sendo estes mutações produzidas pelo patrimônio, pelos atos e pelos fatos contábeis, tendo por base a atividade econômica da empresa. Conforme visto na Figura 1, a forma mais comum de se representar o patrimônio é em forma de “T”, Por meio dessa forma percebe-se que, do lado esquerdo, temos o grupo do ativo, considerado elemento positivo, e que é onde se têm classificado os bens e direitos; do lado direito, há os elementos negativos, representando assim as obrigações, e o patrimônio líquido, contendo o capital investido e os resultados advindos da atividade empresarial. O Balanço patrimonial lembra uma balança. Dessa forma, o valor do ativo deve corresponder ao mesmo valor do passivo, juntamente com o patrimônio líquido, ou seja, é necessário que o demonstrativo demonstre um equilíbrio. Para melhor visualizarmos essa situação, observemos a Figura 2: Figura 2 – Situação líquida O patrimônio líquido representa a situação líquida da empresa, ou seja, caso este seja positivo, isso representa que o ativo é maior que o passivo; caso contrário (ou seja, se for negativo), automaticamente entendemos que o ativo é menor que o passivo e caso seja zerado, inexistente ou nulo, sabemos que o valor do ativo é exatamente igual ao valor do passivo. TEMA 2 – ORIGEM E APLICAÇÃO DE RECURSOS No Balanço patrimonial, se analisado sob uma ótica financeira, é possível evidenciar, por meio do grupo do passivo, as fontes de recursos financeiros, sendo que estes têm a finalidade de financiar as atividades da empresa. O capital é evidenciado no grupo do passivo, considerado juntamente com o Patrimônio líquido, desde que o capital ali demonstrado seja próprio ou de terceiros. No grupo do ativo, é possível observar como e onde foram aplicados esses recursos. Daí temos o conceito de origem e aplicação de recursos. 2.1 Origem de recursos A constituição de uma empresa acontece por meio da injeção de recursos fornecidos pelos sócios, com a finalidade de formação do patrimônio empresarial, ou seja, a origem de recursos inicial se dá mediante a integralização do capital social pelos sócios no ato de constituição da empresa. Esse capital é classificado/contabilizado no grupo do patrimônio líquido na conta capital social. Dessa forma, é considerado recurso próprio e origem de recursos. Diante disso, é possível considerar essa conta e todos os aumentos provenientes de aumento de capital, assim como os recursos advindos dos resultados positivos apurados na atividade empresarial, como tendo origem de recurso próprio. A continuidade da empresa é marcada pela dinâmica de investimentos e prospecção de recursos junto ao mercado, seja junto aos fornecedores, entidades bancárias, governo ou servidores, que podem ser considerados terceiros junto à empresa, ou melhor, são os credores. As dívidas ora assumidas perante esses terceiros representam obrigações da empresa, assumidas para aquisição de bens e serviços, pagamento de salários e tributos, entre outras ações que, com a finalidade de manter o nível de atividade da empresa, são consideradas como origem de recursos para com terceiros. No balanço patrimonial, esses recursos de terceiros são representados no grupo passivo exigível de curto ou longo prazo. Os recursos adquiridos junto aos sócios são representados no patrimônio líquido. Somando os recursos de terceiros e recursos próprios, tem-se o capital total à disposição da empresa, sendo representado pelo total do passivo, ou seja, a soma do passivo exigível com o patrimônio líquido. Se analisarmos o grupo do passivo, notaremos que é possível identificar quais são as fontes ou origens de recursos. Por exemplo,o capital social investido pelos sócios na constituição das empresas ou um empréstimo, adquirido junto a uma instituição bancária, ambos são origem de recursos que permeiam as decisões de financiamento das operações da empresa. Caso seja constatado um passivo de valor superior ao comparado com o patrimônio líquido, temos uma indicação de que os ativos foram financiados por capital de terceiros, e, consequentemente, tem-se um elevado nível de endividamento, contudo caso seja constatado um patrimônio líquido elevado em comparação com o passivo exigível da empresa, isso indica que os ativos em sua maioria foram financiados por capital próprio, o que transmite maior segurança para os credores e para os investidores. O passivo representa de onde veio o dinheiro: se a fonte ou origem de recursos foi própria ou de terceiros. 2.2 Aplicação de recursos Se, por um lado, conforme o tópico anterior menciona, o passivo representa as origens de recursos, por outro, o ativo representa as aplicações de recurso. No grupo do ativo encontram-se as contas representativas dos bens e dos direitos, e nestes bens e direitos é que o dinheiro da empresa está aplicado. É importante observamos que quando adquiro um bem para uso nas atividades da empresa ou quando compro um item para compor o estoque da empresa, estou fazendo uma aplicação de recursos, e a conta Duplicatas a receber também pode ser caracterizada como uma aplicação de recurso, visto que quando se vende a prazo, a empresa está usando seu próprio dinheiro para financiar aquela venda a prazo para o cliente, ou seja, é uma aplicação do seu recurso. Caso o valor dos direitos seja maior que o valor das obrigações representadas no grupo do passivo, podemos dizer que a situação líquida da empresa é positiva; caso inverso, é negativa, e caso o valor de ativo e passivo forem iguais, podemos dizer que a situação líquida é nula. Por meio da análise dos valores de ativo e passivo ainda podemos classificar a situação líquida da empresa como em estabilidade absoluta, relativa, equívoca ou com insolvência absoluta ou relativa. Estabilidade absoluta representa que a empresa não possui obrigações, ou seja, os bens classificados no ativo estão cobertos por recursos próprios, contudo, caso a empresa estiver em estabilidade relativa, existem obrigações, mas todas estas têm cobertura nos bens e direitos registrados no ativo. Caso a empresa demonstrar estabilidade nula ou equívoca, as obrigações existentes são para com terceiros, inexistindo patrimônio líquido, e o grupo do ativo totaliza o mesmo montante das obrigações para com terceiros registradas no passivo. Quando a empresa revela insolvência relativa, isso significa que o valor das obrigações é muito significativo, demonstrando assim um patrimônio líquido negativo ou, como podemos dizer, temos assim um passivo a descoberto. Por fim, quando a empresa está com insolvência absoluta, pode-se afirmar que a situação é ruim, pois esta representa somente passivo e nenhum ativo. Nesse caso, os credores estão sem possibilidade de receber pelos seus créditos. Quadro 1 – Exemplo de insolvência relativa Ativo Passivo Caixa 50,00 Fornecedores 600,00 estoques 200,00 Patrimônio Líquido (100,00) Duplicatas a receber 250,00 Capital social 500,00 Prejuízo acumulado (600,00) Total 500,00 Total 500,00 Observando o quadro acima, percebemos que o valor do passivo é maior que o valor do ativo, demonstrando que parte das obrigações não tem cobertura de valor em ativos. Percebemos ainda que temos um Passivo a descoberto, ou seja, o patrimônio líquido é negativo, uma vez que o grupo Patrimônio Líquido é composto pelas contas de capital social e prejuízos acumulados, contudo o valor dos prejuízos é maior que o valor do capital social, resultando assim em um passivo a descoberto. TEMA 3 – POSTULADO DA ENTIDADE Antes de estudarmos o postulado da entidade, é preciso lembrarmos ou relembrarmos que a contabilidade é a ciência que tem a finalidade de estudar e controlar o patrimônio de forma a fornecer informações que serão utilizadas pelos usuários como sendo um instrumento básico para a tomada de decisões. Em contabilidade, temos a teoria da contabilidade, uma área dedicada aos estudos teóricos da contabilidade. A teoria da contabilidade tem por finalidade ser o embasamento necessário e suficiente para que as práticas contábeis não percam a sua essência, e essa essência seja refletida nos demonstrativos contábeis produzidos pela contabilidade. De acordo com Niyama e Silva (2011), a estrutura conceitual da contabilidade no Brasil é definida pelos seguintes órgãos regulamentadores: Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). O CFC tem, dentre outras finalidades, orientar, normatizar e fiscalizar o exercício da profissão contábil, por meio dos conselhos regionais de contabilidade (CRC). O CFC também edita Normas Brasileiras de Contabilidade de natureza técnica e profissional. O CPC é o órgão responsável por buscar a convergência da contabilidade brasileira às normas internacionais. O CPC é composto pelas seguintes instituições: Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e o CFC. As Normas Brasileiras de Contabilidade têm por objetivo estabelecer regras de conduta profissional e procedimentos técnicos, alinhados aos princípios fundamentais de contabilidade. Em contabilidade, temos os postulados, que podem ser entendidos como os pilares da contabilidade, uma vez que estes são a base de toda a teoria da contabilidade. Os postulados são: entidade e continuidade. Trataremos do postulado da entidade dentro deste tópico e, no seguinte, falaremos acerca do postulado da continuidade. De acordo com Niyama e Silva (2011), o postulado contábil da entidade define a entidade contábil, dando a esta autonomia patrimonial e necessidade de diferenciação patrimonial particular do universo de patrimônio existente nas empresas, uma vez que determina o patrimônio de total necessidade de diferenciação do patrimônio, o que se deve ao fato de que os reflexos das variações verificadas neste patrimônio também são controladas/contabilizadas de forma individualizada. Quando os sócios necessitarem de dinheiro advindo das disponibilidades (caixa ou banco) ou até mesmo que seja feita a retirada de mercadoria do estoque da empresa, estes precisam contabilizar tais operações como retirada pró-labore ou retirada de lucros. Quando a retirada for de cunho financeiro ou venda de mercadoria ao sócio, debita-se na conta do ativo que o caracterize como um cliente ou no adiantamento ao sócio. Caso esse controle não for efetivo, em algum momento a empresa pode se ver em necessidades, passando por dificuldades financeiras. Comumente os teóricos da contabilidade dão para o postulado da entidade as conotações anteriormente destacadas, contudo é importante consubstanciarmos na contabilidade o postulado da entidade nas seguintes dimensões: jurídica, econômica, organizacional e social. Na dimensão jurídica, os preceitos consistem na diferenciação do patrimônio, conforme anteriormente analisados. A dimensão econômica caracteriza-se como massa patrimonial, de forma que a evolução patrimonial tanto qualitativa quanto quantitativa necessita de acompanhamento, sendo este necessário para avaliar o desempenho econômico e financeiro real da organização. A dimensão organizacional consiste no entendimento de que como grupo de pessoa ou pessoas, estas exercem controle sobre as receitas e despesas, sobre os investimentos e nas distribuições a serem efetuadas. A dimensão social pode ser examinada em suas transfigurações sociais, no sentido de que a entidade pode seravaliada não só pela utilidade que a si acresce, mas também pelo que contribui no campo do social em termos de benefícios sociais. TEMA 4 – POSTULADO DA CONTINUIDADE De acordo com o postulado da continuidade, a entidade é uma empresa em andamento e que nunca terá um fim, visto que tem intenção de existência indefinida, representando assim uma situação de conveniência, uma vez que deve sobreviver aos seus próprios fundadores e ter seu patrimônio avaliado pela sua potencialidade de gerar benefícios futuros (Azevedo, 2010). De acordo Niyama e Silva (2013), o postulado da continuidade tem a função de primar pela continuidade da empresa, ou seja, tudo deve ser feito para que a empresa não venha a ficar em situação de descontinuidade, a qual caracterizada pelos seguintes fatores: redução das suas atividades, paralisação das atividades, extinção via processo falimentar ou liquidação ordinária, entre outros fatores. Entre as diversas funções do postulado da continuidade, cabe destacar que este tem a função de encarar a entidade como um meio capaz de produzir riqueza e gerar valor de forma contínua, não havendo interrupções. Na verdade, o entendimento de exercício financeiro anual ou semestral é uma ficção determinada pelas diretrizes da empresa, de acordo com o seu ciclo operacional. O ciclo operacional das empresas é o período compreendido desde a compra da matéria-prima até o recebimento das vendas dos produtos. Assim, entendemos que as operações da empresa devem possuir continuidade, de forma que o processo de financiamento, estocagem e venda faça parte de uma engrenagem, que se renova ao final de cada ciclo. TEMA 5 – CONTAS PATRIMONIAIS E DE RESULTADO De acordo com Bächtold (2011) conta é o nome técnico utilizado para registrar os elementos, considerando aspectos qualitativos e quantitativos, ou seja, identifica cada componente pertencente ao patrimônio (bens, direitos e obrigações) e elementos de resultado (despesas e receitas). As contas são endereços situados dentro do patrimônio. Sempre que houver a necessidade de movimentar um elemento, o registro deve ser efetuado dentro desse endereço, que consequentemente alterará o saldo desse elemento. O registro contábil é efetuado por meio de contas. É por meio delas que a contabilidade consegue exercer o seu papel, visto que todos os acontecimentos (atos e fatos administrativos) que ocorrem diariamente na empresa, tais como compras, vendas, pagamentos e recebimentos, são registrados pela contabilidade em contas próprias. Como exemplo disso, podemos citar o fato de que todas as movimentações em dinheiro são registradas em uma conta denominada caixa, e os objetos comercializados pela entidade são registrados em uma conta denominada mercadorias/estoques. Outro exemplo da importância das contas pode ser ilustrado pela seguinte situação: o ato de abrir uma conta em determinado banco, efetuar um depósito em dinheiro nela, no banco em que você se tornou correntista (portador de conta corrente), significa que a ela tem um nome, nesse caso o seu nome, em que serão efetuados os registros de entradas (depósitos) e saídas (saques) e, sempre que preciso, você emite um relatório da movimentação da sua conta. Da mesma forma, as empresas utilizaram contas para registrar as transações ocorridas e, quando preciso, emitem um relatório da conta com a finalidade de consulta ou conciliação. São elementos essenciais das contas: a. Nome da conta; b. Valor a ser debitado; c. Valor a ser creditado; d. Saldo devedor ou credor; e. Histórico de lançamento; f. Data de lançamento. As contas aumentam a débito ou a crédito. As que aumentam a débito são as chamadas contas de natureza devedora, e as que aumentam por meio de crédito são chamadas de contas de natureza credora. Figura 3 – Natureza das contas Fonte: Elaborado pelo autor Com a finalidade de melhor compreensão acerca das contas patrimoniais e de resultado, as contas podem ser classificadas em contas patrimoniais e contas de resultado. As contas patrimoniais são as contas de ativo, passivo e patrimônio líquido, sendo estas representativas dos bens e dos direitos e das obrigações. As contas de resultado são aquelas representadas na Demonstração do Resultado do Exercício, sendo estas as que representam as receitas e as despesas da entidade. Se as operações da empresa envolvem tais contas, podemos dizer que teremos a apuração do resultado econômico da empresa, ou seja se obteve lucro ou prejuízo. Pensemos na seguinte situação: entrada e saída de dinheiro no caixa. Essa entrada pode ser advinda de entrega de dinheiro pelos sócios no ato de integralização de capital ou proveniente de recebimento a vista da venda de mercadorias. Nesse caso, quais contas foram envolvidas? Patrimoniais ou de resultado? Podemos responder que as duas situações aconteceram. No momento da integralização do capital, debitou-se a conta caixa e creditou-se a conta de Patrimônio Líquido, pois nesse momento somente movimentamos contas patrimoniais. Já na segunda situação, entrou dinheiro do caixa proveniente das vendas de mercadorias, movimentamos contas patrimoniais (caixa) e resultado (receita de vendas) e a realização dessas operações e contabilizações serão vistas posteriormente. Por enquanto, é importante que saibamos apenas as movimentações que ocorreram por meio de contas contábeis e que elas podem ser classificadas como patrimoniais (aquelas que demonstram tudo que a empresa tem ou usufrui de bens e direitos, e tudo que ela deve, seja para terceiros ou para os sócios ou acionistas) e de resultado, que demonstram se a empresa obteve lucro ou prejuízo no período analisado. O acompanhamento dos registros efetuados nas contas acontece por meio dos demonstrativos contábeis, ficando mais evidente no balanço patrimonial as contas patrimoniais e na Demonstração de Resultado do Exercício as contas de resultado. TROCANDO IDEIAS Como podemos perceber no decorrer desta aula, a contabilidade é uma ciência que controla o patrimônio das pessoas físicas e jurídicas, demonstrando assim grande importância das informações geradas nas organizações. Diante disso, podemos afirmar que a execução da contabilidade junto às organizações depende de profissionais preparados, que, de forma assertiva, dinâmica e competitividade, produzam algo que servirá de base para a tomada de decisões além do cumprimento das obrigações acessórias impostas por outros usuários da informação contábil. Durante a capacitação dos estudantes de contabilidade, cabe destacar que é necessário que este aprenda desenvolvendo atividades próximas da realidade do mercado e em um ambiente rico e desafiador, vendo a si mesmo como um profissional participante de forma ativa e responsável no mundo empresarial contemporâneo, desenvolvendo capacidades de gestão, negociação e liderança. Com base no acima exposto é possível afirmar que o papel do contador deve ser o de prestar informações adequadas, de forma que a empresa tenha em mãos um guia para a tomada de decisões, contudo o perfil deste tem sofrido mudanças ao longo do tempo. Saiba mais Note no artigo: “O novo perfil de uma das profissões mais estáveis do Brasil”, que a profissão contábil tem passado por mudanças significativas, o que requer do contador um perfil diferenciado. Já pensou em como seria essa readequação para os profissionais atuantes no mercado, para aqueles com formação consolidada em épocas em que as exigências eram diferentes das requisitadas atualmente, e para os que estão em formação? GASPARINI, C. O novo perfil de uma das profissões mais estáveis do Brasil. Revista Exame, 18 dez. 2017. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/carreira/o-novo-perfil-de-uma-das-profissoes-mais- estaveis-do-brasil/>. Acesso em: 7 maio 2019. Após a leitura do artigo,discuta com seus colegas acerca das habilidades e competências exigidas do contador de ontem, de hoje e de amanhã. Aproveite e responda as seguintes perguntas: Qual tipo de preparo é exigido dos contadores já atuantes e que tipo de preparo é exigido dos contadores que estão em formação? Quais os desafios enfrentados por ambos? E qual é a influência que essa mudança de perfil trará para a qualidade da informação contábil? NA PRÁTICA Considerando os relatórios contábeis de certa empresa, foi descrito que no ano de 2018 ela incorreu nas seguintes situações: a. Compra a prazo no valor de R$ 25.000,00, referente a mercadorias. b. Integralização de capital social no valor de R$ 200.000,00; c. Pagamento de despesa com energia elétrica no valor de R$ 500,00; d. Pagamento de despesa com aluguel no valor de R$ 1.500,00; e. Venda a prazo no valor de R$ 50.000,00, referente à venda do total das mercadorias ora adquiridas. f. Aquisição de máquina para auxílio nas atividades da empresa no valor de R$ 7.500,00. Informe, em cada situação, se foi movimentada conta patrimonial ou conta de resultado. Solução: d. Pagamento de despesa com aluguel no valor de R$ 1.500,00 - Movimentação em conta patrimonial (Caixa – Ativo) e resultado (despesa com aluguel – DRE). e. Venda a prazo no valor de R$ 50.000,00, referente à venda do total das mercadorias, ora adquiridas. Movimentação em conta patrimonial (Caixa – Ativo) e resultado (receita da venda de mercadorias – DRE). f. Aquisição de Máquina para auxílio nas atividades da empresa no valor de R$ 7.500,00. Movimentação em contas patrimoniais (Imobilizado, caixa – Ativo). FINALIZANDO Para fechar os conteúdos desta aula, é importante que tenhamos em mente que o objetivo era trazer conceitos iniciais de contabilidade nas organizações e, como vimos, o patrimônio das organizações é o objeto de estudo da contabilidade, patrimônio este composto por bens, direitos e obrigações, demonstrados no relatório e no balanço patrimonial. O balanço patrimonial é composto por três elementos: o ativo, o passivo e o patrimônio líquido. Por meio deste, temos como analisar, em tempo dinâmico, a posição financeira da empresa, uma vez que esta é refletida diante da relação da dinâmica da empresa. O Balanço patrimonial indica o equilíbrio entre as contas que o compõem, o que é demonstrado pela equação: ativo – passivo = patrimônio líquido, a equação patrimonial, a qual promove o equilíbrio entre as contas do ativo (devedoras, em sua regra, salvo as contas retificadoras), e as contas do passivo e patrimônio líquido (credoras, salvo as contas retificadoras). A equação ainda contempla o resultado apurado e transferido para o patrimônio líquido em forma de lucro ou prejuízo. A apuração ocorre por meio do confronto das contas de receita e despesas (devedoras). O objeto de estudo da ciência contábil é o patrimônio da entidade. As contas pertencentes a este patrimônio são classificadas em contas patrimoniais e contas de resultado. As contas patrimoniais são do ativo, passivo e patrimônio líquido, sendo estas representativas dos bens e dos direitos e das obrigações. As contas de resultado são aquelas contas representadas na DRE, sendo estas as que representam as receitas e as despesas da entidade. Percebe-se que a contabilidade, embora não seja uma ciência exata, utiliza da lógica matemática para mensuração, registro e controle do patrimônio das pessoas físicas e jurídicas. Dessa forma, entendemos o termo ciência social aplicada, visto que a contabilidade é feita por um ser social (contador) para outros seres sociais (pessoas físicas e jurídica – representada pelos sócios), visando assim o incremento da riqueza destes. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. Contabilidade intermediária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. AZEVEDO, R. F. L. Entidade e continuidade: reflexões sobre a base conceitual e a estrutura hierárquica dos postulados e princípios da contabilidade. Revista Contemporânea de Contabilidade, v. 7, n. 14, 2010. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/contabilidade/article/view/2175- 8069.2010v7n14p137>. Acesso em: 7 maio 2019. BÄCHTOLD, C. Contabilidade básica. Curitiba: IFPR, 2011. Disponível em: <http://redeetec.mec.gov.br/images/stories/pdf/proeja/contabil_basica.pdf>. Acesso em; 7 maio 2019. DUMONT TREINAMENTOS. Disponível em: <https://www.dumonttreinamentos.com.br/representa%C3%87%C3%83o_gr%C 3%81fica_do_patrim%C3%94nio_34>. Acesso em: 7 maio 2019. FEA/USP. Contabilidade introdutória. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2006. FRANCO, H. Contabilidade geral. 23. ed. São Paulo: Atlas, 1996. GASPARINI, C. O novo perfil de uma das profissões mais estáveis do Brasil. Revista Exame, 18 dez. 2017. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/carreira/o-novo-perfil-de-uma-das-profissoes-mais- estaveis-do-brasil/>. Acesso em: 7 maio 2019. IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MARION, J. C. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. _____. Contabilidade empresarial. 15. ed. São Paulo: Atlas. 2009. NIYAMA, J. K.; SILVA, C. A. T. Teoria da contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. SÁ, L. F. C. L. de.; SÁ, A. M. L. de. Primeiras informações sobre o neopatrimonialismo contábil. Antônio Lopes de Sá, S.d. Disponível em: <http://www.antoniolopesdesa.com.br/wp- content/uploads/2012/03/PRIMEIRAS-INFORMA%C3%87%C3%95ES- SOBRE-O-NEOPATRIMONIALISMO-CONT%C3%81BIL-Ana-Maria-Lopes-de- S%C3%A1-e-Luiz-Fernando-Coelho-Lopes-de-S%C3%A1-OK.pdf>.. Acesso em: 7 maio 2019. CONTABILIDADE DAS ORGANIZAÇÕES AULA 2 Prof. André Júnior de Oliveira 2 CONVERSA INICIAL Dando prosseguimento à nossa disciplina, nesta aula aprenderemos o método das partidas dobradas, técnica aperfeiçoada pelo frei Luca Pacioli, que consiste no entendimento de que para todo débito existe um crédito correspondente. Dessa forma, temos o grupo do ativo, com natureza devedora e o grupo do passivo, de natureza credora, e estamos claramente demonstrando que a contabilidade é elaborada por meio do método das partidas dobradas. No decorrer desta aula, falaremos ainda sobre como o lançamento é efetuado, quais os elementos necessários para o registro dos atos e fatos administrativos, utilizando o método das partidas dobradas. Assim, a contabilidade vai tomando forma, por meio do balanço patrimonial e demais relatórios administrativos da organização. CONTEXTUALIZANDO Sabendo que a contabilidade é a ciência que registra e controla o patrimônio das empresas, é importante conhecer o meio pelo qual esse registro e controle acontece. O método das partidas dobradas consiste na figura do credor, aquele que detém o direito de exigir algo, e do devedor, que tem a obrigação de pagar por algo. De acordo com esse método, então, embora tenhamos duas figuras em cada transação, existem muitas formas de débitos e créditos, importando somente que o somatório total dos débitos seja igual ao dos créditos. Em cada transação a ser registrada, devem ser observadas as características relacionadas a ela, tais como: ao contabilizar determinado documento, é preciso considerar a substância e a realidade econômica da transação, e não somente o caráter documental da matéria em questão, ou seja, é preciso se atentar aos fatos futuros que aquele registro poderá trazer à contabilidade. Ao efetuar uma venda, o fato a ser analisado é além de uma simples venda, e sim o lucro que tal venda proporcionará e como este lucro será reinvestido na empresa; ou a forma como será distribuído entre sócios e acionistas; ou o registro adequado de cada transação, observando o que ela representará paraa empresa. 3 TEMA 1 – MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS Embora tenhamos diversas maneiras diferentes de escrituração das transações de uma empresa, denominadas atos e fatos administrativos, existem dois métodos fundamentais: o método das partidas simples e o método das partidas dobradas. O método das partidas simples está em desuso na atualidade, diante das deficiências apresentadas por ele e por ser incompleto. Por meio do método das partidas simples, é possível registrar as operações realizadas com pessoas, omitindo o registro de elementos do patrimônio e do resultado. Itens como mercadorias, veículos, imóveis, contas de despesa e contas de receita são controlados à parte, e apenas uma das operações, débito ou crédito, é contabilizada. No método das partidas dobradas, em cada lançamento, o valor total lançado nas contas a débito deve ser sempre igual ao total dos valores lançados na conta de crédito. Portanto, é considerado o método mais adequado para registro das operações que envolvem o patrimônio das organizações. Foi descrito pela primeira vez no ano de 1494, na Itália, pelo frade Luca Pacioli, no livro intitulado Summa de arithmetica, geometria, proportioni et proportionatitá, cuja tradução do título seria “Coleção de conhecimentos de aritmética, proporção e proporcionalidade”. De acordo com o método das partidas dobradas, não existe devedor sem um credor correspondente, ou seja, para todo débito existe um crédito de igual valor ou vice-versa. Caso aumente de um lado do balanço patrimonial, deve automaticamente aumentar do outro lado, explicando mais uma vez o que vimos na aula passada, quando discorremos acerca da equação patrimonial. O método das partidas dobradas, então, representa a equação patrimonial, para a qual é importante que a somatória dos débitos esteja em acordo com a somatória dos créditos, isto é, as origens de recursos devem ser iguais às aplicações de recursos. Vejamos um exemplo: certa empresa adquiriu junto a determinado fornecedor um lote de mercadorias no valor de R$ 10.000,00, o que pode ser uma origem de recurso, ao passo que a estocagem de mercadorias se trata de uma aplicação. 4 Dessa forma, podemos afirmar que se a compra junto ao fornecedor for efetuada a prazo, tal situação pode ser considerada uma origem de recursos, visto que está se utilizando de recursos de terceiros, contudo, caso a compra tenha sido efetuada à vista, a origem são os recursos mantidos no caixa. As contas envolvidas serão as seguintes: • Débito: estoque de mercadorias: R$ 10.000,00. • Crédito: fornecedores: R$ 10.000,00. O lançamento representa a origem e a aplicação de recursos, e conforme visto, possuem os mesmos valores, sendo uma equação patrimonial. O método das partidas dobradas consiste ainda na existência de lançamentos de 1ª, 2ª, 3ª, enésimas fórmulas, uma vez que pode ter vários débitos para vários créditos. Tudo depende da forma como se pretende lançar, bastando observar que o valor dos créditos seja igual ao dos débitos. Figura 1 – Luca Pacioli, difusor do método das partidas dobradas Crédito: Sergei Afanasev/Shutterstock. Sobre o termo partida dobrada, partida refere-se a um lançamento, e dobrada refere-se ao fato de que é mais comum ocorrer em uma transação duas entradas, uma entrada a débito e uma saída a crédito. Para melhor entendimento deste assunto, vejamos um exemplo: imaginemos que a empresa Bruno Ferraz Ltda. tenha um crédito na conta clientes no valor de R$ 200,00, e um débito na conta movimento no valor de R$ 205,00. Observa-se que os valores referentes a débito e crédito são diferentes, sendo necessário que sejam iguais, pois não existe um crédito sem um débito. Nesse caso, temos uma diferença de valor de R$ 5,00 que deve ser corrigida, e esta diferença, após consulta ao financeiro da empresa, é referente ao recebimento de juros por atraso. Assim, tem-se o seguinte lançamento: 5 • Débito: banco conta movimento: R$ 205,00. • Crédito: clientes (ativo): R$ 200,00. • Receita com juros (resultado): R$ 5,00. Para melhor entendimento dos conceitos de débito e crédito, observe o seguinte quadro: Quadro 1 – Memorização de débito e crédito ATIVO PASSIVO Bens e direitos Obrigações e patrimônio líquido Débito Crédito Débito Crédito (+) (-) (-) (+) Entradas Saídas saídas entradas Fonte: Oliveira, 2018. Conforme observado no quadro, a natureza do ativo é devedora; dessa forma, no registro das transações envolvendo bens ou direitos, toma-se por base que os lançamentos que aumentarem o ativo devem ser debitados, e os que representarem saídas de ativos devem ser creditados. É importante salientar que todo aumento (débito) no grupo do ativo reflete uma variação positiva neste grupo, assim como qualquer diminuição (crédito) reflete uma variação negativa. Consideradas as naturezas devedora e credora, o mesmo entendimento do ativo se aplica às despesas, e o do passivo se aplica às receitas. Como as despesas representam os gastos, caso queira registrá-las, devem ser lançadas a débito. Já as receitas representam ganhos, devendo ser lançadas a crédito. Pensemos no exemplo do pagamento de uma despesa com energia, por meio de débito em conta corrente. A conta debitada seria despesa com energia elétrica e a conta creditada, banco conta movimento. No caso de recebimento de venda efetuada à vista por depósito bancário, a conta a ser debitada será banco conta movimento e a conta a ser creditada, receita de vendas. No lançamento de débito ou crédito, devemos nos atentar aos seguintes passos: primeiramente, é necessária a identificação do título das contas a serem movimentadas em cada operação, disponível por meio de consulta ao plano de contas da empresa. Em seguida, deve-se verificar em qual grupo de contas, também constante no plano de contas, as contas identificadas são classificadas. Depois, saber se a variação foi negativa ou positiva, e, por fim, detectar qual das contas representa aplicação ou origem de recursos. 6 Vejamos o seguinte exemplo: no dia 20 de abril de 2018, pagou-se o saldo de um fornecedor, com uma duplicada no valor de R$ 500,00, e este pagamento foi efetuado por meio de transferência eletrônica de dados (TED). O primeiro passo identifica as contas que movimentarão esta operação, neste caso, fornecedores e bancos conta movimento. No segundo passo, é preciso saber a qual grupo de contas pertencem as contas identificadas no primeiro passo, sendo a primeira do passivo e a segunda do ativo. No terceiro passo, sabemos que a variação das contas consistirá na diminuição tanto do passivo quanto do ativo. No quarto passo, veremos que a conta fornecedores é conta de passivo, portanto, origem de recursos, e o banco, conta de ativo, aplicação de recursos. Vejamos os lançamentos advindos desse exemplo: • Data: 20/04/2018. • Débito: fornecedor (passivo). • Crédito: banco conta movimento (ativo). • Valor: R$ 500,00. • Histórico: pagamento fornecedor X, referente nota fiscal y, conf. transferência eletrônica de dados (TED) n/data. Outro caso para exemplificarmos os conceitos abordados: a empresa Yara Ltda., no final de fevereiro de 2015, em seu balanço patrimonial, tinha saldo nas seguintes contas: Quadro 2 – Balanço patrimonial: empresa Yara Ltda. BALANÇO PATRIMONIAL – 02/2015 – YARA LTDA Ativo Passivo Circulante 6.250,00 Circulante 0,00 Clientes 6.250,00 Fornecedores 0,00 Não circulante 0,00 Estoque 0,00 Patrimônio líquido 6.250,00 Não circulante 0,00 Capital social 6.250,00 TOTAL DO ATIVO 6.250,00 TOTAL DO PASSIVO 6.250,00 Fonte: Oliveira, 2018. No mês de março de 2015, incorreu nas seguintes situações: 7 • No dia 10/03/2015 – adquiriu um empréstimo no valor de R$ 30.000,00, no banco Baby S/A, para pagamento em 60 dias, considerando uma taxa de juros de 4% noato da concessão do empréstimo. • No dia 29/03/2015 – a empresa recebeu, por meio de depósito, o valor de R$ 6.500,00 referente ao pagamento de determinado cliente, vencido no dia 01/03/2015. Dessa forma, o valor de R$ 6.250,00 refere-se ao saldo do cliente e o restante de juros devido ao atraso do pagamento. Tendo por base os quatro passos para definição dos lançamentos de débito ou crédito, quais lançamentos devem ser efetuados nas duas situações? Primeiro passo: identificar as contas movimentadas nessas operações: Situação 1: 8 • Bancos conta movimento (onde o valor recebido do banco será depositado – ativo). • Empréstimo bancário (valor da dívida que ficará pendente – passivo). • Despesas com juros (juros pagos referentes ao empréstimo bancário – despesa). Situação 2: • Bancos conta movimento (onde o valor recebido do banco será depositado – ativo). • Clientes (valor registrado anteriormente em caso de vendas a prazo – ativo). • Receitas com juros (valor referente a juros recebidos do cliente, devido ao atraso no pagamento – receita). Segundo passo: identificar o grupo de contas em que tais contas são classificadas: Situação 1: • Direitos – ativo (banco conta movimento). • Obrigações – passivo (empréstimo bancário). • Despesa – conta de resultado (despesa com juros). Situação 2: • Direitos – ativo (banco conta movimento e clientes). • Receita – conta de resultado (receita com juros). Terceiro passo: saber se a variação foi negativa ou positiva: Situação 1: • Débito: banco conta movimento - R$ 32.200,00 – variação positiva no grupo do ativo. • Débito: despesas com juros – R$ 2.800,00 – variação negativa no grupo do patrimônio líquido – impactando em prejuízo para o período considerando somente esta transação. • Crédito: empréstimo bancário – R$ 35.000,00 – variação positiva no grupo do passivo. Situação 2: 9 • Débito: banco conta movimento – R$ 6.500,00 – variação positiva no grupo do ativo. • Crédito: receitas com juros – R$ 250,00 – variação positiva no grupo do patrimônio líquido – impactando em lucro para o período considerando somente esta transação. • Crédito: clientes – R$ 6.250,00 – variação negativa no grupo do ativo. Quarto passo: detectar qual das contas envolvidas representam aplicação ou origem de recursos: Situação 1: • Origem de recursos – Empréstimo bancário; • Aplicação de recursos – Bancos conta movimento e despesas com juros. Observação: a conta empréstimo bancário é considerada origem de recursos, tendo em vista que o recurso fora adquirido/originado junto a uma instituição bancária, ao passo que a conta bancos conta movimento foi a conta do ativo que recepcionou o recurso ora adquirido, dessa forma a conta bancos conta movimento é a aplicação do recurso da situação 01. Situação 2: • Origem de recursos – receita de juros. • Aplicação de recursos – clientes, bancos conta movimento. Observação: a conta receita de juros é considerada origem de recursos, pois o recurso de juros adquirido/originado junto ao recebimento de um cliente em atraso – ou seja, a origem – se deu mediante o atraso do cliente, da mesma forma como aconteceu na situação 1: a conta bancos conta movimento foi a conta do ativo que recepcionou o recurso advindo dos juros recebidos, sendo uma aplicação do recurso da situação 2. Para efeito de melhor visualização, vejamos os lançamentos diretamente no balanço patrimonial e a demonstração de resultado do exercício: 10 Quadro 3 – Balanço patrimonial: empresa Yara Ltda. Ativo Saldo anterior Débito Crédito Saldo final Circulante 6.250,00 38.700,00 6.250,00 38.700,00 Bancos conta movimento 0,00 38.700,00 0,00 38.700,00 Clientes 6.250,00 0,00 6.250,00 0,00 TOTAL DO ATIVO 6.250,00 38.700,00 6.250,00 38.700,00 Circulante Passivo 0,00 0,00 35.000,00 35.000,00 Empréstimo bancário 0,00 0,00 35.000,00 35.000,00 Não circulante 0,00 0,00 0,00 0,00 Patrimônio líquido 6.250,00 2.550,00 0,00 3.700,00 Capital social 6.250,00 0,00 0,00 6.250,00 Prejuízo do período 0,00 2.550,00 0,00 (2.550,00) TOTAL DO PASSIVO 6.250,00 2.550,00 0,00 38.700,00 Fonte: Oliveira, 2018. Quadro 4 – Demonstração do resultado do exercício: empresa Yara Ltda. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - YARA LTDA Receita de vendas 0,00 (-) ICMS sobre vendas 0,00 (=) receita bruta 0,00 (-) Custo sobre mercadorias vendidas 0,00 (=) Lucro bruto 0,00 (.) despesas 0,00 (=) Lucro operacional 0,00 (+) receita financeira 250,00 (-) Despesa financeira 2.800,00 (=) Lucro líquido (2.550,00) Observamos por meio do balanço patrimonial da empresa Yara Ltda. que os lançamentos foram efetuados com o método das partidas dobradas, utilizando um crédito e dois débitos (situação 1) e dois créditos e um débito (situação 2). As contas patrimoniais utilizadas foram classificadas no grupo do ativo e passivo, e a conta patrimonial prejuízo do período constituiu saldo por meio do confronto das duas contas de resultado envolvidas nas transações: despesas com juros na situação 1 e receitas com juros na situação 2. 11 TEMA 2 – ELEMENTOS INTRÍNSECOS DE UM LANÇAMENTO (DATA, CONTA A DÉBITO, CONTA A CRÉDITO, HISTÓRICO E VALORES) Os lançamentos contábeis são registros dos fatos contábeis e provocam mudanças na composição do patrimônio e da entidade. Os lançamentos são efetuados de acordo com o método das partidas dobradas, em ordem cronológica e com aspectos técnicos determinados pela legislação contábil. Os lançamentos são feitos nas contas patrimoniais e nas de resultado. Nas contas do grupo de ativo, em caso de aumento, os valores são lançados a débito, uma vez que as contas de ativo são de natureza devedora, e, em caso de diminuição, os lançamentos devem ser efetuados a crédito. Nas contas de passivo, os lançamentos são efetuados a crédito, caso queiramos aumentar seu saldo, e, se quisermos diminui-lo, devemos lançar os valores a débito – tendo em vista que as contas de passivo e patrimônio líquido têm natureza credora, salvo se as contas forem retificadoras. Nas contas relativas a receita e despesa, o que deve ser levado em conta é seu reflexo no patrimônio líquido. As receitas têm natureza credora, pois aumentam o PL; despesas têm natureza devedora, pois o diminuem. Para melhor compreensão, observemos o quadro: Quadro 5 – Efeitos do lançamento na contabilidade: natureza das contas Conta Natureza Aumenta a Diminui a Ativo (bens e direitos) Devedora Débito Crédito Passivo (obrigações) Credora Crédito Débito Patrimônio líquido Credora Crédito Débito Receitas Credora Crédito Débito Despesas e custos Devedora Débito Crédito Contas retificadoras do ativo Credora Crédito Débito Contas retificadoras do passivo Devedora Débito Crédito Fonte: Oliveira, 2018. As contas retificadoras têm natureza contrária ao grupo no qual estão inseridas, dessa forma, ao invés de aumentarem o saldo do grupo, elas o diminuem. Essas contas têm a finalidade de ajustar o saldo de uma conta considerada principal, que demonstra o valor histórico dos bens classificados no ativo imobilizado. Como exemplo disso podemos citar o caso da conta depreciação acumulada de bens do ativo imobilizado, ou seja, a depreciação refere-se ao desgaste natural do bem, e deve ser reconhecida pela contabilidade 12 por meio de critérios estabelecidos pelas políticas empresariais, ou de acordo com os normativos contábeis e pronunciamentos emitidos pelo comitê dos pronunciamentos contábeis. Para que possamos efetuar um lançamento, é preciso seguir etapas semelhantes às do tópico anterior, ou seja, precisamos identificar as contas envolvidas no fato; identificar a natureza destas contas e saber em quais grupos estão classificadas; identificar a variação que tais fatos provocarão nas contas envolvidas; e efetuar o respectivo lançamentoutilizando o método das partidas dobradas, tendo por base que o lançamento seguirá a lógica de sempre ter uma origem de recurso e uma aplicação de recursos. Lançamentos são elementos de uma técnica contábil chamada escrituração, a primeira técnica utilizada pelo profissional contábil. Ela deve ser feita imediata e corretamente, independentemente das causas, tomando por base sempre o valor original da transação, o que implica controles financeiros e fiscais das entidades. A escrituração tem duas funções: a função histórica e a função monetária. Figura 2 – Funções do lançamento Fonte: Oliveira, 2018. Os lançamentos contábeis são compostos por cinco elementos: • local e data; • conta devedora; • conta credora; • histórico; • importância ou quantia (valor); Função histórica Narra o fato contábil em ordem cronológica Função monetária Registro da expressão monetária dos fatos e seu agrupamento segundo a natureza de cada grupo. 13 O primeiro elemento abrange o local onde a empresa é estabelecida e a data de ocorrência da transação, representando o dia, mês e ano do acontecimento. Depois, a conta devedora, que é a conta debitada na transação, sempre vindo em primeiro lugar. O terceiro elemento é a conta credora, creditada. Em seguida, o histórico é a narração histórica do fato ocorrido, a qual deve conter uma descrição resumida do fato, mas que seja explicativa e exprima bem a operação, sendo precedida pelas seguintes abreviações: PG, em caso de pagamento; REC, quando houver recebimento; e VR, quando não representar nem pagamento e nem recebimento, sendo lançamentos de controle. Por fim, o quinto elemento é a importância ou quantia, isto é, o valor das operações expresso em unidades monetárias do país de estabelecimento das empresas. Vejamos o seguinte exemplo: a empresa Vale dos Lírios Ltda., estabelecida na cidade de Ponte Nova – MG, no mês de abril de 2018, incorreu nas seguintes situações: 1. Pagamento via caixa, da despesa de energia referente ao mês de abril, no dia 15/04/2018 – no valor de R$ 250,00. 2. Recebimento por meio do caixa, de valor registrado na conta de clientes, referente à venda efetuada no mês de março/2018 para o cliente Mar Lucia Ltda. – por meio da duplicada 00123, no dia 16/04/2015 – no valor de R$ 3.400,00. 3. Programação (provisão) da despesa de aluguel referente ao mês de abril, no dia 30/04/2015 – no valor de R$ 1.800,00, a ser pago no dia 10/05/2018. Situação 1 – lançamentos: Local e data Ponte Nova – MG, 15/04/2018 Conta debitada Despesas com energia elétrica (resultado) Conta creditada Caixa (ativo) Histórico PG. despesas com energia elétrica, referente ao mês 04/2015. Valor R$ 250,00 Situação 2 – lançamentos: Local e data Ponte Nova – MG, 16/04/2018 Conta debitada Caixa (ativo) Conta creditada Clientes – Mar Lucia Ltda. (ativo) 14 Histórico REC. Duplicata n. 00123; cliente: Mar Lucia Ltda. Valor R$ 3.400,00 Situação 3 – lançamentos: Local e data Ponte Nova – MG, 30/04/2018 Conta debitada Despesas com aluguel (resultado) Conta creditada Alugueis a pagar (passivo) Histórico VR. despesas de aluguel ref. mês 04/2015 – vencimento: 10/05/2018 Valor R$ 1.800,00 Os lançamentos efetuados demonstram a aplicação prática dos cinco elementos indispensáveis nos lançamentos contábeis. TEMA 3 – ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS (PERMUTATIVOS, MODIFICATIVOS E MISTOS) O patrimônio das empresas está em constante movimento, em função dos acontecimentos a que estão sujeitas, de acordo com sua dinâmica. Tais acontecimentos são divididos em dois grupos: fatos administrativos e atos administrativos. Atos administrativos são situações que acontecem nas empresas que não provocam alterações em seu patrimônio. Por exemplo, a assinatura do contrato de trabalho na admissão de um funcionário é um ato que em primeiro momento não provoca variação do patrimônio da empresa. Fatos administrativos, ou fatos contábeis, são acontecimentos que provocam variações no patrimônio das empresas, podendo ou não variar seu patrimônio líquido. São ocorrências que têm por efeito a alteração do patrimônio, seja no aspecto qualitativo ou quantitativo, e se classificam em três grupos: fatos contábeis permutativos (aspectos qualitativos ou compensativos), fatos contábeis modificativos (aspectos quantitativos) e fatos contábeis mistos (compostos, aspectos qualitativos e quantitativos). Os fatos contábeis permutativos envolvem lançamentos de ativo e passivo, não alterando o patrimônio das empresas, sendo somente uma permuta, uma troca entre elementos do ativo e passivo, ou entre contas do PL, que apenas altera a composição qualitativa dos elementos pertencentes ao 15 patrimônio. Como exemplo, podemos citar a aquisição à vista de um móvel para a empresa. Percebe-se neste lançamento que será debitada a conta móveis e utensílios e creditada a conta caixa, ambas pertencentes ao ativo, não alterando o patrimônio líquido. Os fatos contábeis modificativos são aqueles que alteram a composição do patrimônio da empresa. Quando o aumentam, são chamados de fatos modificativos aumentativos, e quando o diminuem, são chamados de fatos modificativos diminutivos. Os fatos contábeis modificativos aumentativos envolvem uma conta patrimonial e uma conta de resultado, neste caso, fatos que envolvam contas de receita (vendas, alugueis, rendimentos financeiros), que aumentarão o saldo das contas representativas de lucros do patrimônio líquido. Os fatos contábeis modificativos diminutivos envolvem uma conta patrimonial e uma de resultado, neste caso, fatos que envolvam contas de despesa (com vendas administrativas, financeiras), que diminuirão o saldo das contas representativas de lucros do patrimônio líquido. Como exemplo de fato modificativo aumentativo, podemos citar a contabilização do rendimento financeiro de uma conta de aplicação, e, como exemplo de fato modificativo diminutivo, despesas bancárias pagas para a manutenção da conta corrente. Existem situações na empresa chamadas de fatos contábeis mistos, quando acontecem fatos permutativos e modificativos ao mesmo tempo, sendo uma troca de elementos patrimoniais com lucro ou prejuízo. Como exemplo de fato misto, podemos citar o recebimento de uma duplicata com juros que envolve a conta caixa ou bancos, quando são recebidos direitos anteriormente registrados na conta de clientes. Contudo, os juros advindos deste recebimento são contabilizados em conta de receita financeira. Os fatos contábeis mistos também podem ser aumentativos ou diminutivos: • São aumentativos quando envolvem duas ou mais contas patrimoniais e uma ou mais contas para receita, como uma venda com lucro, por exemplo, ou recebimento de duplicata em atraso com juros. • São diminutivos quando envolvem duas ou mais contas patrimoniais e uma ou mais conta de despesa; quando se tem caracterizado um prejuízo advindo do lançamento de uma despesa ou perda. Como exemplo, podemos citar o pagamento de uma duplicata em atraso com juros, ou baixa de estoque devido à perda advinda da perecibilidade dos produtos. 16 Quadro 6 – Fatos administrativos: método das partidas dobradas Débito envolvendo contas de: Crédito envolvendo contas de: Fato contábil Ativo Ativo Permutativo Passivo Passivo Ativo Passivo Passivo Ativo Patrimônio líquido Patrimônio Líquido Ativo Patrimônio Líquido/Receita Modificativo aumentativo Passivo Patrimônio Líquido /Receita Patrimônio líquido/despesa Ativo Modificativo diminutivo Patrimônio líquido/despesa Passivo Ativo Passivo/Patrimônio líquido/Receita Misto aumentativo Ativo e passivo Ativo/Receita Patrimônio líquido Patrimônio líquido/Passivo Misto diminutivo Ativo/Patrimônio líquido/Despesa Ativo Fonte: Oliveira, 2018. Para finalizarmos este assunto, não podemos confundir fatos contábeis eatos administrativos. Um ato administrativo não produz de imediato qualquer alteração no patrimônio e não deve ser registrado na contabilidade. Se contabilizados, podemos afirmar que são operações extrapatrimoniais, classificadas em contas de compensação. Ou seja, quando promovemos determinado colaborador, trata-se de um ato administrativo; quando pagarmos o salário desse colaborador, estamos executando um fato contábil, advindo da alteração do patrimônio, referente à despesa de salários do colaborador. TEMA 4 – REGIME DE COMPETÊNCIA CAIXA E MISTO Regimes contábeis podem ser entendidos como o método de registro dos lançamentos contábeis, sendo classificados em regime de competência ou regime de caixa. O regime de competência é realizado no período de 17 competência da receita ou despesa realizada, ou seja, caso uma empresa tenha uma despesa no mês de junho para pagar apenas em outubro, o registro contábil será efetuado em junho, visto que a ocorrência de tal despesa ocorreu neste mês; dessa forma, esse é o mês de competência da despesa. O regime da competência consiste no fato de que, independentemente da data de recebimento ou pagamento de valores monetários envolvidos nas operações das empresas, elas são registradas na data exata da transação efetuada, não importando para a contabilidade quando os atos serão pagos ou recebidos, mas sim quando foram realizados. O regime de caixa considera o registro dos documentos na data em que foram pagos ou recebidos, como se fossem uma gaveta onde fica guardado todo o dinheiro da empresa. Caso entre algum valor, registra-se como entrada; caso saia, registra-se como saída de caixa. O regime da competência nos traz o entendimento de que as receitas e despesas devem estar registradas nas demonstrações contábeis no momento de sua ocorrência, o que está alinhado ao princípio contábil da competência. De acordo esse princípio, as receitas e despesas devem ser inseridas nos lançamentos no momento de seu acontecimento, independentemente do momento de pagamento (despesas) ou recebimento (receita). Como exemplo da aplicação dos regimes, pensemos na seguinte situação: recebendo um salário de R$ 2.000,00, paga-se a fatura do cartão de crédito no valor de R$ 1.500,00. Considerando que esta fatura contempla compras de diversos meses, mas seu vencimento é dia 10 de outubro, o pagamento pode ser considerado regime de caixa, e, caso contabilize pela data de ocorrência dos fatos, seria o regime de competência. Tal situação é vivenciada somente por pessoas físicas. Empresas, no entanto, devem contabilizar a fatura de cartão de crédito considerando os documentos que deram origem aos lançamentos, e não a fatura em si. Contabilizar por meio do regime de competência é uma forma de controle, visto que o orçamento empresarial estabelece o valor a ser gasto em cada modalidade de despesa, e esta despesa não necessariamente será paga num mesmo momento, assim como o pagamento das despesas. Por meio do regime de competência, as empresas têm condições de apurar o seu real resultado operacional, visto que as receitas e as despesas são registradas de acordo com o período de sua ocorrência. 18 TEMA 5 – PRIMAZIA DA ESSÊNCIA SOBRE A FORMA Valorizar a essência de tudo é algo em voga desde sempre, e em contabilidade não poderia ser diferente. Entende-se por primazia da essência sobre a forma a correta classificação ou inserção de dados quaisquer na contabilidade, de forma que a essência será valorizada, em detrimento aos aspectos legais. Isso não significa que a legislação não será observada, contudo, ao nos depararmos com documentos como contratos, notas fiscais e duplicatas, devemos considerar valores e transações reais mais próximos da realidade, de forma a demonstrar a realidade econômica das empresas, com o objetivo de facilitar sua gestão, e não apenas cumprir com requisitos legais. No cenário brasileiro, essa primazia é algo relativamente novo, tendo em vista que requer senso de julgamento mais crítico, mas é uma realidade bastante arraigada na cultura dos contadores atuantes nos Estados Unidos e países da Europa. A essência sobre a forma pode ser entendida como a essência econômica sobre a forma jurídica, pregando que aquela prevalece sobre esta. Como exemplo dessa primazia, podemos citar o caso da depreciação. No Brasil, por muitos anos contabilizamos a depreciação com base na legislação do imposto de renda, no respectivo RIR – Regulamento do Imposto de Renda (1999), segundo o qual veículos têm vida útil determinada de cinco anos, com taxa de depreciação de 20% ao ano. Se analisarmos a depreciação de veículos sob o prisma da primazia da essência sobre a forma, podemos depreciar o veículo em um período diferente do estabelecido na legislação, visto que ele pode durar muito mais que cinco anos, a depender de sua manutenção. Assim, estou fazendo com que a essência econômica do veículo prevaleça sobre a forma jurídica, contida no RIR (1999). Podemos afirmar que a prática contábil se encaixa mais nos padrões da primazia da essência sobre a forma quando normas são elaboradas pelos próprios contadores, não existindo interferência significativa do Estado. Nesse sentido, o profissional contábil tem mais condições de fornecer informações reais nas demonstrações contábeis, de forma a facilitar e agilizar o processo decisório ou consultivo dos usuários desta informação. 19 TROCANDO IDEIAS A estrutura jurídica dos países é determinada por regimes legais, pois o sistema legal faz parte dessa estrutura. Temos dois sistemas legais ao redor do mundo: Code Law e Common Law. O sistema Code Law é baseado no direito romano, sendo um regime conhecido por sua visão legalista, na qual tudo deve ser previsto em lei. Common Law é um sistema de origem inglesa e tem como predominância um direito baseado em usos e costumes, ou seja, é um direito consuetudinário, que não passa por um processo de criação de leis, e sim soluções específicas para cada caso ou situação (Niyhama, 2006). O regime Code Law foi estabelecido durante o apogeu do Império Romano e deu origem a um sistema jurídico muito complexo, individualista e com alta formalidade. Tal regime é adotado em países como Japão, França e Alemanha, onde as regras são bastante detalhadas, para que sejam aplicadas. O regime Common Law é um sistema ou família do direito que se desenvolveu por meio de decisões de tribunais, e não mediante atos legislativos ou executivos. Países como Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia estão inseridos no sistema Common Law. Com base nisso, sabemos que na contabilidade existem regras, normas e princípios, e que os sistemas legais norteiam sua aplicação. No sistema Code Law, as normas contábeis tendem a ser editadas pelo governo, e a profissão contábil se torna mais executora e menos atuante. Diferentemente, no sistema Common Law, uma vez que a profissão contábil é autorregulamentada, torna-se responsável pela edição de normas contábeis e outros elementos pertinentes à profissão. Acesse o Ambiente Virtual da Aprendizagem (AVA) e utilize o fórum para discutir com seus colegas acerca dos regimes adotados pelos países do mundo. Aproveite e responda às seguintes perguntas: qual tipo de regime é adotado no Brasil? Qual regime influencia na adoção da primazia da essência sobre a forma? Na profissão contábil, quais as vantagens de um regime com grande interferência do Estado na legislação contábil? 20 NA PRÁTICA A empresa Pensamento Ltda., estabelecida na cidade de Toledo – PR, foi constituída no dia 2 de janeiro de 2017. No mês de janeiro de 2017, incorreu nas seguintes situações: a) Integralização do capital social no valor de R$ 100.000,00 no dia 02/01/2017, em espécie. b) No dia 03/01/2017, adquiriu a prazo mercadorias (Nota fiscal 0123 – FornecedorPois é S/A) no valor de R$ 75.000,00, sem considerarmos impostos. c) No dia 04/01/2017, vendeu 50% das mercadorias adquiridas à vista, pelo valor de R$ 50.000,00 (NF 0415 – Cliente: Roda Roda Ltda.). d) No dia 05/01/2017, pagou despesa de aluguel referente ao mês de janeiro/2017, no valor de R$ 2.000,00. e) No dia 30/01/2017, fez provisão da despesa de energia elétrica referente ao mês de janeiro, no valor de R$ 200,00, com vencimento em 15/02/2017. 1. Tendo por base os quatro passos para definição acerca dos lançamentos de débito ou crédito, faça os lançamentos das situações abordadas. 2. Classifique em cada lançamento se ele se caracteriza como ato ou fato contábil, e, caso seja fato, se permutativo, modificativo aumentativo, modificativo diminutivo, misto diminutivo e misto aumentativo. 3. Apure o resultado da empresa Sentimento Ltda., com base no regime de competência e regime de caixa, e, ao final, aponte o valor do PL diante do regime de caixa e o PL diante do regime de competência. 21 Solução 1. Solução A: Local e data Toledo - PR. 02/01/2017 Conta debitada Caixa (ativo) Conta creditada Capital social (ativo) Histórico VR. Integralização de capital social referente à constituição da empresa nesta data Valor R$ 100.000,00 Situação B: Local e data Toledo - PR. 03/01/2017 Conta creditada Fornecedores – Pois é S/A (passivo) Histórico VR. Aquisição de mercadorias por meio da NF 0123, Fornecedores: Pois é S/A Valor R$ 75.000,00 Situação C: Local e data Toledo – PR, 04/01/2017 Conta debitada Caixa (ativo) Conta creditada Receita de vendas (resultado) Histórico REC. Venda de mercadorias – NF 0415 – Cliente: Roda Roda Ltda. Valor R$ 50.000,00 Local e data Toledo – PR, 04/01/2017 Conta debitada Custo de mercadorias vendidas (resultado) Conta creditada Estoques (ativo) Histórico Vr. Baixa do estoque referente à venda de mercadorias – NF 0415 – Cliente: Roda Roda Ltda. Valor R$ 37.500,00 Situação D: Local e data Toledo – PR, 05/01/2017 Conta debitada Despesas com aluguel (resultado) Conta creditada Caixa (ativo) 22 Histórico VR. Despesas de aluguel ref. Mês 04/2015 – vencimento: 10/05/2018 Valor R$ 2.000,00 Situação E: Local e data Toledo – PR, 30/01/2017 Conta debitada Despesas com energia (resultado) Conta creditada Contas a pagar – energia (passivo) Histórico VR. Despesas de energia ref. mês 01/2017 – vencimento: 17/02/2018 Valor R$ 200,00 2. Situação A – fato contábil – modificativo aumentativo, tendo em vista que aumentou ativo e aumentou PL. Situação B – fato contábil – permutativo, tendo em vista que aumentou ativo e passivo, sem interferir no valor do PL. Situação C – fato contábil – misto aumentativo, misto diminuitivo, tendo em vista que no ato da venda aumentou ativo (caixa) e aumentou PL (receita de vendas). No segundo momento, diminuiu o PL (ICMS sobre vendas) e aumentou o PL (ICMS a pagar), e, ao final, diminuiu o PL (custo sobre vendas de mercadorias) e reduziu o ativo (estoques). Situação D – fato contábil – modificativo diminuitivo, tendo em vista que diminuiu ativo e diminuiu PL. Situação E – fato contábil – modificativo diminuitivo, tendo em vista que aumentou passivo e diminuiu PL. 3. Apuração regime de caixa: Situação Data Entrada/saída no caixa Saldo atualizado do caixa A 02/01/2017 R$ 100.000,00 R$ 100.000,00 B 03/01/2017 0,00 R$ 100.000,00 C 04/01/2017 R$ 50.000,00 R$ 150.000,00 D 05/01/2017 R$ 2.000,00 R$ 148.000,00 E 30/01/2017 0,00 R$ 148.000,00 Apuração regime de competência: DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Receita de vendas 50.000,00 23 (-) ICMS sobre vendas 0,00 (=) Receita bruta 50.000,00 (-) Custo sobre mercadorias vendidas 37.500,00 (=) Lucro bruto 12.500,00 (-) Despesas 2.200,00 Aluguel 2.000,00 Energia elétrica 200,00 (=) Lucro líquido 10.300,00 ATIVO Saldo anterior Débito Crédito Saldo atual Circulante 0,00 225.000,00 39.500,00 185.500,00 Estoque - 75.000,00 37.500,00 37.500,00 TOTAL DO ATIVO 0.000,00 225.000,00 39.500,00 185.500,00 PASSIVO Contas a pagar – energia 0,00 0,00 200,00 200,00 Fornecedores 0,00 0,00 75.000,00 75.000,00 Não circulante 0,00 0,00 0,00 0,00 Patrimônio líquido 0,00 0,00 100.000,00 110.300,00 Capital social 0,00 0,00 100.000,00 100.000,00 Lucro do período 0,00 0,00 10.300,00 10.300,00 TOTAL DO PASSIVO 0,00 0,00 186500,00 185.500,00 24 FINALIZANDO Nesta aula, vimos que o método das partidas é uma técnica de escrituração que consiste no entendimento de que os lançamentos de valores nas contas a débito devem ser sempre iguais ao total dos valores lançados nas contas de crédito, sendo considerado o método mais adequado para registro das operações que envolvem o patrimônio das organizações. Regime contábil pode ser entendido como o método de registro dos lançamentos contábeis, sendo classificado em regime de competência e regime de caixa. O regime de competência é realizado no período de competência da receita ou despesa realizada, ou seja, caso uma empresa tenha feito uma despesa no mês de junho para pagar apenas em outubro, o registro contábil será efetuado em junho, sendo esse o mês de competência da despesa. A primazia essência sobre a forma tende a ser menos executada em países cujo regime legal é o Code Law, estabelecido durante o apogeu do Império Romano e que deu origem a um sistema jurídico muito complexo, individualista e com alta formalidade. Nos países com regime Common Law, a situação é diferente, visto que tal sistema se desenvolveu por meio de decisões de tribunais, em que as normas não estão escritas, e sim sancionadas por costumes ou jurisprudência. Nestes países, a prática contábil se torna mais de acordo com a primazia da essência sobre a forma, pois as normas são elaboradas pelos próprios contadores, sem grande interferência do Estado, tendo melhores condições de gerar informações próximas da realidade. 25 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. Contabilidade intermediária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. FEA/USP. Contabilidade Introdutória. 10.ed. São Paulo: Atlas, 2006. FRANCO, H. Contabilidade geral. 23. ed. São Paulo: Atlas, 1996. GASPARINI, C. O novo perfil de uma das profissões das profissões mais estáveis do Brasil. Exame, 2017. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/carreira/o-novo-perfil-de-uma-das-profissoes-mais- estaveis-do-brasil/>. Acesso em: 18 jul. 2019. IUDÍCIBUS, S de; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MARION, J. C. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. ______. Contabilidade empresarial. 15. ed. São Paulo: Atlas. 2009. NIYAMA, J. K. Contabilidade internacional. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2006. CONTABILIDADE DAS ORGANIZAÇÕES AULA 3 Prof. André Júnior de Oliveira CONVERSA INICIAL Nesta aula, falaremos sobre o plano de contas, um assunto muito importante, afinal, para tudo o que queiramos fazer, tanto no plano pessoal como profissional, precisamos de planejamento. Na contabilidade não é diferente, e é aí que entra o papel do plano de contas, uma ferramenta que contém códigos e classificações usados para o registro das entradas e saídas financeiras de uma empresa. Esses códigos, chamados de contas, são categorizados em grupos, servindo de base para estruturar os relatórios contábeis das organizações, como o seu balanço patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). CONTEXTUALIZANDO O primeiro passo para a contabilização das empresas é a configuração do plano de contas, pois a gestão precisa estabelecer quais contas farão parte do sistemade contabilidade. Por meio das contas elencadas no plano de contas, as empresas têm condições de saber de onde vem (receitas, origens de recursos) e para onde vai o seu dinheiro (despesas, aplicação de recursos). Para tanto, a estrutura do plano de contas precisa ser atual e conveniente, de acordo com a realidade das operações da organização. O plano de contas dá direcionamento aos trabalhos contábeis executados nas empresas, servindo de modelo para a confecção das demonstrações financeiras. Ele organiza as finanças da entidade e segrega as despesas, receitas, ativos e passivos, com a finalidade de proporcionar aos usuários destas informações uma maior e melhor compreensão da saúde financeira da empresa. O plano de contas é flexível, uma vez que pode ser adaptado a qualquer hora, a fim de atender às necessidades da organização. Isso significa que as contas podem ser adicionadas contas de acordo com as exigências, contudo, as contas que um dia foram criadas podem mudar de nomenclatura, mas não podem ser excluídas, visto que já possuem registros anteriores. TEMA 1 – PLANO DE CONTAS: OBJETIVO E AGRUPAMENTOS O plano de contas pode ser definido como o conjunto de contas, previamente estabelecido, com a finalidade de nortear os trabalhos contábeis de registro dos fatos e atos inerentes à entidade, servindo de parâmetro para a elaboração das demonstrações contábeis. É importante salientar que a montagem do plano de contas deve ser feita de forma personalizada, de acordo com a necessidade e realidade de cada empresa, uma vez que os usuários das informações podem precisar de detalhamentos específicos. Se o modelo de plano de contas for geral, ele não pode atender às necessidades dos usuários. O plano de contas busca, então, estabelecer normas de conduta para o registro de operações da organização, e, na sua montagem, ele deve: • atender às necessidades de informação da administração da empresa; • ser elaborado de acordo com formato compatível com as normas legais de elaboração do balanço patrimonial e demais demonstrações contábeis, especificamente aos princípios de contabilidade; • adaptar-se tanto quanto possível às exigências dos agentes externos, principalmente às da legislação do imposto de renda. O plano de contas pode ser entendido como um elenco de contas, ou conjunto de normas, no qual devem fazer parte as descrições de funcionamento de cada conta, ou seja, deve estar sempre acompanhado de um manual, com comentários e indicações acerca da aplicação e do uso de cada uma das contas. O plano de contas deve estar estruturado de acordo com o conceito legal da Lei 6.404/1976 (artigos 176-182 e 187), sendo composto da seguinte forma no tocante ao balanço patrimonial: Ativo Passivo Circulante Circulante Não circulante Não circulante Realizável a longo prazo Patrimônio líquido Investimentos Imobilizado Intangível Conforme mencionado anteriormente, cada conta é um elemento, e o patrimônio é composto por estes elementos. Cada inclusão ou alteração é feita por meio das contas e tem por objetivo registrar as movimentações patrimoniais. Dessa forma, é possível expor bens, direitos, obrigações, fazer o lançamento das receitas e das despesas, de forma que os resultados sejam apurados mediante o confronto destas, decorrentes das atividades da empresa. Ao estruturar um plano de contas, deve ser observado que: a) as necessidades das empresas são diferentes, então, um plano de contas elaborado para a empresa A pode não ser útil para a empresa B; b) o ponto inicial para a elaboração do plano de contas é a movimentação da empresa, assim, o papel do contador é de monitorar e ser uma peça consultiva; c) a classificação deve partir do geral para o específico, dessa forma, existirá um grupo de contas, um subgrupo, e, neste subgrupo, as contas que são passiveis de lançamentos; d) a nomenclatura de cada conta deve ser de rápida identificação para os usuários deste plano de conta e para os que forem utilizar essa informação contábil. O plano de contas pode ser entendido também como o agrupamento ordenado de todas as contas utilizadas pela contabilidade dentro das empresas, isto é, as contas de ativo, passivo, receita e despesas. Para classificar os ativos e passivos em um plano de contas contábil, é preciso saber quais são os códigos referentes à classe deles. O plano de contas é dividido em grupos, subgrupos e contas, conforme o exemplo a seguir: • 1º dígito – classe (1 – ativo); • 2º dígito – grupo (1.1 – ativo circulante); • 3º dígito – subgrupo (1.1.1 – disponível); • 4º dígito – conta (1.1.1.01 – caixas e equivalentes de caixa); • 5º dígito – subconta (1.1.1.01.001 – caixa). No geral, as contas são classificadas da seguinte forma: o classificador 1 para o grupo do ativo; 2 para o grupo do passivo; 3 para as despesas e custos; 4 para as receitas; e 5 para as contas de compensação. Veja a seguir algumas classificações presentes nos planos de contas: 1. Ativo: • circulante; • disponível; • aplicações financeiras. 2. Passivo: • circulante; • não circulante; • patrimônio líquido. 3. Despesas: • custos diretos de produção; • despesas operacionais; • outras despesas. 4. Receitas: • receita bruta de vendas e serviços; • dedução de receita bruta de vendas e serviços; • receita operacional; • receita de participações societárias; • outras receitas. 5. Contas de compensação TEMA 2 – RAZONETES Razonete é uma versão simplificada ou até mesmo uma forma didática do livro Razão, fundamental ao processo de escrituração contábil, sendo exigido pela legislação brasileira para empresas enquadradas no regime tributário lucro real. O razonete também pode ser chamado de gráfico ou conta em T, sendo bastante utilizado pelos contadores, pois é por meio dele que são feitos os registros de forma individual por conta. O razonete foi criado com a finalidade de ajudar no entendimento da mecânica dos lançamentos contábeis. O controle individualizado das contas é importante para se conhecer os saldos, de forma a possibilitar a apuração dos resultados e a elaboração de demonstrações contábeis, como o balancete de verificação do razão e do balanço patrimonial. Figura 1 – Razonete Fonte: Oliveira, 2019. Para creditarmos ou debitarmos, devemos saber de que tipo de venda ou compra se trata. Em uma compra a prazo de mercadorias, no valor de R$ 10.000,00, com 12% de ICMS, por exemplo, teremos os seguintes razonetes: ICMS a recuperar R$ 1.200,00 Fornecedores R$ 10.000,00 Estoques R$ 8.800,00 Conforme podemos observar nos lançamentos efetuados, para cada conta do balanço patrimonial utiliza-se um razonete e, nele, realiza-se a movimentação. De um lado, registram-se os aumentos e de outros as diminuições. Como saber em que lado colocar o acréscimo ou decréscimo? Tudo dependerá da natureza da conta, se esta pertence ao grupo do ativo, passivo, receita, despesa ou patrimônio líquido. Por exemplo, se a conta a ser utilizada for de ativo, os aumentos serão registrados no lado esquerdo do razonete e as diminuições do lado direito. Contudo, se a conta for de passivo ou PL, os lados serão invertidos: os aumentos serão registrados no lado direito do razonete e as diminuições no lado esquerdo. A importância dos razonetes na atualidade é didática, sendo amplamente utilizados para o auxílio na compreensão de como as operações de uma empresa são processadas pela contabilidade. Na realidade prática, a fonte dos dados para a obtenção do balancete, do balanço patrimonial ou DRE – Demonstração do Resultado do Exercício é o livro diário. TEMA 3 – LANÇAMENTOS DE ABERTURA DE EMPRESA (INTEGRALIZAÇÃO DE CAPITAL) A constituição de uma empresa se dá com a abertura de atos constitutivos junto à Junta Comercial, sendo esta a responsável pelo
Compartilhar