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Primeira República Apesar de a monarquia brasileira ter experimentado momentos de equilíbrio e solides, devido à conciliação entre os liberais e conservadores. Ao fim do segundo reinado, Dom Pedro II enfrentou um período de tensões causando a queda da monarquia. A escravidão era um dos pontos mais discutidos, visto que muitos defendiam a abolição. Cafeicultores apoiavam a adoção de mão de obra assalariada, enquanto fazendeiros das oligarquias nordestinas, sulistas e do Vale do Paraíba eram contra o fim da escravidão. A igreja também passou a compor a fila daqueles que se opunham ao poder imperial, visto que a igreja era subordinada ao Estado. O império tinha o poder de nomear padres, bispos e cardeais. Com a vitória na Guerra do Paraguai os representantes militares começaram a ganhar relevância política. As instituições militares dessa época também foram influenciadas pelo pensamento positivista, que defendia a ordem como caminho para o progresso. Os militares passaram a se opor a Dom Pedro II. Foi realizado o golpe de Estado pelos republicanos contra a monarquia. Em 1889, Marechal Deodoro da Fonseca mobilizou suas tropas e exigiu deposição do imperador. A república foi proclamada e Deodoro assumiu a presidência e consolidou o golpe republicano. A Primeira república foi dividida em dois períodos: → República da Espada: durou de 1889 a 1894, período marcado pelos governos militares de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. → República oligárquica: durou de 1894 a 1930, foi um período marcado pelas oligarquias rurais cafeicultoras, coronelismo, política do café com leite e práticas de manipulação do processo eleitoral. Governo provisório (1889-1891) Após a proclamação da república foi definido um governo provisório, dirigido por Deodoro da Fonseca, teve participação de positivistas, jacobinos e liberais. Deodoro promoveu medidas autoritárias, visando abafar o golpe. Em 1890 foi criado uma comissão militar a fim de julgar crimes de conspiração contra a República, além de ser responsável por controlar as produções da imprensa. Algumas medidas do governo provisório foram: → Fim da pena de morte (exceto em estado de guerra) → Separação de Estado e Igreja → Fim do padroado → Instituição do casamento civil → Instituição do registro civil → Criação do Código Criminal da República Para atingir um ideal de modernidade e progresso que era almejado pelo governo, foi implementado pelo ministro das finanças Rui Barbosa, uma política de emissão de papel-moeda e facilitação de crédito para ampliar a abertura de empresas. Entretanto, o projeto acabou fracassando, tendo como consequência um grande processo inflacionário no Brasil, causando a desvalorização da moeda, a crise ficou conhecida como Encilhamento. Após a promulgação da Constituição, Deodoro foi eleito presidente do Brasil através de eleições indiretas, entretanto, sua postura autoritária levou ao confronto político com o Congresso. Em 1891 ele fechou o Congresso Nacional. Com o intuito de evitar uma guerra civil, Deodoro renunciou ao cargo. O vice-presidente marechal Floriano Peixoto, assumiu seu lugar e não convocou eleições como previa a Constituição, passou a ser acusado de ocupar o cargo ilegalmente sofrendo oposição liderado pela Marinha. Esses movimentos passaram a ser conhecidos como Revolta da Armada, com bombardeios no litoral do Rio de Janeiro. Além da Marinha, havia apoio popular, com maiorias jovens. O grupo dos jacobinos foi o que apoiou a permanência de Floriano Peixoto no poder, com ideal republicano radical. Em 1894 a revolta da Armada foi sufocada, tornando Floriano um homem de poder, conhecido como “Marechal de Ferro”. Governou até novembro de 1894, quando passou o cargo para Prudente de Morais, que se tornou o primeiro presidente civil do Brasil eleito. República Oligárquica (1894-1930) Seu primeiro presidente foi Prudente de Morais, governou de 1894 até 1898, marcando o início da hegemonia dos cafeicultores e o início da república oligárquica. O chamado “governo de poucos” estava ligado a consolidação do café como principal produto ligado a economia brasileira desde a segunda metade do século XIX. A partir de 1894 os cafeicultores passaram a dominar o cenário político do Brasil. O controle só foi possível devido a Constituição de 1891, que pautou o Federalismo como forma de governo e assegurou a economia dos Estados brasileiros. Durante o fim da República das Espadas surgiram uma série de partidos políticos republicanos, porém, quem tornou a frente no processo foi o Partido Republicano Paulista (PRP) e Partido Republicano Mineiro (PRM). No governo de Campos Sales (1898-1902), a politica dos governadores foi elaborada. Com ela, o presidente apoiava os governos estaduais e seus filiados, as oligarquias, e em troca, os governadores garantiam a eleição. Portanto, em cada Estado existia uma elite dominante, aliada ao governo federal. Existia também a oligarquia que dominava o poder federal, representada pelos políticos mineiros e paulistas, formando uma aliança entre São Paulo e Minas Gerais, estados mais poderosos, essa união ficou conhecida como “Política do café com leite”. Era um troca de favores entre governadores e presidentes. O presidente apoiava os candidatos dos partidos governistas nos estados, enquanto esses políticos davam suporte à candidatura presidencial. Comissão de verificação Durante a Primeira Republica não existia justiça eleitoral, a aceitação do resultado era realizada através do poder legislativo, por meio da Comissão de Verificação. Essa comissão era formada por deputados, e oficializava os resultados eleitorais. O presidente podia legalizar qualquer resultado que conviesse, mesmo no caso de fraudes. Havia, além disso, a degola. Com essa prática, a corrupção foi alicerçada com a criação da Comissão de Verificação de Poderes. A comissão impedia que muitos casos assumissem o cargo, pelo fato de não terem sido indicados pelos latifundiários e, por isso ocorria a degola, ou seja, eram impedidos de tomarem posse. Coronelismo O termo era usado para designar os fazendeiros mais ricos de uma determinada região. Com o proclamação da República, os fazendeiros passaram a utilizar seu poder econômico para garantir a eleição dos candidatos que apoiava. Era usado o Voto a Cabresto, em que o coronel utilizava da violência para obrigar os eleitores do seu “curral eleitoral” votar em determinado candidato. Como o voto era aberto, os eleitores eram pressionados e fiscalizados. O coronel também fazia uso de outros recursos como: compra de votos, votos fantasmas, troca de favores, fraudes eleitorais e violência. Industrialização e ideal de modernização Durante o período, apesar do agroexportador, o Brasil também investiu em industrias. A iniciativa contou com o investimento dos grandes cafeicultores e dos comissários do café, responsáveis por fazer o intermédio entre produtores e exportadores. A liberação dos créditos de Rui Barbosa, da crise do encilhamento, tinha a intenção de expandir as indústrias no país. A expansão ocorreu nos anos da Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918. A indústria têxtil passou a liderar no ramo, e acabou tento maior concentração na região sudeste, destacando São Paulo e Rio de Janeiro. A imigração também foi necessária para o aumento da mão de obra. Com o investimento na produção e comercialização do café, fez-se necessário a criação de ferrovias para facilitar o transporte. Além disso, houve o papel da extração do látex na Amazônia, conhecido como “Ciclo da Borracha”, com seu auge em 1910. Cidades como Manaus e Belém foram marcadas por intenso desenvolvimento urbano, ficando conhecido como Belle Époque Amazônica, com o desenvolvimento da região, inúmeros brasileiros migraram para a região onde hoje é o Acre. O Acre foi anexado ao Brasilem 1903, com o Tratado de Petrópolis. Movimentos sociais da primeira república A proclamação da república não alterou as estruturas socioeconômicas do país. A desigualdade social permaneceu, assim como o exercício da cidadania continuou muito restrito, mesmo após a nova Constituição. As promessas de mudança não foram cumpridas, além da falta de progresso, os mestiços, pobres e negros continuavam sendo marginalizados. Essa conjuntura violente e a máscara do progresso motivou a emergência de uma série de movimentos no campo e na cidade. Canudos (1896-1897) Confronto entre exército Brasileiro e integrantes do movimento religioso, liderado por Antônio Conselheiro. Antônio Conselheiro tornou-se conhecido no nordeste do Brasil como um profeta que possuía dons “messiânicos”, traria as promessas de um tempo novo, de uma nova era para uma região assolada pela miséria. Durante um período de secas na região, terras inférteis, fome e marginalização, uma multidão começou a seguir um novo líder. Canudos se tornou uma organização político-religiosa, paralela à República e Igreja, sendo a maior de todas formada por negros e mestiços. O conflito foi motivado pelo incômodo do Governo Republicano e latifundiários, que não concordavam que os habitantes de Canudos não pagassem impostos. Além disso, havia um movimento de embranquecimento da população, logo um movimento de resistência formado por negros e mestiços, que crescia demograficamente e com tendência republicana não se enquadrava no Brasil moderno. O movimento foi combatido pelas tropas oficiais, que foram derrotados em três batalhas. Contestado (1912-1916) Ocorreu na fronteira de Paraná e Santa Catarina, a população pobre não possuía terras e escassez de alimento. Nessa região, importante extração de matéria e rica em erva-mate. A construção de ferrovias que ligavam o Rio Grande do Sul e São Paulo foi um dos motivos da revolta. Nessa conjuntura de desemprego, falta de terra e injustiças sociais, o surgimento de líderes messiânicos, monges e profetas acabou construindo na região focos de resistência e de questionamento ao autoritarismo republicano. Com isso, policiais e soldados do exército foram enviados para local, com o objetivo de desarticular o movimento. Revolta da vacina (1904) Ocorreu no Rio de Janeiro, durante a gestão do prefeito Pereira Passos, foi um movimento de conho popular e espontâneo que se opôs a obrigatoriedade da vacina imposta pelo poder pública. A insatisfação estava ligada a autoritarismo do projeto, além das demais medidas tomadas pelo prefeito relacionadas às reformas urbanas, movimentos higienistas que marginalizavam a população pobre, a demolição dos cortiços. A campanha de vacinação liderada pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz, foi o estopim de uma revolta que estava associada ao sentimento de exclusão compartilhado pela população negra, mestiça e pobre. A população percebia os constantes ataques do governo ao povo e tendência elitista. Com a chegada dos agentes de saúde de forma violenta nas residências mais pobres e com a vacinação forçada, muitas pessoas foram às ruas, causando revolta no Rio de Janeiro Cangaço Movimento marcado pela adesão de pessoas pobres e marginalizadas a grupos armados que circulavam a região do sertão nordestino. Esses grupos ficaram conhecidos pelo banditismo social, visto que os cangaceiros enfrentavam os coronéis e latifundiários ou realizavam assaltos para ajudar pessoas oprimidas pela seca. Concentrados no Nordeste, os cangaceiros vagavam pelo sertão e detinham amplo conhecimento geográfico da região, facilitando as fugas, domínio da área e organização dos ataques. Alguns famosos desse movimento eram conhecidos como Lampião e sua esposa Maria Bonita. O cangaço foi enfraquecendo em 1940, com as mudanças sociais e trabalhistas proporcionadas pelo Estado Novo, a imigração fez com que o cangaço perdesse ainda mais adeptos. Revolta da Chibata (1910) Ocorrida no Rio de Janeiro, foi realizada por membros de baixa patente Marinha, sobretudo negros e mestiços. A motivação foi a luta contra castigos físicos, baixos salários e condições de trabalho precárias. O levante, ocorrido em Minas Gerais, foi liderado por João Cândido Felisberto, conhecido como “Almirante Negro”. Terminou com a morte do comandante do navio e dois oficiais. Os revoltosos solicitaram fim de castigos físicos em uma carta ao governo e a anistia dos envolvidos na revolta, o presidente Marechal Hermes aceito os pedidos encerando a revolta. Greve Geral de 1917 A paralisação geral do comércio e indústria do Brasil ocorreu em São Paulo, foi resultado de insatisfações operárias. Foi uma das paralisações mais longas no país. Foi motivado por outras paralisações e greves mundiais, no caso brasileiro ocorreu devido a intensificações de horários de trabalho, subida repentina de preções e estagnação do salário.
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