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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE MONOGRAFIA IMPACTO DAS MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA NOS SERVIÇOS RADIOLÓGICOS DO HOSPITAL REGIONAL DO LOBITO ESTUDANTE: JACIARA PETHIA GOMES LUÍS CURSO: RADIOLOGIA E IMAGIOLOGIA ORIENTADOR: Dr. DIAMANTINO AMÉRICO BENGUELA, 2022 DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE MONOGRAFIA Para a obtenção do grau de licenciatura em Radiologia e Imagiologia IMPACTO DAS MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA NOS SERVIÇOS RADIOLÓGICOS DO HOSPITAL REGIONAL DO LOBITO JACIARA PETHIA GOMES LUÍS Este trabalho de fim de curso, foi realizada no ISP Jean Piaget de Benguela e no Hospital Regional do Lobito entre Junho de 2022 a Outubro de 2022. FICHA CATALOGRÁFICA Luís, Jaciara Pethia Gomes Impacto das medidas de biossegurança nos serviços radiológicos do Hospital Regional do Lobito, Jaciara Pethia Gomes Luís, ISP Jean Piaget – Benguela, 2022. Total de folhas: 52. Orientador: Dr. Diamantino Américo. Monografia apresentada ao Instituto Superior Politécnico Jean Piaget – Benguela para obtenção do grau de Licenciado em Radiologia e Imagiologia, Benguela, 2022. Palavras-Chave: Biossegurança, EPI, serviços de radiologia. III PENSAMENTO “Que todos comam e bebam e desfrutem dos resultados de todo o seu trabalho árduo. É a dádiva de Deus‖. (Eclesiastes 3:13) IV DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho aos meus pais Rui Luís e a Higina Gomes, se fui capaz de chegar até aqui foi graças a eles s que sempre me motivaram, incentivaram a me dedicar ao estudo. Sempre foram a minha base na vida. Aos meus amados irmãos Lija Gmes, Odilia Gomes, Adriana Gomes, Nuriel Gomes, Alexandra Luís, Evilise Luís, Zerisa Luís, Zeyla Luís. V AGRADECIMENTOS À Deus por me permitir chegar até aqui, pela saúde, capacidade cognitiva para decernir conteúdo dado desde o princípio da formação até hoje! Aos meus pais, Rui Luís e a Higina Gomes por tudo que fizeram e têm feito por mim, agradeço imenso! Aos meus irmãos, Lija Gmes, Odilia Gomes, Adriana Gomes, Nuriel Gomes, Alexandra Luís, Evilise Luís, Zerisa Luís, Zeyla Luís pela força que foram dando ao longo desse percurso! Agradeço as minhas amigas pela força que me deram todas elas, as quais seria exaustivo aqui anunciar, a minha profunda gratidão! Agradeço também ao camarada meu amigo Homero pela enorme ajuda que me deu durante a realização do trabalho a paciência que teve, os conselhos, a força, sugestões bem como a valorização do trabalho desenvolvido e entusiasmo contagiante foram determinantes para o resultado alcançado! Gostaria de agradecer o meu orientador Diamantino Américo que aceitou orientar a minha tese de fim de curso revelando delicadeza, atenção e paciência! VI ÍNDICE ABREVISTURAS/SIGLAS .................................................................................................. VIII RESUMO ................................................................................................................................. IX ABSTRACT .............................................................................................................................. X INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 11 CAPÍTULO I – EQUADRAMENTO TEÓRICO 1.1. Conceitos iniciais ....................................................................................................... 14 1.2. História da biossegurança .......................................................................................... 15 1.3. Importância da biossegurança em radiologia ............................................................. 17 1.4. Equipamento de protecção individual ........................................................................ 18 1.5. Princípios de protecção e segurança radiológica ....................................................... 20 1.5.1. Justificação ............................................................................................................. 21 1.5.2. Optimização da Protecção Radiológica.................................................................. 21 1.5.3. Limitação de Doses Individuais ............................................................................. 21 1.6. Efeitos biológicos das radiações ionizantes ............................................................... 22 1.6.1. Classificação dos efeitos biológicos das radiações ionizantes ............................... 23 1.6 Competências do técnico em radiologia e imagiologia sobre a percepção dos riscos ocupacionais .......................................................................................................................... 24 1.7. A identificação dos riscos provenientes da radiação ................................................. 25 1.7.1. Riscos físicos .......................................................................................................... 26 1.7.2. Riscos ocupacionais ............................................................................................... 26 CAPITULO II- METODOLOGIA 2.1. Métodos teóricos ........................................................................................................ 29 2.2. Métodos empíricos ..................................................................................................... 29 2.3. Variáveis .................................................................................................................... 29 2.4. População e amostra .................................................................................................. 30 2.5. Critérios de inclusão e exclusão ................................................................................. 30 2.6. Aspectos ético – legais ............................................................................................... 30 CAPITULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 40 RECOMENDAÇÕES ............................................................................................................... 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 42 APÊNDICES/ANEXOS VII ÍNDICE DE FIGURAS, TABELAS E GRÁFICOS Figura 1 - Avental de chumbo .................................................................................................. 19 Figura 2 - Protector da tiroide................................................................................................... 19 Figura 3 - Óculos plubíferos ..................................................................................................... 20 Figura 4 - Protector de gónadas ................................................................................................ 20 Tabela 1 - Distribuição dos profissionais de radiologia por faixa etária .................................. 32 Gráfico 1 - Sexo dos profissionais de radiologia do HRL. ....................................................... 32 Gráfico 2 - Tempo de serviço dos profissionais de radiologia do HRL. .................................. 33 Gráfico 3 - Nível académico dos profissionais de radiologia do HRL. .................................... 33 Gráfico 4 - Os efeitos biológicos causados pela radiação ........................................................ 34 Gráfico 5 - Você acredita que o índice de radiação ionizante pelos profissionais desta secção acima referida diminui utilizando: Avental de chumbo, Biombo plumbífero, Dosímetro? ..... 35 Gráfico 6 - No Hospital Regional do Lobito, existe um programa de estudo sobre os riscos daradiação ionizante? ................................................................................................................... 36 Gráfico 7 - Qual é a importância das medidas de biossegurança radiológica no Hospital Regional do Lobito? ................................................................................................................. 37 Gráfico 8 - Tem comprido com os parâmetros de protecção e segurança por vossa parte e dos pacientes ................................................................................................................................... 38 VIII ABREVISTURAS/SIGLAS EPI - Equipamento de Protecção Individual IPEN EPIs - Equipamentos de Protecção Individual MSP - MINISTÉRIO DA SAÚDE, PORTARIA NO 453 Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), RX – Raio Desconhecido; Radiologia TAC – Tomografia Axial Computadorizada ICRP – (International Commission on Radiological Protection) - Comissão Internacional de Protecção Radiológica DNA - ácido desoxirribonucleico GMOs - Microorganismos Geneticamente Modificados CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária HRL – Hospital Regional do Lobito OMS - Organização Mundial da Saúde IOE – Individuo Ocupacionalmente Exposto LAMA - limites de dose anuais máximos admissíveis ALARA - as low as reasonably achievable KV – Kilovolt Sv – Sievert Gy – gray – unidade no sistema internacional de dose absorvida IX RESUMO A evolução tecnológica caminha no sentido de melhorar não somente a qualidade da imagem dos equipamentos de diagnóstico por imagem, mas também a biossegurança dos profissionais e pacientes expostos através de um conjunto de acções e de EPI. Os riscos presentes nas clínicas de radiologia sem biossegurança são silenciosos e podem ocasionar problemas no longo prazo. A exposição contínua sem o uso de EPI tem o poder de alterar o DNA das células humanas. O presente trabalho objectiva avaliar o impacto das medidas de biossegurança nos serviços radiológicos do Hospital Regional do Lobito e como objecticos específicos, caracterizar o perfil sociodemográfico da amostra em estudo; avaliar o nível de conhecimento dos profissionais em radiologia acerca das medidas de biossegurança radiológica no HRL; Identificar as medidas essenciais para garantir biossegurança radiológica no Hospital Regional do Lobito; Identificar o cumprimento dos parâmetros de protecção e segurança dos profissionais e pacientes; descrever os meios de protecção existente nos serviços radiológicos do HRL. Para obtenção dos dados, realizou-se uma pesquisa exploratória de natureza qualitativa. Após os resultados obtidos ao longo do trabalho, o uso dos EPI e a biossegurança devem ser usados todas as vezes em que qualquer pessoa seja ela profissional, paciente ou acompanhante de paciente estiver exposta à radiação, por se tratar de um conjunto de acções que devem ser combinadas para que o uso da radiação ionizante seja segura e continue trazendo benefícios no diagnóstico e tratamento de doenças. Para este estudo participaram 11 Profissionais de Radiologia do Hospital Regional do Lobito. Palavras-chaves: Biossegurança, EPI, serviços de radiologia. X ABSTRACT Technological evolution is moving towards improving not only the image quality of diagnostic imaging equipment, but also the biosafety of professionals and patients exposed through a set of actions and PPE. The risks present in radiology clinics without biosafety are silent and can cause long-term problems. Continuous exposure without the use of PPE has the power to alter the DNA of human cells. The present work aims to evaluate the impact of biosafety measures in the radiological services of the Hospital Regional do Lobito and, as specific objectives, to characterize the sociodemographic profile of the sample under study; to assess the level of knowledge of radiology professionals about radiological biosafety measures in the HRL; Identify the essential measures to ensure radiological biosafety at the Lobito Regional Hospital; Identify compliance with the protection and safety parameters of professionals and patients; describe the existing means of protection in the radiological services of the HRL. To obtain the data, an exploratory research of a qualitative nature was carried out. After the results obtained throughout the work, the use of PPE and biosafety must be used every time that any person, whether professional, patient or patient companion, is exposed to radiation, as it is a set of actions that must be combined so that the use of ionizing radiation is safe and continues to bring benefits in the diagnosis and treatment of diseases. For this study, 11 Radiology Professionals from Hospital Regional do Lobito participated. Keywords: Biosafety, EPI, radiology services. 11 INTRODUÇÃO A evolução tecnológica caminha no sentido de melhorar não somente a qualidade da imagem dos equipamentos de diagnóstico por imagem, mas também a biossegurança dos profissionais e pacientes expostos através de um conjunto de acções e de Equipamentos de Protecção Individual (EPI). Os novos equipamentos são fabricados para realizarem exames com cada vez menos radiação ionizante. Entretanto, os cuidados com a biossegurança e o uso de EPIs por parte dos profissionais não podem ser deixados de lado (IPEN, 2002). Os riscos presentes nas clínicas de radiologia sem biossegurança são silenciosos e podem ocasionar problemas no longo prazo. A exposição contínua sem o uso de EPI tem o poder de alterar o DNA das células humanas. Também existe a possibilidade de causar câncer ou outras complicações, como infertilidade, catarata e eritema. Isso porque, o sistema reprodutor, olhos, tireóide e medula óssea são os órgãos mais sensíveis à radiação (Bushong, 2011). Uso dos EPI e a biossegurança não se aplicam exclusivamente a profissionais de saúde ou a pacientes. Devem ser usados todas as vezes em que qualquer pessoa — seja ela profissional, paciente ou acompanhante de paciente — estiver exposta à radiação, e na condição de que o uso do EPI não interfira na qualidade do exame (Xavier, 2006). Trata-se de um conjunto de acções que devem ser combinadas para que o uso da radiação ionizante seja segura e continue trazendo benefícios no diagnóstico e tratamento de doenças (Xavier, 2006). Com a afirmação de que altas doses de radiação ionizante danificam o tecido humano, Roentgen publicou as primeiras recomendações de protecção radiológica para os trabalhadores (Xavier, 2006). Optou-se por estudar a relação entre o trabalho e a saúde dos técnicos em radiologia, e imagiologia tendo como foco as medidas de biossegurança no departamento de radiologia. O tema em questão, é bastante actual e actuante, pós embora, hoje em dia, ainda seja pouco abordado e reflectido por parte dos profissionais de radiologia, mas isto não o torna irrelevante, pelo contrário, torna-se muito pertinente até à nossa oportunidade existencial, retractar sobre o impacto das medidas de biossegurança radiológica. A escolha deste tema cingiu-se nas dinâmicas dos locais, vivenciados no decorrer do percurso académico, que engrossou o interesse sobre o tema. Outro aspecto, que reforçou a a nossa opção é a vontade de alongar os nossos conhecimentos sobre a matéria para que, como futuros técnicos e profissionais de radiologia e imagiologia, desfrutemos a habilidade de 12 implementar as nossas acções em técnicas radiográficas, para sabermos qual é o impacto das medidas de biossegurança radiológica para os profissionais do Hospital Regional do Lobito. Para a realização desta investigação, centramo-nos, no impacto das medidas de biossegurança nos serviços radiológicos do Hospital Regional do Lobito. Com suporte exposto acima, levantou-sede imediato a questão de pesquisa: qual é o impacto das medidas de Biossegurança nos serviços radiológicos do Hospital Regional do Lobito? Para responder ao nosso problema de investigação, foram formulados os seguintes objectivos: Geral: Avaliar o impacto das medidas de biossegurança nos serviços radiológicos do Hospital Regional do Lobito Específicos: Caracterizar o perfil sociodemográfico da amostra em estudo; Avaliar o nível de conhecimento dos profissionais em radiologia acerca das medidas de biossegurança radiológica no HRL; Identificar as medidas essenciais para garantir biossegurança radiológica no Hospital Regional do Lobito; Identificar o cumprimento dos parâmetros de protecção e segurança dos profissionais e pacientes; Descrever os meios de protecção existente nos serviços radiológicos do HRL. O presente trabalho é do tipo exploratório – abordagem qualitativa, e está estruturado em três capítulos. No primeiro capítulo expomos a visão global sobre o tema, através do desenvolvimento de conceitos fundamentais, alicerçados no que os autores abordam sobre a temática mediante uma revisão bibliográfica. No segundo capítulo, evidenciamos o enquadramento empírico do estudo, destacando os métodos, variáveis, os instrumentos que permitiram efectuar a recolha de dados, assim como os procedimentos éticos. O terceiro capítulo apresenta e discute os resultados da investigação e finalmente seguem as conclusões, referências bibliográficas e recomendações, anexos e apêndices. CAPÍTULO I – EQUADRAMENTO TEÓRICO 14 1.1. Conceitos iniciais Efeitos: Segundo o Dicionário Universal de Língua Portuguesa (2007), efeitos são fenómenos de particular importância produzidos por uma causa bem determinada. Efeitos Biológicos: consistem, em Radiologia, no resultado ou consequência da exposição da radiação X sobre os sistemas Biológicos (células, tecidos, órgãos e organismos) (Lima, 2009). Radiação: de uma forma geral, radiação é uma forma de energia transmitida por átomos radioactivos. Apresenta-se em várias formas: radiação X, alfa (α), beta (β), gama (γ), cósmica, solar, etc. (Pisco, 2009). A radiação pode ser classificada em corpuscular e electromagnética. Dentro destas categorias teremos: Ionizante (que ao interagir com a matéria, ioniza seus átomos ou moléculas - raios X, alfa, beta e gama); Não ionizante (não provoca ionização - luz e calor); Natural (por ocorrer livremente na natureza) e artificial (que sofreu a acção do homem e gerada pelos equipamentos produzidos por ele) (Okuno, Caldas & Chow, 1986). Radiação X: de uma forma específica e segundo Okuno, Caldas e Chow (1986), a radiação X (ou raios X) são ondas electromagnéticas de igual natureza que os raios de luz, mas de uma longitude de onda extremamente curta (um Angostron =1Å = 10 -10 m), originados fora do núcleo, na desexcitação dos electrões. Descobertos por Rӧentgen em 1895, os raios X não são invisíveis a olho nu, apenas se conhecem pelas suas características, propriedades e efeitos que causam à matéria. São estas particularidades que tornam amplo o seu campo de aplicações, com particular realce em medicina, nos processos de radiodiagnóstico e de radioterapia. Profissional de Radiologia: Indivíduo ou profissional que domina o uso e a aplicação da energia radiante que, complementada com os conhecimentos básicos de outras disciplinas é capaz de plasmar uma imagem radiográfica num negativo fotográfico, com todo o rigor exigido pela técnica moderna, para detectar as distintas enfermidades que o organismo humano possa apresentar (Moreno, 1987). Protecção Radiológica ou Radioprotecção: É um conjunto de procedimentos ou processos técnico-científicos de critérios, métodos e vias para avaliação da acção das radiações ionizantes como factor prejudicial ao homem e ao seu meio e, em consequência, de estabelecimento das medidas (administrativas, técnicas, médico-sanitárias e outras) tendentes a assegurar que as exposições a ditas radiações se mantenham dentro dos limites aceitáveis (Moreno, 1987). 15 Por sua vez, a Lei da Energia Atómica, no seu artigo 2º, em anexo, define a Protecção e Segurança Radiológica como sendo a protecção das pessoas expostas a radiação ionizante ou a substâncias radioactivas, incluindo os meios para obter essa protecção e segurança, tais como os vários procedimentos e dispositivos para manter as doses e riscos tão baixos quanto razoavelmente possível e abaixo das restrições quanto a doses, bem como os meios de prevenção de acidentes e de redução das suas consequências no caso de ocorrerem Biossegurança: A biossegurança é o conjunto de acções voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às actividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimentos tecnológicos e prestação de serviços. Riscos que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos (Cardoso, 2005). Nesse conceito podemos observar uma abordagem multidisciplinar envolvendo toda a cadeia de produção da ciência e também do meio ambiente. Já a OMS, define biossegurança como trabalho com segurança (Pechter, 2009). Mesmo sendo extremamente simplificado, esse conceito nos remete à etimologia dessa palavra em que o radical ―bio‖, do grego, significa vida somada à palavra segurança, que em sentido amplo é conceituada como a vida livre de perigos. Assim as normas de biossegurança englobam todas as medidas que visam evitar riscos físicos, químicos, biológicos e psicológicos no ambiente onde o trabalhador desenvolve sua actividade (Cavalcante, Monteiro e Barbieri, 2003). A Associação Americana de Segurança Biológica procura uma definição através da explicação do que a biossegurança engloba. Logo a biossegurança inclui os princípios de contenção, projecto de instalações, práticas e procedimentos para prevenir as infecções ocupacionais no ambiente biomédico ou a liberação de micro-organismos para o ambiente. Biossegurança em radiologia: Biossegurança em radiologia é um conjunto de acções e de EPIs que visa prevenir e proteger os profissionais e os pacientes dos riscos inerentes às actividades que envolvam radiação ionizante (Fagundes, 2021). 1.2. História da biossegurança Com a crescente capacidade de manipular do DNA em meados de 1970 houve uma crescente preocupação sobre os potenciais riscos associados com a pesquisa, principalmente envolvendo Microorganismos Geneticamente Modificados (GMOs). Embora os GMOs pudessem apresentar as propriedades pretendidas, também poderiam ter características imprevisíveis e indesejáveis (Kimman, Smit & Klein, 2008). 16 O debate sobre a segurança em laboratórios, á saúde dos trabalhadores e animais, bem como dos ambientes expostos a microorganismos potencialmente perigosos, levou a Conferência de Asilomar em 1975, onde foram estabelecidos os princípios para lidar com os potenciais riscos biológicos através de sua avaliação e determinação das medidas de precaução que evitariam risco, sem criar impedimentos ao funcionamento (Kimman, Smit & Klein, 2008). O relatório resultante desta conferência não incluiu a expressão biossegurança, mas estabelece toda a lógica da construção desse conceito, quando classifica as barreiras de contenção necessárias para a prevenção da contaminação nos experimentos científicos, de acordo com o risco biológico dos microorganismos envolvidos, visando à segurança operacional. Essa preocupação com a segurança é claramente expressa quando os autores se questionaram como os trabalhos científicos podem ser realizados com riscos mínimos para os trabalhadores nos laboratórios, para o público em geral, e para as espécies animais e vegetais que compartilham nosso ecossistema (Berg, 1975). Em radiologia, podemos considerar que um dos princípios da biossegurança,a prevenção dos riscos físicos, foi aplicado em 1896, quando o engenheiro americano Wolfram Fuchs elaborou o que são consideradas as primeiras recomendações de protecção aos Raios X, que foram: Fazer as exposições o mais curtas possível; Não permanecer a menos de 30 centímetros do tubo de raio X; Aplicar uma camada de vaselina sobre a pele com uma camada extra sobre a área mais exposta (Cavalcante, Monteiro e Barbieri, 2003). Apenas um ano após a descoberta dos raios X os três pilares básicos da radioprotecção: tempo, distância e barreiras de protecção estavam estabelecidos. Nos anos 20 vários países prepararam suas normas de radioprotecção, mas somente em 1925, quando ocorreu o primeiro Congresso Internacional de Radiologia, é que foram criadas as normas internacionais básicas de protecção (Clark & Valentin, 2009). Mais tarde, em 1928, foram estabelecidas as primeiras normas de protecção pela International Commision of Radiological Protection (ICRP), contra os efeitos deletérios da aplicação da radiação ionizante, que consistiam em recomendações para evitar injúrias aos tecidos superficiais, aos órgãos internos e as células do sangue (Clark & Valentin, 2009). A ICRP publicou seu primeiro relatório em 1928. Este primeiro relatório, denominado Publicação 1, continha recomendações que foram adoptadas em Setembro de 17 1958. Recomendações subsequentes foram publicadas em 1964, em 1966 e em 1977. A Publicação 26, de 1977, ampliada em 1978, foi aprimorada nos anos de 1980 e 1987. As recomendações foram completamente revisadas e publicadas em 1991 como Publicação 60. De acordo com essa tendência, mas somente em 1988, o Ministério da Saúde (MS) estabeleceu a portaria no 453, intitulada ―Directrizes de Protecção Radiológica em Radiodiagnóstico Médico e Odontológico‖ (MSP, 1988). 1.3. Importância da biossegurança em radiologia A biossegurança na radiologia é fundamental para a garantia da segurança e saúde dos profissionais que actuam na área bem como dos pacientes. Trata-se de um conjunto de medidas que visam reduzir a exposição à radiação que, sabidamente, pode causar prejuízos à saúde em casos de exposição intensa ou continuada (Deborah, 2003) As regras de biossegurança na radiologia são definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), devem ser cumpridas por todas as instituições que utilizam equipamentos que emitem radiação ionizante, como aparelhos de RX, TAC, Mamógrafos e outros (Deborah, 2003). A exposição à radiação compromete a saúde de diferentes formas no longo prazo, causando riscos aumentados de condições como: Infertilidade; Eritema; Catarata; Alterações celulares com risco aumentado de câncer. Um dos desafios das medidas de biossegurança na radiologia deve-se ao fato que essas alterações são silenciosas e cumulativas, só manifestando-se quando já estão em estágio avançado devido às mutações genéticas causadas pela radiação (Bellintani, 2002). Apesar de a exposição à radiação não ser significativa para causar essas alterações nos pacientes que realizam exames apenas esporadicamente, podem apresentar riscos elevados no caso dos profissionais da radiologia (Brito, 2021). As medidas de biossegurança na radiologia, visam também a protecção dos pacientes, são especialmente formuladas para garantir a segurança e saúde dos trabalhadores na área radiológica. No longo prazo, o cumprimento adequado das orientações é determinante na qualidade de vida, saúde e preservação do bem-estar desses profissionais (Brito, 2021). Uma das formas de garantir uma exposição reduzida para os técnicos em radiologia, por exemplo, é a jornada de trabalho que deve ser de, no máximo, 24 horas por https://laudite.com.br/como-funciona-um-aparelho-de-raio-x/ 18 semana. Além disso, existem diversas práticas no dia-a-dia, relacionadas directamente à actuação do profissional, mas não apenas, que garantem a segurança (Brito, 2021). A promoção da biossegurança na radiologia deve ser garantida tanto pelos profissionais da área como pela instituição de saúde. Um dos primeiros aspectos a serem considerados em um serviço de radiologia são as infra-estruturas físicas do local. Uma exigência legal para reduzir a exposição à radiação para profissionais, pacientes e acompanhantes é quanto à blindagem da sala de Raios-X. Para a blindagem é exigido que haja o isolamento de toda a infra-estrutura da sala, como pisos, teto e paredes, sendo que o revestimento e a espessura dependem do factor de radiação da sala, mas pode ser de chumbo, concreto, ferro ou outros materiais. Além da sala como um todo, é fundamental que a infra-estrutura física da sala de Raios-X comporte a cabine do técnico. É nesse local que fica o computador e painel de controlo do equipamento e onde o profissional permanece durante a realização do exame. É fundamental que às salas adjacentes passem pela radiometria, ou seja, a medição dos níveis de radiação, monitorados e mantidos dentro dos parâmetros exigidos pelas normas de biossegurança na radiologia. A eficiência e qualidade dos processos no sector de radiologia também influencia a segurança do local, por exemplo, a remoção, manutenção e armazenamento dos EPIs. O técnico de radiologia também deve ser instruído, por exemplo, quanto à melhor operação do equipamento radiológico e posicionamento correto do paciente, o que reduz a necessidade de refazer os exames, o que aumenta o nível de exposição do paciente. Evitar a presença de acompanhantes na sala de radiologia é outra recomendação para minimizar a exposição dos indivíduos à radiação. Portanto, a estruturação dos processos do sector influencia directamente na segurança operacional, produtividade dos profissionais e no cumprimento às normas de biossegurança na radiologia (Brito, 2021). 1.4. Equipamento de protecção individual Sem o uso de EPIs, os riscos são reais nos serviços de radiologia. Os riscos presentes nas clínicas de radiologia sem biossegurança são silenciosos e podem ocasionar problemas no longo prazo. A exposição contínua sem o uso de EPIs tem o poder de alterar o DNA das células humanas (Junior, 2010). https://laudite.com.br/8-dicas-para-melhorar-a-produtividade-do-radiologista/ 19 Também existe a possibilidade de causar câncer ou outras complicações, como infertilidade, catarata e eritema. Isso porque o sistema reprodutor, olhos, tireóide e medula óssea são os órgãos mais sensíveis à radiação. As medidas de biossegurança são: Aventais de chumbo - os aventais são produzidos em diferentes tamanhos e formatos. O objectivo é proteger a região torácica e abdominal dos raios ionizantes. Devem sempre ser utilizados pelos profissionais nas salas de exame. Para os pacientes, são utilizados quando outras regiões do corpo estão sendo avaliadas, evitando, assim, uma exposição desnecessária (K. L, 2005). Figura 1 - Avental de chumbo Fonte: Junior, 2010. Protectores de tireóide - os protectores de tireóide são colocados como colares, quando a sua utilização não atrapalha a realização do exame necessário. É usado com a finalidade de proteger essa glândula, que é um órgão muito sensível à radiação (K. L, 2005). Figura 2 - Protector da tiroide Fonte: Bessa & Almeida, 2010. 20 Óculos plumbíferos - o termo plumbífero refere-se ao que contém chumbo. Dessa forma, os óculos plumbíferos são feitos a partir de uma mistura de chumbo com vidro. O que garante perfeita visibilidade, além de protecção contra os riscos da radiação, pois a absorvem. Sabe-se que o uso dos óculos é bastante negligenciado, mas a Radiology Business publicou o alerta de que os radiologistas podem estar mais expostos do que se imaginava. Portanto, para reforçar a biossegurança, não deixe de garantir o uso dos óculos durante a realização de exames radiológicos (Bessa & Almeida, 2010).Figura 3 - Óculos plubíferos Fonte: Bessa & Almeida, 2010. Protector de gónadas - assim como os olhos e a tireóide, os órgãos do aparelho reprodutor feminino ou masculino também são mais sensíveis à radiação. Portanto, o uso de protectores nessas regiões, quando não interferem na qualidade do exame, deve ser incentivado (Robson, 2021). Figura 4 - Protector de gónadas Fonte: Bessa & Almeida, 2010. 1.5. Princípios de protecção e segurança radiológica Estes princípios são um conjunto de medidas que visa proteger o homem, seus descendentes e seu meio ambiental contra possíveis efeitos indevidos causados pela radiação https://www.radiologybusiness.com/ https://www.radiologybusiness.com/ https://star.med.br/radioprotecao-radiologistas-podem-estar-mais-expostos-do-que-se-imaginava/ https://star.med.br/radioprotecao-radiologistas-podem-estar-mais-expostos-do-que-se-imaginava/ 21 ionizante proveniente de fontes produzidas pelo homem e de fontes naturais modificadas tecnologicamente (Lima, 2009). Essas medidas estão fundamentadas em três princípios básicos: Justificação; Optimização; Limitação de doses individuais. 1.5.1. Justificação Nenhuma prática deve ser autorizada, a menos que produza suficiente benefício para o indivíduo exposto ou para a sociedade. 1.5.2. Optimização da Protecção Radiológica O princípio de optimização implica em que as exposições devem manter o nível de radiação o mais baixo possível, tanto do paciente, como do IOE. Este princípio aplica-se a todas as actividades que demandam exposições às radiações ionizantes. A protecção é optimizada quando as exposições empregam menor dose possível de radiação, sem que isso tenha implicância na perda de qualidade de imagem (Lima, 2009). 1.5.3. Limitação de Doses Individuais Limites de dose representam um valor máximo de dose, abaixo do qual os riscos decorrentes da exposição à radiação são considerados aceitáveis. No caso das radiações ionizantes, são estabelecidos limites de dose anuais máximos admissíveis (LAMA), que são valores de dose às quais os indivíduos podem ficar expostos, sem que isto resulte em um dano à sua saúde, durante toda sua vida. Para o estabelecimento dos limites máximos admissíveis para trabalhadores foram considerados os efeitos somáticos tardios, principalmente o câncer (Bellintani, 2002). A ICRP, nas suas publicações, traz recomendações sobre limites de doses ocupacionais que são aceites na maioria dos países. Esses limites são determinados em dose efetiva para doses no corpo todo e dose equivalente para regiões ou tecidos específicos. O limite de dose efectiva é 20 mSv por ano – como uma média anual de 5 anos – e não devem ser excedidos 50 mSv em um único ano, assim como o limite para os cristalinos. Já o limite para extremidades e pele, é 500 No entanto, doses ocupacionais devem ser ―tão baixas quanto razoavelmente exequíveis‖, o que é conhecido como o Princípio ALARA (as low as reasonably achievable) (Moura & Neto, 2015). 22 Segundo dispõe a Lei da Energia Atómica, no artigo 17º, nº 2, os limites da exposição normal de pessoas devem ser estabelecidos de tal modo que n em a dose total efectiva nem a dose total equivalente para os órgãos ou tecidos releva ntes, causada por uma possível combinação de exposições resultantes de actividades ou f ontes autorizadas excedam as doses limite estabelecidas em legislação regulamentar adopt ada em conformidade com os padrões internacionais. As doses de radiação não deverão ser superiores aos limites estabelecidos pelas normas de radioprotecção de cada país. Este princípio não se aplica para limitação de dose ao paciente, mas sim, para trabalhadores ocupacionalmente expostos à radiação ionizante e para o público em geral. Sendo assim, os limites são de 50 mSv/ano para os IOE e 1 mSv/ano para o público em geral (Seares, 2002). Existem duas situações em que as pessoas podem estar sujeitas às radiações ionizantes: a) Situação normal: situação em que a fonte radioactiva está controlada e a exposição pode ser limitada com o emprego de medidas adequadas de controle. b) Situação anormal ou acidental: situação em que se perde o controle sobre a fonte de radiação e a exposição, portanto, deve ser limitada unicamente com medidas correctivas. 1.6. Efeitos biológicos das radiações ionizantes O efeito biológico da radiação está relacionado com a capacidade de ela provocar ionização na matéria com a qual interage, isto é, com sua capacidade de arrancar electrões da matéria, criando iões (Pisco, 2009). Eles somente são evitados com o uso de blindagens apropriadas para cada tipo de radiação. Efeitos Biológicos Pré-natais Um outro efeito biológico da radiação que é importante frisar diz respeito ao período de gravidez. A radiação ionizante também pode afectar as crianças que ainda estão na barriga das mães (Okuno, 2007). Danos Celulares A radiação ionizante pode causar danos a células directamente, quebrando ligações químicas de moléculas biológicas (quebra da molécula de DNA), ou indirectamente criando radicais livres nas moléculas de H2O, que são as mais atingidas pela radiação (Bellintani, 2002). 23 Mutações As mutações nas células somáticas (do corpo) ou germinativas (das gónadas) podem ser classificadas em 3 grupos: Mutações pontuais (alterações na sequência de bases do DNA); Aberrações cromossómicas estruturais (quebra nos cromossomas); Aberrações cromossómicas numéricas (aumento ou diminuição no número de cromossomas) (Tauhata, Salati, 2003). Morte celular Quando a dose de radiação é elevada (vários Gy), muitas células de tecido atingidas podem não suportar as transformações e morrem, após tentativas de se dividir. O aumento da taxa de perda pode às vezes ser compensado com o aumento da taxa de reposição. Neste caso, haverá um período de transição, onde a função do tecido ou órgão foi parcialmente comprometida e posteriormente reposta (Tauhata, Salati, 2003). A perda de células em quantidade considerável, pode causar prejuízos detectáveis no funcionamento do tecido ou órgão. A severidade do dano caracteriza o efeito determinístico, uma vez que o limiar de dose que as células do tecido suportam, foi ultrapassado (Tauhata, Salati, 2003). 1.6.1. Classificação dos efeitos biológicos das radiações ionizantes Os efeitos radioinduzidos podem receber denominações em função do valor da dose e forma de resposta, em função do tempo de manifestação e do nível orgânico atingido. Assim, em função da dose e forma de resposta, são classificados em estocásticos e determinísticos; em função do nível de dano, em somáticos e genéticos; em termos do tempo de manifestação, em imediatos e tardios (Knoche, 1991). Efeitos estocásticos - são aqueles em que a probabilidade de ocorrência é proporcional à dose de radiação recebida, sem a existência de limiar. Isto significa que doses pequenas, abaixo dos limites estabelecidos por normas e recomendações de radioprotecção, podem induzir tais efeitos. Entre estes efeitos, destaca-se o câncer. Efeitos determinísticos - são causados por irradiação total ou localizada de um tecido, gerando um grau de morte celular não compensado pela reposição ou reparo, com prejuízos detectados no funcionamento do tecido ou órgão. Quer dizer que, os efeitos determinísticos são produzidos por doses elevadas, acima do limiar, onde a severidade ou gravidade do dano aumenta com a dose aplicada. 24 Efeitos somáticos - surgem do dano nas células do corpo e o efeito aparece na própria pessoa irradiada. Dependem da dose absorvida, da taxa de absorção da energia da radiação, da região e da área do corpo irradiada. Efeitos genéticos ou hereditários -trata-se dos efeitos que se manifestam nos descendentes da pessoa irradiada. É o resultado do dano produzido pela radiação em célulasdos órgãos reprodutores, as gónadas. Eles têm carácter cumulativo e independem da taxa de absorção da dose. Efeitos imediatos - são efeitos observáveis em apenas horas, dias ou semanas, após exposição do indivíduo à radiação, como é o caso da radiodermite. Esses efeitos estão associados a altas doses de radiação, acima de 1 Sv, recebidas por grandes áreas do corpo, num curto período de tempo. Dependendo da dose pode ser provocada a chamada Síndrome Aguda de Radiação, em que podem ocorrer: náuseas, vómitos, prostração, perda de apetite e de peso, febre, hemorragias dispersas, queda de cabelo e forte diarreia. A dose da radiação recebida e a condição da resistência do indivíduo exposto, podem condicionar um resultado final letal. Os três sistemas de órgãos que parecem ser os mais importantes na SAR são: O Sistema Hematopoiético – para doses equivalentes abaixo de 5 Sv; O Sistema Gastrointestinal – para doses equivalentes entre 5 a 20 Sv; O Sistema Nervoso Central – para doses equivalentes acima de 50 Sv. Efeitos tardios - que aparecem depois de anos ou mesmo décadas, como é o exemplo do câncer. Podem surgir: a) De altas doses num curto intervalo de tempo: são os casos de indivíduos expostos à dose de radiação que não foi letal, portanto, com recuperação aparente, podendo ainda vir sentir os efeitos muitos anos mais tarde. b) De pequenas doses, mas crónicas, num longo intervalo de tempo: casos de IOE, como radiologistas e pesquisadores com radiação. 1.7. Competências do técnico em radiologia e imagiologia sobre a percepção dos riscos ocupacionais Saber Legislação da actividade profissional; Estrutura e organização de sistema de saúde vigente; Estrutura, organização e funcionamento de radiologia dentro das instituições de saúde; 25 Diferentes formas de trabalho e local de actuação dos profissionais de radiologia; Princípios de funcionamento, conservação e manutenção dos equipamentos e material utilizado pelo serviço de radiologia; Noções de controlo de qualidade; Técnicas de comunicação e d’atendimento adequado ao cliente/paciente e família; Tecnologia de informática na área de radiologia. Saber Fazer Planificar e organizar o trabalho na perspectiva do atendimento integral e de qualidade; Actuação na aquisição de processamento e manipulação de imagens; A preparação de todo ambiente para o paciente e obtenção de uma imagem radiográfica de padrão satisfatório; As técnicas de diagnóstico por imagem que constituem uma das praticas mais importante do diagnostico Trabalho em conjunto com outras pessoas, como médico, engenheiros, enfermeiros e outros (K. L, 2005). 1.8. A identificação dos riscos provenientes da radiação É ainda pertinente lembrar que a presença de diversos tipos de riscos simultaneamente numa dada situação pode provocar mutações. Como espaços de trabalho, os hospitais são locais repletos de múltiplas formas de risco, por incorporarem os seguintes: Riscos biológicos (contacto com os doentes, tarefas com materiais cortantes ou perfurantes eventualmente contaminados, contacto com fluidos orgânicos); Riscos físicos (radiações ionizantes); Riscos químicos (manuseamento de produtos químicos perigosos, nomeadamente revelador e fixador); Riscos ergonómicos (movimentação de pesos elevados, incluindo o transporte de doentes sem mobilidade, longos períodos de trabalho em posição quase estática, manuseamento de equipamentos); Riscos com máquinas ou equipamentos (aparelhos de RX, equipamentos); Riscos do próprio local ou ambiente de trabalho (iluminação deficiente, má qualidade do ar interno). 26 1.8.1. Riscos físicos Os riscos físicos definem-se como os efeitos produzidos pela manipulação de máquinas, equipamentos e pelas condições físicas específicas do local de trabalho, que podem provocar efeitos negativos à saúde do trabalhador. Contudo é fundamental avaliar as percepções dos trabalhadores nesse sentido, porque para além de ser possível a identificação de novos riscos, não detectados pelos peritos, essa avaliação oferece ainda a visão dos trabalhadores sobre os riscos que eles correm no local de trabalho (Júnior, 2010). A consciência de que determinadas profissões podem causar doença não é recente, o pai da medicina ocupacional, Bernardino Ramazzini, em 1700 os trabalhos decorridos em determinadas condições (má ventilação, condições climáticas adversas, aparelho de RX) podem induzir à doença e aconselhasse momentos de repouso, exercícios e posturas corretas. (Júnior, 2010). 1.8.2. Riscos ocupacionais Os riscos ocupacionais são os perigos que incidem sobre a saúde humana, e o bem-estar dos trabalhadores associados a determinadas profissões. Os trabalhadores da Radiologia estão sujeitos a diversos riscos, como os biológicos, químicos, físicos, ergonómicos e mecânicos, sendo que os riscos físicos da radiação são um dos mais presentes, pois são as radiações ionizantes que permite que exames e terapias sejam realizados, submetendo os profissionais aos riscos ocupacionais pela exposição à radiação (Leal, 2012). Os riscos ocupacionais dos trabalhadores expostos a radiações ionizantes têm sido estudados por autores como (Gomes, 2002) que aborda as condições de trabalho e riscos de exposição em serviços de radiodiagnóstico em hospital público; (Oliveira, Azevedo & Carvalho 2003) que elaboraram um programa de monitoração ocupacional no Hospital Universitário. Clementino, Fernandes, Carvalho & Azevedo (2005), que avaliaram riscos ocupacionais de trabalhadores em serviços de radiologia. A radiologia diagnóstica é um exame amplamente empregado nas rotinas médicas e é considerada uma das principais formas de exposição às radiações ionizantes (Oliveira, Azevedo & Carvalho, 2003). A leitura das doses individuais deve ser feita mensalmente e registada para acompanhamento dos riscos de radiações ionizantes existentes no ambiente de trabalho, facto salientado pela Agência de Dosimetrias. 27 Internacional de Energia Atómica (Peixoto, 1987). Programas computacionais de monitorização ocupacional em radiologia foram desenvolvidos para o monitoramento dos riscos ocupacionais, de acordo com as directrizes de protecção radiológica (Fonseca et al., 2001; Oliveira, Azevedo & Carvalho, 2003). Esta resolução aborda aspectos dimensionais do espaço físico dos serviços de radiologia diagnóstica, e vem complementar a Portaria nº 453, que descreve as normas relacionadas a Blindagem adequada destes ambientes, impedindo a exposição indevida às radiações. CAPÍTULO II- METODOLOGIA 29 No decorrer deste estudo visamos compreender o impacto das medidas de biossegurança nos serviços radiológicos do Hospital Regional do Lobito. Para tal, foi realizada uma pesquisa exploratória, numa abordagem qualitativa. Que nos ajudou a alcançar o objectivo de familiarizar com o tema e torná-lo mais explícito a através de livros publicados procurando o levantamento quanto a formulação de hipóteses, na procura de fontes, análise do material, na organização lógica do assunto buscando seguir o máximo possível as fases metodológicas. 2.1. Métodos teóricos Análise-Síntese: a utilização deste método permitiu efectuar interpretações necessárias das informações obtidas das diferentes bibliografias consultadas, dos documentos normativos, dados obtidos através da aplicação dos métodos empíricos, assim como também permitiu tirar as conclusões possíveis para a elaboração deste trabalho. Histórico-Lógico: o método histórico consistiu em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar a sua influência de hoje, pois a instituição alcançou a sua forma actual através de alterações das suas partes 2.2. Métodos empíricos Observação: é um método e instrumento de recolha de dados, é dos mais utilizadosnas ciências sociais. Por outro lado, pode ser considerado como o mais permitido, e consequentemente, o mais impreciso, mas que por outro lado, pode ser tido como um dos mais modernos, visto que possibilita ter o mais elevado grau de precisão nas ciências sociais (GUBA, 1999). Inquérito: é um conjunto de dados e actos de diligências destinadas a apurar alguma coisa, é um processo que permite descobrir alguma coisa de forma sistemática, este método foi aplicado aos técnicos de radiologia permitindo assim a recolha de dados de uma forma directa. Neste método, o inquirido deu respostas escritas sobre questões previamente formuladas relacionadas com o problema. 2.3. Variáveis ―Variáveis são características de pessoas, de objectos ou de situações estudadas numa investigação, a que se pode atribuir diversos valores‖ (Fortin 2009, p.376). É o conceito que é colocado em acção investigação. É um termo ou parâmetros ao qual pode-lhe ser atribuído valores numéricos. 30 As variáveis estudadas neste estudo limitaram-se as variáveis sociodemográficas: Idade; Género, Nível de conhecimento, Tempo de serviço, medidas de biossegurança, Estado de gravidade de riscos, Modalidade de protecção mais utilizada. 2.4. População e amostra A população é um conjunto de elementos a que se pretende generalizar os resultados e que partilham uma característica comum, (Coutinho, 2013, citado por Muhona, 2015; 33). Para esta investigação trabalhamos com os profissionais da secção de radiologia do HRL. Segundo Marconi e Lakatos (2010), a amostra é uma parcela conveniente seleccionada do universo (população); é um subconjunto do universo. Ao se pretender analisar um determinado fenómeno, em geral, não é possível inquerir todo universo, isto tudo pode ser ultrapassado do uso de técnicas que reduzem a construção de uma parcela do universo, a amostra (Correia & Pardal, 2011, citado por Francisco e Chiovo, 2015). Sendo que a amostra é uma parte da população, nesta pesquisa foi obtida de forma aleatória. 2.5. Critérios de inclusão e exclusão Foram inclusos nesta pesquisa os profissionais de radiologia que trabalham na secção do HRL com conveniência de participar da pesquisa. Desta forma foram excluídos os profissionais que não responderem ao critério da inclusão. 2.6. Aspectos ético – legais Para garantir uma certa consideração das normas éticas e legais que orientam a elaboração dos trabalhos de natureza científica e para que a pesquisa fosse realizada, primeiro foi submetido o anteprojecto de investigação ao departamento de ciências de saúde do Instituto Superior Politécnico Jean Piaget de Benguela para a aprovação. Após aprovação foi submetida a solicitação para a realização da pesquisa a Direcção do HRL. Os participantes da pesquisa assinaram o termo informado que contém os objectivos do estudo e a importância do sigilo. CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 32 Para a elaboração e obtenção do conteúdo constante neste capítulo, recorreu-se ao uso dos métodos de recolha e análise dos dados, mediante a aplicação de um inquérito ao grupo-alvo do estudo do presente trabalho, constituído por 11 Profissionais de Radiologia do Hospital Regional do Lobito. Os resultados do inquérito estão espelhados nos quadros e gráficos calocados a seguir: Tabela 1 - Distribuição dos profissionais de radiologia por faixa etária Faixa etária N % 20-29 1 9% 30-39 3 28% 40-49 6 54% >50 1 9% Total 11 100% Fonte: Elaboração própria, 2022. Os dados da tabela, espelham que dos profissionais inqueridos 1 (9%) tinham idades compreendidas entre 20-29 anos, 3 (28%) tinham idades entre os 30-39 anos de idade, de igual modo 6 (54%) tinham idades entre 40-49 anos e 1 (9%) tinha 50 anos. Gráfico 1 - Sexo dos profissionais de radiologia do HRL. Fonte: Elaboração própria, 2022. Dos 11 profissionais participantes no estudo 5 (45%), são do sexo masculino e 6 (55%) são do sexo feminino. Observa-se que no Hospital Regional do Lobito as mulheres estão em maior número, o quase é difícil se observar na maioria do hospital na área do RX. 45% 55% Masculino Femenino 33 Gráfico 2 - Tempo de serviço dos profissionais de radiologia do HRL. Fonte: Elaboração própria, 2022. Constatou-se que 3 (37%) trabalham de 1 a 5 anos, 2 (18%) trabalha de 5 a 10 anos e 6 (55%) trabalham no sector há mais de 10 anos. O tempo de serviço é um factor importante na relação directa com a biossegurança, pois, quanto mais tempo estiver, o profissional, ligado às actividades com a radiação X sem os meios de biossegurança, maior susceptibilidade em desenvolver estes efeitos e, por conseguinte, o seu agravamento, devido ao seu carácter cumulativo (Lima, 2009). Gráfico 3 - Nível académico dos profissionais de radiologia do HRL. Fonte: Elaboração própria, 2022. 27% 18% 55% 1 até 5 5 á 10 mais de 10 82% 18% Técnico Médio Linceciado 34 Relativamente ao nível académico, 9 (82%) técnicos possuem o nível médio, 2 (18%) é licenciado. A província tem uma universidade de nível superior na área de radiologia, ainda assim, observa-se um número muito reduzido a nível de quadro superior no HRL, visto que, o nível de formação universitária amplia o mundo de conhecimento dos profissionais. O aumento do nível académico ou a capacitação dos profissionais é importante, sobretudo para aqueles que já exercem a actividade, permitindo melhorar a qualidade dos serviços prestados. A promoção da biossegurança em radiologia deve ser garantida tanto pelos profissionais da área como pela instituição de saúde por aqueles que são de nível superior, pela bagagem que carregam consigo, de tal maneira que consigam influenciar os outros e os de competências para a resolução dos problemas que enfrentam no dia-a-dia. Portanto, a estruturação dos processos do sector influencia directamente na segurança operacional, produtividade dos profissionais e no cumprimento às normas de biossegurança na radiologia (Brito, 2021). Gráfico 4 - Os efeitos biológicos causados pela radiação Fonte: Elaboração própria, 2022. Quanto aos efeitos biológicos causados pela radiação, 2 (18%) respondeu efeitos estatísticos e dinâmicos, 2 (18%) efeitos estatísticos e determinísticos, 5 (46%) efeitos estocásticos e determinísticos, 2 (18%) efeitos estocásticos e dinâmicos. Segundo Knoche, Okuno, Caldas, Conde, Garcia, Bellintani em suas obras, classificaram os efeitos biológicos causados pelas radiações da seguinte maneira: Segundo a 18% 18% 46% 18% Estatísticos e dinâmicos Estatísticos e determinísticos Estocásticos e determinísticos Estocásticos e dinâmicos https://laudite.com.br/8-dicas-para-melhorar-a-produtividade-do-radiologista/ 35 Dose Absorvida (Estocásticos Determinísticos); Segundo ao Tempo de Manifestação (Imediatos e Tardios); Segundo ao Nível de Dano (Somáticos Genético ou Hereditários). Já Bellintani, define os efeitos determinísticos, aqueles que correm para doses elevadas a partir de um limite; Ex: Vítimas de acidentes radioactivos; pode ocorrer morte celular. Estocásticos, aqueles que podem ocorrer para qualquer dose de radiação recebida em pequenos tempos de exposição; ex. cancro, doenças cardiovasculares e alteração do ADN. Podemos observar que no HRL, apenas 46% tem o conhecimento dos efeitos biológicos causados pela radiação. Nos é difícil perceber tal realidade, umas que são eles que lhe dão diariamente com a radiação, o normal seria 100% ou 88% dos profissionais a terem conhecimento sobre a maleficência dos raios X. isso possibilitaria o uso, o empregue correctos do material que constitui a biossegurança nesta unidade hospitalar, visto que ela é de referência a nível nacional. Gráfico 5 - Você acredita que o índice de radiação ionizante pelos profissionais desta secção acima referida diminui utilizando:Avental de chumbo, Biombo plumbífero, Dosímetro? Fonte: Elaboração própria, 2022. Questionados se acredita que o índice de radiação ionizante pelos profissionais da secção acima referida diminui utilizando: Avental de chumbo, Biombo plumbífero, Dosímetro, dos 11 inqueridos, 10 (91%) responderam que Sim e 1 (9%) responderam que Não. Para Deborah, a biossegurança na radiologia é fundamental para a garantia da segurança e saúde dos profissionais que actuam na área bem como dos pacientes. Trata-se de 91% 9% Sim Não 36 um conjunto de medidas que visam reduzir a exposição à radiação que, sabidamente, pode causar prejuízos à saúde em casos de exposição intensa ou continuada (Deborah, 2003) A exposição à radiação compromete a saúde de diferentes formas no longo prazo, causando riscos aumentados de condições como: infertilidade, eritema, catarata, alterações celulares com risco aumentado de câncer, é imperativo que os profissionais usem os meios de biossegurança para evitar males piores (Brito, 2021). As medidas de biossegurança na radiologia, visam também a protecção dos pacientes, são especialmente formuladas para garantir a segurança e saúde dos trabalhadores na área radiológica. No longo prazo, o cumprimento adequado das orientações é determinante na qualidade de vida, saúde e preservação do bem-estar desses profissionais (Brito, 2021). Gráfico 6 - No Hospital Regional do Lobito, existe um programa de estudo sobre os riscos da radiação ionizante? Fonte: Elaboração própria, 2022. Dos 11 profissionais, 9 (82%) afirmaram que não existe programa de estudo sobre os riscos da radiação ionizante no HRL, 2 (18%) afirmou que sim existe. A IAEA (Agência Internacional de Energia Atómica), recomenda incluir legislação a protecção radiológica e implantação dos programas de garantia e controlo da radiação devido o seu risco para o organismo do ser humano. E que os equipamentos de RX devem vir junto com os meios de protecção contra a radiação Para Bessa e Almeida, o programa de risco da radiação no local de trabalho na instituição hospitalar, consistem em medidas realizadas no ambiente de trabalho, com carácter preventivo, para a radiação externa, contaminação de superfície e do ar. Consiste também no 18% 82% Sim Não 37 monitoramento nos indivíduos (avental de chumbo, óculos, protector da tiróide e das gónadas), e medida por um equipamento portado pelo profissional (dosímetro) para determinar a quantidade de radiação incorporada e a sua interpretação (Bessa & Almeida, 2010). Para a implementação de programa contra a radiação, um dos primeiros aspectos a serem considerados em um serviço de radiologia são as infra-estruturas físicas do local. Uma exigência legal para reduzir a exposição à radiação para profissionais, pacientes e acompanhantes é quanto à blindagem da sala de Raios-X. Para a blindagem é exigido que haja o isolamento de toda a infra-estrutura da sala, como pisos, teto e paredes, sendo que o revestimento e a espessura dependem do factor de radiação da sala, mas pode ser de chumbo, concreto, ferro ou outros materiais. Além da sala como um todo, é fundamental que a infra-estrutura física da sala de Raios-X comporte a cabine do técnico. É nesse local que fica o computador e painel de controlo do equipamento e onde o profissional permanece durante a realização do exame. É fundamental que às salas adjacentes passem pela radiometria, ou seja, a medição dos níveis de radiação, monitorados e mantidos dentro dos parâmetros exigidos pelas normas de biossegurança na radiologia. Gráfico 7 - Qual é a importância das medidas de biossegurança radiológica no Hospital Regional do Lobito? Fonte: Elaboração própria, 2022. Questionados sobre a importância da Biossegurança, 5 (46%) apontou a prevenção e 6 (54%) apontou a minimização de risco 45% 0% 55% 0% Prevenção Cura Minimização de risco Uso por capricho 38 Para Deborah, a biossegurança na radiologia é fundamental para a garantia da segurança e saúde dos profissionais que actuam na área bem como dos pacientes. Trata-se de um conjunto de medidas que visam reduzir a exposição à radiação que, sabidamente, pode causar prejuízos à saúde em casos de exposição intensa ou continuada (Deborah, 2003) As medidas de biossegurança na radiologia, visam também a protecção dos pacientes, são especialmente formuladas para garantir a segurança e saúde dos trabalhadores na área radiológica. No longo prazo, o cumprimento adequado das orientações é determinante na qualidade de vida, saúde e preservação do bem-estar desses profissionais (Brito, 2021). Gráfico 8 - Tem comprido com os parâmetros de protecção e segurança por vossa parte e dos pacientes Fonte: Elaboração própria, 2022. Dos 11 profissionais, 7 (64%) afirmaram que sim tem comprido com os parâmetros de protecção, 4 (36%) afirmou que não. Na realidade nos observamos que muitos dos profissionais não cumprem com os parâmetros de protecção, não usam os aventais de chumbo e nem dão aventais para os pacientes, a sala de exposição é a mesma usada para a espera dos mesmo permitindo que todos sejam expostos a radiação. Também notamos que os parâmetros tempo, distancia e Blindagem são violados algumas vezes. 1. Quais são as medidas essenciais utilizadas para garantir biossegurança radiológica no Hospital Regional do Lobito? Quanto as medidas essências utilizadas no HRL para garantir a biossegurança sãos os aventais de chumbo, biombo, protector das gónadas e protector da tiróide. 64% 36% 0% 0% Sim Não 39 Verificamos que os profissionais têm o conhecimento dos aventais de chumbo, biombo, protector das gónadas e protector da tiróide, mais na sua maioria só fazem o uso do dos aventais e do Biombo. Quanto aos outros meios como os protectores das gónadas, protector da tiróide a secção disponibilizou para o dia-a-dia dos profissionais na redução da exposição, mais estes usam, motivo esse que não nos revelaram do porque. A secção encontra-se sem os óculos de chumbo e o vidro plumbifero. A biossegurança é essencial para os profissionais que actuam com exposição à radiação diariamente, apesar da utilização dos materiais de protecção ser essencial, a rotina do profissional faz com que ele fique um pouco desleixado quanto ao uso biossegurança ou radioprotecção. Segundo Gonçalves, a utilização da biossegurança no serviço de radiologia é de extrema importância porque o contacto indevido com a fonte de radiação pode causar dano à saúde. Os danos causados pela interacção da radiação com o corpo humano podem variar de acordo com o tempo de exposição e a dose de radiação a qual a pessoa foi exposta. (Gonçalves, 2005). 40 CONCLUSÃO Neste trabalho, foi abordado o tema acerca do Impacto das Medidas de Biossegurança nos Serviços Radiológicos do Hospital Regional do Lobito. Deste modo chegou-se às seguintes conclusões gerais: Foi avaliado o nível de conhecimentos sobre o Impacto das Medidas de Biossegurança nos Serviços Radiológicos do HRL; verificou-se que, a maioria dos profissionais eram de nível académico médio, confirmou-se a idade dos profissionais, onde na sua maioria tinham entre 40-49 anos e eram do sexo feminino, trabalham no sector há mais de 10 anos; O estudo colocou a descoberto o conhecimento dos profissionais sobre os efeitos biológicos da radiação e a não existência de um programa de estudo sobre os riscos da radiação ionizante no HRL; Verificou-se também, que o Avental de chumbo, Biombo plumbífero, Dosímetro, protector das gónadas e tiróide, são conhecidos pelos profissionais como elementos da biossegurança para minimizar a radiação no organismo; Identificamos as medidas essenciais para garantir a biossegurança na secção do HRL, que são: aventais de chumbo, biombo, protector das gónadas e protector da tiróide; A maioria dos profissionais inqueridosdisseram que têm cumprido com os parâmetros de protecção radiológica porque sabem da importância da Biossegurança na minimização dos riscos de saúde dos profissionais causados pelos biológicos, físicos e ocupacionais. Mas na nossa observação durante a pesquisa, verificamos que muitos dos profissionais não cumprem com os parâmetros de protecção, não usam os aventais de chumbo e nem dão aventais para os pacientes, a sala de exposição é a mesma usada para a espera do mesmo permitindo que todos sejam expostos a radiação. 41 RECOMENDAÇÕES A luz das conclusões obtidas achamos pertinente recomendar o seguinte: 1. Implementação, pelas autoridades de saúde e gestores hospitalares, a criação de condições laborais dignas, para promover a biossegurança no trabalho; 2. Elaborar um programa de Protecção e Segurança Radiológica que consista no controlo médico dos Profissionais, juntos com a implementação do desímetro para o controlo anual da radiação dos profissionais 3. Implementação por parte dos profissionais um programa de estudo sobre os riscos da radiação ionizante no HRL. 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE M.R. (1998), A descoberta dos raios X: O primeiro comunicado de rontgen. 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Uma vez que me foi confirmado que todas as informações obtidas seriam tratadas com o máximo respeito e que o anonimato e sigilo seriam garantidos durante todo o processo de recolha de dados, tratamento, relatório final e divulgação do trabalho. Agradeceremos a vossa colaboração ao participar, respondendo as perguntas que lhe serão feitas, os dados que o senhor ou senhora fornecer, serão somente usados para o estudo, em nenhum momento serão espalhados com sua identificação, sua participação voluntária. Afirmo que após ter compreendidos os esclarecimentos, aceito participar na pesquisa. Assinatura ____________________________ Lubango,______ de___________________ 2022. Apêndice I - Termo de Consentimento Livre Esclarecido DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Inquérito aplicado aos técnicos da secção de radiologia e imagiologia do HGL Prezados profissionais de saúde; Pedimos a v/participação no sentido de responder as perguntas abaixo, que têm como objectivo a composição da monografia para a Licenciatura em Radiologia e imagiologia que tem como tema: IMPACTO DAS MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA NOS SERVIÇOS RADIOLÓGICOS DO HOSPITAL REGIONAL DO LOBITO. Instruções: Não é necessário colocar seu nome no formulário; 1. Idade: ______ 2. Género: Masculino ____ Feminino ____ 3. Tempo de serviço: Até 15 anos ____ De 5 a 10 anos ____ Mais de 10 anos ____ 4. Nível académico: Técnico Médio _____ Licenciado _____ Mestre _____ Doutor ____ 5. Os efeitos prejudiciais da radiação ionizante podem ser classificados em: a) Estáticos e dinâmicos ( ) b) Estáticos e determinísticos ( ) c) Estocásticos e determinísticos ( ) d) Estocásticos e dinâmicos ( ) 6. Você acredita que o índice de radiação ionizante pelos profissionais desta secção acima referida diminui utilizando: Avental de chumbo, Biombo plumbífero, Dosímetro? Sim _______ Não________ 7. No Hospital Regional do Lobito, existe um programa de estudo sobre os riscos da radiação ionizante? Sim _______ Não________ 8. No Hospital Regional do Lobito, existem normas de biossegurança radiológica? Sim _______ Não________ 9. Quais são as medidas essenciais utilizadas para garantir biossegurança radiológica no Hospital Regional do Lobito? 1. _______________ 2. _______________ 3. _______________ 4. _______________ 5. _______________ 10. Qual é a importância das medidas de biossegurança radiológica no Hospital Regional do Lobito? Prevenção _______ Cura _______ Minimização de risco _______ Uso por capricho _______ 11. Tem comprido com os parâmetros de protecção e segurança por vossa parte e dos pacientes Sim _______ Não________ Muito obrigado pela sua colaboração. ANEXOS
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