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Universidade Federal do Rio de Janeiro REVISÃO SISTEMÁTICA E BIOGEOGRAFIA DE SCHOENHERR, 1826 (COLEOPTERA, ANTHRIBIDAE, ANTHRIBINAE, Marcela Paes de Azevedo Machado Lopes Universidade Federal do Rio de Janeiro REVISÃO SISTEMÁTICA E BIOGEOGRAFIA DE STENOCERUS SCHOENHERR, 1826 (COLEOPTERA, ANTHRIBIDAE, ANTHRIBINAE, STENOCERINI) Marcela Paes de Azevedo Machado Lopes Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Biodiversidade e Biologia Evolutiva. Rio de Janeiro 2018 STENOCERUS SCHOENHERR, 1826 (COLEOPTERA, ANTHRIBIDAE, ANTHRIBINAE, Dissertação apresentada ao Programa de em Biodiversidade e Biologia Evolutiva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Biodiversidade e Biologia Evolutiva. ii REVISÃO SISTEMÁTICA E BIOGEOGRAFIA DE STENOCERUS SCHOENHERR, 1826 (COLEOPTERA, ANTHRIBIDAE, ANTHRIBINAE, STENOCERINI) Marcela Paes de Azevedo Machado Lopes Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Biodiversidade e Biologia Evolutiva. Orientador: Dr. José Ricardo Miras Mermudes. Banca examinadora: _______________________ Profa. Dra. Cássia Mônica Sakuragui -UFRJ- Titular interno _______________________ Prof. Dr. Gabriel Luis Figueira Mejdalani -MN/UFRJ- Titular externo _______________________ Prof. Dr. Leandro Lourenço Dumas -PPGZOO/UFRJ- Titular externo _______________________ Prof. Dr. Paulo Cesar de Paiva -UFRJ- Suplente interno _______________________ Prof. Dr. Ricardo Moratelli Mendonça da Rocha -UFRJ- Suplente interno _______________________ Rio de Janeiro Agosto/ 2018 iii FICHA CATALOGRÁFICA LOPES, Marcela Paes de Azevedo Machado Revisão Sistemática e Biogeografia de Stenocerus Schoenherr, 1826 (coleoptera, Anthribidae, Anthribinae, Stenocerini) – Marcela Paes de Azevedo Machado Lopes - Rio de Janeiro: UFRJ/ Instituto de Biologia, 2018. (xv-150 f. il.). Orientador: Prof. Dr. José Ricardo Miras Mermudes Dissertação (mestrado) – UFRJ/ Instituto de Biologia/ Programa de Pós- graduação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva, 2018. Referências Bibliográficas: f. 111-124. 1. Coleoptera. 2. Anthribidae. 3. Anthribinae. 4. Stenocerus Schoenherr, 1826. 5. Filogenia. 6. Biogeografia. I. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Intituto de Biologia, Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva. II. José Ricardo M. mermudes. III. Dissertações. iv AGRADECIMENTOS Ao meu marido, Gutemberg Gustavo Lopes, pelo conforto, carinho, apoio e ajuda ao longo da minha jornada e principalmente pela paciência, para aturar meu mau humor, meus altos e baixos e ausência física e mental. Obrigada por tudo! Te amo para sempre! Ao meu filho querido, Gutemberg Machado Lopes, por compreender que eu não pude estar tão presente em sua vida nesse momento. Desculpe-me, eu te amo muito! Aos meus familiares pelo incentivo, e por aguentarem meu desânimo e lamúrias, principalmente as primas Gabi, Alessandra, Helena e Ines. Ao meu orientador, José Ricardo Miras Mermudes, por acreditar em meu potencial desde o primeiro momento. Por todos os ensinamentos, todo apoio e toda a ajuda nessa caminhada. Agradeço por sempre me motivar a fazer o meu melhor. Agradeço principalmente a paciência comigo e ainda por ser muito mais que um orientador, um amigo. A Ingrid Mattos, uma pessoa extraordinária e maravilhosa que entrou na minha vida e me incentivou a entrar nessa jornada de conhecimento. Aos amigos por entenderem quando tive que dizer não as saídas para me dedicar aos estudos. A toda equipe do LabEnt, por toda a convivência, sugestões, debates e ajuda durante toda a minha experiência no laboratório, principalmente à Fox, Fernando, Marcelo, André Diniz, Jordão, Behind, Cego, Dori, entre tantos e a Karina que esteve comigo desde o começo. Em especial ao André (Pastor) que me ensinou e ajudou muito, com conversas e ideias, além de todo o apoio e incentivo. Obrigada por me aturar! A Profa Daniela Takiya por me dar uma assessoria com o RASP e com outras dúvidas. A todos os curadores das coleções com material examinado neste trabalho, pela confiança e empréstimo do material. Ao Paulinho (Xerox) por me dar uma ajudinha com impressões, que facilitaram meu trabalho. A banca de seleção do mestrado e ao programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva da UFRJ pela oportunidade, e a todos os professores pelos ensinamentos. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo repasse da bolsa de mestrado e ao PROTAX CNPQ/CAPES 440479/2015-0. E por fim a todos que contribuíram de forma direta ou indireta para a realização deste trabalho. v “O segredo é não correr atrás das borboletas. É cuidar do jardim para que elas venham até você.” Mario Quintana “O mundo não é um grande arco-íris. É um lugar sujo, é um lugar cruel. Que não quer saber o quanto você é durão. Vai botar você de joelhos e você vai ficar de joelhos para sempre se você deixar. Você, eu, ninguém vai bater tão duro como a vida. Mas não se trata de bater duro. Se trata de quanto você aguenta apanhar e seguir em frente. O quanto você é capaz de aguentar e continuar tentando. É assim que se consegue vencer.” Rocky Balboa vi RESUMO Stenocerus Schoenherr, 1826 era composto por oito espécies distribuídas na Região Neotropical e após estudo pioneiro com base na morfologia do exoesqueleto e terminália do macho e fêmea aliado à análise filogenética o gênero inclui 11 espécies: três novas espécies do Brasil; e uma do Peru; S. sigillatus Jordan, 1906 (Brasil); S. nigrotessellatus Blanchard, 1847 (Panamá, Guiana, Peru, Bolívia e Brasil); S. frontalis Gyllenhal, 1833 (Guiana e Brasil); S. fulvitarsis (Germar, 1824) (Brasil e Paraguai); S. longulus Jekel, 1855 (Estados Unidos a Argentina); S.angulicollis Jekel, 1855 (México a Colômbia e Brasil); e S. varipes Fahraeus, 1839 (Bolívia e Brasil). Uma sinonímia entre Stenocerus fulvitarsis (Germar, 1824) (espécie-tipo) = S. paraguayensis Jordan, 1895 syn. nov. é proposta. Todas as espécies foram definidas e ilustradas e algumas delas redescritas. A análise cladística com 75 caracteres e 19 espécies (11 de Stenocerus e oito espécies no grupo externo) resultou em dois cladogramas igualmente parcimoniosos (187 passos, IC = 46; IR = 60) com a mesma topologia do grupo interno. Stenocerus foi recuperado como monofilético suportado por cinco sinapomorfias. S. sigillatus é grupo irmão das demais espécies, e S. frontalis grupo irmão de um grande clado formado por (S. nigrotessellatus + S. “A” sp. nov.), e este mais relacionado com um grande clado contendo sete espécies (S. fulvitarsis + (S. longulus + S. “B” sp. nov.) + (S.“C” sp. nov. + (S. “D” sp. nov. + (S. angulicollis Jekel, 1855 + S. varipes Fahraeus, 1839)))). Com os resultados da filogenia realizamos duas análises biogeográficas: 1) parcimônia de Brooks (BPA) para testar hipóteses de relação de áreas; e 2) reconstrução de áreas ancestrais com o S-DIVA no RASP. Os resultados do BPA mostraram padrões de distribuição amplilocada para sete espécies e não corroboraram as hipóteses anteriores de áreas historicamente relacionadas. Enquanto que os resultados obtidos no RASP apontaram o domínio Parana como área ancestral de Stenocerus seguido de 21 eventos de dispersão e um de vicariância. Este corroborado por padrões vicariantes de outros gruposnão relacionados filogeneticamente à Anthribidae. vii ABSTRACT Stenocerus Schoenherr, 1826 was composed of eight species distributed in the Neotropical Region and after previous study based on the morphology of the exoskeleton and terminalia of the male and female allied to the phylogenetic analysis the genus comprises 11 species: three new species from Brazil; and one from Peru; S. sigillatus Jordan, 1906 (Brazil); S. nigrotessellatus Blanchard, 1847 (Panama, Guyana, Peru, Bolivia and Brazil); S. frontalis Gyllenhal, 1833 (Guyana and Brazil); S. fulvitarsis (Germar, 1824) (Brazil and Paraguay); S. longulus Jekel, 1855 (United States to Argentina); S. angulicollis Jekel, 1855 (Mexico to Colombia and Brazil); and S. varipes Fahraeus, 1839 (Bolivia and Brazil). A synonymy between Stenocerus fulvitarsis (Germar, 1824) (type- species) = S. paraguayensis Jordan, 1895 syn. nov. is proposed. All species have been defined and illustrated and some of them redescribed. The cladistic analysis with 75 characters and 19 species (11 of Stenocerus and eight species in the outgroup) resulted in two equally parsimonious cladograms (187 steps, IC = 46; IR = 60) with the same topology of the internal group. Stenocerus was recovered as monophyletic supported by five synapomorphies. S. sigillatus is a sister group of the other species, and S. frontalis is a sister group of a large clade formed by S. nigrotessellatus + S. "A" sp. nov., related to a large clade containing seven species (S. fulvitarsis + (S. longulus + S. "B" sp. nov.) + (S. "C" sp. nov. (S. "D" sp. nov.) + (S. angulicollis Jekel, 1855 + S. varipes Fahraeus, 1839)))). With the results of the phylogeny we performed two biogeographic analyzes: 1) Brooks parsimony analysis (BPA) to test hypotheses of area relationships; and 2) reconstruction of ancestral areas with S-DIVA in the RASP. BPA results showed widespread distribution patterns for seven species and did not corroborate previous hypotheses from historically related areas. While the results obtained in the RASP pointed to the Parana domain as an ancestral area of Stenocerus followed by 21 dispersion events and one of vicariance. This is corroborated by vicariant patterns of other groups not phylogenetically related to Anthribidae. viii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................. 1 1.1 A Ordem Coleoptera…………..........................................…............................................ 1 1.2 A Família Anthribidae e a Subfamília Anthribinae........................................................... 2 1.3 Revisão da literatura.......................................................................................................... 3 2. OBJETIVOS.................................................................................................................................... 8 3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................................. 8 3.1 Material Examinado………………………….…………………………......................... 8 3.2 Material-tipo...................................................................................................................... 9 3.3 Terminologia, Dissecações e Ilustrações..…………………..….......……...................... 11 3.4 Análise Filogenética........................................................................................................ 11 3.5 Descrição e redescrição das espécies............................................................................... 14 3.6 Distribuição geográfica..……………………………………………….......................... 15 3.7 Biogeografia.................................................................................................................... 15 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................................. 17 4.1 Análise Filogenética…………………………………………………......................….. 17 4.1.1 Caracteres................................................................................................................ 17 4.1.2 Cladística................................................................................................................. 42 4.2 Sistemática………………………................................................................................... 44 Stenocerus Schoenherr 1826.................................................................................................. 44 Chave de Identificação das espécies de Stenocerus Schoenherr, 1826................................. 48 Stenocerus sigillatus Jordan, 1906........................................................................................ 51 Stenocerus frontalis Gyllenhal, 1833.................................................................................... 56 Stenocerus nigrotessellatus Blanchard, 1847....................................................................... 60 Stenocerus “A” sp. nov....................................................................................................... 66 ix Stenocerus fulvitarsis (Germar, 1824).................................................................................. 70 Stenocerus longulus Jekel, 1855........................................................................................... 75 Stenocerus “B” sp. nov........................................................................................................ 80 Stenocerus “C” sp. nov........................................................................................................ 85 Stenocerus “D” sp. nov....................................................................................................... 90 Stenocerus angulicollis Jekel, 1855...................................................................................... 95 Stenocerus varipes Fahraeus, 1839...................................................................................... 100 4.3 Biogeografia…………………………………………............................…...……....... 106 4.3.1 Distribuição............................................................................................................ 106 4.3.2 Resultados BPA..................................................................................................... 107 4.3.3 Resultados S-DIVA............................................................................................... 109 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................... 110 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................... 111 7. FIGURAS E TABELAS.............................................................................................................. 125 8. ANEXO....................................................................................................................................... 150 ANEXO A - Mapa das áreas de endemismo de Morrone (2014)....................................... 150 x LISTA DE FIGURAS Figuras 1–12. 1, Stenocerus sigillatus Jordan, holótipo macho BMNH; 2, S. paraguayensis Jordan, holótipo fêmea BMNH; 3, S. amazonae Jekel, síntipo BMNH; 4, S. brunnecens Jekel, holótipo BMNH; 5, S. mexicanus Jekel, holótipo BMNH; 6, S. migratorius Jekel, holótipo BMNH; 7, S. tessellatus Jekel, sintipo BMNH; 8, S. angulicollis Jekel, holótipo macho BMNH; 9, S. platalea Jordan, holótipo fêmea BMNH; 10, S. verticallis Jekel, holótipo fêmea, BMNH; 11, S. nigrotessellatus Blanchard, holótipo fêmea MNHN; 12, S. blanchardi Jekel, holótipo MNHN ... 10 Figuras 13–28. Habitus dorsal e lateral, respectivamente:13–14, Barra salamandrina Frieser; 15- 16, Gymnognathus sp.; 17–18, Ptychoderes viridanus Boheman; 19–20, Hypselotropis prasinata (Fåhraeus); 21–22, Acanthothorax mechowi (Quedenfeldt); 23–24, Meconemus aeneus (Jordan); 25–26, M. metallicus (Jordan); 27–28, Araecerus fasciculatus (Degeer) ...................................... 13 Figuras 29–30. Stenocerus Sigillatus, dorsal e lateral ..................................................................... 51 Figuras 31–44. Stenocerus sigillatus: 31–32, rostro frontal e lateral; 33, antena; 34, pronoto; 35, futuras laterais; 36, processo mesosternal; 37, élitro dorsal; 38, abdômen, ventral; 39, pigídio dorsal; 40, tergito e esternito VIII, ventral; 41–42, tégmen dorsal e lateral; 43–44, edeago dorsal e lateral ........................................................................................................................................................... 55 Figuras 45-46. Stenocerus frontalis, dorsal e lateral ....................................................................... 56 Figuras 47–60. Stenocerus frontalis: 47–48, rostro frontal e lateral respectivamente; 49, antena; 50, pronoto; 51, protórax lateral; 52, processo mesosternal; 53, élitro dorsal; 54, abdômen, ventral; 55, pigídio dorsal; 56, tergito e esternito VIII ventral; 57–58, tégmen dorsal e lateral; 59–60, edeago dorsal e lateral .................................................................................................................................. 59 Figuras 61–62. Stenocerus nigrotessellatus, dorsal e lateral .......................................................... 60 Figuras 63–76. Stenocerus nigrotessellatus: 63–64, rostro frontal e lateral respectivamente; 65, antena; 66, pronoto; 67, protórax lateral; 68, processo mesosternal; 69, élitro dorsal; 70, abdômen, ventral; 71, pigídio dorsal; 72, tergito e esternito VIII ventral; 73–74, tégmen dorsal e lateral; 75– 76, edeago dorsal e lateral ................................................................................................................ 65 Figuras 77–78. Stenocerus “A” sp. nov., dorsal e lateral ............................................................... 66 xi Figuras 79–92. Stenocerus “A” sp. nov.: 79–80, rostro frontal e lateral respectivamente; 81, antena; 82, pronoto; 83, protórax lateral; 84, processo mesosternal; 85, élitro dorsal; 86, abdômen, ventral; 87, pigídio dorsal; 88, tergito e esternito VIII ventral; 89-90, tégmen dorsal e lateral; 91-92, edeago dorsal e lateral ................................................................................................................................... 69 Figuras 93–94. Stenocerus fulvitarsis, dorsal e lateral .................................................................... 70 Figuras 95–108. Stenocerus fulvitarsis: 95–96, rostro frontal e lateral respectivamente; 97, antena; 98, pronoto; 99, protórax lateral; 100, processo mesosternal; 101, élitro dorsal; 102, abdômen, ventral; 103, pigídio dorsal; 104, tergito e esternito VIII ventral; 105–106, tégmen dorsal e lateral; 107–108, edeago dorsal e lateral ...................................................................................................... 74 Figuras 109–110. Stenocerus longulus dorsal e lateral ................................................................... 76 Figuras 111–124. Stenocerus longulus: 111–112, rostro frontal e lateral respectivamente; 13, antena; 114, pronoto; 115, protórax lateral; 116, processo mesosternal; 117, élitro dorsal; 118, abdômen, ventral; 119, pigídio dorsal; 120, tergito e esternito VIII ventral; 121–122, tégmen dorsal e lateral; 123–124, edeago dorsal e lateral ....................................................................................... 78 Figuras 125–126. Stenocerus “B” sp. nov., dorsal e lateral ............................................................ 80 Figuras 127–140. Stenocerus “B” sp. nov.: 127–128, rostro frontal e lateral respectivamente; 129, antena; 130, pronoto; 131, protórax lateral; 132, processo mesosternal; 133, élitro dorsal; 134, abdômen, ventral; 135, pigídio dorsal; 136, tergito e esternito VIII ventral; 137–138, tégmen dorsal e lateral; 139–140, edeago dorsal e lateral ....................................................................................... 84 Figuras 142-143. Stenocerus “C” sp. nov., dorsal e lateral ............................................................ 85 Figuras 144-157. Stenocerus “C” sp. nov.: 144–145, rostro frontal e lateral; 146, antena; 147, pronoto; 148, protórax lateral; 149, processo mesosternal; 150, élitro dorsal; 151, abdômen, ventral; 152, pigídio dorsal; 153, tergito e esternito VIII ventral; 154-155, tégmen dorsal e lateral; 156-157, edeago dorsal e lateral ...................................................................................................................... 89 Figuras 158–159. Stenocerus ”D” sp. nov., dorsal e lateral ........................................................... 90 Figuras 160–174. Stenocerus “D” sp. nov.: 160–161, rostro frontal e lateral; 162, antena; 163, pronoto; 164, protórax lateral; 165, processo mesosternal; 166, élitro dorsal; 167, abdômen, ventral; xii 168, pigídio dorsal; 169, tergito e esternito VIII ventral; 170–171, tégmen dorsal e lateral; 172–173, edeago dorsal e lateral ...................................................................................................................... 94 Figuras 174–175. Stenocerus angulicollis, dorsal e lateral ............................................................. 95 Figuras 176–188. Stenocerus angulicollis: 176–177, rostro, frontal e lateral; 178, antena; 179, pronoto; 180, protórax lateral; 181, processo mesosternal; 182, élitro dorsal; 183, abdômen, ventral; 184, pigídio dorsal; 185–186, tégmen dorsal e lateral; 187–188, edeago dorsal e lateral .............. 99 Figuras 189-190. Stenocerus varipes, dorsal e lateral ................................................................... 100 Figuras 191–204. Stenocerus varipes: 191–192, rostro frontal e lateral respectivamente; 193, antena; 194, pronoto; 195, protórax lateral; 196, processo mesosternal; 197, élitro dorsal; 198, abdômen, ventral; 199, pigídio dorsal; 200, tergito e esternito VIII ventral; 201–202, tégmen dorsal e lateral; 203–204, edeago dorsal e lateral ..................................................................................... 105 Figuras 205–218. Abdômen e pigídio, fêmeas: 205 e 212, Stenocerus frontalis; 206 e 213, S. longulus; 207 e 214, S. fulvitarsis; 208 e 215, S. nigrotessellatus; 209 e 216, S. sigillatus; 210 e 217, S. angulicollis; 211 e 218, S. varipes. Escalas = 1 mm .................................................................. 125 Figuras 219–239. Tergito e esternito VIII e IX, fêmeas: 219–220 e 233, Stenocerus frontalis; 221– 222 e 234, S. longulus; 223–224 e 235, S. fulvitarsis; 225–226 e 236, S. nigrotessellatus; 227–228 e 237, S. sigillatus; 229–230 e 238, S. angulicollis; 231–232 e 239, S. varipes ............................... 126 Figuras 240–273. Ovipositor, ventral, dorsal, lateral, espermateca e placa denteada, respectivamente: 240-242, 261 e 267 Stenocerus frontalis; 243–245, 262 e 268 S. longulus; 246– 248, 263 e 269 S. fulvitarsis; 249–251, 264 e 270 S. nigrotessellatus; 252–254, 265 e 271 S. sigillatus; 255–257, 266 e 272 S. angulicollis; 258–260 e 273 S. varipes ..................................... 127 Figuras 274-292. 274, fronte, detalhe da margem ocular superior com faixa (Stenocerus angulicollis); 275, cabeça, detalhe da faixa longitudinal mediana (S. longulus); 276, pronoto, detalhe da mancha circular escura na elevação mediana (S. varipes). Élitro, metade posterior, interestria 1: 277, com padrão enxadrezado (S. varipes); e 278, com manchas arredondadas irregulares (S. nigrotessellatus). Tíbias, faixas anelares:279, antimediana transversal (S. fulvitarsis); 280, proximal (B. salamandrina); 281, terço mediano (S. varipes). 282, abdômen com escamas amarelas formando tufos (S. longulus). Chanfro apical: 283, ausente (A. fasciculatus); e 284, raso xiii (S. longulus); e 285, profundo (P. viridanus). Projeção lateral no nível dos escrobos: 286, ausente (H. prasinata); e 287, presente (S. angulicollis); Pronoto: 288, formato de trapézio, sem carena lateral saliente (Gymnognathus sp); e 289, carena lateral saliente (S. longulus). Élitros, formato: 290, alongado, com lados paralelos (H. prasinata); e 291, ligeiramente curtos, lados ligeiramente convergentes (S. frontalis). Detalhe pontuação elitral proximal: 292, fortemente pontuados, pontos largos e/ou profundos nas estrias (S. longulus) .............................................................................. 128 Figura 293. Primeiro cladograma mais parcimonioso com relações de parentesco das espécies em Stenocerus, otimização não ambígua, 187 passos (omitidos, estados com ambiguidade); IC = 46; IR = 60. Sinapomorfias são indicadas por círculos pretos, e homoplasias por círculos brancos ........ 132 Figura 294. Segundo cladograma mais parcimonioso com relações de parentesco das espécies em Stenocerus, otimização não ambígua, 187 passos (omitidos, estados com ambiguidade); IC = 46; IR = 60. Sinapomorfias são indicadas por círculos pretos, e homoplasias por círculos brancos ........ 133 Figura 295. Cladograma de consenso estrito das relações de parentesco das espécies em Stenocerus; 188 passos, otimização não ambígua; IC = 46; IR = 59. Valores de Bootstrap (verde) acima e Índice de Bremer (vermelho). Letras abaixo dos ramos indicam clados discutidos no texto ......................................................................................................................................................... 134 Figura 296. Mapa da distribuição das espécies de Stenocerus ...................................................... 135 Figura 297. Mapa da distribuição. S. sigillatus: A, localidades; B, áreas de endemismo de MORRONE (2014) ........................................................................................................................ 136 Figura 298. Mapa da distribuição de S. frontalis: A, localidades; B, áreas de endemismo de MORRONE (2014) ........................................................................................................................ 137 Figura 299. Mapa da distribuição de S. nigrotessellatus: A, localidades; B, áreas de endemismo de MORRONE (2014) ........................................................................................................................ 138 Figura 300. Mapa da distribuição de S. fulvitarsis: A, localidades; B, áreas de endemismo de MORRONE (2014) ........................................................................................................................ 139 Figura 301. Mapa da distribuição de S. longulus: A, localidades; B, áreas de endemismo de MORRONE (2014) ........................................................................................................................ 140 xiv Figura 302. Mapa da distribuição de S. angulicollis: A, localidades; B, áreas de endemismo de MORRONE (2014) ........................................................................................................................ 141 Figura 303. Mapa da distribuição de S. varipes: A, localidades; B, áreas de endemismo de MORRONE (2014) ........................................................................................................................ 142 Figura 304. Mapa da distribuição de espécies novas: A, localidades; B, áreas de endemismo de MORRONE (2014) ........................................................................................................................ 143 Figura 305. Mapa das áreas de endemismo onde as espécies de Stenocerus ocorrem, modificado de MORRONE (2014) ........................................................................................................................ 144 Figura 306. Cladograma táxon-área de Stenocerus para análise biogeográfica do BPA primário. Linhagens e ancestrais numerados em azul. Em vermelho os número das áreas de endemismo propostas por MORRONE (2014) em que as espécies ocorrem (nome das áreas vide tabela x) ... 145 Figura 307. Cladograma de área resultante do consenso estrito da análise biogeográfica do BPA de Stenocerus; otimização não ambígua; 49 passos; IC = 58; IR = 78 ............................................... 147 Figura 308. Resultados da Reconstrução de Áreas Ancestrais (S-DIVA) no RASP sobre a melhor árvore de parcimônia obtida para dados morfológicos de Stenocerus. As letras são referentes às seguintes áreas: A = Sul Mexicano; B = Mesoamerica; C = Pacifico norte; D = Boreal; E = Sul Brasil; F = Sudeste Amazônico; G = Chacoan; H = Parana. Domínios modificados de MORRONE (2014). Nós circulados em azul são eventos de vicariância e nós circulados em vermelho são eventos de dispersão ....................................................................................................................... 149 xv LISTA DE TABELAS Tabela 1: Espécies e suas respectivas tribos e subfamílias utilizadas na análise cladística ............ 12 Tabela 2: Matriz de caracteres utilizados na análise cladística de Stenocerus, com 19 táxons e 75 caracteres. (/) = Polimorfismos, (?) = estados não observados e (-) = estados não aplicáveis ....... 129 Tabela 3: Novos registros, em negrito, de distribuição de dez espécies de Stenocerus ................ 107 Tabela 4: Matriz táxon-área de Stenocerus para análise biogeográfica do BPA primário com as áreas de endemismo de MORRONE (2014) .................................................................................. 146 Tabela 5: Domínios modificados de MORRONE (2014) onde as espécies de Stenocerus ocorrem para a análise do S-DIVA no RASP ............................................................................................... 148 1 1. INTRODUÇÃO 1.1 A Ordem Coleoptera A ordem Coleoptera Linnaeus, 1758, é uma das mais importantes entre os artrópodes, pois possui a maior representatividade de Hexapoda devido ao alto número de espécies conhecidas, que somam cerca de 40% do total de espécies de insetos descritas (TRIPLEHORN & JOHNSON, 2011). É considerada a maior ordem de organismos, com mais de 380.000 espécies existentes, 170 famílias e 29.000 gêneros (SLIPINSKI et al., 2011). Também conhecidos como besouros, é o grupo dentre os insetos mais diverso e rico em espécies na Terra (ZHANG et al., 2018). Constituem cerca de 25% de todas as espécies animais descritas do planeta, e muitas ainda permanecem por serem descritas (GROVE & STORK, 2000). As sinapomorfias de Coleoptera incluem, entre outras: cutícula fortemente esclerosada, sem membranas aparentes; asas anteriores esclerosadas em forma de élitros; função de voo restrita ao metatórax; segmento abdominal I reduzido; e segmentos abdominais VIII e IX invaginados (BEUTEL, 1997, 2005; LAWRENCE et al., 2011). Os primeiros ancestrais conhecidos dos Coleoptera modernos datam do início do Permiano (280 a 270 Ma) (CROWSON, 1960; GRIMALDI & ENGEL, 2005; MCKENNA et al., 2015). Um estudo recente relatou novo fóssil para o Carbonífero e uma nova origem anterior foi proposta, mas outros pesquisadores sugeriram a reavaliação desse fóssil (ZHANG et al., 2018). Estes insetos sobreviveram à grande extinção do Permiano, a maior da história, tendo grande diversificação no Cretáceo, com cerca de 64% das famílias originadas nesse período (MCKENNA et al., 2015; ZHANG et al., 2018). Os Coleoptera exibem extraordinária morfologia, com uma diversidade surpreendente de corpo, tamanhos, formas e estruturas,uma gama igualmente variada de hábitos ecológicos e desempenham papéis importantes em quase todos os ecossistemas terrestres e de água doce (CROWSON, 1981). Decifrar a evolução e história dos Coleoptera é um dos mais importantes e complicados problemas na biologia e evolução dos insetos, e para entender os processos que resultaram nessa extraordinária diversidade é necessário uma filogenia abrangente, o que se torna um desafio difícil devido à sua excepcional riqueza de espécies, características morfológicas complicadas e dados moleculares esparsos (ZHANG et al., 2018). 2 O conhecimento taxonômico sobre os Coleoptera é muito desuniforme e dependendo do táxon considerado pode-se dizer que algumas famílias possuem “mais prestígio” do que outras, pois contam com maior número de pesquisadores que as estudam do que outras famílias igualmente importantes e diversificadas, pouco estudadas ou não estudadas por pesquisador algum (VANIN & IDE, 2002). Esse fato, aliado à enorme diversidade, aumenta ainda mais as dificuldades para a obtenção de classificações consistentes. A família Anthribidae é um exemplo de táxons pouco estudados. O conhecimento sobre a taxonomia e filogenia da família ainda era incipiente ao final da década de 90, quando os estudos sistemáticos e filogenéticos de Anthribidae na Região Neotropical foram retomados por MERMUDES (2005), MERMUDES & NAPP (2006) e MERMUDES & MATTOS (2010), incluindo discussões biogeográficas (MERMUDES & RODRIGUES, 2010; MERMUDES, 2015). 1.2 A Família Anthribidae e a Subfamília Anthribinae Os gorgulhos do fungo (Anthribidae) são uma das famílias mais primitivas de besouros curculionoides, próxima a família Nemonychidae (LEGALOV, 2006). Apenas algumas formas fósseis foram registradas para essa família, como os da subfamília Anthribinae (ZHERIKHIN, 1993), e os da subfamília Choraginae (SORIANO et al., 2006) do período Cretáceo, tendo o registro mais antigo para o período Jurássico (LEGALOV, 2010). Anthribidae compreende pouco mais de 370 gêneros e cerca de 3.861 espécies subdivididas em três subfamílias (MERMUDES & LESCHEN, 2014): Urodontinae Thomson,1859, registrada para a região Afrotropical e parte da região Paleártica, e Anthribinae Billberg, 1820 e Choraginae Kirby, 1819 com distribuição para todas as regiões biogeográficas (LAWRENCE & NEWTON, 1995; LAWRENCE et al., 1999 ALONSO-ZARAZAGA & LYAL, 1999; RHEINHEIMER, 2004). As relações entre as três subfamílias foi discutida por KUSCHEL (1995), através de metodologias cladística de dados morfológicos de adultos e larvas, onde considerou Urodontinae grupo irmão de Anthribinae + Choraginae. A posição basal de Anthribidae e sua relação com Nemonychidae em Curculionoidea considerada por KUSCHEL (1995) foi corroborada com dados moleculares por WINK & RHEINHEIMER (1997), MCKENNA et al. (2009), HARAN et al. (2013) e SEUNGGWAN et al. (2017). As autapomorfias de Anthribidae adultos (MARVALDI et al., 2002 apud MERMUDES & LESCHEN, 2014) são: suturas notosternal transversais; presença de falange infero-lateral no élitro; quatro veias anais nas asas posteriores; cavidades mesocoxais fechadas lateralmente por lobos meso 3 e metasternais; esporões tibiais ausentes ou muito rudimentar; tergitos VI e VII medialmente sulcado, um ou ambos; pigídio presente em machos; gânglios meso- e metatorácicos fundidos. Estudos taxonômicos com informações morfológicas importantes foram realizados para espécies da família, porém, restritos a determinadas regiões biogeográficas, como: América do Norte (VALENTINE, 1998), Japão (MORIMOTTO, 1972; 1978; 1979; 1980; 1981), Nova Zelândia (HOLLOWAY, 1982), Austrália (ZIMMERMAM, 1994), Nova Caledônia (KUSCHEL, 1998) e Norte da Europa (GONGET, 2003). Entretanto, é possível reconhecer o acúmulo de trabalhos restritos à descrição de gêneros e espécies, revisões e catálogos, que jamais mencionam ou resgatam as relações entre os táxons (SCHOENHERR, 1823; 1826; 1933; 1839; JEKEL, 1855; JORDAN, 1895; 1906; LACORDAIRE, 1866; VALENTINE, 1980; ALONSO-ZARAZAGA & LYAL, 1999; TRYZNA & VALENTINE, 2011; RHEINHEIMER, 2004). Anthribinae possui 314 gêneros, com 50 deles ocorrendo em Regiões Neotropicais (RHEINHEIMER, 2004) e 28 tribos (ALONSO-ZARAZAGA & LYAL, 1999). Para a subfamília, MERMUDES (2005), MERMUDES & NAPP (2006) realizaram a revisão de Hypselotropis Jekel, 1855 e Ptychoderes Schoenherr, 1823 respectivamente, onde apresentaram filogenia através de análise cladística, e hipóteses biogeográficas para o primeiro. Stenocerini Kolbe, 1895 possui 16 gêneros, sendo Stenocerus Schoenherr, 1826 e Phaenotheriopsis Wolfrum, 1931 exclusivos para Região Neotropical (RHEINHEIMER, 2004). Em Stenocerini, não existem estudos com cladística ou biogeografia. Como dito anteriormente, trabalhos com análises filogenéticas em grupos internos de Anthribidae são escassos, e nenhum foi realizado para qualquer grupo de Stenocerini, logo, a análise filogenética de Stenocerus será a primeira do tipo para a tribo. 1.3. Revisão da literatura SCHOENHERR (1823) listou o nome Stenocerus como gênero novo pertencente à segunda divisão (Anthribidae) da família Curculionidum, com a espécie-tipo Stenocerus nubfer (nomen nudum), para o Brasil. Porém, ele não fez nenhuma descrição formal do gênero. SCHOENHERR (1826), alocou Stenocerus como novo subgênero de Anthribus, designando Anthribus fulvitarsis Germar, 1824 do Brasil como espécie-tipo e, Anthribus (Stenocerus) frontalis Gyllenhal, 1833 do Brasil como congênere. A validade do gênero foi confirmada aqui quando arrolou uma espécie descrita (ALONSO-ZARAZAGA & LYAL, 1999). PERTY (1832) arrolou Stenocerus anatinus do Brasil ao subgênero. 4 Em 1833 Stenocerus foi descrito formalmente como gênero, com S. fulvitarsis (Germar, 1824) como espécie-tipo, e GYLLENHAL descreveu Stenocerus frontalis do Brasil e Stenocerus collaris de Java (SCHOENHERR, 1833). GERMAIN (1854) descreveu Stenocerus quadratipennis de Talcahuano-Chile, hoje alocado em Hylotribus (RHEINHEIMER, 2004) e sinônimo Junior de Hylotribus signatipes (Blanchard, 1851), segundo QUEIROZ et al. (2017). BOISDUVAL (1835) descreveu Stenocerus garnotti da Nova Guiné citando as pranchas de GUÉRIN (1829-1944). SCHOENHERR (1839) redescreveu Stenocerus fornecendo novos caracteres para a diagnose do gênero e atribuindo sua distribuição para o Brasil e Ilha de Java. Ainda incluiu Stenocerus varipes Fahraeus, 1839 do Brasil, e sinonimizou S. anatinus a S. fulvitarsis. BLANCHARD (1846) descreveu Stenocerus nigrotessellatus proveniente da Província Guarayos, Bolivia. ERICHSON (1847) fez breve descrição de Stenocerus velatus e Stenocerus aspis do Peru. BLANCHARD (1851) descreveu quatro espécies novas: Stenocerus asperatus, Stenocerus minutus, Stenocerus tuberculosus, Stenocerus signatipes, sendo as três primeiras exclusivas para o Chile. JEKEL (1855) fez a primeira revisão do gênero, citando que foi estabelecido por Schoenherr para certas espécies americanas, e que ele associou a espécie de Java, S. collaris e S. garnotii da Nova Guiné, como pertencentes ao mesmo gênero erroneamente. JEKEL (1855) descreveu as espécies como estreitamente aliadas em forma, escultura e colorido do revestimento que, sem grande cuidado e exame de muitos espécimes, dificilmente encontrariam diferenças entre elas. Assim, separou-os de acordo com as proporções relativas do corpo, tórax, élitro e etc, com escalas cuidadosas dessas proporções e descrições comparativas. Posteriormente, agrupou as espécies descritas no gênero em três linhagens segundo a proximidade de seus caracteres e sinonimizou algumas delas. Na stirp I agrupou Stenocerus fulvitarsis (Germar, 1824) e Stenocerus testudo Jekel, 1855 da Caiena (Guiana Francesa). Na stirp II juntou Stenocerus longulus Jekel, 1855 do Brasil, Stenocerus mexicanus Jekel, 1855 do México, Stenocerus migratoriusJekel, 1855 do Brasil, Stenocerus amazonae Jekel, 1855 da Caiena (Guiana Francesa) e Amazonas (Brasil), Stenocerus tessellatus Jekel, 1855 de Cartagena (Colômbia) e Stenocerus brunnescens Jekel, 1855 de Cartagena (Colômbia). Na stirp III Stenocerus frontalis Gyllenhal, 1833 e Stenocerus verticalis Jekel, 1855 ambas do Brasil, Stenocerus varipes Fahraeus, 1839 e Stenocerus angulicollis Jekel, 1855 as duas de Cartagena (Colômbia). 5 Na adenda e corrigenda JEKEL (1860) fez as seguintes adições de espécies: stirp I: Stenocerus nigrotessellatus Blanchard, 1847 e Stenocerus velatus Erichson, 1847; stirp II: Stenocerus blanchardii Jekel, 1855; stirp III: Stenocerus aspis Erichson, 1847. JEKEL (op cit.) citou ainda que exceto as espécies acima registradas, todas as outras que foram descritas por vários autores como pertencentes a esse gênero são muito diferentes em suas formas genéricas; S. garnotii e S. tessellatus são duas espécies muito próximas e com certa semelhança externa com Stenocerus, mas na verdade são muito mais parecidas com Platyrhinus latirostris (Fabricius, 1775); S. collaris é uma modificação do gênero asiático Litocerus Schoenherr, 1833; S. minutus e S. asperatus poderiam provisoriamente ser organizados com Tropideres; e por último, que S. tuberculosus e S. signatipes exibem uma forma distinta, propondo o nome de Hylotribus Jekel, 1860. Hoje o gênero e essas espécies estão alocados em Discotenini (QUEIROZ & MERMUDES, 2014; QUEIROZ et al., 2017) LACORDAIRE (1866) redescreveu o gênero Stenocerus e alocou no “Groupe VIII. Phloeophilides” por determinadas características já descritas anteriormente, mas fez uma importante observação quando chamou a atenção para a diversidade no desenvolvimento do processo mesosternal. Apontou o gênero como sendo exclusivamente das Américas e que se espalhou do Brasil para o México. Advertiu ainda que todas as espécies descritas para o gênero que não fossem procedentes das Américas, como S. collaris e S. garnotti, deveriam ser excluídas e formar novos gêneros. Hoje, estas espécies estão respectivamente alocadas nos gêneros Acorynus Schoenherr, 1833 e Hylopemon Jekel, 1860 (RHEINHEIMER, 2004). MOTSCHULSK (1875) descreveu sucintamente Stenocerus variegatus da Nicarágua. JORDAN (1895) arrolou uma variação, Stenocerus testudo a. nigritarsis com localidade- tipo para o Vulcão Chiriqui (Panamá), sinônimo de S. nigrotessellatus (VALENTINE, 1980), e descreveu a espécie Stenocerus paraguayensis para o Paraguai. BOVIE (1905) forneceu um catálogo de Anthribidae, com a revisão do Karl Jordan, fornecendo a lista das espécies de Stenocerus e suas respectivas sinonímias, citando 11 espécies. JORDAN (1906) realizou uma nova revisão do gênero onde sinonimizou algumas espécies descritas por Jekel em 1855, pois segundo ele, os caracteres sobre as diferenças na forma do protórax e élitro sobre os quais Jekel baseou a maioria de suas espécies são instáveis e não pode ser confiável. Neste trabalho relata que a diversidade no desenvolvimento do processo mesosternal, juntamente com distinções do rostro, caracteriza suficientemente os membros deste gênero. JORDAN também forneceu uma chave para identificação das espécies, com exceção de S. nigrotessellatus e S. blanchardi, que não puderam ser observados por ele, e descreveu Stenocerus 6 platalea para o México, Nicarágua e Guatemala, sendo esta última a localidade do holótipo e Stenocerus sigillatus para o Brasil, este descrito na chave. WOLFRUM (1929) forneceu um catálogo com 11 espécies, mas diferente de BOVIE (op cit.) alocou S. aspis em Dinocentrus Lacordaire, 1866, não cita S. mexicanus como sinônimo de S. longulus e refere-se a S. testudo como sinônimo de S. velatus. SLEEPER (1953) descreveu Stenocerus knullorum, localidade-tipo Hidalgo – Texas (EUA). VALENTINE (1960) estudou os Anthribidae da América do Norte e mencionou que nenhum pesquisador anterior comparou material norte-americano com paleártico ou neotropical e como resultado disso a classificação existente era artificial e, em muitos casos, errônea. Ainda alocou o gênero na tribo Allandrini Pierce, 1930 e sinonimizou S. knullorum com S. longulus. VALENTINE (1980) fez a revisão do gênero e indica a presença de cerdas longas entre os antenômeros IV-XI e processo mesosternal mais largo que a metade da cavidade cotilóide mediana como caracteres únicos no gênero, mas nenhum detalhe da morfologia interna foi estudado. Esta foi a última revisão feita para o gênero, no qual o autor conclui que Stenocerus possuía oito espécies válidas: S. frontalis Gyllenhal, 1833 e S. sigillatus Jordan, 1906 (Brasil); S. angulicollis Jekel, 1855 (México a Colômbia, Brasil); S. fulvitarsis (Germar, 1824) - espécie-tipo (Brasil e Paraguai); S. longulus Jekel, 1855 (Estados Unidos a Argentina); S. nigrotessellatus Blanchard, 1847 (Panamá, Guiana, Peru, Bolívia e Brasil); S. paraguayensis Jordan, 1895 (Paraguai); e S. varipes Fahraeus, 1839 (Bolívia e Brasil), alocado em Stenocerini, permanecendo assim até o presente (RHEINHEIMER, 2004). ALONSO-ZARAZAGA e LYAL (1999) forneceram um catálogo das famílias e gêneros em Curculionoidea com os sinônimos para Stenocerus e propuseram a tribo Stenocerini (= Stenocerinae Kolbe, 1895), sinonimizando a Allandrini. Ao mesmo tempo, VALENTINE (1999) tratou as duas tribos separadamente. ALONSO-ZARAZAGA e LYAL (2002) mencionaram o erro de data para Stenocerini (1897) do trabalho de VALENTINE (1999) e discutiram o tratamento dado por ele das tribos Stenocerini e Allandrini como separadas, contradizendo sua opinião de alocar Stenocerus dentro de Allandrini feito por VALENTINE (1960). Ao mesmo tempo, mencionaram que os caracteres usados por ele para distinguir as tribos eram fracos e decidem manter a sinonímia até que novas análises das relações dos gêneros incluídos sejam trazidas à luz. RHEINHEIMER (2004) contribuiu para o entendimento do estado atual taxonômico de Stenocerus, e da distribuição das espécies, com a elaboração do Catálogo dos Anthribidae do mundo. 7 OLIVEIRA JUNIOR & MERMUDES (2010) realizaram um estudo comparado da morfologia de três espécies – S. fulvitarsis (Germar, 1824), S. longulus Jekel, 1855 e S. frontalis Gyllenhal, 1833 – e forneceram evidências de novos caracteres para o gênero; tais como: mandíbulas delgadas, com mola basal sub-retangular e fortemente côncava; maxila com gálea subcilíndrica; antenas com clava formada pelos antenômeros IX-XI; carena sub-basal com unidades brácteas aproximada; mesoscuto no disco com diminutos nódulos adensados; mesendosternito alongado, curvo e dirigido para o mesepimero; asas desenvolvidas com a célula radial (Rc) fechada quadrangular e reduzida, setor radial (Rs) desenvolvido; veias anais (3A, 4ª) e jugal (J) evanescentes; oitavo tergito do macho mais longo que largo, esclerosado lateralmente e no ápice; edeago sem lobos no forâmen; nono tergito na fêmea mais longo que a largura da base. Ao final, os autores indicam que S. frontalis Gyllenhal, 1833 não compartilha alguns dos caracteres inferidos para o gênero. LOPES & MERMUDES, 2018 descreveram quatro novas espécies, a Stenocerus “A” sp. nov. (Mariscau, Juanjuí, Peru), a Stenocerus “B” sp. nov. (Morro do Corcovado, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), a Stenocerus “C” sp. nov. (Fazenda Jerusalém, Alegre, Espírito Santo) e a Stenocerus “D” sp. nov. (Santa Maria do Jetibá, Espírito Santo), e sinonimizam S. paraguayensis com S. fulvitarsis. A maioria das espécies de Stenocerus foi descrita sucintamente, com informações pouco suficientes para o seu reconhecimento, sem ilustrações, além da inexistência de diagnoses adequadas para as espécies e estudos da terminália dos machos e fêmeas. O reconhecimento das espécies só poderá ser feito com segurança se houver uma revisão sistemática e delimitações com os resultados da cladística, incluindo ilustrações dos caracteresdiagnósticos, levando em conta a variação existente em cada táxon aliado ao estudo da terminália. “Muito além de descobrir e nomear novas espécies, a taxonomia é impulsionada por hipóteses evolutivas que geram classificações preditivas e melhoram nossa compreensão sobre diversidade biótica através de revisões sistemáticas meticulosas e avaliações de homologia.” (DE CARVALHO et al., 2014, p. 323). A distribuição de algumas espécies também parece ser incongruente, com uma ampla área de distribuição citada na literatura, havendo necessidade de estudos que possibilitem uma melhor determinação da área geográfica aliada à definição da espécie. O estudo sistemático, de morfologia comparada, da cladística e biogeografia permitirá obter hipóteses para as relações filogenéticas das espécies e do gênero em Anthribidae, e para padrões biogeográficos históricos, contribuindo desta forma para o entendimento da fauna Neotropical. 8 Alem disso, esse estudo se justifica por representar um importante estudo de grupos megadiversos, os Coleoptera, por contribuir para compreensão da biodiversidade e de possíveis padrões biogeográficos históricos dos organismos e para conhecimento da Biodiversidade Brasileira. 2. OBJETIVOS O presente estudo teve como objetivos principais: 1) fornecer hipóteses sobre as relações filogenéticas entre as espécies e testar o monofiletismo de Stenocerus; 2) através de análises biogeográficas explicar os padrões atuais de distribuição das espécies de Stenocerus e as relações históricas das áreas de distribuição destes táxons, além de reconstruir as áreas ancestrais. E como objetivos secundários: 1) realizar um estudo de morfologia comparada para obter novos caracteres morfológicos que definem o gênero e as espécies; 2) descrever novos táxons descobertos; 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Material examinado O Material estudado foi obtido por empréstimo das seguintes instituições (nomes dos respectivos curadores em parêntese): ACMTT, American Coleoptera Museum, San Antonio, Texas, EUA (J. Wappes), BNHM, The Natural History Museum, Londres, Inglaterra (M. Barclay); CEIOC, Coleção Entomológica do Instituto Oswaldo Cruz (J. Costa); MNHN, Muséum National d’Historie Naturelle, Paris, França (H. Perrin); DZUP, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, Coleção Pe. J. S. Moure, Curitiba, Brasil (C. Ribeiro-Costa); INBC, Instituto Nacional de Biodiversidad, Santo Domingo de Heredia, Costa Rica (A. Solis); INPA, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Brasil (A. Henriques); MZLU, Museu Lund, Lund Universitat, Lund, Suécia (R. Danielsson); MNRJ, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil (M. L. Monné); MZSP, Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil (S. Casari). 9 Fotografias digitais do material-tipo e de outros exemplares de algumas coleções foram obtidas com NIKON 7000D e lente-macro Sigma 150 mm. para comparação com o material obtido. Foram examinados e identificados 144 espécimes de Stenocerus, dentre eles nove morfotipos. As espécies de Stenocerus tiveram confirmação da identificação com chave de VALENTINE (1980), comparações com material identificado e exame de material-tipo do BMNH através de fotografias digitais. Também foram examinados 17 exemplares referentes aos grupos externos da análise. Todos os espécimes examinados, tanto do grupo interno quanto do externo, estavam conservados em via seca. As séries de todas as espécies tiveram seus dados de etiqueta tabulados em planilha de dados Excel. 3.2 Material-tipo O material-tipo depositado no The Natural History Museum (BNHM) e Muséum National d’Historie Naturelle (MNHN) foi examinado e fotografado pelo Dr. José Ricardo M. Mermudes. As seguintes espécies (incluindo sinônimos já estabelecidos) foram examinados: S. sigillatus, holótipo macho depositado no BMNH; S. nigrotessellatus, holótipo fêmea depositado no MNHN; S. paraguayensis, holótipo fêmea depositada no BMNH. Os sinônimos de S. longulus: S. amazonae, sintipo depositado no BMNH, S. brunnecens, holótipo depositado no BMNH, S. mexicanus, holótipo depositado no BMNH, S. migratorius, holótipo depositado no BMNH, S. tessellatus, um síntipo depositado no BMNH, e S. blanchardi, holótipo depositado no MNHN; S. angulicollis, holótipo macho depositado no BMNH e seu sinônimo S. platalea, holótipo fêmea depositado no BMNH; e S. verticallis, holótipo fêmea, depositado no BMNH (sinônimo de S. varipes) (Figs. 1˗12). Algumas espécies aparentemente bem estabelecidas e reconhecidas nas revisões de Jekel, Jordan, Valentine e encontradas nas coleções históricas dos museus da Europa não tiveram necessidade do exame do material-tipo, como: holótipo de S. frontalis e de S. varipes, depositados no Museu de História Natural da Suécia em Estocolmo. Enquanto que o material-tipo de Stenocerus fulvitarsis, Stenocerus longulus e de dois sinônimos de S. nigrotessellatus (Stenocerus velatus e Stenocerus testudo) não foram encontrados no Muséum National d’Historie Naturelle (MNHN) e Museum für Naturkunde, Berlin, Germany (ZMHB). 10 Figura 1: Material-tipo examinado: 1, S. sigillatus Jordan, holótipo macho depositado no BMNH; 2, S. paraguayensis Jordan, holótipo fêmea depositada no BMNH; 3, S. amazonae Jekel, sintipo depositado no BMNH; 4, S. brunnecens Jekel, holótipo depositado no BMNH; 5, S. mexicanus Jekel, holótipo depositado no BMNH; 6, S. migratorius Jekel, holótipo depositado no BMNH; 7, S. tessellatus Jekel, um síntipo depositado no BMNH; 8, S. angulicollis Jekel, holótipo macho depositado no BMNH; 9, S. platalea Jordan, holótipo fêmea depositado no BMNH; 10, S. verticallis Jekel, holótipo fêmea, depositado no BMNH; 11, S. nigrotessellatus Blanchard, holótipo fêmea depositado no MNHN; 12, S. blanchardi Jekel, holótipo depositado no MNHN. 4 3 2 1 12 11 10 9 8 7 5 6 11 3.3 Terminologia, Dissecações e Ilustrações Os métodos para dissecação, ilustrações e mensurações seguiram MERMUDES & NAPP (2006) e OLIVEIRA JUNIOR & MERMUDES (2010), enquanto que a terminologia foi baseada em HOLLOWAY (1982) e MERMUDES & LESCHEN (2014). Alguns exemplares machos e fêmeas de cada espécie foram dissecados, após a retirada do abdômen, o qual foi fervido em uma solução de 10% de KOH por um período de cinco a sete minutos para o amolecimento do exoesqueleto e decomposição de tecidos internos. Posteriormente, foram lavados em água destilada para retirada de excesso do KOH. As dissecações tiveram prosseguimento em placa de petri com água, com auxílio de pinça fina e estilete sob estereomicroscópio. As partes da terminália e genitália foram armazenadas em microtubos de vidro com glicerina, o abdômen colado em cartão e ambos afixados junto ao espécime. As imagens de estruturas morfológicas específicas foram capturadas com um Leica M205C Microsystems (Leica, Wetzlar, Alemanha) e câmera Leica DFC450 anexada, com programa Leica Application Suite V4.3 para empilhamento de imagens obtidas com diferentes focos, e utilizadas para a confecção de pranchas com o objetivo de fornecer ilustração dos caracteres levantados. 3.4 Análise filogenética Foram utilizadas na análise cladística onze espécies atualmente alocadas em Stenocerus e para o grupo externo (Figs. 13˗28), oito espécies de diferentes tribos de Anthribinae e Choraginae, totalizando 19 táxons (Tabela 1). A análise filogenética foi conduzida utilizando caracteres morfológicos discretos, elaborados através da observação dos espécimes em um estereomicroscópio. Os caracteres e seus estados foram elaborados e codificados seguindo SERENO (2007), sob os preceitos de que caracteres são características herdáveis (variáveis independentes) e os estados de caracteres são “condições mutuamente exclusivas de um caráter”. Desse modo,são identificando quatro componentes lógicos fundamentais que podem compor um caráter fenotípico: L. = Localizador: em geral, a estrutura analisada; V. = Variável: atributo ou propriedade que varia nos diferentes táxons terminais; v. = Estado (ou Variante): condições alternativas e mutuamente exclusivas da Variável; q. = Qualificador: parâmetro de comparação da Variável (elemento opcional que relativiza uma variável). Assim, a independência e a exclusão mútua são as 12 propriedades necessárias suficientes para definir o caráter e seus estados de caracteres para dados morfológicos. Devido à escassez de material ou autorização das instituições a que pertencem somente um macho das espécies Meconemus aeneus (Jordan, 1895) e Acanthothorax mechowi (Quedenfeldt, 1887), foram dissecados, e dois de Barra salamandrina Frieser, 1983. Os dados de caracteres de terminálias referentes às espécies Araecerus fasciculatus (Degeer, 1775), Hypselotropis prasinata (Fåhraeus, 1839) e Ptychoderes viridanus Boheman, 1833, foram retiradas da literatura (respectivamente HOLLOWAY, 1982; MERMUDES, 2005; MERMUDES & NAPP, 2006), porém, foram codificados como “dados não observados” (?) quando estes não eram claros. Para as demais espécies do grupo externo não foi encontrado literatura pertinente sobre as genitálias e não foi possível dissecar o material, assim, também foram codificados como “dados não observados”. Tabela 1: Espécies e suas respectivas tribos e subfamílias utilizadas na análise cladística. Espécies Tribo Subfamília Grupo interno S. frontalis Gyllenhal, 1833 Stenocerini Anthribinae S. longulus Jekel, 1855 S. fulvitarsis (Germar, 1824) S. “B” sp. nov. S. nigrotessellatus Blanchard,1847 S. sigillatus Jordan, 1906 S. angulicollis Jekel, 1855 S. varipes Fahraeus, 1839 S. “D” sp. nov. S. “A” sp. nov. S. “C” sp. nov. Grupo externo Barra salamandrina Frieser, 1983 Piesocorynini Gymnognathus sp. Gymnognathini Ptychoderes viridanus Boheman, 1833 Ptychoderini Hypselotropis prasinata (Fåhraeus, 1839) Ptychoderini Acanthothorax mechowi (Quedenfeldt, 1887) Mecocerini Meconemus aeneus (Jordan, 1895) Discotenini Meconemus metallicus (Jordan, 1906) Discotenini Araecerus fasciculatus (Degeer, 1775) Araecerini Choraginae 13 28 27 26 25 24 22 23 21 20 19 18 17 16 14 13 15 Figuras 13-28. Habitus dorsal e lateral, respectivamente: 13–14, Barra salamandrina Frieser; 15– 16, Gymnognathus sp.; 17–18, Ptychoderes viridanus Boheman; 19–20, Hypselotropis prasinata (Fåhraeus); 21–22, Acanthothorax mechowi (Quedenfeldt); 23–24, Meconemus aeneus (Jordan); 25–26, M. metallicus (Jordan); 27–28, Araecerus fasciculatus (Degeer). 14 A polaridade dos caracteres foi baseada no método de comparação com o grupo externo (NIXON & CARPENTER, 1993). Os dados obtidos foram inseridos na matriz construída no programa MESQUITE v3.31 (MADDISON & MADDISON, 2017) todos não ordenados. Polimorfismos foram codificados como estados separados por uma barra (/), os estados não observados foram codificados com o sinal de interrogação (?), seja pela falta de material ou por material danificado, e estados não aplicáveis ao táxon com hífen (-), quando o mesmo não possui a estrutura homóloga. As análises foram conduzidas sob o critério de busca heurística com o programa NONA (GOLOBOFF, 1993) através do WINCLADA versão 1.00.08 (NIXON, 2002) e T.N.T. versão 1.5 (GOLOBOFF & CATALAN, 2016) com máxima parcimônia e pesagem igual. Foram utilizadas as seguintes opções: busca heurística; “maximum trees to keep” = 30000; “number of replications (mult*N)” = 1000; “starting trees per rep (hold/)” = 100; “random seed” = 0; e estratégia de busca TBR+TBR (mult*). O enraizamento a posteriori foi realizado em Araecerus fasciculatus (Degeer, 1775) da subfamília Choraginae, filogeneticamente mais distante de Stenocerus e testado em todos os demais grupos externos não relacionados aos grupos internos no resultado das análises. Não foi utilizada pesagem implícita dos caracteres visando não polarizar artificialmente as séries de transformações encontradas (como discutido em AMORIM, 2002). As topologias geradas pela análise de parcimônia tiveram seus valores de suporte de ramos estimados através do índice de decaimento de Bremer (BREMER, 1994) e Bootstrap (FELSENSTEIN, 1985) no programa TNT. O suporte de Bremer indica o número de passos extras necessários para colapsar um clado em árvores menos parcimoniosas, ou seja, com comprimento maior do que a(s) árvore(s) mais parcimoniosa(s) encontrada(s) (BREMER, 1994). Já o Bootstrap repete N vezes uma reamostragem aleatória dos caracteres e calcula a frequência em que os nós aparecem nos resultados combinados (FELSENSTEIN, 1985). Para este estudo foram feitas 1000 repetições (MÜLLER, 2005). Os clados tratados no texto e resultantes das análises foram nomeados com as letras A, B, C, D, E, F, G, H, I e J. 3.5 Descrições e redescrições de espécies O gênero e as espécies S. sigillatus Jordan, 1906, S. nigrotessellatus Blanchard, 1847, S. angulicollis Jekel, 1855 e S. varipes Fahraeus, 1839 foram redescritos. 15 As espécies S. fulvitarsis (Germar, 1824), S. longulus Jekel, 1855 e S. frontalis Gyllenhal, 1833, não foram redescritas porque OLIVEIRA & MERMUDES (2010) realizaram um estudo detalhado de morfologia comparada incluindo dados de terminália de machos e fêmeas. Quatro novas espécies são descritas (LOPES & MERMUDES, no prelo) com as respectivas ilustrações. A sequência das espécies de Stenocerus é apresentada no texto seguindo a ordem do cladograma. 3.6 Distribuição geográfica As séries de todas as espécies tiveram seus dados de procedência planilhados para confeccionar os mapas de distribuição com o DIVA-GIS 7.5.0 (HIJMANS et al. 2012) através de Shape-files. Todos os dados de procedências confirmadas foram georreferenciados com o auxílio do Google maps quando não possuíam esses dados. Como mapas base foram utilizados os recursos disponíveis pelo catálogo de mapas base da ESRI (Enviromental Systems Research Institute), do banco de dados DIVA-GIS (disponível em http://www.diva-gis.org/Data.htm). Para plotar os pontos de distribuição nas áreas de endemismo do MORRONE (2014) foi utilizado o Shape-file disponibilizado por LÖWENBERG-NETO (2014) em <http://purl.org/biochartis/neo2014shp>. 3.7 Biogeografia As análises biogeográficas foram conduzidas através de métodos da biogeografia cladística discutidos por NIHEI (2011), com a Análise de Parcimônia de Brooks, o BPA (BROOKS, 1981; 1985; 1990; BROOKS & MCLENNAN 1991; BROOKS et al. 2001). A Análise de Parcimônia de Brooks, como outros métodos da biogeografia cladística, utiliza-se das hipóteses de relacionamento filogenético entre os táxons para entender os relacionamentos históricos entre as áreas onde esses organismos se encontram, construindo um cladograma individual de área (VAN VELLER et al. 2002). Um cladograma individual de área pode explicar como ocorreu a evolução de um determinado grupo nas áreas em questão. O BPA, assim como os diversos métodos da biogeografia cladística disponíveis, inicia suas análises com a construção do cladograma táxon X área, onde os táxons das topologias dos cladogramas taxonômicos são substituindo pelas suas respectivas área(s) de ocorrência (NIHEI, 16 2011). Contudo, há diferenças entre os métodos na forma como são obtidos ‘cladogramas gerais de área’ a partir dos cladogramas de área dos táxons (HUMPHRIES & PARENTI, 1999). Desde sua formulação original (BROOKS, 1981) para estudos ecológicos históricos envolvendo o relacionamento entre parasitas e seus hospedeiros, o método passou por modificações (BROOKS, 1985; 1990; WILEY, 1987; 1988), e sua utilização em biogeografia se deu a partir da analogia de que os táxons poderiam representaros parasitos e a área de ocorrência considerada como o hospedeiro (PAGE & CHARLESTON, 1998). Para a análise com o BPA uma matriz é construída com base em cladogramas táxons-área e emprega técnicas de parcimônia para obter cladogramas gerais de área (MORRONE, 2009). Atualmente são identificadas duas etapas do método: ‘BPA primário’, que busca identificar um padrão geral de relacionamentos entre áreas, e ‘BPA secundário’, cuja função consiste em representar todas as exceções ao padrão geral (BROOKS et al., 2001). Embora o método seja mais robusto quando contempladas ambas as etapas (RIDDLE, 2005), o presente estudo aplicou somente o BPA primário com o objetivo de indicar se existe ou não suporte a um padrão geral de relacionamento entre áreas e a quantidade de homoplasias (falsificadores da hipótese de simples vicariância) neste padrão (SIGRIST, 2006; SIGRIST & CARVALHO, 2009). Basicamente, no BPA primário as homoplasias na forma de paralelismos indicam dispersão e homoplasias na forma de reversões indicam extinção (BROOKS, 1990). Os dados de localidade e procedência de material encontrados na literatura só foram levados para análise quando eram mais específicos, isto é, contendo municípios, vilarejos e etc. As áreas de endemismo foram obtidas da proposta de MORRONE (2014), utilizando somente as províncias em que as espécies ocorrem para a análise do BPA. A matriz gerada para a análise de Parcimônia de Brooks (ou BPA, vide BROOKS et al. 2001) foi produzida no MESQUITE com uma área ancestral hipotética codificada pela ausência de quaisquer componentes (todo zero) incluída para o enraizamento do cladograma geral (CRISCI et al., 2003) e as análises conduzidas no NONA (GOLOBOFF, 1999) através do WINCLADA (NIXON, 2002) utilizando a análise de parcimônia com os mesmos comandos citados anteriormente. Cladogramas resultantes de área (CRA) envolvendo outros táxons não relacionados com Stenocerus, mas que ocorrem na Região Neotropical, foram comparados para discutir possível padrões biogeográficos. Por outro lado, conduzimos uma análise de área ancestral para comparar com os resultados do BPA. Os eventos biogeográficos e as áreas de distribuição ancestrais foram reconstruídos através do S-DIVA (Statistical Dispersal-Vicariance Analysis) (YU et al., 2010), incluído no software 17 RASP (Reconstruct Ancestral State in Phylogenies) (YU et al., 2015) versão 4.0 Beta. O S-DIVA calcula a probabilidade das distribuições ancestrais (ALI et al., 2012) e estima os eventos de vicariância, dispersão e extinção para cada nó. O método S-DIVA é uma expansão de Bayes-DIVA no qual NYLANDER et al. (2008) aplicaram uma abordagem Bayesiana ao método de inferência biogeográfica baseado em eventos mais conhecido e comumente utilizados, o Análise Dispersal – Vicariance (DIVA) criado por RONQUIST (1996, 1997, 2001). Em suma, no S-DIVA a ocorrência de um intervalo ancestral em um nó pode ser calculada usando a frequência de todas as alternativas reconstruções geradas pelo algoritmo DIVA para cada árvore no conjunto de dados (quando "Allow Reconstruction" está marcado), enquanto Bayes-DIVA usa apenas o resumo das reconstruções alternativas (YU et al., 2015). O número de áreas máximas foi testado com quatro e sete. Para as análises foram utilizados os domínios e zonas de transição postulados por MORRONE (2014) com pequena modificação: A= Sul Mexicano (porque as espécies só ocorrem na porção sul da Zona de Transição Mexican), B= Mesoamerica (Domínio Mesoamerican), C= Pacific norte (porque as espécies só ocorrem na porção norte do Domínio Pacific), D= Boreal (Domínio Boreal Brazilian), E= Sul Brasil (Domíno South Brazilian), F= Sudeste Amazonico (Domínio South-eastern Amazonian), G= Chacoan (Domínio Chacoan) e H= Parana (Domínio Parana). 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Análise Filogenética 4.1.1 Caracteres Os caracteres discutidos abaixo foram utilizados para a análise cladística que resultou em dois cladogramas mais parcimoniosos (Figs. 293–294). Ao lado de cada caráter foram indicados os índices de consistência (ic) que corresponde a uma mensuração do número de eventos homoplásticos de um determinado caráter e o de retenção (ir) que indica a proporção de autapomorfias e homoplasias em relação ao total de passos (AMORIM, 2002) referentes ao primeiro cladograma (Fig. 293). Ao todo x caracteres são binários, 18 24 são multiestados e x não informativos. Quando pertinente foram indicadas as figuras correspondentes. 1. Rostro, revestimento dorsal, com faixas longitudinais de escamas amareladas e densas: (0) presente (1) ausente Para a espécie de Gymnognathus sp. utilizada nas análises foi considerado não comparável (-), pois assim como Stenocerus frontalis também é uma espécie mimética de dípteros (VALENTINE, 1980; OLIVEIRA & MERMUDES, 2010) porém com padrões distintos. Distintos padrões das faixas longitudinais são encontrados em espécies de Anthribidae, Curculionidae e Buprestidae. O estado (0) é autapomórifico de S. frontalis e apesar de ser um caráter não informativo foi mantido nas análises porque ajuda a definir a espécie e suas populações na amplitude da distribuição geográfica da espécie. 2. Rostro, revestimento dorsal, padrão das escamas (ic=40; ir=57): (0) com escamas moderadamente largas e curtas, com ápice truncado (1) com escamas finas e curtas, com ápice afilado (2) com escamas finas e longas, com ápice afilado O padrão de escamas na família Anthribidae pode variar nas diferentes espécies (HOLLOWAY, 1982). Porém normalmente, os padrões já avaliados enfatizaram grupos de espécies ou gêneros (MERMUDES & NAPP, 2006; MERMUDES & MATTOS, 2010; MERMUDES, 2005; e MERMUDES & RODRIGUES, 2010). Em Stenocerus existem pelo menos dois padrões, o estado (2) com escamas finas e longas, com ápice afilado foi recuperado como simplesiomórfico. Enquanto que o estado (1), escamas finas e curtas, com ápice afilado corroborou o clado D (S. nigrotessellatus + S. “A” sp. nov.), mas ocorreu independentemente em Acanthothorax mechowi. Uma reversão ao estado (2) ocorreu em S. longulus e corroborou o suporte ao clado J (S. varipes + S. angulicollis). 3. Fronte, revestimento dorsal da margem ocular superior, faixa amarelada ou esbranquiçada (Fig. 274) (ic=25; ir=25): (0) ausente 19 (1) presente O estado (0) ocorre independentemente em S. frontalis e na maioria das espécies do grupo externo. A condição polimórfica foi assinalada para S. fulvitarsis. Na análise do material disponível para S. “D” sp. nov. observamos que o revestimento do único exemplar disponível encontra-se muito danificado, mas foi possível fazer inferência sobre este estado. 4. Cabeça, porção posterior dorsal, com faixa longitudinal mediana de coloração amarela (Fig. 275) (ic=33; ir=50): (0) ausente (1) presente Stenocerus longulus e S. fulvitarsis são polimórficos para esse caráter podendo apresentar ou não a faixa longitudinal mediana de coloração amarela. Stenocerus “B” sp. nov. e S. “C” sp. nov. não estão com seu revestimento intacto, assim, não foi possível codificar esse caráter para ambos. O estado (0) foi recuperado como plesiomórfico e o estado (1) é homoplástico que corroborou o clado I (S. “D” sp. nov. + (S. angulicollis + S. varipes)) e ocorre independentemente em S. sigillatus. 5. Protórax, disco do pronoto, escamas com padrão de faixa longitudinal de coloração amarela (Fig. 50): (0) ausente (1) presente Aqui ocorre o mesmo que no caráter 1. O estado (1) é autapomórifico de S. frontalis e apesar de ser um caráter não informativo foi mantido nas análises como discutido acima. Gymnognathus sp. foi considerado não comparável (-) porque são distintos os padrões das faixas longitudinais do pronoto. 6. Disco do pronoto, revestimento dorsal, mancha circular pequena de escamas escuras naelevação mediana (Fig. 276) (ic=100; ir=100): (0) ausente (1) presente 20 Disco do pronoto, com mancha circular pequena de escamas escuras na elevação mediana corroborou o clado E (S. fulvitarsis + (S. longulus + S. “B” sp. nov.)) + (S. “C” sp. nov. + S. “D” sp. nov.+ (S. angulicollis + S. varipes))). 7. Disco do pronoto, revestimento dorsal, mancha hexagonal com a base mais larga que o ápice de escamas escuras com bordas amarelas (Fig. 34): (0) ausente (1) presente O revestimento do disco do pronoto com mancha hexagonal com a base mais larga que o ápice, de escamas escuras com bordas amarela, é autapomórfico para S. sigillatus. 8. Disco do pronoto, revestimento dorsal, mancha triangular de escamas claras (ic=100; ir=100): (0) ausente (1) presente, inteiro (Fig. 66) (2) presente, só o contorno (Fig. 82) Stenocerus nigrotessellatus é polimórfico para esse caráter, pois como visto por VALENTINE (1980), o pronoto pode ser inteiramente preto aveludado, ou ter um triângulo invertido oco pálido ou um triângulo sólido pálido. O estado 2 é autapomórfico de S. “A” sp. nov., mas provavelmente devido ao polimorfismo encontrado em S. nigrotessellatus não foi possível confirmar este estado é derivado do estado (1), como ocorre na maioria dos exemplares de S. nigrotessellatus. 9. Élitro, revestimento dorsal, tipo de escamas (ic=66; ir=50): (0) com predominância de escamas largas, curtas, com ápice truncado (1) com predominância de escamas finas, curtas, com ápice afilado (2) com predominância de escamas finas, moderadamente alongadas, com ápice afilado Em Stenocerus existem pelo menos dois tipos de escamas no élitro, o estado (2) com predominância de escamas finas e moderadamente longas, com ápice afilado, foi recuperado como plesiomórfico. Enquanto o estado (1) com predominância de escamas finas, curtas, e ápice afilado condição autapomorfica de S. frontalis. E como discutido para as escamas do rostro o padrão de escamas na família Anthribidae pode variar nas diferentes espécies. 21 10. Élitro, revestimento dorsal do 1/4 proximal, transversalmente com revestimento denso de coloração intercalada nas interestrias escutelar, 2, 4 e 6 com 3, 5, 7, 9 (ic=50; ir=85): (0) ausente (1) presente Stenocerus sigillatus apresenta interestrias escutelar, 2, 4 e 6 de escamas castanho enquanto que nas ímpares (3, 5, 7, 9) as escamas são da mesma cor mas com tufos de escamas amarelas dispostas longitudinalmente (Fig. 37). Stenocerus fulvitarsis apresenta escamas pálidas de coloração cinza, transversalmente no 1/4 proximal nas interestrias escutelar, 2, 4 e 6 como S. frontalis, porém, neste são mais evidentes porque nas interestrias intercalantes (3, 5, 7, 9) as escamas são de coloração escura enquanto que em S. fulvitarsis são claras e com padrão enxadrezado. O mesmo ocorre em S. longulus, S. angulicollis, S. varipes, S. “B” sp. nov. e S. “D” sp. nov.. A presença de revestimento denso de coloração intercaladas nas interestrias escutelar, 2, 4 e 6 (com 3, 5, 7, 9) transversalmente no 1/4 proximal (1) corroborou a monofilia de Stenocerus, com reversão no clado D (S. nigrotessellatus + S. “A” sp. nov.). Os exemplares de S. “C” sp. nov. estão com seu revestimento danificado, assim, não foi possível sua codificação. 11. Élitro, revestimento dorsal do 1/4 proximal, interestrias escutelar, 2, 4 e 6, coloração (ic=100; ir=100): (0) com predominância de escamas cinza (interestrias pares) intercaladas com castanho escuro ou preto (interestrias ímpares) (1) com escamas cinza ou esbranquiçadas misturadas com castanho-claro (interestrias pares) intercaladas com padrão enxadrezado (interestrias ímpares) Na maioria das espécies de Stenocerus o revestimento dorsal no 1/4 proximal dos élitros, interestrias escutelar, 2, 4 e 6 é composto por escamas coloridas, intercaladas com outras escamas de outro colorido. As espécies do grupo externo utilizadas na análise apresentam outro padrão de colorido, sem alternância do colorido entre as interestrias, condição não comparável (-). O estado (1) com escamas cinza ou esbranquiçadas misturadas com castanho-claro (interestrias pares) intercaladas com padrão enxadrezado (interestrias ímpares) corroborou a monofilia do clado E (otimização não ambígua e DELTRAN), diferente da otimização ACCTRAN 22 que aparece no ancestral do clado E. Porém o WINCLADA não plotou na otimização não ambígua provavelmente pela comparação do grupo externo codificado como não comparável, seguindo a proposta do SERENO (2007). Stenocerus “C” sp. nov. tem exemplares com revestimento danificado, assim, não foi possível ser codificado, portanto recebeu o símbolo (?). O estado (0) com predominância de escamas cinza (interestrias pares) intercaladas com castanho escuro ou preto (interestrias ímpares) é autapomórfico de S. frontalis. 12. Élitro, revestimento dorsal do 1/3 basal, interestrias, 1, 3 e 5, com coloração de padrão variegado, manchas escuras alongadas, alternadas com manchas claras (ic=100; ir=100): (0) ausente (1) presente O revestimento dorsal do 1/3 basal, interestrias, 1, 3 e 5, com coloração de padrão variegado (manchas escuras alongadas, alternadas com manchas claras) é uma sinapomorfia que corroborou a monofilia do clado E. Os exemplares de Stenocerus “C” sp. nov. estão com seu revestimento danificado, assim, não foi possível sua codificação. 13. Élitro, revestimento dorsal do 2/3 posterior, interestrias 1, 3 e 5 com coloração de padrão enxadrezado (ic=100; ir=100): (0) ausente (1) presente Revestimento dorsal do 2/3 posterior do élitro com interestrias 1, 3 e 5 com padrão enxadrezado é uma sinapomorfia do clado F ((S. longulus + S. “B” sp. nov.) + (S. “C” sp. nov. + S. “D” sp. nov. + (S. angulicollis + S. varipes))). Os exemplares de Stenocerus “C” sp. nov. estão com seu revestimento danificado, assim, não foi possível ser codificado. Nas duas espécies de Meconemus o padrão enxadrezado está presente somente na interstria 1 e as manchas escuras são mais curtas que as claras, então aqui eles foram codificados com 0. 14. Élitro, revestimento dorsal do 2/3 posterior, com escamas escuras formando uma mancha circular no centro, da interestria 1 a 5: 23 (0) ausente (1) presente Élitro, revestimento dorsal do 2/3 posterior, com escamas escuras formando uma mancha circular no centro, da interestrias 1 a 5 é condição autapomórfica de S. sigillatus. 15. Élitro, revestimento do 2/3 posterior, com escamas escuras formando mancha larga irregular dorsolateral (Fig. 117) (ic=100; ir=100): (0) ausente (1) presente A presença de mancha larga irregular dorsolateral, de escamas escuras, no 2/3 posterior do élitro é uma sinapomorfia verdadeira do clado G (S. longulus + S. “B” sp. nov.). Alguns exemplares de S. nigrotessellatus podem apresentar uma mancha semi-circular de escamas escuras no 2/3 posterior, porém não foram considerdas homólogas porque estendem-se mais lateralmente, chegando à epipleura (Fig. 69). Os exemplares de Stenocerus “C” sp. nov. estão com seu revestimento danificado, assim, não foi possível ser codificado. Stenocerus fulvitarsis tem manchas em formato de linha oblíqua formada pelas manchas menores, parecidas com as de S. “D” sp. nov.. 16. Élitro, metade posterior da interestria 1, revestimento, padrão de coloração (ic=25; ir=25): (0) enxadrezado, manchas retangulares alongadas de escamas escuras, intercaladas com manchas retangulares alongadas de escamas claras (Fig. 277) (1) manchas arredondadas e irregulares (Fig. 278) O padrão enxadrezado e caracterizado por manchas retangulares alongadas de escamas escuras, intercaladas com manchas retangulares alongadas de escamas claras, em uma mesma interestria ou em várias interestrias alternadas. As duas espécies de Meconemus tem