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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE MEDICINA INSTITUTO DO CORAÇÃO EDSON SAAD RAFAEL SANTIAGO FLORIANO SIMILARIDADE DO CONSUMO DE OXIGÊNIO OBTIDO E ESTIMADO EM HOMENS JOVENS E IDOSOS SAUDÁVEIS E PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CRÔNICA. RIO DE JANEIRO Agosto de 2017 ii RAFAEL SANTIAGO FLORIANO SIMILARIDADE DO CONSUMO DE OXIGÊNIO OBTIDO E ESTIMADO EM HOMENS JOVENS E IDOSOS SAUDÁVEIS E PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CRÔNICA. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Cardiologia, Instituto do Coração Edson Saad, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito para à obtenção do título de Mestre em Ciências Cardiovasculares. Orientador: Prof. Dr. Michel Silva Reis Pesquisa realizada no Grupo de Pesquisa em Avaliação e Reabilitação Cardiorrespiratória (GECARE) / Universidade Federal do Rio de Janeiro RIO DE JANEIRO Agosto de 2017 iii FICHA CATALOGRÁFICA iv RAFAEL SANTIAGO FLORIANO SIMILARIDADE DO CONSUMO DE OXIGÊNIO OBTIDO E ESTIMADO EM HOMENS JOVENS E IDOSOS SAUDÁVEIS E PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CRÔNICA. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Cardiologia, Instituto do Coração Edson Saad, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito para à obtenção do título de Mestre em Ciências Cardiovasculares. Aprovada em 15 de Agosto de 2017. Prof. Dr. Thiago de Arruda Sanchez – UFRJ Prof a .Dr a . Glorimar Rosa– UFRJ Prof. Dr. Maurício Sant’Anna Júnior– IFRJ v DEDICATÓRIAS Ao Senhor Nosso Deus que sempre me amparou e me protegeu em toda a minha trajetória, sempre presente em minha jornada neste mundo, por ter me forjado,me fortalecido durante esses anos de vida e por ter me orientado a seguir bons caminhos. Aos meus pais, Weston e Sidnéa, que mesmo a distância sempre emanaram força e palavras de encorajamento, alémde sabedoria de vidapara que eu prosseguisse em meus objetivos; ao meu irmão Rodrigo que sempre foi pra mim um exemplo intelectual. A minha querida esposa Sabrina, que com muito carinho e compreensão sempre entendeu a importância desta pesquisa para mim e para a minha carreira acadêmica. Aos meus amados filhos Isabela e Arthur, que são meus “motores de propulsão” e meus maiores incentivadores nessa minha luta pelo crescimento acadêmico-profissional. vi AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus por me conceder o direito a vida e ao livre arbítrio. Em segundo lugar ao meu grande amigo e orientador Michel Silva Reis, que me ensinou praticamente tudo que eu sei na área de reabilitação cardiorrespiratória com muita paciência e maestria; acreditou e apostou num aluno um pouco mais velho que a média, um trabalhador muito atribulado e incansável, além deum presente pai de família. Não poderia deixar de agradecer a todos os membros da “família” do grupo de pesquisa (GECARE), que certamente contribuíram para o meu crescimento acadêmico. Gostaria de agradecer também a todos os professores que fizeram parte da minha formação acadêmica. Agradecer com a mesma importância os pacientes e voluntários que de maneira gentil e espontânea participaram e contribuíram com as nossas pesquisas, para que este sonho se tornasse realidade. E por fim agradeço a todos os familiares e amigos que torceram por mim e pela evolução como pesquisador e futuro docente. Agradecimentos especiais: A todos os professores e colaboradores do Programa de Pós- Graduação em Cardiologia, Instituto do Coração Edson Saad, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior (CAPES). vii RESUMO SIMILARIDADE DO CONSUMO DE OXIGÊNIO OBTIDO E ESTIMADO EM HOMENS JOVENS E IDOSOS SAUDÁVEIS E PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CRÔNICA. Rafael Santiago Floriano Orientador: Prof. Dr. Michel Silva Reis Resumo da dissertação submetida ao Corpo Docente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciências Cardiovasculares. Introdução: O teste de exercício cardiopulmonar (TECP) é um método (padrão ouro) não invasivo de avaliação global da integridade dos ajustes fisiológicos no organismo humano durante a execução do exercício físico. Alternativamente, a avaliação da capacidade funcional tem sido executada por meio de fórmulas de predição com correção para as características antropométricas e carga de trabalho executada ao exercício. No entanto, não há consistência na literatura sobre a coerência das fórmulas de predição e os valores obtidos da capacidade funcional, especialmente, na população de idosos saudáveis e pacientes com insuficiência cardíaca(IC) crônica. Objetivo: comparar os valores do consumo de oxigênio (VO2) estimado por meio de fórmula de predição com os valores obtidos pelo TECP no limiar anaeróbio ventilatório (LAV) e no pico do exercício de homens jovens e idosos saudáveis e com IC crônica. Métodos: cinquenta e seis homens divididos em 3 grupos, sendo um grupo com 18 jovens (idade 27±6,01) saudáveis (GJ), no segundo grupo foram 14 idosos (idade 61 ± 6,3) saudáveis (GI) e o terceiro grupo com 24 pacientes (idade 53±13,6) com IC crônica (GIC). Todos foram submetidos ao TECP em cicloergômetro para determinação do VO2 no LAV e no pico do exercício. Posteriormente, foi realizada a estimativa do VO2 na potência do LAV e no pico do exercício por meio de fórmula de predição (VO2mL/kg.min -1 = (CARGA em watts * 12) + 300/ massa corporal em kg). Os valores do VO2 obtido e da carga estimada foram comparados. Resultados: Os valores do VO2 estimado foram maiores nos GI e GIC (16,9±1,8 vs. 13,1±2,1 mL/kg/min e 12±6,9 vs. 8,7±2,5 mL/kg/min, respectivamente). Por outro lado, os valores do VO2 estimado e obtido não mostraram diferentes no GJ (22,6±5,5 vs. 23,1±8,7 mL/kg/min, respectivamente). Conclusão: A fórmula de predição superestimou os valores de VO2 no LAV e pico do exercício físico dos idosos e pacientes com IC crônica. No entanto, mostrou-se semelhante para os jovens. Palavras chave: Teste de exercício cardiopulmonar, capacidade funcional, insuficiência cardíaca crônica, fórmula preditiva, LAV, VO2. viii ABSTRACT SIMILARITY OF OBTAINED AND ESTIMATED OXYGEN CONSUMPTION IN HEALTHY YOUNG AND ELDERLY MEN AND PATIENTS WITH CHRONIC HEART FAILURE. Rafael Santiago Floriano Orientador: Prof. Dr. Michel Silva Reis Abstract da dissertação submetida ao Corpo Docente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciências Cardiológicas. Introduction: The cardiopulmonary exercise test (CPT) is a noninvasive (gold standard) methodology of global assessment of the integrity of physiological adjustments in the human body during the execution of the physical exercise. Alternatively, functional capacity assessment has been performed using predictive formulas with correction for the anthropometric characteristics and exercise workload performed. However, this method of evaluation maybe have different outcomes when used in a population of healthy older and patients with chronic heart failure (CHF). Objective: To compare the values of oxygen consumption(VO2) estimated by prediction formula with the values obtained by the CPT in the ventilatory anaerobic threshold (LAV) and in the exercise peak of healthy young and older and patients with CHF. Methods: fifthy-six men were divided into 3 groups, 18 were young (age 27±6.01) healthy (GJ) and 14 were elderly (age 61±6.3) healthy (GI), and the third group was composed of 24 (age 53 ± 13.6) with chronic CHF (GIC). All were submitted to the CPT in cycle ergometer to determine the VO2 in the LAV and at the peak of the exercise. Subsequently, the VO2 estimation was performed in the LAV power and at the peak of the exercise using a prediction formula. The values of the VO2 obtained and the estimated load were compared. Results: The VO2 estimated were significantly more than VO2 obtained in GI and GIC (16.9±1.8 vs. 13.1±2.1 mL/kg/min e 12±6.9 vs. 8.7±2.5 mL/kg/min, respectively). Finally, there were no difference in the values of VO2 estimated and obtained for GJ (22,6±5,5 vs. 23,1±8,7 mL/kg/min, respectively). Conclusion: The predict formula overestimated the VO2values for elderly and patients with chronic heart failure. However, in the GJ the values showed similar for predict formula and obtained CPT. Key words: Cardiopulmonary exercise testing, status functional, chronic heart failure, predictive formula, A.T., VO2. ix LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Mecanismo de retroalimentação da insuficiência cardíaca crônica. 17 Figura 2. Montagem do teste de exercício cardiopulmonar. 27 Figura 3. Execução do teste de exercício cardiopulmonar. Figura 4. Protocolos para teste de exercício cardiopulmonar executado em cicloergômetros. À esquerda exemplos de protocolos incrementais do tipo rampa. À direita, exercício físico de carga constante. 28 30 Figura 5. Variáveis cardiorrespiratórias e metabólicas obtidas durante o teste cardiopulmonar com protocolo do tipo rampa em cicloergômetro. 31 Figura 6. Gráfico do comportamento das variáveis cardiorrespiratórias e metabólicas obtidas durante o teste cardiopulmonar com protocolo do tipo rampa. 31 Figura 7. Tela do programa utilizado em nosso trabalho com as variáveis cardiorrespiratórias e metabólicas obtidas durante o teste cardiopulmonar com protocolo do tipo rampa em cicloergômetro. 32 Figura 8. Escala de BORG CR-10 modificada. 34 Figura 9. Determinação dos limiares metabólicos pelo método visual gráfico. 35 Figura 10. Fluxograma descrevendo a análise dos pacientes em cada etapa do estudo. 45 Figura 11. Consumo de oxigênio obtido e predito dos grupos estudados no limiar anaeróbio ventilatório. 47 Figura 12. Consumo de oxigênio obtido e predito dos grupos estudados no pico do exercício físico. 48 x LISTA DE QUADROS E TABELAS Quadro1. Indicações para a execução do TECP 21 Quadro2. Equivalentes metabólicos (METs) para atividades físicas 24 Quadro 3. Vantagens e desvantagens da utilização da esteira ou cicloergômetro no testecardiopulmonar 26 Tabela 1. Nível de aptidão física do American Heart Association para homens de acordo com VO2 max ou VO2 pico (ml/kg/min). 22 Tabela 2. Dados antropométricos e características clínicas da população do estudo. 46 xi LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AHA – do inglês, American Heart Association BNP – peptídeo natriurético tipo B BTPS – condições normais de temperatura e pressão do corpo EMG – eletromiografia FC – frequência cardíaca FC máx.– frequência cardíaca máxima FEO2 – fração expirada de oxigênio FR – frequência respiratória IC – insuficiência cardíaca crônica IRPM – incursão respiratória por minuto J/S – joule por segundo Kgf – quilograma força KPM/MIN – quilopondsmetro por minuto LAV – limiar anaeróbio ventilatório MET – equivalente metabólico MMII – membros inferiores NYHA – do inglês, New York Heart Association O2 – oxigênio OVE – oscilação ventilatória no exercício PCR – ponto de compensação respiratória PETCO2 – pressão expirada de gás carbônico PETO2 – pressão expirada de oxigênio PImáx– pressão inspiratória máxima QCO2 – taxa de produção periférica de dióxido de carbono QO2–consumo periférico de oxigênio R– razão da troca respiratória STPD – condições normais de temperatura e pressão SWT – do inglês, shuttle walk test TC6M – teste de caminhada de seis minutos TD6M – teste de degrau de seis minutes TECP – teste cardiopulmonar de exercício VC – volume corrente VCO2 – produção de dióxido de carbono VCO2/VO2– razão entre a produção de dióxido de carbono e o consumo de oxigênio pulmonar medidos no ar expirado VD – espaço morto VE – ventilação VE/VCO2 – equivalente ventilatório de gás carbônico VE/VO2 – equivalente ventilatório de oxigênio VFC – variabilidade da frequência cardíaca VO2 – consumo de oxigênio VO2 máx. – consumo de oxigênio máximo VO2 Pico – consumo de oxigênio pico VT – volume total W – watts ΔVO2 – delta de consumo de oxigênio ΔW – delta da carga em watts xii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 13 2. REVISÃO DE LITERATURA 14 2.1 Epidemiologia da Insuficiência Cardíaca 14 2.1.1 Fisiopatologia da Insuficiência Cardíaca 15 2.1.2 Ferramentas Diagnósticas e de Avaliação Funcional 17 2.2 Capacidade Funcional 19 2.2.1 Teste de exercício cardiopulmonar 22 2.2.1.1 Ergômetros 25 2.2.1.2 Analisador de gases 26 2.2.1.3 Tipos de protocolo para TECP 28 2.2.1.4 Variáveis do TECP 30 2.2.1.5 Limiar anaeróbico ou 1° limiar ventilatório 34 2.2.1.6 Ponto de compensação respiratório ou 2° Limiar ventilatório 2.2.2 Equações de predição 36 37 3. JUSTIFICATIVA 40 4. OBJETIVOS 40 4.1 Objetivo geral 4.2 Objetivos específicos 40 41 5. HIPÓTESE 40 6. MATERIAL E MÉTODOS 41 6.1 Desenho do estudo 41 6.2 Amostra 41 6.3 Protocolos experimentais 42 6.3.1 Avaliação fisioterapêutica 42 6.3.2 TECP máximo ou sintoma limitado 42 6.3.3 Avaliação do eletrocardiograma 44 6.3.4 Utilização da fórmula preditiva 44 6.4 Considerações éticas 44 6.5 Análise estatística 44 7. RESULTADOS 45 8. DISCUSSÃO 49 9. CONCLUSÃO 53 10. REFERÊNCIAS 53 APÊNDICE A Termo de consentimento livre e esclarecido 61 APÊNDICE B Ficha de avaliação da função pulmonar 64 APÊNDICE C Ficha de avaliação do TECP 65 ANEXO Comitê de ética e pesquisa 66 xiii 13 1 INTRODUÇÃO Os ajustes centrais e periféricos atuam harmonicamente com o objetivo de manter a homeostasia (WILLIAMSOM et al., 2010; POWERS et al,. 2000; NEDER & NERY, 2003). A disponibilidade do oxigênio em nosso organismo é fundamental para que os substratos energéticos sejam utilizados para síntese de energia (GUYTON & HALL, 2006). O predomínio de cada mecanismo de transferência de energia durante o exercício, como a utilização de glicose ou ácidos graxos pelo organismo pode ser observada na atividade física e também durante o teste de exercício cardiopulmonar (TECP), por meio do aumento das variáveis ventilatórias e metabólicas obtidas de forma não invasiva e acessível (NEDER & NERY, 2003; POWERS et al., 2000). O TECP é um método não invasivo de avaliação global da integridade dos ajustes cardiovasculares, respiratórios, musculares periféricos, neurofisiológicos, humorais e hematológicos do organismo humano durante a execução do exercício físico (WASSERMAN et al., 1999; BALADY et al., 2010; NEDER & NERY, 2003). Na prática, a grande utilidade do TECP é na determinação da capacidade funcional, pela obtenção dos dois índices de limitação funcionalmais empregados, que são o consumo de oxigênio pico (VO2pico) ou consumo máximo de oxigênio (VO2máx) e o limiar anaeróbio ventilatório (LAV) em níveis de exercício físico submáximo ou máximo (POWERS et al,. 2000; NEDER & NERY, 2003; MENEGUELO et al., 2010). O VO2pico e o LAV durante a prática de exercícios podem servir como marcador prognóstico e para determinar a capacidade funcional dos indivíduos (POWERS et al,. 2000; NEDER & NERY, 2003). Entretanto nos pacientes com insuficiência cardíaca (IC) crônica o LAV pode não ser identificado pelo método padrão de avaliação (aproximadamente 10% dos casos), o que traduziria para os avaliadores um pior prognóstico desses pacientes com IC crônica (AGOSTINI et al., 2013). Adicionalmente, esses marcadores poderão contribuir para a prescrição de exercícios (NEDER & NERY, 2003; ACSM, 2006; BALADY et al., 2010). Neste sentido, o TECP representa o padrão ouro para a determinação da capacidade funcional, do VO2máx ou VO2pico e do LAV (NEDER & NERY, 2003; ACSM, 2006; BALADY et al., 2010). Todavia, os equipamentos necessários para a realização do TECP são muito dispendiosos e necessitam tanto de uma equipe com pelo menos três pesquisadores bem treinados e de um laboratório em condições especiais para a sua realização adequada (NEDER & NERY, 2003; ACSM, 2006; BELLINI et al., 1997; GLASS et al., 2007). Desta forma são poucos os locais especializados nesse tipo de exame que possuem todo o aparato tecnológico 14 necessário para a realização dos TECP (GLASS et al., 2007). Como por exemplo, os grandes clubes de futebol profissional, assim como laboratórios de pesquisa de algumas poucas universidades. Alternativamente, a avaliação da capacidade funcional tem sido executada de forma indireta por meio de fórmulas de predição com correção para as características antropométricas e carga de trabalho executada (PETERSON et al., 2003; KOUTLIANOS et al., 2013; MALEK et al., 2004; DOS SANTOS NOGUEIRA et al., 2006; DE LIMA et al., 2006; MAGRINI et al., 2010; ALMEIDA et al., 2010). Apesar de ser possível predizer o VO2 no LAV e no pico do exercício através de fórmulas preditivas, é importante discutir as vantagens da predição destas variáveis em relação à execução do TECP (ACSM, 2006). As vantagens da fórmula preditiva são baseadas no baixo custo, praticidade e rapidez para a determinação do VO2. No entanto, a literatura é incipiente quanto à similaridade dos resultados da predição em relação ao padrão ouro. Esta similaridade entre os dois métodos (direto e indireto) seria capaz de agregar mais conhecimento para a utilização do método indireto para a obtenção do VO2 no LAV e no pico do exercício, ou até mesmo em afirmar similaridade entre o VO2 obtido por meio da fórmula de predição. Neste sentido é possível que exista uma semelhança nos valores do VO2 obtidos pelo método de predição, quando comparados aos valores aferidos pelo padrão ouro numa população de jovens e idosos saudáveis e pacientes com IC crônica. Isto, tanto na potência do LAV, quanto no pico do exercício físico realizado em cicloergômetro. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Epidemiologia da Insuficiência Cardíaca A insuficiência cardíaca (IC) crônica é um problema de morbi-mortalidade de saúde a nível mundial e seu alto índice e prevalência de 5,1 milhões de indivíduos com IC nos Estados Unidos da América entre os anos de 2007 e 2012(ALBUQUERQUE, et al., 2015), geram um impacto na economia deste país de forma incisiva e preocupante. É possível constatar isso através dos dados fornecidos pela American Heart Association (AHA). A previsão em relação ao número de novos casos é de aumento, uma vez que a IC crônica atinge as pessoas mais idosas; além disso, a expectativa de vida tem aumentado nos últimos anos e a tendência é que a população de idosos cresça, aumentando a incidência da IC crônica. 15 No Brasil, segundo o DATASUS, estima-se que o número de óbitos somente no ano de 2014 foi de aproximadamente 21,994 casos decorrentes de IC (DATASUS, 2014). Mesmo diante destes números, não existem dados consolidados da prevalência na população brasileira e uma das justificativas para essa afirmação, seria a baixa capacidade de realização de testes diagnósticos disponíveis principalmente na rede pública de saúde. Ademais, sabe-se que no Brasil os dois maiores fatores etiológicos que levam a IC crônica advêm de origem isquêmica e hipertensiva (ALBUQUERQUE, et al., 2015). Outro ponto que chama a atenção neste cenário é o fato da baixa adesão medicamentosa (ALBUQUERQUE, et al., 2015) ao tratamento ser considerada como uma das principais causas de descompensação da IC crônica, o que nos leva a pensar que não é somente um sistema de saúde deficitário na atenção básica que resulta no aumento desse diagnóstico, mas sim o limitado alcance dos processos educativos e os métodos de conscientização que são utilizados. 2.1.1Fisiopatologia da Insuficiência Cardíaca A IC crônica pode ser caracterizada como a ineficiência do miocárdio em gerar uma fração de ejeção satisfatória a cada sístole. Não conseguindo assim satisfazer a demanda de todos os sistemas do nosso corpo; ou fazê-lo ás custas de elevadas pressões de enchimento. Diante disto, o organismo precisa utilizar mecanismos compensatórios como: os cardiovasculares e renais para manter uma pressão arterial satisfatória que consiga perfundir minimamente os órgãos que dependem, exclusivamente, do fornecimento de oxigênio, como cérebro, coração e rins. (MANGINI; ISSA, 2012). Dentre os principais ajustes e adaptações, podemos citar o aumento da atividade adrenérgica, com o intuito de aumentar o inotropismo cardíaco. Outro mecanismo associado a este, seria o aumento do cronotropismo do miocárdio na tentativa em manter um débito cardíaco adequado. Podemos ainda mencionar outro mecanismo, que seria a ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, que no intuito de manter a pressão arterial sistêmica adequada para irrigação de todas as áreas que demandem de perfusão sanguínea, aumenta a retenção de água e sódio nos rins. Por fim, ainda temos o remodelamento cardíaco, onde ocorre o aumento do comprimento dos sarcômeros, na tentativa de aumentar a massa muscular cardíaca e, assim, diminuir o volume sistólico final (WILSON; BRAUNWALD, 2003). Entretanto, esses mecanismos adaptativos ao longo do tempo geram efeitos deletérios e favorecem de forma negativa o processo de remodelamento cardíaco concêntrico, diminuindo com isso a área da câmara que receberia uma maior quantidade de sangue para ser ejetado em seguida, tendo como consequência um aumento do 16 trabalho miocárdico e maior gasto energético, entre outros (MANGINI; ISSA, 2012). O remodelamento cardíaco é caracterizado pela dilatação das câmaras cardíacas, com deposição de colágeno nas fibras musculares cardíacas. Além disso, acarreta no distanciamento das unidades contráteis pelo aumento do comprimento dos sarcômeros, com consequente perda da capacidade contrátil e déficit de bombeamento. Essa alteração morfológica que gera perda significativa da função e funcionamento adequados do coração predispõe ao aparecimento de arritmias, distúrbios de condutibilidade elétrica ventricular com consequente diminuição da fração de ejeção do ventrículo esquerdo. Desta forma, uma parte do sangue venoso que retorna ao coração não consegue ser bombeado de volta para a circulação sistêmica, deixando a periferia com um déficit de recebimento de sangue oxigenado, sendo demonstrado pelo aumento do volume sistólico final (ARENA et al., 2004). A IC crônica também é descrita como uma afecção sistêmica (figura 1), podendo ser considerada como uma síndrome multifatorial, pois está associada a diversos fatores que vão além da disfunção ventricular como a má nutrição, má captação de oxigênio (hipoxemia), devido a insuficiência perfusional; a inflamaçãosistêmica e a modificação do perfil metabólico das fibras musculares esqueléticas (GOSKER, et al., 2000; CAHALIN, et al., 2013 a ). Em decorrência desses achados, a IC crônica gera um estado catabólico que vai culminar numa disfunção não só do coração, mas também da musculatura periférica e ventilatória. Neste sentido, a consequência desses fatores é a fadiga precoce e consequentemente a piora da sensação de dispneia; além do aumento da atividade ergorreflexa e a hiperatividade simpática. O que aumentará ainda a resistência vascular periférica e a pós-carga do ventrículo esquerdo, causando uma retroalimentação neste sistema, o que favorece a disfunção ventricular esquerda (CAHALIN, et al., 2013 a ). Todos esses mecanismos favorecem a redução da capacidade funcional desses indivíduos, o que contribuirá para o processo de cronificação da doença. Diante desse retrato patológico, a baixa aptidão física com baixa tolerância ao exercício físico se torna uma característica marcante que é vista como uma das principais consequências da IC crônica, impactando negativamente na qualidade de vida desses indivíduos (GOSKER, et al., 2000). 17 Figura 1. Mecanismo de retroalimentação da insuficiência cardíaca crônica. Adaptada deCahalinetal., 2013. 2.1.2 Ferramentas diagnósticas e de avaliação funcional Ademais a apresentação clínica, existe outras ferramentas diagnósticas na IC. O ecocardiograma é um exame que gera a imagem através da reflexão de ondas ultrassônicas, revelando informações valiosas sobre o funcionamento do miocárdio, inclusive traz a estimativa da fração de ejeção do ventrículo esquerdo. Sendo assim, é considerada uma importante ferramenta diagnóstica, entretanto pode ser menos acurada em pacientes portadores de IC com a fração de ejeção preservada. Outro método diagnóstico da IC é através da dosagem do peptídeo natriurético do tipo B (BNP), que é produzido no miocárdio, refletindo pressões intra-cardíacas aumentadas, sendo mais eficiente no diagnóstico da doença do que a ecocardiografia (BOCCHI, et al, 2012). As ferramentas diagnósticas são muito importantes para o controle e manejo dos pacientes com IC crônica, todavia a utilização de avaliações funcionais é fundamental, pois podem trazer mais informações sobre o nível funcional desses pacientes. Dentre as escalas de avaliação, podemos mencionar a classificação funcional da New York Heart Association (NYHA), que é específica para os pacientes com IC crônica. Essa classifica os pacientes pela dispneia durante atividade física ou no repouso. Além do ecocardiograma, do BNP, e da NYHA, existem outras ferramentas de avaliação do paciente com IC crônica. Elas nos 18 auxiliam tanto no direcionamento de estratégias terapêuticas, quanto na estratificação de riscos dos pacientes. Além de servir como marcadores de morbi-mortalidade. A pressão inspiratória máxima (PImáx), já foi descrita na literatura como variável do valor prognóstico de sobrevivência independente (CAHALIN, et al,, 2013 a ), uma vez que a fraqueza da musculatura ventilatória é uma consequência da IC crônica e está diretamente ligada com a sensação de dispneia (CAHALIN, et al,, 2013 a ). Cahalin et al., mostraram que pacientes com IC crônica com valores de PImáx menores ou iguais a 5.3KPa (aproximadamente 53cmH2o) têm 50% de sobrevida em um período de 36 meses, além de correlações de 0,89 entre a PImáx e o índice de dispneia. Dall’Ago et al., ao avaliar 44 pacientes com IC crônica com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) reduzida (FEVE<45%) com estabilidade clínica e estabeleceram pela primeira vez valores de referência para a fraqueza muscular inspiratória como 70% dos valores preditos por peso, altura e sexo. Outra variável isolada de gravidade é a força muscular periférica (HULSMANN et al., 2004; ISAWA et al., 2009). Neste estudo de Hulsmann et al., 2004a força de extensão do joelho mensurada através do dinamômetro isocinético foi capaz de predizer a sobrevida em até 60 meses de 122 indivíduos com IC congestiva, independentemente da resposta neuro- hormonal, do VO2 pico e da terapia betabloqueadora. Em outro estudo, Isawa et al., 2009, estabeleceram valores prognósticos de corte na avaliação da força de preensão palmar em pacientes com IC congestiva, e viram que pacientes com valores abaixo de 32,2Kgf tiveram menor sobrevida em um período de 100 meses quando comparados aos pacientes com valores acima do corte (78,9% versus 96,4% respectivamente). Sendo a hiperatividade simpática uma consequência da IC crônica, ferramentas de avaliação que trazem informações sobre esse mecanismo têm sido utilizadas, dentre elas, a variabilidade da frequência cardíaca (VFC). Essa ferramenta não invasiva tem sido utilizada na obtenção de importantes marcadores da modulação autonômica sobre o ritmo cardíaco (TASK FORCE, 1996). Ainda que a literatura seja incipiente quanto aos valores de referência de pior prognóstico nas populações cardiopatas, sabe-se que a VFC estará reduzida nos pacientes com IC crônica. Isso se deve ao fato de o ajuste da FC frente à demanda imposta estar muito mais dependente da atividade simpática do que da modulação vagal; ainda que em uso da terapia medicamentosa de escolha rotineira, como o betabloqueador, onde sua abordagem farmacológica é sabidamente inibidora da atividade simpática (BOCCHI, et al., 2012). Essa contribuição simpática predominante nessa população de IC crônica para o ajuste 19 cardiovascular tem relação direta com a maior chance de aparecimento de arritmias cardíacas e risco de morte súbita (TASK FORCE, 1996). Nos últimos anos, as variáveis obtidas através do TECP têm mostrado bastante evidência no que diz respeito a valor prognóstico de pacientes com diversas doenças crônicas que cursam com intolerância ao exercício físico, em especial a IC crônica (GIBBONS, et al., 1997; ARENA, et al., 2008; CORNELIS, et al., 2015). Nos primeiros trabalhos com TECP em pacientes com IC crônica, a baixa tolerância ao exercício físico, vista pelo baixo consumo de oxigênio no pico do exercício (VO2 pico) (GIBBONS, et al., 1997; ARENA, et al., 2008; CORNELIS, et al., 2015), aparecia como importante marcador de gravidade da doença, assim como o LAV precoce – que reflete a mudança do predomínio do metabolismo anaeróbico em detrimento do metabolismo aeróbico (NEDER; NERY, 2003). O slope da ventilação durante o exercício (VE) plotada pela produção de CO2 (VCO2) – VE/VCO2 slope – mostra-se como uma variável obtida no TECP capaz de nos trazer informações sobre a ineficiência ventilatória presenciada por esses pacientes (CAHALIN, et al., 2013 b ; CORNELIS, et al., 2015) . Quanto mais deslocada para o eixo y estiver essa variável, ou seja, quanto maior o slope da reta, mais ineficiente é a ventilação do indivíduo, o que está intimamente relacionado com a congestão pulmonar gerada pela IC. Valores acima de 34 são marcadores de pior prognóstico em pacientes com IC crônica (CORNELIS, et al., 2015). Além desses, a oscilação ventilatória no exercício (OVE) também vem ganhando evidência na literatura. A OVE é caracterizada por oscilações repetidas na ventilação durante o exercício, de forma crescente e decrescente, sem apnéias interpostas (OLSON, 2008). Ainda que o mecanismo que desencadeia a oscilação ventilatória não esteja completamente estabelecido, o delay circulatório, o aumento na sensibilidade dos quimioceptores periféricos, a resposta ergorreflexa exacerbada e a congestão pulmonar são possíveis gatilhos (CORNELIS, et al., 2015). As últimas meta-análises publicadas sobre o assunto sugerem que apesar de não haver um padrão ouro para obtenção dessa variável, ela aparece como uma das mais poderosas variáveis prognósticas na IC crônica (CAHALIN, et al., 2013 b ; CORNELIS, et al., 2015). 2.2 Capacidade Funcional A capacidade funcional (CF) éa capacidade de o indivíduo realizar as suas atividades cotidianas e habilidades que envolva atividade física, garantindo assim sua autonomia 20 (ARENA, et al., 2007; NEDER; NERY, 2003). Segundo a American Heart Association (AHA), a CF pode ser definida como a capacidade de um indivíduo realizar atividades cotidianas que dependa da integridade e interação dos sistemas musculares, pulmonares e cardiovasculares. A CF pode ser estimada pela avaliação da potência aeróbia, medida pelo consumo de oxigênio máximo ou pico (VO2max ou VO2pico) durante o exercício físico (ARENA, et al., 2007; NEDER; NERY, 2003; FLEG, et al., 2000). A CF depende de fatores como idade, gênero, condicionamento físico e presença de alterações patológicas que influenciem na resposta destes sistemas ao exercício físico. (FLETCHER, et al., 2013; FLEG, et al., 2000; NEDER; NERY, 2003) Na Figura 2 está descrita a classificação funcional de acordo com as recomendações da AHA baseada nos valores de VO2max para homens (ACSM, 2000). Outra forma de estimar a capacidade funcional é pela taxa metabólica de trabalho alcançada em uma atividade, a qual é mensurada em equivalentes metabólicos (METs). Uma taxa metabólica equivalente a 1 MET representa a taxa de gasto metabólico em repouso equivalente a 3,5 mLO2/kg * min -1 , e a capacidade funcional é estimada por múltiplos desta taxa (ex: 2 METs - 7 mLO2/kg.min -1 ; 3 METs - 10.5 mLO2/kg.min -1 ; etc.)(AINSWORTH, et al., 2011; ARENA, et al., 2007; GARBER, et al., 2001; FLEG, et al., 2000). Os METs foram calculados em estudos prévios para atividades domésticas, ocupacionais, recreacionais e esportivas mais comuns, variando de 0,9 METs (dormindo) até 18 METs (correndo a 18 km/h)(AINSWORTH, et al., 2011; AINSWORTH, et al., 2000; AINSWORTH, et al., 1993). No Quadro 1 estão listadas algumas destas atividades. 21 A avaliação da CF é um parâmetro importante não somente com a finalidade diagnóstica ou prognóstica em pacientes com doenças incapacitantes, mas também para avaliação do desempenho físico em indivíduos saudáveis e atletas, além de servir como parâmetro para prescrição de exercícios, respeitando os princípios da especificidade do treinamento, já que fornece informações fidedignas e mensuráveis das respostas cardiorrespiratórias e metabólicas no exercício (ARENA et al., 2007; FLETCHER, et al., 2013; NEDER E NERY, 2002; NEDER E NERY, 2003). Existem alguns testes para a avaliação da capacidade funcional: 1) os testes de campo como o teste de caminhada de 6 minutos (TC6) (ENRIGHT et al., 2003ª; ENRIGHT et al., 2003 b ; MARRARA et al., 2012; PESSOA et al., 2014) e o shuttle walk test (SWT) (DP et al., 2014; PULZ et al., 2008; SINGH et al., 1992; WISE et al., 2005; COELHO et al., 2007); 2) teste de exercício cardiopulmonar (TECP) (NEDER E NERY, 2003; STEIN, 2006; MENEGHELO et al., 2010) em esteira ou cicloergômetro, podendo ser de forma máxima ou submáxima, com a análise ou não de gases expirados (O2 e CO2) através da espirometria (ARENA, et al., 2007; NEDER; NERY, 2003; FLEG, et al., 2000). Cada um desses testes possui suas peculiaridades e objetivos, além de variáveis de interesse e utilidades, porém o padrão ouro para a avaliação da capacidade aeróbia é o TECP máximo, com análise de gases pela ergoespirometria (ARENA, et al., 2007; NEDER; NERY, 2002). Esta modalidade possui Quadro1 . Equivalentes metabólicos (METs) para atividades físicas . Tipo de atividade METs Exemplo Atividades domésticas 3 Lavar/limpar (carro, janelas, garagem). 4 múltiplas tarefas domésticas de esforço vigoroso. 4 Varrer garagem e calçadas. 7.5 Carregas sacolas de compras. Atividades ocupacionais 2 Caminhar no trabalho (escritório, espaços pequenos). 4 Caminhar (velocidade moderada) carregando objetos leves 8.5 Caminhar ou descer escadas com objetos pesados (45 Kg) Atividades recreacionais/Esportivas 7 Correr a 8 km/h 13.5 Correr a 12 km/h 7 Jogar Futebol (casualmente) 10 Jogar Futebol (competitivo) METs: Equivalente Metabólico (mLO2/kg * min -1 ); Kg: Kilograma; km/h: kilômetros por hora. Fonte: adaptado de AINSWORTH, et al., 2011. . 22 alta reprodutibilidade de resultados e fornece variáveis como o VO2máx, porém necessita de equipamentos dispendiosos e considerável experiência dos avaliadores (ARENA, et al., 2007; NEDER; NERY, 2002). Quando esta capacidade encontra-se prejudicada ou limitada, a qualidade de vida também está afetada, tendo como possível consequência a perda de saúde. Analisando pela ótica da prevenção primária e secundária das doenças (cardiovasculares) relacionadas com a diminuição da capacidade funcional, lamentavelmente, ainda é baixo o número de pacientes encaminhados para o serviço de exercício físico ou de reabilitação cardíaca (CARVALHO et al., 2004). Existe um importante marcador para a avaliação da CF. O valor do VO2 no LAV (POWERS, et al., 2000; NEDER; NERY, 2003), conhecido também como primeiro limiar de anaerobiose (1° LAV), corresponde ao momento do exercício em que o metabolismo energético deixa de ser predominantemente aeróbico e passa a ser predominantemente anaeróbico, sendo este parâmetro utilizado como um valioso marcador da capacidade oxidativa no exercício progressivo (POWERS, et al., 2000; NEDER; NERY, 2003). Tabela 1. Nível de aptidão física do American Heart Association para homens de acordo com VO2 max ou VO2 pico (ml/kg/min). Fonte: 2.2.1 Teste de Exercício Cardiopulmonar (TECP) O TECP ou teste ergoespirométrico ou cardiorrespiratório é uma metodologia não invasiva de avaliação global da integridade dos ajustes cardiovasculares, respiratórios, musculares periféricos, neurofisiológicos, humorais e hematológicos do organismo humano 23 durante a execução do exercício físico (POWERS, et al., 2000; NEDER; NERY, 2003; WASSERMAN et al., 1999). Na prática, a grande utilidade do TECP é a determinação da capacidade funcional (BALADY et al., 2010, NEDER & NERY, 2003; ACSM, 2006; NEDER & NERY, 2002) pela obtenção de dois índices de limitação funcional mais empregados, que são: 1) o consumo do oxigênio no pico do exercício (VO2 pico); 2) Consumo máximo de oxigênio(VO2 máx.). Além disso, o TECP revela o LAV e o ponto de compensação respiratório (PCR) em níveis de exercício físico submáximo ou máximo respectivamente (THOMPSON et al., 2013). Embora as indicações deste teste sejam as mais variadas e crescentes, (BALADY et al., 2010, NEDER & NERY, 2003; ACSM, 2006; WASSERMAN et al., 1999) a sua aplicação tem sido realizada em algumas manifestações clínicas não explicadas totalmente pelos dados da anamnese, exame físico, exames de imagem, teste de função pulmonar e eletrocardiografia convencional, como o exemplo na constatação e avaliação do fator etiológico, assim como o grau de intolerância ao esforço (BALADY et al., 2010, NEDER & NERY, 2003; ACSM, 2006; STEIN, 2006)(Quadro 2). É válido salientar que tanto atletas, assim como indivíduos saudáveis e também os doentes possam se beneficiar do TECP independente da finalidade para que o teste seja realizado (BALADY et al., 2010, NEDER & NERY, 2003; ACSM, 2006). No entanto, para a área da reabilitação, este teste possui uma finalidade peculiar quando se trata da prescrição individualizada de exercícios físicos. (WASSERMAN et al., 1999; NEDER & NERY, 2003). No recondicionamento físico de doenças como a IC crônica de forma mais assertiva; assim como fundamentam o desenvolvimento de protocolos de intervenção mais seguros, confortáveis e confiáveis. A determinação da capacidade funcional, através do teste de exercício cardiopulmonar (TECP), traz informações precisas da capacidade de transporte e utilização do oxigênio, isto é, da capacidade funcional dos pulmões e do sistema cardiovascular, muscular e metabólico, combinadospara tentar garantir a homeostase durante o exercício (NEDER & NERY, 2003). 24 Quadro2. Indicações para a execução do TECP Avaliação da intolerância ao exercício Determinação da capacidade funcional Determinação dos fatores limitantes da capacidade funcional Avaliação da intolerância ao exercício não diagnosticada Avaliação da limitação cardíaca ou pulmonar ou de ambas Dispneia a esclarecer Avaliação de pacientes com doença cardíaca Avaliação funcional ou prognóstica Seleção para transplante Avaliação de pacientes com doença pulmonar Avaliação funcional ou prognóstica na doença pulmonar obstrutiva crônica Avaliação funcional ou prognóstica na doença intersticial Avaliação funcional ou prognóstica na hipertensão pulmonar Avaliação funcional ou prognóstica na fibrose cística Avaliação do broncoespasmo induzido pelo exercício Reabilitação pulmonar Avaliação pré-cirúrgica Ressecção pulmonar Cirurgia abdominal Adaptado Neder et al, 2003. A utilização do TECP tem natureza limitada, por exigir um local em condições e com características apropriadas (laboratório próprio, refrigerado com a temperatura entre 22 e 24°C e com a umidade relativa do ar entre 50 e 70%), equipamentos caros e complexos, equipe de pelo menos três profissionais bem capacitados para a realização deste teste (STEIN, 2006; WASSERMAN et al., 1999; NEDER & NERY, 2003) Hoje, o TECP ainda é considerado a melhor alternativa disponível, denominado, ainda nos dias atuais, como o padrão ouro (MENEGHELO et al., 2010; WASSERMAN et al., 1999; NEDER & NERY, 2003). Existem condições necessárias para a realização do teste e estas devem ser seguidas para que seja possível sua boa execução (POWERS et al., 2000). Um bom ambiente para a realização deste teste, preza por uma sala de exames que deverá conter espaço suficientemente amplo para acomodar todo o equipamento necessário à realização dos testes, além de todo o material a ser usado durante eventuais emergências médicas (WASSERMAN et al., 1999). Sendo assim, essas exigências restringem a utilização deste importante recurso por outros profissionais da área de saúde não médicos. A área livre da sala deve permitir no 25 máximo a circulação de três pessoas, para que não sature demais o ar daquele ambiente com dióxido de carbono (NEDER & NERY, 2003). No ambiente de testes é necessário um suporte de emergência calibrado e testado previamente a realização dos testes (contendo: desfibrilador, ambu, oxigênio e medicamentos), que devem estar à disposição para o rápido manuseio, caso seja necessário. 2.2.1.1 Ergômetros Os ergômetros utilizados na execução do TECP devem ser, preferencialmente, eletrônicos ou eletromagnéticos e dispor de interface de comunicação com o computador central, através de saída analógica ou digital, para onde deverão ser enviados os dados de velocidade, inclinação, ciclos, sinais vitais, assim como as variáveis ventilatórias e metabólicas e recebido os comandos de variação de carga. Como dito anteriormente, existem alguns tipos de ergômetros para a realização do TECP, como a cicloergômetro, esteira rolante, escada, ergômetro de membros superiores e remoergômetro (NEDER & NERY, 2003). Os dois mais comumente utilizados são o cicloergômetro e a esteira rolante (NEDER & NERY, 2003; MENEGHELO et al., 2010), todavia devemos salientar que a escolha do ergômetro deve ser feita através da atividade, que o indivíduo que será submetido ao teste, tenha mais familiaridade. É fundamental que os ergômetros também disponibilizem: 1)controle manual ou automático, através de comando próprio ou de interface com um computador (no caso de sistema de ergometria computadorizado); 2)programação, através do comando da esteira ou do computador (no caso de sistema de ergometria computado), de protocolos em rampa com indicação da velocidade inicial e final, inclinação inicial e final, tempo de exame, sexo do paciente, coeficiente de aumento de carga e consumo em METs previsto (WASSERMAN et al., 1999). As esteiras ergométricas devem ser equipadas com chave de desligamento de emergência, devendo a mesma ser de fácil acesso tanto para o operador quanto para o paciente. Para maior segurança é fundamental o equipamento possuir chaves de desligamento automático. Essas chaves ficam conectadas ao paciente por um pequeno cabo, que desliga o sistema caso o mesmo se afaste demasiadamente do braço frontal da esteira, sofra uma queda ou não consiga vencer a velocidade imposta pelo protocolo escolhido, além de ser útil em caso de ocorrer algum mal súbito que determine a imediata parada da esteira. Já os cicloergômetros, podem ser uma alternativa à esteira quando se realiza o exame 26 em pacientes com limitações ortopédica, neurológicas ou vasculares periféricas. Além disto, a qualidade do traçado eletrocardiográfico e a medida da pressão arterial tendem a ser melhores do que na esteira (NEDER & NERY, 2003).O cicloergômetro utilizado deverá apresentar a capacidade de incrementos no trabalho, seja de forma automática ou manual, deverá apresentar guidom e selim ajustáveis de acordo com a altura do paciente; além disso, quanto mais confortável for melhor para o indivíduo realizar o teste, já que uma das maiores queixas durante o teste é a dor provocada pelo selim. No entanto, torna-se importante ressaltar que as respostas fisiológicas e o estresse metabólico ao exercício em cicloergômetros diferem daqueles do exercício em esteira. (NEDER & NERY, 2003; WASERMAN et al., 1999). Adicionalmente, os ergômetros possuem vantagens e limitações que possam comprometer a interpretação desejada dos testes (Quadro3). Neste sentido, antes da realização do exame, há necessidade de se ter claro os objetivos para a sua execução. Quadro 3. Vantagens e desvantagens da utilização da esteira ou cicloergômetro no teste cardiopulmonar. ERGÔMETROS Cicloergômetro Esteira VO2máx Menor Maior Melhor controle da carga Sim Não Coleta de gases sanguíneos Fácil Maior dificuldade Ruídos e artefados Menor Maior Segurança Menor Maior Adequação para obesos Maior Menor Grau de treinamento Menor Maior Mais apropriada para: Pacientes Saudáveis ativos Adaptado Neder et al, 2003. 2.2.1.2 Analisador de Gases O aparelho para a medida da ventilação deverá ter acurácia suficiente para medidas de diferentes volumes e velocidades de fluxos e baixa resistência e inércia. Além disso, é desejável que o aparelho permita sua conexão ao computador para maior facilidade da correlação dos dados obtidos (figura 2). A medida da ventilação durante o exercício requer que o indivíduo testado tenha suas narinas fechadas por um clipe nasal e que o bocal não permita qualquer escape de ar (NEDER & NERY, 2003). Atualmente são utilizadas máscaras 27 de um tecido conhecido como neoprene que engloba tanto o nariz quanto a boca (material usado em nosso trabalho), sendo neste segundo caso desnecessário a utilização de clipe nasal, porém a vedação dessa interface deve ser suficientemente justa no contorno da face (Figura 3), vedando de tal forma que não haja, em hipótese alguma, escape de ar durante a realização do teste. Por este motivo que indivíduos de barba deverão ser submetidos a tricotomia, enquanto o que tiverem somente bigode poderão realizar o teste normalmente. O espaço morto do equipamento também é importante (máximo =100ml) (NEDER & NERY, 2003). Atualmente, com os dispositivos mais modernos a análise de gases é realizada on-line. Vários tipos de fluxômetro podem ser utilizados: transdutores de massa, pneumotacômetros de Fleish ou de Pitot (WASSERMAN et al., 1999; POWERS et al., 2000; MENEGHELO et al., 2010)e anemômetro. Esses sistemas permitem medidas de trocas gasosas a cada ciclo respiratório 4 (respiração por respiração -do inglês“ breath-by-breath”). Figura 2. Montagem do teste de exercício cardiopulmonar. 28 Figura 3. Execução do teste de exercício cardiopulmonar Como os sistemas disponíveis apresentam diferentes especificações para a realização da calibração dos gases, deve-se sempre seguir o protocolo de calibração indicado no manual do equipamento (POWERS et al., 2000; WASSERMAN et al., 1999; NEDER & NERY, 2003). Para garantir a exatidão dos valores medidos, o analisador deve prover meios de executar sua calibração tanto por meios automáticos, quanto por meio de misturas de gases para a calibração (NEDER & NERY, 2003). Para prevenir a contaminação entre os pacientes, as peças que entram em contato com os pacientes devem ser descartáveis ou serem adequadamente preparadas, com a utilização de soluções enzimáticas desinfetantes. 2.2.1.3Tipo de protocolo para o TECP Existem dois tipos básicos de protocolos, onde as respostas do TECP podem ser obtidas, eles são: (i) incremental, com aumento progressivo da carga em períodos predeterminados e (ii) protocolo de carga constante, em que a carga é mantida estável por um tempo fixo definido previamente, ou sustentada até o limite da tolerância (endurance). A escolha do protocolo depende do objetivo do teste(POWERS et al., 2000; WASSERMAN et al., 1999; NEDER & NERY, 2003)(Figura 4). Os protocolos incrementais podem ser em rampa ou degraus; importante ressaltar que em protocolos do tipo rampa, o VO2 obtido está sempre atrasado em relação a carga imposta 29 naquele momento. Este atraso pode ser explicado pelo retardo dos gases no trajeto músculo- alveolar até serem captados em nível da boca e, adicionalmente, devido a difusibilidade do oxigênio e do dióxido de carbono. Felizmente este atraso é constante e corresponde a aproximadamente 40-60segundos (seg); logo, a carga correspondente ao limiar de anaerobiose ocorreu há 40-60 seg atrás.(NEDER & NERY, 2003) Um protocolo adequado para pacientes deve corresponder: (i) uma fase inicial de repouso (2-3 minutos [min] ou mais), no qual se verifica a ausência de hiperventilação antes do inicio do teste; (ii) um período de aquecimento em carga zero (2-3 min.); (iii) um período de incrementação (8-12 min.); (iv) um período de recuperação ativa na carga próxima ao zero (3-6 min.) para que o indivíduo recupere seus níveis pressóricos diastólicos gradativamente para que não ocorra uma síncope por baixo débito; e, (v) um período de recuperação passiva em repouso final (2-3 min.). Como exemplo podemos citar o protocolo de Naughton (NAUGNTON et al, 1973) conhecido por ser reservado a indivíduos com limitação importante, em especial idosos e sedentários, bem como pacientes em evolição recente de IAM e pacientes com IC crônica. Outro protocolo seria o de Balke (BALKE et al, 1959) incremento de cargas - de 25w a cada 2min; indivíduos jovens e hígidos - iniciar com 50w; indivíduos limitados - iniciar com carga livre; os demais indivíduos - começar com 25w. Estimativa do VO2 máx para cicloergômetro: VO2máx = 12 x W + 300/Peso(kg), onde W = carga em watts. Neste sentido, embora a estimativa da carga de incremento durante o protocolo de rampa (com duração entre 8-12 min.) (MENEGHELO et al., 2010; BALADY et al., 2012; NEDER & NERY, 2003) possa ser realizada pela fórmula proposta pelo American College Sport of Medice (ACSM), em 1980, onde a carga (watts)= [(altura-idade)*12] – [(150+6*peso)]/100. Torna-se importante ressaltar que tal proposição se aplica de forma mais adequada a indivíduos saudáveis e ativos, sugerindo que a incrementação por meio da dedução da carga a partir da capacidade funcional relatada, somada a sensibilidade dos avaliadores, tem se mostrado mais adequada para exames em indivíduos sedentários e com disfunções. 30 Figura 4. Protocolos para TECP executado em cicloergômetros. À esquerda exemplos de protocolos incrementais do tipo rampa. À direita, exercício físico de carga constante (Neder et al., 2003). 2.2.1.4 Variáveis do TECP Durante o TECP serão fornecidas algumas variáveis como a carga ou potência, onde a potência do cicloergômetro representa a quantidade de trabalho (força aplicada x à distância) que é realizada num dado período de tempo. A potência geralmente é expressa em Watts (1W=1J/s) ou (1W=6,12Kpm/min – Kilopondsmetro por minuto). Vale ressaltar que valores bastante diferentes podem ser obtidos num mesmo indivíduo, caso se usem incrementos mais rápidos (geralmente valores de pico maiores) ou mais lentos (valores menores). Outra variável do TECP e uma das mais importantes é o VO2, (WASSERMAN et al., 1999; POWERS et al., 2000; MENEGHELO et al., 2010) que constitui o volume de O2 extraído do ar inspirado pela ventilação pulmonar num dado período de tempo, calculado, portanto, como a diferença entre o volume de O2 inspirado e expirado (Figura 5). Em protocolo de carga constante, após considerarmos o tempo de atraso músculo-pulmão (carga incremental), o VO2 pode ser uma estimativa confiável da taxa periférica de troca de O2(NEDER & NERY, 2003). Expresso em ml/min ou L/min (STPD); correções para a massa corporal total devem ser interpretadas com cautela, principalmente nos indivíduos em sobrepeso 79 . E, como seria de se esperar, o VO2 depende da intensidade do exercício realizado (NEDER & NERY, 2003; POWERS et al., 2000). 31 Figura 5. Variáveis cardiorrespiratórias e metabólicas obtidas durante o teste cardiopulmonar com protocolo do tipo rampa em cicloergômetro (foto do autor). Logo, a inclinação da relação linear entre o VO2 e a potência (ΔVO2/ΔW) oferece importantes informações relativas à capacidade em suprir, através de vias predominantemente aeróbias, as demandas metabólicas (Figura 6). Figura 6. Gráfico do comportamento das variáveis cardiorrespiratórias e metabólicas obtidas durante o teste cardiopulmonar com protocolo do tipo rampa. Potência (preto), Cadência da pedalada (verde); Consumo de O2 (vermelho) e Produção de CO2 (azul). 32 A produção de dióxido de carbono (CO2) pode ser definida como o volume de CO2 adicionado ao ar inspirado pela ventilação pulmonar num dado período de tempo, calculado, portanto, como a diferença entre o volume de CO2 expirado e inspirado. No exercício de carga constante, após considerarmos o tempo de atraso músculo-pulmão (carga incremental) o VCO2 pode ser uma estimativa confiável da taxa periférica de troca de CO2 (QCO2); (NEDER & NERY, 2003; POWERS et al., 2000) no entanto o CO2 é cerca de 20 vezes mais difusível que o O2 (ou seja, tem vastos depósitos corporais), uma dada mudança na QCO2 demora mais tempo de ser refletida na VCO2 do que variações na QO2 modificam o VO2. O VCO2, tanto no exercício máximo como no submáximo, apresentam escassa importância prática. Podemos ver algumas dessas variáveis diretamente na tela do programa do analisador de gases (Figura 7). Figura 7. Tela do programa (aerograph®) utilizado em nosso trabalho com as variáveis cardiorrespiratórias e metabólicas obtidas durante o teste cardiopulmonar com protocolo do tipo rampa em cicloergômetro. A taxa de troca gasosa (R) ou quociente respiratório reflete a razão entre a liberação de CO2 e a captação de O2 pulmonares medidos no ar expirado (VCO2/VO2). Embora o R tenha sido tradicionalmente utilizado como um indicador de exercício máximo (Rmáx> 1.15 ou 1.20), deve-se também analisar criticamente este conceito, considerando que quanto mais rápida for a incrementação para a aptidão de um indivíduo ou maior for a utilização de carboidrato, o R será substancialmente maior. Entretanto, os valores de R ao repouso tem significativa importância na identificação de hiperventilação voluntária (R>0,9 no repouso, na ausência de hipoxemia): nenhum TECP deve iniciar em tais condições. (WASSERMAN et 33 al., 1999; NEDER& NERY, 2003). Nesse sentido, podemos utilizar testes de exercícios físicos denominado de exercício máximo, onde será observado pelo menos um dos critérios (HOWLEY et al., 1995) a seguir: 1) platô no VO2 (aumento ≤ 150ml/min -1 ou 2ml/kg 1 min -1 ); 2) R (respiratory Exchange ratio) ≥ 1,15 FCMax ≥ 90% da prevista pela idade (220-idade) (KARVONEN et al., 1957); 3) índice de percepção de esforço ≥ 18 (Escala de BORG) (BORG, 1998) e fadiga voluntária máxima com incapacidade de manutenção do ritmo preestabelecido. Para os exercícios considerados submáximos, o parâmetro de avaliação é o percentual de oitenta e cinco por cento da FCmáx, como limite máximo em que a FC poderá chegar durante a execução do exercício (GLASS et al., 2007). Como por exemplo: i) TC6M, (ENRIGHT et al., 2003ª; ENRIGHT et al., 2003 b ; MARRARA et al., 2012; PESSOA et al., 2014); ii)Teste de degrau de seis minutos(TD6M)(PESSOA et al., 2012; MACHADO et al., 2007; DE FÁTIMA TRAVENSOLO et al., 2013; BEYDON et al., 2007); iii)SWT(DP et al., 2014; PULZ et al., 2008; SINGH et al., 1992; WISE et al., 2005; COELHO et al., 2007). Por outro lado os testes de exercícios considerados máximo seriam: o teste de exercício cardiopulmonar (TECP), considerado amplamente na literatura como o padrão ouro (NEDER E NERY, 2003; STEIN, 2006; MENEGHELO et al., 2010). Uma observação relevante sobre o SWT, é que dependendo da intensidade alcançada durante a realização do teste, este poderá ser considerado um teste de exercício máximo (DP MONTEIRO et al., 2014). TECP máximo ou sintoma-limitado está associado ao sistema de ergometria e será realizado com objetivo de avaliar a capacidade funcional dos indivíduos submetidos ao teste (HERDY et al., 2016). Existem alguns tipos de ergômetros para a realização do TECP, como a bicicleta, esteira, escada, ergômetro de membros superiores e caiaque (NEDER & NERY, 2003). O exercício físico desencadeia ajustes complexos e imediatos nos sistemas: cardiovascular, ventilatório, no metabólico e em sintomas (NEDER & NERY) subjetivos, afim de manter o melhor funcionamento dos órgãos e sistemas dessa maquinaria praticamente perfeita que é o corpo humano. A integração harmônica desses ajustamentos mostra que o nosso organismo está sempre tentando compensar situações adversas (J.W.WILLIAMSON et al., 2010) da forma mais eficiente possível e com o menor dispêndio energético. Desta forma é possível inferir que o exercício físico não é tão simples quanto parece. Principalmente quando são analisadas as repercussões sofridas pelo corpo e suas compensações, através de um aparato tecnológico que permite observar importantes marcadores e variáveis que irão fornecer informações valiosas para o melhor entendimento dessa máquina complexa. 34 Durante os testes ergoespirométricos é impossível a comunicação verbal do paciente com o avaliador, (MENEGHELO et al., 2010) pois isso acarretaria em alterações nos gases respirados, sendo assim e por conveniência foi criada uma escala de percepção subjetiva do esforço ou dispneia, que determina a taxa de esforço percebido. Também conhecida com escala de BORG (BORG, 1998);onde um pôster com as escrituras desta escala (0 – 20) é utilizada para a indicação manual da sensação subjetiva de cansaço. No entanto, a taxa de esforço percebido pode ainda ser avaliada através da escala de BORG modificada, category- ratio (CR-10), mais concisa (0 – 10) e parece ser mais pragmática e objetiva. Essa ferramenta utilizada na ergoespirometria deverá ser explicada ao paciente antes do início do teste. Poderá ser aplicada antes, durante e depois do TECP. É imprescindível que a escala de BORG esteja legível, no campo visual e ao alcance das mãos do paciente durante o teste, pois assim ele poderá apontar o nível de cansaço com mais facilidade durante a realização do exame (Figura 8). 0 NENHUMA 0,5 MUITO, MUITO LEVE 1 MUITO LEVE 2 LEVE 3 MODERADA 4 POUCO INTENSA 5 INTENSA 6 7 MUITO INTENSA 8 9 MUITO, MUITO INTENSA 10 MÁXIMA Figura 8. Escala de BORG modificada.(BORG, Gunnar. Borg's perceived exertion and pain scales.Humankinetics, 1998.modificada CR-10). 2.2.1.5 Limiar anaeróbio ventilatório (LAV) ou 1° limiar ventilatório 35 Caracteriza-se por marcar o início do acúmulo sustentando de lactato na corrente sanguínea, comparados aos valores de repouso. É percebido pela perda da linearidade entre a ventilação (VE) e o VO2 (primeiro ponto de inflexão - Figura 9). Isso se traduz na prática pelo equivalente de oxigênio mais baixo (VE/VO2) antes de seu aumento progressivo ou pelo início do aumento no VE/VO2 em desproporção ao VE/VCO2.Além disso, observa-se o aumento na razão de trocas respiratórias (R= VCO2/VO2) e um aumento progressivo da pressão expirada de oxigênio (PETO2)(ACSM, 2013; NEDER & NERY, 2003; WASSERMAN et al., 1999). O LAV também pode ser identificado por intermédio de equações de regressão pelo método computadorizado V-Slope (BEAVER et al., 1986; WASSERMAN et al., 1993; NEDER & NERY, 2003) (técnica que permite a identificação não invasiva do início da lactacidose durante um teste incremental), devendo este sempre ser comparado àquele observado pela análise visual. Figura 9. Determinação dos limiares metabólicos pelo método visual gráfico: (A) V-slope. VO2: consumo de oxigênio, VCO2: produção de gás carbônico; (B) Variáveis VE/VO2 (equivalente ventilatório de oxigênio), VE/VCO2 (equivalente ventilatório de gás carbônico), PETO2 (pressão expirada de oxigênio) e PETCO2 (pressão expirada de gás carbônico) plotadas em função do tempo utilizadas. LAV, limiar anaeróbio; PCR, ponto de compensação respiratória. (Adaptado de Reis MS, Quitério RJ. Teste Cardiopulmonar. Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. Departamento de Fisioterapia. 2015) 26 . Diversas metodologias têm sido utilizadas na determinação do LA (SAKABE et al., 2004) tais como a análise da lactacidemia, na qual o LAV é determinado pelo ponto onde o 36 acúmulo de ácido lático no sangue é de 2mmol/L (STEGMANN et al., 1981; KIDERMANN et al., 1979), análise das variáveis ventilatórias, sendo que os estudos referem o LAV como ponto onde ocorre um aumento desproporcional da ventilação pulmonar (VE) e da produção de dióxido de carbono (VCO2) em relação ao VO2 pela perda da linearidade do comportamento dessas variáveis, apesar da manutenção da linearidade do VO2, pela análise do comportamento da frequência cardíaca (FC) e pelo estudo da eletromiografia (SAKABE et al., 2004; MARÃES V.R.F.S., 2004) (EMG). 2.2.1.7 Ponto de compensação respiratória (PCR) ou 2° Limiar ventilatório. O segundo limiar ventilatório ou ponto de compensação respiratório (PCR) é caracterizado pela perda da linearidade da relação entre a VE e o VCO2 (VE/VCO2 mais baixo, antes do aumento progressivo), queda da PETO2 (PETO2 mais alta, precedendo sua queda abrupta). Além disso, é o ponto na qual a VE passa a aumentar em desproporção ao aumento no VCO2 (hiperventilação) (WASSERMAN et al., 1999; NEDER & NERY, 2003). Durante o TECP, com o aumento progressivo da carga, a VE progride de maneira numérica até poder alcançar um platô máximo, o qual se caracteriza por uma grande produção de CO2. Esse processo de incremento ventilatório serve como marcador de limitação do esforço. O VE é o resultado do produto do volume corrente (VC) pela frequência respiratória (FR). A avaliação isolada destes parâmetros, muitas vezes, pode ser útil. Cabe ressaltar que a FR durante o TECP dificilmente ultrapassa 50irpm (incursões respiratórias por minuto) (NEDER & NERY, 2003). Já o VC, que representa de modo parcial a capacidade de expansibilidade pulmonar, em repouso pode variar de 300 a 600ml por irpm, podendo aumentar em até 70% da capacidade vital quando o indivíduo é exposto ao esforço. Ainda em relação à ventilação, sabemos que alguns equipamentosfornecem dados da afinidade entre o espaço morto (VD) e o VC. O comportamento normal do chamado VD/VT diminui durante o esforço em indivíduos normais. O incremento poderá significar modificações significativas na relação VE/perfusão pulmonar, devendo o paciente ser observado com maior atenção nessas situações. O equivalente ventilatório de oxigênio e gás carbônico são as razões VE/VO2 e VE/VCO2 respectivamente. Durante o exercício progressivo, as relações VE/VO2 e VE/VCO2 primeiro diminuem, para depois virem a aumentar até o final do exercício (POWERS et al., 2000). 37 A pressão expirada de O2 (PETO2) ou fração expirada de O2 (FEO2) diminui transitoriamente logo após o início do exercício, desde que o aumento na VE seja mais lento do que o incremento no VO2. Ao ser atingido o LAV, a PETO2 aumenta 10 a 30mmHg até se alcançar o esforço máximo. Esse aumento se deve à hiperventilação provocada pela diminuição do pH (acidose metabólica a ser compensada); a FEO2 tem o mesmo comportamento, diminuindo no início do esforço e atingindo um valor mínimo, aumentando de maneira progressiva com o aumento na carga até o pico do esforço (NEDER & NERY, 2003). Já a pressão expirada de CO2 (PETCO2) ou fração expirada de CO2 (FECO2), na qual o valor ao nível do mar varia de 36 a 42mmHg e eleva-se 3 a 8mmHg durante o exercício de intensidade leve a moderada e atinge um valor máximo, quando é caracterizado o PCR e pode em seguida diminuir (WASSERMAN et al., 1999; NEDER & NERY, 2003). FECO2 tem o mesmo comportamento durante exercícios com cargas crescentes. Já o pulso de oxigênio (VO2/FC), considerada uma das mais importantes variáveis utilizadas pela ergoespirometria, pois demonstra a quantidade de O2que é transportada/consumida a cada sístole cardíaca pela musculatura periférica. Uma diminuição do desempenho do ventrículo esquerdo pode ser detectada pelo TECP, mediante observação de O2. 2.2.2 Equações de predição Conforme discutido anteriormente, o padrão ouro para avaliação da capacidade cardiorrespiratória é a medida do VO2 pelo TECP. Quando tais medidas não são acessíveis, alguns procedimentos indiretos como as fórmulas de predição, têm sido utilizados para calculá-los (MAGRANI et al., 2010; DE LIMA et al., 2006; ALMEIDA et al., 2010; KOUTLIANOS et al., 2013; MALEK et al., 2004). Esses testes são aceitos no cotidiano e validados pelas correlações existentes entre o VO2 medido no TECP com estimado através de equações ou testes de desempenho (PETERSON et al., 2003). O método padrão ouro será sempre a primeira escolha, mas a decisão entre usar teste máximo (TECP) ou a fórmula de predição (método indireto) dependerá das disponibilidades inerentes à realização deste exame, como disponibilidade de equipamento ou pessoal treinado apto para realizar o procedimento, além é claro, do indivíduo a ser avaliado. O TECP proporciona uma determinação mais fidedigna; entretanto, como é sabido, é mais dispendioso, necessita de equipe especializada e tende a ser mais demorado (NEDER & NERY, 2003). Em vista disso, a medida direta do VO2 normalmente é reservada para a 38 pesquisa, para uso no treinamento desportivo ou é utilizada em ambiente clínico específico (POWERS et al., 2010; WASSERMAN et al., 1999). Outro método utilizado e considerado o mais próximo do TECP, seria a estimativa do VO2 por intensidade de esforço. Onde tem como desvantagem conduzir o indivíduo até a exaustão máxima com controle limitado das variáveis ventilatórias e metabólicas que pudessem garantir maior segurança. O teste de esforço máximo, quando comparado ao teste de esforço submáximo, tem grande valor e utilidade clínica para o diagnóstico de cardiopatia isquêmica em indivíduos assintomáticos. Em alguns cenários o teste de esforço (ergometria) pode não ser usados para avaliação da capacidade cardiorrespiratória máxima (NEDER & NERY, 2003; WASSERMAN et al., 1999). Nesse caso, foram desenvolvidos testes de esforço submáximo com o objetivo básico de estimar a relação entre a resposta da FC de um indivíduo e seu VO2 durante o exercício progressivo e usá-lo para prever o VO2max. Para determinar com exatidão esta relação, é preciso medir a frequência cardíaca e o VO2 pelo menos duas ou mais intensidades de esforço submáximo. É um método mais prático quando comparado ao TECP, relativamente simples, menos dispendioso, mais célere e de baixo risco. (POWERS et al., 2000). Embora, não tem a mesma precisão que o padrão ouro (MENEGHELO et al., 2010). A escolha mais corriqueira do ergômetro para este teste submáximo tem sido o cicloergômetro, apesar disso, alguns locais realizam este tipo de teste utilizando também a esteira rolante. Provavelmente pela semelhança biomecânica entre a marcha e a atividade física realizada na esteira para este tipo de teste. Mas o cicloergômetro tem a vantagem de ser mais preciso em relação a carga oferecida ao indivíduo, ocupa menos espaço no ambiente de testes e mantém os sinais vitais coletados durante o teste com maior estabilidade. Nos testes submáximos realizados em esteira rolante, geralmente terminam com a frequência cardíaca, em regra, 85% da FC máxima (NEDER & NERY, 2003) prevista ([FC máxima – FC em repouso]x[0,85] + FC repouso), determinada previamente ao início do teste. Os protocolos de Bruce e Ellestad são os mais frequentemente utilizados (dependendo da característica funcional) com ergômetros como esteira rolante (BRUCE et al., 1949). No protocolo de Bruce se preconiza incrementos da carga de forma progressiva a cada três minutos (protocolo incremental), de modo que, a cada minuto, corresponda ao incremento de 1 MET. Se um indivíduo atingiu 10 minutos no protocolo de Bruce, podemos inferir que atingiu 10 METS ou 35 mL.kg-1.min-1. Já o protocolo de Ellestad, preconiza aumentos 39 maiores de velocidade a cada 2 minutos, além disso, utiliza-se inclinação fixa até o oitavo minuto e, a partir desse ponto, passa inclinar-se 15%. Existem diversos protocolos de campo para avaliar a CF, podemos citar ainda o Teste de Cooper (COOPER, 1968), onde o objetivo do teste é correr a maior distância possível em 12 minutos. Adicionalmente, o Teste da Milha, que é outro teste de campo bastante utilizado, onde o indivíduo deve correr 1600 metros (equivalente a uma milha) em um menor período de tempo possível (conhecidos como contrarrelógio). Tais testes são de fácil aplicabilidade, no entanto, o nível individual de motivação e o esforço máximo sem monitorização podem gerar resultados controversos ou passíveis de erros, além do risco inerente a cada teste destes. Paralelo a estes testes, o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM) desenvolveu equações que estimassem uma variável desses testes, como a do VO2máx (mL.kg -1 .min -1 ) = 0,1 x velocidade (em m/minuto) + 1,8 x velocidade x inclinação + 3,5. Essas equações de predição têm sido frequentemente usadas para testes ergométricos. Tal equação foi desenvolvida para exercício aeróbico submáximo, onde se alcançava o estado estável de equilíbrio (steadystate). Já a equação de Foster (FOSTER et al., 1996), na qual o VO2máx (também em mL.kg -1 .min -1 ) = 0,694 x ACSM + 3,33, foi desenvolvida também para protocolo em esteira rolante. Nesta ficou evidenciado uma melhor correlação na estimativa do VO2máx em relação aos valores obtidos pelo padrão ouro (FOSTER et al., 1996). Por sua vez, Bruce e colaboradores descreveram equação de predição na qual o VO2máx é uma variável dependente das características físicas anteriores ao teste, tais como: faixa etária, gênero, composição corporal e nível de atividade física. É de suma importância salientar que as equações de predição propostas por Bruce não têm relação com as variáveis obtidas no TECP. Isso é um importante diferencial em relação às equações de predição das quais o VO2máx depende de variáveis relacionadasao exercício físico, tais como: velocidade, inclinação, carga, duração do teste e frequência cardíaca atingida no teste. No Brasil, as equações de predição mais encontradas em softwares de TCPE foram desenvolvidas por Jones (JONES & CAMPBEL, 1982) (especificamente paraesteira) e as de Wassermann (WASSERMAN et al., 1999) (para esteira e cicloergômetro). No entanto, pouco se sabe sobre a validade da estimativa do VO2 pelas formulas de predição na população brasileira, em idosos e pacientes com IC crônica, uma vez que tais equações não foram validadas. 3 JUSTIFICATIVA 40 O TECP é uma medida objetiva na avaliação da CF para analisar as variáveis metabólicas e cardiorrespiratórias, assim como para diagnóstico e prognóstico de doenças cardiovasculares, além de ser utilizado para a prescrição de exercícios físicos e terapêuticos. Entretanto para a realização do TECP é preciso um local com condições ideais, aparato tecnológico muito dispendioso, equipe com pelo menos três pessoas capacitadas e que saibam analisar os resultados gerados pelo teste. Desta forma, poucos lugares têm capacidade física e financeira para esta finalidade. Assim, podemos mencionar algumas poucas universidades e grandes clubes de futebol que possuem tal aparato tecnológico. Pensando numa solução para os entraves econômico e tecnológico, foi possível inferir que a matemática seria a saída plausível para que estes impeditivos sejam superados. Então tem sido considerada a aplicação de fórmulas preditivas simples que necessita de variáveis mais acessíveis. Praticamente sem custos, quando comparado ao padrão ouro, além de ser rápida e com capacidade de ser aplicada em um número maior de pessoas, economizando tempo e evitando possíveis limitações pertinentes à realização do TECP. Basta saber se esses valores apurados com esta fórmula preditiva serão similares, quando compararmos a utilização do padrão ouro. Esta fórmula preditiva poderá auxiliar na redução da carência de recursos e abrir um novo campo para a utilização deste recurso por parte de pesquisadores e clínicos. A literatura sugere que há necessidade de se estudar os fatores que, possivelmente, possam enviesar os valores do VO2 no LAV e no pico do exercício, obtidos através da fórmula de predição. Portanto, a literatura ainda é incipiente neste assunto e por isso que este trabalho pode trazer um novo olhar para a aplicação do VO2 indireto no diagnóstico, prognóstico e prescrição de exercícios. 4 OBJETIVOS 4.1 Objetivo geral Comparar os valores do VO2 estimado pela fórmula com o obtido no TECP através de fórmula preditiva do VO2 em homens jovens e idosos saudáveis e pacientes com de IC crônica na potência do LAV e no pico do exercício. 4.2 Objetivos específicos Avaliar a similaridade dos resultados nos grupos GJ, GI e GIC; Verificar a sensibilidade na similaridade dos três grupos 5. Hipótese Na elaboração do projeto, nossa hipótese inicial era de que a formula de predição superestimasse os valores do VO2 nas populações estudadas. 41 6 MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi desenvolvida no GECARE, da UFRJ no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), onde o pesquisador responsável por este ambulatório é o Prof. Dr. Michel Silva Reis (coordenador do grupo de estudo e pesquisa). Foram avaliados homens jovens e idosos saudáveis e pacientes com IC crônica (onde os grupos de idosos e IC crônica foram por amostragem de conveniência). Todos concordaram em participar voluntariamente dessa pesquisa realizaram TECP com protocolo do tipo rampa em cicloergômetro. 6.1 Desenho do estudo Trata-se de um estudo observacional, experimental e transversal. 6.2 Amostra Foram triados homens, que obedeceram aos seguintes critérios de inclusão e exclusão: 1)grupo jovens (GJ): com faixa etária entre 19 e 36 anos e saudáveis de acordo com avaliação clínica; 2)grupo idosos (GI) eram do sexo masculino, faixa-etária entre 60 e 91 anos, saudáveis segundo avaliação clínica. Dos grupos GJ e GI foram excluídos os voluntários com história de doenças: cardiovascular, respiratória, muscular, ortopédica, neurológica, metabólica, imunológica e com evidências clínicas e/ou funcionais de doença pulmonar obstrutiva crônica (VEF1/CVF < 70%) (PAUWELS et al., 2001); e, 3)grupo com IC crônica (GIC): que deveriam apresentar história prévia de IC crônica estável, provocada por disfunção ventricular sistólica esquerda documentada nos últimos 6 meses (fração de ejeção do ventrículo esquerdo < 45%); estabilidade clínica nos últimos 3 meses e sem história de eventos anginosos ou coexistência de doença pulmonar. Foram excluídos os pacientes com evidências clínicas e/ou funcionais de doença pulmonar obstrutiva crônica (VEF1/CVF < 70%) (PAUWELS et al., 2001), asma induzida pelo exercício, angina 42 ou arritmias significativas e infarto do miocárdio nos últimos 6 meses, e que participavam de programa de reabilitação cardiovascular no ano anterior ao estudo. Todos os voluntários foram submetidos à avaliação clínica, exames bioquímicos e eletrocardiografia. A prova de função pulmonar (espirometria) foi realizada usando o espirômetro Vitalograph® (Hand-Held 2021 instrument. Ennis, Ireland) para execução da CVF que foi realizada para a determinação do VEF1 e da relação VEF1/CVF. Os valores de referências utilizados foram os de Knudson e colaboradores (1983) foram expressas em condições BTPS (Body Temperature Pressure Standard) e os procedimentos técnicos, critérios de aceitabilidade e reprodutibilidade foram realizados segundo as normas recomendadas pela American Thoracic Society (ATS, 1995). Adicionalmente, no GIC foi realizada a avaliação da CF de acordo com a classificação da New York Heart Association (NYHA). Por fim, os pacientes com IC crônica estavam com medicação otimizada com 100% dos indivíduos em terapia betabloqueadora. Todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido segundo resolução 466/12 CONEP. 6.3 Protocolos experimentais Os voluntários recrutados passaram pelas seguintes etapas: 6.3.1 Avaliação fisioterapêutica Os voluntários foram submetidos a uma avaliação detalhada (anamnese e exame físico), na qual foram coletados os dados pessoais, antropométricos, sinais vitais e estado nutricional (índice de massa corpórea – IMC). 6.3.2 Teste de exercício cardiopulmonar máximo ou sintoma-limitado O TECP associado ao sistema de ergoespirometria foi realizado com objetivo de avaliar a capacidade funcional dos voluntários e para identificar o resultado das variáveis respiratórias e metabólicas para posteriormente analisar comparativamente com os resultados obtidos pela fórmula preditiva. O TECP foi executado por meio do protocolo do tipo rampa em cicloergômetro (Inbramed, Porto Alegre, Brasil). Inicialmente, os pacientes permanecerão três minutos em repouso sentado no cicloergômetro; na sequência, iniciará o período de 43 aquecimento por três minutos, pedalando na com a carga que variou de 1W (para os pacientes idosos e cardiopatas com IC crônica) a 15W (para os jovens aparentemente saudáveis). Após esta etapa, o protocolo de exercício físico foi iniciado com incrementos de 10 a 25W de carga a cada min. até a exaustão física – isto é, impossibilidade de o voluntário executar a carga imposta. A distribuição da carga foi controlada pelo avaliador junto ao sistema de ergometria. Por fim, o período de recuperação pós-teste, consistiu de três minutos na carga de 25W, seguidos de dois minutos de repouso, onde continuaram sentados na bicicleta ergométrica enquanto a coleta dos sinais vitais, saturação periférica de O2, das variáveis ventilatórias, metabólicas e subjetivas continuaram a ser captadas, mesmo após a interrupção da carga. As variáveis ventilatórias e metabólicas e a FC foram captadas
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