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Universidade Tiradentes - Medicina P4 Neoplasias colorretais TUTORIA ● Qualquer lesão de massa neoplásica no trato GI pode produzir uma protrusão mucosa, ou pólipo. ● Isto inclui os adenocarcinomas, tumores neuroendócrinos (carcinóides), tumores estromais, linfomas e até cânceres metastáticos de locais distantes. ● Os pólipos neoplásicos mais comuns são os adenomas colônicos, os quais são os precursores da maioria dos adenocarcinomas colorretais. CONCEITO: ● São neoplasias epiteliais que variam de pequenos pólipos frequentemente pedunculados a grandes lesões sésseis. Adenomas colônicos. A, Adenoma pedunculado. B, Adenoma com superfície aveludada. C, Fotomicrografia em pequeno aumento de um adenoma tubular pedunculado. EPIDEMIOLOGIA: ● Há uma pequena predominância masculina; ● Estão presentes em cerca de 30% dos adultos que vivem no Ocidente, até os 60 anos. ● Como os pólipos são precursores do adenocarcinoma colorretal, é recomendado que todos os adultos nos Estados Unidos passem por vigilância aos 50 anos. ● Embora os adenomas sejam menos comuns na Ásia, sua frequência tem aumentado nessas populações, à medida que dietas e estilo de vida ocidentais tornaram-se mais comuns. FATORES DE RISCO: ● Sexo masculino ● Idade avançada ● Histórico familiar: pacientes com familiares diagnosticados com adenocarcinoma colorretal, devem fazer colonoscopia, pelo menos 10 1 2 anos antes da idade na qual o familiar foi diagnosticado. FISIOPATOLOGIA: ● Os adenomas colorretais são caracterizados pela presença de displasia epitelial. ● O adenoma colorretal se correlaciona com a do adenocarcinoma colorretal, e as distribuições dos adenomas e dos adenocarcinomas no cólon são similares. ● A colonoscopia de vigilância regular e a remoção dos pólipos reduzem a incidência de adenocarcinoma colorretal. ● Deve-se enfatizar que a maioria dos adenomas não progride para tornar-se adenocarcinomas. ● Não há ferramentas atualmente para distinguir entre adenomas que irão ou não irão passar por transformação maligna. Essa transformação pode ser ao acaso, dependendo da aquisição das mutações oncogênicas. ● Histologicamente, a característica da displasia epitelial é a hipercromasia, o alongamento e a estratificação nuclear. ● Nucléolos grandes, citoplasma eosinofílico e uma redução no número de células caliciformes. ● Notavelmente, as células epiteliais não conseguem amadurecer enquanto migram da cripta para a superfície. ● Os adenomas pedunculados possuem pedículos fibromusculares delgados, contendo vasos sanguíneos proeminentes derivados da submucosa. ● O pedículo é geralmente recoberto por epitélio não neoplásico, mas o epitélio displásico pode estar presente. QUADRO CLÍNICO: ● A maioria dos adenomas é clinicamente silenciosa. ● Pólipos grandes podem produzir sangramento oculto e anemia. ● Raros adenomas vilosos causam hipocalemia hipoproteinêmica, pela secreção de grandes quantidades de proteína e potássio. ● Os adenomas típicos variam de 0,3 a 10 cm de diâmetro e podem ser pedunculados ou sésseis. ● A superfície de ambos tem textura semelhante ao veludo ou à framboesa. CLASSIFICAÇÃO: ● Os adenomas podem ser classificados como tubulares, tubulovilosos ou vilosos com base em suas arquiteturas. ● Essas categorias possuem pouca importância clínica isoladamente. ○ Adenomas tubulares: tendem a ser pólipos pequenos e pedunculados, compostos de glândulas arredondadas ou tubulares. ○ Adenomas vilosos: são frequentemente maiores e sésseis, são cobertos por vilosidades delgadas. ○ Adenomas tubulovilosos: têm uma mistura de elementos tubulares e vilosos. ● Adenomas serrilhados sésseis: sobrepõem-se histologicamente aos pólipos hiperplásicos, mas são mais comumente encontrados no cólon direito. Tem potencial maligno. 2 3 ● Carcinoma intramucoso: ocorre quando as células epiteliais displásicas rompem a membrana basal para invadir a lâmina própria ou a muscular da mucosa. Como os canais linfáticos funcionais estão ausentes na mucosa colônica, carcinomas intramucosos têm pouco ou nenhum potencial metastático. A invasão abaixo da muscular da mucosa, inclusive no pedículo submucoso de um pólipo pedunculado constitui um adenocarcinoma invasivo. ● Embora a maioria dos adenomas colorretais seja de lesões benignas, uma pequena proporção pode abrigar um câncer invasivo no momento da detecção. ● O tamanho é a característica mais importante correlacionada ao risco de malignidade. ● Alguns estudos sugerem que aproximadamente 40% das lesões maiores que 4 cm de diâmetro contêm focos de câncer. ● A displasia de alto grau também é um fator de risco de câncer em um pólipo individual. Polipose adenomatosa familiar. A, Centenas de pequenos pólipos estão presentes neste cólon, com um pólipo dominante (à direita). CONCEITO: ● A polipose adenomatosa familiar (PAF) é um distúrbio autossômico dominante, no qual os pacientes desenvolvem numerosos adenomas colorretais, quando adolescentes. EPIDEMIOLOGIA: ● Aproximadamente 75% dos casos são hereditários, enquanto o restante aparenta ser causado por mutações adquiridas. ● O adenocarcinoma colorretal desenvolve-se em 100% dos pacientes que não realizaram tratamento para a PAF, comumente antes dos 30 anos e quase sempre aos 50. ● Como o adenocarcinoma acontece em 100% dos casos, a colectomia profilática é a terapia padrão para indivíduos carregando mutações APC. ● A colectomia previne o câncer colorretal, mas os pacientes continuam sob risco de neoplasia em outros locais. FATORES DE RISCO: ● História familiar; ● Mutações APC. FISIOPATOLOGIA: ● Ela é causada por mutações do gene da adenomatose polipose coli ou gene APC. ● Alguns pacientes com polipose, sem perda de APC, possuem mutações bialélicas do gene reparador da excisão da base MYH. Esse distúrbio autossômico recessivo é conhecido como polipose associada ao MYH. ● Na polipose associada ao MYH, o fenótipo colônico é 3 4 semelhante ao da PAF atenuada: ○ Desenvolvimento do pólipo em idades mais avançadas; ○ Presença de menos de 100 adenomas; ○ Atraso no surgimento do câncer de cólon. ● Além disso, pólipos serrilhados, frequentemente com mutações KRAS, podem estar presentes nos pólipos associados ao MUTYH. QUADRO CLÍNICO: ● Pelo menos 100 pólipos são necessários para um diagnóstico de PAF clássica, mas várias centenas podem estar presentes. ● Exceto por seus números notáveis, esses crescimentos são morfologicamente indistinguíveis dos adenomas esporádicos. ● Adenomas planos ou deprimidos também são prevalentes na PAF. ● Adenomas microscópicos, consistindo em somente uma ou duas criptas displásicas, são frequentemente observados em mucosas aparentemente normais. ● A PAF está associada a uma variedade de manifestações extraintestinais (hipertrofia congênita do epitélio pigmentado da retina, o que geralmente pode ser detectado ao nascimento). CONCEITO: ● O câncer colorretal hereditário não polipose (CCHNP), também conhecido como síndrome de Lynch, foi originalmente descrito com base no agrupamento familiar de cânceres em vários locais, inclusive no cólon, reto, endométrio, estômago, ovário, útero, cérebro, intestino delgado, trato hepatobiliar, pâncreas e pele. EPIDEMIOLOGIA: ● Acredita-se que o CCHNP representa entre 2% e 4% de todos os cânceres colorretais. ● Os cânceres de cólon em pacientes com CCHNP tendem a ocorrer em idades mais precoces do que os cânceres de cólon esporádicos. ● Estão frequentemente localizados no cólon direito. FISIOPATOLOGIA: ● O CCHNP é causado por mutações hereditárias nos genes que codificam proteínas responsáveis pela detecção, excisão e reparo de erros que ocorrem durante a replicação do DNA. ● Existem pelo menos cinco desses genes de reparo de erro de pareamento, mas a maioria dos pacientes com CCHNP possui mutações em MSH2 ou MLH1. ● Pacientes com o CCHNP herdam um gene mutante e um alelo normal. ● Quando a segunda cópia é perdida, em função de mutação ou de silenciamento epigenético, os defeitos no reparo de erros de pareamento levam ao acúmulode mutações em taxas até 1.000 vezes mais altas do que o normal. 4 5 Carcinoma colorretal. A, Câncer retal ulcerado e circunferencial. Note a mucosa anal na parte inferior da imagem. B, Câncer do cólon sigmoide que invade a muscular própria e está presente dentro do tecido adiposo subseroso (à esquerda). Áreas de necrose, mais claras, estão presentes na parede colônica (seta). CONCEITO: ● O adenocarcinoma do cólon é a malignidade mais comum no trato GI. ● É a principal causa de morbidade e mortalidade do mundo. ● Apesar do intestino delgado ser responsável por 75% de toda a extensão do trato GI, é um local incomum para tumores benignos e malignos. ● Entre os pequenos tumores intestinais malignos, os adenocarcinomas e tumores neuroendócrinos bem diferenciados (carcinoides) apresentam aproximadamente a mesma incidência, seguidos dos linfomas e sarcomas. EPIDEMIOLOGIA: ● Cerca de 1,2 milhão de novos casos de adenocarcinoma colorretal e 600.000 mortes associadas ocorrem a cada ano em todo o mundo. ● O adenocarcinoma colorretal é responsável por quase 10% de todas as mortes por câncer. ● A incidência desses tumores é maior na América do Norte, com os Estados Unidos respondendo por aproximadamente 10% dos casos e das mortes por câncer em todo o mundo. ● Com as mudanças no estilo de vida e dieta, Japão também apresenta alta incidência de adenocarcinoma colorretal. ● Os picos de incidência de câncer colorretal ocorrem aos 60 a 70 anos de idade, com menos de 20% dos casos ocorrendo antes dos 50 anos. ● A quimioprevenção farmacológica tem se tornado uma área de grande interesse. ● Estudos sugerem que a aspirina ou outros AINEs tenham um efeito protetor e até causam um efeito redutor em pólipos de PAF, mediado pela inibição da enzima ciclo-oxigenase-2 (COX-2), altamente expressa em carcinomas colorretais e adenomas. FATORES DE RISCO: ● Os fatores dietéticos como a baixa ingestão de fibras vegetais inabsorvíveis e a alta ingestão de carboidratos refinados e gorduras, estão associados com o aumento das taxas de câncer colorretal. ● A fibra reduzida: leva à diminuição da massa de fezes e à composição alterada da microbiota intestinal, o que pode aumentar a síntese de subprodutos oxidativos potencialmente tóxicos do metabolismo bacteriano. ● O elevado consumo de gordura: aumenta a síntese hepática de colesterol e de 5 6 ácidos biliares, que podem ser convertidos em carcinogêneos por bactérias intestinais. FISIOPATOLOGIA: ● A combinação de eventos moleculares que levam ao adenocarcinoma colônico é heterogênea e inclui: ○ Anormalidades genéticas; ○ Anormalidades epigenéticas. ● Pelo menos duas vias genéticas foram descritas. ● Ambas as vias envolvem a acumulação gradual de mutações múltiplas, mas diferem nos genes envolvidos. A via APC/β-catenina: . ● É ativada na sequência clássica adenoma-carcinoma. ● Inclui a mutação de APC no início do processo neoplásico; ● Ambas as cópias do gene APC devem estar funcionalmente inativas. ● O APC é um regulador negativo fundamental da β-catenina. ● A proteína APC liga-se à β-catenina e promove a sua degradação. ● Com a perda da função da APC, a β-catenina se acumula e transloca-se para o núcleo, onde ela forma um complexo com o fator TCF e ativa a transcrição de genes, incluindo a MYC e a ciclina D1, que promovem a proliferação. ● Vários cânceres do cólon, sem mutações de APC, abrigam mutações de β-catenina que lhes permitem evitar a degradação dependente de APC, tendo assim o mesmo impacto que a perda da função de APC. A via de instabilidade microssatélite:. ● Está associada aos defeitos no reparo de erros de pareamento do DNA e à acumulação de mutações em regiões de repetição microssatélite do genoma. ● Em pacientes com deficiência de reparo de erros de pareamento do DNA, as mutações se acumulam nas repetições de microssatélites, uma condição conhecida como instabilidade de microssatélites. Estes são referidos como tumores de MSI alta. ● Algumas sequências de microssatélites estão localizadas nas regiões de codificação, ou promotoras de genes, tais como aquelas que codificam o receptor de TGF-β tipo II e a proteína pró-apoptótica BAX. ● As mutações do TGF-β podem contribuir para o crescimento celular descontrolado. ● A perda de BAX pode aumentar a sobrevivência de clones geneticamente anormais. Eventos epigenéticos: . ● Eventos epigenéticos, o mais comum sendo o silenciamento de genes induzido por 6 7 metilação, podem aumentar a progressão ao longo de cada via. ● As mutações adicionais se acumulam, incluindo as mutações ativadoras no KRAS, que promovem o crescimento e impedem a apoptose. ● A progressão neoplásica também está associada com as mutações em outros genes supressores de tumor, tais como aqueles que codificam o SMAD2 e o SMAD4, os quais são efetores da sinalização de TGF-β, que inibe o ciclo celular. ● O gene TP53 supressor de tumor sofre mutação em 70% a 80% dos cânceres do cólon, mas é raramente afetado nos adenomas. ● A expressão de telomerase também aumenta conforme as lesões se tornam mais avançadas. ● Um subconjunto de cânceres de cólon microssatélite instáveis demonstram o fenótipo de hipermetilação da ilha de CpG (CIMP). ● Um pequeno grupo de cânceres de cólon mostrou um aumento na metilação da ilha de CpG na ausência de instabilidade de microssatélites. QUADRO CLÍNICO: ● No geral, os adenocarcinomas são distribuídos quase igualmente ao longo do comprimento total do cólon. ● Tumores no cólon proximal: geralmente crescem como massas polipoides e exofíticas, que se estendem ao longo de uma parede do ceco e do cólon ascendente; esses tumores raramente causam obstrução. ● Carcinomas do cólon distal: tendem a ser lesões anulares que produzem constrições tipo “anel de guardanapo” e estreitamento luminal, às vezes até ao ponto de obstrução. ● Ambas as formas crescem na parede do intestino, com o tempo. ● As características microscópicas gerais dos adenocarcinomas colônicos, direito e esquerdo, são similares. ● A maioria dos tumores é composta de células colunares altas. ● O componente invasivo desses tumores evoca uma forte resposta desmoplásica estromal, a qual é responsável por sua consistência firme característica. ● Alguns tumores pouco diferenciados formam poucas glândulas. ● Outros podem produzir mucina abundante, que se acumula na parede intestinal. ● O câncer colorretal se desenvolve insidiosamente e pode passar despercebido por longos períodos. ● Os cânceres do ceco e outros do cólon direito: aparecimento de fadiga e fraqueza devido à anemia por deficiência de ferro. ● Adenocarcinomas colorretais do lado esquerdo: podem 7 8 produzir sangramento oculto, alterações do hábito intestinal ou cólicas e desconforto no quadrante inferior esquerdo. ● Os dois fatores prognósticos mais importantes são a profundidade da invasão e a presença de metástases linfáticas. ● Metástases: linfonodos regionais, pulmões e ossos, mas como resultado de uma drenagem portal do cólon, o fígado é o local mais comum. ● O reto não drena através da circulação portal, por isso os carcinomas da região anal que dão metástase muitas vezes contornam o fígado. 8 9 O prognóstico dos pacientes com câncer colorretal depende da profundidade da invasão tumoral na parede intestinal, do acometimento dos linfonodos regionais e de metástases à distância. TNM: ● T: Profundidade da penetração tumoral; ● N: Comprometimento de linfonodos; ● M: Presença ou não de metástase à distância; ● A precisão do estágio da doença é feita somente com a ressecção cirúrgica e o estudo patológico das peças, exceto nos casos em que há doença metastática evidente. ● A maioria das recidivas ocorre nos primeiros quatro anos, o que torna a sobrevida após cinco anos um indicador bastante confiável de cura. ● Um mínimo de doze amostras de linfonodos é considerado necessário para definir com precisão o estágio do tumor e quanto maior o número de nodos examinados melhor. ● O prognóstico do câncer colorretalnão depende do tamanho da lesão primária, quando ajustado para o comprometimento linfonodal e a diferenciação histológica. ● Os cânceres do intestino grosso em geral se disseminam para os linfonodos regionais ou o fígado através da circulação venosa portal. ● Aproximadamente 33% das recidivas à distância de tumores colorretais se iniciam no fígado. ● Em geral, o câncer colorretal raramente se dissemina para os pulmões, linfonodos supraclaviculares, ossos ou cérebro sem antes ter se disseminado para o fígado. ● Uma exceção ocorre nos tumores primários do reto distal, de onde as células tumorais podem se disseminar pelo plexo venoso paravertebral, escapando do sistema venoso portal e atingindo os pulmões ou os linfonodos supraclaviculares sem acometer o fígado. 9 10 DUKES: YAMADA: ● Yamada I: Ligeiramente elevada; ● Yamada II: Séssil; ● Yamada III: Semi Pediculada; ● Yamada IV: Pediculada; EXAME FÍSICO: ● Pode revelar evidências da síndrome de PeutzJeghers ou de 10 11 Gardner, assim como massas abdominais ou sinais de metástases. ● O toque retal permite o diagnóstico do câncer de reto distal e pode ser o primeiro indício da doença. PROCTOSCOPIA: ● Pode ser feito se houver suspeita de câncer de reto. ● O médico examina o interior do reto com um proctoscópio, tubo fino e rígido com uma pequena câmera na extremidade. ● O tumor é visualizado, medido e determinada sua localização exata. COLONOSCOPIA: ● É um exame obrigatório, sendo considerado o padrão-ouro para o diagnóstico. ● O método avalia com precisão a presença ou não de tumores sincrônicos (presentes em 3% dos casos) e de pólipos adenomatosos. ● O desenvolvimento de uma neoplasia colorretal até alcançar o volume suficiente para desencadear sintomas é de, pelo menos, 5 anos. ● Na fase assintomática, o diagnóstico ficaria na dependência de um achado casual em exame de rotina, e o encontro precoce traria grandes benefícios. ● Se existe uma suspeita de câncer colorretal, é realizada uma biópsia durante a colonoscopia. COLONOSCOPIA VIRTUAL OU COLONOGRAFIA POR TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA: ● A colonoscopia virtual é um método minimamente invasivo de avaliação estrutural de todo o cólon e o reto, e que tem sido considerado um método alternativo efetivo para rastreamento do CCR. ● Tem indicação importante na elucidação de lesões sincrônicas ou pólipos em pacientes com lesões neoplásicas obstrutivas à colonoscopia que serão submetidos a tratamento cirúrgico. ● Quando um tumor exerce efeito “estenosante” na luz do tubo digestivo, impedindo a passagem do colonoscópio, podemos lançar mão da colonoscopia virtual. RETOSSIGMOIDOSCOPIA: ● A retossigmoidoscopia com tubo rígido permite o diagnóstico de cerca de 20% dos TMCR. ● Com o retossigmoidoscópio flexível de extensão de 30 cm permite diagnosticar 30 a 40% desses tumores, e, com os de 60 cm, chega-se a identificar 50 a 60% de todos os TMCR. TOQUE RETAL: ● O tamanho médio do dedo varia de 6 a 8 cm e não alcança toda a profundidade retal, que varia de 11 a 12 cm. ● Além disso, somente 10% dos TMCR têm origem no reto, e menos de 10% deles são diagnosticados pelo toque retal. ANUSCOPIA: ● Se utiliza um pequeno espéculo rígido inserido poucos centímetros no interior do ânus, é útil para determinar a origem de sangramento retal vermelho vivo como sendo de doença hemorroidária. RECTOSIGMOIDOSCOPIA RÍGIDA: ● O paciente ficará deitado de lado, e o médico irá introduzir 11 12 pelo ânus um aparelho rígido que permitirá através da insuflação de ar a visualização da parede do reto e sigmóide. ● É essencial na avaliação de lesões de reto e sigmóide por extensão de até 25 cm. ● Finalmente, é possível avaliar toda a extensão da lesão, que será documentada, e retirar espécimes para histologia. SIGMOIDOSCOPIA FLEXÍVEL: ● É similar a colonoscopia, exceto que não examina todo o cólon. ● Nesse exame é utilizado o sigmoidoscópio, tubo flexível, de 60 cm, com uma pequena câmera de vídeo na extremidade, que é introduzido pelo ânus e reto até a parte inferior do cólon. EXAMES LABORATORIAIS: ● Não existe especificidade de exames laboratoriais para o diagnóstico dos TMCR. ● Hemograma = anemia. ● Fosfatase alcalina alterada poderá significar a presença de metástases hepáticas. ● Proteínas séricas indicará a situação nutricional do paciente. ● Sangue oculto nas fezes poderá ser importante na detecção precoce de pólipos e/ou neoplasias em fase assintomática, principalmente quando utilizada em pacientes pertencentes a grupos de risco ou, então, na presença de anemia. ● Imunoquímico fecal (FIT): é também chamado de teste imunoquímico de sangue oculto nas fezes (FOBT). Ele detecta sangue oculto nas fezes. Este teste reage a uma parte da hemoglobina humana, encontrada nos glóbulos vermelhos do sangue. Nesse caso não existe restrição alimentar. ● Antígeno carcinoembriogênico (CEA): É uma glicoproteína encontrada na membrana celular de muitos tecidos, inclusive nos cânceres do cólon e reto, e os antígenos são detectados no sangue. ● A avaliação do antígeno CA 19 a 9 em conjunto com o CEA poderá melhorar a acurácia para a detecção de neoplasia, recidivas e/ou metástases. EXAMES DE IMAGEM: ● Tomografia: A tomografia é realizada para saber se o câncer colorretal se disseminou para os linfonodos, fígado, pulmões ou outros órgãos. ● Ultrassom: ○ Ultrassom abdominal: diagnosticar tumores no fígado, vesícula biliar, pâncreas ou em outros locais do abdome. ○ Ultrassom endorretal: avaliar se a doença se disseminou para órgãos ou tecidos adjacentes, como os gânglios linfáticos. ○ Ultrassom intraoperatório: É realizado durante a cirurgia, para detectar disseminação da doença para o fígado. ● Ressonância endorretal: podem ser usados em pacientes com câncer de reto para verificar se o tumor se espalhou para estruturas próximas. ● Radiografia de tórax: para detectar a presença de alguma imagem suspeita de tumor em algum dos pulmões. ● PET Scan: diagnosticar se o câncer se disseminou para os 12 13 linfonodos ou outras estruturas e órgãos do corpo. ● Angiografia: Se a doença se disseminou para o fígado, a angiografia mostra as artérias que fornecem sangue para os tumores. ADENOMAS: ● A abordagem preferida para a vigilância varia, mas a colonoscopia é a mais comum. ● O tratamento do câncer colorretal depende do tamanho, localização, extensão do tumor e saúde geral do paciente. ● Existem várias modalidades terapêuticas para tratamento do câncer colorretal como cirurgia (curativa ou paliativa), quimioterapia, e radioterapia, que podem ser usadas isoladas ou associadas. CIRURGIA: ● Na grande maioria dos pacientes a cirurgia curativa é possível. ● Mesmo nos casos de metástases à distância, o tumor colônico deve ser ressecado, para evitar complicações abdominais futuras, como obstrução ou perfuração. ● Deve incluir a excisão do segmento acometido, somada à ressecção dos linfáticos regionais (pelo menos 12 linfonodos devem ser ressecados). ● Em todos os tumores da porção baixa do reto muitas vezes é necessário a realização de uma colostomia temporária ou permanente. ● As principais cirurgias realizadas no tratamento do câncer colorretal são a amputação abdominoperineal do reto (Miles), retossigmoidectomia ou ressecção anterior do reto, ressecção local por via transanal. ● O tratamento cirúrgico considera-se curativo quando este promove a remoção completa do tumor primário, órgãos e estruturas localmente comprometidas com metástases identificadas. ● É então considerado paliativo quando tem por finalidade aliviar e reduzir os sintomas em pacientes ● Após a recuperação de uma ressecção completa, deve-se proceder a uma avaliação cuidadosa do paciente por cinco anos, com exame físico semestral e exames de sangue anuais. RESSECÇÃO CIRÚRGICA: ● Nas situações de emergência, com perfuração ou obstrução, e na impossibilidade do preparo intestinal adequado, a cirurgia poderá ser feita em dois tempos: ○ Ressecção com colostomia; ○ Posterior reconstituição do trânsito. ● No câncer retal,o procedimento cirúrgico estará na dependência da extensão da lesão e, principalmente, do nível acima da margem anal. ● Na presença de metástases hepáticas, o tratamento “padrão- ouro” seria a sua ressecção cirúrgica, com 13 14 sobrevida de 35 a 60% após 5 anos. QUIMIOTERAPIA: ● É um tratamento adjuvante com pequeno efeito sobre a sobrevida, mas que reduz o risco de recidiva do tumor. ● O tratamento dos pacientes é feito à base de 5- fluorouracil e ácido folínico durante seis meses, sendo administrado durante cinco dias consecutivos, com intervalos de 21 dias, totalizando seis ciclos do tratamento. ● Os efeitos adversos mais comuns são alterações gastrointestinais e alterações hematológicas. RADIOTERAPIA: ● Envolve o uso de raios-x de alta energia para destruir as células cancerosas. ● Recomenda-se a radioterapia da pelve em pacientes com câncer retal porque reduz a probabilidade de 20-25% de recidiva regional após ressecção cirúrgica completa. ● Tanto a radioterapia como a quimioterapia pode ser usada: ○ Antes da operação (terapia neoadjuvante) para redução da massa tumoral e assim facilitar a retirada cirúrgica do tumor; ○ Após a cirurgia (terapia adjuvante), para destruir células cancerosas que tenham permanecido na área tratada. ● No câncer de cólon (não retal), não há benefício da RT pós-operatória, mas a QT adjuvante pode ser indicada nos estágios II e III (Dukes B ou C). TRATAMENTO DO ADENOCARCINOMA LOCALIZADO NO RETO: ● Difere um pouco daquele diagnosticado no restante do cólon. ● O reto está confinado à pelve e tem proximidade com órgãos urogenitais, nervos autonômicos e esfíncter anal, o que faz com que seu acesso cirúrgico seja mais difícil. ● Sendo assim, é muito comum a indicação de terapia neoadjuvante (pré-operatória) com o objetivo de reduzir o tamanho tumoral para que uma determinada ressecção cirúrgica obtenha sucesso sem sacrificar estruturas em torno do órgão. ● A radioterapia da pelve em pacientes com câncer retal, reduz 20 a 25% a probabilidade de recidiva regional após ressecção cirúrgica completa de tumores nos estágios II e III. ● Outra cirurgia curativa do câncer retal é o da excisão total do mesorreto. ● O emprego de RT e QT pós-operatória aumenta a probabilidade de sobrevida no câncer retal estágio II e III (Dukes B ou C). 14
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