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LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS LIBRAS-HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS

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10 
 
A construção da identidade da pessoa surda ocorre através da convivência com 
os outros, ou seja, a partir da interação com surdos ou ouvintes. O convívio da pessoa 
surda refletirá diretamente sobre qual identidade ela assumirá. Entender qual a 
identidade assumida pelo aluno surdo permitirá ao professor perceber a concepção 
que o aluno tem de si mesmo e dentro de qual cultura ele está inserido, a ouvinte ou 
a surda. Sendo duas culturas distintas, é importante a identificação e valorização da 
cultura dentro do contexto educacional. 
De acordo com Costa (2009): 
À medida que a pessoa com deficiência auditiva passa a ter acesso à 
educação, o próprio conceito de deficiência passa a ser revisto, deixando de 
ser compreendido como incapacidade para uma condição de desvantagem, 
a qual precisa ser suprida com práticas diferenciadas e desenvolvimento 
tecnológico. (p.40). 
Sendo assim, é a compreensão das diferenças aqui apresentadas que 
possibilitará ao professor entender quais as dificuldades de seus alunos e qual a 
melhor maneira de ajudá-los a aprender, construindo as bases de uma educação 
inclusiva de qualidade que perceba o aluno surdo em sua individualidade, dando a ele 
a condição para se desenvolver cognitivamente e socialmente. 
 
3 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS 
Desde os primórdios da humanidade há registros de pessoas “diferentes”, ou 
seja, aquelas que estavam fora dos padrões da sociedade. Eram consideradas dentro 
da normalidade aquelas pessoas com estatura similar aos outros, com todos os 
membros, com capacidade de ver, ouvir, falar, pensar e de procriar a espécie. Todas 
aquelas que não faziam parte desse padrão eram consideradas “anormais”. 
Tudo isso envolve as percepções da sociedade, como os conceitos de ética e 
moral, que estão ligadas à época vivenciada. Associam-se também os valores 
culturais e religiosos como influência. Dentro do contexto religioso há registros de que 
na trajetória educacional dos surdos, os padres, monges e frades tiveram um papel 
importantíssimo, pois eles passaram a ensinar os surdos e as pessoas com 
deficiência. Essa ação dos religiosos fez com que se iniciasse uma nova era na 
 
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história dos surdos, pois deu-se os primeiros passos para a integração em sociedade 
com o objetivo de oportunizar o acesso à educação e ao trabalho aos surdos. 
Na Grécia antiga, na qual se cultuava o corpo e a beleza física, as pessoas com 
deficiência eram afastadas da sociedade, sendo privadas do convívio social e 
posteriormente atiradas ao rio Tibre. Segundo Silveira (2012), as pessoas com 
deficiência eram vistas como um perigo à sociedade, já que eram incapacitadas de 
procriar a própria espécie. Em algumas culturas as pessoas com deficiência eram 
associadas a imagens demoníacas, a forças sobrenaturais que as levavam a serem 
imperfeitas e associadas também com bruxaria e feitiçaria. No século XIX, há registro 
de algumas tentativas de recuperação e reconstrução de membros; em alguns casos 
não só de membros, mas também a reconstrução do psíquico. 
3.1 A História da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) 
No ano de 2010, o IBGE constatou que existia aproximadamente 9.722.163 
milhões de brasileiros com problemas de audição, sendo que 2,6 milhões eram 
surdos. 
A Libras é uma das línguas utilizadas no Brasil e reconhecida nacionalmente 
pela Lei nº 10.436/2002. No entanto, ainda há um número relevante de pessoas que 
vê a Libras apenas como mímica, gestos soltos no ar, movimentos sem nexo ou, 
ainda, simplesmente uma cópia fiel da língua portuguesa. Pesquisas na área da 
linguística aplicada apontam que há uma complexidade na estrutura gramatical da 
língua, inclusive ao que se refere às formas de expressão e a sua contextualidade, 
assim como qualquer outro idioma ou língua oral, conseguindo expressar ideias de 
diversos níveis de compreensão e complexidade. 
Em 2005 ocorreu um fato importante para a comunidade surda no Brasil, a 
regulamentação do Decreto n° 5.626/2005 que regulamenta e oficializa a difusão da 
língua de sinais e a insere como disciplina obrigatória nas instituições de ensino, para 
a formação de professores, instrutores de libras. Além disso, esse decreto auxilia na 
divulgação da língua de sinais brasileira e do português para as pessoas com 
deficiência auditiva/surdos, nos cursos de formação de tradutores e intérpretes de 
libras, assim como, garante o direito ao acesso à saúde e à educação para surdos. 
 
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É importante lembrar que a Libras foi criada a partir da língua de sinais 
francesa. Com a vinda do francês Eduard Hernest Huet para o Brasil, que foi aluno do 
Instituto de Paris, a educação de surdos teve início durante o segundo império. Nessa 
época, promoveu-se a Libras, com forte influência da França. No entanto, não havia 
escolas especiais para surdos, por isso Huet solicitou ao imperador Dom Pedro II um 
estabelecimento para educar os surdos brasileiros. No dia 26 de setembro de 1857 foi 
fundado o instituto de surdos-mudos do Rio de Janeiro, atualmente conhecido como 
Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). 
A partir desse momento, o Brasil deu seus primeiros passos para a educação 
de surdos, utilizando o ensino do alfabeto manual. Em meados de 1911, o INES 
adotou a metodologia do oralismo para que os surdos tivessem a oportunidade de se 
comunicar e conseguir com eficácia expressar suas vontades e pensamentos. 
3.2 Metodologia Oralista 
Entre 1930 e 1947, o doutor Armando Paiva Lacerda desenvolveu sua 
metodologia com base na oralização, a qual nomeou de pedagogia emendativa. 
Acreditava-se que a oralização era a única forma de inserir o surdo na sociedade. O 
processo pelo qual uma sociedade expulsa alguns de seus membros obriga a que se 
interrogue sobre o que, em seu centro, impulsiona essa dinâmica (CASTEL, 1998 
apud QUADROS, 2006, p. 14). 
 
 
 
No INES, ainda na gestão de Lacerda e para o êxito de sua metodologia, os 
surdos eram submetidos a testes que tinham como finalidade a identificação do 
nivelamento da inteligência ou a aptidão para o exaustivo processo de oralização. E, 
de acordo com as capacidades cognitivas, os surdos eram separados em grupos. O 
 
13 
 
nivelamento cognitivo era necessário, pois era o meio encontrado para garantir o 
sucesso do método pela pedagogia emendativa. 
Após 100 anos de existência, o INES contou com o primeiro profissional na 
área da educação, a diretora e professora Ana Rímoli de Faria. Para a época foi uma 
grande inovação, principalmente com a implantação do curso Normal de formação de 
professores para surdos. No país o curso tornou-se referência, tinha duração de três 
anos e sua base era voltada para a metodologia do oralismo. 
3.3 Comunicação Total 
Em 1970, conheceu-se a terminologia comunicação total. A educadora Ivete 
Vasconcelos a trouxe para o Brasil, pois lecionava para surdos na universidade de 
Gallaudet e a utilizava. Algumas décadas após a breve passagem de Vasconcelos 
pelo território brasileiro, começou a ser difundido no país o bilinguismo. As pesquisas 
realizadas na área da linguística pelas educadoras Lucinda Ferreira Brito e Eulália 
Fernandes foram um grande incentivo para o desenvolvimento e a difusão da 
educação de surdos no Brasil (ALENCASTRO, 2018). 
Com o passar dos anos, a oralização foi perdendo a força no processo de 
ensino e aprendizagem dos surdos. Atualmente, nas escolas especiais para surdos 
não é utilizada a oralização; no entanto, algumas escolas disponibilizam o tratamento 
com fonoaudiólogo para as técnicas de oralização para aqueles que desejam “falar”. 
Atualmente nas escolas a LSB é fundamental para o aprendizado dos surdos, 
respeitando sempre as peculiaridades da língua e da cultura da comunidade surda. 
3.4 Bilinguismo 
Em meados da década de 1980, surge o bilinguismo no Brasil. Muitos 
pesquisadores linguistas começaram a estudar e a discutir sobre esse novo método 
de ensinopara surdos. Esta proposta reconhece o sujeito surdo e seu idioma, a língua 
de sinais; além disso, essa prática educacional proporciona percepções mentais, 
cognitivas e visuais e tem capacidade para analisar os conceitos de modo subjetivo e 
objetivo sobre as informações recebidas, respeitando as caraterísticas e regras 
gramaticais do idioma.

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