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Trabalho do Livro A Corrosão do Caráter

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Faculdade de Economia, Administração, Ciências Contábeis e Atuariais e Gestão Pública – FACE
Curso: Gestão de Políticas Públicas – GPP
Aluna: Karen Silva Oliveira - 15/0014091
SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: as conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999.
A obra de Richard Sennett é dividida em oito capítulos no qual afirma que A corrosão do caráter “pretende ser mais um longo ensaio que um breve livro{...}” (p. 11). As discussões se dividem em curtos capítulos os quais decorrem de diversas fontes como, dados econômicos, narrativas históricas e teorias sociais. Sennett recorre a teóricos como Max, Weber, Adam Smith, Rousseau, Foucault, dentre muitos outros. Além disso utiliza suas experiências pessoais com trabalhadores americanos ao longo da vida para refletir sobre as relações de trabalho, o caráter pessoal e as suas transformações no novo capitalismo. 
Sennet define caráter como “Traços pessoais a que damos valor em nós mesmos, e pelos quais buscamos que os outros nos valorizem. ” (p. 10). E com isso começa a indagar sobre as relações de trabalho contemporâneo e suas implicações nos valores pessoais. O autor questionará o Estado das coisas, pois para o mesmo o capitalismo corrói o caráter que é o valor ético que atribuímos aos nossos próprios desejos. O caráter possui valores que são construídos a longo prazo e o capitalismo impaciente é responsável pela corrosão desses valores. Sendo assim o caráter pessoal é algo que causa confusão na flexibilidade, pois o valor ético necessita de um tempo mais longo para que possa ser moldado e a flexibilidade não partilha desse quesito, não necessita de um longo prazo, ao contrário, sua característica é o curto prazo. 
No primeiro parágrafo titulado Deriva, Sennett relata a história de Rico e Enrico, que fazem parte de duas gerações norte-americanas, pai e filho e nesse relato o autor compara os dois modelos de trabalho, um vivido por Enrico e ou outro por seu filho Rico. E nesse capítulo fica claro que o novo capitalismo deixa o trabalhador sem uma oportunidade de se programar, corrói, a construção a longo a prazo. Em seguida o autor indaga sobre a rotina, questionando as vantagens e desvantagens existentes da rotina nas organizações, no qual a rotina era no velho capitalismo um grande mal, assim o autor retoma uma análise de Adam Smith sobre a rotina, ela embrutecia o espírito. A flexibilidade é outro ponto abordado por Sennett, no qual caracteriza e critica os regimes flexíveis, afirma que “{...}não se mexer é tomado como sinal de fracasso, parecendo a estabilidade quase uma morte em vida{...}” (p.102), a flexibilidade é uma característica do novo capitalismo, onde gera o risco e a alienação completa do indivíduo. O quarto capítulo é titulado ilegível, Sennett busca evidenciar as modernas formas de trabalho e mostrar o quanto são difíceis de entender. O risco é outro ponto indagado, o qual se tornou deprimente e desnorteado, pois a flexibilidade e o risco não combinam com a acumulação de experiência e de tempo de vida, sendo assim as pessoas mais velhas e experientes passam a ser vistas como fracasso. Em seguida Sennett confronta a ética do trabalho e por último aborda a valorização da confiança, da mútua dependência. 
Fica evidente a crítica ao ambiente de trabalho do capitalismo moderno feita por Sennett, pois para ele as aparentes melhorias de trabalhos desenvolvidas no novo capitalismo, não passam de meras ilusões e na verdade o caráter humano foi profundamente corrompido. Sennett nos leva a refletir sobre o individualismo nascido na burguesia industrial, como os indivíduos não veem os outros como necessários, assim afirma que a corrosão do caráter é “{...}um regime que não oferece aos seres humanos motivos para ligarem uns para os outros não pode preservar a sua legitimidade por muito tempo”. (p. 176).

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