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Filipe-Borsani-2017-A-Arqueologia-dos-muros-e-as-estrategias-de-divisao-espacial-no-Oriente-Medio-Neolitico-e-Antigo-Monografia-Geoquater-MN-UFRJ

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Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Museu Nacional 
Programa de Pós-Graduação em Geologia do Quaternário 
Orientadora: Cláudia Rodrigues Ferreira de Carvalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ARQUEOLOGIA DOS MUROS E AS ESTRATÉGIAS DE DIVISÃO ESPACIAL, NO 
ORIENTE MÉDIO NEOLÍTICO E ANTIGO. 
 
 
 
 
Filipe Eduardo Piero de Oliveira Borsani 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2017 
 
II 
MUSEU NACIONAL 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ARQUEOLOGIA DOS MUROS E AS ESTRATÉGIAS DE DIVISÃO ESPACIAL, NO 
ORIENTE MÉDIO NEOLÍTICO E ANTIGO. 
 
 
 
Filipe Eduardo Piero de Oliveira Borsani 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação 
em Geologia do Quaternário, Museu Nacional, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos 
requisitos necessários à obtenção do título de Especialista 
em Geologia do Quaternário. 
 
 
 
 
 Orientadora: Cláudia Rodrigues Ferreira de Carvalho 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Junho/2017 
 
IV 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filipe Eduardo Piero de Oliveira Borsani 
A arqueologia dos muros e as estratégias de divisão espacial, no Oriente 
Médio Neolítico e Antigo. 
Filipe Eduardo Piero de Oliveira Borsani. - Rio de Janeiro: UFRJ/ Museu 
Nacional, 2017 
X, 43 f.: il. 
Orientadora: Cláudia Rodrigues Ferreira de Carvalho. 
Monografia- UFRJ/ Museu Nacional/ Programa de Pós-Graduação 
 em Geologia do Quaternário, 2017 
Referências Bibliográficas: f. 43-45 
1. Oriente Médio. 2 Idade Antiga. 3. Período Neolítico. 4. Segregação. 5. Muros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“This wall will fall” - Mensagem escrita no muro que divide Israel e Cisjordânia 
 
 
VI 
 
Agradecimentos 
 
 
 
Agradeço a minha mãe, meu pai e meus avôs e avós tanto pelo amor que sempre recebi e recebo, 
como pelo fato de sempre lutaram para pagar um colégio que me ajudasse a me tornar uma 
pessoa do bem e desenvolvida intelectualmente. 
 
Aos meus irmãos que sempre estiveram ao meu lado ao longo da minha vida, tanto nos 
momentos felizes como nos difíceis. 
 
À minha orientadora Claudia Rodrigues Ferreira de Carvalho, que através de muitos 
ensinamentos, dedicação e bom humor me ajudou a construir e concluir essa monografia. 
 
À Sílvia Maria Teixeira Silveira que me incentivou e me ajudou muito no decorrer deste curso 
de pós-graduação e na elaboração desta monografia. 
 
Aos meus amigos tanto de dentro do curso Geoquater, como os de fora pelos momentos 
divertidos que eles me proporcionaram ao longo da pós-graduação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VII 
 
RESUMO 
A ARQUEOLOGIA DOS MUROS E AS ESTRATÉGIAS DE DIVISÃO ESPACIAL, NO 
ORIENTE MÉDIO NEOLÍTICO E ANTIGO 
Filipe Eduardo Piero de Oliveira Borsani 
Orientadora: Cláudia Rodrigues Ferreira de Carvalho 
 
 Resumo da Monografia submetida ao Programa de Pós-graduação em Geologia do 
Quaternário, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro –UFRJ, como parte dos 
requisitos necessários à obtenção do título de Especialista em Geologia do Quaternário. 
 
No Oriente Médio Antigo e Neolítico, existiam muitas sociedades humanas diferentes que 
coexistiam conflituosamente, ou complementarmente. Essas diferenças podem ser 
representadas por características como: estrutura político-social e estratégias de obtenção de 
recursos. Esta monografia apresentará uma pesquisa que propõe relacionar a heterogeneidade 
de culturas presentes no recorte espacial e temporal determinados com o desenvolvimento de 
muralhas nas primeiras cidades do Oriente Médio. Assim pretende-se analisar as motivações 
que levaram a construção dessas estruturas e consequências, ou impactos que elas causavam 
nas sociedades daquela época como, por exemplo, a segregação. Para atingir tais objetivos esta 
monografia pretende realizar uma revisão bibliográfica agregando conhecimentos através de 
um enfoque multidisciplinar, reunindo conhecimentos da arqueologia, antropologia, história e 
geografia. 
 
Palavras Chave: Oriente Médio, Idade Antiga, Período Neolítico, sociedade, segregação, 
muros. 
 
 
 
 
 
 
VIII 
 
ABSTRACT 
THE ARCHEOLOGY OF THE WALLS AND THE SPACE DIVISION STRATEGIES IN 
THE MIDDLE EAST NEOLITHIC AND ANCIENT 
 
Filipe Eduardo Piero de Oliveira Borsani 
 
Orientadora: Cláudia Rodrigues Ferreira de Carvalho 
 
 Abstract of the monograph submitted to the Postgraduate Program in Geology of the 
Quaternary, National Museum, Federal University of Rio de Janeiro – UFRJ, as part of the 
requirements to obtain the title of Specialist in Quaternary Geology. 
 
In the Ancient and Neolithic Middle East, there were many different human societies that 
coexisted in a conflictual, or complementarily way. These variables can be represented by 
characteristics such as political-social structure and strategies for obtaining resources. This 
monograph presents a research, which proposes to relate a heterogeneity of cultures without 
any spatial and temporal clipping, with the development of walls in the first cities of the Middle 
East. So this research intend to analyze the motivations that led to the construction of structures 
and the consequences, or impacts that they have caused in societies of that time such as 
segregation. To reach these objectives is a monograph to carry out a bibliographical review 
aggregating knowledge through a multidisciplinary approach bringing together knowledge of 
archaeology, anthropology, history and geography. 
 
Keywords: Middle East, Ancient age, Neolithic period, society, segregation, walls. 
 
 
 
 
 
 
 
 
IX 
 Sumário 
 
 
Lista de figuras ........................................................................................................................... X 
Introdução .................................................................................................................................. XI 
2 Metodologia .......................................................................................................................... XIII 
3 Objetivos ................................................................................................................................XV 
4 Revisão Conceitual ...............................................................................................................XVI 
5 Fundamentação Teórica .......................................................................................................XVII 
5.1 Caracterização Espaço-Temporal .................................................................................XVII 
5.2 Os povos do Neolítico e a sedentarização....................................................................... 20 
5.3 Os povos da Idade do Bronze e o surgimento das cidades. ............................................ 23 
6. Resultados: Os muros, suas funções e impactos nas sociedades .......................................... 27 
6.1 Relações conflituosas entre diferentes povos e a muralha externa ................................. 27 
6.2 O muro da cidadela e a segregação social ...................................................................... 34 
6.3 Os muros e a ideia de propriedade .................................................................................. 37 
7 Discussão ............................................................................................................................... 39 
Conclusão ................................................................................................................................. 42 
Referências bibliográficas ........................................................................................................43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
X 
Lista de figuras 
 
Figura 1. Recorte Espacial e Pontos de Interesse. Fonte: Elaborado a partir da utilização de 
shapefile disponível no site: thematicmapping ...................................................................... XIV 
 
Figura 2. Pratos descobertos em um túmulo onde foram depositados para fornecer alimento 
para o falecido. Megiddo, Israel, ca. 1300-1200 a.C. Fonte: Uchicago https://oi.uchicago.edu. 
Acessado em 15 de fevereiro de 2017 ................................................................................ XVIII 
 
Figura 3. Os Reinos do Oriente Médio de 1500-144 a.C. Fonte: euratlas.net, acessado em 10 
de fevereiro de 2017. ................................................................................................................ 29 
 
Figura 4. Muros da Babilônia reconstruídos no governo de Saddam Hussein Fonte: Google 
Earth ......................................................................................................................................... 30 
 
Figura 5. Ilustração dos Hunos. Fonte: Enciclopédia britânica infanto-juvenil ....................... 31 
 
Figura 6. Muro de Jericó demonstrando a utilização de pedra e tijolo de barro. Fonte: 
bramanswanderings.com, acessado em 23 de fevereiro de 2017. ............................................ 34 
 
Figura 7. Babilônia – Planta do Núcleo Interno. Fonte BENEVOLO, Leonardo 1983. História 
da Cidade .................................................................................................................................. 36 
 
Figura 8. Organização socioespacial das cidades na idade dos metais. ................................... 37 
 
Figura 9. Muro dividindo Israel e Cisjordânia (Atual). Fonte: Viva Palestina. 
http://vivapalestina.com.br/o-muro-do-aparthide/ , acessado em 20 de fevereiro de 2017 ...... 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
Introdução 
 
 A partir do Neolítico, os seres humanos se desenvolveram tecnologicamente com uma 
velocidade muito superior àquela do período paleolítico. Novos utensílios, técnicas e formas de 
organização social nos permitiram grandes mudanças em relação ao nosso estilo de vida e 
obtenção de recursos. A arqueologia como ciência procura estudar esses utensílios, ou registros 
materiais para assim gerar explicações a respeito dos indivíduos e das sociedades que criaram 
esses objetos. Assim, seguindo essa forma de construção de pensamento, esta monografia se 
aterá a um tipo de edificação que teve seu desenvolvimento primordial no Neolítico à medida 
que muitos povos escolheram pela sedentarização, e se espalhou e modificou mundo afora, ao 
longo da história: os muros. 
 A presente monografia pretende fazer uma revisão bibliográfica preliminar a respeito 
do assunto, partindo de um enfoque multidisciplinar; reunindo conhecimentos da arqueologia, 
antropologia, história e geografia. Assim, através dessa reunião e confronto dessas informações 
esta pesquisa pretende criar reflexões que permitam contribuir para discussões sobre as 
diferentes finalidades das construções dos muros e seus impactos nas sociedades. Além disso, 
serão analisadas brevemente outras questões como: como eram construídos, de que forma eram 
utilizados, além de compreender como os muros antigos que resistiram até os dias de hoje tem 
importância turística e paisagística. Assim, para alcançar esses objetivos serão analisadas 
bibliografias que tratam de alguns desses muros ao redor do mundo. 
 Os muros são construções humanas que se manifestam tanto fisicamente, no espaço, 
como socialmente, na medida em que divide e segrega as pessoas, delimitando onde elas podem 
passar, ou não. Possuem muitas características que os diferenciam, que tangem desde o material 
pelo qual foram construídos, como sua função, ou tamanho. Tiveram grande importância do 
ponto de vista defensivo, à medida que primeiramente afastavam povos vizinhos, ou animais 
12 
que poderiam ameaçar uma tribo, além de ter ampla utilização sobretudo nas cidades da 
antiguidade clássica para dividir e proteger a cidadela do resto da cidade. Os fortes e fortalezas 
do período moderno também surgem como novas estratégias de proteção e colonização que 
utilizavam os muros. Com o desenvolvimento do capitalismo a noção de propriedade privada 
aumentou exponencialmente a utilização de tal edificação. 
 Trata-se de um tema pertinente, já que vivemos em tempos onde a tendência em relação 
a construção de grandes muralhas, é muito forte; alguns exemplos são o muro que pretende ser 
construído para dividir o México dos Estados Unidos, ou até mesmo o muro que divide Israel 
da Palestina. Desse modo, uma discussão arqueológica a respeito desse tema pode vir a 
acrescentar argumentos a essa atual polêmica. Além disso, trata-se de um resquício 
arqueológico muito difundido mundialmente e com grande potencial de preservação. Assim a 
compreensão a respeito da finalidade dessas construções e o impacto que elas tinham nas 
sociedades que as construíram torna-se um assunto que pode contribuir bastante para o 
desenvolvimento da arqueologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
2 Metodologia 
 
A pesquisa consiste em uma revisão bibliográfica a respeito do assunto, assim o material 
utilizado para tal consistirá em artigos e capítulos de livros de ramos da ciência como a 
arqueologia, história antropologia, geografia e psicologia assim como as ciências sociais como 
um todo, que tratem do tema. Essa bibliografia foi adquirida nas bibliotecas de Universidade 
Federal do Rio de Janeiro – UFRJ além de outras bases de artigos científicos na internet, como 
o Google Acadêmico e Jstor. 
Por se tratar de um tema bem amplo, o assunto será apresentado levando em conta um 
recorte espaço-temporal. Esse recorte delimitará a área de estudo na região do Oriente Médio, 
no período pré-histórico Neolítico e no período histórico da Idade Antiga. No Oriente Médio 
as regiões do Crescente Fértil e do Levante ganharão ênfase por acumularem uma bibliografia 
mais vasta. Esse recorte espacial foi escolhido por conter uma grande amostra de diferentes 
povos, vivendo em diferentes estilos de vida, muitas vezes até em contato uns com os outros. 
Já o período temporal, também é riquíssimo, já que abrange a existência de sociedades nômades 
e permite observar a sedentarizarão de alguns outros grupos humanos, causada pelo 
desenvolvimento da agricultura na região, até o desenvolvimento da cultura urbana. Desse 
modo o recorte espaço-temporal tem todos os requisitos para ser escolhido para esse tipo de 
ensaio. 
Mapas foram utilizados para ilustrar e apresentar visualmente a área de estudo e os 
pontos de interesse. Para isso foi feito o uso de softwares SIGs (Sistemas de Informação 
Geográficas) como o Quantum Gis e Google Earth. Fotografias ilustram a discussão sobre os 
muros a serem estudados e os recursos computacionais do sistema operacional Windows dos 
softwares do pacote Libre Office. 
14 
 A monografia possui um capítulo de fundamentação teórica, um capítulo contendo os 
resultados e uma seção destinada a discussão. No primeiro será analisada a heterogeneidade de 
povos no Oriente Médio Neolítico e na Idade do Bronze, baseada na antropologia e na 
arqueologia. No capítulo seguinte será apresentado como esses diferentes povos se 
relacionavam e os motivos para a construção de vários tipos de muralhas que se desenvolveram 
pela área de estudo, no recorte temporal. Por fim, na discussão a questão das muralhas do 
passado será confrontada com os muros dos tempos atuais, para assim, compreendermos o que 
mudou e o que não, desde a Idade do Bronze até os dias de hoje. 
 
Figura 1. Recorte Espacial e Pontos de Interesse. Fonte: Elaborado a partir da utilização de shapefile 
disponível no site: thematicmapping 
 
 
15 
3 Objetivos 
 
Geral 
-Relacionar a questão daheterogeneidade de estilos de vida com a construção de muros e 
muralhas no Neolítico e Idade dos Metais 
 
Específicos 
 
-Analisar o desenvolvimento e a heterogeneização dos estilos de vida das sociedades no Oriente 
Médio Neolítico e na Idade do Bronze 
-Compreender as diferentes finalidades das construções dos muros e seus impactos nas 
sociedades. 
-Confrontar informações a respeito das motivações das construções dos muros do passado e do 
presente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
4 Revisão Conceitual 
 
 Nesta seção se pretende apresentar a base conceitual e teórica que foi escolhida para 
sustentar a discussão presente neste trabalho de conclusão de curso. 
 Segregação urbana - “a distribuição das residências no espaço produz sua diferenciação 
social e há uma estratificação urbana correspondente a um sistema de estratificação social, e no 
caso que a distribuição social tem forte expressão espacial, ocorre a segregação urbana. ” 
(Castells 1978). Trata-se de uma vertente do termo mais genérico “segregação socioespacial”. 
Assim, apesar de serem conceitos da geografia, eles podem muito bem ser aplicados no contexto 
arqueológico desta monografia. 
 Teoria do Médio Alcance - “teorias de alcance médio abordam o modo como nós 
conseguimos fazer asserções sobre o passado a partir de fatos contemporâneos. De outro modo: 
como nós transformamos fatos estáticos do passado a partir do registro arqueológico em 
processos dinâmicos. ” (Binford 1977). “Given the method of analogy to living peoples, appeals 
have been made by archeologists to explore the record in search of units which can be 
meaninfully compared in analogies to living peoples. ” (Binford 1968). Em português: “Dado 
o método de analogia com os povos vivos, os arqueólogos fizeram apelos para explorar o 
registro em busca de unidades que possam ser comparadas intimamente em analogias com os 
povos vivos. ” Este é um conceito chave para esta pesquisa na medida em que o objeto de estudo 
ainda se manifesta na atualidade. Vale lembrar da influência de James Hutton, tanto na 
Geologia, como na ciência de forma geral, quando ele apresenta o conceito de uniformitarismo. 
Essa concepção determina que a interpretação acerca dos fenômenos que ocorrem no presente, 
pode ser utilizada para compreender os eventos do passado. Logo o presente seria a chave para 
o passado. 
17 
5 Fundamentação Teórica 
 
 
5.1 Caracterização Espaço-Temporal 
 
 Desde a saída do Homo sapiens da África, há aproximadamente 100 mil anos, o Oriente 
Médio é ocupado pela espécie humana. A região também foi o lar de muitas outras espécies do 
gênero Homo, como o Homo neandertalenses por exemplo. A teoria do “Out África”, altamente 
disseminada no pensamento paleoantropológico, aponta um modelo de dispersão populacional 
humana que defende a importância do Oriente Médio para a dispersão biogeográfica da nossa 
espécie, já que segundo essa teoria foi a primeira região por onde tanto o Homo sapiens, como 
outras espécies de homo usaram de passagem para se espalhar pelo mundo, depois que saíram 
do continente africano (Masatoshi 1995). 
 Desse modo a localização geográfica do recorte espacial pode ser considerada 
estratégica, pois conecta os continentes africano, europeu e asiático, visto que é uma região que 
serve como ponte entre estas grandes massas continentais. Assim as suas características 
locacionais fizeram com que o Oriente Médio se tornasse uma região que propiciava a sua 
ocupação e sua utilização como caminho, por parte de muitos seres vivos, inclusive os seres 
humanos, ao longo das eras. 
 No Período Neolítico a região era habitada por diversos povos caçadores coletores 
nômades. Estes desenvolveram diversas indústrias, que de forma geral, se caracterizavam pela 
pedra polida. Finlayson (2014) chama a atenção para a classificação temporal que divide o 
período em: Pre-Pottery Neolithic (PPN) A, B e C, sucessivamente, que vão de 
aproximadamente 10.000 a 6.400 anos antes do presente. O fim desse período, que vai de 
aproximadamente 6.400 a 4000 anos, recebe o nome de Pottery Neolithic (PN) e é caracterizado 
18 
por utensílios em cerâmica como copos e jarros. Além das indústrias propriamente ditas, esses 
recortes temporais também simbolizam a lenta e continua evolução de processos de 
sedentarização em vilarejos e manejo de gêneros agrícolas e animais. Segue abaixo alguns 
exemplos dos itens em cerâmica desenvolvidos na época (Figura 2). 
 
Figura 2. Pratos descobertos em um túmulo onde foram depositados para fornecer alimento para o 
falecido. Megiddo, Israel, ca. 1300-1200 a.C. Fonte: Uchicago https://oi.uchicago.edu. Acessado em 
15 de fevereiro de 2017 
 
 A partir do quarto milênio antes do presente, as indústrias e culturas tipicamente 
neolíticas são gradativamente substituídas por outras, que começam a utilizar o cobre associado 
a pedra polida, dando início ao período chamado Chalcolítico ou idade do cobre. Esse período 
é caracterizado pelo surgimento dos primeiros núcleos urbanos no Levante e Crescente Fértil. 
Por fim o recorte temporal vai avançar até a Idade do Bronze, que leva esse nome, pois é o 
período em que homem começou a desenvolver um metal mais resistente para a confecção de 
utensílios e adornos, ao associar o cobre ao estanho. As subdivisões temporais dessa idade são: 
(antigo, médio e recente). Algo importante de se notar é que ao longo desse período de tempo, 
foi que ocorreu a disseminação da revolução urbana através da região (Greenberg 2014). 
19 
 Voltando a falar do recorte espacial, pode-se salientar que o Oriente Médio é uma região 
de extrema diversidade de ecossistemas. Há na região costeira do Levante, Florestas, ambientes 
de grande altitude, estepes semiáridas, vales e desertos. “This provide an enormous range of 
environments, creating different possibilities for subsistence strategies across the region for 
hunter-gatherers, cultivators, and early farmers alike” (Finlayson 2014); traduzindo, “Isso 
propicia uma enorme variedade de ambientes, criando assim, diferentes possibilidades de 
estratégias de subsistência ao longo da região, para caçadores coletores, horticultores, e para os 
primeiros fazendeiros”. Além disso o mesmo autor chama a atenção para a importância deste 
estudo dizendo “Research investigating the relationship between environment and human 
approches to substence has gone hand in hand with Neolithic research since the early days”. 
Em português “Pesquisas que investigam a relação entre o ambiente e as estratégias humanas 
para a subsistência vem associadas com as pesquisas sobre o Neolítico desde os primórdios” 
Assim é possível dizer que o Neolítico pode ser visto como um período em que a interação 
humana com a natureza é uma questão chave para a arqueologia; e à medida que os povos vão 
se organizando em formas sociais mais complexas, surge a questão da interação social como 
um fator tão importante quanto a relação entre o Homem e o ambiente natural. 
 Junto a isso, é possível afirmar também que o intercâmbio entre as populações que por 
lá passaram e se fixaram, foi importantíssimo para disseminar ideias e técnicas que podem ter 
levado os povos que lá habitavam ao desenvolvimento da agricultura e das primeiras cidades 
nessa região. Esses avanços técnicos e sociais permitiram uma forma diferente de se relacionar 
com a natureza e obter seus recursos necessários, além de modificar os modelos de organização 
social dessas populações. 
 Esses avanços técnicos e sociais que são objeto de estudo desta pesquisa como, por 
exemplo, a agricultura e urbanização serão apresentados ao longo deste capítulo através, do 
20 
ponto de vista do entendimento deles como processo e não fenômeno. Logo será levada em 
conta a temporalidade desses acontecimentos e o lento desenvolvimento técnico e social, em 
detrimento de uma visão mais direta e menos profunda, algo de suma importância parao 
desenvolvimento deste estudo, por serem esses os fatores que possibilitam a caracterização e 
diferenciação dos povos, que viviam no espaço e período definidos. 
 
 
5.2 Os povos do Neolítico e a sedentarização 
 
 Partimos do ponto que “Inicialmente, todos os povos da terra eram caçadores coletores” 
(Diamond 1997), assim acredita-se que se deu o início da ocupação humana e da interação da 
espécie humana com o meio natural. No Oriente Médio não foi diferente, já que, pelo menos 
até o final da era Paleolítica, acredita-se que grupos caçadores coletores seja de Homo sapiens 
ou Homo neandertalenses ocupavam essa região. No entanto, os processos de diferenciação de 
estilo de vida e da forma de obtenção de recursos das sociedades começaram a ocorrer, à medida 
que o Ser Humano começa a criar novos utensílios e modificar o ambiente a sua volta. 
 Estudos arqueológicos e palinológicos (van Zeist & Bottema 1991) apontam para o 
princípio da domesticação de plantas no Levante, já no fim da última glaciação em 
aproximadamente 9500 a.C. Essa área era propícia para o desenvolvimento da agricultura pois, 
possuía um período de chuvas anual bem delimitado de verões secos e invernos úmidos e já era 
um complexo de caça e coleta com estruturas semi-sedentárias, que pode ser constatado a partir 
das pesquisas realizadas no sítio Ohallo II, na costa do mar da Galileia (Bellwood et al. 2005). 
Além disso Diamond (1997) também salienta que essa era uma região que contava com uma 
grande quantidade e qualidade de cereais e leguminosas selvagens como: favas, ervilhas, 
lentilhas somadas a diferentes espécies de trigo e capins. 
21 
 Vale lembrar que não é só a domesticação de animais e plantas e a sedentarização em 
pequenas vilas e aldeias que constituem a Cultura Neolítica. “A domesticação do fogo, água e 
materiais, além do desenvolvimento de rituais e interações sociais; sendo esses processos não 
lineares e nem diretos” (Goring-Morris & Belfer-Cohen 2010). Assim os materiais que se 
desenvolveram foram, sobretudo, a cerâmica no fim desse período, e objetos de pedra polida 
desde o início. Junto a isso deve-se desmistificar que a agricultura não é necessariamente pré-
requisito de vida sedentária, assim como populações sedentárias não necessariamente eram 
fazendeiras (Akkermans 2014). Visto isso, podemos citar exemplos que ilustram essa 
constatação, como os povos sambaquianos ou sambaqueiros do litoral brasileiro, que eram 
caçadores coletores e pescadores que podiam ser considerados sedentários. 
 Do período PPNA ou Pre-Pottery Neolithic A, no início do Neolítico, de mais ou menos 
9750 a 8500 a.C. alguns pequenos acampamentos foram encontrados na porção sul do levante; 
Hagdud, GilgalI, Jericho, el-Khiam e Ain Darat). Lá foram encontradas evidências de cultivo 
incipiente de gêneros agrícolas como aveia e pistache selvagens, além da caça de gazelas. A 
cultura material da época pode ser sintetizada em características como habitações ovais, lanças 
cortadores de pedra polida, machados e figuras antropomórficas de pedra (Goring-Morris & 
Belfer-Cohen 2010). 
 No PPNB ou Pre-Pottery Neolithic B, a simbiose entre humanos e plantas continuou 
avançando, na medida em que se espalhavam pelo Oriente Médio as técnicas de cultivo 
agrícola, ao mesmo tempo que elas evoluíam em complexidade e em número de espécies 
domesticadas. Assim crescia a oferta de alimentos, consequentemente as populações e os 
assentamentos. Na Mesopotâmia houve o desenvolvimento do pastoreio de cabras e ovelhas e 
junto a isso a promoção da agricultura irrigada. Esses avanços permitiram a evolução de 
assentamentos em vilarejos proto-urbanos, e podem ser atribuídos às sucessivas culturas Ubaid, 
22 
Uruk e Susa e às civilizações Suméria Acadiana e Elamita do terceiro milênio (Bellwood et al. 
2005) 
 No PN ou Pottery Neolithic, além da continuidade dos avanços técnicos e instrumentais, 
a cerâmica surge como um novo utensílio e uma nova manifestação cultural. A partir desse 
momento foi possível armazenar alimentos, sementes e líquidos com maior facilidade. Além 
disso a cultura material se desenvolveu muito com esse novo material. 
 Analisando a história da evolução material e imaterial humana no Neolítico podemos 
entender o processo de diferenciação de estilos de vida que ocorreu nesse período. Pressões 
ambientais e culturais diversas teriam levado os grupos humanos a desenvolver diferentes 
estratégias adaptativas. Algumas das soluções encontradas por essas comunidades impactaram 
significativamente o ambiente a sua volta, construindo novas paisagens e proporcionando 
vantagens intrínsecas ao Ser Humano como espécie animal e Ser pensante provido de cultura. 
 A esses diferentes estilos de vida foram atribuídas classificações, essas “classes” por 
sua vez, por necessitarem de características que diferenciem umas das outras e que atribuam 
semelhanças entre si, muitas vezes excluem muitas particularidades e individualidades de 
grupos humanos. No entanto, essas classificações permitem que organizemos o conhecimento 
a respeito do estilo de vida de populações em uma escala mais ampla, onde essas 
particularidades não são tão determinantes. Logo a generalização por mais triste que seja e por 
mais conteúdo, sobretudo antropológico, que se deixe de lado, é necessária em alguns tipos de 
estudo como este. 
 Desse modo Finlayson (2014) atribui a região do Oriente Médio, no Período Neolítico 
a presença de grupos caçadores coletores, que foram perdendo espaço, (e/ou se transformando) 
ao longo do tempo para os primeiros agricultores, representados pelas sociedades que se 
23 
formaram como resultado da revolução Neolítica e que moldaram seu ambiente ao longo desse 
período, através da agricultura e da pecuária. 
 
 
5.3 Os povos da Idade do Bronze e o surgimento das cidades. 
 
 A Idade do Bronze além de estar relacionada ao domínio da técnica de produção do 
bronze, a partir da liga formada na fusão do cobre e do estanho; tem como característica 
importantíssima para as modificações sociais e ambientais, o surgimento dos primeiros núcleos 
urbanos no Oriente Médio. Jericó no Levante; Ur, Babilônia, Akkadia, e Nipur, na 
Mesopotâmia; Memphis e Tebas, no Egito, já vinham se desenvolvendo desde o Período 
Neolítico. Assim elas cresciam em população humana e animal, produção de comida, utilização 
de recursos e tamanho do assentamento. 
 No entanto, não é esse crescimento que determina que um vilarejo ou uma aldeia se 
tornou uma cidade. “No Neolítico já havia se realizado a primeira condição para o surgimento 
das cidades, qual seja a fixação do homem a terra através do desenvolvimento da agricultura e 
criação de animais, mas faltava a concretização da segunda condição, que é uma organização 
social mais complexa. ” (Sposito 1988). Assim, apesar de a Revolução Neolítica ter criado as 
condições de oferta de excedentes alimentares extremamente necessárias para o surgimento do 
ambiente urbano, somente uma organização social que permitisse a existência de uma classe 
efetivamente urbana, ou seja, que não necessitasse trabalhar na terra por ter sua subsistência 
garantida através de ocupações como o comércio, artesanato, militarismo, religião e dominação 
política; permite que se chame um assentamento de urbano. 
 Sendo assim são atribuídos aos aldeões caçadores, ou seja, aqueles que ainda mantinham 
a prática da caça para complementar a oferta de alimentos dos vilarejos neolíticos, o princípio 
24 
da diferenciação social. Isso se deu segundo Mumford (1965) porque o domínio das armas deu 
a esses caçadores a possibilidade de proteger os aldeões contra-ataques de animais como leões, 
tigres, lobos e crocodilos. Posteriormente à medida que a violência entre vilarejos começa a se 
tornar maior pela busca das melhores terras, esses aldeões com mais habilidades com as armas 
passaram se tornaram guerreiros e essa classe passa a viver semprecisar produzir ou buscar 
alimentos. A quem obtinha liderança dentro dessa classe foi atribuído o título de rei. “É curioso 
destacar que o próprio símbolo da autoridade real – o cetro -, nada mais é do que a maça, a arma 
que substituiu o arco e flecha, e era utilizada pelos caçadores para matar ou aleijar homens. ” 
(Sposito, 1988). 
 Apesar da Idade do Bronze poder ser representada pelo crescimento e desenvolvimento 
dos primeiros núcleos urbanos no Oriente Médio, outros tipos de sociedades ainda praticavam 
o nomadismo. Nas localidades menos férteis e menos úmidas, o nomadismo pastoril era uma 
forma de viver que servia como solução para enfrentar tais condições do meio físico. Essa 
prática de subsistência se desenvolveu com muita força nas estepes asiáticas, no entanto não se 
restringiram a essa área. Na península arábica e no sahara também existem até os dias de hoje 
povos que vivem dessa forma. No próprio Oriente Médio há indícios dessa atividade “At the 
heart of intermediate Bronze are some large settelments in the Jordan Valley and many smaller 
and sparser villages and farming communities around the tributary valleys. The regions 
occupied by the people of intermediate Bronze included land of rich agricultural and 
horticultural potential with c. 400-800mm of annual rainfall. In areas of low rainfall – the 
Negev and southest Syria, for exemple – there is evidence of communities virtually dependent 
on pastoralism and probably importing grain. There are around 1000 known campsites of 
intemediate bronze pastoralists found in the drier Negev (c.100m annualy rainfall) ” (Prag 
2014). Em português: No ápice da Idade do bronze intermediário estão alguns assentamentos 
25 
grandes no Vale do Jordão e muitas aldeias menores e esparsas, e comunidades agrícolas ao 
redor dos vales tributários. As regiões ocupadas pelo povo do Bronze intermediário incluíam 
terras de rico potencial agrícola e hortícola com c. 400-800mm de precipitação anual. Em áreas 
de baixa precipitação - o Negev e a Síria meridional, por exemplo – há evidências de 
comunidades virtualmente dependentes do pastoreio e provavelmente importando grãos. 
Existem cerca de 1000 sítios conhecidos de pastores da Idade do Bronze intermediária, 
encontrados no Negev mais seco (c.100m precipitações anuais). A grande maioria primeiras 
cidades que se desenvolveram no Oriente Médio, estavam citadas próximas as planícies de 
irrigação dos rios da região. 
 Em relação a essa situação de proximidade entre povos com estilos de vida diferentes, 
vale lembrar que alguns povos nômades como os aborígenes do nordeste australiano, os nativos 
americanos da Califórnia e os Kohis, que viviam a oeste do rio do peixe na África do Sul 
realizavam trocas com agricultores das ilhas do estreito das flores (entre Austrália e Nova 
Guiné), do vale do rio colorado e com os agricultores bantos respectivamente. Logo mesmo 
vivendo em contato com povos agricultores, eles se negavam a absorver essa forma de 
subsistência e estilo de vida (Diamond 1997). 
 Outra questão que autor levanta é em relação à dinâmica desses povos e a atenção que 
temos que ter quando trabalhamos com essas classificações é que é um “equívoco pensar que 
existia uma clara divisão entre os nômades caçadores-coletores e sedentários produtores de 
alimentos. ” Desse modo ele apresenta variados exemplos de culturas que eram sedentárias, 
porém não plantavam, ou povos que dependendo da época do ano, ou das necessidades 
variavam entre o nomadismo e o sedentarismo. 
 Trata-se de uma questão que pode ser interpretada pelas opiniões apresentadas por 
autores como “Hodder, tal como Childe, sublinha a importância das tradições culturais como 
26 
fatores que desempenham um papel importante na estruturação da mudança cultural. Essas 
tradições suprem a maioria dos conhecimentos, crenças e valores que, ao mesmo tempo, 
influenciam a mudança social e econômica e são por elas remodelados. Podem também, 
desempenhar um papel ativo na resistência as mudanças” (Trigger 2004). 
 Através desses argumentos facilmente se derruba a visão evolucionista presente na 
arqueologia e na maioria das ciências humanas e sociais do século XIX, que pode ser 
exemplificada por Trigger: “Na África, as tecnologias eram baseadas tanto no ferro quanto na 
pedra, e as sociedades se distribuíam, quanto à complexidade, em uma faixa que ia desde tênues 
bandos de caçadores a grandes reinos. No entanto, era consenso entre a maioria dos europeus 
que as realizações tecnológicas, culturais e políticas do povo africano eram menos significativas 
do que pareciam. ” (Trigger 2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
6. Resultados: Os muros, suas funções e impactos nas sociedades 
 
 
6.1 Relações conflituosas entre diferentes povos e a muralha externa 
 
 As novas estratégias de adaptação das comunidades humanas ao meio físico, 
apresentadas no capítulo anterior; diferenciaram as populações em estilos de vida diversos. 
Assim a partir do Neolítico os seres humanos começam a apresentar maior heterogeneidade em 
relação a diversos campos de estudo como cultura, política economia e obtenção de recursos. 
Apesar desse grande nível de diferenciação entre as distintas comunidades, o fato de elas 
ocuparem territórios próximos, ou até convergentes, e de muitas vezes haver um certo nível de 
complementariedade econômica, que se dava através do comércio, ou saque; fazia com que 
essas diferentes populações interagissem as vezes pacificamente, outras vezes 
conflituosamente. Sahlins (1970) analisa essa relação da seguinte forma: “Os povos pastores e 
cultivadores de uma determinada área compreendem setores econômicos complementares: um 
explorando as potencialidades agrícolas locais, o outro as possibilidades de utilização dos 
campos próximos e os dois assim, estão intensamente ligados em relações de troca e tensão”. 
 Assim, em relação às tensões que tanto a situação acima aponta, como outros tipos de 
conflitos entre comunidades de diferente cultura, ou diferente líder político; podem ser vistos 
como um estímulo para a construção de muralhas. Desse modo uma função dessas construções 
seria a defesa da população, recursos alimentícios e outros tipos de riquezas produzidas pelas 
comunidades sedentárias que ali habitavam. Algo que também pode ser observado em relação 
a isso é o fato de as questões políticas se tornarem mais importantes nesse assunto a mediada 
que há um fortalecimento das instituições, ao longo do tempo. No final da Idade do Bronze, por 
exemplo, já haviam alguns impérios e cidades independentes com lideranças políticas bem 
28 
estruturadas. “The late Bronze Age in the Levant is characterized by what Liverani 1987, has 
called “grate kings” and “small kings” (…) The major imperial powers of Egypt Mitanni and 
Hatti on the one hand and multiplicity of city-states kingdoms of varying size and extent on the 
other, some of whitch at various times became vassals of, or other nominally subject to, the 
rulers of one or other of the “great powers. ” (Sherratt, 2014) Em português: “O final da Idade 
do Bronze no Levante é caracterizado pelo que Liverani 1987, chamou de "grandes reis" e 
"pequenos reis" (...) As maiores potências imperiais do Egito, Mitanni e Hatti, por um lado, e a 
multiplicidade de reinos de cidades-estados De tamanho e extensão variados, por outro, alguns 
dos quais em várias ocasiões se tornaram vassalos, ou outras denominações que significavam 
estar sujeito aos governantes de uma ou outra das “grandes potências””. O mapa abaixo ilustra 
tal situação. 
 
29 
Figura 3. Os Reinos do Oriente Médio de 1500-144 a.C. Fonte: euratlas.net, acessado em 10 de 
fevereiro de 2017. 
 
Na arqueologia podem ser observados muitos exemplos de muralhas que dividiam 
povos diferentes. Um exemplo é a grande muralha da China, que dividia o Império Chinês das 
tribos nômades da Mongólia. Outro exemplo é murode Gorgan no Iran que dividia a Pérsia dos 
pastores das estepes asiáticas. O império romano também contava com muros como os de 
Adriano e Antonino a função destes era proteger o território do império dos povos pictos, da 
Escócia; considerados bárbaros. Porém não são só as grandes muralhas que tinham essa função 
de separar os países. As cidades-estados também possuíam muralhas ao seu redor, já que até 
antes da denominada antiguidade clássica raramente havia uma unidade política e um poder 
econômico capaz de realizar obras tão grandiosas. A figura abaixo se trata de uma reconstrução 
da muralha que envolvia a cidade da Babilônia ao longo da Idade do Bronze. 
 
30 
Figura 4. Muros da Babilônia reconstruídos no governo de Saddam Hussein Fonte: Google Earth 
 
 As muralhas surgem assim como uma barreira física e psicológica que divide o território 
associado a uma comunidade e determina a fronteira que delimita até onde o estranho, ou o 
outro podem transitar. Dessa forma ela divide o espaço dos cidadãos e compatriotas do resto do 
mundo. Logo delimita aonde vivem seus iguais. Além disso, realiza seu objetivo primordial 
propondo um potencial defensivo muito importante a comunidade a qual ele circunda. 
 Assim haviam também as sociedades que poderiam apresentar algum risco aos cidadãos 
das cidades muradas, elas podem ser interpretadas de duas formas conforme ao seu estilo de 
vida. Os habitantes de outras cidades, sujeitos a líderes políticos diferentes e os nômades 
pastores que “embora economicamente inferiores aos povos sedentários, os nômades são 
superiores militarmente. Nascidos e crescidos sobre a sela e numa carreira de pilhagem e 
vingança os pastores nômades têm no treinamento militar um estilo de vida. Com prática um 
bando pode atacar, roubar e desaparecer em grande velocidade de maneira impossível de ser 
alcançado (…) A população urbana geralmente nada tem a opor contra essas táticas exceto uma 
muralha” (Sahlins 1970). Abaixo segue uma ilustração dos Hunos, que apesar de não terem 
31 
participado do recorte realizado para esta monografia, exemplificam bem a questão levantada 
pelo autor. 
 
Figura 5. Ilustração dos Hunos. Fonte: Enciclopédia britânica infanto-juvenil 
 
 Vale lembrar que nesse período histórico não haviam armas de sítio tão eficazes. 
Somente poucos milênios a frente que começou-se a utilizar as famosas catapultas e escadas e 
só mais algum tempo depois os surgiram os canhões, que foram capazes de reduzir bastante o 
papel das muralhas como construções defensivas. Borges (2009) chama a atenção sobre o 
assunto apresentando o episódio da tomada de Constantinopla. A capital do Império Bizantino 
possuía uma grande muralha, no entanto não foi capaz de se defender do bombardeio turco e 
foi tomada por eles em 1453. Sendo assim, como na Idade do Bronze ainda não existam essas 
formas de se transpor as defesas das cidades, as muralhas ainda tinham um papel 
importantíssimo para a construção e manutenção da vida urbana na região. 
 Na arqueologia esses muros esternos também podem ajudar os pesquisadores a terem 
uma boa ideia a respeito do tamanho dessas cidades, na medida em que se calcula a área inserida 
dentro dos muros. Essa informação é de suma importância para especular a respeito do tamanho 
da população, importância do sítio dentre outras informações. “There are some common 
characteristics for Ancient Near Eastern cities in addition to settlement size and the obvious 
32 
concentration of population. A wall surrounded many of the towns and cities in the Ancient 
Near East.Sometimes even a section of a city had its own wall. Because the city walls can 
sometimes be seen with very little excavation, the size of a city is often (as below) given as the 
approximate area inside the walls. In many cases this may be far too small, as it has frequently 
been shown that large suburbs surrounded the walled cities. However, owing to a lack of proper 
studies it is often not possible to give other figures (Pedersén et al. 2010). Em português: 
“Existem algumas características comuns nas cidades do Oriente Próximo Antigo, além de 
tamanho do assentamento e a concentração óbvia da população. Uma muralha cerca muitas das 
vilas e cidades no Oriente Próximo Antigo. Às vezes até mesmo uma secção de uma cidade 
tinha seu próprio muro. Porque os muros da cidade às vezes podem ser vistos com muito pouca 
escavação, o tamanho de uma cidade é muitas vezes é dado como a área aproximada dentro das 
muralhas. Em muitos casos, pode ser muito pequeno, pois tem sido frequentemente mostrado 
que os grandes subúrbios cercavam as cidades. No entanto, devido à falta de estudos adequados, 
muitas vezes não é possível dar outros números.” 
 Isso mostra a importância de se desenvolver os estudos em relação aos muros e como 
os as muralhas eram amplamente difundidas pelas sociedades do Oriente Médio no período. 
“The long-term excavations of the Hittite capital Hattusha (200 ha, c. 1250 BC) have unearthed 
city walls, with sections of the city having their own walls,open spaces, and public buildings 
such as temples, palaces, and administration buildings. A recent find of the largest storage 
facilities in the Ancient Near East in the form of silos for 7000–10000 m3 barley shows the 
administrative facilities to secure the sustainability of the population. 26 Assyrian capitals in 
northern Mesopotamia during the Neo-Assyrian period 800–600 BC were relocated essentially 
from south to north along the Tigris: first Assur (80 ha), followed by Kalah (modern Nimrud, 
380 ha), Dur-Sharrukin (320 ha) and finally Nineveh (700 ha) (Pedersén et al. 2010). Em 
33 
português: “As escavações de longo prazo da capital hitita Hattusha (200 ha, cerca de 1250 
a.C.) desenterraram as muralhas da cidade, com partes da cidade com suas próprias paredes, 
espaços abertos e edifícios públicos como templos, palácios e edifícios administrativos. Uma 
recente descoberta das maiores instalações de armazenamento no antigo Oriente Próximo, sob 
a forma de silos para 7000-10000 m3 de cevada, mostra as instalações administrativas para 
garantir a sustentabilidade da população. 26 Capitais assírias no norte da Mesopotâmia durante 
o período neo-assírio 800- 600 a.C. foram realojados de sul a norte ao longo do Tigre: primeiro 
Assur (80 ha), seguido por Kalah (Nimrud moderno, 380 ha), Dur-Sharrukin (320 ha) e 
finalmente Nineveh (700 ha).” 
 Em relação ao material utilizado na construção dessas muralhas, em Jericó no período 
PPN, verificou-se a utilização de pedra na construção desses muros (Bar-Yosef 1986), porém 
um outro material largamente utilizado na época, para a construção de casas e muros menores 
eram os tijolos de barro (Nodarou et al. 2008). Na Figura 6 é possível visualizar os dois métodos 
de construção. 
 
34 
Figura 6. Muro de Jericó demonstrando a utilização de pedra e tijolo de barro. Fonte: 
bramanswanderings.com, acessado em 23 de fevereiro de 2017. 
 
 
6.2 O muro da cidadela e a segregação social 
 
 Outro tipo de muro que surgiu nessa época foram os muros das cidadelas. As cidadelas 
eram os locais onde os reis, a nobreza, os religiosos e os cientistas habitavam. Lembrando que 
se trata de um tempo em que ciência e religião caminhavam juntas. Na maioria das vezes 
estavam localizados nas áreas centrais das cidades e nas partes mais altas. Isso oferecia um 
caráter defensivo e uma maior centralidade urbana para essa área nobre da cidade. 
 “As mais antigas cidades tinham em comum, além da localização nos vales dos grandes 
rios, uma organização dominante de caráter teocrático (o líder era rei e chefe espiritual), e um 
traço na sua estruturação interna do espaço: a elite sempre morava no centro. Isto servia tanto 
para facilitar o intercambio das ideias (que permitiam o exercício da dominação sobre as outras 
35 
classes sociais), como para ficarem menos expostas aos ataques externos,como destaca Gideon 
Sjoberg em seu texto Origem e evolução das cidades. ” (Sposito, 1988) 
 Smith e Kafadarian (1996), também descrevem com maestria algumas cidadelas 
fortificadas da Idade do ferro, que hoje se encontram em território armênio, na Transcaucásia 
do Sul. Eles descrevem muralhas de pedras grandes e pequenas (que se encaixariam nos espaços 
entre as grandes), além de um alinhamento com o terreno acidentado onde elas se encontram. 
Outra característica interessante que se repete na medida em que estudamos as cidadelas são as 
cidades com muros externos e internos; os primeiros defendem a cidade dos invasores 
estrangeiros e o segundo defende os nobres tanto dos estrangeiros como das classes sociais mais 
baixas da cidade. No entanto, em relação à forma da cidade, vale lembrar que as cidades do 
levante e mesopotâmia, diferentemente das da Armênia estavam localizadas sobretudo em 
planícies, desse modo em sua grande maioria possuíam muralhas tanto internas, como externas, 
com as próprias ruas orientadas em linhas retas perpendiculares, como é possível observar na 
Figura 7. 
36 
Figura 7. Babilônia – Planta do Núcleo Interno. Fonte BENEVOLO, Leonardo 1983. História 
da Cidade 
 
 Os habitantes da cidadela eram aqueles que concentravam a riqueza e os alimentos e o 
conhecimento. Por isso podiam viver sem a necessidade de produzir alimentos ou realizar 
qualquer tipo de trabalho. Assim tinham tempo de se dedicar a religião, ciência e a guerra. 
Trata-se de um modelo de divisão social que se desenvolveu à medida que o fenômeno da 
urbanização se desenvolveu tanto no Oriente Médio como China, Índia, mediterrâneo e 
Américas andina e central. Abaixo encontra-se um modelo de organização espacial típico desse 
tipo de cidade (Figura 8). 
37 
Figura 8. Organização socioespacial das cidades na idade dos metais. 
 
 
6.3 Os muros e a ideia de propriedade 
 
 Os primeiros abrigos surgem com a função de criar um ambiente que defende as pessoas 
das intempéries, da chuva e da ameaça de predadores, além de criar um ambiente confinado 
que pode ser climatizado através da utilização de uma fogueira. O desenvolvimento de 
estruturas de habitação constitui-se numa invenção essencial para a ocupação de novas áreas do 
globo e para a manutenção e o desenvolvimento da nossa espécie. 
 No início no Neolítico, ou PPN os abrigos se desenvolveram e começaram a contar com 
os muros feitos dos mais distintos materiais como pedra, madeira, e até no nono milênio a.C. já 
haviam tijolos de barro. Porém foi só no quinto milênio a.C. que alguns povos desenvolveram 
melhor a técnica de produção da cerâmica e da argila temperada, assim começou-se a utilizar 
38 
tijolos de barro retangulares e com tamanho padronizado para a construção de casas e até muros 
também (Oates 1990). Eles cercavam a área de habitação e desse modo ofereciam uma melhor 
e mais duradoura opção de construção. 
 Essa seria uma perfeita explicação funcionalista a respeito desse fenômeno, no entanto 
questões ligadas a psicologia, como por exemplo, a privacidade também motivaram a 
construção de moradias por todo o planeta. Assim algumas diferenças culturais em relação a 
constituição familiar moldaram as diferentes formas com que os abrigos eram construídos e 
utilizados no passado. Hoje a cultura ocidental está baseada no núcleo familiar da família uni 
nuclear, porém existem muitas outras culturas com constituição familiar distinta e isso faz com 
que existam diferentes interpretações em relação à privacidade, família e consequentemente 
construção de habitações. 
 Para Dunnell (1982) “, as abordagens evolucionistas e ecológicas emprestadas das 
ciências biológicas não eram moldadas de forma a explicar sistemas simbólicos e 
motivacionais” Indo mais fundo nos pensadores da psicologia ambiental podemos entender que 
“A pessoa tem propriedades ambientais tanto quanto características psicológicas individuais 
(…) Não há ambiente físico que não seja envolvido por um sistema social e inseparavelmente 
relacionado a ele (…) A influência do ambiente físico no comportamento varia de acordo com 
a conduta em questão (…) O ambiente tem valor simbólico.” (Ittelson, et al. 1974). Assim pode-
se constatar que essa questão é muito mais complexa e subjetiva, que necessita assim de um 
enfoque pós processual. 
 
 
 
39 
7 Discussão 
 
 A partir das informações apresentadas nos capítulos de resultados, podemos 
compreender como as sociedades podem se desenvolver de formas diversas e que para 
compreender as diferenças é necessário buscar informações não só relacionadas ao ambiente 
onde elas vivem, como compreender toda a subjetividade presente nas interpretações que o 
homem faz sobre a sociedade e a natureza. 
 Também pudemos problematizar a respeito dos muros e muralhas. Assim, as 
classificamos em relação a sua função e analisamos quais seriam as possíveis consequências 
desses muros nas sociedades do passado. Binford (1968) a partir da teoria do médio alcance 
apresenta que podemos entender o passado através do presente. Assim podemos relacionar 
algumas muralhas recentes ou até mesmo da atualidade, com aquelas que estudamos nos 
capítulos anteriores. 
 Os guetos que segregaram os Judeus dos cristãos na segunda guerra mundial e que hoje 
segregam os palestinos dos judeus em gaza, são um exemplo atual da utilização dos muros para 
segregação cultural e étnica de pessoas, onde se utilizam os muros para cercar uma área, quando 
se tem a intenção de alocar compulsoriamente as minorias. 
 O muro de Berlim, que foi construído em 1961 e destruído em 1989 pela própria 
população, teve como função dividir dois modelos político-econômicos que concorriam no 
período. Assim ele dividiu tanto a cidade de Berlim como a Alemanha, separando um povo com 
mesma língua, costumes e nacionalidade. 
 O muro que o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump deseja construir 
dividindo Os Estados Unidos do México e o que Israel constrói para entre o estado judeu e a 
Cisjordânia, separam espacialmente as pessoas de acordo com sua cultura religião e 
nacionalidade (Figura 9). 
40 
Figura 9. Muro dividindo Israel e Cisjordânia (Atual). Fonte: Viva Palestina. 
http://vivapalestina.com.br/o-muro-do-aparthide/ , acessado em 20 de fevereiro de 2017 
 
 Todos são exemplos que demonstram que o Ser Humano do Neolítico e Idade do Bronze 
não são tão diferentes de nós do século XXI. Isso pode ser visto como bom para arqueologia, 
na medida em que valida a teoria e o modo de se interpretar os achados arqueológicos da teoria 
do Médio Alcance, porém demonstra que a reprodução dos mecanismos de concentração de 
poder político e econômico e a aversão ao outro, ainda são fatores muito fortes nas sociedades 
de hoje. 
 Vale lembrar que os únicos muros que devem “continuar de pé” são aqueles antigos que 
perderam a sua função segregacionista e ainda se encontram preservados em muitas cidades ao 
redor do globo. Eles são patrimônios arqueológicos, arquitetônicos e históricos e por isso tem 
grande valor cultural e assim devem ser preservados. Já os muros tanto físicos como mentais 
que tem a intenção de bloquear o caminho das pessoas por motivos preconceituosos como, 
41 
racismo e xenofobia, ou preconceitos sociais, somente privam a liberdade tanto de quem sofre 
na prática com eles, como de quem acredita nos muros como solução, e se fecha neles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
Conclusão 
 
 O estudo das muralhas está sinergicamente ligado ao estudo da segregação socioespacial 
e da heterogeneidade dos povos humanos do planeta. Assim através dos seus capítulos esta 
monografia se propôs a analisar as questões ligadas às causas e consequências das construções 
dos muros em um período do passado histórico e espaço geográfico determinado. Junto a isso 
analisamos que embora o estudo tenha verificado questõesligadas ao passado, ainda no 
presente, é possível observar e interpretar esse tema. Isso ocorre pois, no passado, a 
heterogeneidade de estilos de vida foi um grande motivo para dividir as pessoas através dos 
muros e ainda nos dias de hoje alguns outros motivos ainda perduram. O muro ainda é utilizado 
como uma forma de diferenciar quem está dentro do muro e quem está fora. 
 Relacionando as informações verificadas e se baseando em grandes autores da ciência 
foi possível compreender de forma abrangente o objeto de estudo. No entanto, acredito que uma 
verificação do assunto na escala de sítio, através de uma abordagem contextual; assessorada 
por trabalhos de campo e a utilização das novas ferramentas de sensoriamento remoto e GIS 
poderia contribuir com um grande avanço para este tema, que tem grande potencial como 
campo de estudo da arqueologia. 
 Na atualidade as antigas muralhas são vistas como patrimônios históricos e 
arqueológicos, pois já perderam a função que motivou a construção das mesmas. Dessa forma 
encerro este trabalho com o desejo que os muros de hoje também se tornem história, e 
enaltecendo os grafites e as expressões artísticas que expressam demandas sociais, que tomam 
os muros das cidades nos dias de hoje. 
 
 
 
43 
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