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ESTUDO DAS RELAÇÕES 
ÉTNICO-RACIAIS PARA O 
ENSINO DE HISTÓRIA E 
CULTURA AFRO-BRASILEIRA, 
AFRICANA E INDÍGENA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Elston Americo Junior 
Prof. Iziquel Antônio Radvanskei 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá, seja bem-vindo a este segundo momento de nossa disciplina. Nesta 
aula, você poderá acompanhar o processo que culminou no racismo no Brasil 
com base em teorias de branqueamento que ocorreram no início do século 
passado. Fundamentadas em uma racionalidade de hegemonia branca, essas 
teorias tinham como propósito construir uma sociedade totalmente branca, uma 
vez que afirmavam que os problemas sociais do país estavam relacionados à 
cor da pele. Tais propostas ficaram conhecidas por "teorias higienistas", haja 
vista que as políticas públicas que foram criadas naquela época tinham por 
característica eliminar e afastar dos centros urbanos indivíduos negros. Nesta 
aula, portanto, vamos entender essas teorias, as razões e os reflexos que esse 
pensamento trouxe para a sociedade da época e os efeitos dessas teorias 
sobre nossa sociedade atual. 
TEMA 1 – A SUPREMACIA BRANCA 
As teorias de branqueamento que surgiram no Brasil no final do século 
XIX, mas que tiveram popularidade nas três primeiras décadas do século XX, 
foram fundamentadas como consequência de uma racionalidade branca e 
eurocêntrica, por meio dos princípios biológicos surgidos na teoria da evolução 
de Darwin. Tal teoria, transportada para a análise da sociedade, constituiu uma 
visão racista e pejorativa, pois afirmava que existiam raças humanas 
classificadas como inferiores ou superiores na escala evolutiva (Telles, 2003). 
Teóricos brasileiros como Gobineau e Raimundo Nina Rodrigues investiram em 
tal pensamento e elaboraram as teorias higienistas, com o objetivo de delegar 
os problemas sociais do país aos povos negros. Obviamente, tais teóricos 
eram brancos e pertencentes a uma elite dirigente, estabelecendo a "culpa" 
das dificuldades administrativas do Estado brasileiro aos povos em posição de 
dominação histórica. 
 
 
 
3 
TEMA 2 – TEORIA DO BRANQUEAMENTO 
As teorias higienistas tinham por foco tornar a sociedade brasileira 
predominantemente branca. Assim, criaram-se cálculos que previam o tempo 
necessário para tal objetivo, baseado na miscigenação entre negros e brancos, 
com o intuito de extinguir os negros no futuro. 
Em outros estudos, os teóricos higienistas fundamentavam que 
indivíduos com crânios e narinas características dos povos africanos eram 
propícios a cometer crimes, visto que este elemento biológico consolidava, 
supostamente, como uma raça violenta e incivilizada (Munanga, 2008). Dava-
se “carta branca” para a discriminação de negros e consolidava a submissão 
deles diante da população branca que, segundo as estatísticas da época, ainda 
que inconsistentes, eram minoria no território nacional. Essa situação explica a 
palavra higienismo na teoria do branqueamento: a utilização de preceitos 
científico-biológicos sem comprovações teóricas para práticas de eliminação de 
uma cultura étnico-racial. 
TEMA 3 – AS POLÍTICAS PÚBLICAS HIGIENISTAS 
Comentamos que as teorias higienistas fundamentaram práticas racistas 
do Estado brasileiro na época citada e tiveram papel fundamental na 
consolidação do racismo estrutural brasileiro. Entre as políticas, destacou-se a 
imigração europeia, com o intuito de acelerar o branqueamento. O Estado 
previa que com maior contingente de europeus no país e as relações de 
miscigenação o povo brasileiro logo se tornaria exponencialmente branco. 
Outra política foi afastar a população negra dos centros urbanos por 
meio de reformas nas cidades e demolição de residências. Esse caso ficou 
muito evidente no Rio de Janeiro, mas não se resguardou apenas a esse local. 
Mais uma prática nefasta diz respeito à segurança pública que 
consolidava os negros como propensos à criminalidade e, assim, vigiavam e 
puniam constantemente indivíduos negros nas ruas da cidade. Esse preceito 
biológico ainda era utilizado pelo júri para comprovar a ocorrência de delitos 
por negros (Schwarcz, 1998). 
 
 
 
4 
TEMA 4 – A INVISIBILIDADE DO RACISMO PRESENTE NAS TEORIAS 
HIGIENISTAS 
Ainda que em nossa análise fique evidente o racismo presente nas 
teorias e práticas higienistas, na época de sua eclosão elas foram realizadas 
de forma superficial, escondendo que os reais objetivos da imigração ou das 
reformas urbanas era a eliminação dos povos negros. Diferentemente dos 
Estados Unidos, local em que ocorreram as leis segregacionistas que 
evidenciaram o racismo de Estado, no Brasil foram realizadas as práticas 
apresentadas anteriormente, sem restringir diretamente a cidadania dos 
negros, mas impossibilitando a eles o acesso aos direitos, ou seja, um racismo 
de maneira indireta (Schwarcz, 1998). 
O fato de não existirem leis específicas de restrição de direitos à 
população negra ocasionou em análises posteriores que afirmavam ser a 
sociedade brasileira constituída por três matrizes étnico-raciais que se 
relacionam de maneira harmônica, consolidando ainda mais a invisibilidade do 
racismo no país. 
TEMA 5 – AS CONSEQUÊNCIAS DAS TEORIAS DO BRANQUEAMENTO 
As teorias e políticas de branqueamento perduraram até a década de 
1930 quando o Estado brasileiro toma outras estratégias para a questão étnico-
racial. Todavia, as consequências foram visíveis, sobretudo na negação das 
identidades étnico-raciais e na situação insalubre de negros, consolidando a 
desigualdade social no país (Schwarcz, 1998). 
O racismo invisível, comentado anteriormente, perdurou e criou uma 
identidade nacional homogênea, que não considerava as subjetividades dos 
povos e negava suas peculiaridades, consolidando uma sociedade unitária que 
negava ser o racismo a razão de pretos, pardos e indígenas estarem na 
liderança do índice de homicídios e em situação de desigualdade social e 
econômica. Tal situação é visível ainda em dias atuais, uma vez que 
presenciamos os mesmos dados estatísticos e pouco se percebe a relação de 
modificação no quadro estrutural desse racismo que, por ser negado, fica em 
segundo plano nas políticas públicas. 
 
 
 
5 
NA PRÁTICA 
Na pintura A redenção de Cam1, ilustrada em 1895 por Modesto Brocos, 
há a representação de uma família brasileira configurada por meio de uma 
ideia de embranquecimento. Como vimos, as teorias higienistas deixaram 
certas consequências na cultura brasileira: manter um racismo invisível; 
manipular uma ideia de branqueamento como modelo social das futuras 
gerações etc. 
Dessa forma, crie um texto argumentativo que demonstre propostas que 
você, como um profissional da educação, possa realizar para desmistificar tais 
situações com seus alunos, com o intuito de esclarecer que não há relação 
entre cor de pele e inferioridade, demonstrando a igualdade entre todas as 
pessoas. Para tanto, relacione a imagem, símbolo de uma cultura que mantém 
um racismo na ideia de embranquecer a população, com as teorias higienistas 
apresentadas nesta aula. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, descobrimos algumas teorias racistas que figuraram no 
Brasil. Com destaque para a questão do branqueamento, percebemos que os 
teóricos dessas teorias formularam critérios perversos para consolidar as 
práticas de submissão e eliminação da população negra e parda por meio da 
imigração europeia, da expulsão de negros de suas residências e punições 
constantes, ou seja, na restrição da cidadania. De forma superficial, no entanto, 
tais políticas consolidaram um racismo de Estado invisível, indireto, 
diferentemente das leis segregacionistas norte-americanas. Entendemos que 
esse fato acarretou na negação do racismo no Brasil, forjando uma identidade 
homogênea que nega as subjetividades das múltiplas matrizes étnico-raciais 
que formam a sociedade brasileira. Por fim, identificamos que essa situação 
criou uma cultura de escondero racismo no Brasil, estando em segundo plano 
a questão nas políticas públicas do país. 
 
 
1 Obra localizada no Museu Nacional de Belas Artes (RJ). Disponível em: 
<http://mnba.gov.br/portal/component/k2/item/192-reden%C3%A7%C3%A3o-de-
c%C3%A3.html>. Acesso em: 27 nov. 2019. 
 
 
6 
REFERÊNCIAS 
MUNANGA, K. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional 
versus identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. 
SCHWARCZ, l. M. Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na 
intimidade. In: ______. História da vida privada no Brasil, 4. ed. São Paulo: 
Companhia das Letras, 1998. 
TELLES, E. Racismo à brasileira: uma nova perspectiva sociológica. Rio de 
Janeiro: Relume Dumará, Fundação Ford, 2003.

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