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DEFINIÇÃO Animais peçonhentos produzem uma toxina (peçonha) em um grupo de células ou órgão secretor (glândula), e possuem uma ferramenta capaz de injetar a toxina na sua presa ou predador Ferramentas: dentes modificados, aguilhão (escorpiões), ferrão (abelhas), quelíceras (aranhas), espinhos, cerdas urticantes (mariposas e lagartas), nematocistos (águas-vivas), entre outros Animais venenosos: toxina introduzida de forma passiva (ex.: sapos venenosos) CONSEQUÊNCIAS DOS ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS Taxa de letalidade: entre 0,10 e 0,20% Possíveis sequelas: restrição de mobilidade, amputação (comum em picadas de serpentes), cegueira e stress pós-traumático (comum em picadas por abelhas) SERPENTES: ACIDENTES OFÍDICOS Incluídos, pela Organização Mundial da Saúde, na lista das doenças tropicais negligenciadas, que não possuem ação governamental efetiva a seu combate e que acometem, na maioria dos casos, populações pobres que vivem em áreas rurais CASCAVEL Causa acidente crotálico BOTHROPS Causa acidente botrópico SURUCUCU-PICO-DE-JACA (LACHESIS MUTA) Causa acidente laquético CORAL VERDADEIRA Causa acidente elápidico ANIMAIS PEÇONHENTOS ESCORPIÕES ARANHAS BESOUROS Estes são os dois principais tipos dos que são venenosos BESOURO ESCORPIÃO POTÓ PEIXES NIQUIM ARRAIA Maior número de acidentes notificados LEPIDÓPTEROS (BORBOLETAS E MARIPOSAS) LONOMIA (TATURANAS) Geralmente, não causam acidentes letais, mas sim dolorosos ABELHAS Em pessoas alérgicas e hipersensibilizadas pode levar ao choque anafilático INCIDÊNCIA Em 2017, foram notificados 222.452 acidentes por animais peçonhentos, taxa de incidência = 106/100.000 habitantes, e foram notificados 282 óbitos (taxa de letalidade de 0,12%) Maior frequência entre os meses de outubro e abril: movimentação dos animais ocasionada pelo período de reprodução e desalojamento causado pelas chuvas, buscando abrigo em locais secos, como as proximidades e até o interior das residências Highlight Em florestas e em lugares aglomerados são os locais de maior incidência dos acidentes por animais peçonhentos. Há mais acidentes por escorpião, mais prevalentes em grandes centros, mas morre-se mais por acidentes com serpentes ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS EM MG ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS EM MINAS GERAIS Quarto maior estado brasileiro em área territorial, maior número de municípios (853), população em 2010 = 19.597.330 habitantes, sendo 85,3% em área urbana Cobertura vegetal: biomas do Cerrado, presente em 57% do território, de Mata Atlântica e de Caatinga, 41% e 2% da área, respectivamente (IEF, 2017) 66,5% dos acidentes por animais peçonhentos ocorreram na zona urbana Em 97,7% dos casos evolução para a cura, com taxa de letalidade entre 0,1 e 0,2% dos acidentes notificados Os óbitos ocorreram principalmente em pacientes acima de 40 anos Muitas espécies de animais peçonhentos: I: Serpentes dos gêneros Bothrops, Crotalus, Lachesis e Micrurus II: Escorpiões das espécies Tityusserrulatus (escorpião-amarelo) e Tityusbahiensis (escorpião-preto) Aranhas responsáveis pelos acidentes graves pertencentes aos gêneros Phoneutria (armadeira), Loxosceles (aranha marrom) e Latrodectus (viúva negra) INCIDÊNCIA EM MINAS GERAIS Em 2018, foram notificados 51.313 acidentes, taxa de incidência = 244,34/100.000 habitantes (Brasil = 126/100.000 habs.), 46 óbitos (taxa de letalidade = 0,09%) ACIDENTES POR ESCORPIÃO (2018) 69% do total de acidentes por animais peçonhentos Taxa de incidência = 169,27/100.000 habitantes, 25 óbitos (taxa de letalidade = 0,07%) ACIDENTES POR OUTROS ANIMAIS I: Aranha (10,23%): 1 óbito (taxa de letalidade = 0,01%) II: Abelhas (5,70%): 11 óbitos (taxa de letalidade = 0,38%) III: Serpentes, principalmente botrópico (6,51%) - 7 óbitos (taxa de letalidade = 0,21%) NOTIFICAÇÃO E INVESTIGAÇÃO DOS ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS Incluídos na Lista de Notificação Compulsória (LNC) do Brasil, portaria nº 2.472 de 31 de agosto de 2010 (ratificada na Portaria Nº 204, de 17 de fevereiro de 2016) NOTIFICAÇÃO Agravo de notificação compulsória imediata, independentemente de o paciente ter sido ou não submetido a soroterapia INVESTIGAÇÃO Obtenção detalhada de dados do acidente, mediante o preenchimento da Ficha de Investigação de Acidentes por Animais Peçonhentos Objetivos: determinar fatores de risco relacionados ao acidente, tipo de envenenamento ocorrido, classificacão clínica do caso e necessidade de soroterapia, deve ser realizada em todos os casos confirmados, mesmo se não receberam tratamento soroterápico PREVENÇÃO MEDIDAS GERAIS DE PREVENÇÃO Não depositar ou acumular lixo, entulho e materiais de construção junto às habitações Evitar que plantas trepadeiras se encostem às casas e que folhagens entrem pelo telhado ou pelo forro Não montar acampamento próximo a áreas onde normalmente há roedores (plantações, pastos ou matos) e, por conseguinte, maior número de serpentes Evitar piquenique às margens de rios, lagos ou lagoas, e não se encostar a barrancos durante pescarias ou outras atividades Controlar roedores existentes na área e combater insetos, principalmente baratas (são alimentos para escorpiões e aranhas) Não segurar as cobras com as mãos, mesmo que estejam mortas, pois o veneno das glândulas permanece ativo por um certo tempo após a morte do animal Proteger os predadores naturais das serpentes, como emas, seriemas, gaviões, gambás e a conhecida cobra muçurana, pois os mesmos participam do controle do crescimento das populações de ofídios ORIENTAÇÕES AOS TRABALHADORES Usar luvas de raspa de couro e calçados fechados, entre outros equipamentos de proteção individual (EPI), durante o manuseio de materiais de construção (tijolos, pedras, madeiras e sacos de cimento), transporte de lenhas, movimentação de móveis, atividades rurais, limpeza de jardins, quintais e terrenos baldios, entre outras atividades Highlight Utilizar botas de cano alto ou perneiras de couro pode evitar até 80% dos acidentes, a maioria das picadas de serpentes ocorre do joelho para baixo Nunca se deve andar descalço ou de chinelos em locais onde possa ocorrer cobras ou outros animais peçonhentos, o uso de sapatos ou botinas pode evitar de 50% a 60% dos acidentes Não colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha ou entre pedras. Se for necessário usar um pedaço de madeira, enxada ou foice Não colocar as mãos em buracos, ocos de árvores ou vãos de pedras Não sentar, deitar ou agachar próximo a arbustos, barrancos, pedras, pilhas de madeira ou material de construção sem se certificar de que ali não existem cobras ou outros animais peçonhentos Nas colheitas de arroz, café, milho, feijão, frutas e nas hortas é preciso verificar onde se colocam as mãos CUIDADOS NA RESIDÊNCIA No amanhecer e no entardecer, evitar a aproximação da vegetação muito próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins Não mexer em colmeias e vespeiros, solicitar a autoridade competente para fazer a remoção Inspecionar calçados, roupas, toalhas de banho e de rosto, roupas de cama, panos de chão e tapetes antes de usá-los Afastar camas e berços das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários Limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede e terrenos baldios (sempre com uso de EPI) Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés Utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos ORIENTAÇÕES À POPULAÇÃO: O QUE FAZER EM CASO DEACIDENTE Procure atendimento médico imediatamente Se possível informe ao profissional de saúde as características do animal, como tipo de animal, cor, tamanho, entre outras Se possível, e caso tal ação não atrase a ida do paciente ao atendimento médico, lave o local da picada com água e sabão (exceto em acidentes por águas-vivas ou caravelas), mantenha a vítima em repouso e com o membro acometido elevado Em acidentes nas extremidades do corpo, como braços, mãos, pernas e pés, retire acessórios que possam levar à piora do quadro clínico, como anéis, fitas amarradas e calçados apertados Não amarre (torniquete) o membro acometido e, muito menos, corte e/ou aplique qualquer tipo de substancia (pó de café, álcool, entre outros) no local da picada Não tente “chupar o veneno”, o que aumenta as chances de infecção local