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Acidentes por animais peçonhentos Os acidentes com animais peçonhentos são um desafio significativo para a saúde pública no Brasil. Com sua rica biodiversidade e clima tropical favorável, o país abriga uma ampla variedade de serpentes, aranhas, escorpiões e outros animais peçonhentos, cujas picadas ou mordidas podem resultar em graves consequências para a saúde humana. Nesse cenário, é essencial conhecer e identificar esses animais para implementar medidas preventivas eficazes e garantir um atendimento adequado às vítimas. Apesar de muitos considerarem esses termos como sinônimos, existem distinções conceituais entre animais peçonhentos e venenosos. Ambos produzem toxinas em glândulas ou tecidos, mas os animais venenosos armazenam essas substâncias para defesa contra predadores, enquanto os peçonhentos têm a capacidade adicional de injetá-las ativamente, seja em presas para predar ou em predadores para se defender. Para a injeção ativa das toxinas, os animais peçonhentos utilizam aparelhos inoculadores como dentes especializados, ferrões, quelíceras, cerdas urticantes, esporões, etc. As toxinas, em quantidades relevantes, causam lesões fisiopatológicas dose-dependentes a um organismo vivo, sendo denominadas zootoxinas quando produzidas por animais, e convencionou-se chamar de venenos as produzidas por animais venenosos, e peçonhas aquelas produzidas por animais peçonhentos. As funções desempenhadas por venenos e peçonhas estão relacionadas ao animal produtor destas substâncias: defesa contra predação, no caso dos venenos, e subjugação e detenção de presas e predadores, no caso das peçonhas. Além disso, podem exercer também função digestiva em alguns animais peçonhentos. Compreender estes conceitos é fundamental para a correta notificação dos acidentes por animais peçonhentos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, uma vez que nem todo animal produz toxinas, e nem todo animal que produz toxinas é um animal peçonhento. Em caso de Acidentes por Animais Peçonhentos, entre em contato com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica que atende a sua região Acidentes por abelhas Acidentes por aranhas Acidentes por escorpiões Acidentes por lagartas Acidentes ofídicos Acidentes por águas-vivas e caravelas https://portalsinan.saude.gov.br/ https://portalsinan.saude.gov.br/ https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/ciatox https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/ciatox https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/acidentes-por-abelhas https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/acidentes-por-aranhas https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/acidentes-por-escorpioes https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/acidentes-por-lagartas https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/acidentes-ofidicos https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/aguas-vivas-e-caravelas Histórico do Programa Nacional de Vigilância e Controle de Acidentes por Animais Peçonhentos Em 1985, originou-se uma crise na produção de soros antivenenos a partir de uma escassez significativa nos hospitais e postos de saúde em todo o país. Isso ocorreu quando a multinacional Syntex do Brasil S.A., que era responsável por grande parte da produção desse imunobiológico, encerrou suas operações no Brasil. Em vista disso, o Ministério da Saúde criou o Programa de Auto- Suficiência Nacional em Imunobiológicos (PASNI), com o intuito de modernizar as plantas de produção dos laboratórios públicos produtores de antivenenos (Instituto Butantan, Instituto Vital Brazil e Fundação Ezequiel Dias) e reestabelecer o fornecimento dos imunobiológicos no País. No ano seguinte, em 1986, os acidentes ofídicos passaram a ser de notificação compulsória e foi implementado o Programa Nacional de Controle do Ofidismo (PNO), no âmbito da Secretaria Nacional de Ações Básicas em Saúde (SNABS/MS). Logo em seguida, a vigilância epidemiológica do araneísmo e do escorpionismo foram incorporados à vigilância do ofidismo e, em 1988, o Programa Nacional de Controle de Ofidismo passou a ser denominado Programa Nacional de Controle de Acidentes por Animais Peçonhentos (PNCAAP), nomenclatura utilizada atualmente. O PNCAAP é alicerçado nos objetivos abaixo, que correspondem às estratégias de intervenção e redução da incidência e da gravidade dos acidentes provocados por animais peçonhentos, através da promoção de ações educativas em saúde e da utilização eficaz dos antivenenos: • Reduzir a incidência dos acidentes por animais peçonhentos por meio da promoção de ações de educação em saúde; • Reduzir a gravidade, as sequelas e, consequentemente, a letalidade dos acidentes por meio do atendimento oportuno e de escolhas acertadas no tratamento soroterápico; • Melhorar a capacidade de resposta do atendimento médico assistencial nos serviços de saúde; • Mapear áreas de risco a partir dos resultados e da análise dos indicadores epidemiológicos. Animais peçonhentos de importância em Saúde no Brasil Algumas espécies de animais peçonhentos são consideradas de interesse em saúde pública no Brasil, devido à alta capacidade de proliferação em meios urbanos e a magnitude dos acidentes que provocam, seja em razão do número de acidentes que provocam em humanos, ao potencial de evolução clínica do envenenamento com gravidade ou de gerar sequelas temporárias e até mesmo permanentes. O Sistema Único de Saúde oferece gratuitamente antivenenos, conforme necessário, para uso no tratamento dos indivíduos acidentados. https://www.gov.br/saude/pt-br/sus Nessa perspectiva, o conceito de Uma Só Saúde enfatiza as conexões entre animais, meio ambiente e seres humanos, destacando a relevância dos acidentes com animais peçonhentos para a saúde pública. No Brasil, essas ocorrências são preocupantes devido ao aumento significativo no número de casos e óbitos registrados anualmente. Para enfrentar essa ameaça, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente antivenenos para o tratamento adequado das vítimas. No contexto brasileiro, os animais peçonhentos de interesse em saúde pública incluem quatro grupos de serpentes (Botrópico, Crotálico, Laquético e Elapídico) conforme o gênero da espécie responsável pelo acidente (Bothrops, Bothrocophias, Crotalus, Lachesis, Micrurus e Leptomicrurus), algumas espécies de escorpiões do gênero Tityus ( T. serrulatus, T. bahiensis, T. stigmurus e T. obscurus), aranhas divididas em grupos loxoscélico, fonêutrico e latrodéctico dos gêneros Loxosceles, Phoneutria e Latrodectus, abelhas do gênero Apis e lagartas do gênero Lonomia. Lagartas do gênero Lonomia representam uma preocupação significativa devido à capacidade de causar acidentes graves. Adicionalmente, acidentes por abelhas do gênero Apis, especialmente as africanizadas, são categorizados como acidentes apílicos. Outros animais peçonhentos, como vespas, marimbondos, lacraias, arraias, bagres, entre outros, embora não considerados de importância em saúde pública, podem ocasionar acidentes graves. Estes acidentes também devem ter seus acidentes notificados no Sinan. Veja a lista dos hospitais de referência para soroterapia de acidentes por animais peçonhentos separadas por estado, constando as cidades onde estão localizados, nomes dos hospitais, endereços, telefones, Código Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e atendimento disponível para acidentes com animais peçonhentos. As informações disponibilizadas são de responsabilidade da respectiva Secretaria Estadual de Saúde. Em caso de emergência, contate imediatamente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) ou o Corpo de Bombeiros (193). Ligue também para o Centro de Informação e Assistência Toxicológicaque atende a sua região. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/hospitais-de-referencia https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/hospitais-de-referencia https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/samu-192 https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/samu-192 https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/lista-dos-hospitais-de-referencia-para-soroterapia Acidentes por abelhas Abelhas são insetos da ordem Hymenoptera, assim como as vespas e as formigas. Algumas espécies são conhecidas por produzirem o mel e viverem em colônias, com uma organização hierárquica com uma rainha, alguns machos férteis e milhares de operárias fêmeas. As abelhas operárias são as responsáveis pela defesa da colônia. Ao picar, elas perdem parte do aparato inoculador, morrendo em seguida. Este aparato possui músculos próprios e continuam injetando a peçonha mesmo após a separação do resto do corpo. Próximas a um enxame, as primeiras abelhas, ao picar, liberam um feromônio que faz com que outras ataquem o mesmo alvo, podendo ocasionar acidente com centenas de picadas. As Mamangavas ou Mamangabas, que são abelhas das subfamílias Bombinae e Euglossinae, não perdem o ferrão e podem ferroar várias vezes. A picada de abelhas consiste na injeção de veneno com objetivo de causar dor e desconforto físico a seus agressores ou intrusos, percebidos como ameaça à integridade de suas colmeias. Esses venenos são misturas complexas de aminas biogênicas, peptídeos e enzimas, com diversas atividades farmacológicas e alergênicas. Acidente por abelha é o quadro de envenenamento decorrente da injeção de toxinas através do aparelho inoculador (ferrão) de abelhas. No Brasil, as abelhas ditas africanizadas, ou seja, mestiças de Apis mellifera scutellata (africana) e Apis mellifera ligustica (européia) principalmente, são responsáveis por muitos relatos de acidentes, por serem mais agressivas do que as europeias. Entre os 5 principais tipos de acidentes por animais peçonhentos, o acidente por abelhas é o único que não possui um soro específico para o tratamento no Brasil, porém há estudos acerca de sua produção. Sintomas O quadro de intoxicação varia pela quantidade de veneno aplicado e pela susceptibilidade em relação a uma reação alérgica ao veneno. Um indivíduo pode ser picado por uma a milhares de abelhas. No caso de poucas picadas, o quadro clínico pode variar de uma inflamação local até uma forte reação alérgica (choque anafilático). No caso de múltiplas picadas pode decorrer uma manifestação tóxica mais grave e, às vezes, até mesmo fatal. As manifestações clínicas podem ser de naturezas tóxicas e alérgicas. As reações tóxicas locais decorrentes da picada de abelhas estão associadas à dor, edema e eritema. Em casos de múltiplas picadas, podem ocorrer manifestações sistêmicas, devido à grande quantidade de veneno inoculada. Nesse caso, os sintomas são pruridos, rubor, calor generalizado, pápulas, placas urticariformes, hipotensão, taquicardia, cefaleia, náuseas e/ou vômitos, cólicas abdominais e broncoespasmos. Em casos mais graves pode ocorrer choque, insuficiência respiratória aguda, rabdomiólise e injúria renal aguda. As manifestações alérgicas locais são caracterizadas por um edema que persiste por alguns dias. As reações alérgicas sistêmicas podem variar de urticária generalizada e mal-estar até edema de glote, broncoespasmos, choque anafilático, queda da pressão arterial, colapso, perda da consciência, incontinência urinária e fecal e cianose. Tratamento As informações fornecidas neste site são exclusivamente para fins de conhecimento e não devem ser utilizadas como substituto para tratamento médico. Em caso de acidente com picadas de abelhas ou qualquer outra emergência de saúde, recomendamos a procura imediata da orientação de um profissional de saúde qualificado. Não há exames específicos para o diagnóstico. O diagnóstico dos acidentes provocados por abelhas é feito, basicamente, através da história clínica, e a gravidade dos pacientes deverá orientar os exames complementares. Exames de urina tipo I e hemograma completo podem ser os utilizados para a detecção dos quadros sistêmicos. A determinação dos níveis séricos de enzimas de origem muscular, como a creatinoquinase total (CK), lactato desidrogenase (LDH), aldolases e aminotransferases (ALT e AST) e as dosagens de hemoglobina, haptoglobina sérica e bilirrubinas, nos pacientes com centenas de picadas. Nestes casos, a síndrome de envenenamento grave expõe manifestações clínicas sugestivas de rabdomiólise e hemólise intravascular. Para o tratamento das manifestações tóxicas ocasionadas por uma ou poucas picadas, recomenda-se a retirada dos ferrões e a utilização de compressas frias e analgésicos para o alívio da dor. Nos casos de picadas massivas, utiliza-se anti-inflamatórios não-hormonais e anti-histamínicos, e corticosteroides sistêmicos para tratar edemas extensos. Nos casos onde ocorrem hemólise intravascular, rabdomiólise, necrose tubular aguda e colapso respiratório e cardiovascular, o tratamento apropriado deve ser estabelecido na maior brevidade. O tratamento das reações alérgicas varia de acordo com a gravidade das manifestações apresentadas e são abordadas da mesma forma que se trata outras reações anafiláticas. Prevenção • A remoção das colônias de abelhas situadas em lugares públicos ou residências deve ser efetuada por profissionais devidamente treinados e equipados, preferencialmente à noite ou ao entardecer, quando os insetos estão calmos; • Evite aproximar-se de colmeias de abelhas africanizadas sem estar com vestuário e equipamentos adequados (macacão, luvas, máscara, botas, fumigador, etc.); • Evite caminhar e correr na rota de voo das abelhas; • Barulhos, perfumes fortes, desodorantes, o próprio suor do corpo e cores escuras (principalmente preta e azul-marinho) desencadeiam o comportamento agressivo e, consequentemente, o ataque de abelhas; • Sons de motores de aparelhos de jardinagem, por exemplo, exercem extrema irritação em abelhas. O mesmo ocorre com som de motores de popa; • No campo, o trabalhador deve ficar atento para a presença de abelhas, principalmente no momento de arar a terra com tratores. Acidentes por aranhas Acidentes por aranhas, ou araneísmo, é o quadro clínico de envenenamento decorrente da inoculação da peçonha de aranhas, através de um par de ferrões localizados na parte anterior do animal. Assim como os escorpiões, as aranhas são representantes da classe dos aracnídeos. No Brasil, as aranhas de importância em saúde pública pertencem a três gêneros: • Loxosceles – Conhecidas como aranha-marrom ou aranha-violino. As aranhas deste gênero não são agressivas, picam geralmente quando comprimidas contra o corpo. Têm, em média, um centímetro de corpo e até três de comprimento total. Possuem hábitos noturnos, constroem teias irregulares, como “algodão esfiapado”. Escondem-se em telhas, tijolos, madeiras, atrás ou embaixo de móveis, quadros, rodapés, caixas ou objetos armazenados em depósitos, garagens, porões, e outros ambientes com pouca iluminação e movimentação. • Phoneutria – São popularmente chamadas de aranha-armadeira ou macaca. São bastante agressivas, assumindo posição de defesa saltando até 40 cm de distância. O corpo pode atingir 4 cm, com 15 cm de envergadura. São aranhas caçadoras, com atividade noturna. Abrigam-se sob troncos, palmeiras, bromélias e entre folhas de bananeira. Podem se alojar também em sapatos, atrás de móveis, cortinas, sob vasos, entulhos, materiais de construção, etc. • Latrodectus – São as famosas aranhas viúva-negra. Não são agressivas. As fêmeas podem chegar a 2 cm e os machos são menores, de 2 a 3 mm. Têm atividade noturna e hábito de viver em grupos. Fazem teias irregulares em arbustos, gramíneas, cascas de coco, canaletasde chuva ou sob pedras. São encontradas próximas ou dentro das casas, em ambientes sombreados, como frestas, sob cadeiras e mesas em jardins. Acidentes causados por outras aranhas podem ser comuns, porém sem relevância em saúde pública, sendo que os principais grupos pertencem, principalmente, às aranhas que vivem nas casas ou suas proximidades, como caranguejeiras e aranhas de grama ou jardim. As aranhas caranguejeiras (Infraordem Mygalomorphae), embora grandes e frequentemente encontradas em residências, não causam acidentes considerados graves. Sintomas Os acidentes com aranhas podem causar diferentes tipos de reações, dependendo do gênero envolvido, apresentando sintomas característicos de cada um e possíveis complicações. São eles: Tipo de acidente/Gênero Sintomas Acidente loxoscélico (Loxosceles) A picada quase sempre é imperceptível. O quadro clínico pode se apresentar de duas formas: Forma cutânea: Dor de pequena intensidade. O local acometido pode evoluir com palidez mesclada com áreas equimóticas (“placa marmórea”). Também podem ser observadas vesículas e/ou bolhas sobre área endurada, com conteúdo sero-sanguinolento ou hemorrágico. Pode ocorrer febre, mal-estar geral, fraqueza, náusea, vômitos e mialgia. Forma cutâneo-hemolítica: Hemólise intravascular, de intensidade variável. A principal complicação é a injúria renal aguda por necrose tubular. Anemia, icterícia e hemoglobinúria se instalam geralmente nas primeiras 24 horas pós-picada. Mais raramente, há descrição de pacientes que evoluem com coagulação intravascular disseminada (CIVD). Acidente fonêutrico (Phoneutria) A dor imediata é o sintoma mais frequente. Sua intensidade é variável, podendo se irradiar até a raiz do membro acometido. Outras manifestações são: edema, eritema, parestesia e sudorese no local da picada, onde podem ser visualizadas as marcas de dois pontos de inoculação. Acidente latrodéctico (Latrodectus) Dor na região da picada, suor generalizado e alterações na pressão e nos batimentos cardíacos. Podem ocorrer tremores, ansiedade, excitabilidade, insônia, cefaléia, prurido, eritema de face e pescoço. Há relatos de distúrbios de comportamento e choque nos casos graves. Contratura facial, trismo dos masseteres caracteriza fácies latrodectísmica observado em 5% dos casos. Prevenção A prevenção de acidentes com aranhas envolve medidas simples que reduzem o risco de contato com esses animais em ambientes domésticos e rurais. • Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas. • Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas. Manter a grama aparada. • Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto das casas. • Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois as aranhas e escorpiões podem se esconder neles e picar ao serem comprimidos contra o corpo. • Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres. • Usar calçados e luvas de raspas de couro pode evitar acidentes. • Vedar soleiras das portas e janelas ao escurecer, pois muitos desses animais têm hábitos noturnos. • Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes, consertar rodapés despregados, colocar saquinhos de areia nas portas e telas nas janelas. • Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques. • Combater a proliferação de insetos para evitar o aparecimento das aranhas que deles se alimentam. • Afastar as camas e berços das paredes. Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão. Inspecionar sapatos e tênis antes de calçá-los. • Preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas: aves de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos, sapos, galinhas, gansos, macacos, coatis, entre outros (na zona rural). • Tratamento • As informações fornecidas neste site são exclusivamente para fins de conhecimento e não devem ser utilizadas como substituto para tratamento médico. Em caso de acidente com picadas de aranhas ou qualquer outra emergência de saúde, recomendamos a procura imediata da orientação de um profissional de saúde qualificado. • É eminentemente clínico-epidemiológico, não sendo empregado na rotina hospitalar exame laboratorial para confirmação do tipo de veneno circulante. No loxoscelismo na forma cutâneo-hemolítica, as alterações laboratoriais podem ser subclínicas, com anemia aguda e hiperbilirrubinemia indireta. Elevação dos níveis séricos de ureia e creatinina é observada somente quando há injúria renal aguda. No latrodectismo, as alterações laboratoriais são inespecíficas. São descritos distúrbios hematológicos (leucocitose, linfopenia), bioquímicos (hiperglicemia, hiperfosfatemia), do sedimento urinário (albuminúria, hematúria, leucocitúria) e eletrocardiográficos (fibrilação atrial, bloqueios, diminuição de amplitude do QRS e da onda T, inversão da onda T, alterações do segmento ST e prolongamento do intervalo QT). As alterações laboratoriais do foneutrismo são semelhantes às do escorpionismo, notadamente aquelas decorrentes de comprometimento cardiovascular. Tipo de acidente Antiveneno Classificação Clínica Nº de ampolas Loxoscélico SALoxA, SAArB Forma cutânea leve: Lesão incaracterística sem alterações clínicas ou laboratoriais. Se a lesão permanecer incaracterística é fundamental a identificação da aranha no momento do acidente para confirmação do caso. - Forma cutânea moderada: Presença de lesão “característica” ou altamente sugestiva (palidez ou placa marmórea, menor de três centímetros no seu maior diâmetro, incluindo a área de enduração), e dor em queimação ou a presença de lesão sugestiva (equimose, enduração, dor em queimação). 5 Forma cutânea grave: Presença de lesão extensa (palidez ou placa marmórea, maior de três centímetros no seu maior diâmetro, incluindo a área de enduração), e dor em queimação intensa. 10 Forma cutânea-hemolítica: A presença de hemólise, independentemente do tamanho da lesão cutânea e do tempo decorrido pós-acidente, classifica o quadro como grave. 10 Fonêutrico SAAr Leve: Dor, edema, eritema, irradiação, sudorese, parestesia, taquicardia e agitação secundárias à dor. - Moderado: Manifestações locais associadas à sudorese, taquicardia, vômitos ocasionais, agitação, hipertensão arterial. 2 a 4 Grave: Prostração, sudorese profusa, hipotensão, priapismo, diarreia, bradicardia, arritmias cardíacas, convulsões, cianose, edema pulmonar, choque. 5 a 10 • Fonte: Adaptado do Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos (2001) e Ofício Circular Nº 2 2014- CGDT/DEVIT/SVS/MS. • ASALox = Soro antiloxocélico. BSAAr = Soro antiaracnídico (Loxosceles, Phoneutria, Tityus). • Não há disponibilidade de tratamento soroterápico para os casos de acidentes latrodécticos. Nestes casos, utiliza-se para o tratamento, além de analgésicos, Benzodiazepínicos, Gluconato de Cálcio e Clorpromazina. Há relatos de utilização de Prostigmine, Fenitoína, Fenobarbital e Morfina. Deve-se garantir suporte cardiorespiratório e os pacientes devem permanecer hospitalizados por, no mínimo, 24 horas. Acidentes por escorpiões Acidente escorpiônico ou escorpionismo é o quadro clínico de envenenamento provocado quando um escorpião injeta sua peçonha através do ferrão (télson). Os escorpiões são representantes da classe dos aracnídeos, predominantes nas zonas tropicais e subtropicais do mundo, com maior incidência nos meses em que ocorre aumento de temperatura e umidade. No Brasil, os escorpiões de importância em saúde pública são as seguintes espécies do gênero Tityus: • Escorpião-amarelo (T. serrulatus) - com ampla distribuição em todas as macrorregiões do país, representa a espécie de maior preocupação em função do maiorpotencial de gravidade do envenenamento e pela expansão em sua distribuição geográfica no país, facilitada por sua reprodução partenogenética e fácil adaptação ao meio urbano. • Escorpião-marrom (T. bahiensis) - encontrado nas regiões Centro- Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. • Escorpião-amarelo-do-nordeste (T. stigmurus) – Também apresenta reprodução do tipo partenogenética. É a espécie mais comum no Nordeste, apresentando alguns registros nos estados de Tocantins, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. • Escorpião-preto-da-amazônia (T. obscurus) – Principal causador de acidentes e óbitos na região Norte e no Estado de Mato Grosso. Outras espécies também causam envenenamento, mas com menor frequência e normalmente com menos gravidade. Sintomas • Manifestações locais – dor de instalação imediata em praticamente todos os casos, podendo se irradiar para o membro e ser acompanhada de parestesia, eritema e sudorese local. Em geral, o quadro mais intenso de dor ocorre nas primeiras horas após o acidente. • Manifestações sistêmicas – após intervalo de minutos até poucas horas (duas a três) podem surgir, principalmente em crianças, os seguintes sintomas: sudorese profusa, agitação psicomotora, tremores, náuseas, vômitos, sialorreia, hipertensão ou hipotensão arterial, arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, edema pulmonar agudo e choque. A presença dessas manifestações indica a suspeita do diagnóstico de escorpionismo, mesmo na ausência de história de picada ou identificação do animal. Crianças constituem o grupo mais suscetível ao envenenamento sistêmico grave. Tratamento As informações fornecidas neste site são exclusivamente para fins de conhecimento e não devem ser utilizadas como substituto para tratamento médico. Em caso de acidente com picadas de escorpiões ou qualquer outra emergência de saúde, recomendamos a procura imediata da orientação de um profissional de saúde qualificado. O diagnóstico de envenenamento dos acidentes escorpiônicos é eminentemente clínico-epidemiológico, não sendo empregado na rotina hospitalar exame laboratorial para confirmação do veneno circulante. Alguns exames complementares são úteis para auxílio no diagnóstico e acompanhamento de pacientes com manifestações sistêmicas, como eletrocardiograma, radiografia do tórax, ecocardiografia e exames bioquímicos. O tratamento específico é feito com o Soro Antiescorpiônico, de preferência ou, na falta deste, com o Soro Antiaracnídico (Loxosceles, Phoneutria e Tityus). Os soros devem ser administrados em ambiente hospitalar e sob supervisão médica. Antiveneno Classificação Clínica Nº de Ampolas SAEscA, ou SAArB Leve: dor e parestesias locais. - Moderado: dor local intensa associada a uma ou mais manifestações (náuseas, vômitos, sudorese, sialorreia, agitação, taquipneia e taquicardia). 2 a 3 Grave: além das manifestações clínicas citadas na forma moderada, há presença de uma ou mais das seguintes manifestações: vômitos profusos e incoercíveis, sudorese profusa, sialorreia intensa, prostração, convulsão, coma, bradicardia, insuficiência cardíaca, edema pulmonar agudo e choque. 4 a 6 Fonte: Adaptado do Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos (2001). ASAEsc = Soro antiescorpiônico. BSAAr = Soro antiaracnídico (Loxosceles, Phoneutria, Tityus) Prevenção • Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes que possam ser mantidos fechados, para evitar baratas, moscas ou outros insetos de que se alimentam os escorpiões. • Combater a proliferação de baratas no intradomicílio. No caso da utilização de pesticidas, recomenda-se o uso de formulações do tipo gel ou pó. Esta atividade deve ser executada somente por profissionais de empresas especializadas. • Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção nas proximidades das casas. Usar calçados e luvas de raspas de couro nas tarefas de limpeza em jardins e quintais. • Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas. Manter a grama aparada. • Solicitar ao proprietário ou, no impedimento deste, à prefeitura, a limpeza periódica de terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto às casas. • Sacudir e examinar roupas e sapatos antes de usá-los, pois escorpiões podem se esconder neles e picam ao serem comprimidos contra o corpo. • Evitar colocar as mãos sem luvas em buracos, sob pedras, troncos podres e em dormentes da linha férrea. • Nas casas e apartamentos utilizar soleiras nas portas e janelas, telas em ralos do chão, pias e tanques. • Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e a parede. • Consertar rodapés despregados. • Afastar as camas e berços das paredes. • Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão. • Não pendurar roupas nas paredes. • Preservar os inimigos naturais de escorpiões: aves de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos e sapos. Acidentes por lagartas Acidentes por lagartas, ou erucismo, é o quadro clínico de envenenamento decorrente do contato com cerdas urticantes de lagartas, locais onde ficam armazenadas a peçonha. A lagarta (taturana, marandová, mandorová, mondrová, ruga, oruga, bicho-peludo) é uma das fases do ciclo biológico de mariposas e borboletas (lepidóptero). Somente a fase larval de mariposas é capaz de produzir efeitos sobre o organismo; as demais (pupa, ovo e adulto) e larvas de borboletas são inofensivas. A única exceção é a mariposa fêmea adulta do gênero Hylesia, que apresenta cerdas urticantes no abdômen. Em contato com a pele, essas cerdas podem causar dermatite papulopruriginosa. Os acidentes provocados pelas lagartas, popularmente chamados de “queimaduras”, têm evolução benigna na maioria dos casos. As lagartas do gênero Lonomia são as únicas que têm maior relevância para a saúde pública, pois podem ocasionar acidentes graves ou mortes, pela inoculação do veneno no organismo, que se dá por meio do contato das cerdas urticantes com a pele. Estas as lagartas que mais causam acidentes no Brasil, destacam-se às pertencentes a duas Famílias: • Família Megalopygidae (lagartas “cabeludas”) - São geralmente solitárias e não-agressivas, de 1 a 8 cm de comprimento. Possuem “pelos” dorsais inofensivos longos e sedosos, de colorido variado (castanho, branco, negro, róseo) e que camuflam as verdadeiras cerdas pontiagudas e urticantes, que contém glândulas de venenos. • Família Saturniidae (lagartas “espinhudas”) - Vivem em grupos. Possuem cerdas urticantes em forma de espinhos, semelhantes a pequenos pinheiros verdes, distribuídos no dorso da lagarta, não possuindo pelos sedosos. Estes “espinhos” mimetizam muitas vezes as plantas que as lagartas habitam. Nesta família se inclui o gênero Lonomia, com ampla distribuição em todo o País, e causador de acidentes hemorrágicos. O Brasil é o único país produtor do Soro Antilonômico (SALon), específico para o tratamento dos envenenamentos moderados e graves causados por lagartas do Gênero Lonomia. Sintomas Normalmente, os acidentes com lagartas ocorrem quando o indivíduo toca o animal, geralmente em tronco de árvores ou ao manusear vegetação. O contato com as cerdas pontiagudas faz com que o veneno contido nos "espinhos" seja injetado na pessoa. A dor, na maioria dos casos, é violenta, irradiando-se do local da "queimadura" para outras regiões do corpo. No caso de acidentes por Lonomia, podem ocorrer manifestações tanto locais quanto sistêmicas: • Manifestações locais – dor imediata (queimação), irradiada para o membro, com área de eritema e edema na região do contato. Podem-se evidenciar lesões puntiformes eritematosas nos pontos de inoculação das cerdas e adenomegalia regional dolorosa. Bolhas e necrose cutânea superficial são raras. Os sintomasnormalmente regridem em 24 horas, sem maiores complicações. • Manifestações sistêmicas – Instalam-se algumas horas após o acidente, mesmo depois da regressão do quadro local. Presença de queixas inespecíficas (cefaleia, mal-estar, náuseas e dor abdominal), que muitas vezes estão associadas ou antecedem manifestações hemorrágicas (gengivorragia, equimoses espontâneas ou traumáticas, epistaxe). Hematúria, hematêmese e hemoptise podem indicar maior gravidade. Injúria renal aguda e hemorragia intracraniana têm sido associadas a óbitos. Prevenção Ao coletar frutas no pomar, realizar atividades de jardinagem ou em qualquer outra em ambientes silvestres, observar bem o local, troncos, folhas, gravetos antes de manuseá-los, fazendo sempre o uso de luvas para evitar o acidente. A incidência maior de acidentes deve-se ao desmatamento, queimadas, extermínio de predadores naturais, loteamentos sem planejamento e sem avaliação do impacto ecológico que isto acarreta, obrigando a procura destas espécies por outros ambientes para sobreviver, onde se dá o contato com o homem. Tratamento As informações fornecidas neste site são exclusivamente para fins de conhecimento e não devem ser utilizadas como substituto para tratamento médico. Em caso de acidente com lagartas ou qualquer outra emergência de saúde, recomendamos a procura imediata da orientação de um profissional de saúde qualificado. É eminentemente clínico-epidemiológico, não sendo empregado na rotina hospitalar exame laboratorial para confirmação do veneno circulante. O tempo de coagulação (TC) é útil no auxílio ao diagnóstico e no acompanhamento pós- soroterapia. Dependendo da lagarta, os sintomas podem ser tratados com medidas para alívio da dor, como compressas frias ou geladas. Nos casos de suspeita de acidente com Lonomia, o paciente deve ser levado ao serviço de saúde mais próximo, para que o profissional de saúde avalie a necessidade de administração do soro antilonômico (SALon). Antiveneno Classificação Clínica Nº de Ampolas SALonA Leve: Quadro local apenas, sem sangramentos ou distúrbios na coagulação - Moderado: Quadro local presente ou não; tempo de coagulação alterado; sangramentos ausentes ou presentes apenas em pele ou mucosas. 5 Grave: Quadro local presente ou não; tempo de coagulação alterado; sangramentos em vísceras (risco de morte). 10 Fonte: Adaptado do Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos (2001). ASALon = Soro antilonômico. Acidentes ofídicos Acidentes ofídicos, ou simplesmente ofidismo, é o quadro clínico decorrente da mordedura de serpentes. No Brasil é comum chamar as serpentes de “cobras”. Este nome é mais corretamente empregado para se referir às serpentes da Família Elapidae, no Brasil representada pelas cobras corais verdadeiras. Algumas espécies de serpentes produzem uma peçonha em suas glândulas veneníferas capazes de perturbar os processos fisiológicos e bioquímicos normais de uma possível vítima, causando alterações do tipo colinérgicas, hemorrágicas, anticoagulantes, necróticas, miotóxicas, citolíticas e inflamatórias. Algumas espécies de serpentes peçonhentas são de interesse em saúde pública. Elas pertencem à duas famílias: Viperidae e Elapidae. Os acidentes causados por estas serpentes são divididos em quatro grupos, de acordo com o gênero da serpente causadora: • Acidente botrópico: É causado por serpentes da família Viperidae, dos gêneros Bothrops e Bothrocophias (jararacuçu, jararaca, urutu, caiçaca, comboia). É o grupo mais importante, com cerca de 30 espécies em todo o território brasileiro, encontradas em ambientes diversos, desde beiras de rios e igarapés, áreas litorâneas e úmidas, agrícolas e periurbanas, cerrados, e áreas abertas. Causam a grande maioria dos acidentes ofídicos no Brasil; • Acidente crotálico: É causado pelas cascavéis (Família Viperidae, espécie Crotalus durissus). As cascavéis são identificadas pela presença de guizo, chocalho ou maracá na cauda e têm ampla distribuição em cerrados, regiões áridas e semiáridas, campos e áreas abertas; • Acidente laquético: Também é causado por serpentes da família Viperidae, no caso a espécie Lachesis muta (surucucu-pico-de-jaca). A surucucu é a maior serpente peçonhenta do Brasil. Seu habitat é a floresta Amazônica e os remanescentes da Mata Atlântica; • Acidente elapídico: É causado pelas corais-verdadeiras (família Elapidae, gêneros Micrurus e Leptomicrurus). São amplamente distribuídos no país, com várias espécies que apresentam padrão característico com anéis coloridos. Outras serpentes também podem causar acidentes, ou mesmo envenenamento, mas sem gravidade. Algumas serpentes da família Colubridae podem mimetizar a coloração das corais-verdadeiras. Estas são conhecidas como falsas corais. Embora possuem glândulas de veneno, os envenenamentos causados pelas falsas corais não são de importância em saúde. Sintomas Os acidentes com serpentes variam de acordo com o tipo de animal envolvido, apresentando sintomas característicos que ajudam no diagnóstico e tratamento adequado. Há diversos tipos de acidentes ofídicos, são eles: Tipo de acidente/Gênero Nome popular Sintomas Acidente botrópico (Bothrops e Bothrocophias) Jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, comboia, cruzeira A região da picada apresenta dor e inchaço, às vezes com manchas arroxeadas (edemas e equimose) e sangramento pelos pontos da picada, em gengivas, pele e urina. Pode haver complicações, como grave hemorragia em regiões vitais, infecção e necrose na região da picada, além de insuficiência renal. Acidente crotálico (Crotalus) Cascavel, boicininga, marabóia, maracabóia, maracá O local da picada muitas vezes não apresenta dor ou lesão evidente, apenas uma sensação de formigamento. Pode ocorrer dificuldade de manter os olhos abertos, com aspecto sonolento (fácies miastênica), visão turva ou dupla, mal-estar, náuseas e cefaleia, acompanhadas por dores musculares generalizadas e urina escura nos casos mais graves. Acidente laquético (Lachesis) Surucucu- pico-de-jaca Quadro semelhante ao acidente por jararaca, a picada pela surucucu-pico-de-jaca pode ainda causar dor abdominal, vômitos, diarreia, bradicardia e hipotensão. Acidente elapídico (Micrurus e Leptomicrurus) Coral- verdadeira O acidente por coral-verdadeira não provoca, no local da picada, alteração importante. As manifestações do envenenamento caracterizam-se por dor de intensidade variável, visão borrada ou dupla, pálpebras caídas e aspecto sonolento. Óbitos estão relacionados à paralisia dos músculos respiratórios, muitas vezes decorrentes da demora na busca por socorro médico. Prevenção Os acidentes causados por serpentes podem ser evitados com medidas simples e eficazes. Segue algumas práticas essenciais de prevenção para reduzir os riscos de encontros com esses animais: • Usar botas de cano alto ou perneira de couro, botinas e sapatos pode evitar cerca de 75% dos acidentes ofídicos; • Usar luvas de aparas de couro para manipular folhas secas, montes de lixo, lenha, palhas, etc. Não colocar as mãos em buracos. Cerca de 20% das picadas atingem mãos ou antebraços; • Serpentes se abrigam em locais quentes, escuros e úmidos. Deve-se ter cuidado ao mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, milho ou cana, e ao revirar cupinzeiros; • Serpentes se alimentam de ratos e por isso deve-se controlar o aparecimento destes roedores nas residências. Limpar paióis e terreiros, não deixar lixo acumulado. Fechar buracos de muros e frestas de portas; • Evitar acúmulo de lixo ou entulho, de pedras, tijolos, telhas e madeiras, bem como não deixar mato alto ao redor das casas. Isso atrai e serve de abrigo para pequenos animais, que servem de alimentos às serpentes. Tratamento As informações fornecidas neste site são exclusivamente para fins de conhecimento e não devem ser utilizadas como substitutopara tratamento médico. Em caso de acidente com ofídicos ou qualquer outra emergência de saúde, recomendamos a procura imediata da orientação de um profissional de saúde qualificado. O diagnóstico de envenenamento ofídico é eminentemente clínico- epidemiológico, não sendo empregado na rotina hospitalar exame laboratorial para confirmação do veneno circulante. Tempo de coagulação (TC), hemograma e função renal são importantes para o monitoramento da soroterapia e acompanhamento das complicações nos acidentes botrópicos, laquéticos e crotálicos. Os acidentes causados por estas serpentes são divididos em quatro grupos, de acordo com o gênero da serpente causadora: • Acidente botrópico: É causado por serpentes da família Viperidae, dos gêneros Bothrops e Bothrocophias (jararacuçu, jararaca, urutu, caiçaca, comboia). É o grupo mais importante, com cerca de 30 espécies em todo o território brasileiro, encontradas em ambientes diversos, desde beiras de rios e igarapés, áreas litorâneas e úmidas, agrícolas e periurbanas, cerrados, e áreas abertas. Causam a grande maioria dos acidentes ofídicos no Brasil; • Acidente crotálico: É causado pelas cascavéis (Família Viperidae, espécie Crotalus durissus). As cascavéis são identificadas pela presença de guizo, chocalho ou maracá na cauda e têm ampla distribuição em cerrados, regiões áridas e semiáridas, campos e áreas abertas; • Acidente laquético: Também é causado por serpentes da família Viperidae, no caso as espécies Lachesis muta e Lachesis rhombeata (surucucu-pico-de-jaca). A surucucu é a maior serpente peçonhenta do Brasil. Seu habitat é a floresta Amazônica e os remanescentes da Mata Atlântica; • Acidente elapídico: É causado pelas corais-verdadeiras (família Elapidae, gêneros Micrurus e Leptomicrurus). São amplamente distribuídos no país, com várias espécies que apresentam padrão característico com anéis coloridos. O tratamento é feito com o soro específico para cada tipo de envenenamento. Os soros antiofídicos específicos são o único tratamento eficaz e, quando indicados, devem ser administrados em ambiente hospitalar e sob supervisão médica. Tipo de acidente Antiveneno Classificação Clínica Nº de Ampolas Botrópico SABrB, SABLC ou SABCD Leve: quadro local discreto, sangramento discreto em pele ou mucosas; pode haver apenas distúrbio na coagulação. 2 a 4 Moderado: edema e equimose evidentes, sangramento sem comprometimento do estado geral; pode haver distúrbio na coagulação. 4 a 8 Grave: alterações locais intensas, hemorragia grave, hipotensão/choque, insuficiência renal, anúria; pode haver distúrbio na coagulação. 12 Crotálico SACrE ou SABC Leve: alterações neuroparalíticas discretas; sem mialgia, escurecimento da urina ou oligúria. 5 Moderado: alterações neuroparalíticas evidentes, mialgia e mioglobinúria (urina escura) discretas. 10 Grave: alterações neuroparalíticas evidentes, mialgia e mioglobinúria intensas, oligúria. 20 LaquéticoA SABL Moderado: quadro local presente; pode haver sangramentos, sem manifestações vagais. 10 Grave: quadro local intenso, hemorragia intensa, com manifestações vagais. 20 Elapídico SAElaF Dor ou parestesia discretas, ptose palpebral, turvação visual. Considerar todos os casos como potencialmente graves devido ao risco de insuficiência respiratória, 10 Fonte: Adaptado do Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos (2001) e do Guia de Vigilância Epidemiológica (2019). A Devido à potencial gravidade do acidente laquético, são considerados clinicamente moderados ou graves, não havendo casos leves. B SABr = Soro antibotrópico (pentavalente); C SABL = Soro antibotrópico (pentavalente) e antilaquético; D SABC = Soro antibotrópico (pentavalente) e anticrotálico; E SACr = Soro anticrotálico; F SAEla = Soro antielapídico (bivalente). Anexos: • Boletim Epidemiológico - Volume 55 - n° 15 Epidemiologia dos acidentes ofídicos no Brasil em 2023. • Ofício Circular nº 02/2014 - CGDT/DEVIT/SVS/MS - Protocolo clínico para acidente por serpente da família Elapidae em situação se escassez de antiveneno - “Coral Verdadeira”. • Ofício Circular nº 04/2016 - CGDT/DEVIT/SVS/MS - Protocolo clínico para acidente por serpente do Gênero Bothrops em situação se escassez de antiveneno - “Jararaca”. https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/edicoes/2024/boletim-epidemiologico-volume-55-no-15.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/edicoes/2024/boletim-epidemiologico-volume-55-no-15.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/acidentes-por-animais-peconhentos/arquivos/3-of-no-02_2014-cgdt_devit_svs_ms-2014-protocolos-phoneutria-loxosceles-e-elapidae.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/acidentes-por-animais-peconhentos/arquivos/3-of-no-02_2014-cgdt_devit_svs_ms-2014-protocolos-phoneutria-loxosceles-e-elapidae.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/acidentes-por-animais-peconhentos/arquivos/3-of-no-02_2014-cgdt_devit_svs_ms-2014-protocolos-phoneutria-loxosceles-e-elapidae.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/acidentes-por-animais-peconhentos/arquivos/4-of-no-04_2016-cgdt_devit_svs_ms-2016-protocolos-bothrops-e-escorpiao.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/acidentes-por-animais-peconhentos/arquivos/4-of-no-04_2016-cgdt_devit_svs_ms-2016-protocolos-bothrops-e-escorpiao.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/acidentes-por-animais-peconhentos/arquivos/4-of-no-04_2016-cgdt_devit_svs_ms-2016-protocolos-bothrops-e-escorpiao.pdf Acidentes por águas-vivas e caravelas Águas-vivas (ou medusas) e caravelas são animais aquáticos simples e de vida livre que pertencem ao Filo Cnidaria, assim como as anêmonas e corais. Estes animais possuem um complexo ciclo de vida, sendo as águas-vivas a forma adulta, e os pólipos uma das fases intermediárias. Caravelas, porém, são agrupamentos de pólipos, não sendo águas-vivas verdadeiras. Os pólipos, que geralmente são sésseis, vivem fixados ao substrato. Os cnidários são divididos em cinco Classes, estando as águas-vivas inseridas nas Classes Scyphozoa e Hydrozoa, e as caravelas na Classe Hydrozoa. As medusas da Classe Cubozoa são extremamente peçonhentas, estando incluídas nesta Classe as vespas- marinhas (Chironex fleckeri), responsáveis por diversos óbitos na região do Indo- Pacífico e as espécies Tamoya haplonema e Chiropsalmus quadrumanus, presentes no Brasil. No litoral brasileiro, as medusas que mais causam envenenamentos são a caravela Physalia physalis, a hidromedusas Olindias sambaquiensis, a cifomedusa Chrysaora lactea. A maioria dos cnidários adultos apresentam tentáculos que contém células especializadas chamadas cnidócitos. Os tentáculos podem medir até 30 metros. Nestes cnidócitos estão localizadas uma organela secretória chamada cnidocisto, que é capaz de injetar peçonha, utilizada para a captura de presas e defesa do animal, sendo uma mistura de vários polipeptídeos que tem ações tóxicas e enzimáticas. Um aumento súbito da população de cnidários em um local é chamado de afloramento de medusas (bloom). São fenômenos naturais, mas alguns fatores têm contribuído para um aumento desses afloramentos nas últimas décadas, como o aumento da temperatura das águas oceânicas e alterações dos ambientes praianos. Em um afloramento no verão 2011/2012 no litoral do Paraná causou a ocorrência de mais de 20.000 acidentes por uma espécie de água-viva (Chrysaora lactea), segundo dados coletados pelo Corpo de Bombeiros local. Outro fator importante no aumento de envenenamentos por cnidários no Sul do país é o aumento de turistas nos períodos de veraneio, que foi exponencialnos últimos vinte anos. Os surtos de envenenamentos no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são causados pelas medusas Olindias sambaquiensis e Chrysaora lactea, em surtos sempre causados por uma das duas espécies. Os acidentes por águas-vivas e caravelas é o quadro clínico decorrente da ação das toxinas presentes nos tentáculos destes animais. Podem causar tanto efeitos tóxicos quando alérgicos. Sintomas O contato com tentáculos de cnidários podem causar ardência e/ou dor intensa no local, que podem durar de 30 minutos a 24 horas. Placas e pápulas urticariformes lineares aparecem precocemente, podendo dar lugar a necrose superficial, bolhas e necrose importante em cerca de 24 horas. A regressão pode causar máculas hipercrômicas que podem persistir no local por meses. Quando há absorção de doses maiores de peçonha (em crianças ou cnidários grandes, por exemplo) pode acontecer um quadro sistêmico, com cefaleia, mal-estar, náuseas, vômitos, espasmos musculares, febre, arritmias cardíacas. A gravidade depende da extensão da área comprometida. Prevenção • Evite áreas onde há presença de águas-vivas e caravelas • Pergunte ao guarda-vidas sobre a presença destes animais no local • Alguns estados adotam uma bandeira lilás no posto do guarda-vidas como indicativo da presença de águas-vivas e caravelas • Outro indicativo da presença de cnidários é o avistamento destes animais na areia da praia • Não toque nestes animais, mesmo mortos • Ao caminhar na praia, procure utilizar calçado, evitando assim pisar em tentáculos de águas-vivas e caravelas • Ao praticar mergulho, considere utilizar roupa de mergulho que cubra a maior parte possível da pele Tratamento As informações fornecidas neste site são exclusivamente para fins de conhecimento e não devem ser utilizadas como substituto para tratamento médico. Em caso de acidente por água viva e caravelas ou qualquer outra emergência de saúde, recomendamos a procura imediata da orientação de um profissional de saúde qualificado. O diagnóstico é clínico. O padrão linear edematoso é muito sugestivo, se acompanhado de dor aguda e intensa. Isso ocorre no momento do contato, a vítima sai do mar já com as marcas e a dor. Os primeiros cuidados pedem que inicialmente sejam usadas compressas geladas (água do mar gelada ou cold packs. É importante que não seja utilizada água doce para lavagem do local da lesão, nem para aplicação das compressas geladas, pois a água doce pode piorar o quadro do envenenamento. Em seguida deve-se realizar a remoção dos tentáculos aderidos à pele, que deve ser realizada de forma cuidadosa, preferencialmente com uso de pinça, lâmina ou mão enluvada e o local deve ser lavado abundantemente com ácido acético a 5% (vinagre, por exemplo), sem esfregar a região acometida. Essa medida inativa cnidócitos, impedindo envenenamento posterior, uma vez que as células continuam despejando seu conteúdo na pele. Os pacientes devem procurar assistência médica para avaliação clínica do envenenamento e, se necessário, realização de tratamento complementar. Acidentes graves têm indicação de atendimento de urgência. Tratamento