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[Digite aqui] 1 1 SUMÁRIO 2 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 3 DROGAS PSICOTRÓPICAS ...................................................................... 3 4 PSICOTRÓPICOS ...................................................................................... 5 4.1 Mecanismo cerebrais e efeitos biológicos comuns às drogas psicotrópicas ............................................................................................................ 6 5 CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS PSICOTRÓPICAS .............................. 13 6 DROGAS DEPRESSORAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL ........... 15 6.1 Depressores do sistema nervoso central ........................................... 16 Barbitúricos ................................................................................................. 18 6.2 Interações medicamentosas envolvendo os depressores do SNC .... 22 6.3 Solventes ou inalantes ....................................................................... 22 6.4 Tranquilizantes ou ansiolíticos ........................................................... 25 7 BEBIDAS ALCOÓLICAS ........................................................................... 26 8 ÓPIO E MORFINA – PAPOULA DO ORIENTE, OPIÁCEOS, OPIÓIDES 29 9 ESTIMULANTES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL ........................... 32 9.1 Mecanismo de ação, estrutura química e relação estrutura-atividade dos estimulantes do sistema nervoso central ........................................................ 33 9.2 Estimulantes psicomotores ................................................................. 34 Cafeína e análogos ..................................................................................... 36 9.3 Estimulantes psicomiméticos ............................................................. 36 10 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................... 38 2 2 INTRODUÇÃO O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 3 DROGAS PSICOTRÓPICAS Fonte: nutrativa.com. O termo "droga" é definido pela medicina como qualquer substância capaz de alterar a função de organismos vivos. Drogas psicoativas ou psicotrópicas são aquelas que alteram o estado mental e atuam sobre a função psicológica, podendo ser classificadas em: depressoras, estimulantes e perturbadoras, conforme a atividade que exercem no Sistema Nervoso Central (BONELA – AMORIM, 2020). Embora o uso dessas substâncias tenha raízes históricas, culturais e religiosas, no contexto das sociedades contemporâneas as drogas constituem-se uma alternativa bioquímica e psicofarmacológica para o sofrimento psíquico. Durante muito tempo, o uso abusivo de drogas psicoativas foi considerado “falha moral”, impondo um estigma ao indivíduo (ANDRADE et al, 2018 apud BONELA – AMORIM, 2020). No entanto, os avanços nas pesquisas científicas e as mudanças no campo da saúde mental permitem diferentes abordagens para entender o uso de drogas como um problema de saúde que afeta a qualidade de vida do indivíduo e representa uma ameaça à saúde pública em um sentido mais amplo (BONELA – AMORIM, 2020). O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNDOC) constatou por meio do Relatório Mundial sobre Drogas (2018) que o uso não medicinal de medicamentos prescritos aumentou em todo o mundo, além de uma expansão do 4 mercado de drogas ilícitas com a cannabis (maconha) sendo a maioria droga comum consumida em 2016. O relatório também constatou que o uso de drogas e os danos relacionados são mais elevados entre os jovens e que, entre 2000 e 2015, as mortes causadas diretamente pelo uso de drogas aumentaram 60% (UNDOC, 2018). Dois estudos conduzidos pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), utilizando-se a mesma metodologia, na população brasileira residente nos 108 maiores centros urbanos, revelaram um aumento significativo do uso na vida (qualquer uso, inclusive um único experimental) de drogas psicotrópicas, incluindo tabaco e álcool, sendo que, em 2001, 19,4% dos entrevistados relataram ter usado algum tipo de droga e, em 2005, 22,8%. As maiores prevalências de uso foram a de álcool e tabaco, em 2005, seguidas pela de maconha, sol- ventes e benzodiazepínicos. (FONSECA et al, 2010 apud BONELA – AMORIM, 2020). Em 2015, um estudo conduzi do pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), entrevistou cerca de 17 mil pessoas com idade entre 12 e 65 anos, em todo o Brasil, revelou que a substância mais con- sumida no país é a maconha, seguida pela cocaína em pó (BONELA – AMORIM, 2020). Drogas psicotrópicas são substâncias naturais ou sintéticas que são ingeridas pelas vias de administração quando entram em contato com o corpo e atuam no sistema nervoso central, causando alterações fisiológicas e alterações de comportamento, humor e percepção e com grande efeito reforçador. A propriedade está, portanto, sujeita à autoadministração (OMS, 2006). São substâncias que podem determinar uma dependência física ou psicológica, e está relacionado à nossa psique (o que sentimos e pensamos) (LOPES & GRICOLETO, 2011). O uso dessas substâncias é definido de acordo com seu status sócio legal, em lícitas (legais) e ilícitas (ilegais). As lícitas são aquelas de uso medicinal, porém o mesmo é restrito e o consumo só pode ser através de orientação médica, por meio de um sistema de prescrição. Enquanto as ilícitas são aquelas proibidas por lei, que não podem ser comercializadas, sendo a venda passível de criminalização e repressão (MARANGONI & OLIVEIRA, 2013 apud MARIANO, 2017). Segundo o mecanismo de ação no sistema nervoso central elas são consideradas em: a) depressora (psicolépticas): barbitúricos, benzodiazepínicos, opiáceos, etanol, inalantes; b) estimulantes (psicoanalépticas): cocaína, anfetaminas e derivados; c) perturbadoras (psicodislépticas): Ecstasy, canabinóides; d) Alucinógenos: LSD (MARIANO, 2017). 5 Drogas sedativas são aquelas que reduzem a atividade mental, diminuem os tônus mental, ou seja, desaceleram o cérebro, reduzem a atividade motora, a concentração e a capacidade intelectual. As drogas estimulantes são aquelas que potencializam a atividade mental, ou seja, aceleram a atividade de determinados sistemas neuronais, trazendo como implicação um estado de insônia e aceleração dos processos psíquicos. Por fim, as drogas perturbadoras são aquelas que causam confusão mental, agem modificando qualitativamente produzindo desvios de percepções de tempo e espaço, ou seja, produzem distorções no funcionamento do cérebro, como a alucinação e delírios (LISBOA, 2001 apud MARIANO, 2017). Como resultado desse efeito, os ansiolíticos produzem uma depressão em nossa atividade cerebral, que é caracterizadapor: Em primeiro lugar, existem os efeitos biológicos da substância na saúde, agudos ou de curto prazo. Em segundo lugar, existem efeitos crônicos para a saúde, como o álcool, incluindo cirrose do fígado e uma série de outras vítimas resultantes do efeito da substância na coordenação motora, também colocados nesta categoria, foco e julgamento, onde essas propriedades são necessárias. A terceira e a quarta categorias de efeitos adversos incluem as consequências sociais negativas do uso de substâncias: problemas sociais agudos, como fracasso no trabalho, papel na família, etc (MARIANO, 2017). 4 PSICOTRÓPICOS Fonte: cemedmg.wordpress.com 6 É comum usar os termos "psicotrópico" e "psicoativo" como sinônimos para definir substâncias que alteram o estado mental e afetam a função psicológica, mas alguns autores descrevem uma substância psicoativa como aquela que estimula a atividade do sistema nervoso central modificado. (CNS) aumenta (estimulantes), reduz (depressores) ou altera a percepção da realidade (disruptiva) e substâncias psicotrópicas, que entre as substâncias psicoativas têm efeitos agradáveis e podem levar ao abuso ou dependência. O termo "droga psicoativa" também é frequentemente usado quando se refere a drogas que têm esse efeito (BONELA – AMORIM, 2020). A medicina define "droga" como qualquer substância que pode alterar a função dos organismos vivos. O termo medicamento é derivado da palavra grega droog (holandês antigo), que significa “folha seca”, uma vez que no passado quase todos os medicamentos eram feitos de plantas. Está associada ao uso ilegal de substâncias psicoativas, d. H. com o consumo ilegal e proibido, muitas vezes referido como "droga de abuso". Carlini e colaboradores (2001) ressaltam que a definição de droga de abuso na literatura é “qualquer substância (tomada através de qualquer forma de administração) que altera o humor, o nível de percepção ou funcionamento do Sistema Nervoso Central (desde medicamentos até álcool e solventes) ” (BONELA – AMORIM, 2020). 4.1 Mecanismo cerebrais e efeitos biológicos comuns às drogas psicotrópicas Para entender como as drogas psicotrópicas afetam a função cerebral, é necessário entender como funciona o SNC. Quando uma pessoa recebe um estímulo pelos órgãos sensoriais, essa mensagem é enviada ao SNC, onde em milissegundos é, entre outras coisas, informação, elaboração, memorização, associação, etc. a de uma pessoa que vê um alimento de que gosta muito (BONELA – AMORIM, 2020). O estímulo visual, ou seja, a imagem do alimento atinge a retina do olho e de lá parte um impulso nervoso que chega ao cérebro, codificando a imagem em uma coisa “gostosa, já experimentada antes”. Dessa região, um impulso vai para as glândulas salivares (“água na boca”) e outro para o estômago. Apesar dessa explicação parecer simples, o SNC é extremamente complexo, formado por bilhões de células interligadas que formam uma extensa rede de comunicação. Essas células são chamadas de neurônios (CARLINI et al, 2001 apud BONELA – AMORIM, 2020). 7 Fonte: BONELA – AMORIM, 2020 No cérebro, os neurônios se comunicam entre si por meio de mensageiros químicos liberados pelas sinapses. Quando um neurônio está excitado, o corpo celular envia sinais elétricos ao longo de uma extensão chamada axônio. Os axônios podem ser tão curtos quanto atingir os neurônios próximos ou tão longos quanto alcançar outras áreas do cérebro. Há um botão terminal no final do axônio. Para transmitir informações ao próximo neurônio, ele deve passar por um espaço chamado sinapse ou fenda sináptica Neurônios pré-sinápticos - enviam mensagens - liberam substâncias químicas para neurônios ou receptores pós-sinápticos. Esses produtos químicos são chamados de neurotransmissores. As substâncias mais famosas e psicoativas são dopamina, serotonina, norepinefrina, ácido gama-aminobutírico (GABA), glutamato e opioides endógenos. Cada uma dessas substâncias tem uma função específica e se liga ao receptor, assim como no esquema de fechadura com chave (BONELA – AMORIM, 2020). Os receptores recebem o nome do tipo de neurotransmissor ao qual se ligam, por exemplo, receptores de serotonina, de dopamina (WHO, 2014). 8 As substâncias psicoativas “imitam” os efeitos de neurotransmissores, alterando a comunicação entre os neurônios e interferindo com o funcionamento cerebral bloqueando uma função ou alterando os processos normais de liberação, acumulação ou eliminação de neurotransmissores, produzindo diversos efeitos a depender do tipo de neurotransmissor envolvido e a forma como a substância atua (CARLINI et al, 2001 apud BONELA – AMORIM, 2020). A recaptura é um mecanismo normal de eliminação do neurotransmissor da sinapse pela membrana pré-sináptica e um dos mecanismos de atuação das substâncias psicoativas é o bloqueio dessa recaptura, exacerbando assim os efeitos dos neurotransmissores. As substâncias que se ligam aos receptores e aumentam as funções são chamadas de agonistas, enquanto os antagonistas são aqueles que se ligam para bloquear a função normal e, portanto, têm diferentes efeitos no comportamento, sintomas de abstinência, desenvolvimento de tolerância e dependência (BONELA – AMORIM, 2020). Segundo Bonela (2020) por dependência de substância entende-se as alterações (neurobiológicas) no cérebro que são causadas pelo impacto direto do uso prolongado de substâncias, ou seja, faz parte de um processo de aprendizagem que resulta da interação entre as substâncias psicoativas e o meio ambiente. Uma pessoa consome uma substância e sente um efeito extremamente agradável ou intensificador, que ao ativar certas áreas do cérebro provoca a repetição do comportamento. O cérebro possui um sistema que direciona o comportamento para estímulos importantes de sobrevivência. Isso acontece quando uma pessoa vê um carro se aproximando dela ao atravessar a rua. Os estímulos visuais fazem com que as informações sejam enviadas ao cérebro, que reconhece imediatamente a situação perigosa e envia uma resposta de fuga. Este episódio foi "gravado" na memória. As substâncias psicoativas ativam artificialmente essas vias de forma exacerbante, aumentando assim a motivação para a repetição de tais comportamentos. Portanto, não são apenas os efeitos da satisfação e da felicidade que provam por que certas substâncias causam comportamentos relacionados à dependência (BONELA – AMORIM, 2020). 9 Teoria do reforço O prazo refere-se a um estímulo que normalmente causa um certo comportamento porque causa prazer (reforço positivo) ou desgosto e desconforto causado por esse comportamento (reforço negativo) é aliviado (reforço negativo). As pessoas podem usar drogas para aliviar emoções ruins porque querem se sentir bem ou porque estão tristes ou deprimidas. Algumas teorias em meados do século XIX afirmavam que os comportamentos aditivos eram causados por instintos subconscientes, mas nenhuma delas explicava corretamente os elementos envolvidos na dependência de substância. Foi nessa época, no início da década de 1940, que surgiu a teoria do reforço, que acreditava que o comportamento das pessoas pode ser influenciado e controlado pelo fortalecimento (recompensa) de comportamentos desejados e pelo desprezo por comportamentos indesejados. Em um trabalho pioneiro, ele provou em testes que após o estabelecimento do vício em drogas, os chimpanzés trabalhariam voluntariamente para obter a substância. Após receberem repetidamente drogas opióides, eles assumiam a posição própria para receber injeções da droga (BONELA – AMORIM, 2020). Em 1954, Olds e Milner conduziram um experimento em que fios elétricos (eletrodos) eram introduzidos em certas regiões profundas do cérebro de ratos. Eles observaram que os animais batiam as patas em barras para receber um estímulo elétrico naquela região eapresentavam um comportamento de auto estimulação exagerado de modo que às vezes deixavam de comer e dormir para bater as patas e continuar recebendo os estímulos. Mas os pesquisadores também perceberam que somente um número restrito de regiões cerebrais desencadeava tais estímulos. Com o avanço das pesquisas, descobriu-se que as mesmas regiões cerebrais que provocam auto estimulação são as mesmas ativadas pelas drogas de abuso, sendo as vias mesolímbica e mesocortical as principais envolvidas no circuito motivacional (FORMIGONI et al, 2016 apud BONELA – AMORIM, 2020). Sistema de recompensa cerebral Embora cada substância tenha seu respectivo mecanismo de ação, tudo direta ou indiretamente agir, o sistema de recompensa cerebral formado por circuitos neuronais formados por ações positivas e negativamente aumentadas. A dopamina é um neurotransmissor produzido e liberado no cérebro que desempenha um papel importante no controle do movimento, humor, sono, atenção e aprendizagem, cognição e memória, emoções e sensação de alegria e bem-estar. Um aumento na 10 dopamina quando exposta a um estímulo prazeroso, como atividade sexual e comida (BONELA – AMORIM, 2020). Muitas substâncias, especialmente drogas de abuso, agem no neurônio dopaminérgico e causam um aumento repentino de dopamina no nucleus accumbens (um componente do estriado cerebral e uma estrutura chave na mediação dos processos motivacionais e emocionais). O sistema mesolímbico é composto por projeções dopaminérgicas que partem da área tegmentar ventral - onde se localizam os corpos neuronais dopaminérgicos - e chegam principalmente ao núcleo accumbens. Esse sistema se relaciona ao condicionamento ao uso da substância, à fissura, à memória e as emoções ligadas ao uso. Já o sistema mesocortical é composto pela área tegmentar ventral, pelo córtex pre-frontal (responsável pelas funções cognitivas superiores e controle de sequenciamento de ações), pelo giro do cíngulo (responsável pela atenção, memória, regulação da atividade cognitiva e emocional) e pelo córtex orbitofrontal (responsável pelo controle do impulso e da tomada de decisão). O consumo de substâncias psicoativas altera esse sistema com relação à compulsão e perda do controle. O sistema de recompensa cerebral se constitui, portanto, no funcionamento paralelo entre os sistemas mesolímbico e mesocortical, tendo a dopamina como principal neurotransmissor envolvido, porém, não o único (FORMIGONI et al., 2016 apud BONELA – AMORIM, 2020). Fonte: BONELA – AMORIM, 2020 11 Fonte: BONELA – AMORIM, 2020. No que diz respeito à toxicodependência, também é importante compreender os conceitos de motivação e estimulação. A via da dopamina mesolímbica está envolvida em processos motivacionais, ou seja, estímulos considerados importantes para a sobrevivência recebem importantes respostas cerebrais. Por exemplo, se uma pessoa não está com fome, os estímulos visuais e olfativos têm pouco efeito em seu comportamento, mas se ela está com fome, a visão e o cheiro da comida podem atrair sua atenção até que ela encontre uma forma de obter comida e pode até mesmo cometer crimes (BONELA – AMORIM, 2020). Essa é a chamada resposta a um estímulo motivador e, nas farmacodependências, as substâncias psicoativas ativam de maneira repetida os sistemas cerebrais de motivação, podendo levar à sensibilização do estímulo, isto é, a associação torna-se cada vez mais forte gerando uma maior resposta comportamental e neuroquímica. Por meio de processos de aprendizagem, a motivação para o consumo dessas substâncias pode ser fortemente ativada por estímulos ambientais (WHO, 2014). O uso repetido de drogas de abuso também leva a alterações no SNC que podem levar a mudanças comportamentais para aumentar o desejo por mais drogas, neste contexto é importante conhecer alguns conceitos: Tolerância: refere-se à diminuição do efeito de uma droga com o uso contínuo, ou seja, são necessárias doses maiores para produzir a mesma resposta (curva dose- resposta). A tolerância inata refere-se a variações individuais na sensibilidade à droga, presentes desde sua primeira administração, como é observado com o álcool, 12 enquanto a tolerância adquirida é desenvolvida com o passar do tempo, podendo ocorrer um aumento da capacidade de metabolizar ou excretar a droga (tolerância farmacocinética), alterações na interação droga-receptor (tolerância farmacodinâmica) ou modificação comportamental do indivíduo para ocular os efeitos da droga (tolerância aprendida) (BONELA – AMORIM, 2020). Tolerância inversa (ou sensibilização): a administração repetida de uma droga provoca um maior efeito de determinada dose, ou seja, há necessidade de uma dose menor para obter o mesmo efeito. Dependência física (ou fisiológica): são sinais e sintomas físicos adversos provocados pelo pela abstinência de uma droga Dependência fisiológica: ocorre sempre que uma droga afeta o sistema de recompensa, assim, as sensações agradáveis produzidas pela droga aumentam o desejo de continuar usando-a (SWIFT; LEWIS, 2009). Geralmente, nos estados de abstinência das drogas de abuso, há uma depleção dos níveis de dopamina, principalmente no núcleo accumbens, desencadeando um forte desejo (fissura ou craving) de consumir a droga novamente, que invade os pensamentos do usuário, alterando seu humor e provocando alterações físicas e no seu comportamento (FORMIGONI et al, 2016 apud (BONELA – AMORIM, 2020). A presença de dependência não significa necessariamente adição, embora sejam comumente citadas como sinônimos. Um paciente em tratamento com um opioide para alívio da dor crônica provavelmente desenvolverá tolerância a longo prazo e precisará de doses mais altas, mas isso não significa adicionar o opioide, pois é possível reduzir a dose e, eventualmente, o analgésico e a medicação a serem eliminados dependente, mas não viciante (BONELA – AMORIM, 2020). Em síntese, a tolerância e a dependência são adaptações fisiológicas normais enquanto a adição representa um estado de má adaptação à presença crônica da droga que cria uma homeostase alterada. Vários fatores afetam o desenvolvimento da adição, incluindo a natureza da droga, características genéticas e fatores ambientais. Esses fatores também se conjugam para aumentar ou diminuir as probabilidades de um indivíduo consumir uma droga. Os genes relacionados ao metabolismo da nicotina podem ser fatores de risco para o tabagismo, enquanto a hereditariedade é importante em relação à dependência do álcool, tal qual à frequência e à quantidade consumida. Certos estudos também 13 mostram que é grande a hereditariedade da dependência de opióides, sedativos, maconha e cocaína. Os fatores genéticos também podem afetar a toxicidade de uma substância, tanto em termos de dosagem como em efeitos crônicos para a saúde (WHO, 2014). 5 CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS PSICOTRÓPICAS Fonte: dhojeinterior.com As drogas psicotrópicas podem ser classificadas em três grupos, a depender da atividade que exercem sobre o cérebro: depressoras (psicolépticos); estimulantes (psicoanalépticos, noanalépticos, timolépticos, etc); e perturbadores (psicotomiméticos, psicodélicos, alucinógenos, psicometamórficos, etc) (BONELA – AMORIM, 2020). Quadro 1. Classificação das drogas psicotrópicas. DEPRESSORES DA ATIVIDADE DO SNC Álcool Soníferos ou hipnóticos (drogas que promovem o sono): barbitúricos, alguns benzodiazepínicos. 14 Ansiolíticos (acalmam; inibem a ansiedade). As principais drogas pertencentes a essa classificação são os benzodiazepínicos. Ex.: diazepam, lorazepam etc. Opiáceos ou narcóticos (aliviam a dor e dão sonolência). Ex.: morfina, heroína, codeína, meperidina etc. Inalantes ou solventes (colas, tintas, removedores etc.). ESTIMULANTES DA ATIVIDADE DO SNC Anorexígenos(diminuem a fome). As principais drogas pertencentes a essa classificação são as anfetaminas. Ex.: dietilpropriona, femproporex etc. Cocaína PERTURBADORES DA ATIVIDADE DO SNC De origem natural (Reino Vegetal e Reino Fungi) Mescalina (do cacto mexicano) THC (da maconha) Pscilocibina (de certos cogumelos) Lírio (trombeteira, zabumba ou saia-branca) De origem sintética LSD-25 Êxtase Anticolinérgicos Fonte: BONELA – AMORIM, 2020 15 6 DROGAS DEPRESSORAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Fonte: cisa.org.br/index.php O sistema nervoso central (SNC) controla várias funções do corpo e está envolvido nos processos que regulam a formação da memória, ansiedade, sono e tônus muscular. Os fármacos que atuam no SNC têm uma relevância terapêutica inestimável neste contexto e são utilizados no alívio da dor. Induz o sono ou a excitação, diminui o apetite, alivia as náuseas e controla as convulsões. As substancias que agem seletivamente no SNC podem ser empregados para tratar ansiedade, depressão, mania ou esquizofrenia, e desempenham esses efeitos sem alterar a consciência. Vale ressaltar que agentes estimulantes socialmente aceitáveis e agentes depressores (por exemplo, ansiolíticos) contribuem para a estabilidade emocional, o alívio da ansiedade e o prazer. No entanto, o uso excessivo desses fármacos pode levar à dependência física ou a efeitos colaterais tóxicos (BRUM, 2018). Segundo Brum (2018) são considerados agentes depressores gerais (inespecíficos) do SNC os gases e os vapores anestésicos, os álcoois alifáticos e alguns fármacos hipnótico-sedativos. Esses compostos têm em comum a capacidade de deprimir os tecidos excitáveis em todos os níveis do SNC, resultando na redução da quantidade de transmissores liberados por cada impulso nervoso, na depressão geral da reatividade pós-sináptica e no transporte iônico. 16 Nas concentrações subanestésicas, essas substâncias (por exemplo, etanol) podem exercer efeitos relativamente específicos em alguns grupos de neurônios, especialmente a tendência para causar dependência. De forma geral, os fármacos depressores do SNC atuam como agonistas, ligando-se aos receptores metabotrópicos ou ionotrópicos do neurotransmissor GABA, modulando sua ação. A modulação da sinalização GABA também é um mecanismo importante para o tratamento da hiperatividade neuronal focal ou disseminada na epilepsia. Neste capítulo, discutiremos os principais medicamentos que atuam como depressores do SNC, sua relação estrutura-atividade farmacológica e seus principais efeitos colaterais e interações medicamentos (BRUM, 2018). O principal efeito das drogas depressoras é diminuir a atividade do sistema nervoso central (SNC), o que pode levar a delírios. Hipnóticos que induzem o sono; Ansiolíticos que reduzem a ansiedade; Narcóticos que bloqueiam a dor, como morfina; Inalação ou solventes, como adesivos e tintas (BRUM, 2018). 6.1 Depressores do sistema nervoso central O ácido ϓ-aminobutírico (GABA) é o neurotransmissor inibitório mais importante no SNC. Isso implica que a neurotransmissão gabaérgica, uma vez ativada, leva a uma depressão das funções do SNC, que afeta a reatividade e a atenção, a formação da memória, a ansiedade, o sono e o tônus muscular. Muitos medicamentos agem como agonistas desse neurotransmissor e são usados como hipnóticos, ansiolíticos e anticonvulsivantes. Existem dois subtipos de receptores GABA: os ionotrópicos, que são receptores regulados por canais iônicos e promovem a liberação do neurotransmissor a partir da hiperpolarização de membrana; e os metabotrópicos, que são receptores acoplados à proteína G (BRUM, 2018). De acordo com Brum (2018) os fármacos que atuam modulando ou inibindo a ação do GABA são chamados, respectivamente, de fármacos agonistas e fármacos antagonistas, e agem através da ligação ao receptor GABA. As principais categorias de agentes depressores do SNC abrangem anestésicos inalatórios gerais, benzodiazepínicos, barbitúricos, morfina e agentes relacionados e álcool. 17 Anestésicos gerais inalatórios A anestesia geral é medicamentos que causam a perda de consciência e bloco ou insensibilidade à dor, evitam reflexos autônomos, favorecendo amnésia e relaxamento muscular. Eles são administrados durante procedimentos cirúrgicos, para que o paciente não responda aos estímulos dolorosos. Antes, a ação farmacológica dos anestésicos era relacionada às propriedades físico-químicas (teoria lipídica), já que eles não pertencem à uma classe química específica. Observava-se que a potência anestésica está intimamente ligada à solubilidade lipídica do composto (BRUM, 2018). Atualmente, sabe-se que os anestésicos são capazes de interagir, através de diferentes mecanismos, com as proteínas e lipídeos de membrana neuronal, além de reduzirem a excitação, abrindo canais de K+, e inibirem a transmissão sináptica excitatória de canais iônicos, como de receptores de NMDA (N-metil D-Aspartato) e receptores de 5-HT (5-hidroxitriptamina) (RANG et al., 2016 apud BRUM, 2018). Os anestésicos, na sua maioria, potencializam a ação do GABA sobre o receptor GABAA, ligando-se aos bolsões hidrofóbicos dentro de diferentes subunidades de receptor GABA. Estudos sugerem que os anestésicos voláteis podem ligar-se a uma interface entre as subunidades α e β, enquanto que os anestésicos intravenosos se ligam somente à subunidade β (BRUM, 2018). São considerados anestésicas substâncias de estruturas diversas, como gases simples (óxido nitroso e xenônio), hidrocarbonetos halogenados (isoflurano), halotano e éter. Benzodiazepínicos Os benzodiazepínicos (BZD) são moduladores de alta afinidade e altamente seletivos, que se ligam a um único sítio dos receptores GABAA. Ao ligar-se a esse sítio específico (sítio de ligação alostérico), provocam o aumento da neurotransmissão GABAérgica. Isso ocorre porque os benzodiazepínicos provocam uma modulação positiva, induzindo o aumento da afinidade dos receptores pelo agonista GABA e potencializando a regulação dos canais na presença desse neurotransmissor. Quando há concentração baixa do GABA, os BZD provocam o aumento da frequência de abertura dos canais de Cl- . No entanto, quando há concentração regular de GABA na 18 fenda sináptica, a desativação do receptor é prolongada, indicando aumento da ligação de GABA ao receptor e levando ao aumento do influxo de Cl- , hiperpolarização da membrana, reduzindo a excitabilidade neuronal (BRUM, 2018). Dessa forma, segundo Brum (2018) os BZD possuem efeitos sedativos, hipnóticos, ansiolíticos e anestésicos. O Diazepam e o Alprazolam são BZD utilizados no tratamento da ansiedade grave e crônica, associada ou não a casos de depressão ou esquizofrenia. A estrutura básica dos BZD é composta por um anel aromático ligado a um heterociclo de sete membros contendo dois nitrogênios nas posições 1 e 4, na sua maioria contendo grupo amida vizinho ao N-1, exceto pelo clobazam, que possui os N nas posições 1 e 5. Esse heterociclo, por sua vez, liga-se a outro anel aromático. As estruturas do triazolam, alprazolam e midazolam compreendem adição de um anel triazólico na posição. Fundamentalmente, os BZD caracterizar pelos diferentes radicais ligados à molécula nas posições. Alguns grupos funcionais, quando localizados em determinadas posições, potencializam a atividade ansiolítica dos BZD. Por exemplo, observa-se a necessidade de grupo retirador de elétrons na posição 7, para que haja atividade sedativo-hipnótica. Substituintes nas posições 6, 8 e 9 diminuem a atividade ansiolítica, e a presença de OH na posição 3 facilita a excreção da molécula. Os benzodiazepínicos podem, também, ser classificados de acordo com o tempo de ação em curto, médio e longo prazo, sendo, então, administrados de acordo com o objetivo do tratamentoou efeito que se busca. BZDs de curto prazo são usados como hipnóticos na indução do sono, usados principalmente pelo boletim informativo, que tem um sono comprometido pela ação do inibidor de álcool (BRUM, 2018). Barbitúricos Os fármacos barbitúricos foram introduzidos clinicamente na metade do século XX e continuam sendo utilizados para o tratamento da epilepsia, como anestésicos gerais e no controle da hipertensão intracraniana. Seu mecanismo de ação é baseado na interação com o receptor GABAA na subunidade β (BRUM, 2018). Segundo Brum (2018) sedativos são drogas que podem retardar a atividade cerebral, especialmente quando o cérebro está em um estado de excitação acima da média. O termo sedativo é sinônimo de sedativo ou sedativo. Quando um sedativo 19 pode aliviar a insônia e causar sonolência, é chamado de hipnótico ou sonífero, e quando um sedativo tem o poder de agir com mais eficácia em condições de ansiedade exagerada, é chamado de ansiolítico. Finalmente, existem alguns desses medicamentos que podem acalmar o cérebro delineado do epiléptico. Alguns deles ainda são úteis como drogas antiepilépticas. Essas drogas foram descobertas no início do século XX, e a história conta que o químico europeu que primeiro sintetizou uma delas - uma grande descoberta - estava comemorando em um bar. Ele se apaixonou por uma garçonete, uma linda garota chamada Barbara. Em uma explosão de entusiasmo, nosso cientista decidiu nomear o composto barbitúrico recém-descoberto. Barbitúricos são capazes de deprimir diferentes áreas do cérebro; Como resultado, as pessoas podem ficar mais sonolentas, menos tensas, mais calmas e mais relaxadas, e a capacidade de pensar e se concentrar fica prejudicada. Em doses ligeiramente superiores às recomendadas pelos médicos, a pessoa começa a sentir- se embriagada (sensação mais ou menos semelhante ao consumo excessivo de álcool): a fala fica "pastosa" e a pessoa pode ter dificuldade em seguir em frente. Os efeitos descritos acima deixam claro que aqueles que usam esses barbitúricos apresentam alterações no estado de alerta e nas habilidades psicomotoras; portanto, é perigoso operar uma máquina, dirigir um carro, etc (BRUM, 2018). Os barbitúricos têm quase exclusivamente um efeito central (cérebro), ou seja, não atuam em outros órgãos, mas controlam as funções desses órgãos. Essas substancias são perigosas porque a dose tóxica está próxima daquela que vai produzir o efeito terapêutico desejado. Para se movimentar, o sono fica muito difícil e pode eventualmente entrar em coma A pessoa não reage a nada, a pressão arterial é ótimo baixo e respirando tão devagar que a respiração pode pará-lo. É extremamente importante saber que esses efeitos tóxicos são muito mais claros quando você ingere álcool ou outros sedativos. Às vezes, pode ocorrer envenenamento grave como resultado disso. Outro aspecto importante em relação aos efeitos tóxicos diz respeito ao uso dessas substâncias por mulheres grávidas. Essas drogas têm potencial teratogênico e causam - sintomas de abstinência (como falta de ar, irritabilidade, dificuldade para dormir e alimentação) em bebês recém-nascidos para mães que são usados durante a gravidez (CEBRID, 2011). 20 Depressores do sistema nervoso central A neurotransmissão GABAérgica é intensificada pelos barbitúricos no tronco encefálico e nos neurônios motores da medula espinhal, provocando sedação, amnésia, perda da consciência, relaxando os músculos e suprimindo os reflexos. A ação dos barbitúricos como modulador alostérico do GABA é mais potente que a ação dos benzodiazepínicos. Isso pode estar relacionado com os diferentes tipos de sítio de ligação aos quais esses fármacos se ligam. Dessa forma, as overdoses dos benzodiazepínicos são profundamente sedativas, mas raramente perigosas, enquanto que a overdose dos barbitúricos pode levar a hipnoses profundas, coma depressão respiratória e até a morte, nos casos em que não há intervenção terapêutica de suporte. O esqueleto básico dos barbitúricos é composto de um anel pirimidínico que contém pelo menos duas carbonilas ligadas ao anel. A duração do seu efeito hipnótico está relacionado a substituintes que aumentam a lipossolubilidade da molécula, como a presença de cadeias alquílicas ramificadas A duração da ação de um barbitúrico é determinada pela taxa na qual a droga é redistribuída do cérebro para outros compartimentos menos vasculares, particularmente músculos e gordura (BRUM, 2018). Opioides O ópio é derivado do látex obtido das cápsulas imaturas da flor da papoula, que há milhares de anos é conhecida por seus efeitos analgésicos, hipnóticos e narcóticos. A morfina foi o primeiro opioide isolado dessa planta, e sua estrutura só foi determinada em 1925. Os opioides são substâncias naturais ou sintéticas (exógenas) que podem interagir com os receptores opioides e produzir efeitos semelhantes aos da morfina. Este grupo inclui peptídeos endógenos. Os opioides são compostos estruturalmente relacionados à morfina e à codeína (BRUM, 2018). De acordo com Brum (2018) o mecanismo de ação dos opioides ocorre com a ligação a receptores opioides específicos. Os receptores opioides são acoplados à proteína G, e, por isso, inibem a adenilato ciclase e ativam a via da MAP kinase. Além disso, induzem a hiperpolarização dos neurônios com a abertura de canais de K+ e reduzem a liberação de neurotransmissores através da inibição dos canais de Ca2+. 21 Os receptores opioides estão amplamente distribuídos no SNC e quatro deles são os mais importantes: os µ, κ, δ e ORL-1. De maneira geral, a ação dos opioides sobre seus receptores levam a efeitos como analgesia, euforia, sedação, miose, depressão respiratória, constipação, náusea e supressão do reflexo da tosse. Os opioides com potentes efeitos analgésicos têm sua ação desencadeada pela ativação dos receptores µ, κ e δ. Existem semelhanças estruturais entre os opioides, em que o farmacóforo N- metil-γ-fenilpiperidina é o principal responsável pela ação farmacológica dessa classe. Alguns hipoanalgésicos, como as encefalinas, apresentam resíduo tiramínico e, portanto, não possuem o anel piperidínico (BRUM, 2018). Álcool Há milênios, o etanol é consumido como uma bebida ou droga pela humanidade. Seus efeitos fisiológicos afetam vários órgãos do corpo humano, tais como fígado, coração, estômago e vasos sanguíneos, mas é o SNC que mais responde por seu efeito como droga de abuso. Em relação às outras drogas, é preciso uma quantidade bem maior do etanol para que exerça efeito depressor no SNC. A ingestão de doses moderadas leva a um efeito ansiolítico e permite uma desinibição comportamental, diminuindo também a sensação de medo e punição. A sensação de euforia proporcionada pelo álcool é gerada pela ativação de receptores dopamínicos existentes no nucleus accumbens, o que leva à confusão do álcool como um estimulante do SNC. No entanto, em doses elevadas, a intoxicação grave pelo etanol leva à depressão do SNC, produzindo efeito sedativo (BRUM, 2018). O álcool altera o equilíbrio entre a neurotransmissão excitatória e inibitória, pois altera simultaneamente as funções de algumas proteínas que podem afetar a excitabilidade dos neurônios. Além disso, também é capaz de interagir com os lipídeos da membrana neuronal, provocando alterações na sua permeabilidade e nas funções de proteínas e levando ao prejuízo do funcionamento das bombas de Na+ /K+ e das ATPases, levando ao comprometimento da condução elétrica. Como alvos do etanol, estão os receptores GABAA, através da estimulação dos canais de Cl- ; os receptores ionotrópicos excitatórios do glutamato, através da inibição de receptores NMDA (N- metil-D-aspartato) e não-NMDA; receptores nicotínicos da acetilcolina e dos canais de 22 K+ , entre outros sistemas neuroquímicos,de acordo com o nível de intoxicação. (BRUM, 2018). 6.2 Interações medicamentosas envolvendo os depressores do SNC Um grande número de interações medicamentosas entre depressores do SNC está documentado e seu significado clínico é altamente significativo. Em um número considerável de casos, essas interações podem potencializar os efeitos tóxicos dos medicamentos, como hipotensão, diminuir a eficácia dos antirretrovirais, aumentar o efeito depressivo, que pode causar parada respiratória, entre outros. Além disso, você deve ter em mente que é importante apurar todos os fármacos utilizados pelo paciente e potenciais drogas de abuso, incluindo o álcool, de modo a prevenir, identificar e atuar rapidamente face a interações medicamentosas (BRUM, 2018). 6.3 Solventes ou inalantes A palavra solvente significa uma substância capaz de dissolver coisas, e inalação é qualquer substância que pode ser inalada, ou seja, introduzida no corpo por aspiração pelo nariz ou pela boca. Muito leve, por isso é fácil de inalar. Outra característica dos solventes ou inalantes é que muitos (mas não todos) são inflamáveis, o que significa que pegam fogo facilmente. Inúmeros produtos comerciais, como vernizes, colas, tintas, diluentes, propelentes, gasolina, decapantes e vernizes, contêm esses solventes. Eles podem ser aspirados involuntariamente (por exemplo, trabalhadores da indústria de calçados ou de pintura que ficam expostos ao ar poluído por essas substâncias o dia todo) ou voluntariamente (por exemplo, a criança de rua que cheira cola de sapato, a criança que cheira acetona ou esmalte de unha) Casa ou alunos inalando corretivo Carbex®, etc.) (BRUM, 2018). Segundo CEBRID (2011) muitos desses solventes ou inalantes são substâncias que pertencem a um grupo químico denominado hidrocarbonetos, como: B. tolueno, xileno, n-hexano, acetato de etila, tricloroetileno etc. Veja, por exemplo, a composição de alguns adesivos de sapateiro comercializados no Brasil: Cascola® - mistura de tolueno + nhexano®; Patex Extra®: uma mistura de tolueno com acetato de etila e white spirit; Brascoplast® - tolueno com acetato de etila e solvente para 23 borracha. Em 1991, uma fábrica de cola do interior de São Paulo fez uma ampla campanha publicitária alegando que finalmente havia feito uma cola de sapateiro "que não é tóxica e não produz vícios" porque não contém tolueno. Essa indústria se comportou de maneira repreensível e criminosa, pois o produto anunciado ainda continha o solvente nHexano, que é conhecido por ser muito tóxico. É uma preparação clandestina (isto é, não feita por uma instituição legal, mas por pessoas do submundo) feita de clorofórmio mais éter que é usada apenas para fins de abuso. Os fabricantes “não encontram nenhuma dessas duas substâncias, eles misturam outra coisa. Portanto, no que se refere ao “aroma de Lolo”, sua composição é desconhecida, o que o torna mais complicado nos casos de intoxicação (CEBRID, 2011). Esse nome inicialmente se refere ao líquido que vem em tubos e é usado no carnaval. A base de cloreto de etila ou cloroetila, sua produção é proibida no Brasil e só aparece nos carnavais, contrabandeada de outros países sul-americanos. Trabalhadores rodoviários em várias capitais brasileiras já usam esses dois nomes - cheiro e lança - para denotar a mistura de clorofórmio e éter). Os efeitos se instalam muito rapidamente após a aspiração - de segundos a minutos no máximo - e desaparecem após 15 a 40 minutos; portanto, o usuário repete as aspirações várias vezes para que as sensações durem mais. Os efeitos dos solventes variam da estimulação inicial à depressão, e processos alucinatórios também podem ocorrer. Vários autores afirmam que os efeitos dos solventes (sejam eles quais forem) são semelhantes aos do álcool, mas não induzem alucinações, fato bem descrito para os solventes. Dentre os efeitos, está a depressão predominante, principalmente o da função cerebral, de acordo com o surgimento desses efeitos após a inalação dos solventes, eles foram divididos em quatro fases segundo CEBRID (2011): Primeira fase: a chamada fase de excitação, que é desejável porque a pessoa está eufórica, aparentemente excitada, com tonturas e distúrbios auditivos e visuais, mas também podem ocorrer náuseas, espirros, tosse, muita salivação e bochechas. Segunda fase: passa a predominar a depressão cerebral, a pessoa fica confusa, desorientada, com voz levemente oleosa, visão turva, perda do autocontrole, dor de cabeça, palidez; comece a ver ou ouvir coisas. 24 Terceira fase: A depressão piora com uma diminuição acentuada no estado de alerta, incoordenação ocular (a pessoa não é mais capaz de fixar os olhos em objetos), incoordenação motora com uma marcha vacilante, fala arrastada, reflexos deprimidos e processos alucinatórios óbvios podem ocorrer Quarta fase: depressão tardia, que pode levar à inconsciência, baixa pressão arterial, sonhos estranhos, podendo a pessoa também ter episódios de convulsões ("desmaios"), não retirá-la do nariz e, portanto, a intoxicação torna- se muito perigosa e também pode levar ao coma e morte. Finalmente, ele sabe que olhos de sucção repetidos e crônicos podem levar à destruição de neurônios (células cerebrais), o que leva a danos cerebrais irreversíveis (CEBRID, 2011). Os solventes praticamente não prejudicam outros órgãos além do cérebro. No entanto, existe um fenômeno causado por solventes que pode ser muito perigoso. Eles tornam o coração humano mais sensível a uma substância que nosso corpo produz, a adrenalina, que aumenta o número de batimentos cardíacos. Essa adrenalina é liberada toda vez que temos que fazer um esforço extra, como correr, praticar certos esportes, etc., portanto, se uma pessoa inalar um solvente e depois se empenhar em um esforço físico, seu coração pode sofrer, pois é muito sensível a ele a adrenalina liberada pelo esforço reage. Diversas mortes por arritmias cardíacas (batimento cardíaco irregular), principalmente entre adolescentes, são mencionadas na literatura médica. Com a inalação crônica, os solventes podem comprometer a medula óssea, os rins, o fígado e os nervos periféricos que controlam os músculos. Eventualmente, eles desenvolveram doenças renais e hepáticas. Como resultado, leis estritas relacionadas aos requisitos de ventilação dessas fábricas entraram em vigor. Nesses países, e também o Brasil tem leis a esse respeito. Em alguns casos, especialmente se o solvente tiver sido contaminado, mesmo pequenas quantidades de benzeno podem reduzir a produção de glóbulos brancos e vermelhos no corpo. O solvente amplamente utilizado em nossos adesivos é o nhexano. Esta substância é muito venenosa para os nervos periféricos, que produz uma degeneração progressiva, ao ponto da doença em março (pessoas pousam com dificuldades, o chamado "pato") e pode até mesmo alcançar a paralisia (CEBRID, 2011). 25 6.4 Tranquilizantes ou ansiolíticos Essas substâncias são comercializadas por laboratórios farmacêuticos com diferentes nomes de "fantasia", portanto, existem dezenas de medicamentos com diferentes nomes: Valium®, Calmocitene®, Dienpax®, Psicosedin®, Frontal®, Frisium®, Kiatrium®, Lexotan®, Lorax®, Urbanil®, Somalium®, etc. são apenas alguns dos nomes. Efeitos no cérebro Todos os benzodiazepínicos são capazes de estimular os mecanismos cerebrais que normalmente lutam contra a tensão e a ansiedade. Por causas mais graves, certas áreas do cérebro exageradas podem funcionar, levando a um estado de ansiedade, os benzodiazepínicos têm efeito contrário, ou seja, inibem os mecanismos que funcionaram excessivamente e a pessoa fica mais calma, como se estivesse desconectada do ambiente e estímulos externos. (CEBRID, 2011). Como resultado desse efeito, os ansiolíticos produzem uma depressão em nossa atividade cerebral, que écaracterizada por: 1. diminuição de ansiedade; 2. indução de sono; 3. relaxamento muscular; 4. redução do estado de alerta. É importante notar que esse efeito ansiolítico dos benzodiazepínicos é muito potencializado pelo álcool, e a mistura do álcool com essas drogas pode causar um coma muito prejudicial com o uso regular. Essas substâncias também afetam as funções psicomotoras, prejudicam atividades como dirigir e aumentam a probabilidade de acidentes. Os benzodiazepínicos são fármacos muito específicos no seu modo de ação, visto que preferem quase exclusivamente o cérebro, de modo que em doses terapêuticas não têm efeitos significativos nos outros órgãos. Do ponto de vista orgânico ou físico, os benzodiazepínicos são drogas muito seguras porque altas doses (20 a 40 vezes mais altas do que o normal) são necessárias para produzir efeitos mais graves: a pessoa tem hipotonia (músculos "moles"), grande dificuldade em ficar de pé e Caminhada, pressão arterial baixa e suscetibilidade a desmaios. Mesmo assim, a pessoa quase nunca entra em coma e morre. 26 Porém, a situação muda muito se o indivíduo, além de ter tomado benzodiazepínicos, também ingerir álcool: nesses casos a intoxicação torna-se grave, pois ocorre uma queda acentuada da atividade cerebral, que pode levar ao estado de coma. Outro aspecto importante quanto aos efeitos tóxicos diz respeito ao uso dessas substâncias por mulheres grávidas. Suspeita-se que essas drogas tenham razoável potência teratogênica, ou seja, podem produzir lesões ou defeitos físicos no feto. Benzodiazepínicos, quando usados por alguns meses de cada vez, podem levar à dependência. Portanto, sem a droga, o viciado começa a sentir muita irritabilidade, insônia excessiva, sudorese, dores por todo o corpo, que em casos extremos pode ter convulsões. Se a dose administrada já for grande desde o início, o vício ocorre ainda mais rapidamente. Há também o desenvolvimento de tolerância, embora isso não seja muito pronunciado, ou seja, a pessoa se acostuma com a droga e precisa aumentar a dose para conseguir o efeito inicial (CEBRID, 2011). 7 BEBIDAS ALCOÓLICAS Fonte: veja.abril.com O consumo de bebidas alcoólicas pode ser citado como uma das principais causas do elevado número de acidentes de trânsito com vítimas. Em geral, em vários países, costuma-se considerar que entre metade e um quarto dos acidentes fatais estão relacionados ao consumo de álcool (CEBRID, 2011). 27 O Sistema Nervoso Central (SNC) é o órgão mais rapidamente afetado pelo álcool, sua intoxicação produz sedação, diminuição da ansiedade, fala arrastada, ataxia, julgamento prejudicado e comportamento desinibido. Vale ressaltar que o consumo de bebidas alcoólicas também é apontado no Brasil como um dos principais fatores causais de acidentes. Em aproximadamente 70% dos acidentes de trânsito violentos com mortes, o álcool é o principal responsável. De acordo com estatísticas do Grupo de Socorro Emergencial (GSE) do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, 30,9% dos motoristas que precisaram de socorro exibiam sinais da presença de teor alcoólico no organismo (LIMA, 2003, apud ABREU, 2006, p. 88). É importante observar que toda dose padrão de qualquer bebida contém a mesma quantidade de álcool puro. Ao beber um copo de 300 ml ou "lata" (350 ml) de cerveja, beberemos a mesma quantidade de álcool puro, que é aproximadamente 12 gramas, mesmo teor de uma taça de vinho ou de uma dose de cachaça / uísque, chegando a 0,2 g / l (álcool). Portanto, uma pessoa pode chegar a 0,6g / l de álcool ao beber três latas de cerveja ou três doses de uísque, dependendo do peso corporal e da sensibilidade do corpo ao álcool. A alcoolemia em torno de 0,4-0,6g/l pode representar efetivo fator de risco ao provocar manifestações neurocognitivas e comportamentais em algumas pessoas a depender de certos fatores individuais (CEBRID, 2011). Acima desse índice, o álcool promove euforia, desinibição, impulsividade, agressão ou passividade. Essas considerações são importantes para a possibilidade de que o nível de risco seja inferior ao nível normalmente permitido (0,5g / l sangue). Teoricamente, o simples fato de ingerir níveis de álcool no sangue acima do permitido não é suficiente para garantir que não ocorrerão acidentes. O álcool inibe muitos efeitos do sistema nervoso central e essa inibição é dose-dependente. Embora seja especialmente consumido devido ao seu efeito estimulante, isso só é perceptível e ocorre em doses moderadas devido à inibição do mecanismo de controle inibitório. O córtex, que desempenha um papel integral, perde essa função sob a influência do álcool, levando à confusão e confusão no pensamento, bem como à destruição total do controle motor. As bebidas alcoólicas por um lado são produtos que transbordam significados, por outro, o uso exagerado dessas bebidas origina um grave transtorno de saúde pública. Esse comportamento é associado a uma busca imediata de prazer, com uso em grandes quantidades em uma única ocasião ou a longo tempo. Enfim, a mesma substância que traz alegria e comunga, 28 dependendo da sua quantidade e tempo de uso, estimula a discórdia, violência, e a dor, rompendo laços de família, amigos e trabalho. (GIGLIOTTI, 2004, apud CARVALHO; et al, 2013, p. 4). Os efeitos associados ao consumo de álcool significam uma redução na capacidade de sentir a velocidade real, observar possíveis obstáculos ao longo da estrada e manter o controle do veículo. Portanto, é mais difícil para o motorista ver, por exemplo, uma motocicleta ao lado dele ou um pedestre cruzando a via. Além disso, um motorista sob o efeito do álcool só consegue ver o que está à sua frente, e sua visão periférica fica reduzida, o que dificulta sua reação diante de situações adversas ou de qualquer situação que possa levar ao pior, um acidente de trânsito fatal. Grande parte dos acidentes acontece em decorrência de condutores alcoolizados. Dentre as causas comportamentais de acidentes tem-se: Subavaliação da probabilidade de acidente; Desatenção; Cansaço; Deficiências (visual, auditiva ou motora); Consumo de álcool; Consumo de droga; Excesso de velocidade; Desrespeito à distância mínima entre veículos; Ultrapassagem indevida; Outras infrações de motoristas; Não-uso de cinto, de capacete, de proteção para criança; Imprudência de pedestres, de ciclistas, de motociclistas. Essas possíveis causas de acidentes são conhecidas e foram tratadas de forma eficaz em muitos países, seguindo as seguintes etapas: Conscientização; Regulamentação (se for o caso); Repressão (se for o caso). Anualmente, milhares de pessoas são vítimas de acidentes de trânsito provocados por motoristas irresponsáveis que associam bebida alcoólica e direção de veículo automotor. Os efeitos associados ao consumo de álcool significam uma 29 redução na capacidade de sentir a velocidade real, observar possíveis obstáculos ao longo da estrada e manter o controle do veículo. Portanto, é mais difícil para o motorista ver, por exemplo, uma motocicleta ao lado dele ou um pedestre cruzando a via. Além disso, um motorista sob o efeito do álcool só consegue ver o que está à sua frente, e sua visão periférica fica reduzida, o que dificulta sua reação diante de situações adversas ou de qualquer situação que possa levar ao pior, um acidente de trânsito fatal (CEBRID, 2011). 8 ÓPIO E MORFINA – PAPOULA DO ORIENTE, OPIÁCEOS, OPIÓIDES Fonte: redaccionmedica.com Muitas substâncias com grande atividade farmacológica podem ser extraídas de uma planta chamada Papaver somniferum, popularmente conhecida como "Papoula Oriental". Cortando a cápsula da semente de papoula, ainda verde, obtém- se um suco leitoso, o ópio (palavra de ópio em grego significa "suco"). Quando seco, esse suco é denominado ópioem pó, e contém várias substâncias com grande atividade farmacológica (CEBRID, 2011). Segundo CEBRID (2011) a mais conhecida é a morfina, uma palavra derivada do deus da mitologia grega, Morpheus, o deus dos sonhos. Ópio e morfina em humanos: Eles têm um efeito depressor no sistema nervoso central, eles fazem o cérebro funcionar mais devagar. Mas o ópio contém ainda mais substâncias e a http://www.redaccionmedica.com/ 30 codeína também é conhecida. Ainda é possível obter outra substância, a heroína, por meio de uma pequena modificação química da fórmula da morfina, tornando a heroína uma substância semissintética (ou seminatural). Todas essas substâncias são conhecidas como opioides, ou simplesmente opiáceos, d (como no caso da heroína). Mas os humanos conseguiram imitar a natureza fazendo várias substâncias em laboratório com efeitos semelhantes aos opiáceos: meperidina, oxicodona, propoxifeno e metadona são alguns exemplos. Eles são chamados de opióides (semelhantes aos opiáceos). Eles são todos embalados em comprimidos ou ampolas e, em seguida, processados em medicamentos. A ciência também conseguiu desenvolver um adesivo contendo essas substâncias que, ao aderir à pele do paciente, liberta gradativamente a quantidade necessária ao efeito terapêutico indicado pelo médico. Eles são chamados de adesivos transdérmicos ou adesivos (pronuncia-se: peti). A tabela a seguir mostra exemplos de alguns desses medicamentos. Todas as drogas do tipo opiáceo ou opioide têm basicamente os mesmos efeitos no sistema nervoso central: diminuem sua atividade, as diferenças são mais quantitativas, ou seja, são mais ou menos eficientes em produzir os mesmos efeitos; então tudo é principalmente uma questão de dosagem. Conseqüentemente, temos que todas essas drogas produzem analgésicos e hipnose (aumentam o sono), por isso também são chamadas de narcóticos, que são as próprias drogas que podem produzir esses dois efeitos: sono e dor. É por isso que também são conhecidos como hipnoanalgésicos. No entanto, com alguns medicamentos, a dose necessária para atingir esse efeito é pequena; H. bastante fortes, como morfina e heroína; outros requerem doses 5 a 10 vezes maiores para atingir os mesmos efeitos, como: B. Codeína e Meperidina (CEBRID, 2011). Alguns medicamentos também podem ter efeitos mais específicos, como reduzir acessos de tosse. Por esse motivo, a codeína tem sido amplamente utilizada como antitussígeno, ou seja, para reduzir a tosse, outros têm a propriedade de serem mais facilmente viciantes; portanto, como a heroína, são muito perigosos. Todas essas drogas não só amortecem os centros de dor, tosse e vigília (que provoca o sono) em doses um pouco maiores que as terapêuticas, mas também acabam em outras partes do corpo. Cérebro, como os que controlam a respiração, a frequência cardíaca e a pressão arterial. Como você verá, isso é muito importante ao analisar os 31 efeitos tóxicos. Em geral, as pessoas que consomem essas substâncias sem indicação médica, ou seja, abusam delas, buscam efeitos característicos da depressão generalizada do cérebro: um estado de letargia, como isolamento da realidade do mundo, tranquilidade em que a realidade se mistura e imaginação, devaneio, Estado sem sofrimento, afeição semenergética e desapaixonada (CEBRID, 2011). Resumindo, de acordo com a CEBRID (2011) fugir das sensações que constituem a essência da vida: sofrimento e prazer que se alternam e constituem a plenitude da nossa vida da alma. Efeitos em outras partes do corpo. As pessoas expostas aos efeitos dos narcóticos apresentam uma contração acentuada das pupilas dos olhos. ("Maçã dos Olhos"), que às vezes atinge o tamanho da cabeça de um alfinete. Além disso, ocorre paralisia do estômago e o paciente sente-se constipado com o estômago cheio, como se não conseguisse digerir. Os intestinos também ficam paralisados e a pessoa que abusa dessas substâncias geralmente está gravemente constipada. Por conta desse efeito, os opiáceos são usados no combate à diarreia, ou seja, são usados terapeuticamente como remédio para diarreia. Os narcóticos administrados por injeção ou por via oral em doses mais elevadas podem causar depressão respiratória e cardíaca grave. A pessoa fica inconsciente e com uma cor azulada porque uma respiração muito fraca mal oxigena o sangue e a pressão. A pressão arterial cai a um ponto em que o sangue não consegue mais circular normalmente: é um coma que, se não for tratado, pode levar à morte. Literalmente centenas ou mesmo milhares de pessoas morrem a cada ano na Europa e nos Estados Unidos de intoxicação, heroína ou morfina. Além disso, por ser normalmente injetável, os viciados em geral desenvolvem infecções como hepatite e até AIDS. Aqui no Brasil, um desses medicamentos era administrado por via intravenosa com certa frequência: o propoxifeno (principalmente Algafan®). Acontece que essa substância é muito irritante para as veias, que ficam inflamadas e até entupidas. Têm ocorrido muitos casos de pessoas com problemas circulatórios graves nos braços. Uma amputação desta extremidade já foi descrita devido ao uso crônico de Algafan®. Felizmente, não temos mais esse uso irracional do propoxifeno, outro problema com essas drogas é a facilidade com que levam ao vício e ao centro da vida das vítimas (CEBRID, 2011). 32 Além disso, o organismo humano torna-se tolerante a todas essas drogas, ou seja, o viciado não consegue mais manter o equilíbrio sem sentir os efeitos, deve tomar cada vez mais doses, ficando cada vez mais em dificuldade, pois a adquiri-los requer cada vez mais dinheiro. Para se ter uma ideia de como os médicos temem os efeitos tóxicos dessas drogas, basta dizer que eles relutam muito em prescrever morfina (e outras drogas) para pacientes com câncer, que costumam ter dores extremamente fortes. E assim milhares de pacientes com câncer sofrem um sofrimento muito cruel, porque a única substância capaz de aliviar a dor, a morfina ou outro narcótico, também tem esses efeitos indesejáveis. Atualmente, a própria Organização Mundial da Saúde tem informado médicos em todo o mundo que, nesses casos, o uso continuado de morfina é totalmente justificado. Felizmente, são pouquíssimos os casos de dependência dessas drogas no Brasil, principalmente quando comparado com o problema em outros países. Entretanto, nada garante que essa situação não poderá modificarse no futuro (CEBRID, 2011). 9 ESTIMULANTES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Fonte: petquimica.ufc.br/ Os estimuladores do sistema nervoso central (SNC) constituem um pequeno grupo de drogas disponíveis na terapia clínica, porém várias substâncias proibidas exercem atividade estimuladora neuronal, como a cocaína e a dietilamida do ácido 33 lisérgico (LSD). Para que um fármaco exerça sua atividade estimulante no SNC, algumas propriedades estruturais são requeridas, como lipofilicidade e peso molecular adequado, uma vez que, para chegar ao SNC, os fármacos precisam romper barreiras e membranas específicas, como a barreira hematoencefálica. Os mecanismos de ação desses agentes são diversos, e muitos agem como substâncias miméticas de neurotransmissor, uma vez que “imitam” sua atividade biológica por ter estruturas semelhantes a esses. Além de atuarem como substâncias miméticas, esses compostos também podem exercer sua ação aumentando a concentração de neurotransmissores excitatórios na fenda sináptica, seja por inibição de enzimas que degradam neurotransmissores ou por inibição da recaptação dos mesmos. (BRUM, 2018). 9.1 Mecanismo de ação, estrutura química e relação estrutura-atividade dos estimulantes do sistema nervoso central O principal neurotransmissor excitatório do SNC é o glutamato; contudo, existem outros neurotransmissores que atuam e que agem como estimulantes do SNC, como a acetilcolina,a noradrenalina (norepinefrina), a adrenalina (epinefrina), a dopamina e a serotonina. São consideradas estimulantes do SNC aquelas substâncias que, de maneira geral, estimulam o funcionamento desse sistema, fazendo com que a pessoa que a utilizou fique mais “ligada”, agitada, “elétrica”, sem sono e sem apetite. A maioria das substâncias utilizadas como estimulantes do SNC possui indicação terapêutica reduzida, no entanto, são amplamente utilizadas como drogas ilícitas ou substâncias tóxicas. Para uma compreensão mais abrangente de como os fármacos estimulantes do SNC atuam, é importante entender, antes, como atuam os neurotransmissores excitatórios, uma vez que os fármacos e drogas estimulantes mimetizam ou potencializam a ação destes (BRUM, 2018). Com relação à classificação dos agentes estimulantes do SNC, para uma compreensão mais didática, estes são divididos em duas principais classes segundo Brum (2018): Estimulantes psicomotores: aumentam a atividade motora, diminuem a sensação de fadiga e elevam a sensação o estado e excitação e euforia, como, por exemplo a cocaína, a nicotina, anfetaminas, cafeína e análogos. 34 Estimulantes psicomiméticos: também chamados de alucinógenos, provocam efeitos profundos sobre o pensamento e a percepção da realidade, como, por exemplo, a dietilamida do ácido lisérgico (LSD), a fenciclidina e o tetraidrocanabinol (THC). Antidepressivos: os principais antidepressivos estimulantes do SNC incluem os inibidores da monoaminoxidase (IMAO; iproniazida, isocarboxazida tranilcipromina fenelzina) e inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS; imipramina, desipramina, clomipramina amitriptilina, nortriptilina). 9.2 Estimulantes psicomotores Cocaína A cocaína, cuja a estrutura química é representada na Figura 3, é uma substância de ocorrência natural, encontrada principalmente na América do Sul, em diversas espécies de plantas, em especial nas da espécie Erythroxylon coca. Até o momento, foram descritas sete formas estereoisoméricas de núcleos semelhantes à cocaína (3-(benzoiloxi)-8-metilazabiciclo [3.2.1] octan2-carboxilato de metilo), que apresentam, além de atividade estimulantes, atividades vasoconstritoras e sedativas locais. Assim, esses núcleos ativos serviram como um modelo para o desenvolvimento de outros agentes terapeuticamente úteis, incluindo anestésicos locais (BRUM, 2018). A cocaína é absorvida com dificuldade porque produz vasoconstrição, sendo metabolizada em grande parte pelo fígado e excretada pela urina. Quando absorvida e distribuída, estimula o córtex cere- bral e produz uma sensação de bem-estar e euforia, diminuindo a fadiga e aumentando a capacidade para o trabalho. O uso constante de cocaína leva à dependência (SILVA, 2015). Como agente estimulante, a cocaína apresenta atividade de inibição da recaptação de serotonina, noradrenalina e adrenalina. Contudo, seu uso como estimulante foi proibido, uma vez que essa substância causa dependência química. Na atualidade, os derivados da cocaína são aplicados na terapêutica clínica como fármacos anestésicos locais (KOROLKOVAS; BURCKHALTER, 1988; KATZUNG; TREVOR, 2017 apud BRUM, 2018). Anfetaminas 35 As anfetaminas são fármacos sintéticos análogos da adrenalina (fenilalaninas). Nesse cenário, seus efeitos biológicos se assemelham aos da epinefrina. A primeira anfetamina sintética foi a benzedrina, sintetizada pelo químico Lazar Edeleanu em 1887 na Alemanha; no entanto, seu uso terapêutico se deu em meados de 1932, na França (BRUM, 2018). As anfetaminas atuam como simpatomiméticos indiretos, liberando neurotransmissores em sinapses monoaminérgicas periféricas, no SNC, especialmente no córtex cerebral e na medula, com atividade agonista alfa e beta. Além disso, inibem a recaptação amínica neuronal e atuam como agonistas diretos em receptores dopaminérgicos e serotoninérgicos (SILVA, 2015 apud BRUM, 2018). Inicialmente, as anfetaminas foram introduzidas na terapêutica clínica para aliviar a fadiga, a broncodilatação e estimular o SNC. Entre 1932 e 1946, a indústria farmacêutica desenvolveu uma lista de 39 usos clínicos para a anfetamina. Atualmente, inúmeras atividades terapêuticas são atribuídas às anfetaminas. Após a introdução da benzedrina como fármaco, diversos outros derivados adrenérgicos surgiram pela indústria farmacêutica. A partir do conhecimento acerca da atividade terapêutica desses fármacos, foi possível estabelecer uma relação entre a estrutura química e a atividade farmacológica das anfetaminas (REA). As modificações são inseridas nas posições R1 (substituintes aromáticos), R2 (substituição da amina), R3 (substituição em Cα) e R4 (substituição em Cβ) (BRUM, 2018). Segundo Brum (2018) os substituintes aromáticos (R1): de maneira geral, substituição na porção aromática não são essenciais para a atividade estimulante das anfetaminas. No entanto, tais substituintes podem melhorar aspectos farmacocinéticos desses compostos, uma vez que, agindo no SNC, tais fármacos precisam atravessar a barreira hematoencefálica (barreira lipídica). Nesse contexto, substituintes lipofílicos como ésteres, -OCH3, favorecem a absorção e, consequentemente, melhoram a atividade, enquanto substituintes hidrofílicos, como – OH, diminuem a atividade. Substituição da amina (R2): aminas primárias apresentam melhor atividade farmacológica, seguida de aminas secundárias e terciárias. De maneira geral, quanto menos a amina for substituída, mais potente será o fármaco. 36 Substituição e Cα (R3) e Cβ (R4): as substituições nas cadeias laterais em ambos os carbonos Cα e Cβ diminuem a potência estimulante das anfetaminas, podendo levar até à perda da atividade (BRUM, 2018). Cafeína e análogos A cafeína, bem como seus análogos, teofilina e teobromina, são alcaloides de ocorrência natural, pertencente à classe das xantinas. O principal metabólito da cafeína é a paraxantina, e, embora as xantinas estimulantes do SNC possuam estrutura químicas semelhantes, seus efeitos não necessariamente são os mesmos. Em geral, essas xantinas atuam como inibidores não seletivos dos receptores de adenosina. A adenosina, possui efeitos de diminuição da excitação de neurônios, já a cafeína, por sua vez, aumenta a excitação de neurônios, que acarreta na liberação de adrenalina, potencializando seus efeitos. Isso ocorre porque a cafeína possui uma estrutura química semelhante à da adenosina (BRUM, 2018). 9.3 Estimulantes psicomiméticos Tetraidrocanabinol (THC) Os canabinoides são compostos de ocorrência natural que exercem efeitos estimulantes alucinógenos, podendo causar delírios, diminuição da percepção de tempo e espaço, e levar a pessoa a acessos de ira e pânico. Esses compostos 10 Estimulantes do sistema nervoso central podem ser encontrados em plantas das espécies Cannabis sativa, Cannabis indica e Cannabis ruderalis. O principal canabinol encontrado nessas espécies é o tetraidrocanabinol (THC), principal componente da maconha. Devido a seus efeitos alucinógenos sobre o SNC, esses compostos possuem baixa ou nenhuma aplicação terapêutica, e o conhecimento acerca de sua relação estrutura e atividade farmacológica ainda não está bem esclarecido (BRUM, 2018). Agentes antidepressivos 37 De maneira geral, os fármacos antidepressivos apresentam certa atividade estimulante sobre o SNC, uma vez que atuam promovendo o aumento de neurotransmissores estimulantes na fenda sináptica. Os mecanismos pelos quais esses fármacos agem está diretamente relacionado à sua estrutura química. Assim, alguns antidepressivos atuam inibindo seletivamente a recaptação de serotonina (ISRS), outros de dopamina e outros, de norepinefrina. Além disso, temos fármacos que atuam sobre a inibição da enzima que degrada neurotransmissores, a monoamina oxidase(MAO) (BRUM, 2018). De acordo com Brum (2018) a serotonina é um dos principais neurotransmissores relacionado à depressão, portanto, fármacos que atuam sobre a serotonina estão entre os mais utilizados para tratamentos de depressão. A diminuição da serotonina pode se dar por fatores externos ou por predisposição genética, e acarreta uma série de alterações fisiológicas que induzem à depressão. Fármacos que inibem a recaptação de serotonina tendem a aumentar sua concentração na fenda sináptica e, assim, potencializar seus efeitos no organismo. O planejamento e desenvolvimento dos ISRS surgiram como uma alternativa para redução dos efeitos colaterais e da baixa atividade terapêutica dos fármacos IMAO. Inicialmente, surgiram fármacos IRS não seletivos, como a amitriptilina, um antidepressivo tricíclico que inibe a recaptação de serotonina e norepinefrina. Na tentativa de diminuir efeitos colaterais e aumentar a seletividade frente à serotonina, surgiu o primeiro fármaco inibidor seletivo da serotonina, a zimelidina. Essa substância foi sintetizada a partir da amitriptilina, cujo anel central foi aberto para formar um análogo de difenilpropilamina. A zimelidina apresentou seletiva atividade inibitória da recaptação de serotonina, e mínimos efeitos colaterais foram observados. Assim, a zimelidina tornou- se o modelo para os ISRS de segunda geração (BRUM, 2018). 38 10 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ABRANTES, M. M. et al. Prevalência de sobrepeso e obesidade nas regiões nordeste e sudeste do Brasil. Rev Assoc Med Bras, v. 49, n. 2, p. 162-6, 2003. ALWAN, A. et al. Global status report on noncommunicable diseases 2010. World Health Organization, 2011. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2014. ANDRADE, Arthur Guerra de et al. 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