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RESPOSTA ENDÓCRINO, METABÓLICA E IMUNOLÓGICA AO TRAUMA – REMIT -REMIT é um complexo conjunto de respostas (endócrina, metabólica e imunológica) que é iniciada imediatamente após um trauma de etiologia diversa, para manter a homeostasia e a vida, sendo que essa resposta sempre será a mesma, variando apenas na intensidade a intensidade do trauma define ou modula a forma como a resposta será efetuada -Mecanismos desencadeantes lesão tecidual; perda sanguínea; ansiedade e dor Composição corporal mobilização de nutrientes -Glicogênio glicogenólise glicose Em casos graves as reservas de glicogênio acabam apelar para lipídeos e proteínas Glicose: principal fonte de energia para o reparo tecidual -Proteína (músculos) proteólise aa gliconeogênese Quando ocorre apenas o jejum a massa proteica é preservada na lesão traumática e/ou infecção ocorre o consumo de massa proteica -Lipídeo lipólise ácido graxo (fonte de energia) + glicerol (gliconeogênese) Definições importantes: -Catabolismo: destruição tecidual, especialmente a degradação de proteínas da massa corporal magra -Anabolismo: síntese tecidual, principalmente de proteína, essencial para a cicatrização das feridas e para os mecanismos de defesa pós-trauma -Hipermetabolismo: aumento na atividade metabólica, implicando num grande aumento na demanda de energia -Para alcançar seu objetivo de homeostasia e manutenção da vida precisa desencadear: Geração de energia Manutenção de um volume efetivo intravascular Hipermetabolismo -É necessário promover: Estabilidade hemodinâmica Preservação do aporte de O2 Mobilização de substratos calóricos (glicose) Redução da dor Manutenção da temperatura Estímulos muito intensos resposta exagerada e maléfica Lactato gliconeogênese -Perda de peso não intencional: a perda de 10% do peso corporal normal no período de 6 meses ou de 5% no período de 30 dias é a definição para a perda de peso que produz um significante risco à saúde FASES DA RESPOSTA AO TRAUMA Primeira fase – Catabólica -Resposta imediata (pró-inflamatória) objetivo disponibilizar os nutrientes necessários para o reparo tecidual -Eventos envolvidos: Gliconeogênese Proteólise (dos mm) e lipólise substrato para gliconeogênese e para o reparo tecidual Produção de proteínas de fase aguda Atividade imune de defesa Balanço nitrogenado negativo devido a intensa proteólise ↑ eliminação de bases nitrogenadas sob forma de ureia -Proteínas de fase aguda: Produzidas no fígado e servem como marcadores de lesão tecidual IL-6: estimula a produção Segunda fase – Anabólica Precoce -↓ hormônios catabólicos ↑ insulina e IGF-1 -Balanço nitrogenado positivo ganho de massa magra (síntese de proteínas) -↓ ADH + balanço de K+ ↑ diurese -↓ estado inflamatório e ↓ TNF-α reestabelecimento do apetite Fase Anabólica Tardia -Manutenção do balanço nitrogenado em equilíbrio -Ganho de peso aumento do tecido adiposo Balanço positivo de carbono (lipídeo) Resposta endócrina e metabólica ao trauma -A resposta endócrina é ativada por estímulos neurais nociceptivos periféricos a partir do local lesado vias nervosas somatossensoriais e autonômicas hipotálamo processamento central hipotálamo inicia as respostas eferentes através de 2 vias: (se alguma dessas vias sofrer lesão REMIT não é deflagrada) Eixo autonômico-adrenal (rápida) catecolaminas, ADH, renina e aldosterona manutenção do fluxo sanguíneo + suprimento de energia para órgãos vitais Eixo hipatálamo-hipofisário (lenta) hormônios esteroides e diminuição da secreção e efetividade da insulina induz alterações metabólicas para maior utilização de ácidos graxos mobilização da glicose e gorduras, hiperglicemia, aumento sérico de ácidos graxos livres, glicogênese e lipólise -Moduladores da resposta neuroendócrina: Características do ato cirúrgico Extensão do trauma tecidual Susceptibilidade do paciente Condições do paciente no pré-operatório Técnica anestésica/analgésica Como Aumentar a Glicose? Cortisol/Catecolaminas ADH/Aldosterona Glucagon/GH No estresse tem sua função anabólica abolida devido ação das citocinas Cortisol -Trauma físico elevação dos níveis sanguíneos do cortisol, paralela ao aumento do hormônio ACTH -Retorno aos níveis fisiológicos depende do quão extensa é a lesão -Efeitos: Efeito catabólico: produção de glicose e nutrientes para cicatrização Proteólise muscular aa gliconeogênese e produção de proteínas de fase aguda (fibrinogênio e PCR) Lipólise: ácido graxo (fonte de energia direta) e glicerol (gliconeogênese) Efeito imunossupressor Catecolaminas – adrenalina e noradrenalina -Ativação do eixo autonômico-adrenal acentuada elevação dos níveis plasmáticos de noradrenalina e adrenalina relação com a intensidade do trauma cirúrgico -Manifestações renais preservar volume ↑ renina (↑ aldosterona) e ↑ ADH -Manifestações hepáticas efeito metabólicos Glicogenólise, gliconeogênese e lipólise -Manifestação cardíaca: ↑ FC, ↑ PA e ↑ DC Vasoconstrição periférica -Manifestações do aparelho respiratório: ↑ FR e broncodilatação ↑ volume minuto -Glicocorticoides: necessários para que as catecolaminas atuem adequadamente Glucagon -Liberado pelas células alfa do pâncreas através de estímulos simpáticos e pela hipoglicemia -Função: Gliconeogênese hepática Insulina -Níveis reduzidos durante a fase catabólica para deixar substrato suficiente para o reparo tecidual (anabolismo suprimido) -Feedback negativo: glucagon, epinefrina e cortisol Aldosterona -Função: Preservar o volume intravascular reabsorção de Na+ e H2O + eliminação de K+ e H+ -Cirurgias de grande porte tendência a alcalose mista Hormônio Antidiurético – ADH -Em grandes traumas, sua elevação pode chegar a 50x níveis caem após o trauma -Funções: Preservar o volume intravascular Oligúria funcional aumenta a reabsorção de água nos túbulos coletores renais Vasoconstrição esplâncnica Efeitos metabólicos (catabólico) glicogenólise e gliconeogênese -ADH e aldosterona agem na tentativa de manter o volume arterial efetivo por meio da reabsorção de água Hormônio do crescimento (GH) -Lipólise: em conjunto com as catecolaminas -Função anabólica: produz o IGF-1 ele que exerce função anabólica Inibido na fase catabólica pela TNF-α e IL-6 Hormônios tireoidianos -TSH: normal ou discretamente diminuído -T4 total: diminuído Fração livre (ativa) está normal Síndrome do eutireoideo doente (função ok) -T3 total: diminuído ↓ conversão de T4 em T3 Resposta imunológica ao trauma -Intima relação com a resposta endócrina-metabólica Resposta inata: -Objetivos: Limitar o dano tecidual Combater microrganismos Iniciar a resposta adaptativa -Pouco específica e imediata primeira linha de defesa -Receptores: toll like -Deflagração da resposta inflamatória -Ativação e migração: neutrófilos, macrófagos, células NK, células dendríticas -Sistema complemento, citocinas, quimiocinas e proteínas de fase aguda -Citocinas inflamatórias IL-1, IL-6, IL-8 e TNF-α Migração celular através do endotélio Ativação de macrófagos e linfócitos Estímulos para produção de radicais livres pelo neutrófilo Aumento das prostaglandinas Proteólise e lipólise Produção de proteínas de fase aguda Estímulo à hematopoiese Estímulo à fibroblastos e produção de colágeno Citocinas anti-inflamatórias: IL-4, IL-10, IL-11, IL-13 e fator de crescimento transformador beta (TGF-beta) Resposta adaptativa-Mais prolongada e específica ao agente nocivo -Resposta humoral (anticorpos) e celular (células T citotóxicas) -Dependendo das citocinas produzidas na resposta inata, o linfócito Th0 pode se diferenciar: -Efeitos das principais citocinas Interação da resposta endócrina com a resposta imunológica -Glicocorticoide: Liberação de IL-10 anti-inflamatório Estimula apoptose de linfócito T IL-1, IL-6 e TNF-α estimulam a liberação de cortisol -Catecolamina ↓ produção de TNF-α Efeitos benéficos: Participação no processo de cicatrização de feridas Resposta contra microrganismos invasores Aumento da síntese de proteínas de fase aguda (IL-1 e IL-6) Estímulo à resposta imune Modulação da resposta imune (IL-10) Ação anti-inflamatória (IL-4) Diferenciação de linfócitos T e produção de IFN-Y Efeitos deletérios Febre pós-operatória (IL-1) Anorexia (IL-1) Caquexia e proteólise (TNF-α) Falência orgânica múltipla (IL-6 e IL-1) Diminuição da resposta a microrganismos invasores (IL-10) Principais mediadores e efeitos no pós-operatório Mecanismos de modulação em cirurgia -Cirurgia laparoscópica ↓ produção de citocinas -Cirurgia sob anestesia peridural atenuação da resposta endócrina REMIT em eventos graves -Estímulos mais intensos (maior destruição tecidual) REMIT mais exagerada disfunção de múltiplos órgãos e sistemas -Diminuição do volume intravascular estado de hipometabolismo -Com a restauração do volume intravascular (cristaloides e transfusões) estado de refluxo REMIT mais intensa Hipermetabolismo Efeitos deletérios: -Fase catabólica mais intensa -Proteólise exagerada Enfraquecimento da musculatura alterações ventilatórias (diafragma) Má cicatrização Perda de proteínas viscerais -Lipólise exagerada Formação de microembulos de gordura Acidose metabólica -Tônus adrenérgico persistente aumentado Diminuição da perfusão tecidual Abertura de shunts Eventos trombóticos e coagulopatias REMIT no jejum prolongado -Glicogenólise: libera glicose por 12-24h -Diminuição da glicemia gera supressão da insulina e aumento dos hormônios contrarreguladores glucagon, cortisol, adrenalina Proteólise e lipólise Gliconeogênese -Estado catabólico menos intenso que a REMIT em eventos graves -Após 5 dias de jejum a proteólise diminui Corpos cetônicos (lipólise) passam a ser fonte alternativa de energia (cetose de jejum) Acidose metabólica -400 kcal suficiente para interromper o processo de cetose de jejum
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