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MARSELLE MARMO DO NASCIMENTO SILVA BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E DO EMPREGO DE ADITIVOS Rio de Janeiro 2020 Marselle Marmo do Nascimento Silva BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E DO EMPREGO DE ADITIVOS Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências de Alimentos, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências de Alimentos Orientadores: Profa. Dra. Maria Alice Zarur Coelho Profa. Dra. Karen Signori Pereira Prof. Dr. Daniel Perrone Moreira Rio de Janeiro 2020 Marselle Marmo do Nascimento Silva BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS: PANORAMA SOBRE QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E DO EMPREGO DE ADITIVOS Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências de Alimentos, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências de Alimentos Aprovada por _____________________________________________________ Presidente: Profª. DSc. Maria Alice Zarur Coelho (EQ/UFRJ) _____________________________________________________ Orientadora: Profª. DSc. Karen Signori Pereira (EQ/UFRJ) _____________________________________________________ Orientador: Prof. DSc. Daniel Perrone Moreira (IQ/UFRJ) _____________________________________________________ Prof. DSc. Alexandre Guedes Torres (IQ/UFRJ) _____________________________________________________ Prof. DSc. Lauro Luís Martins Medeiros de Melo (IQ/UFRJ) _____________________________________________________ Prof. DSc. Marcelo Cristianini (FEA/ UNICAMP) _____________________________________________________ Prof. DSc. Flávio Luis Schmidt (FEA/UNICAMP) Rio de Janeiro 2020 AGRADECIMENTOS Quando essa jornada começou, 4 anos atrás, eu não poderia ter ideia de que sairia com muito mais do que uma tese. Foram anos de grandes, imensas transformações. Hoje vejo que fui impulsionada a amadurecer e me tornar uma pessoa muito diferente do que eu era. Aprendi, tropeçando em minhas inseguranças, a ter que tomar decisões. Buscando direções, fui motivada a orientar. De aluna, virei um pouquinho professora. Sem saber que eu era capaz, comecei a atuar de verdade, modificar as coisas. São tantas e tantas pessoas que viram tudo isso acontecer, tantas pessoas que contribuíram, que não sei como vou expressar todo esse sentimento. No apoio diário, nos momentos de total descrença de que tudo isso seria possível, está minha fortaleza, minha bússola, minha paz. Rafael, esse ano completamos 10 anos de um casamento de parceria inegociável. Te dedico essa tese, meu químico conselheiro. Aos meus pais, Marcia e Iran, eu sempre agradeço pelo suporte inabalável. Mesmo com tantas dúvidas sobre se seria possível, tanto psicológica como financeiramente, continuar essa jornada, eu sempre tive um porto seguro para aliviar esse peso. A menininha que eu fui ontem, entrega hoje essa tese nas mãos de vocês como prova de que o esforço valeu a pena. Felipe, meu irmãozinho, você sabe que essa tese também é sua. No dia a dia do laboratório você sempre enxergou coisas boas onde eu só via caos. Foram tantos puxões de orelhas para que eu aprendesse com meus erros! Obrigada por sempre dizer o que eu precisava ouvir, doendo o quanto doesse. Andressa e Tiago, essa amizade Sul-Sudeste-Nordeste me rendeu os melhores momentos: os mais leves e ao mesmo tempo mais profundos. Até hoje choro lágrimas nostálgicas e de agradecimento pelos momentos que tivemos. Aquele nosso ditado nunca foi tão verdadeiro e eu cheguei até aqui. Ariane, obrigada pelo tanto que você me ensinou como pessoa e como pesquisadora. Você foi uma parceira e tanto em muitos momentos dentro e fora do laboratório. Mariana, sua alegria e seu carinho fizeram diferença para mim em inúmeros momentos. Você secou minhas lágrimas muitas vezes e sempre disse que ia passar. E passou mesmo, obrigada. Júlio e Larissa, quantas risadas maravilhosas na mesa de almoço! Vocês são pessoas inesquecíveis e únicas (mas se parecem mesmo com aqueles popstars). Obrigada por me encherem de alegria mesmo nos dias nublados. Bia, eu não imaginava que fosse achar alguém tão parecida comigo assim. Olhando para você, eu entendi várias coisas sobre mim. Acho que o mesmo aconteceu na volta. Obrigada pelos abraços e pelas conversas. Haja chá de mulungu pra essa dupla! A todos que são e foram do BIOSE, representados aqui por esses mais próximos, eu agradeço eternamente pelo clima de ajuda mútua e compreensão. Participar desse grupo foi um grande privilégio. Thaís, você é uma das melhores parceiras de trabalho que já tive. Temos sintonia e uma complementa a outra. Sorte a minha que vamos continuar juntas, agora em outra jornada. João, você é daquelas pessoas que silenciosamente colabora com os outros. Todas as vezes que você me ajudou, na maioria das vezes pensando que eu não vi, eu reparei. Sou grata a você. A todos do MicrAlim, aqui representados pelos mais próximos, meu muito obrigada. Aos meus alunos Rafael, Daniele, Isabela, Danielle, Clarissa, Isabel, Flávia, Aloysio e Aline por terem confiado em mim para ajuda-los. Eu desejo ter contribuído de alguma forma para o crescimento de vocês. Professora Maria Alice, por todos os momentos que entrei na sua sala desesperada e sai com minha mente e meu coração calmos, eu agradeço. Sua experiência de vida como mulher e como cientista me fizeram colocar muitas coisas em perspectiva e ter um pouco mais de paciência, inclusive comigo mesma. Professora Karen, você foi o grande motor das minhas transformações. Hoje eu vejo tudo que me trouxe tantas agonias e inseguranças no passado e só consigo sentir gratidão. Obrigada por acreditar em mim quando nem eu mesma sabia acreditar. Professor Daniel, você para mim é uma grande inspiração por sua vontade de saber e de ensinar, sua organização e sua capacidade de gerenciar tantas coisas ao mesmo tempo com tanta elegância. Obrigada por ser um exemplo para a profissional que eu desejo ser um dia. A todos os meus professores, representados aqui pelos meus três orientadores de tese, eu deixo meu muito obrigada por cada gota de conhecimento que matou minha sede ao longo dos meus anos de formação. Aos meus amigos, Natália, Felipe, Daniela, Gabriel, Sara, Carina, Guilherme, Mariana, Bruna e Hívio por terem sido minha fuga, por terem mantido minha sanidade com tanto carinho e tantas risadas. Não é trivial terminar uma tese, mas com vocês por perto ficou muito mais fácil. A energia suprema do Universo, por te me permitido viver essa experiência de autoconhecimento e ter contribuído de alguma forma para a sociedade. “A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não seremos capazes de resolver os problemas causados pela forma como nos acostumamos a ver o mundo” Albert Einstein RESUMO SILVA, Marselle Marmo do Nascimento. Bebidas não alcoólicas: avaliação da qualidade microbiológica e do emprego de aditivos. Rio de Janeiro, 2020. Tese (Doutorado em Ciência de Alimentos) – Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2020. O mercado de bebidas não alcoólicas é um nicho a ser explorado, com potencial crescimento devido a fatores como o crescimento populacional e a procura por diversificação de produtos. Neste trabalho, foram realizadas análises microbiológicas em bebidas não alcoólicas de uma marca brasileirae uma marca boliviana. No caso da indústria brasileira, amostras de matérias-primas e amostras ambientais foram obtidas. Como resultado, foram isoladas bactérias Gram positivas, Gram negativas, leveduras e fungos filamentosos. Estes resultados apontam para a falta de controle de processo e de padronização das matérias-primas utilizadas. A grande maioria das bebidas não alcoólicas possui aditivos em suas formulações, visando impedir o crescimento microbiano, para aumento da validade comercial do produto. Os principais aditivos utilizados são o ácido benzóico e o ácido ascórbico, conservante e acidulante, respectivamente. Contudo, durante o tempo de validade comercial do produto, estes compostos tendem a reagir, formando benzeno, um composto de potencial carcinogêneo. Soluções sintéticas contendo ácidos benzóico (500 mg.L-1) e ascórbico (300 mg.L-1) nas concentrações usualmente empregadas pela indústria de bebidas foram avaliadas durante 20 semanas, à 4, 25 e 40 °C. A formação de benzeno aumentou conforme o aumento da temperatura e ademais, outros compostos como fenol foram formados; também com potencial carcinogênico. Ao longo do tempo e com o uso indiscriminado, diversas linhagens de micro- organismos têm sido selecionadas e vêm se tornando resistentes a esses aditivos. Este trabalho avaliou a atividade inibitória de seis ácidos orgânicos (benzóico, sórbico, cítrico, ascórbico, málico e gálico) frente a micro-organismos isolados de produtos comerciais deteriorados. Como busca de compostos alternativos aos ácidos orgânicos, a capacidade antimicrobiana de seis peptídeos sintéticos (FEFR, FEFEFRFK, FEFKFEFKK, FEFRFEFK, FEFRFEFKK e FEFKFEFKGGGRGDS) também foi avaliada frente a micro- organismos de importância na indústria alimentícia. Palavras-chave: benzeno, deterioradores, bactérias acidófilas, conservantes, peptídeos antimicrobianos ABSTRACT SILVA, Marselle Marmo do Nascimento. Non-alcoholic beverages: evaluation of microbiological quality and use of additives. Rio de Janeiro, 2020. Tese (Doutorado em Ciência de Alimentos) – Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2020. The soft drinks market is a niche to be explored, with potential growth due to factors such as population growth and demand for product diversification. In this work, microbiological analyses were performed on non-alcoholic beverages of a Brazilian brand and a Bolivian brand. In the case of the Brazilian industry, samples of raw materials and environmental samples were obtained. As results, Gram positive, Gram negative, yeast and filamentous fungi were isolated. These findings point to the lack of process control and standardization of raw materials used. The vast majority of non-alcoholic beverages have additives in their formulations, aimed at preventing microbial growth, to increase the shelf life of the product. The main ones used are benzoic acid and ascorbic acid, preservative and acidulate, respectively. However, during the shelf life, these compounds tend to react, forming benzene, a compound with carcinogenic potential. Synthetic solutions containing benzoic (500 mg.L-1) and ascorbic (300 mg.L-1) acids in the concentrations usually employed by the beverage industry were evaluated for 20 weeks, at 4, 25 and 40°C. The formation of benzene increased as the temperature increased and in addition, compounds such as phenol were formed; also with carcinogenic potential. Over time and with indiscriminate use, several strains of microorganisms have been selected and have become resistant to these additives. This work evaluated the inhibitory activity of six organic acids (benzoic, sorbic, citric, ascorbic, malic and gallic) against microorganisms isolated from deteriorated commercial products. As a search for alternative compounds to organic acids, the antimicrobial capacity of six synthetic peptides (FEFR, FEFRFK, FEFRFK, FEFRFKK and FEFKFFKGGRGDS) was also evaluated against microorganisms of importance in the food industry as pathogens or spoilage. Keywords: benzene, spoilage, acidophilic bacteria, preservatives, antimicrobial peptides PUBLICAÇÕES RELACIONADAS A ESTA TESE Resumos em congresso PEREIRA, K. S.; SILVA, M. M. N; HOLANDA, V. L.; COELHO, M. A. Z. Case Studies of Spoilage in Soft-drinks. In: Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos, 2019, Campinas. Anais do 13º Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos, 2019. PEDROSA, L.; LOURENCO, H. S.; SILVA, M. M. N; PEREIRA, K. S; COELHO, M. A. Z. Identificação de leveduras contaminantes em sucos e polpa de fruta industrializados. In: 10ª Semana de Integração Acadêmica da UFRJ, 2019, Rio de Janeiro. Anais do 10ª Semana de Integração Acadêmica da UFRJ, 2019. ALMEIDA, D. M. M.; Souza, C. R.; SILVA, M. M. N.; PEREIRA, K. S. Avaliação microbiológica de refrescos de frutas em embalagens estufadas: estudo de caso em uma indústria de bebidas. In: 9ª Semana de Integração Acadêmica da UFRJ, 2018, Rio de Janeiro. Anais da 9ª Semana de Integração Acadêmica da UFRJ, 2018. SILVA, M. M. N; SILVA, R. S.; CRUZ, T. A.; PINHO, M. B.; PEREIRA, K. S.; COELHO, M. A. Z. Spoilage growth and benzene evaluation of Brazilian non- carbonated guarana (Paullinia cupana) soft drinks. In: XI Congreso Iberoamericano de Ingeniería de Alimentos (CIBIA 2017), 2017, Valparaíso. XI Congreso Iberoamericano de Ingeniería de Alimentos, 2017. Trabalhos completos em congresso SILVA, M. M. N; PEREIRA, K. S; COELHO, M. A. Z. Benzoic acid and benzene quantification in non-carbonated guarana (Paullinia cupana) soft drinks commercialized in Rio de Janeiro. In: XXII Congresso Brasileiro de Engenharia Química, 2018, São Paulo. Blucher Chemical Engineering Proceedings. São Paulo: Editora Blucher, 2018. p. 709. Artigos publicados em revistas científicas SILVA, M. M. N; SILVA, R. S.; CRUZ, T. A.; PINHO, M. B.; PEREIRA, K. S.; COELHO, M. A. Z. Spoilage growth and benzene evaluation of non-carbonated soft drinks. CHEMICAL ENGINEERING TRANSACTIONS, v. 75, p. 97-102, 2019. SILVA, M. M. N; ALBUQUERQUE, T. L.; PEREIRA, K. S.; COELHO, M. A. Z. Food additives used in non-alcoholic water-based beverages: a review. Journal of Nutritional Health & Food Engineering, v. 9, p. 109-121, 2019. http://lattes.cnpq.br/3348345023065192 http://lattes.cnpq.br/3348345023065192 http://lattes.cnpq.br/3348345023065192 OUTRAS PUBLICAÇÕES DURANTE O PERÍODO DO DOUTORADO Resumos em congresso SILVA, A. R. A.; SILVA, M. M. N., RIBEIRO, B. D. Nutritional and Color Comparison of Cow's Milk and Plant Based Milk. In: Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos, 2019, Campinas. Anais do 13º Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos. Campinas, 2019. Borges, T. J.; SILVA, M. M. N; PEREIRA, K. S. Identificação de Deterioradores em Caldas para Sobremesa e Molhos Estufados. In: Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos, 2019, Campinas. Anais do 13º Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos, 2019. Corrêa, D. S.; GULAO, E. S.; SILVA, M. M. N.; COELHO, M. A. Z.; ROCHA- LEAO, M. H. M. Estabilidade de emulsões O/A obtidas a partir de goma arábica e inulina. In: 9ª Semana de Integração Acadêmica da UFRJ, 2018, Rio de Janeiro. Anais da 9ª Semana de Integração Acadêmica da UFRJ, 2018. ALMEIDA, D. M. M.; SILVA, M. M. N; PEREIRA, K. S. Comparação de metodologias para determinação de contaminantes na indústria cervejeira utilizando Orange Serum Agar e Petrifilm Lactic Acid Bacteria Count Plates. In: 9ª Semana de Integração Acadêmica da UFRJ, 2018, Rio de Janeiro. Anais da 9ª Semana de Integração Acadêmica da UFRJ, 2018. SALES, J. C. S.; SILVA, M. M. N; LAZARO, C. C.; PEREIRA, K. S.; RIBEIRO, B. D.; COELHO, M. A. Z. Enzymes Production by Aspergillus versicolor via Solid- State Fermentation. In: XIII Seminário Brasileiro de Tecnologia Enzimática, 2018, Florianópolis.Anais do XIII Seminário Brasileiro de Tecnologia Enzimática, 2018. ALMEIDA, D. M. M.; SILVA, M. M. N; PEREIRA, K. S. Comparação de metodologias para determinação de contaminantes na indústria cervejeira utilizando Plate Count Agar e Petrifilm Rapid Aerobic Count Plate. In: 9ª Semana de Integração Acadêmica da UFRJ, 2018, Rio de Janeiro. Anais da 9ª Semana de Integração Acadêmica da UFRJ, 2018. Trabalhos completos em congresso MORETTI, L. K.; ALMEIDA, D. M. M.; Borges, T. J.; SILVA, M. M. N; PEREIRA, K. S. Microbiological contamination in brewing process: a case study in breweries in Rio de Janeiro. In: XXII Simpósio Nacional de Bioprocessos, 2019, Uberlândia. Anais do XXII Simpósio Nacional de Bioprocessos, 2019. ALMEIDA, D. M. M.; SILVA, M. M. N.; PEREIRA, K. S. Análise comparativa de metodologias para detecção de aeróbios mesófilos da indústria cervejeira. In: XXVI Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos, 2018, Belém. Anais do XXVI Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos, 2018. Artigos publicados em revistas científicas SILVA, ALINE R.A.; SILVA, M. M. N.; RIBEIRO, BERNARDO D. Health Issues and Technological Aspects of Plant-based Alternative Milk. FOOD RESEARCH INTERNATIONAL, v. 131, p. 108972, 2020. Borges, T. J.; MORETTI, L. K.; SILVA, M. M. N; PEREIRA, K. S.; TONDO, E. C. Salmonella sensitivity to sodium hypochlorite and citric acid in washing water of lettuce residues. JOURNAL OF FOOD SAFETY, 2019. Capítulo de livro SILVA, M. M. N.; PEREIRA, K. S.; RIBEIRO, B. D. Grupos microbianos de importância para a indústria de alimentos. In: RIBEIRO, B. D.; NASCIMENTO, R. P.; PEREIRA, K. S.; COELHO, M. A. Z. (Org.). Microbiologia Industrial Alimentos. 1ed.Rio de Janeiro: Elsevier, 2018, v. 2, p. 1-18. Lista de Ilustrações e Tabelas Revisão Bibliográfica Figura 1. Categorias de bebidas atualmente adotadas (Fonte: ROETHENBAUGH, 2005). ......................................................................................................................... 22 Quadro 1. Classificação geral das bebidas não alcoólicas de acordo com o Codex Alimentarius (Fontes: FAO/WHO, 2005 e FAO/WHO, 2016). ...................................... 24 Quadro 2. Segmentação do mercado brasileiro de bebidas não alcoólicas em 2017 (Fonte: ABIR, 2018). ................................................................................................... 26 Quadro 3. Receita, consumo per capita e volume por pessoa de bebidas não alcoólicas em 2018 e perspectivas (2019-2021) (Fontes: STATISTA, 2018, baseado em FMI, Banco Mundial, ONU e Eurostat). ............................................................................... 27 Figura 2. Estrutura do ácido ascórbico (RUSSEL, 1994). ........................................... 42 Figura 3. Estrutura do ácido benzóico (RUSSEL, 1994). ............................................ 42 Figura 4. Formação de radical hidroxila a partir de ácido ascórbico (H2Asc) em presença do íon Cu+2 (Adaptado de HALLIWELL e GUTTERIDGE, 1985). .............................. 43 Figura 5. Equilíbrio do ácido benzóico e seu sal conjugado (Adaptado de RUSSEL, 1994). ......................................................................................................................... 43 Figura 6. Mecanismo de formação do benzeno a partir da reação com radical hidroxila (Adaptado de WIKIMEDIA COMMONS, 2016). ........................................................... 44 Figura 7:Estrutura do fenol (RUSSEL, 1994). ............................................................. 45 Capítulo 1 Quadro 1. Origem, amostras analisadas e formas de apresentação das bebidas estudadas. .................................................................................................................. 53 Figura 1. Esquema simplificado de identificação dos isolados através da espectrometria Matrix Associated Laser Desorption-Ionization - Time of Flight (MALDI-TOF)...............55 Figura 2. Percentual de prevalência de tipos de micro-organismos distintos nas bebidas não alcoólicas estudadas de aspecto normal.................................................................56 Figura 3. Percentual de prevalência de tipos de micro-organismos distintos nas bebidas não alcoólicas estudadas estufadas e/ou com crescimento microbiano visível. .......... 57 Figura 4. Microscopia, com aumento total de 1000x, dos fungos filamentosos isolados da indústria boliviana identificados através de características fenotípicas. ................. 60 Figura 4 cont. Microscopia, com aumento total de 1000x, dos fungos filamentosos isolados da indústria boliviana identificados através de características fenotípicas.......62 Figura 5. Microscopia, com aumento total de 1000x, dos fungos filamentosos isolados da indústria boliviana identificados através de características fenotípicas.....................63 Capítulo 2 Figura 1. Esquema simplificado da amostragem realizada para avaliação de soluções sintéticas. .................................................................................................................... 67 Figura 2. Esquema da adsorção do benzeno na fibra CAR-PMDS (Fonte: Elaboração própria) ................................................................................... ....................................69 Figura 3. Concentração dos ácidos ascórbico e benzóico e formação de benzeno na presença de Cu+2 e Fe+3 à 4 ºC (A), 25 ºC (B) e 40 ºC (C).............................................70 Figura 4. Cromatograma com os tempos de retenção do fenol (1) e do ácido benzóico (2), identificados por GC/MS, para o tempo de estocagem 20 semanas à 40ºC de solução sintética............................................................................................................72 Capítulo 3 Figura 1. Esquema para análise de Concentração Mínima Inibitória de compostos de potencial antimicrobiano)...............................................................................................76 Tabela 1. Concentração mínima inibitória (CMI) relativa a seis ácidos orgânicos distintos.........................................................................................................................78 Tabela 2. Concentração mínima inibitória (CMI) relativa a seis peptídeos distintos...... 80 SUMÁRIO Introdução ................................................................................................................... 20 Objetivos ..................................................................................................................... 21 Revisão da Literatura .................................................................................................. 22 1. Bebidas não alcoólicas ........................................................................................ 22 2. Mercado mundial de consumo de bebidas não alcoólicas .................................... 27 3. Microbiologia de bebidas não alcoólicas .............................................................. 29 3.1. Bactérias lácticas e acéticas ................................................................................ 30 3.2. Leveduras e fungos filamentosos ......................................................................... 31 4. Aditivos alimentares utilizados em bebidas e suas funções ................................. 32 4.1. Conservantes ....................................................................................................... 32 4.1.1. Antioxidantes ................................................................................................ 33 4.1.2. Agentes antimicrobianos............................................................................... 34 4.1.3. Agentes anti-escurecimento ......................................................................... 35 4.2. Agentes de coloração ..........................................................................................36 4.3. Agentes flavorizantes .......................................................................................... 38 4.4. Agentes texturizantes.......................................................................................... 39 4.5. Aditivos nutricionais ............................................................................................ 40 4.6. Legislação ............................................................................................................ 41 5. Mecanismo de formação de benzeno a partir de aditivos ácidos ......................... 42 6. Desenvolvimento de novos aditivos ........................................................................ 45 6.1. Óleos essenciais .................................................................................................. 47 6.2. Peptídeos antimicrobianos ................................................................................... 49 6.3. Saponinas ............................................................................................................ 50 6.4. Flavonóides ......................................................................................................... 51 Capítulo 1 – Prevalência de micro-organismos em bebidas não alcoólicas comerciais..53 1. Introdução ............................................................................................................ 53 2. Materiais e métodos ............................................................................................. 54 2.1. Amostras.............................................................................................................. 54 2.2. Metodologias ....................................................................................................... 55 3. Resultados e Discussão ....................................................................................... 57 4. Conclusões .......................................................................................................... 66 Capítulo 2 - Avaliação da dissociação de aditivos conservantes e da formação de compostos de potencial carcinogênico e mutagênico em bebidas não alcoólicas ....... 67 1. Introdução ............................................................................................................ 67 2. Materiais e Métodos ............................................................................................. 68 2.1. Elaboração da solução sintética de bebidas não alcoólicas ................................. 68 2.2. Determinação da degradação dos ácidos orgânicos ............................................ 69 2.3. Determinação da formação de benzeno .............................................................. 69 2.4. Avaliação da formação de subprodutos de benzeno ............................................ 70 3. Resultados e Discussão ....................................................................................... 70 4. Conclusões .......................................................................................................... 74 Capítulo 3 - Concentração mínima inibitória de compostos com potencial antimicrobiano frente a micro-organismos contaminantes na indústria de bebidas ............................. 75 1. Introdução ............................................................................................................ 75 2. Materiais e Métodos ............................................................................................. 76 2.1. Ácidos orgânicos .................................................................................................. 77 2.2. Peptídeos antimicrobianos ................................................................................... 77 3. Resultados e Discussão ....................................................................................... 78 4. Conclusões .......................................................................................................... 82 Conclusão geral .......................................................................................................... 82 Sugestões para trabalhos futuros ............................................................................... 84 Agradecimentos .......................................................................................................... 84 Referências ................................................................................................................ 85 ANEXO I Concentração máxima de aditivos permitida em bebidas não alcoólicas à base de água, de acordo com o Codex Alimentarius (Adaptado de FAO/WHO, 2016) ...... 102 20 Introdução Alimentos e bebidas são matrizes bioquímicas complexas que muitas vezes são estudadas de forma fragmentada. Para que um alimento seja conhecido em sua totalidade, é preciso compreender as interações dos compostos naturalmente presentes, dos componentes adicionados intencionalmente com funções específicas, dos compostos formados ao longo da vida comercial, da microbiota natural, dos micro-organismos adicionados com funções específicas, dos micro-organismos contaminantes e de outros tantos fatores, intrínsecos e extrínsecos. Estudar matrizes tão únicas abordando mais de uma vertente se prova um trabalho desafiador, e por isso mesmo, de grande importância para responder a questões referentes ao aperfeiçoamento de processos produtivos e ao desenvolvimento de novos produtos. Bebidas não alcoólicas são amplamente consumidas mundialmente e, por si só, já possuem inúmeras formulações e variações de acordo com as matérias- primas, motivação de consumo, e formas de armazenamento. Visando unir aspectos biológicos e físico-químicos, o presente trabalho reuniu dados microbiológicos sobre produtos, majoritariamente sobre os micro-organismos deterioradores, e, também, relativos a interações de aditivos conservantes usados com o objetivo de inibir tais deterioradores, questionando sua eficiência. Ainda sobre os aditivos, foi demonstrado como se comportam ao longo da vida comercial média das bebidas, identificando produtos e subprodutos das reações, muitas vezes com potencial tóxico ao consumo humano. Tal estudo, além de responder a questionamentos importantes sobre a eficácia das atuais formulações empregadas nas bebidas não alcoólicas, também leva a questionar outros tantos alimentos, que são matrizes ainda mais complexas que as bebidas estudadas. 21 Objetivos Geral O objetivo deste trabalho foi avaliar a segurança química e a qualidade microbiológica de bebidas não alcoólicas no que tange a presença de micro- organismos deterioradores ou patógenos bem como a influência dos aditivos ácidos na formação de compostos com potencial carcinogênico. Específicos Capítulo 1: Identificar os principais micro-organismos contaminantes de diversas bebidas não alcoólicas comerciais. Capítulo 2: Determinar os perfis de degradação dos ácidos orgânicos mais empregados nas indústrias de bebidas, bem como a formação de compostos com potencial carcinogênico. Capítulo 3: Avaliar a capacidade antimicrobiana dos ácidos orgânicos já empregados e de compostos alternativos. 22 Revisão da Literatura 1. Bebidas não alcoólicas O grupo das bebidas é dividido em bebidas alcoólicas e não alcoólicas. O grupo alcoólico inclui cerveja e bebidas de malte, sidra e perry, vinhos, fermentados alcoólicos de frutas, hidromel, bebidas destiladas e bebidas alcoólicas aromatizadas (FAO/WHO, 2016). As bebidas não alcoólicas são subdivididas em bebidas quentes, refrigerantes e bebidas lácteas (na Figura 1 pode ser observada a divisão destas categorias). De acordo com o Codex Alimentarius, bebidas não alcoólicas incluem águas e águas gaseificadas, sucos e néctares de frutas e vegetais, bebidas à base de água, gaseificadas e não- carbonatadas e bebidas comocafé e chá, conforme descrito no Quadro 1 (FAO/WHO, 2005 e FAO/WHO, 2016). No âmbito brasileiro, segundo o Decreto nº 6.871 de 2009, bebida não alcoólica é a bebida com graduação alcoólica até 0,5 % em volume, à 20 °C, de álcool etílico potável, podendo ou não ser fermentada. Nessa legislação, há a Bebidas Não alcoólicas Alcoólicas Vinho Destilados Cerveja Outros alcoólicos Refrigerantes Chá Café Outras quentes Quentes Leite Leite aromatizado Lácteas Carbonatados Concentrados Sucos e néctares Águas Figura 1. Categorias de bebidas atualmente adotadas (Fonte: ROETHENBAUGH, 2005). 23 segmentação e definição das bebidas não alcoólicas em sucos, polpas, água de coco, néctar, refresco, refrigerante, água tônica de quinino, xarope, concentrado líquido para refresco, concentrado líquido para refrigerante, preparado sólido para refresco, chá pronto para consumo, preparado líquido para chá, bebida composta de fruta, polpa ou extrato vegetal e extrato de guaraná (BRASIL, 2009). Já a RDC nº 18 de 2010, que dispõe sobre alimentos para atletas, apresenta isotônicos como produtos prontos para o consumo com osmolalidade entre 270-330 mOsm.kg-1 água, pertencendo então ao grupo das bebidas não alcoólicas (BRASIL, 2010). Em paralelo ao apresentado no Quadro 1, se encaixam na categoria de bebidas à base de água desportivas, contendo eletrólitos. As bebidas à base de leite são geralmente incluídas nos produtos lácteos, já que o leite é o componente majoritário (FAO/WHO, 2016). Roethenbaugh (2005) considera o café e o chá como uma categoria diferente, separando as bebidas quentes das demais não alcoólicas, uma vez que, de fato, têm processos e procedimentos de armazenamento diferentes. Seguindo as premissas da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, sigla do inglês Food and Agriculture Organization), para este trabalho, só serão consideradas as bebidas de café e chá prontas para beber, que são classificadas como bebidas não-carbonatadas à base de água. Devido ao ritmo de atividades que o mundo globalizado tem imposto às pessoas, a necessidade de alimentos e bebidas mais convenientes (ou seja, fácil acesso e preparação) está aumentando. Uma das principais áreas da Ciência e Tecnologia de Alimentos visa preservá-los sem passar por processos que levem a mudanças significativas em suas características sensoriais e nutricionais, ou seja, estando o mais próximo possível de um alimento in natura. 24 Quadro 1. Classificação geral das bebidas não alcoólicas não lácteas de acordo com o Codex Alimentarius (Fontes: FAO/WHO, 2005 e FAO/WHO, 2016). Bebidas não alcoólicas Descrição Águas 1. Águas minerais naturais e águas de nascente: naturalmente carbonatadas (com CO2 da fonte), carbonatadas (com adição de CO2 de outra origem), descarbonatadas (com menos CO2 presente que na água da fonte) ou fortificadas (com CO2 da fonte), e não-carbonatadas (não contêm CO2 livre). 2. Águas de mesa e águas gaseificadas: águas que não sejam águas de fonte natural que podem ser carbonatadas por adição de CO2 e podem ser processadas por filtração, desinfecção ou outros meios adequados. Estas águas podem conter sais minerais adicionados. Sucos de frutas e de vegetais 1. Suco de fruta: líquido não fermentado, mas fermentável, obtido da parte comestível da fruta madura e fresca, geralmente por extração mecânica 2. Suco de vegetais: líquido não fermentado, mas fermentável, obtido pela extração mecânica de vegetais frescos. 3. Concentrados para sucos de fruta: preparados pela remoção física da água do suco de fruta para aumentar o grau Brix. Pode ser vendido em forma líquida, em xarope e congelado para a preparação de suco pronto para beber, por adição de água. 4. Concentrados para sucos de vegetais: preparados pela remoção física da água do suco de vegetais. Vendido em forma líquida, xarope e congelado para a preparação de um suco pronto para beber, por adição de água. Néctares de frutas e de vegetais 1. Néctar de fruta: produto não fermentado, mas fermentável, obtido por adição de água com ou sem adição de açúcar, mel, xaropes e/ou edulcorantes ao suco de fruta, suco de fruta concentrado, puré de fruta ou puré de fruta concentrado, ou uma mistura desses produtos. 25 2. Néctar vegetal: produto obtido por adição de água com ou sem adição de açúcar, mel, xaropes e/ou edulcorantes ao suco de vegetais ou ao suco de vegetais concentrado, ou a uma mistura desses produtos. 3. Concentrados para néctar de fruta: preparados pela remoção física da água do néctar de fruta. Vendido em forma líquida, xarope e congelado para a preparação de néctar pronto para beber, por adição de água. 4. Concentrados para néctar de vegetais: preparados pela remoção física da água do néctar de vegetais. Vendido em líquido, xarope e formas congeladas para a preparação de néctares prontos para beber por adição de água. Bebidas à base de água 1. Bebidas aromatizadas carbonatadas à base de água: inclui bebidas aromatizadas à base de água com adição de CO2, com edulcorantes nutritivos, não nutritivos e/ou intensos e outros aditivos alimentares permitidos. Inclui as chamadas bebidas "energéticas" que são carbonatadas e contêm altos níveis de nutrientes e outros ingredientes (por exemplo, cafeína, taurina, carnitina). 2. Bebidas aromatizadas não carbonatadas à base de água: inclui bebidas aromatizadas à base de água sem adição de CO2, bebidas à base de sucos de frutas e vegetais (por exemplo, amêndoas, bebidas à base de coco), bebidas de café e chá prontas para beber com ou sem leite ou sólidos de leite, bebidas à base de ervas e bebidas "desportivas" contendo eletrólitos. Podem ser límpidas ou conter partículas (por exemplo, pedaços de fruta), e podem ser não adoçadas ou adoçadas com açúcar ou um adoçante não-nutritivo de alta intensidade. Inclui as chamadas bebidas "energéticas", que não são carbonatadas e contêm altos níveis de nutrientes e outros ingredientes (por exemplo, cafeína, taurina, carnitina). 3. Concentrados (líquidos ou sólidos) para bebidas aromatizadas à base de água: inclui concentrados em pó, xarope, líquidos e congelados para a preparação de bebidas carbonatadas ou não carbonatadas à base de água 26 sem álcool por adição de água ou água carbonatada. Exemplos incluem xaropes de fontes (por exemplo, xarope de cola), xaropes de frutas para refrigerantes, concentrado congelado ou em pó para limonada e misturas de chá gelado. 27 2. Mercado mundial de consumo de bebidas não alcoólicas Bebidas não alcoólicas comerciais estão disponíveis na maioria dos países do mundo, uma vez que a sua produção é relativamente simples e uma grande variedade de matérias-primas locais pode ser utilizada. Em geral, o registro do consumo de bebidas em todo o mundo é baseado no controle das próprias empresas, o que pode levar a erros na obtenção de dados, principalmente em relação à variedade da natureza das bebidas consumidas dentro das populações (ROTHWELL et al., 2018). O Quadro 2 apresenta a segmentação desse setor por categoria de bebida, elencando-as por ordem de volume de produção no ano de 2017. Constata-se que refrigerantes, seguidos por águas minerais, refrescos em pó (volume reconstituído), néctares e sucos prontos representam cerca de 96% do perfil de consumo do brasileiro quando se trata de bebidas não alcoólicas. Quadro 2. Segmentação do mercado brasileiro de bebidas não alcoólicas em 2017 (Fonte: ABIR, 2018). Categoria de bebidas Volume de produção (bilhões de L) Produção em relação ao total (%) Consumo per capita (L.habitante-1) Refrigerantes 12,84 42,1 61,82 Águas minerais 11,26 36,9 54,22 Refrescos em pó 3,99 13,1 19,20 Néctares e sucos prontos 1,10 3,61 5,31 Sucos concentrados 0,511 1,67 2,46 Refrescos prontos para beber 0,373 1,221,80 Bebidas à base de soja 0,124 0,41 0,60 Chás prontos para beber 0,116 0,38 0,56 Energéticos 0,098 0,32 0,47 Isotônicos 0,084 0,28 0,40 28 Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (ABIR), o volume de produção do mercado brasileiro de bebidas não alcoólicas foi de 30,5 bilhões de litros em 2017, um consumo de 146,84 L.habitante-1 (ABIR, 2018). O Quadro 3 apresenta uma visão geral das estatísticas do mercado mundial de bebidas não alcoólicas de 2018, que inclui águas engarrafadas, sucos e outras bebidas não alcoólicas. Quadro 3. Receita, consumo per capita e volume por pessoa de bebidas não alcoólicas em 2018 e perspectivas (2019-2021) (Fontes: STATISTA, 2018, baseado em FMI, Banco Mundial, ONU e Eurostat). Estatísticas do mercado de bebidas não alcoólicas em 2018 Região Receita (Milhões de US$) Consumo per capita (US$) Volume por pessoa (L) Crescimento esperado até 2021 (%) América do Norte 164,40 330,73 355,5 2,1 América do Sul 40,40 156,86 173,0 6,7 Europa 89,74 171,65 217,8 1,7 Australia 6,62 267,59 177,0 2,3 Ásia 144,82 41,34 82,7 7,7 Em relação à América do Norte, 80,4% da receita total foi proveniente dos Estados Unidos, que por si só foi maior do que a da América do Sul, Europa e Austrália. Na América do Sul, os dados disponíveis apresentados na tabela foram compostos apenas por estatísticas do Brasil e da Argentina. Os dados da Ásia foram obtidos de 11 países e da Europa, 27 países. Na América do Sul e na Ásia, as perspectivas de crescimento anual foram superiores a 5% até 2021. Todo o crescimento expressivo do mercado esperado até 2021 deve-se a alta disponibilidade destes produtos em supermercados e estabelecimentos em geral, serviços de alimentação e bebidas, lojas de conveniência e máquinas automáticas de venda. Esses números mostram a relevância das bebidas não alcoólicas no mundo, sugerindo que esse setor precisa de mais atenção com relação à qualidade dos ingredientes e aditivos que são introduzidos diariamente na alimentação humana (STATISTA, 2018). 29 O mercado global de alimentos e bebidas tem crescido substancialmente nos últimos 10 anos. Segundo dados da Persistence Market Research (2019), as bebidas não alcoólicas estão ganhando grande popularidade na Ásia- Pacífico, devido ao grande consumo de chá e café na região, especialmente em países como a Índia. O consumo de bebidas não alcoólicas na Ásia-Pacífico foi de 200 bilhões de litros em 2016 e espera-se que atinja 301 bilhões de litros até 2027. Em retrospectiva ao Quadro 3, as projeções de crescimento do consumo da Ásia (7,7%) e da América Latina (6,7%) até 2021 são próximas, reforçando o potencial do setor de bebidas no quadro econômico brasileiro. Nessa mesma tendência, os consumidores norte-americanos estão buscando hábitos alimentares mais saudáveis e, portanto, aumentaram o consumo de bebidas energéticas, sendo esperado um aumento de aproximadamente 150% até 2027. Já a Europa é considerada o terceiro maior mercado de bebidas não alcoólicas, depois da Ásia-Pacífico e América do Norte, especialmente dada a crescente popularidade do chá em toda a região (PERSISTENCE MARKET RESEARCH, 2019). 3. Microbiologia de bebidas não alcoólicas O crescimento de micro-organismos em alimentos está relacionado a fatores inerentes ao mesmo, chamados intrínsecos, como pH e atividade de água, e fatores extrínsecos, como temperatura, umidade relativa e presença de gases. A alteração de um ou mais fatores interfere diretamente na microbiota que irá se desenvolver no alimento, que pode ser contaminante ou até mesmo necessária para as características do produto, como é o caso de alguns alimentos e bebidas fermentados (LEISTNER e GORRIS, 1995; BARTH et al., 2009). A contaminação de bebidas por micro-organismos patogênicos geralmente reflete condições precárias de higiene durante a produção, armazenamento, distribuição e/ou manuseio, tanto em nível industrial, quanto doméstico. Em alimentos ácidos (pH ≤ 4,6), como é o caso das bebidas estudadas neste trabalho, micro-organismos patogênicos tendem a ter seu desenvolvimento 30 suprimido ou reduzido. Porém, devido à elevada atividade de água e presença de vitaminas e minerais, já que a maioria das bebidas é a base de frutas, essas matrizes alimentares constituem um ambiente atrativo para contaminação microbiológica por deterioradores (SIMPSON e TAORMINA, 2015). Nestas matrizes são geralmente encontrados fungos filamentosos e leveduras, além de bactérias lácticas e acéticas (HALL et al., 2015). Tais micro-organismos, considerados deterioradores de bebidas não alcoólicas de base aquosa, são responsáveis por mudanças sensoriais, como formação de aroma e sabor desagradáveis, tornando o produto indesejável ao consumo humano. A seguir serão apresentados os micro-organismos de maior destaque entre os deterioradores de bebidas não alcoólicas. 3.1. Bactérias lácticas e acéticas Bactérias ácido-lácticas (BAL) pertencem ao grupo das bactérias Gram positivas, em forma de cocos ou bastonetes curtos, anaeróbias, mas aerotolerantes, e não possuem a capacidade de esporular. Realizam as vias homofermentativa, que produz apenas o ácido láctico a partir de açúcares, e heterofermentativa, que produz, além do ácido láctico, quantidades consideráveis de ácido acético e álcool. Os gêneros representativos das BAL são Lactobacillus, Leuconostoc, Pediococcus e Streptococcus, micro- organismos que se desenvolvem bem na faixa ligeiramente ácida de pH (HALASZ, 2009; BINTSIS, 2018). Algumas bactérias lácticas dos gêneros Lactobacillus e Leuconostoc podem se reproduzir em bebidas não alcoólicas como sucos de frutas e são reconhecidas por sua resistência aos ácidos sórbico e benzóico, usuais conservantes usados em bebidas. Ao metabolizar açúcar, essas bactérias podem seguir a via heterofermentativa e formar ácido láctico e compostos como etanol, acetato, succinato e formato, que conferem características sensoriais muitas vezes desagradáveis (KREGIEL, 2015). Bactérias acéticas (AAB, sigla do inglês Acetic Acid Bacteria) são bactérias Gram negativas ou Gram variáveis, estritamente aeróbias, com formas variando entre elipsoides e bastonetes. São mesófilas, crescendo bem entre 25-30 ºC, e 31 o pH ótimo de crescimento é entre 5,0-6,5, podendo também se desenvolver em valores de pH mais ácidos. Os gêneros mais comumente relatados em alimentos são Acetobacter, Gluconacetobacter, Gluconobacter e Komagataeibacter (GOMES et al., 2018). AAB são capazes de oxidar etanol a ácido acético, também produzindo compostos como os ácidos glucônico, láctico e succínico, além de aldeídos e cetonas, dependendo do substrato disponível. Por serem estritamente aeróbias, geralmente se desenvolvem em bebidas embaladas em plásticos permeáveis ao oxigênio, como garrafas de poli tereftalato de etileno (PET). Sua presença é menos comum em bebidas não alcoólicas do que a das bactérias lácticas, e pode causar estufamento da embalagem, alterações no sabor e formação de sedimentos. Muitas espécies possuem a capacidade de formar biofilmes nas superfícies de produção e nos materiais da embalagem (KREGIEL, 2015; SIMPSON e TAORMINA, 2015). 3.2. Leveduras e fungos filamentosos As leveduras podem ser definidas como fungos unicelulares, nos quais a reprodução vegetativa (assexuada) ocorre principalmente pelo brotamento. A grande maioria das leveduras, como as do gênero Saccharomyces, exibe a gemulação multilateral, que se inicia com um pequeno crescimento lateral à célula-mãe e posterior divisão do núcleo da célula-mãe, fato que possibilita a formação de uma nova levedura. As células de leveduras são geralmente arredondadas, ovoides, ou cilíndricas (DEAK, 2007). Micro-organismos úteis e muito importantes na produção de alimentos porfermentação, as leveduras são essenciais para a produção de pães, cerveja e vinho. Entretanto, em bebidas não alcoólicas de base aquosa, como sucos e refrescos, são indesejáveis por consumirem os açúcares presentes e gerarem produtos como etanol, descaracterizando o produto. Proliferam-se preferencialmente em temperaturas em torno de 25 °C e umidade acima de 70 %, condições usuais de processamento e armazenamento (TOURNAS et al., 2006; SIMPSON e TAORMINA, 2015). 32 De acordo Pitt e Hocking (2009), cerca de dez espécies de leveduras são responsáveis pela deterioração de alimentos que tenham sido processados e embalados de acordo com os padrões normais de Boas Práticas de Fabricação (BPFs), a maioria pertencentes aos gêneros Brettanomyces, Candida, Pichia/Komagataella, Rhodotorula, Saccharomyces e Zygosaccharomyces. Fungos são micro-organismos eucariontes que possuem a capacidade de exportar enzimas hidrolíticas que quebram biopolímeros, que então podem ser absorvidos para nutrição celular. Essa característica faz com que se desenvolvam em uma determinada matriz e ali permaneçam até que ela esteja completamente exaurida de nutrientes (SAMSON, 2015). A maioria dos problemas de deterioração de alimentos devido a fungos filamentosos ocorre em condições aeróbicas, ou pelo menos em ambientes onde a tensão de oxigênio é próxima à atmosférica. Dentre os gêneros mais reconhecidos, estão Penicillium, Paecilomyces, Aspergillus e Fusarium (PITT e HOCKING, 2009). Por formarem esporos de reprodução, podem contaminar o produto em qualquer fase da produção industrial. Assim como as leveduras, se desenvolvem preferencialmente em produtos com alta atividade de água e valores ácidos de pH. Porém são de difícil controle e eliminação quando contaminam plantas industriais, pois pode ocorrer a disseminação dos esporos no ar (KREGIEL, 2015; SIMPSON e TAORMINA, 2015). 4. Aditivos alimentares utilizados em bebidas e suas funções Os aditivos são geralmente divididos em cinco grupos de acordo com as suas propriedades: conservantes, corantes, aromatizantes, texturizantes e aditivos nutricionais (BRANEN e HAGGERTY, 2001). Suas funções serão discutidas neste tópico em função da importância dos aditivos nas propriedades das bebidas não alcoólicas. 4.1. Conservantes Os conservantes podem ser classificados como qualquer substância capaz de inibir ou desacelerar o crescimento de micro-organismos e dissimular evidências de qualquer tipo de deterioração, sejam elas causadas por micro- 33 organismos ou não. Em alimentos e bebidas, os conservantes são amplamente utilizados para restringir a contaminação microbiana e prevenir a desestabilização, podendo ser divididos em três tipos: antimicrobianos, antioxidantes e agentes anti-escurecimento (BRANEN e HAGGERTY, 2001; TAYLOR, 2005). 4.1.1. Antioxidantes Antioxidantes são moléculas capazes de inibir processos de oxidação agindo previamente ou durante uma reação em cadeia de radicais livres em qualquer ponto: iniciação, propagação, terminação, decomposição e sobre produtos de oxidação já formados, evitando a deterioração de sabores e cores. Dependendo da molécula e em que estágio da reação em cadeia ela atuará, diferentes mecanismos podem ser atribuídos aos antioxidantes. Os mais importantes são a inativação do metal, que atua na iniciação geralmente usando quelantes metálicos, e a inibição da formação de hidro peróxidos (GERMAN, 2001; TAYLOR, 2005). Em bebidas não alcoólicas, o ácido ascórbico (INS 300) é amplamente utilizado como antioxidante para retardar a deterioração dos sabores e cores. Geralmente, as bebidas não alcoólicas são embaladas em garrafas e caixas permeáveis ao oxigênio, que fazem dos antioxidantes um aditivo chave para reduzir a perda na qualidade da bebida (KREGIEL, 2015). Quanto à adição de ácido ascórbico como antioxidante, é importante salientar que este não constitui, por si só, uma alegação de vitamina C, uma vez que para tal alegação a adição deve respeitar a dose diária recomendada (FAO/WHO, 2005). Nas quantidades geralmente utilizadas na produção de alimentos, os antioxidantes são geralmente não tóxicos mas, em excesso, a utilização pode promover a peroxidação lipídica em alimentos contendo cobre e ferro, como carnes (DANIEL, 1986; REDDY e LOKESH, 1992). 34 4.1.2. Agentes antimicrobianos Os agentes antimicrobianos são substâncias utilizadas para preservar os alimentos, evitando o crescimento de micro-organismos e a deterioração subsequente (CFR, 2018), prolongando a validade comercial. Os ácidos orgânicos são normalmente utilizados pela indústria de bebidas como antimicrobianos ou acidulantes em uma variedade de produtos. O ácido sórbico (INS 200), por exemplo, é eficaz contra leveduras, fungos filamentosos e bactérias menos resistentes. Trata-se de um ácido carboxílico insaturado com pKa= 4,76, que tem a vantagem de não ter aroma ou sabor quando utilizado nas concentrações adequadas. Este aditivo é empregado em inúmeros alimentos, incluindo bebidas alcoólicas e não alcoólicas, frutas e legumes em conserva, geleias, produtos cárneos e molhos. Normalmente, por conta da maior solubilidade em água, em vez do ácido sórbico, os seus sais sorbato de sódio (INS 201), sorbato de potássio (INS 202) e sorbato de cálcio (INS 203) são utilizados pela indústria (SILVA e LIDON, 2016; AMIT et al., 2017). A ação antimicrobiana do ácido benzóico (INS 210) prevalece em leveduras e fungos filamentosos e, em menor grau, em bactérias. Sais de ácido benzóico, em particular benzoato de sódio (INS 211), benzoato de potássio (INS 212) e benzoato de cálcio (INS 213), são normalmente aplicados como conservantes em sucos de frutas e refrigerantes, maioneses, picles e preparações a base de frutas. O ácido benzóico, ácido carboxílico com pKa = 4,19, é usado frequentemente em combinação com outros aditivos, especialmente em alimentos ácidos (pH 4 - 4,5) devido à sua forte dependência do pH (WHO, 2000; SILVA e LIDON, 2016). Este composto antimicrobiano foi testado in vitro e foi relatado como não tóxico; entretanto, alguns autores observaram alguma toxicidade com efeitos mutagênicos e citotóxicos nos linfócitos periféricos (ZHANG e MA, 2013). De um modo geral, os sais destes ácidos orgânicos são mais estáveis, mais solúveis em água e têm a ação antimicrobiana mais eficaz em níveis de pH < 4,5, em que a forma não dissociada está em maior concentração porque o pH está abaixo do pKa desses compostos. Sorbatos e benzoatos são frequentemente 35 utilizados em combinação, especialmente em bebidas com elevada acidez (DOORES, 1993; KREGIEL, 2015). 4.1.3. Agentes anti-escurecimento Escurecimento pode ocorrer pela ação de enzimas, geralmente envolvendo a enzima polifenol oxidase (PPO, sigla do inglês polyphenol oxidase), ou reações não enzimáticas, como a reação de Maillard e a caramelização. Os agentes anti- escurecimento podem prevenir o surgimento da coloração castanha, agindo na enzima ou nos intermediários da formação do pigmento. Os antioxidantes podem prevenir o início do processo de escurecimento reagindo com oxigênio. O ácido ascórbico, já discutido devido à sua atividade antioxidante, também tem ação anti-escurecimento porque é um agente redutor. Hexilresorcinol (4-HR), ácido eritórbico (ou ácido isoascórbico), N-acetil cisteína e glutationa foram relatados por causa da capacidade antioxidante, mas não são comumente usados na indústria de bebidas, onde o ácido ascórbico é amplamente empregado (IOANNOU e GHOUL, 2013). Se a bebida for pasteurizada ou tratada termicamente após a adição de ácido ascórbico, seu efeito pode ser destruído, e esse ácido pode iniciar sua própria reação química de escurecimento (TAYLOR, 2005). Os sais derivados de ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) e os compostos à base de fosfato podem atuar como agentes quelantes,complexando o cobre disponível na estrutura das enzimas polifenol oxidases (PPO). Os agentes à base de fosfato são comumente usados em níveis de 0,5- 2% (p/v) e, como EDTA e outros agentes quelantes, são usados em combinação com outros agentes anti-escurecimento (IYENGAR e MCEVILY, 1992). A enzima PPO é normalmente inativada a pH abaixo de 4, portanto os acidulantes também podem agir para evitar o escurecimento, e o mais comumente utilizado é o ácido cítrico. O ácido cítrico tem uma ação dupla em relação ao anti-escurecimento, pois pode ainda quelar o íon de cobre presente na estrutura proteica. Ácidos orgânicos como málico, tartárico e malônico, e ácidos inorgânicos como fosfórico também podem ser utilizados como acidulantes mas, devido ao seu custo mais elevado e/ou impacto negativo no 36 sabor, são menos utilizados do que o ácido cítrico (IOANNOU e GHOUL, 2013; IYENGAR e MCEVILY, 1992). 4.2. Agentes de coloração A cor é um dos atributos mais importantes em alimentos e bebidas, pois é a primeira característica que os consumidores observam e pode influenciar positiva ou negativamente a escolha do produto. Segundo a Food and Drugs Administration (FDA), os corantes são substâncias utilizadas para conceder, preservar ou realçar a cor dos alimentos, e podem incluir estabilizadores, fixadores e agentes de retenção (CFR, 2018). Nas bebidas não alcoólicas, estas classes de aditivos são importantes para tornar o produto mais atraente esteticamente e para corrigir variações naturais de cor ou alterações durante o processamento ou armazenamento, padronizando as características pelas quais a bebida é reconhecida. Os corantes podem ser divididos em corantes naturais e corantes artificiais. Apesar da crescente demanda por bebidas naturais, o uso de corantes artificiais ainda é amplamente utilizado para proporcionar coloração de fruta a bebidas com baixa concentração de suco. Assim, o objetivo industrial é tornar estes produtos mais aceitos pelos consumidores e padronizar a cor durante a armazenagem, incluindo a reprodução de cores que se referem à presença de substâncias funcionais, como as antocianinas (FALLICO et al., 2010). Os corantes orgânicos sintéticos são amplamente utilizados como aditivos em alimentos processados, sendo o uso dessas substâncias responsável por danos à saúde dos consumidores, especialmente em crianças (DOELL et al., 2016). Estudos demonstraram que existem possíveis ligações entre o consumo de alguns corantes alimentares com efeitos nocivos para a saúde das crianças, entre eles: Amarelo crepúsculo, Ponceau 4R, Carmoisina, Amarelo Quinolina e Vermelho Alura AC (McCANN et al., 2007). Durante o século XX, nos Estados Unidos, foram utilizados 80 corantes diferentes nos alimentos; no entanto, ao longo dos anos a maioria foi retirada do mercado devido a preocupações com a segurança dos alimentos, reduzindo-os a 9 corantes, que são atualmente permitidos pela Food and Drug Administration (STEVENS et al., 2014). 37 Os corantes naturais são os extraídos de plantas, frutas e legumes, ou ainda, produzidos por via microbiana e enzimática. Normalmente, variam do amarelo ao laranja quando são carotenoides ou do vermelho vivo ao roxo quando são antocianinas (KREGIEL, 2015). Scotter (2011), baseado na legislação da União Europeia, divide os corantes naturais em 9 grupos: curcumina (E100), riboflavinas (E101i-ii), cochonilha - incluindo ácido carmínico (E120), clorofilas - incluindo clorofilinas e compostos de cobre (E140-141), caramelos - classes I-IV (E150a-d), carotenoides - (E160a-f, E161b, E161g), vermelho beterraba, betanina (E162), antocianinas (E163), e outros: carbono vegetal (E153), carbonato de cálcio (E170), dióxido de titânio (E171) e óxidos e hidróxidos de ferro (E172). Outro corante muito utilizado na indústria de alimentos, especialmente em bebidas e confeitaria, é o caramelo, que é uma mistura complexa de glóbulos de gordura rodeada por uma solução de açúcar de alta concentração. Normalmente é produzido aquecendo uma mistura de xarope de glicose, leite e gordura vegetal a uma temperatura entre 118 e 130ºC (SENGAR e SHARMA, 2014). Existem 4 tipos diferentes de corantes caramelo que satisfazem os diferentes requisitos para utilização em alimentos e bebidas: Caramelo Classe I (também conhecido como caramelo simples), Caramelo Classe II (caramelo sulfito-cáustico), Caramelo Classe III (caramelo amônia ou de cerveja, caramelo de padeiro e confeitaria) e Caramelo Classe IV (conhecido como caramelo sulfito, caramelo de refrigerante, ou caramelo à prova de ácidos) (CODEX, 1996). Este corante classe IV tem sido destacado como benéfico contra o escurecimento não enzimático quando adicionado a alimentos. Outra vantagem é que, em comparação com outros corantes naturais, o caramelo não se degrada sob altas temperaturas e pressões, permitindo a sua adição em alimentos que passam pelo processo de extrusão (KAMUF et al., 2003). Apesar de ser considerado um aditivo natural para corar alimentos e bebidas, alguns estudos têm demonstrado a existência de compostos que podem ser tóxicos para a saúde do consumidor tais como 2-metilimidazol, 4-metilimidazol, 1,2,3,4-tetrahidroxibutil-THI e 5- hidroximetilfurfural, que têm sido encontrados em bebidas gaseificadas podendo afetar a saúde dos consumidores (XU et al., 2015). 38 4.3. Agentes flavorizantes Os agentes flavorizantes são substâncias adicionadas, em pequenas quantidades, para suplementar, realçar ou modificar o sabor e/ou aroma original dos alimentos, sem lhes conferir um sabor ou aroma característico próprio (CFR, 2018). O aroma pode ser definido como um único ou uma mistura de produtos químicos de origem natural ou sintética, capaz de fornecer todo ou parte do sabor de qualquer alimento ou outro produto. Ao contrário de outros aditivos adicionados às bebidas, os aromas são utilizados em pequenas quantidades, de modo que a exposição do consumidor a estas substâncias é relativamente baixa. A legislação da União Europeia define os diferentes tipos de aromas como naturais, idênticos ao natural e artificiais, e tais definições são empregadas mundialmente (KREGIEL, 2015). Vários regulamentos e diretivas europeias relativas a aromas e fragrâncias foram adotadas, especialmente no que diz respeito a óleos e extratos, impactando diretamente não apenas na União Europeia, mas também em todo o mundo. Algumas das principais substâncias consideradas naturais regulamentadas para uso como aromatizantes em alimentos e bebidas são ácido agárico, β-asarona, cumarina, hipericina, quassina, pulegona, tujona, aloína, ácido cianídrico e santonina. Uma substância aromatizante natural pode ser obtida diretamente da planta, animal ou fermentação microbiana e usada no estado bruto ou após o processamento para consumo humano (DEMYTTENAERE, 2012). No passado, os óleos essenciais eram amplamente utilizados nas indústrias de perfumaria, alimentícia e farmacêutica, e mais recentemente têm sido utilizados na indústria de bebidas, sendo várias substâncias utilizadas como agentes aromatizantes. O capim-limão e o limão, por exemplo, são algumas das fontes naturais mais exploradas para estes aditivos e têm propriedades antioxidantes e antimicrobianas comprovadas. Kieling e Prudencio (2019) desenvolveram uma mistura de derivados do capim-limão (extrato aquoso, extrato liofilizado e óleo essencial) e suco de limão para a preparação de bebidas mistas, avaliando as características físico-químicas e antioxidantes. Além disso, foi analisada a aceitação sensorial e foram obtidos resultados satisfatórios. Outra 39 substância amplamente utilizada como aromatizante é o metil eugenol, comumente encontrado em muitas plantas e vegetais. A UE determina níveis máximos para o uso desta substância nos alimentos e no caso de bebidas não alcoólicas a quantidade permitidaé de até 1 mg.kg-1 (LI et al., 2018). 4.4. Agentes texturizantes Outro grande grupo de substâncias utilizadas em bebidas são os agentes texturizantes, que podem ser adicionados como emulsificantes, estabilizantes, espessantes e agentes de volume e são amplamente utilizados para modificar a sua textura. Esta classe de aditivos tem uma utilização extensa, especialmente na indústria de alimentos líquidos e bebidas, já que em muitos casos é essencial manter a textura dos alimentos processados mais atrativa para os consumidores. Os espessantes, por exemplo, quando adicionados às misturas, aumentam a viscosidade sem modificar outras propriedades, enquanto os agentes de volume aumentam o volume sem afetar seu valor nutricional. Por outro lado, os emulsionantes permitem que a água e o óleo permaneçam misturados numa emulsão (FAUSTINO et al., 2019). Matta e colaboradores (2006) estudaram possíveis alterações sensoriais devido ao uso de espessantes comerciais à base de amido no preparo de algumas bebidas (café, leite, suco de maçã e suco de laranja). Em geral, os espessantes não apresentaram diferenças entre si em relação a sabor e textura; por outro lado, todos os espessantes suprimiram o sabor original das bebidas e transferiram gostos estranhos (azedo, amargo, metálico ou adstringente), indicando que ainda há necessidade de mais estudos para empregar estes aditivos no setor de bebidas não alcoólicas. Os principais agentes modificadores de textura são os oligossacarídeos ricos em mananas, substâncias amplamente distribuídas na natureza e isoladas de uma variedade de fontes. O mananol é utilizado em muitos produtos alimentares, especialmente fluidos. Na indústria de bebidas, alguns oligossacarídeos, como a goma guar, são adicionados para modificar ou ajustar suas propriedades físico-químicas, equilibrando as características sensoriais desses produtos (SINGH et al., 2018). A resistência desta goma à degradação 40 em condições de baixo pH e sua elevada solubilidade em água fria a torna aplicável na indústria de bebidas, sendo utilizada como agente de controle de viscosidade e espessante, devido às suas características reológicas. A utilização desta goma para ajustar a viscosidade e o espessamento em produtos como cafés (HAMDANI e WANI. 2018), mistura de suco de cereja azeda (TEIMOURI et al., 2018) e bebidas não alcoólicas (STEINBACH et al., 2014) é relatada. 4.5. Aditivos nutricionais Estas substâncias incluem aquelas necessárias para os processos nutricionais e metabólicos do organismo (CFR, 2018), como tais antioxidantes, e têm sido amplamente adicionadas a certas bebidas para melhorar a sua qualidade nutricional. As bebidas fortificadas com vitaminas e/ou minerais estão sendo continuamente desenvolvidas, levando a um aumento na diversificação desses produtos, contribuindo para uma maior ingestão de nutrientes, o que pode ser uma ferramenta eficaz para melhorar as condições de saúde pública (SICIŃSKA et al., 2013). Os consumidores de hoje estão mais exigentes não só quanto a qualidade sensorial dos alimentos, mas também quanto ao seu valor nutricional. As condições ambientais (fatores extrínsecos) e a composição dos alimentos (fatores intrínsecos) interferem diretamente no seu estado de conservação, o que é essencial para a manutenção da segurança dos alimentos. Contudo, cada vez mais, além de alimentos seguros e microbiologicamente estáveis, os consumidores exigem a disponibilidade no mercado de alimentos e bebidas com elevado valor nutricional (MARONE et al., 2016). Uma das principais classes de aditivos introduzidos em bebidas com valor nutricional são os antioxidantes, como o hidroxianisol (BHA), o butil- hidroxiquinona (BHT), a tertbutil-hidroxiquinona (TBHQ) e o propil galato (PG) que têm sido utilizados em sistemas alimentares anti-oxidativos. Tocoferóis e ácido ascórbico ou seus derivados estão sendo usados como alternativas ao BHA, BHT, TBHQ e PG como antioxidantes naturais (SHAHIDI e NACZK, 2004). Alguns estudos também estão sendo conduzidos visando a produção de bebidas com a adição de substâncias que aumentam a biodisponibilidade dos 41 compostos presentes e, consequentemente, o seu valor nutricional. Blanco- Morales e colaboradores (2018) avaliaram o impacto da adição de galactooligossacarídeos (GOS) sobre a bioacessibilidade dos esteróis numa bebida à base de fruta (tangerina e banana) enriquecida com esteróis vegetais. Os resultados indicam que esta bebida pode ser bem empregada como matriz alimentar para enriquecimento simultâneo com GOS e esteróis vegetais, tornando-a uma opção de bebida mais funcional no mercado devido às propriedades que estes aditivos proporcionam. Muitos micro-organismos também têm sido utilizados em bebidas à base de vegetais a fim de melhorar o valor nutricional das bebidas fermentadas de fruta. Neste contexto, Peerajan e colaboradores (2016) desenvolveram um suco de erva fermentada (Phyllanthus emblica fruit) para produzir um produto funcional. O uso de Lactobacillus paracasei como cultura inicial forneceu uma bebida com alto teor fenólico e propriedades antioxidantes. Um ponto a ser considerado na determinação da qualidade nutricional das bebidas são os métodos de análise que podem ser eficazes na quantificação de componentes nutricionais adicionais. Existem alguns estudos na literatura relativos, por exemplo, a medida da concentração das vitaminas contidas nas bebidas. Neste contexto, Kakitani e colaboradores (2014) avaliaram a determinação simultânea de vitaminas solúveis em água de bebidas dietéticas e suplementos através do método de cromatografia líquida associada a espectrometria de massas. As vitaminas avaliadas em um total de 8 bebidas energéticas foram tiamina (B1), riboflavina (B2), ácido nicotínico (NA), nicotinamida (NAD), pantotenato (B5), piridoxina (B6), biotina (B9), cianocobalamina (B12), ácido ascórbico (AA), ácido desidroascórbico (DHA), tiamina dibenzoyl (DBT), bisbentiamina (BBT), tetrabutilato de riboflavina (RFT) e ácido ascórbico 2-glucósido (AAG). 4.6. Legislação Vários institutos internacionais, como a European Food Safety Authority (EFSA), têm revisto a segurança dos aditivos alimentares. A Comissão Europeia está também revendo a legislação que regula a autorização de aditivos. Entre outros itens, a revisão da EFSA considera a ingestão potencial de aditivos acima 42 das doses diárias aceitáveis. Desta forma, é oportuno desenvolver um conhecimento dos atuais padrões de uso e consumo destas substâncias (TENNANT, 2008; ZHANG et al., 2020). O Sistema Internacional de Numeração de Aditivos Alimentares (INS, sigla do inglês International Numbering System) foi adotado pelo Comitê do Codex Alimentarius sobre Aditivos e Contaminantes Alimentares em 1989 com o objetivo de consolidar todos os aditivos autorizados atualmente e fornecer uma designação curta para ser usada em todo o mundo. O INS é uma lista aberta à inclusão de aditivos adicionais ou remoção de aditivos existentes, sendo frequentemente revista conforme as exigências propostas. Águas gaseificadas ou não, sucos de frutas e vegetais e seus concentrados, néctares de frutas e vegetais e seus concentrados, bebidas aquosas gaseificadas e não gaseificadas, e bebidas à base de água fermentadas ou infusionadas são as categorias que compõem as bebidas à base de água sem álcool nas Normas Gerais para Aditivos Alimentares do Codex Alimentarius. A concentração máxima permitida de cada aditivo é apresentada no Anexo I. De acordo com o Codex Alimentarius, todos os aditivos submetidos aos padrões das Boas Práticas de Fabricação devem ter qualidade e ser preparados e manuseados da mesma forma que um ingrediente alimentar. Além disso, a adição deve ser limitada ao nível mais baixo possível necessário para atingir o efeito desejado (FAO/WHO, 2016). 5. Mecanismo deformação de benzeno a partir de aditivos ácidos O ácido ascórbico (INS 300) (Figura 2) é o antioxidante mais empregado em bebidas. A legislação brasileira permite um limite máximo de 300 mg.L-1 de ácido ascórbico em bebidas não alcoólicas não carbonatadas (BRASIL, 2007). 43 Figura 2. Estrutura do ácido ascórbico (RUSSEL, 1994). O ácido benzóico (INS 211) (Figura 3) possui ação antimicrobiana tanto em organismos procariontes, quanto eucariontes, e isso se deve à sua ampla capacidade de ação em diferentes frentes, não existindo um único mecanismo que explique sua atuação. A legislação brasileira permite um limite máximo de 500 mg.L-1 de ácido benzóico em bebidas não alcoólicas não carbonatadas (BRASIL, 2007). Figura 3. Estrutura do ácido benzóico (RUSSEL, 1994). Os ácidos podem agir na redução do pH do meio, o que inibe o crescimento de bactérias não acidófilas, e agem em conjunto com tratamentos térmicos, pois a resistência dos micro-organismos ao calor é reduzida em meio ácido (RUSSEL e GOULD, 2003). O benzeno pode contaminar alimentos de diversas formas, como através da migração do material da embalagem, uso de água contaminada na preparação, decomposição térmica de componentes da matriz alimentar e através da interação dos aditivos empregados (VARNER et al., 1991; SANTOS et al., 2015). Gardner e Lawrence (1993) foram os primeiros a demonstrar a formação de benzeno a partir do ácido benzóico em presença do radical hidroxila, que por 44 sua vez tem origem da reação entre o ácido ascórbico e íons metálicos, como por exemplo Cu+2 e Fe+3 (Figura 4), em matrizes alimentares ácidas. Figura 4. Formação de radical hidroxila a partir de ácido ascórbico (H2Asc) em presença do íon Cu+2 (Adaptado de HALLIWELL e GUTTERIDGE, 1985). É permitida a adição do conservante tanto como ácido benzóico, quanto na forma de seus sais, sendo o mais comum o benzoato de sódio por sua solubilidade ser maior do que a forma não dissociada. Nas bebidas nas quais adiciona-se conservante na forma de sal, ocorre o equilíbrio de dissociação conforme ilustrado na Figura 5, convertendo a maior parte do sal em ácido benzóico. Figura 5. Equilíbrio do ácido benzóico e seu sal conjugado (Adaptado de RUSSEL, 1994). De acordo com a Equação de Henderson-Hasselbalch (Equação 1, RUSSEL, 1994) e supondo-se pH da bebida em torno de 3,0, o cálculo das concentrações no equilíbrio indica que 94% do íon benzoato é convertido em ácido benzóico (pKa do ácido = 4,19 à 25 ºC, LIDE e MILNE, 1994), que é a forma que possui atividade antimicrobiana. O ácido benzóico, na presença do radical hidroxila, sofre descarboxilação e forma benzeno (Figura 6), que é conhecido por sua carcinogenicidade. A exposição crônica a esse composto causa supressão do sistema imunológico, podendo levar a anemia, leucemia e efeitos no trato gastrointestinal (FISPQ, 2012). 45 𝑝𝐻 = 𝑝𝐾𝑎 + 𝑙𝑜𝑔10 ( [𝐴−] [𝐴𝐻] ) (1) Figura 6. Mecanismo de formação do benzeno a partir da reação com radical hidroxila (Adaptado de WIKIMEDIA COMMONS, 2016). Além da formação do benzeno, há a possibilidade da formação de fenol (Figura 7) a partir do radical hidroxila regenerado livre (KNISPEL et al., 1990; BERNDT e BÖGE, 2006). O fenol apresenta toxicidade aguda oral, dérmica e por inalação, sendo suspeito de causar mutagenicidade (FISPQ, 2011). Figura 7. Estrutura do fenol (RUSSEL, 1994). 6. Desenvolvimento de novos aditivos Os aditivos alimentares podem estar presentes numa variedade de alimentos, e os consumidores estão expostos à sua ingestão desde a infância, o que pode causar danos à saúde ao longo dos anos; contudo, os aditivos 46 alimentares são, agora, considerados essenciais nos alimentos modernos. Os edulcorantes, conservantes, corantes e aromatizantes são adicionados aos alimentos durante o processamento e quase todos os alimentos processados contêm aditivos alimentares (YAMASHITA et al., 2017). A maioria dos países ou regiões estabeleceu critérios de segurança para os aditivos alimentares. Entretanto, alguns relatórios mostram que os aditivos alimentares estão associados a riscos acrescidos de doenças imunológicas como o câncer (nitratos e nitritos) (SONG et al., 2015) e alergias (edulcorantes artificiais) (MASLOVA et al., 2013). Alguns aditivos foram considerados diretamente responsáveis por causar várias doenças além daquelas supostamente atribuíveis ao consumo excessivo de alimentos não saudáveis (SULLIVAN et al., 2009). Embora algumas das associações possíveis sejam provavelmente infundadas, há fortes evidências para algumas alegações. Vários grupos de interesse público elaboraram listas de aditivos que geralmente devem ser evitados ou usados com cautela, especialmente por indivíduos imunocomprometidos. Como já mencionado, aditivos alimentares são ingredientes adicionados a alimentos para modificar características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais durante a fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, armazenamento, transporte ou distribuição. Contudo, eles devem ter como principal característica a segurança dos consumidores. Nos últimos anos novas substâncias têm sido utilizadas como aditivos alimentares, incluindo para as bebidas. Os consumidores de todo o mundo exigem ingredientes naturais nos produtos. Na indústria de bebidas, muitos fabricantes estão respondendo com a remoção de corantes, mas os custos e problemas de estabilidade podem criar barreiras contra esta mudança (MEPHAM, 2011, PRESSMAN et al., 2017). Muitas classes de substâncias, como conservantes químicos e ácidos orgânicos, são utilizadas para conservar alimentos, especialmente bebidas. No entanto, a demanda por conservantes químicos sintéticos está diminuindo gradualmente devido aos possíveis efeitos colaterais que têm sido demonstrados à medida que as pesquisas avançam, causando pressão da sociedade por alimentos seguros, forçando a redução ou restrição da aplicação 47 dessas substâncias. Assim, conservantes naturais que possam substituir os sintéticos têm sido cada vez mais estudados (CHOI et al., 2018). Desde os tempos antigos, o homem tem usado plantas tanto como alimento quanto como fontes de vários compostos bioativos valiosos. Atualmente, extratos de ervas medicinais e aromáticas são usados como aditivos alimentares e de cosméticos (como óleos essenciais, ácido rosmarínico, vanilina), corantes naturais (como betaínas, antocianinas), biopesticidas (como nicotina, rotenona, rinidina) e medicamentos fitoterápicos (terpenos), ácidos, ácidos fenólicos, alcalóides (vinblastina, vincristina, cafeína, nicotina, efedrina) (VRANCHEVA et al., 2018). Mesmo com a grande variedade de compostos já conhecidos e utilizados com propriedades conservantes nos alimentos, a ciência e a tecnologia dos alimentos ainda procuram substâncias inócuas para os consumidores e que possam ser utilizadas com o propósito de preservar ou melhorar algumas das propriedades dos alimentos. Nesta seção, procurou-se abordar os aditivos alimentares que têm sido utilizados mais recentemente na indústria alimentícia. 6.1. Óleos essenciais Os óleos essenciais são compostos aromáticos naturais com atividades biológicas de amplo espectro. Muitas destas substâncias têm fortes atividades antibacterianas, antivirais e antifúngicas, favorecendo a sua aplicação também como antimicrobianos naturais em alimentos e bebidas (DONSÌ et al., 2016). Para alcançar uma aplicação tecnológica adequada dos óleos essenciais como conservantes no processamento de alimentos, é necessário estabelecer condições ideais de aplicação, tais como conhecer a sensibilidade do micro- organismo e as melhores concentrações do composto ativo utilizado. Algumas substâncias que têm sido destacadas em relação ao uso como conservantes são os óleos essenciais extraídos
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