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Reintegração de Vazios Urbanos com Áreas Verdes

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i 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO CRISTÓVÃO: DIRETRIZES PARA REINTEGRAÇÃO DOS 
VAZIOS URBANOS VISANDO IMPLANTAÇÃO DE ÁREAS 
VERDES 
______________________________________________________________________ 
Lucas de Oliveira Lima 
Olivia de Castro Mercadante 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof.ª Angela Maria Gabriella Rossi, D. Sc. 
 
 
Rio de Janeiro 
Agosto de 2014 
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de 
Engenharia Ambiental da Escola Politécnica, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como 
parte dos requisitos necessários à obtenção do 
título de Engenheiro. 
 
ii 
 
SÃO CRISTÓVÃO: DIRETRIZES PARA REINTEGRAÇÃO DOS 
VAZIOS URBANOS VISANDO IMPLANTAÇÃO DE ÁREAS 
VERDES 
 
Lucas de Oliveira Lima 
Olivia de Castro Mercadante 
 
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO 
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS 
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE 
ENGENHEIRO AMBIENTAL. 
 
Examinado por: 
________________________________________________ 
Prof.ª Angela Maria Gabriella Rossi, D. Sc. 
 
________________________________________________ 
Prof.ª Alessandra Magrini, D. Sc. 
________________________________________________ 
Prof.ª Heloisa Teixeira Firmo, D. Sc. 
 
 
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL 
AGOSTO DE 2014
iii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lima, Lucas de Oliveira 
Mercadante, Olivia de Castro 
São Cristóvão: Diretrizes para Reintegração dos Vazios Urbanos 
visando implantação de áreas verdes /Lucas de Oliveira Lima e Olivia de 
Castro Mercadante. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2014. 
 134 p.: il.; 29,7 cm. 
Orientador: Prof.ª Angela Maria Gabriella Rossi, D. Sc. 
Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de 
Engenharia Ambiental, 2014 
Referências Bibliográficas: 113-123 
1. Áreas Verdes; 2. Reabilitação Urbana; 
3.Reintegração; 4. Vazios Urbanos; 5. São Cristóvão 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, 
Curso de Engenharia Ambiental. 
 
iv 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Nunca duvide da capacidade de um 
pequeno grupo de dedicados cidadãos para mudar 
rumos do planeta. Na verdade, eles são a única 
esperança para que isso possa ocorrer.” 
(Margaret Mead) 
v 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicamos esse trabalho às nossas famílias, 
pelo incentivo, pela paciência e principalmente 
pelo apoio eterno. 
vi 
 
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como 
parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Ambiental. 
São Cristóvão: Diretrizes para Reintegração dos Vazios Urbanos 
visando implantação de áreas verdes 
Lucas de Oliveira Lima e Olivia de Castro Mercadante 
Agosto / 2014 
Orientador: Prof.ª Angela Maria Gabriella Rossi, D. Sc. 
Este trabalho tem por objetivo discutir a reabilitação de vazios urbanos visando a 
implantação de áreas verdes em ambientes degradados. Para ter uma compreensão mais 
concreta dessa proposta, fez-se uma pesquisa de campo da VII Região Administrativa 
do Rio de Janeiro, pois o local sofreu com sucessivas intervenções no uso do solo, que 
resultou em subutilização dos edifícios e esvaziamento populacional. 
O desenvolvimento do estudo foi baseado em uma revisão bibliográfica sobre os 
principais conceitos englobados pelo tema, bem como por um levantamento de dados e 
da história da região. Por fim, a conclusão do estudo se direciona para a proposição de 
diretrizes para a implantação de áreas verdes na região. Importante salientar que sob 
uma visão holística de todo o planejamento, os direcionamentos traçados também 
contemplaram soluções para a cultura e o lazer dos residentes. 
Palavras-chave: Áreas Verdes, Reabilitação Urbana, Vazios Urbanos, 
Urbanismo. 
 
 
 
 
vii 
 
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial 
fulfillment of the requirements degree of Engineer. 
São Cristóvão: Diretrizes para Reintegração dos Vazios Urbanos 
visando implantação de áreas verdes 
Lucas de Oliveira Lima e Olivia de Castro Mercadante 
Agosto / 2014 
Advisor: Prof. Angela Maria Gabriella Rossi, D. Sc 
Course: Environmental Engineering 
This work aims to discuss the rehabilitation of the empty spaces in downtown area 
through the implementation of green areas in degraded environments. For a more 
accurate understanding of this proposal, a field research of the Rio de Janeiro 
Administrative Region VII was conducted, as the place has suffered successive 
interventions in land use, resulting in underutilization of buildings. 
The development of the study was based on a literature review of the main concepts 
encompassed by the topic, as well as data collection and the history of the region. 
Finally, the conclusion of the study is directed to propose guidelines for the 
implementation of green areas in the region. It is important to emphasize that under a 
holistic view of the entire context, tracings guidelines that also contemplated solutions 
for culture and leisure of residents. 
Key words: Green Urban Areas, Urban Rehabilitation, Empty Spaces, 
Sustainable Urbanism. 
 
 
viii 
 
ÍNDICE 
 
1. Introdução ............................................................................................................... 3 
1.1 Apresentação do Tema ................................................................................ 3 
1.2 Objetivo ....................................................................................................... 4 
1.3 Justificativa .................................................................................................. 4 
1.4 Metodologia ................................................................................................ 5 
1.5 Estrutura do Trabalho .................................................................................. 5 
2. Reabilitação urbana e Vazios Urbanos: Um caminho para a Sustentabilidade ...... 7 
2.1 Vazios Urbanos ........................................................................................... 7 
2.2 Reabilitação Urbana .................................................................................. 11 
2.3 Contribuição da Reabilitação Urbana para a Sustentabilidade Urbana ..... 14 
3. Áreas Verdes e Vazios Urbanos: Uso voltado para o Lazer e a Cultura............... 18 
3.1 Conceito de Áreas Verdes ......................................................................... 18 
3.2 Os Diversos Índices para Quantificação de Áreas Verdes nas Cidades .... 20 
3.3 Tipos e Funções das Áreas Verdes Urbanas ............................................. 23 
3.3.1 Tipos de Áreas Verdes .......................................................................... 23 
3.3.2 Funções das Áreas Verdes .................................................................... 25 
3.4 Exemplos de Áreas Verdes ....................................................................... 29 
3.5 Legislação Urbana relacionada a Áreas Verdes, Cultura e Lazer, Economia 
e Planejamento Urbano no Rio de Janeiro ................................................ 37 
3.5.1 Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 – Estatuto da Cidade ................ 38 
3.5.2 Lei Federal 9.785, de 29 de Janeiro de 1999 - Parcelamento do Solo .. 43 
3.5.3 Lei Orgânica do Rio de Janeiro, de 5 de abril de 1990 ......................... 47 
3.5.4 Lei Complementar nº 111, de 1º de fevereiro de 2011 ......................... 48 
3.5.5 Lei Complementar nº73, de 29 de julho de 2004 .................................. 51 
4. A VII Região Administrativa da Cidade do Rio de Janeiro: São Cristóvão ......... 55 
4.1 Considerações sobre a Evolução Urbana da Cidade do Rio de Janeiro .... 55 
4.2 Breve Histórico da evolução da Região Administrativa de São Cristóvão 674.2.1 Do final do século XIX até a década de 1940 ....................................... 67 
4.2.2 Da década de 1950 até a década de 1980 .............................................. 70 
ix 
 
4.2.3 Da década de 1990 em diante ............................................................... 71 
4.3 Caracterização Atual da Região Administrativa de São Cristóvão ........... 72 
4.3.1 População: ............................................................................................. 73 
4.3.2 Renda .................................................................................................... 79 
4.3.3 Cultura .................................................................................................. 85 
4.4 Avaliação dos Vazios Urbanos existentes na Região ................................ 87 
4.5 Diretrizes para a Implantação de Áreas Verdes nos Vazios Urbanos da 
Região para o Lazer e a Cultura ................................................................ 95 
4.5.1 Estrutura da análise ............................................................................... 95 
4.5.2 Áreas Verdes ......................................................................................... 97 
4.5.3 Cultura e Lazer .................................................................................... 101 
4.5.4 Economia Local .................................................................................. 103 
5. Considerações Finais ........................................................................................... 109 
6. Referências Bibliográficas .................................................................................. 113 
 
 
 
x 
 
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 Categorias de análise dos vazios urbanos e imóveis subutilizados ...... 11 
Figura 2:Funções das Áreas Verdes ................................................................... 26 
Figura 3: Perímetro de Tombamento do Parque do Flamengo ........................... 30 
Figura 4: Parque do Flamengo ............................................................................ 31 
Figura 5: Parque Madureira Antes e Depois ....................................................... 32 
Figura 6:Biblioteca Virgilio Barco, Bogotá ........................................................ 34 
Figura 7: Parque de La Barceloneta .................................................................... 36 
Figura 8: Organograma das áreas de loteamento que devem ser afetadas como de 
uso comum ...................................................................................................................... 44 
Figura 9:Reforma Urbana na região central ....................................................... 56 
Figura 10: Abertura da Avenida Rui Barbosa .................................................... 58 
Figura 11: Plano Aguache .................................................................................. 60 
Figura 12: Plano Dioxiadis, 1965 ....................................................................... 62 
Figura 13:Simulação do Porto Olímpico ............................................................ 67 
Figura 14: Mapa da VII Região Administrativa de São Cristóvão. .................... 72 
Figura 15: Eixo viário de São Cristóvão. ............................................................ 73 
Figura 16:Densidade Demográfica ..................................................................... 77 
Figura 17: Zoneamento da Região Administrativa de São Cristóvão ................ 82 
Figura 18: Zoneamento das Áreas de Especial Interessante Turístico e Social . 83 
iv 
 
Figura 19: Jardim Zoológico do Rio de Janeiro ................................................. 84 
Figura 20: Áreas Verdes Públicas ....................................................................... 85 
Figura 21: Mapa de Pólos de Cultura e Lazer .................................................... 89 
Figura 22: Polo Gastronômico da CADEG ........................................................ 90 
Figura 23: Áreas Críticas de Drenagem .............................................................. 91 
Figura 24: Diagnóstico da Arborização dos Espaços Urbanos ........................... 92 
Figura 25: Mapa de áreas para Reabilitação Urbana .......................................... 94 
Figura 26: Imagem áerea da Barreira do Vasco ................................................. 99 
Figura 27: Imagem Aérea da Quinta da Boa Vista ............................................. 99 
Figura 28: Comunidade do Tuiuti ..................................................................... 101 
Figura 29:Áreas de Especial Interesse .............................................................. 105 
Figura 30: Fábrica de Sabão Português ............................................................ 106 
Figura 31: Avanço de Investimento da Região Portuária Para São cristóvão .. 107 
Figura 32: Jardins de chuva .............................................................................. 108 
 
v 
 
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Metas Estabelecidas no Plano Estratégico 2012 ................................. 65 
Tabela 2: População do Distrito de São Cristóvão, segundo as profissões e sexo 
em 1920 .......................................................................................................................... 69 
Tabela 3: População do Distrito de São Cristóvão e divisão segundo sexo dos 
habitantes ........................................................................................................................ 74 
Tabela 4: Distribuição da População pelos bairros da VII.RA. .......................... 74 
Tabela 5:Porcentagem da população alfabetizada. ............................................. 76 
Tabela 6: Índice de Desenvolvimento Humano .................................................. 78 
Tabela 7: População e densidade demográfica da VIIRA-SC por bairro - Dados 
de habitantes e área de 2010. IDH de 2000 .................................................................... 78 
Tabela 8: Região Administrativa de São Cristóvão – Nº de estabelecimentos por 
porte e setor 2009/2010 .................................................................................................. 79 
Tabela 9: Serviços ............................................................................................... 80 
Tabela 10: Comércio ........................................................................................... 80 
Tabela 11:Indústria ............................................................................................. 80 
Tabela 12: Agropecuária ..................................................................................... 80 
Tabela 13: Classes Econômicas da Região Administrativa São Cristóvão ........ 81 
Tabela 14: Total da área territorial por Classes de Uso do Solo e Cobertura 
Vegetal segundo Áreas de Planejamento, Regiões de Planejamento, Regiões 
Administrativas e Bairros. .............................................................................................. 97 
Tabela 15: Índices de áreas verdes em algumas cidades Brasileiras .................. 98 
2 
 
ÍNDICE DE GRÁFICOS 
Gráfico 1: Pessoas Residentes por Idade População/faixa etária ....................... 75 
Gráfico 2:Porcentagem da população por faixa etária ........................................ 75 
Gráfico 3:Porcentagem dos Jovens alfabetizados ............................................... 76 
Gráfico 4: Pessoas Residentes por espécie de domicílio .................................... 77 
 
 
3 
 
 
1. Introdução 
1.1 Apresentação do Tema 
As cidades brasileiras cresceram de forma desordenada no último século. O 
planejamento urbano feito pelas administrações públicas, por outro lado, não 
acompanhou esse crescimento. Em geral, a legislação limitou-se a referendar caminhos 
espontâneos além de concretizar as expectativas do mercadoimobiliário. Assim sendo, 
regiões de menor interesse ficaram desprovidas de infraestrutura e equipamentos 
urbanos em seu território, afetando diretamente a qualidade de vida de seus cidadãos. 
Particularmente graves são as regiões definidas por processos de urbanização 
com características históricas específicas, onde, com o passar dos anos, interesses (e 
também desinteresses) políticos levaram a problemas urbanos crônicos, ligados via de 
regra à moradia, ao transporte e à infraestrutura. 
Intimamente relacionados à qualidade de vida das populações urbanas, estas 
questões atrelam-se também a fatores socioeconômicos e a questões ambientais. No 
caso que pretendemos abordar, a criação e a manutenção de áreas verdes públicas são 
imprescindíveis para o bem estar das populações locais, servindo de contraponto entre a 
existência em meio ao ambiente construído e o ambiente natural, devendo, portanto ter 
sua utilização estimulada como áreas de convívio, lazer e recreação. 
Cabe compreender que em processos urbanos espontâneos e independentes da 
vontade do poder público, o prévio e cuidadoso planejamento que permite a 
implantação e manutenção destes pulmões verdes simplesmente não existe. É 
precisamente neste caso que se propõe a sua criação através da reintegração de áreas 
potencialmente vazias (podem ser imóveis abandonados, degradados ou ociosos) para a 
reimplantação de áreas verdes que permitirão a reabilitação de espaços urbanos, com 
profundos impactos positivos na vida dos cidadãos. 
4 
 
Com base no conceito de desenvolvimento urbano sustentável, a proposta de 
projeto deve se basear nos pilares da sustentabilidade: Social, Ambiental e Econômico. 
Já a escolha do bairro de São Cristóvão como objeto deste estudo deveu-se a seu 
histórico, palco de diversas fases. Inicialmente residencial de alta renda, industrial, 
comércio e atualmente se reestruturando como residencial. Caracteriza-se também pelo 
desequilíbrio de áreas verdes, embora munido de vazios urbanos decorrentes de 
processos de desindustrialização. 
Portanto, o que se propõe neste trabalho é fazer uma análise retrospectiva do 
processo de regulação urbanística na cidade, em busca de construir um fio condutor para 
o entendimento das normas que foram determinantes no processo de planejamento 
urbano da cidade. A partir disso, iremos propor diretrizes para a implantação de áreas 
verdes em vazios urbanos. 
Ao final desse trabalho, esperamos apontar uma série de diretrizes capazes de 
aplicação não só, não só ao bairro em questão, mas também em outras regiões. 
1.2 Objetivo 
O objetivo desse trabalho consiste em propor diretrizes que orientem à 
reintegração de espaços vazios e implantação de áreas verdes utilizando como pesquisa 
de campo a Região Administrativa de São Cristóvão. 
1.3 Justificativa 
Há evidente conflito entre questões ambientais e econômicas quando analisadas 
no contexto urbano. Diversas razões fazem com que o aspecto econômico prevaleça, 
frequentemente impedindo à implantação de equipamentos urbanos voltados as 
necessidades da população. Os projetos de intervenção ou revitalização de vazios 
urbanos, ou mesmo recuperação de áreas verdes já existentes, tornam-se polêmicos, 
sendo usualmente classificados como supérfluos ou preteridos em detrimento de outros 
investimentos públicos. 
5 
 
A razão pela qual consideramos o tema justificado deve-se ao fato de que, por 
um lado, persiste a crescente tendência de utilizar espaços privados tais como shoppings 
e áreas condominiais como cenários de convívio, há nítido favorecimento de ideologias 
de consumo globalizante, tão comuns em sociedades urbanas. Por outro lado 
acreditamos que quando o convívio se processa em espaços púbicos, torna-se possível 
valorizar aspectos culturais, ambientais e sociais espontâneos ou menos suscetíveis de 
direcionamento. Outro fator importante para a criação de áreas verdes é a influência 
positiva para a questão das mudanças climáticas, uma vez que a arborização contribui 
para a absorção de gás carbônico da atmosfera. 
Não bastando, a região de estudo escolhida, a VII Região Administrativa do Rio 
de Janeiro está inserida em um contexto histórico locacional muito específico, com um 
grande volume de vazios urbanos e de potencial para revitalização de áreas verdes. 
1.4 Metodologia 
Foi empregada a metodologia da revisão bibliográfica e realização de visitas in 
loco e pesquisa de campo. As referências bibliográficas necessárias para o embasamento 
deste trabalho estão representadas por consultas concentradas na legislação brasileira no 
que tange o tema desta monografia, em artigos e trabalhos técnicos. 
Com relação às visitas ao local de estudo, foram feitas observações pelos bairros 
de São Cristóvão, Benfica e Vasco da Gama. 
Por último foram feitas consultas a relatórios com informações 
socioeconômicas, dados de acesso público e mapas da região. 
1.5 Estrutura do Trabalho 
O presente trabalho se divide em cinco capítulos que apresentam as seguintes 
abordagens: 
6 
 
Capitulo 1: Desenvolve a introdução, na qual o tema de estudo é apresentado, 
bem como suas justificativas e a metodologia empregada. Apresenta-se também o 
objetivo deste. 
Capítulo 2: Aborda os aspectos conceituais e teóricos, fundamentados no 
trabalho de revisão bibliográfica que envolve o tema em questão, de forma a apresentar 
um embasamento para as questões que serão abordadas nos capítulos seguintes. 
Capítulo 3: Apresenta o conceito de áreas verdes, seus índices de quantificação, 
bem como seus tipos, funções e exemplos e, por fim, a legislação pertinente ao local. 
Capitulo 4: Apresenta a caracterização da região de estudo, ressaltando seu 
histórico de urbanização, suas características físicas, econômicas e ambientais. A 
abordagem adotada é orientada a sustentabilidade local, o qual se analisa os princípios 
escolhidos, além disso, fazendo o recorte de regiões de interesse para o estudo, assim 
como, expõe as diretrizes para implantação holística de áreas verdes. 
Capítulo 5: Trata-se do capítulo voltado para as considerações finais. 
Primeiramente, é traçado um panorama das diretrizes apresentadas no capítulo anterior. 
Posteriormente, são definidos os próximos passos para a concretização dessas 
orientações. Por fim, é feita uma discussão das políticas e diretrizes costumeiramente 
seguidas. 
 
 
 
7 
 
2. Reabilitação urbana e Vazios Urbanos: Um caminho para 
a Sustentabilidade 
O presente Capítulo trata dos aspectos conceituais e teóricos sobre o tema de 
reabilitação de áreas degradadas e ambientes urbanos mais sustentáveis, relacionando-os 
com exemplos bem sucedidos. No seu desenvolvimento são evidenciadas as 
características das requalificações, os vazios urbanos, assim como, a relação da 
reestruturação de tais áreas em direção à sustentabilidade urbana. 
2.1 Vazios Urbanos 
Abreu (1994) afirma que o espaço é inerente à existência humana, isto é, o 
homem produz o seu ambiente por meio do seu trabalho. Portanto o entendimento dessa 
relação envolve o processo histórico e o desenvolvimento da sua sociedade, bem como 
as relações de produção e cultura. O espaço não é autônomo, está inter-relacionado à 
sociedade, de forma que é concebido como materialidade social, tendo no homem o 
sujeito da sua produção. O espaço não é simplesmente organizado pela sociedade, é 
produzido por ela, através do trabalho. 
A cidade pode ser entendida como um processo de interação espacial urbano e as 
suas relações socioeconômicas, que formam um macrossistema urbano desagregado, 
com suas atividades socioeconômicas complementares que irão definir os subsistemas 
urbanos. De forma que, quanto maior for a diversidade de uma cidade, mais complexo 
será o seu processo de transformação. Contudo, as soluções espaciais não são mais 
definidas em termos da melhor escolha para uma determinada região, uma vez que 
existe todo um ecossistemaque envolve diversos atores, como o setor privado, indústria 
etc. Deve-se sempre levar em consideração o contexto histórico e a realidade 
momentânea e local. (PALMA & KRAFTA, 2003) 
Com isso, temos que a dinâmica do espaço de uma cidade é um processo 
contínuo que adapta os espaços, as formas construídas e as atividades sociais em áreas 
diferentes. Esse processo de ajuste espacial envolve os atores sociais, como o poder 
Público e os investimentos privados que, provocando aglomeração de pessoas e 
8 
 
concentração de atividades ou dispersando as pessoas e descentralizando as atividades, 
estabelece-se com cada ação de transformação, um novo mapa de acessibilidade. Nessa 
variação de valorização formam-se os espaços vazios urbanos (PALMA & KRAFTA, 
2003). 
Historicamente, o termo vazio urbano começa a aparecer a partir de meados do 
século XIX, quando cidades como Londres e Paris que já tinham atingido dimensões 
metropolitanas devido ao crescimento tanto físico quanto populacional, decorrente do 
êxodo rural, iniciam o processo de dispersão de zonas industriais dentro dos centros 
urbanos (BORDE, 2006). 
Somente no século XX, com a crise do sistema produtivo, o vazio urbano passa 
a despertar reflexões no campo do urbanismo. A partir dos anos 1970, multiplicam-se as 
ferrovias desativadas, zonas industriais e edifícios abandonados, consequências da 
desfuncionalização de áreas do tecido industrial. Tais espaços passam a constituir o foco 
dos primeiros estudos europeus sobre vazios urbanos que são elaborados a partir de 
inventários realizados na França, em 1979, e na Inglaterra, em 1982 (BORDE, 2006). 
A dinâmica urbana, no caso do Brasil, sofreu um crescimento acelerado das 
cidades brasileiras a partir dos anos 40 e 50, desencadeando um padrão de expansão 
apoiado na urbanização horizontal e na ocupação periférica (SERRA, 1991). As cidades 
se expandiram de maneira radial e as áreas centrais, antes residenciais, passaram por um 
processo de mudança de uso, evasão da população residente e de abandono de suas 
estruturas físicas (SILVEIRA, LAPA, & RIBEIRO, 2007). 
A expansão urbana e a ocupação periférica da cidade, culminaram no 
esvaziamento populacional dos centros, na mudança de uso do solo das áreas centrais. 
Todos esses processos contribuíram de maneira significativa para a degradação dos 
centros históricos e para o surgimento de áreas obsoletas e dos vazios urbanos nessas 
áreas (VAZ & SILVEIRA, 2007). 
Atualmente, tem-se uma ambiguidade de termos e conceitos relacionados ao 
tema do “vazio urbano”, que ora é associado apenas a áreas fundiárias nunca antes 
ocupadas, ora é relacionado à condição de abandono de estruturas que perderam seu 
uso. 
9 
 
Villaça (1998) utilizou a definição de vazio urbano como uma grande extensão 
de área urbana equipada ou semiequipada, com quantidade significativa de glebas ou 
lotes vagos. 
Uma primeira questão vem da ideia de que os vazios urbanos são espaços da 
cidade ausentes de construção ou preferencialmente não edificados (SOUSA, 2010). No 
entanto, a expressão é muito mais abrangente e designa também os “terrenos e 
edificações não utilizados, subutilizados, desocupados ou desestabilizados, localizados 
em terrenos infraestruturados e que passaram ou estão passando por processo de 
esvaziamento”. Os vazios urbanos seriam, portanto, espaços em mutação e que 
configuram uma situação de fragilidade urbana e podem vir a se constituir em vazios 
urbanos (BORDE, 2006). 
Ainda para Borde (2006), consideram-se vazios urbanos aqueles “terrenos 
localizados em áreas providas de infraestrutura que não realizam plenamente a sua 
função social e econômica, seja porque estão ocupados por uma estrutura sem uso ou 
atividade, seja porque estão de fato desocupados, vazios”. Esse conceito pode ser 
complementado por Medeiros (2007), que define vazio urbano como “um fenômeno 
típico da sociedade pós-industrial, podendo ser resultante de espaços residuais, zonas 
industriais obsoletas, de corredores e pátios ferroviários esquecidos, dos movimentos de 
especulação imobiliária, de catástrofes ou mesmo de edifícios centrais abandonados”. 
O Manual de Requalificação de Áreas Urbanas Centrais (BRASIL, 2008) 
fortalece essa definição de Medeiros (2007), apresentando o seguinte conceito de vazios 
urbanos: 
“[...] consistem em espaços abandonados ou 
subutilizados localizados dentro da malha urbana consolidada, 
em uma área caracterizada por grande diversidade de espaços 
edificados, que podem ser zonas industriais subutilizadas, 
armazéns e depósitos industriais desocupados, edifícios centrais 
abandonados ou corredores e pátios ferroviários desativados” 
(BRASIL,2008 p. 142). 
10 
 
O conceito de vazio urbano como algo degradado também é utilizado por 
Clichevsky (2000), que os vazios urbanos compreendem terrenos e edificações a espera 
de serem demolidas, caracterizados por serem estruturas com alto nível de degradação e 
obsolescência nos centros urbanos. 
Mori (2004) e Borde (2006) admitem que em suas concepções de “vazios 
urbanos” estão: “edifícios e outras instalações que sofreram abandono ao longo do 
tempo, como pátios ferroviários, zonas portuárias e complexos industriais”. 
De forma, que confirma-se a ambiguidade relatada sobre o estado, local e 
utilização. O conceito de Dittmar (2006) resume o que entendemos por “vazios 
urbanos” nesse trabalho, isto é, afirma que vazios urbanos são áreas construídas ou não, 
desocupadas ou subutilizadas, que possuem como característica em comum o fato de 
serem “resíduos do crescimento da cidade”, podendo ser caracterizados pelas questões 
físicas ou pelo esvaziamento de uso. Para a autora, os vazios urbanos podem se 
configurar em três tipos diferentes: áreas ociosas, remanescentes urbanos e espaços 
residuais. 
 Áreas ociosas: correspondem ao vazio físico. Constituem-se em glebas não 
parceladas dentro do tecido urbano, lotes não edificados em um loteamento 
residencial, áreas que se encontram reservadas à especulação imobiliária. 
 Remanescentes urbanos: contemplam os locais que abrigaram antigas 
construções e elementos de infraestrutura que, com o passar do tempo, foram 
deixados de lado, como instalações industriais, pátios e linhas férreas, dentre 
outros. As cidades europeias e estadounidenses foram as primeiras a sofrer os 
efeitos dos remanescentes urbanos, devido a sua industrialização anterior. 
 Espaços residuais: correspondem à expressão francesa terrain vague, cunhada 
pelo urbanista espanhol Sola-Morales, para designar áreas sem limite claro e que 
não possuem uso atual, sobras do crescimento da cidade, áreas subutilizadas, às 
vezes imperceptíveis aos cidadãos, como áreas ao lado de estações do metrô, 
sobre linhas de alta tensão e viadutos, zonas residenciais ou comerciais 
abandonadas em consequência da violência. 
Este estudo traz à tona outra questão: a de que os vazios urbanos nem sempre 
estão totalmente desocupados. Ao mesmo tempo, isso cria uma dificuldade em se 
11 
 
determinar se uma determina edificação pode ser qualificada dentro dos conceitos 
apresentados. 
A figura 01 resume a ideia que tentou-se evidenciar, no qual o vazio urbano e o 
imóvel subutilizado ocupam o mesmo patamar. A análise dedutiva segue observando o 
tipo (Lote ou Edificação) , em outro patamar, sua utilização e por fim chega-se aos tipos 
possíveis de espaços. 
 
Figura 1 Categorias de análise dos vazios urbanos e imóveis subutilizados 
Fonte: (CLEMENTE, 2011) 
Desta maneira, pode-se concluir que localidades aparentemente sem vazios, já 
totalmente edificadas e sem espaços para novas construções, podem, ainda assim, 
possuir vazios urbanos. Desde que a edificação em questão esteja abandonada. A partir 
disso, vê-se que bairros que sofreram com esvaziamentos, pelos mais diversos motivos, 
possuem vários espaços vazios, como o bairro de São Cristóvão, em estudo no trabalho. 
2.2 ReabilitaçãoUrbana 
O termo reabilitação urbana foi formalmente conceituado em 1995, através da 
chamada Carta de Lisboa. A Carta define Reabilitação Urbana como uma estratégia de 
gestão urbana que procura requalificar a cidade existente através de intervenções 
múltiplas destinadas a valorizar as potencialidades sociais, econômicas e funcionais a 
12 
 
fim de melhorar a qualidade de vida das populações residentes; isso exige o 
melhoramento das condições físicas do parque construído pela sua reabilitação e 
instalação de equipamentos, infraestruturas, espaços públicos, mantendo a identidade e 
as características da área da cidade a que dizem respeito (CARTA DE LISBOA, 1995). 
 
Nota-se, que o conceito de reabilitação da identidade espacial é preservado. 
Além disso, prioriza-se o termo reabilitação que parece valorizar usuário  ou morador 
 no processo de intervenção, as demais questões como a econômica, por exemplo, 
devem ser pensadas em conjunto, para que o indivíduo tenha suas necessidades 
satisfeitas no lugar a ser reabilitado, sem sair – ou ser expulso – do local, ou ver sua 
identidade perdida. 
 A reabilitação, conforme o documento, é voltada às áreas não residenciais 
abandonadas. No entanto, uma vez que o significado de requalificar é voltar a atribuir 
qualidade a algo, então se pode afirmar que o termo requalificação pode ser empregado 
em qualquer área, com ou sem características particulares, residencial, ou não, 
abandonadas ou somente subutilizadas. Assim sendo, o termo requalificação pode ser 
empregado como sinônimo tanto de revitalização como de reabilitação. 
Para prática dessa reabilitação, é imperativo avaliar a necessidade de se fazer 
mudança, isto é, investigar as motivações para a alteração do ambiente urbano. Segundo 
Vargas e Castilho (2005), as motivações que conduzem as intervenções em centros 
urbanos são: 
 Referência e identidade; 
 História urbana; 
 Sociabilidade e diversidade; 
 Infraestrutura existente; 
 Mudanças nos padrões sociodemográficos; 
 Deslocamentos pendulares e; a 
 Distribuição de bens e serviços. 
No caso do Rio de Janeiro, por exemplo, as fronteiras, tanto do espaço quanto 
dos recursos disponíveis, já estão chegando ao seu limite, principalmente na zona sul e 
no Centro. Pode-se portanto observar um fenômeno recorrente de degradação do 
13 
 
ambiente urbano. Tornando imperativa a adoção que desestimulem a evolução dessa 
tendência. 
Como já foi mencionado, a reabilitação urbana é vista como um instrumento de 
intervenção que deve ser aplicado de modo a contribuir para solução de problemas 
verificados nas cidades. Pode-se considerar o processo como um eixo prioritário nas 
intervenções urbanas, possibilitando uma operacionalização no tecido físico e social, 
permitindo (re)criar uma nova estética em função do desenho já existente de uma 
cidade. Esse processo permite ainda a revitalização de áreas mais antigas das cidades, 
principalmente os centros históricos em risco de decadência. Todavia, a requalificação 
urbana não pode canalizar as suas intervenções só para centros históricos, mas também 
para áreas adjacentes. Neste sentido, o conceito tem evoluído constantemente em função 
dos atuais problemas verificados no espaço urbano. 
Segundo a Direção Geral de Ordenamento do Território e Desenvolvimento 
Urbano de Portugal, a reabilitação consiste na “operação de renovação, reestruturação 
ou requalificação urbana, em que a valorização ambiental e a melhoria do desempenho 
funcional do tecido urbano constituem objetivos primordiais da intervenção […]. A 
valorização ambiental e a melhoria da qualidade do espaço urbano são normalmente 
abordadas num dupla perspectiva: de resolução de problemas ambientais e funcionais 
[…] e a criação de fatores que favoreçam a identidade, a habitabilidade, a atratividade e 
a competitividade das cidades ou áreas urbanas específicas” (DGOTDU, 2007). 
Outra definição é a de Ferreira, Lucas e Gato (1999) “reabilitação urbana é um 
processo social e político de intervenção no território que visa essencialmente melhorar 
a qualidade de vida urbana, através de uma maior equidade nas formas de produção 
(urbana), de um acentuado equilíbrio no uso e ocupação dos espaços e na própria 
capacidade criativa e de inovação dos agentes envolvidos nesses processos”. Trata-se, 
portanto, de um processo dinâmico, resultante de várias linhas de orientação 
delimitadas, a fim de melhorar a desarticulação territorial existente e tornar coerente as 
funcionalidades e a qualidade de vida no espaço urbano. 
A reabilitação urbana passa a ser vista como um dos propósitos das políticas de 
intervenção urbana e, neste sentido, deve-se impor um conjunto de regras, diretrizes e 
14 
 
normas que assegurem a proteção e valorização das características de um território, 
como aspectos físicos, ambientais e de identidade histórico-cultural. 
Com isso, políticas que direcionem à regeneração, precisam ser aplicadas nas 
cidades já consolidadas, visando valorizar seu patrimônio, defender sistemas naturais e 
principalmente obter um padrão de vida melhor para seus cidadãos. 
Não bastando, a reabilitação urbana não pode focar só na melhoria da qualidade 
de ambiente e de vida nas cidades; deve envolver também a articulação e integração de 
diversas componentes como, por exemplo, a habitação, a cultura, a coesão social e a 
mobilidade (CARVALHO, 2008). 
Portanto, as estratégias para a reabilitação urbana, em sintonia com as principais 
orientações da atualidade em matéria de desenvolvimento e planejamento urbano, 
revelam a primazia da reutilização de infraestruturas e equipamentos existentes e a 
reutilização/reconversão de espaços urbanos (desocupados, abandonados ou 
degradados, em particular) com o objetivo de melhorar as suas condições de uso. 
2.3 Contribuição da Reabilitação Urbana para a Sustentabilidade 
Urbana 
Na década de 70 surge o debate do termo sustentabilidade, com diversas 
preocupações relacionadas ao meio ambiente, fatores como poluição, exploração dos 
recursos naturais, aquecimento global e a baixa qualidade de vida da população. 
Baseado nesse conceito, a “Agenda 21”, documento aprovado na Conferência 
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, no Rio de 
Janeiro, estabeleceu diretrizes para mudança do padrão de desenvolvimento global para 
o século XXI. Trata-se de uma tentativa de promover, em todo o planeta, um padrão de 
desenvolvimento que venha a conciliar os instrumentos de proteção ambiental, equidade 
social e eficiência econômica. 
No Brasil, o Decreto Presidencial de 26 de fevereiro de 1997 criou a Comissão 
de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda XXI Nacional, com a 
15 
 
finalidade de propor estratégias de desenvolvimento sustentável e coordenar, elaborar e 
acompanhar a implementação da Agenda 21. Entre os temas centrais desse documento 
encontram-se as cidades sustentáveis. No decorrer de discussões sobre a Agenda 21 
brasileira, buscou-se diagnosticar os problemas urbanos ambientais e as estratégias de 
sustentabilidade urbana 
Um marco, no Brasil, na maneira de tratar as questões urbanas é o Estatuto da 
Cidade — Lei Federal nº 10.257/2001 —, que estabelece normas e instrumentos, 
objetivando regular “o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da 
segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental” (BRASIL, 
2001, p.1). De acordo com este, uma cidade sustentável propiciaria às presentes e 
futuras gerações o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à 
infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer. 
Entretanto, quando se analisa a dinâmica urbana das metrópoles brasileira, questiona-se 
a sustentabilidade do modelo de desenvolvimento brasileiro. Observa-se que o governo, 
mesmo com a intenção de aplicar uma política de sustentabilidade urbana, trataa gestão 
e o planejamento de forma fragmentada, sem incorporar estratégias que contemplem as 
múltiplas dimensões para o desenvolvimento sustentável (SACHS, 1993). 
Farr (2008) emprega o termo urbanismo sustentável, que traduziria uma política 
de sustentabilidade, para o projeto de cidades que se relaciona intimamente com 
natureza, buscando a síntese entre a corrente do Novo Urbanismo, dos edifícios 
sustentáveis e do crescimento inteligente. Para o autor, o urbanismo sustentável baseia-
se em: 
 Mobilidade; 
 Caminhabilidade; 
 Uso do solo misto, compacto e denso; 
 Edificações de alto desempenho energético e de recursos naturais; 
 Infraestrutura de alto desempenho energético e de recursos naturais; 
 Biofilia: conexão dos homens à natureza; 
 Projeto integrado. 
Braga (2008) discorda de Farr ao afirmar que, no que diz respeito as cidades, 
não há um consenso sobre o que venha a ser realmente uma cidade ou um planejamento 
16 
 
urbano sustentável, menos ainda de como avaliar o grau de sustentabilidade do 
crescimento de uma cidade ou sua contribuição para a promoção do desenvolvimento 
sustentável. Contudo, o conceito de sustentabilidade expressa a busca por uma melhor 
qualidade de vida e bem-estar para toda a população e por uma redução dos impactos 
ambientais antrópicos, ressaltando que as questões sociais e ambientais estão 
relacionadas (ROGERS, 2001). 
O reaproveitamento da infraestrutura instalada em uma área subutilizada per se 
pode levar a uma diminuição dos gastos públicos, a reabilitação de edifícios ou a 
ocupação de edifícios vazios apresentam vantagens em relação à urbanização de novas 
áreas e à prática de loteamentos, porque estas últimas demandam mais recursos 
financeiros para a realização de obras de infraestrutura. De maneira que o conceito de 
sustentabilidade também deve ser aplicado a projetos de recuperação de áreas 
degradadas. 
Alem disso, ocorre uma melhora da qualidade de vida através do 
restabelecimento ou estabilização do valor urbanístico, da infraestrutura e de empregos 
em regiões reabilitadas, que podem ser entendidas como um benefício social, uma 
consequência disso é a revitalização da imagem da cidade. 
Como já foi mencionado, muitas cidades do mundo já sofreram com processo de 
diminuição/descentralização da indústria, deixando as grandes áreas abandonadas, 
geralmente localizadas ao longo das principais vias de transporte, de rios, canais e junto 
ao mar. Este processo reflete a lacuna existe no planejamento urbano. Tais áreas a serem 
recuperadas representam uma importante oportunidade para melhorar o grau de 
sustentabilidade das cidades (ROGERS, 2001). 
A proposta de que o processo de recuperação de uma área vazia pode contribuir 
para a sustentabilidade, à qual Rogers (2001) se referiu, estimula o questionamento 
sobre diversos tópicos envolvidos nesse processo. Reabilitar uma região é um processo 
que exige o planejamento estratégico bem estruturado e são necessárias metas para 
atingir os objetivos planejados. 
Sendo assim, ao se planejar a utilização de espaços abandonados como 
potenciais locais para a construção de áreas verdes, então se chega mais perto de se 
17 
 
atingir a sustentabilidade de um espaço urbano. Essa medida de reabilitar locais 
degradados, em conformidade com o local a ser estudado pelo presente trabalho, pode 
estimular o desenvolvimento da região. 
No que se refere à implantação de áreas verdes e parques em áreas urbanas sem 
uso, tem-se a dificuldade de estabelecer a localização, uma vez que o tecido urbano já 
esta traçado. Segundo Farr (2008), ainda que esta área represente uma significativa 
contribuíção para a cidade, o desenvolvimento de parques urbanos acaba prejudicado 
pelos elevados preços dos terrenos e pela inadequação dos locais disponíveis 
pertencentes ao poder público, onde não há o apelo de instalação de parques. De 
maneira que, a utilização de um vazio urbano pode compensar, uma vez que seu estado 
de depredação reduziria seu valor. 
Edwards (2008) afirma que a relação entre preenchimento de vazios urbanos e 
criação de espaços verdes ao destacar tais ações como princípios orientadores de um 
projeto urbano na escala do lugar que contribua para o desenvolvimento sustentável: 
considerar a natureza e a biodiversidade, utilizar prioritariamente terrenos ou 
edificações abandonados e reforçar cinturões ou circuitos verdes. 
Garvin (2011), ao discorrer sobre parques públicos em sua obra, define alguns 
tópicos que tornam um parque sustentável nos aspectos social, funcional, ambiental, 
financeiro, político e estético. Para o autor, um espaço público pode ser considerado 
socialmente sustentável se atrai a frequência de pessoas variadas; para que isso ocorra, a 
composição de paisagem em si deve ser o destino almejado pelos seus usuários. 
A contribuição para a sustentabilidade da reintegração de vazios urbanos em 
espaços verdes torna-se de grande importância na medida em que a não existe grande 
disponibilidade de vazios nos centros urbanos. Harnik (2010) retrata essa afirmação ao 
alegar que o espaço urbano é altamente disputado, isto é, cada área possível de 
implantação compete com outro uso. Com isso, tem-se que muitas vezes a decisão é 
impulsionada por análise de custo-benefício e lucro. “Parques agregam valor aos 
bairros, mas os bairros também agregam valor aos parques, o que faz com que os 
desenvolvimentos dos dois devam caminhar juntos” (HARNIK, 2010 apud JARDIN 
2012, p. 43). 
18 
 
 
3. Áreas Verdes e Vazios Urbanos: Uso voltado para o Lazer 
e a Cultura 
3.1 Conceito de Áreas Verdes 
As áreas verdes são consideradas importantes na avaliação da qualidade 
ambiental urbana. Quando não existem ou não são efetivadas no ambiente urbano 
interferem em sua qualidade e sua ausência reduz substancialmente a qualidade de vida 
de sua população. 
Os problemas relacionados ao meio ambiente tornaram-se mais críticos nas 
cidades nas últimas décadas, portanto, os estudos relacionados com a qualidade do 
ambiente urbano podem contribuir para melhorar o planejamento a partir da geração de 
políticas capazes de tornar o uso e a ocupação do solo nas cidades menos impactantes 
ao meio ambiente, assim como, melhorar a qualidade de vida da população. 
Embora a existência de áreas verdes implique em inúmeras vantagens para a 
população, sua criação precisa de planejamento e ordenamento, uma vez que, nas 
cidades brasileiras, os processos de urbanização são desordenados, sua implantação 
demanda profundas remodelações (HOEHNE, 1944). 
De maneira a definir melhor o termo “área verde”, foram consultados diversos 
trabalhos sobre o assunto. Dentre estes, podemos citar Gonçalves (1994) que considera 
área verde como: 
“[...] qualquer área, no âmbito urbano ou rural, de 
propriedade pública ou privada, que apresente algum tipo de 
vegetação com dimensões verticais e horizontais significativas e 
que sejam utilizadas com objetivos sociais, científicos ou 
culturais.” 
19 
 
Fica implícita a predominância arbórea, pois assim teriam dimensão vertical 
significativa. Isso se torna mais claro no trabalho de Lima (1994), que apresenta a 
seguinte definição: 
 “Área Verde: onde há o predomínio de vegetação 
arbórea; engloba as praças, os jardins públicos e os parques 
urbanos. Os canteiros centrais e trevos de vias públicas, que têm 
apenas funções estética e ecológica, devem, também, conceituar-
se como Área Verde. Entretanto, as árvores que acompanham o 
leito das vias públicas, não devem ser consideradas como tal. 
Como todo Espaço Livre, as Áreas Verdes também devem ser 
hierarquizadas, segundo sua tipologia (privadas, potencialmente 
coletivas e públicas).” (LIMA et. al., 1994, p.549). 
Importante ressaltar que o autor não inclui como área verde a arborização viária 
e esta opinião é compartilhada por diversos autores. A razão disso, segundo 
(ÁLVAREZ, 2004), se deve aofato de que essas árvores se encontram em áreas 
impermeabilizadas. 
Em concordância com esse pensamento, Nucci (2008) afirma que para uma área 
ser identificada como área verde deve haver a predominância de áreas plantadas e que 
deve cumprir três funções: 
 Estética, 
 Ecológica, e 
 Lazer. 
Além de apresentar uma cobertura vegetal e solo permeável, devem ocupar uma 
grande porcentagem da área. 
 Oliveira (1996) relatou em seu trabalho a sua própria definição de áreas verdes: 
“[...] são áreas permeáveis (sinônimo de áreas livres) 
públicas ou não, com cobertura vegetal predominantemente 
arbórea ou arbustiva (excluindo-se as árvores no leito das vias 
20 
 
públicas) que apresentem funções potenciais capazes de 
proporcionar um microclima distinto no meio urbano em relação 
à luminosidade, temperatura e outros parâmetros associados ao 
bem estar humano (funções de lazer e cultura); com significado 
ecológico em termos de estabilidade geomorfológica e 
amenização da poluição e que suporte uma fauna urbana, 
principalmente aves, insetos e fauna do solo (funções 
ecológicas); representando também elementos esteticamente 
marcantes na paisagem (função estética), independentemente da 
acessibilidade a grupos humanos ou da existência de estruturas 
culturais como edificações, trilhas, iluminação elétrica, 
arruamento ou equipamentos afins; as funções ecológicas, 
sociais e estéticas poderão redundar entre si ou em benefícios 
financeiros (funções econômicas).” (OLIVEIRA, 1996, p. 17). 
Essa conclusão é bastante abrangente, já que engloba além da concepção de 
áreas verdes como receptáculo de árvores, mas também caracteriza outras funções 
potenciais que podem ser atreladas a esses locais. Com isso, é possível pensar nesses 
locais de forma mais holística. 
3.2 Os Diversos Índices para Quantificação de Áreas Verdes nas 
Cidades 
A quantificação da arborização urbana tem sido realizada através de indicadores 
dependentes e independentes da demografia, expressos, respectivamente, em termos de 
superfície de área verde/habitante (IAV = Índices de Áreas Verdes) ou porcentual do 
solo ocupado pela arborização (PAV = Porcentual de Áreas Verdes) (Oliveira, 1996). 
Cavalheiro e Del Picchia (1992) discutiram a existência do índice de 12 m² de área 
verde/habitante considerado ideal, arraigado e difundido no Brasil e atribuído à 
Organização das Nações Unidas (ONU), Organização Mundial de Saúde (OMS) ou 
Food and Agriculture Organization (FAO). Os autores afirmaram que esse índice não é 
conhecido por aquelas instituições e supõem que deve se referir somente às categorias 
de parques de bairro e distritais/setoriais, ou seja, áreas públicas com possibilidades de 
21 
 
lazer ao ar livre. Já a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU) propôs como 
índice mínimo para áreas verdes públicas destinadas à recreação o valor de 15 
m
2
/habitante. 
Segundo Nucci (2008) outros índices devem ser calculados, como: índice de 
cobertura vegetal, em que se consideram todas as manchas de vegetação, por exemplo 
as copas das árvores; e índice de áreas verdes utilizáveis, quando a área verde não 
apresenta condições de uso e, após a qualificação das áreas verdes, dever-se-ia 
recalcular o índice de áreas verdes, indicando a quantidade daquelas utilizáveis pela 
comunidade de acordo com suas qualificações. 
O índice de áreas verdes é aquele que expressa a quantidade de espaços livres de 
uso público, em Km² ou m², pela quantidade de habitantes que vive em uma 
determinada cidade. Participam deste cálculo as praças, os parques e os cemitérios, ou 
seja, espaços cujo acesso pela população é livre. Cabe ressaltar que se deve trabalhar 
com um primeiro valor que é em função da quantidade total das áreas existentes e um 
segundo, recalculado, que expresse quantas dessas áreas estão sendo realmente 
utilizadas, após uma avaliação do seu estado de uso e conservação. 
 
∑ 
 
 
Outro índice que pode ser gerado é o índice de cobertura vegetal em área urbana 
(IAVC). Para obtenção desse índice é necessário o mapeamento de toda cobertura 
vegetal de um bairro ou cidade, que será posteriormente quantificado em m
2
 ou Km
2
. 
Conhecendo-se a área total estudada, também em m² ou Km², chega-se posteriormente à 
porcentagem de cobertura vegetal que existe naquele bairro ou cidade. Se mapearmos 
somente as árvores, então esse índice expressará somente a cobertura vegetal de porte 
arbóreo. 
 
∑ 
 
 
Segundo Nucci (2008), pode-se calcular o índice de verde por habitante (IVH), 
isto é, levantar a área verde total, também conhecido como mancha verde, que considera 
todo o verde existente no bairro, independente de ser área pública ou particular e não se 
22 
 
preocupando, neste caso, com o acesso da população a essas áreas, e dividir pela 
população residente. 
 
∑ 
 
 
Oliveira (1996) obteve dois índices diferentes. O primeiro, denominado 
percentual de áreas verdes (PVA), foi estimado para grandes áreas da cidade que o autor 
chamou de unidade de gerenciamento. Neste índice entraram todas as áreas verdes 
públicas da cidade, independentemente da sua acessibilidade à população. Diferentes 
valores foram obtidos para as diferentes unidades de gerenciamento. Em seguida, o 
autor calculou o índice de áreas verdes (IAV), considerando somente aquelas áreas 
verdes públicas de acesso livre para a população. Neste caso os índices foram obtidos 
para setores da cidade. Na sequência do estudo setorial, o autor também chegou ao 
índice de áreas verdes para a cidade como um todo. 
Outros índices que também são valiosos para estimativa das áreas verdes, são: 
Pelo índice de áreas verdes para parques de Bairros (IAVPB), estima-se apenas 
as áreas verdes relativas a parques, acessíveis a população (em m²) e divide-se pelo 
número de habitantes da região. É possível refinar esse indicador se considerarmos 
apenas áreas públicas em bom estado. 
 
∑ 
 
 
A partir desse refinamento, obtêm-se o índice de áreas verdes utilizáveis 
(IAVU). 
 
∑ 
 
 
A falta de uma definição amplamente aceita sobre o termo "áreas verdes" e as 
diferentes metodologias utilizadas para obtenção dos índices dificulta a comparação dos 
dados obtidos para diferentes cidades brasileiras e destas com cidades estrangeiras. 
23 
 
Estes índices carregam consigo apenas uma informação quantitativa geral, não 
expressando como essas áreas verdes se encontram, como estão sendo utilizadas e nem 
a distribuição das mesmas dentro da cidade. Pode-se ter um alto índice de áreas verdes 
em uma determinada cidade, no entanto, pode-se constatar que a grande maioria delas 
se localizam nos bairros de classe de alta renda. Soma-se a isto, o fato de que as pessoas 
mais pobres, onde há uma carência maior dessas áreas, não possuem acesso a clubes de 
lazer particulares e os quintais de suas casas são pequenos ou mesmo inexistentes, tendo 
muitas vezes que praticar esporte ou desenvolver algum tipo de recreação nas ruas do 
seu bairro. 
3.3 Tipos e Funções das Áreas Verdes Urbanas 
3.3.1 Tipos de Áreas Verdes 
A conceituação desenvolvida por Richter (1981 apud GERALDO, 1997, pg.40) 
propõe a seguinte classificação para os espaços livres e o verde urbano: 
 Jardins de representação e decoração: Ligados à ornamentação, de reduzida 
importância com relação à interação com o meio e sem função recreacional. São 
jardins à volta de prédios públicos, igrejas etc; 
 Parques de vizinhança: Praças, playground, espaços que apresentam função 
recreacional, podendo abrigar alguns tipos de equipamentos; 
 Parques de bairro: São áreas ligadas à recreação, com equipamentos 
recreacionais,esportivos dentre outros, que requerem maiores espaços do que os 
parques de vizinhança; 
 Parques setoriais ou distritais: Áreas com equipamentos ligados à recreação que 
permitem o desenvolvimento de atividades; 
 Áreas para proteção da natureza: Destinadas à conservação, podendo possuir 
algum equipamento recreacional para uso pouco intensivo; 
24 
 
 Áreas de função ornamental: Áreas que não possuem caráter conservacionista 
nem recreacionista, são canteiros de avenidas e rotatórias; 
 Áreas de uso especial: Jardins zoológicos e botânicos; 
 Áreas para esportes; 
 Ruas de pedestres: Calçadões. 
Continuando com as definições, Llardent (1982) ainda conceitua os seguintes 
termos sobre o entendimento de espaços livres e áreas verdes. 
 Sistemas de espaços livres: Conjunto de espaços urbanos ao ar livre, destinados 
ao pedestres para descanso, passeio, prática esportiva e, em geral, 
entretenimento nas horas ociosas. 
 Espaço livre: Quaisquer das distintas áreas verdes que formam o sistema de 
espaços livres. 
 Zonas verdes, espaços verdes, áreas verdes, equipamento verde: Qualquer 
espaço livre no qual predominam as áreas plantadas de vegetação, 
correspondendo, em geral, o que se conhece como parques, jardins ou praças. 
Milano (1984) destaca que a cobertura arbórea das áreas abertas ou coletivas é 
um importante setor da administração pública, tendo em vista a facilidade de supressão 
da cobertura arbórea das áreas privadas urbanas. Para esse autor, tais áreas dividem-se 
em dois grupos: 
 Áreas verdes; e 
 Arborização urbana. 
Di Fidio (1990) estabelece uma classificação dos espaços urbanos: 
 Espaços verdes urbanos privados e semi-públicos: Jardins residenciais; Hortos 
Urbanos; Verde semi-público. 
25 
 
 Espaços verdes urbanos públicos: Praças; Parques Urbanos; Verde balneário e 
esportivo; Jardim botânico; Jardim zoológico; Mostra (ou feira de jardins; 
cemitério; Faixa de ligação entre áreas verdes; Arborização urbana). 
 Espaços verdes suburbanos: Cinturões verdes. 
Para este trabalho adotam-se os termos desenvolvidos por Lima (1994): 
 Espaço livre: Trata-se do conceito mais abrangente, integrando os demais e 
contrapondo-se ao espaço construído em áreas urbanas. 
 Área verde: Onde há o predomínio de vegetação arbórea, englobando os jardins 
públicos e os parques urbanos. Os canteiros centrais de avenidas e os trevos e 
rotatórias de vias públicas que exercem apenas funções estéticas e ecológicas, 
devem, também, conceituar-se como área verde. 
3.3.2 Funções das Áreas Verdes 
A constante modificação do espaço urbano pela sociedade tem conferido 
diversas feições às áreas verdes urbanas ao longo da história das cidades. Como dito 
anteriormente, as principais funções de tais áreas são: a ecológica, a estética, a social e a 
urbana, como mostra a figura 3. 
26 
 
 
Figura 2:Funções das Áreas Verdes 
Fonte: Elaboração própria baseado em (LIMA,1994). 
No quesito ecológico, a contribuição ocorre na medida em que os elementos que 
compõem essas áreas reduzem os impactos negativos, não só da industrialização, mas 
da urbanização descontrolada. A função estética está relacionada, principalmente com a 
integração dos espaços construídos, isto é, elas proporcionam maior permeabilidade da 
circulação. O papel social está diretamente relacionado a oferta de espaços para o lazer 
da população. Por fim, a função urbana de tais áreas está relacionada com o equilíbrio 
entre as áreas construídas e os espaços abertos. 
Lamas (1993) ressalta que “do canteiro à árvore, ao jardim de bairro ou grande 
parque urbano, as estruturas verdes constituem também elementos identificáveis na 
estrutura urbana; caracterizam a imagem da cidade; têm a individualidade própria; 
desempenham funções precisas; são elementos de composição e do desenho urbano; 
servem para organizar, definir e conter espaços, de forma a ressaltar sua função no 
tecido urbano”. 
Sitte (1992) destaca também a importância dos espaços livres inseridos nas 
proximidades da grande massa de edifícios, pois são essenciais para a saúde e para 
melhoria da qualidade de vida da população. As áreas verdes desempenham um papel 
importante no mosaico urbano, porque constituem um espaço cujas condições 
ecológicas mais se aproximam das condições naturais. 
27 
 
Espaços integrantes do sistema de áreas verdes de uma cidade, exercem, em 
função do seu volume, distribuição, densidade e tamanho, inúmeros benefícios ao seu 
entorno. Com ênfase ao meio urbano, estas áreas proporcionam a melhoria da 
qualidade de vida pelo fato de garantirem áreas destinadas ao lazer, paisagismo e 
preservação ambiental. 
São inúmeros os benefícios proporcionados pela arborização no meio urbano. 
Segundo Llardent (1981), Cavalheiro (1990), Di Fidio (1990), Milano e Sirkis (2000), 
destacam-se os seguintes, de acordos com as suas funções. 
As principais funções ecológicas são: 
a) Composição atmosférica urbana: 
 Redução da poluição por meio de processos de introdução do excesso de 
oxigênio na atmosfera; 
 Purificação do ar por depuração bacteriana e de outros micro-organismos; 
 Ação purificadora por reciclagem de gases em processos fotossintéticos; 
 Ação purificadora por fixação de gases tóxicos; 
 Ação purificadora por fixação de poeiras e materiais residuais. 
 
b) Equilíbrio solo-clima-vegetação: 
 Luminosidade e temperatura: a vegetação, ao filtrar a radiação solar, suaviza as 
temperaturas extremas; 
 Enriquecimento da umidade por meio da transpiração da fitomassa (300 a 450 
ml de água/metro quadrado de área); 
 Umidade e temperatura: a vegetação contribui para conservar a umidade dos 
solos, atenuando sua temperatura; 
 Redução na velocidade dos ventos; 
 Mantém a permeabilidade e a fertilidade do solo; 
 Embora somente parte da pluviosidade precipitada possa ser interceptada e 
retida pela vegetação em ambientes urbanos, esta diminui o escoamento 
superficial de áreas impermeabilizadas; 
 Abrigo à fauna existente; 
 Influencia no balanço hídrico. 
28 
 
 
c) Redução dos níveis de ruído: 
 Amortecimento dos ruídos de fundo sonoro contínuo e descontínuo de caráter 
estridente, ocorrente nas grandes cidades. 
Quanto às funções estéticas: 
 Transmite bem estar psicológico, em calçadas e passeios; 
 Quebra da monotonia da paisagem das cidades, causada pelos grandes 
complexos de edificações; 
 Valorização visual e ornamental do espaço urbano; 
 Caracterização e sinalização de espaços, constituindo-se em um elemento de 
interação entre as atividades humanas e o meio ambiente. 
Gomes (2005) complementa sua importância social, apontando que as áreas 
verdes, do ponto de vista psicológico e social, influenciam o estado de ânimo dos 
indivíduos causado pelo transtorno das grandes cidades. 
Apesar das inúmeras e inegáveis funções das áreas verdes, sua oferta ainda é 
muito pequena. Isso ocorre pela dificuldade do poder público agir de forma rápida. 
Santos (1997) preconiza que as cidades são criadas para a economia e não para 
os cidadãos. A afirmação é evidente nas limitações entre a rua e a casa, a redução do 
espaço público, o anonimato entre as pessoas, tornando a cidade cada vez mais. 
Mesmo sabendo todos os benefícios de tais áreas, são escassas no Rio de 
Janeiro, contudo sabe-se que a falta dessas áreas está ligada às descontinuidades 
políticas. Sabe-se que um plano de áreas verdes, implantação de uma praça, arborização 
de um bairro, são ações que precisam ser pensadas e executadas a longo prazo. Todo 
esse processo é prejudicado com a alternância de grupos políticos na administração, 
pelo fato de que as políticas, os planos e metas traçados não vão além do período de 
gestão, isso ainda quando chegam a ser efetivados. 
No âmbito geral, a falta de planejamento é uma constante no desenvolvimento 
de nossas cidades, principalmente tratando-se das áreas verdes geralmente delegadas ao29 
 
segundo plano, quando não ao abandono. Os resultados são os déficits permanentes e 
crescentes dessas áreas de forma contígua ao espaço urbano 
3.4 Exemplos de Áreas Verdes 
Apresentam-se, agora, exemplos bem sucedidos da reabilitação de áreas 
subutilizadas em ambientes sustentáveis. As áreas propostas sintetizam o tema deste 
trabalho. 
Apesar de existirem muitos projetos de reabilitação urbana no Rio de Janeiro, 
focaremos especificamente no Aterro do Flamengo e no Parque Madureira, por serem 
intervenções com propostas de implantação de áreas verdes voltadas para a cultura e o 
lazer. Para não se restringir somente ao Brasil, apresentaremos dois exemplos 
internacionais bem-sucedidos de requalificação urbana, o projeto de Bogotá e o de 
Barcelona. 
i. Aterro do Flamengo 
Os projetos do Aterro do Flamengo começaram em 1948, juntamente com a 
proposta da Esplanada de Santo Antônio, esse sofreria o desmonte, seguido de 
urbanização e com ele seria aterrado a Praia do Flamengo (OLIVEIRA, 2006). 
Apenas em 1968, formou-se uma comissão, independente da Prefeitura, para 
desenvolver o projeto. Presidida por Maria Carlota Macedo Soares, esta comissão a 
princípio foi composta por Reidy, Jorge Machado Moreira, Hélio Mamede e Roberto 
Burle Marx. Posteriormente, foram a ela agregados os arquitetos Hélio Modesto, Carlos 
Werneck de Carvalho, Cláudio Marinho de A. Cavalcanti, Ulysses P. Burlamaqui, C. P. 
Motta e J. D. Ortega; a engenheira, Bertha C. Leitchic e o botânico, Luiz Emyglio de 
Mello Filho. O grupo de trabalho do Aterro também contou com a assessoria técnica de 
E. B. Medeiros, M. C. Ribeiro, F. B. Pereira e A. Wollner (OLIVEIRA, 2006). 
Com o desmonte do morro, o aterro ocupou uma área de 1.200.000 m² que 
ligava ao Aeroporto Santos Dummont à Praia de Botafogo. Com mais de cinco 
quilômetros de extensão, o projeto visava ser o mais longo projeto arborizado da 
30 
 
América do Sul. Sobre o Aterro, foram previstos locais para diversos esportes como 
futebol, vôlei e basquete; esportes náuticos; aeromodelismo naval em tanques especiais; 
locais para dança, música e espetáculos populares; bosques para passeio; viveiros de 
pássaros, aquários, viveiros de plantas; áreas para piqueniques; restaurantes e parques 
de recreação voltados para todas as idades. 
Inicialmente, só circularia pela região veículo sobre trilhos, de forma que os 
automóveis não teriam acesso à região. Contudo, o projeto foi alterado para incluir uma 
autopista elevada que vem do centro da cidade  no sentido norte-sul  e se conecta a 
uma pista de alta velocidade localizada na parte mediana da zona aterrada e uma pista 
de baixa velocidade voltada para a parte interior do aterro, próximo aos bairros da 
região. 
A figura 4 a seguir retrata o projeto do Aterro do Flamengo. 
 
Figura 3: Perímetro de Tombamento do Parque do Flamengo 
Fonte:IPHAN 
O Aterro foi uma grande experiência em termos de utilização de um parque 
como instrumento de planejamento urbano. 
Atualmente, o parque (Figura 05) é símbolo de lazer aos domingos e feriados, 
quando a autopista fecha e o local torna-se palco de atividades esportivas e culturais, 
como as corridas e as festas. 
31 
 
e 
Figura 4: Parque do Flamengo 
Fonte: Foto de Nelson Kon, 2012. 
 
ii. Parque Madureira 
O parque Madureira foi o projeto mais recente de intervenção urbana de grande 
porte da cidade do Rio de Janeiro. O objetivo foi estabelecer um projeto urbanístico que 
além de melhorar a qualidade de vida da região, possibilitasse aos usuários vivenciar 
experiências ambientais em espaços públicos, estabelecendo um questionamento do 
significado do que se experimentava. 
O projeto foi desenvolvido com o propósito de recuperar áreas degradadas e 
subutilizadas no trajeto das linhas de transmissão. 
Além disso, uma diretriz do projeto era adotar práticas sustentáveis na execução 
da obra. Com base nisso e com o apoio técnico de profissionais em arquitetura, 
urbanismo, paisagismo e engenharia, comprometidas com os conceitos ambientais e de 
sustentabilidade, foi possível moldar o projeto de acordo com os interesses da 
população local e dos gestores públicos. 
A figura 6 mostra as fases de construção, na qual foi feita a terraplanagem e o 
projeto final, com a obra já concluída. 
32 
 
 
 Figura 5: Parque Madureira Antes e Depois 
Fonte: Prefeitura do Rio - Cidade Olimpica, 2014. 
 
O bairro de Madureira sofria pela baixa qualidade ambiental, com poucas áreas 
arborizadas e escassa oferta de espaços públicos, pela estagnação imobiliária, pelo 
intenso tráfego de veículos e pessoas e poluição ambiental. A criação de um parque na 
região tinha como objetivo suprir essas carências, além de proporcionar lazer, incentivar 
a prática de esportes, promover atividades culturais para o bairro de Madureira e outros 
bairros vizinhos. Este parque, que é o terceiro maior em área do Rio de Janeiro, tinha 
como proposta criar uma nova centralidade para os bairros da região, modificando o 
cotidiano da população, que dispõe de uma grande área verde e equipamentos para a 
realização de atividades diversas. 
O Parque Madureira conta com uma área de intervenção de 108.870,32 m², 
sendo que o projeto se subdivide em: área de parque, propriamente dita, com 93.553,79 
m² e vias, estacionamentos e calçadas com 15.316,53 m² (BONELI, 2013). 
Por se tratar de um parque, e ter a maioria de suas atividades realizadas em 
espaços externos, o paisagismo possui um papel importante no aspecto ambiental e 
influencia a percepção de conforto dos usuários, de forma que este foi projetado com 
ambientes externos diversificados. A implantação de vegetação foi pensada para ter uma 
densidade adequada a cada tipo de ambiente. O parque apresenta pouca área construída 
e edifícios de baixo gabarito, sem acarretar impactos negativos relacionados com o 
adensamento de construções (BONELI, 2013). 
Foi o primeiro projeto nacional de um parque público que contempla, além dos 
aspectos urbanísticos e arquitetônicos, um programa socioambiental. Como 
33 
 
consequência disso, buscou-se consumir os recursos naturais conscientemente durante o 
projeto e implantação, principalmente em relação ao consumo de água e de energia. 
Ainda que sua construção tenha sido alvo da crítica, como projeto populista – 
somente para conquista de eleitorado na região e sem real demonstração de cultura 
local, seu sucesso reforça a carência de regiões semelhantes dispersas no Estado do Rio 
de Janeiro, uma vez que, a área serve de lazer não só para Madureira, mas também 
Nilópolis, Taquara, Irajá, entre outros. 
Ou seja, o sucesso do Parque de Madureira reforça a necessidade de áreas verdes 
para práticas esportivas e lazer em diversos bairros do Rio de Janeiro. Além de endossar 
a importância dada pelos moradores a essas áreas. 
Por meio do Parque Madureira, a Prefeitura do Rio de Janeiro pretende 
promover a sustentabilidade em obras públicas, com reabilitação de áreas urbanas 
degradadas, buscando sua preservação e integração com a natureza, em prol da 
economia e da valorização das culturas locais, conforme o plano estratégico para 
grandes eventos. 
iii. Bogotá 
Saindo do ambiente brasileiro, vamos apresentar um caso de uma cidade que 
guarda algumas semelhanças com o Rio de Janeiro, o caso de Bogotá, na Colômbia. 
Durante o período de 1948 a 1958, a Colômbia viveu um período de Guerra 
Civil devido ao tráfico de drogas. Com isso, a população procurou refúgio nos grandes 
centros urbanos, o que resultou em um grande crescimento populacional (VERISSIMO, 
2012; SANTORO 2011). 
O cenário que se apresentava era de carência de infraestrutura, zonas segregadas 
e muita violência. Com essa estrutura social, o governo promoveu a criação de planos 
estratégicos objetivando atender a toda malha urbana, promovendo a inclusão social e 
melhorias de acessibilidade. 
34 
 
É necessário ressaltar que a legislaçãocolombiana difere da brasileira, pois 
considera diferentes níveis de planos a serem estabelecidos – municipal, intermunicipal 
e macroprojetos –, que oferecem maior autonomia para intervenção. 
Com o pilar central de reestruturar a mobilidade urbana por meio de transportes 
de massa, esse plano ainda contemplava a construção e manutenção das vias públicas, 
bancos de terras, sistemas distritais de parques e sistemas distritais de bibliotecas. 
Com essa estrutura, juntamente com o arcabouço legal favorável, a capital 
colombiana desenvolveu um plano de reabilitação urbana de forma a reintegrar os 
espaços e promover a inclusão social, tanto pela mobilidade, quanto pela educação. O 
plano de mobilidade – TransMilenio , que contou com engenheiros brasileiros, 
implantou ônibus expressos e ciclovias. 
O projeto também criou uma biblioteca chamada Virgílio Barco, onde a 
concepção foi pensada se orientando nos três princípios norteadores, social, econômico 
e ambiental. Cercada de vias e ciclovias, o local em questão fica escondido em uma 
grande área verde criada (Figura 7) . 
 
Figura 6:Biblioteca Virgilio Barco, Bogotá 
Fonte:Google Earth, 2014 
 
 
35 
 
iv. Barcelona 
A reabilitação da zona portuária, localizado muito próximo do centro histórico 
da cidade teve como fator motivador a realização dos Jogos Olímpicos de 1992, assim 
como o projeto do Porto Maravilha. 
 O modelo de planejamento estratégico adotado em Barcelona baseou-se em 
experiências que já haviam sido realizadas em outras cidades, tais como a de São 
Francisco e a de Roterdã, entre 1986 e 1987. As propostas resultantes do processo de 
negociação entre diferentes Comitês: os grupos considerados os mais representativos da 
cidade, formavam o Comitê Executivo, os representantes de instituições, formavam o 
Conselho Geral e os diretores de empresas privadas, de instituições públicas diversas, 
constituíam as Comissões Técnicas. Estes grupos foram ordenados em seis grandes 
linhas estratégicas, com o objetivo maior de “consolidar Barcelona como metrópole 
empreendedora europeia, com uma forte incidência na região em que está situada, com 
qualidade de vida moderna, socialmente equilibrada e fortemente arraigada na cultura 
mediterrânea” (Plano Estratégico Econômico e Social de Barcelona, 2000 apud FORN, 
1993). 
A região do Port Vell encontrava-se decadente, com antigos armazéns 
abandonados. O projeto teve como objetivo abrir Barcelona para o mar. No antigo Porto 
de Barcelona, nos Cais de Fusta e Espanya foram construídos marcos arquitetônicos que 
convivem harmoniosamente com as construções históricas, além de abrigar uma marina, 
aquário, centro de convenções, shopping, restaurantes integrados a edifícios comerciais 
e um bairro residencial. 
O projeto da Villa Olympica fazia parte de uma grande operação de iniciativa 
municipal conhecida como Remodelación del Frente Marítimo del Poble Nou de 
Barcelona. A região de Poble Nou – que fora durante o século XIX uma das principais 
zonas de implantação da primeira industrialização catalã – encontrava-se praticamente 
abandonada. As fábricas, armazéns e linhas férreas separavam a cidade do mar 
(KRUSE, 2011). 
 
Para a integração da região ao restante da cidade foi preciso remodelar toda a 
rede ferroviária existente, rebaixar o cinturão rodoviário que circunscrevia a zona e 
remanejar as redes coletoras subterrâneas. A aquisição dos terrenos, nos anos de 1986 e 
36 
 
1987, significou uma operação de compra ou expropriação de 304 unidades 
imobiliárias. 
 
O projeto previa conceber dois parques, sendo o mais importante o Parque da 
Barceloneta, construído em uma antiga fábrica de gás, 2 mil unidades residenciais, 
destinadas ao alojamento dos atletas durante a realização dos Jogos Olímpicos, sendo 
depois comercializadas para particulares, oito edifícios de escritórios, um hotel, um 
centro de convenções e um centro comercial e de negócios (HELD, 1994). 
A figura 8 mostra o Parque de Barceloneta, na região do Port Vell, o local 
anteriormente era uma fábrica de gás catalã, pode-se considerar essa reabilitação como 
recuperação de brownsfield, por ser a regeneração de uma antiga área industrial. O 
edificação da antiga fábrica foi mantida, atual tem-se no local a Fábrica do Sol, sede do 
Centro de Recursos Sustentável de Barcelona, dedicado à educação ambiental. 
 
Figura 7: Parque de La Barceloneta 
Fonte: (Green Spaces) 
 
Após o fim das Olimpíadas, fundaram o Bairro Barceloneta, que valorizou a 
região e a transformou no ícone do urbanismo contemporâneo. A Cidade se abre para o 
mar, diante da Vila Olímpica com um novo e elegante passeio marítimo e a criação de 
praias artificiais. Atualmente a região o novo bairro, Barceloneta, além de ter sido 
valorizado, também atrai muito turismo. 
 
37 
 
3.5 Legislação Urbana relacionada a Áreas Verdes, Cultura e Lazer, 
Economia e Planejamento Urbano no Rio de Janeiro 
Para iniciar a estrutura legal relacionada a área urbana, citaremos a Resolução 
CONAMA n° 369/2006, cujo conteúdo trata sobre a intervenção ou supressão de 
vegetação em Área de Preservação Permanente (BRASIL, 2006), que apresenta uma 
definição muito pertinente sobre áreas verdes. Em seu parágrafo primeiro, do artigo 8º, 
inova ao conceituar área verde como “espaço de domínio público que desempenhe 
função ecológica, paisagística e recreativa, propiciando a melhoria da qualidade 
estética, funcional e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e espaços livres de 
impermeabilização”. Diante deste disposto legal, estes espaços naturais (áreas de 
preservação permanente) podem ser urbanizados para a implantação de parques 
lineares. 
Essa resolução admite que as áreas verdes urbanas sejam consideradas como o 
conjunto de áreas intraurbanas que apresentem cobertura vegetal, arbórea arbustiva ou 
rasteira e que contribuam de modo significativo para a qualidade de vida e o equilíbrio 
ambiental nas cidades. Essas áreas verdes estão presentes numa enorme variedade de 
situações: em áreas públicas; em áreas de preservação permanente (APP); nos canteiros 
centrais; nas praças, parques, florestas e unidades de conservação (UC) urbanas; nos 
jardins institucionais; e nos terrenos públicos não edificados. 
De forma que a resolução considera o termo englobando todo o universo de 
manchas verdes, até mesmo as que não englobam lazer e cultura, como é o caso das 
Áreas de Preservação Permanente, os canteiros centrais e as praças. 
Para se estruturar um estudo sobre a área alvo do presente trabalho é de suma 
importância averiguar as legislações pertinentes, que definam regras para a modificação 
do espaço urbano. 
Após uma extensa análise sobre os diversos planos, leis e intervenções que 
atravancaram o desenvolvimento da região administrativa de São Cristóvão, nos 
períodos mais recentes, surgiram algumas leis que deram esperança para que o processo 
de reabilitação da região seja possível com resultados concretos para os residentes. 
38 
 
Antes de proceder com detalhes em legislações federais e municipais que 
tratarão mais detalhadamente das questões urbanísticas é importante destacar que o 
tema, primeiramente, é abordado nos artigos 182 e 183 da Constituição Federal, com 
destaque ao artigo 182, que estabelece a existência do Plano Diretor: 
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, 
executada pelo poder público municipal, conforme diretrizes 
gerais fixadas em lei. Tem por objetivo ordenar o pleno 
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-
estar de seus habitantes. 
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, 
obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o 
instrumento básico da política de desenvolvimento e de 
expansão urbana. 
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social 
quando atende às exigências fundamentais de ordenação da 
cidade expressas no plano diretor. 
§ 3º As desapropriações

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