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Função Hepática O que é o fígado? O fígado é a maior glândula isolada do corpo com uma alta capacidade de regeneração Uma lesão aguda por substâncias tóxicas pode ser seguida pela completa recuperação do órgão. Já a exposição crônica geralmente resulta em alteração da função orgânica, diminuição do tamanho do órgão e aumento do tecido conjuntivo fibroso intra-hepático (conhecido como cirrose). Possui dois tipos celulares principais Hepatócitos: o potencial mitótico do hepatócito é mantido por toda a vida do organismo, sendo então responsável pela restauração do órgão. ↪Formação e excreção de bile como um componente do metabolismo da bilirrubina ↪Regulação da homeostase dos carboidratos. ↪Síntese de lipídios e secreção de lipoproteínas plasmáticas. ↪Controle do metabolismo de colesterol. ↪Formação de ureia, albumina sérica, fatores de coagulação, enzimas e diversas outras proteínas. ↪Metabolismo ou desintoxicação de fármacos e outras substâncias exógenas. Kupffer: células fagocíticas que. filtram bactérias e pequenas proteínas estranhas do sangue, e destroem hemácias envelhecidas. Sistema de ductos biliares Apresenta o sistema de ductos biliares formados por canalículos biliares e ductos intra e extra-hepáticos (conduz a bile dos hepatócitos para o duodeno). O sistema de células secretoras e túbulos coletores formam os componentes glandulares exócrinos do fígado. Há certa interligação entre os ductos biliar, hepático e pancreático para desembocarem no intestino. Dessa forma, uma hepatite ou pancreatite pode comprometer órgãos adjacentes. A hepatite pode levar a pancreatite e vice- versa, devido a essa proximidade anatômica e pela própria interligação dos ductos. Funções do Fígado Metabolismo ↪De proteínas: albuminas e globulinas são sintetizadas no fígado – exceto as imunoglobulinas ↪De carboidratos (na gliconeogênese) ↪De lipídeos Armazenamento: glicogênio, triglicerídeos e outros elementos como ferro e cobre https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/diabetes-melito-e-dist%C3%BArbios-do-metabolismo-de-carboidratos/diabetes-melito-dm https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/diabetes-melito-e-dist%C3%BArbios-do-metabolismo-de-carboidratos/diabetes-melito-dm https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-lip%C3%ADdicos/vis%C3%A3o-geral-dos-metabolismo-lip%C3%ADdico https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-lip%C3%ADdicos/vis%C3%A3o-geral-dos-metabolismo-lip%C3%ADdico https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/farmacologia-cl%C3%ADnica/farmacocin%C3%A9tica/metabolismo-de-f%C3%A1rmacos https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/farmacologia-cl%C3%ADnica/farmacocin%C3%A9tica/metabolismo-de-f%C3%A1rmacos https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/farmacologia-cl%C3%ADnica/farmacocin%C3%A9tica/metabolismo-de-f%C3%A1rmacos Desintoxicação: os hepatócitos modificam ou degradam compostos endógenos e exógenos por meio de reações químicas como conjugações, oxidações, reduções e hidrólise ↪Endógenos: ácido úrico, hormônios esteroides, hormônios polipeptídicos e hemoglobina ↪Exógenos: hormônios esteroides. Ações do sistema fagocítico mononuclear: remoção pelos macrófagos de células danificadas do sangue (hemácias, leucócitos e plaquetas com alterações morfológicas na membrana), além de mediadores inflamatórios, microrganismos e endotoxinas (desintoxicação). Excreção: os hepatócitos modificam compostos em formas hidrossolúveis para excreção pelo sistema biliar, pelo sistema urinário ou pelos intestinos. Exemplo: degradação de colesterol em ácido biliar para excreção na bile. Avaliação da Função e Lesões Hepáticas É um processo que causa maior frustração devido ao fígado ser grande e com alta capacidade de regeneração, o que afeta na verificação de determinadas substâncias características de lesões hepáticas, impedindo que se defina a presença de uma lesão, sua causa e gravidade. Além disso, as enzimas usadas para avaliar a função/lesões hepáticas não são específicas para o fígado, em sua grande maioria, sendo produzidas por outras regiões do corpo, por isso é importante associar esses exames a outros. Função de metabolismo e detoxiçação associa o fígado a diversos outras patologias extra-hepáticas. Considerar as próprias doenças hepáticas (inflamatórias severas, tóxicas e neoplásicas). Biópsia hepática é considerada um auxílio ao diagnóstico seguro para diferenciar doença hepática primária e secundária. No entanto, é necessário avaliar o custo- benefício de cada caso. Em todos os casos, os resultados laboratoriais devem ser analisados à luz dos sinais clínicos e história do paciente, uma vez que não há sintoma patognomônico de lesão hepática. O sinal que mais se aproxima de ser patognomônico é a icterícia (mas lembrar que ela pode estar associada a outros problemas). Testes Bioquímicos Específicos Utilizados para Avaliar a Função Hepática Casos de extravasamento hepatocelular deve-se verificar... Alanina aminotransferase (ALT) Aspartato aminotransferase (AST) Sorbitol ou Iditol desidrogenase (SDH ou ID) Já quando se pensa em processos inflamatórios de ductos biliares (colestase) se analisa... Fosfatase alcalina (FA) Gama-glutamil transferase (GGT) Para se avaliar a entrada, conjugação e secreção hepática pesquisa-se... Bilirrubina Ácidos biliares *Enzimas mensuradas no sangue, em especial, no soro Para casos de avaliação do clearence portal... Ácidos biliares Amônia. Síntese hepática Albumina Glicose Ureia Fatores de coagulação Exames Hepáticos Específicos Os exames hepáticos específicos devem ser solicitados somente após o histórico detalhado do paciente e de exame clínico criterioso. Realizar primeiro as avaliações de primeira linha: urinálise, hemograma e exame de fezes. Os exames hepáticos específicos são indicados para: Doença hepática primaria (com ou sem icterícia): hepatite infecciosa, necrose tóxica, hemangioma hepático, hepatite supurativa e adenoma do ducto biliar. Doença hepática secundária: lipidose infiltrativa por hipotireoidismo e diabetes mellitus, doenças pancreáticas e congestão passiva (cardiopatias e intoxicações) Diagnóstico diferencial das icterícias: Pré- hepática (hemolítica); Hepática; Pós- hepática (obstruções). Sinais de desvios no metabolismo sem causa determinada: alterações de proteínas (sinais são emagrecimento, ascite e edema), carboidratos (sinais são emagrecimento e apatia) ou lipídeos (sinais de emagrecimento). Estabelecer o prognóstico do animal: avaliação da terapêutica, da lesão tecidual ou verificando os riscos anestésicos à uma cirurgia Provas Enzimáticas As provas enzimáticas têm diversas finalidades, como avaliar/verificar as seguintes alterações: alteração na permeabilidade celular (associada a reações inflamatórias, degeneração celular) e necrose celular (decorrente de ingestão de drogas hepatotóxicas, cirrose crônica (pode possuir valores normais de ALT ou diminuídos, e mesmo um animal com cirrose pode apresentar tecido hepático funcional e níveis normais das enzimas)). Localização das enzimas: dependendo da espécie, as enzimas podem ser localizadas em maior ou menor quantidade no hepatócito ou em outros órgãos além do fígado. ALT: está presente em maior quantidade nos hepatócitos de pequenos animais AST: é predominante nos hepatócitos de ruminantes e equinos FA: pode estar localizada em quantidades significativas no fígado, tecido ósseo, mucosa intestinal, placenta e rins. Por isso, não é indicadapara avaliação hepática em animais em período de crescimento (devido a sua presença nos ossos) GGT: está localizada em ductos biliares, rins, pâncreas e intestinos. Enzimas Hepatocelulares Aminotransferases (ALT e AST) São enzimas intracelulares que têm por função a transferência de grupos amino durante a conversão de aminoácidos a α-oxo-ácidos. Encontradas no citosol celular enquanto a AST também possui uma isoenzima mitocondrial. Em lesões de hepatócitos recentes é possível ter alterações mais rápidas no nível de ALT, enquanto a AST demora alguns dias para se alterar por esse seu depósito mitocondrial. Alanina Amino Transferase (ALT ou TGP) ↪O que é? Indica lesão hepática apenas em cães e gatos, pois tem maior sensibilidade nesses animais. ↪Hepato-específica: significativo aumento somente é observado em degeneração ou necrose hepatocelular ↪Tem reduzida especificidade, pois animais com doença hepática severa como cirrose ou neoplasia podem apresentar valores normais de ALT. Uma vez que é possível ver o aumento significativo da ALT na cirrose hepática, porém valores normais são relatados devido a substituição dos hepatócitos por tecido fibroso. ↪Necrose muscular severa pode elevar os valores de ALT em cães sem que haja doença hepática concomitante. Se você suspeitar que essa elevação é devido à lesão muscular, mensure a CK, que confirma tal suspeita quando elevada. No entanto, degenerações e necrose focal da massa muscular não elevam sua atividade sérica. ↪Causas de aumento da atividade da ALT • Discreto aumento na atividade da ALT está relacionada a congestão e esteatose hepáticas. • Embora a magnitude da elevação da ALT não esteja correlacionada com a gravidade da doença primária, elevações marcantes na atividade da ALT (três vezes o normal) são observados em: ➢ Hepatites tóxicas ou infecciosas; ➢ Necrose celular ➢ Congestão hepática ➢ Colangites e colangiohepatites ➢ Obstrução de ducto biliar ➢ Determinadas neoplasias (carcinoma) ➢ Eventualmente, as pancreatites podem induzir um dano mecânico no fígado promovendo a elevação da ALT sérica. • Outras causas de aumento da atividade da ALT são: ➢ Hemólise IV da amostra ➢ Administração de determinadas drogas ❖ Acetominofen (em gatos) ❖ Nitrofurantoína ❖ Penicilinas ❖ Fenilbutazona ❖ Sulfonamidas ↪A redução da ALT não possui significado clínico. Aspartato Amino Transferase (AST ou TGO) ↪O que é? Em ruminantes, equinos e aves é indicada para diagnóstico de lesões hepáticas e eventualmente musculares. Em caninos, felinos e primatas tem pouco valor diagnóstico devido às reduzidas concentrações em vários tecidos. Nessas espécies, a AST está localizada na mitocôndria do hepatócito e por isso, a elevação da atividade dessa enzima está relacionada a severidade da agressão hepática. Ademais, tecidos como o tecido muscular e eritrócitos possuem quantidades significativas de AST. ↪Causas de aumento da AST • Exercício intenso e a necrose muscular podem elevar tardiamente a atividade da AST no soro. Nesses casos, a creatina quinase (CK) estará elevada sendo que seus níveis reduzem antes mesmo dos níveis da AST. • O aumento da AST, desde que se excluam lesões musculares e cardíacas, pode ser interpretado como sendo consequência de uma lesão hepática, porque há um aumento da atividade sérica na degeneração e/ou necrose de hepatócitos e/ou músculos esqueléticos e cardíacos (pode ser usada para avaliação em casos de infarto). • Hemólise • Administração de drogas hepatotóxicas. Sorbitol (Iditiol) Desidrogenase (SDH) É uma enzima hepatoespecífica na maioria das espécies, com mínima atividade em outros tecidos. Seu uso não é rotineiro na bioquímica clínica veterinária, pois é uma enzima muito instável. No entanto, estudos recentes, têm demonstrado que há considerável estabilidade em equinos e pequenos animais. Enzimas Colestáticas Fosfatase Alcalina (FA) É uma enzima mitocondrial que pode ser encontrada em vários tecidos, principalmente tecido ósseo, sistema hepatobiliar e mucosa gastrointestinal. Também é encontrada em menor grau nos rins, placenta e baço. Causas de alteração no nível de FA: ↪Seus valores podem ser alterados em casos de animais em crescimento, neoplasia óssea, diarreia e alterações na mucosa GI ↪Quando aumentada pode estar relacionado a doenças que lesem os ductos hepáticos, como a colestase intra ou extra-hepática. ↪Seu aumento também pode ocorrer por atividade das isoenzimas extra- hepáticas (como crescimento ósseo nos filhotes), isoenzima esteroidal induzida por corticóide, observada apenas em canídeos. Algumas neoplasias também elevam esse valor de FA. ↪Outras causas de elevação da atividade da FA não relacionados doenças hepatobiliares são: hemólise e crescimento ósseo (animais jovens). FA em felinos: felinos domésticos possuem menores quantidades de FA hepatocelular. Dessa forma, qualquer elevação da atividade nessa espécie é significativa para o diagnóstico de distúrbios hepatocelulares. No entanto, nem todos os felinos com doença hepatocelulares podem apresentam elevação da FA. ↪Alterações nos valores dessa enzima em felinos estão relacionadas à: Lipidose hepática. Colangites, Colangiohepatites, Hipertireoidismo, Diabetes melito. ↪Recomenda-se mais a avaliação do GGT para verificar problemas hepáticos. FA em caninos: ↪A elevação da FA (três vezes o valor normal) é observada em: Doenças hepatobiliares (inclusive neoplasias), Hiperadrenocorticismo, Administração de glicocorticóides e anticonvulsivantes, Fraturas. ↪Recomendada para avaliar colestase em cães FA em equinos e bovinos: existe uma variação muito grande no nível sérico dessa enzima em animais normais, o que dificulta a interpretação dos resultados. Nestas espécies torna-se necessário realizar outros testes em associação como a GGT e as bilirrubinas. Gama Glutamil Transferase (GGT) É um marcador enzimático sérico valioso nas desordens do sistema hepatobiliar resultando em colestase. Possui alta atividade principalmente nas espécies bovina, equina e em pequenos ruminantes. Apresenta-se em baixas concentrações em cães, onde preferencialmente mensura-se a FA para verificar distúrbios colestáticos. Em gatos, tem maior sensibilidade e especificidade para determinar doenças hepatobiliares (exceto a lipidose hepática onde observam-se valores elevados da FA), mas alguns testes não conseguiam determinar seus níveis em felinos. Colestase é a redução na excreção da bile (estase), devido a uma inflamação nos ductos biliares que leva a uma diminuição dos seus tamanhos, bem como por tumores, colélitos e parasitos obstruindo os ductos. Esses processos inflamatórios podem se estender para os hepatócitos, gerando uma hepatite, e vice-versa. Nesses casos, haverá alteração tanto das enzimas específicas para os ductos quanto daquelas específicas para hepatócitos. Causas de elevação nos níveis séricos de GGT são similares àquelas observadas para FA em pequenos animais com exceção de distúrbios ósseos (principalmente fraturas). Alguns exames Ureia sanguínea Apenas nas lesões hepáticas extensas pode-se observar diminuição do nível de ureia sérica, desde que não haja lesões renais retardando muito sua eliminação. Tempos de coagulação (TP, TTPA) Quase todos os fatores de coagulação são produzidos no fígado. Há um aumento nos tempos de coagulação em extensas lesões hepáticas. Urinálise Nas icterícias e lesões hepáticas pode ocorrer bilirrubinúria e presença de cristais de amônia, agulhas de tirosina e esferócitos de leucina. Esses são os 3 cristais que podem ser observados em casos de lesões hepáticas.Indicação de Provas Enzimáticas Lesão hepatocelular aguda ALT (cão e gato) AST (grandes animais) SDH (pouco realizada) Colestase Bilirrubinas: primariamente aumenta a indireta FA (cão e gato) GGT (equino, bovino e gato). Lesão hepatocelular crônica Proteínas séricas: albumina/globulina Perfil proteico eletroforético. No entanto, ainda é pouco usada na rotina, porque em uma placa consegue se colocar várias amostras para reduzir o custo e não é interessante manter uma amostra congelada para conseguir utilizar toda a placa. Proteínas Plasmáticas O maior local de síntese de proteínas plasmáticas é o fígado, seguido pelo sistema imune e seus tecidos como o sistema retículo endotelial, linfócitos e plasmócitos. Outras proteínas sintetizadas nos tecidos e células somáticas estão presentes em menor quantidade A classificação quanto à forma química é a seguinte: Proteínas simples: contendo os elementos básicos dos aminoácidos carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e enxofre. Proteínas conjugadas a outros elementos ou compostos. • Metaloproteinas: proteína ligada a ferritina (ferro) • Glicoproteínas: glicohemoglobina; • Fosfoproteinascoseino (fosfato) • Lipoproteinas: colesterol, triglicérides • Núcleoproteínas ribossomais. Funções proteicas Formam a base: estrutura celular, de órgãos e tecidos Mantém a pressão coloidosmótica Catalisam reações bioquímicas na forma de enzimas Mantêm o equilíbrio ácido-base São reguladoras (hormônios) Atuam na coagulação sanguínea Atuam na defesa humoral (anticorpos) São nutritivas Servem de carreadores e transporte de muitos constituintes plasmáticos Hipoproteinemia Causada por falha na ingestão, na absorção, na síntese ou perda proteica (problemas renais ou intestinais). Pacientes que sofrem queimaduras extensas produzem uma certa exsudação pela qual também se perde proteínas que pode levar a hipoproteinemia. Frações das proteínas plasmáticas As principais frações são a albumina e as globulinas, mas há diversas outras proteínas sanguíneas. Os tipos e os percentuais de cada proteína são característicos, variando, portanto, a proporção das frações entre as espécies e entre os indivíduos de uma mesma espécie. O aumento ou diminuição das proteínas plasmáticas totais deve ser interpretado de modo a se individualizar o máximo possível as frações responsáveis por esta alteração. A generalização diagnóstica na hiper ou hipoproteinemia invariavelmente induz ao erro. PPT = albumina + globulinas Pré-albumina Possui a mais rápida migração eletroforética, sendo que pode não existir em algumas espécies animais. Única função conhecida é a de ligação e transporte da tiroxina. Albumina É a mais abundante das proteínas séricas eletroforéticas. Nos animais faz parte de 35 a 50% do total de proteínas séricas. É sintetizada no fígado, como as demais proteínas, exceto as imunoglobulinas, e catabolizada por tecidos metabolicamente ativos. É a maior reserva orgânica de proteínas e transporte de aminoácidos. Devido à sua abundância, é a proteína mais osmoticamente ativa, responsável por 75% da atividade osmótica do plasma. Dessa forma, quando há hipoalbuminemia, ocorre extravasamento de líquidos por perda da pressão osmótica, causando ascite e edemas. Outra importante função é a de proteína de ligação e transporte de muitas substâncias séricas, como a tiroxina e a bilirrubina não conjugada. Globulinas Alfa-globulinas Constituem a fração que mais rapidamente migra das globulinas, por isso o nome alfa. Possui duas frações a rápida (α1) e a lenta (α2). A grande maioria destas proteínas é sintetizada no fígado, e cada um dos diversos tipos possui atividade específica. Atuam no transporte de tiroxina, lipídios, insulina, cobre, hemoglobina, na inibição da tripsina, quimiotripsina, trombina, como anticoagulante, proteases, etc. Sua redução ocorre nas hepatopatias, má nutrição e síndrome nefrótica. Por outro lado, o aumento ocorre principalmente nas doenças inflamatórias agudas. Beta-globulinas As mais importantes proteínas desta fração são os complementos (C3, C4), hemopexina, transferrina, ferritina e proteína C reativa. O fibrinogênio também é um importante indicador proteico de fase aguda, isto é, seu aumento indica um processo inflamatório agudo. Gama-globulinas Compõem-se das imunoglobulinas e suas frações IgA, IgG, IgM, IgE. A fonte das imunoglobulinas são os plasmócitos, diferenciados a partir de linfócitos sensibilizados por estimulação antigênica, parte do processo imunológico da resposta humoral. Identificação e quantificação específica destas imunoglobulinas requerem uso de técnica imunoquímica sofisticada. Elas não são mensuráveis por reações bioquímicas. Interpretação das Disproteinemias Idade e Desenvolvimento No feto, a concentração de proteínas totais e albumina aumenta progressivamente com uma ligeira mudança nas globulinas e quase ausência da fração de proteínas y-globulinas. Nos ruminantes e equinos ao nascimento é normal a ausência de proteína, pois ela será suprida pela ingestão do colostro materno. Após esta ingestão haverá um aumento transitório das proteínas totais. Com o crescimento e contato com os diversos antígenos, o animal passa a desenvolver mais globulinas. Em quase todos os animais há um aumento nas proteínas totais, um decréscimo na albumina e um aumento nas globulinas com o avançar da idade. Nos idosos as proteínas totais tornam a declinar. Hormônios Efeitos hormonais agem nas proteínas séricas quando atuam no anabolismo ou catabolismo proteico. Testosterona, estrógeno e hormônio do crescimento são geralmente anabólicos, aumentando as proteínas. Do contrário, a tiroxina e os corticoides promovem uma redução nas proteínas. Gestação e Lactação Geralmente durante a gestação há um decréscimo da albumina e um aumento das globulinas. Seguido de queda pós- parto nas espécies que possuem colostro. Lactação promove mudanças semelhantes, devido ao consumo das reservas proteicas e alta atividade metabólica. Nutrição As proteínas do plasma são sensíveis às influências nutricionais e na maioria dos casos torna-se difícil sua interpretação. Quando há depleção da dieta proteica dos animais ocorre hipoproteinemia e hipoalbuminemia. Estresse e Perda de Líquidos Estresse de temperatura (quente ou frio) é associado à perda de nitrogênio, aumento na atividade adrenal e catabolismo proteico, com decréscimo nas proteínas totais e albumina. O mesmo ocorre em animais que sofrem injúrias como fraturas ósseas e extensas cirurgias. No processo inflamatório, há saída de líquido e proteínas para os tecidos, com queda nas proteínas. Isso é observado em hemorragias ou exsudação (queimaduras por exemplo). Na desidratação ocorre uma hemoconcentração, aumentando os valores das proteínas. Relação Albumina:Globulina (A:G) A melhor maneira de se avaliar as alterações das proteínas séricas é através da interpretação da relação albumina:globulina (A:G). Quando necessitar da quantidade de globulina deve-se solicitar a determinação da proteína sérica total e a albumina na mesma amostra, para assim conseguir determinar a quantidade de globulinas. Essas mensurações devem ser feitas usando o soro. Não comparar PPT do plasma com albumina do soro pois há interferência de fibrinogênio (quando não interrompe a formação do coágulo o fibrinogênio fica no coágulo). Bilirrubinas Alteração das bilirrubinas A bilirrubina é formada fisiologicamente através da degradação de hemoglobina de hemácias velhas pelos macrófagos. A bilirrubina não conjugada (indireta) gerada pela degradação da Hb, é liberada pelos macrófagos e carreada pela albumina atéo fígado (um animal com hipoalbuminemia tem problemas de carreamento nessa bilirrubina). Os hepatócitos removem a bilirrubina da albumina e formam um diglicuronato de bilirrubina (direta ou conjugada) que será secretada pelos canalículos biliares até a bile. Deve-se lembrar que normalmente ao existir sinais clínicos de problemas hepáticos, 80% deste órgão está comprometido. Icterícia A icterícia pode ser detectada no exame físico ou quando o plasma ou soro é examinado no laboratório. Também é possível identificar essa icterícia na urina, que começa a mudar de coloração. Há doenças hepáticas e hematopoiéticas não relacionadas com a icterícia, e as doenças nestes sistemas podem ser ainda secundárias a outras doenças. A presença ou ausência de icterícia não pode ser avaliada com sentido diagnóstico ou prognóstico, pois nem sempre uma doença hepática apresenta essa icterícia. Septicemia, ruptura vesical e enterites algumas vezes podem causar disfunção hepática secundária, podendo ocorrer icterícia Hiperbilirrubinemia É o aumento de bilirrubina que sempre indica doença hepatobiliar ou hematopoiética. Esse aumento é caracterizado pela icterícia, pode ser classificado quanto à sua origem de três formas: ↪Pré-hepática: liberação de bilirrubina em quantidade na circulação (decorrente de hemólise) ↪Hepática: falha de conjugação (envolve uma doença no fígado) ↪Pós-hepática: deficiência na secreção (obstrução dos ductos) Pré-hepática: é causada quando há aumento de aporte de bilirrubina ao fígado, causando uma sobrecarga à conjugação hepática. Nesses casos, sempre haverá maior quantidade de bilirrubina não conjugada que conjugada. ↪A causa principal é a hemólise intravascular, que leva à hemoglobinemia (plasma avermelhado), gerando: • Aumento excessivo da bilirrubina não conjugada • Redução do hematócrito ou volume globular pela lise das hemácias • Elevação do urobilinogênio sanguíneo e urinário ↪Os sinais clínicos mais observados são urina e fezes escuras por conta da Hb livre e bilirrubina em excesso. O principal cuidado neste caso é retirar a causa hemolítica e deter bastante atenção ao quadro hematológico do animal ↪Cuidados a serem tomados • Não fazer pressão excessiva ao aspirar o sangue da veia para a agulha, para que as hemácias não atritem com a parede da seringa • Ao depositar amostra de sangue no tubo, retire a agulha da seringa • Escorrer o sangue pela parede do tubo, para evitar o atrito do sangue com essa parede • Durante a homogeneização, não se deve agitar o tubo • Cuidado para não fazer manipulação vigorosa • Não permitir que o calor da chama usada para vedar o tubo capilar atinja o sangue e provoque lise. ↪O que se observa: • Plasma avermelhado • No esfregaço sanguíneo corado nota-se hemácias nucleadas que é uma resposta à anemia • Pode haver aglutinação de hemácias em algumas causas • Presença de esferócitos (hemácias perdem parte da membrana por se depositar antígenos ali) • Pontilhados/agregados em algumas hemácias (reticulócitos). Hepática: a icterícia hepática é causada por uma disfunção hepática, com conjugação parcial da bilirrubina pelos hepatócitos devido à redução na capacidade enzimática. A lesão acaba obstruindo os canalículos biliares, levando secundariamente à colestase. ↪A causa principal é a lesão tóxica ou infecciosa, que leva ao comprometimento da função hepática: • Predomina a elevação da bilirrubina conjugada devido a colestase (dificulta o escoamento dessa bilirrubina) • Há um aumento da bilirrubina não conjugada devido à dificuldade de conjugação do fígado • Aumento do urobilinogênio circulatório e urinário. Pode não haver este aumento por comprometimento do ciclo enterohepático. Pós-hepática: a icterícia pós-hepática ocorre por obstrução das vias biliares gerando uma colestase, isto é, um acúmulo de bilirrubina conjugada. ↪Os sinais observados são esteatorréia, fezes claras e bilirrubinúria acentuada. ↪A causa principal é a lesão dos canais biliares, que leva ao aumento acentuado da bilirrubina conjugada devido à obstrução. Já a bilirrubina não conjugada pode estar um pouco aumentada ou não, dependendo da lesão hepatocelular causada pela colestase compressiva (em que os hepatócitos não conseguem mais conjugar a bilirrubina). ↪Na obstrução total, o urobilinogênio e estercobilina estarão ausentes. ↪Observar sempre a história e clínica do animal, para tentar diferenciar a etiologia pós-hepática da hepática.