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Artigo - UMA VISÃO DA PSICOLOGIA - AS CONSEQUÊNCIAS DA RESTRIÇÃO DE SONO SOBRE A QUALIDADE DE VIDA DE CAMINHONEIROS

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ISSN 2317-3793 Volume 8 Número 8 (2019)
AS CONSEQUÊNCIAS DA RESTRIÇÃO DE SONO SOBRE A QUALIDADE
DE VIDA DE CAMINHONEIROS: UMA VISÃO DA PSICOLOGIA
THE CONSEQUENCES OF SLEEP RESTRICTION ON THE QUALITY OF LIFE OF
TRUCKERS: A VIEW OF PSYCHOLOGY
 Beatriz de Oliveira Queiroz1; Luís Sérgio Sardinha2; Valdir de Aquino Lemos3
RESUMO
A qualidade de vida é a junção de necessidades básicas e suplementares, envolvendo o bemestar físico e psicológico.
Inúmeros fatores contribuem na melhora da qualidade de vida, como por exemplo uma boa noite de sono. Desta
forma, caminhoneiros que dormem normalmente no período noturno e trabalham no período diurno, podem apresentar
melhor qualidade de vida. Porém, a atividade sob o padrão biológico invertido “trocando o dia pela noite” pode refletir
negativamente na saúde física e psicológica do caminhoneiro, além de aumentar os riscos de acidentes e diminuir a
produtividade. Assim, o objetivo deste estudo é descrever e discutir as consequências da restrição de sono sobre a
qualidade de vida de caminhoneiros. Para esse trabalho foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica, 26 artigos
científicos que foram pesquisados na base de dados dos seguintes sites acadêmicos, pubmed, scielo, google
acadêmico, pepsic. Utilizando as seguintes palavras de busca, “a restrição de sono”, “qualidade de vida”,
“caminhoneiros” e “sono”. Os resultados do presente estudo mostram que o sono é um mecanismo que tem como
responsabilidade o equilíbrio do funcionamento das atividades biológicas essenciais ao corpo humano, ao qual cada
estágio tem uma função específica que juntas formam um ciclo, pois há sinais de sua importância para os recursos de
restauração e repouso do organismo. As consequências da restrição de sono entre caminhoneiros podem prejudicar a
qualidade de vida dos mesmos, em função de noites mal dormidas. Com base nos resultados do presente estudo pode-
se concluir que, a falta de sono afeta o indivíduo no âmbito físico, emocional, comportamental e cognitivo. Já a
psicologia pode contribuir com estratégias de prevenção e enfrentamento no combate à má qualidade do sono,
auxiliando na melhora no desempenho e no trabalho dos motoristas e, consequentemente, a qualidade de vida. 
Palavras-Chave: Qualidade de vida, restrição do sono, caminhoneiros.
ABSTRACT
Quality of life is the combination of basic and supplementary needs, involving physical and psychological well-being.
Numerous factors contribute to the improvement of quality of life, such as a good night's sleep. This way truckers who
sleep normally at night and working during the day, may present better quality of life. However, the activity under the
inverted biological pattern “changing the day for the night” can negatively reflect on the trucker's physical and
psychological health, in addition to increasing the risks of accidents and reducing productivity. Thus, the aim of this
study is to describe and discuss the consequences of sleep restriction on the quality of life of truck drivers. For this work
we used the method of bibliographic research, totalizing 26 scientific articles that were searched in the database of the
following academic sites, pubmed, scielo, google academic, pepsic. Using the following search words, “the restriction
of sleep”, “quality of life”,“truck drivers” and “sleep”. The results of the present study show that sleep is a mechanism
that is responsible for balancing the functioning of biological activities essential to the human body, to which each stage
It has a specific function that together form a cycle, as there are signs of its importance to the restoration and rest
resources of the organism. The consequences of sleep restriction among truck drivers can impair their quality of life due
to poor nights sleep. Based on the results of the present study it can be concluded that the lack of sleep affects the
individual in the physical, emotional, behavioral and cognitive scope. Psychology, on the other hand, can contribute to
prevention and coping strategies to combat poor sleep quality, helping to improve drivers' performance and work and,
consequently, their quality of life.
Keywords: Quality of life, sleep restriction, truck drivers. 
1 Estudante do 8º Semestre de Psicologia pelo Centro Universitário Braz Cubas – Mogi das Cruzes. 
2 Doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo,
Brasil(2011). Coordenador e Docente do curso de Psicologia do Centro Universitário BrazCubas – Mogi das
Cruzes. Docente junto à Universidade do Grande ABC, UniABC, Santo André.
3 Doutorado em Psicobiologia pela Universidade Federal de São Paulo, Brasil (2016). Pesquisador do Comite
Paraolimpico Brasileiro. Docente do curso de Psicologia do Centro Universitario Brazcubas – Mogi das Cruzes.
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INTRODUÇÃO
O sono é um processo fisiológico essencial, com um papel preponderante em inúmeras
funções neurobiológicas e comportamentais. Apesar da sua importância, a sociedade moderna e
tecnológica promove um estilo de vida que interfere nos ritmos circadianos, com resultados
refletidos nas elevadas prevalências de restrição de sono, ao longo de todas as faixas etárias. Estas
restrições voluntárias seguem aparentemente uma tendência crescente ao longo das décadas, e têm
efeitos negativos na saúde física e psíquica, contribuindo para o aumento de acidentes rodoviários
(KONKIEWITZ, 2013).
Jamal (2004) considera o ser humano como um ser diurno, pois a maioria deles
desenvolvem suas atividades pessoais e profissionais durante o dia e dormem de noite, porém,
determinados estilos de vida e a inversão de horários na escala de trabalho, tendem a mudar
completamente esse padrão biológico natural do ser humano. Dessa forma, essa alteração do ritmo
biológico pode ocasionar em problemas graves, como déficits cognitivos motores e psicológicos,
afetando diretamente a saúde física, mental e social do trabalhador.
Resende (2010) compreende que os caminhoneiros são pressionados pelas empresas para
cumprimento dos prazos de entrega pré-estabelecidos, além disso, são prejudicados pela falta de
segurança em diversas estradas do país, mas não são apenas esses fatores os responsáveis pela
possibilidade de acidentes nas estradas, também existe o fator emocional, que está diretamente
relacionado com o nível de estresse, que o caminhoneiro passa em sua viagem. Para conseguirem
entregar a mercadoria em menor tempo, tendo a possibilidade de fazer outro carreto e,
consequentemente, aumentar a sua renda, os caminhoneiros se obrigam a permanecerem acordados
por muito tempo, onde, somado aos maus hábitos alimentares e o sobrepeso, influenciam no
desempenho ao volante, juntas, essas características afetam a capacidade de reação e com isso
aumentam a probabilidade de acidente nas estradas e a piora da qualidade de vida.
Rebouças (2016) afirma que qualidade de vida é uma definição ampla, a qual é afetada de
maneira complexa, não só pela saúde física, mais também pelo estado psicológico, onde há um
nível de independência nas relações sociais e nos fatores ambientais onde cada indivíduo vive. A
Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu qualidade de vida como a percepção de cada
indivíduo de sua posição na vida, e na sociedade onde se vive assim as situações culturais e no
sistema de valores no qual se vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
percepções. Deste modo mensura-se a qualidade de vida do indivíduo por meio do que se diz
respeito não só à avaliação do seu estado de saúde física e psíquica, mas também, à compreensão do
paciente centralizada na percepção sobre o funcionamento dos diversos aspectos na qualidade de
vida. 
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A restrição do sono é a reduçãoou supressão do sono e pode comprometer a qualidade de
vida e o desempenho cognitivo, o que pode provocar alterações em diversas tarefas do dia a dia,
como por exemplo, na direção, aumentando o risco de acidentes. A restrição do sono pode afetar o
desempenho cognitivo devido à má qualidade do sono (INOCENTE, 2011).
A privação de sono, assim como os distúrbios de sono são queixas frequentes dos
caminhoneiros devido à longas horas de trabalho realizadas diariamente. Sintomas como cansaço,
fadiga, desânimo e dores generalizadas fazem parte do cotidiano das pessoas que apresentam
alterações no padrão de sono, assim, afetando diretamente a qualidade de seu serviço (SANTOS,
2000).
O comportamento do homem em suas atividades de rotina está em constante mudança ao
passar dos anos, com uma piora persistente da qualidade de vida, no trabalho e no sono. O motorista
de caminhão tem uma atividade que pode ocupar grande parte do seu tempo, que geralmente
ultrapassam dias e noites dirigindo com o intuito de finalizar suas entregas o mais rápido possível,
para já poder iniciar outro frete e consequentemente aumentar seu faturamento. Porém, dirigir por
longos períodos impactam de forma negativa na qualidade de vida, no convívio familiar, no lazer,
nas horas de descanso e na saúde desses caminhoneiros (RIBEIRO, 2005). Sendo assim, o objetivo
do presente estudo é descrever e discutir as consequências da restrição do sono sobre a qualidade de
vida de caminhoneiros.
MÉTODO 
Para este estudo foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica datado entre 1896 a 2018,
totalizando 26 artigos científicos que foram pesquisados na base de dados dos seguintes sites
acadêmicos: SciELO, Google Acadêmico, PePSIC, BVS, SIBi e PubMed, todos os materiais
consultados foram lidos em língua portuguesa.
Foram utilizadas as seguintes palavras de busca, “sono”, “restrição do sono”, “qualidade de
vida”, “caminhoneiros”, “consequências da restrição do sono”, “qualidade de vida de
caminhoneiros”, “sono” a fim de obter um vasto conteúdo para o trabalho, maximizando tanto a
abrangência quanto a qualidade da pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
O sono é uma das coisas que um ser humano não vive sem, e muitas pessoas não dão o
devido valor a ele, não procuram dormir na hora correta e a quantidade correta que se deve ter para
um corpo poder descansar o suficiente, muitos pensam que basta dormir pouco para poder ter mais
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tempo produzindo suas atividades sejam elas quais forem (CARDOSO; CHAGAS, 2004). Por tanto
para este presente estudo foram agrupados artigos científicos, totalizando em 26 obras, buscando
descrever e discutir sobre as consequências da restrição de sono na qualidade de vida de
caminhoneiros: uma visão de psicologia, para que possa se explanar mais sobre o tema.
Os sintomas mais comuns em junção ao sono são o cansaço ao acordar e a sensação de sono
não reparador, independentemente da duração do sono do indivíduo pode se ocorrer a sonolência
excessiva durante o dia e a piora na qualidade de vida, sendo assim os fatores predisponentes para
esse ser humano, principalmente os do sexo masculino, classificam-se os principais fatores
associado à: obesidade (principalmente central), hipertensão arterial sistêmica, hipertensão
pulmonar, arritmias cardíacas relacionadas ao sono, angina noturna, refluxo gastroesofágico,
prejuízo na cognição da qualidade de vida e insônia (BITTENCOURT et al, 2011 ). 
Alguns trabalhadores de plantão, pessoas que se privam de dormir para estudar ou passam a
noite em momentos de descontração, emendando esse tempo de vigília com o dia seguinte de
trabalho, podem ter perturbações do sono ou até mesmo vir a desenvolver insônia. A privação do
sono (PS) tem efeitos bem conhecidos, não se está completamente entendido por que os organismos
vivos (humanos e animais, por exemplo) precisam dormir, conforme mencionado previamente,
inclui em conservação de energia, restauração e processamento de informações (ABRAMS, 2015).
Pedroso et al (2009) observou modelos animais, no qual percebeu que a neurogênese e o
hipocampo de ratos durante o sono, apresentam características neurobiológicas do efeito do sono e
da privação do sono, na memória. Alterações comportamentais também foram observadas em ratos
privados de sono durante 72 horas, quando avaliados no campo aberto (atividade motora) e no
reconhecimento social (resposta cognitiva).
Estudos envolvendo os efeitos da privação do sono são extensos. Sabe-se que a privação de
sono causa profundos distúrbios na cognição e comportamento, porém, ainda não está esclarecido
quais fatores levam a este declínio na performance, principalmente no córtex pré-frontal, uma área
de extrema importância na análise da cognição. Dentre estes fatores cognitivos, a memória
apresenta-se altamente deficitária em estudos envolvendo a privação do sono (PEDROSO;
PILATTI, 2009).
Os mecanismos que envolvem as alterações da função executiva dependentes do sono ainda
não estão totalmente esclarecidos. Porém, pesquisadores citam em seus estudos que o motivo pelo
qual a função executiva é afetada pela privação de sono é, provavelmente, um distúrbio no córtex
pré-frontal e suas regiões aferentes (MUZUR, PACESCHOTT, HOBSON, 2002). 
Outros autores definem o sono como um processo fisiológico que ocorre de forma cíclica, na
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presença de períodos de repouso e atividade, fazendo parte integrante de um ciclo vigília-sono. Sua
definição não é clara, tanto do ponto de vista fisiológico quanto comportamental. Embora haja
vários aspectos relacionados ao sono, convém focar somente na relação dos efeitos de sua privação
no metabolismo glicídico (FERNANDES, 2006).
Devido à importância do sono para a manutenção da saúde e relevância de uma noite de
sono adequada, os profissionais que mais interessam por estes estudos, são da área de psicologia e
psiquiatria, muito embora a endocrinologia e a nutrição também apresentem grande interesse em
relação à questão metabólica e o processo de interferência da privação de sono (MENDONÇA,
PORTO, SOUZA, 2015).
Como não há um consenso sobre a definição de qualidade de vida, o primeiro passo para o
desenvolvimento do instrumento World Health Organization Quality of Life (WHOQOL) foi a
busca da definição do conceito. Assim, a OMS reuniu especialistas de várias partes do mundo, que
definiram qualidade de vida como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da
cultura e sistema de valores, nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações (WHOQOL Group, 1995). 
Qualidade de vida (QV) é uma noção eminentemente humana e abrange muitos significados
que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades. Tais significados
refletem o momento histórico, a classe social e a cultura a qual pertencem os indivíduos. No campo
da saúde, o discurso da relação entre saúde e QV existe desde o nascimento da medicina social
(DANTAS, 2003). Além da qualidade de vida, a restrição do sono também prejudica na segurança
pública, porque cresce o número de acidentes industriais e no trânsito (MARTINEZ, 1999). As
estimativas sobre o índice de acidentes e mortes causados por sonolência ou cansaço variam de 2%
a 41%, com alto custo em termos financeiros e da própria vida (FERRARA; DE GENNARO,
2001). 
Estudos mostram diversos fatores que é possível relacionar os acidentes de trânsito, com
motoristas, onde a falta de atenção ao dirigir é a principal causa, seja ela motivada pela ingestão de
álcool junto ao volante, consumo de medicamentos e drogas ilícitas, que levam o indivíduo à
necessidade de dormir, a privação ou restrição crônica do sono e distúrbios de sono também
resultam em sonolência excessiva. Excesso de horas de trabalho causam monotoniae fadiga, entre
outros fatores prejudiciais. Os motoristas brasileiros, principalmente os que trabalham em turnos
irregulares, somados ao cansaço, fadiga, ao excesso de horas trabalhadas, a falta de sono e pouco
tempo para descanso, são ações decorrentes da carga de trabalho para cumprir prazos de entrega e
horários para entrega de mercadorias, contidas em seu veículo (NASCIMENTO et al, 2007).
Souza (2004) Diz que diante do exposto, podemos perceber a necessidade de implantar
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políticas públicas, mais incisivas em relação à saúde e à segurança dos trabalhadores, que transitam
pelas rodovias do país. Discussões sobre as leis vigentes em relação às horas trabalhadas ao volante,
escalas de trabalho, pausas para descanso e sono restaurador são imprescindíveis para a qualidade
de vida dos motoristas que passam tempos em estradas, e para a sociedade em geral que utiliza o
sistema viário brasileiro. 
Nascimento (2007) diz que infelizmente, percebe-se que a sociedade e as autoridades
brasileiras ainda não têm ciência, do aumento exponencial, do risco para o acidente referente à falta
de sono e ao excesso de tempo de vigília que esses motoristas são induzidos a praticar. Nesse
sentido, observam-se complacência dos empregadores e negligência da legislação brasileira, bem
como a falta de compromisso do próprio motorista com a prudência ao volante e para com os
usuários da rede viária. 
O córtex cerebral regula os aspectos da atenção, vigilância e as capacidades cognitivas, já o
tálamo e as regiões do córtex pré-frontal, podem apresentar uma diminuição das suas atividades,
quando ocorrer por 24 horas, a privação do sono, tende à uma diminuição dessas atividades e
quanto maior for o tempo de restrição do sono, maior se tornará a interferência à essas atividades. A
sonolência e a falta de atenção são as principais causas de insegurança, e que deveriam ser tomadas
medidas de prevenção. As causas são, privação do sono, distúrbios do sono, uso de medicamentos
ou combinação de outros fatores que degradam a atenção. A sonolência e a falta de atenção, é um
fator responsável por 30% dos acidentes mortais e 2/3 dos acidentes de veículos pesados nas
estradas quando relacionado à perturbação da atenção, à distração, a perda em segundos do tempo
de resposta e à degradação sensível da coordenação sensoromotrice nos motoristas (SOUZA;
REIMÃO, 2004).
Dessa forma, os caminhoneiros cruzam o Brasil todos os dias, transportando grandes e
pequenos centros de carregamentos, gerando economia e fazendo funcionar a sociedade. As
autoridades estão percebendo que a classe está apresentando problemas, relacionados a Qualidade
de vida dos caminhoneiros, havendo assim horas mal dormidas, má alimentação, sedentarismo e
estresse. A preocupação agora é, cuidar para que a qualidade de vida dessa categoria, não seja
sofrida e sim tenha uma melhora gradativa à fim de que haja mais dignidade no exercício da função
e para que não ocorram acidentes em estradas, podendo assim, ser evitadas nas estradas brasileiras,
onde o índice de acidentes ainda é muito alto, uma má qualidade de vida (SEDANO, 2010).
Franco (2008) afirma que quando se analisa a má qualidade de vida dos caminhoneiros e a
saúde, encontra-se dados muito preocupantes, pois, segundo pesquisa feita no ano de 2008 pelo
Serviço a Frotas, Eventos e Propagandas da Goodyear do Brasil, 38,2% nunca fizeram check-up
médico. Com os resultados da pesquisa acima, Franco (2008) chega à conclusão de que a
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preocupação com a saúde é porque, 9,3% dos motoristas nunca foram consultados por um médico e
11,7% não se consultam há mais de cinco anos. Na área oftalmológica, os números continuam
subindo, o que se torna ainda mais preocupante, pois, 19,6% nunca foram ao oftalmologista para
uma consulta o que é de extrema importância, ainda mais para quem dirige e 9,8% não procuram
este profissional há mais de cinco anos. Quando se pergunta o porquê dessa situação, o principal
motivo alegado é a mais absoluta, falta de tempo. Sabe-se que desta forma, também há dificuldade
de se locomover com um caminhão dentro das cidades para procurar assistência de saúde. Portanto,
dados mostram que os caminhoneiros só procuram assistência médica em casos de emergência,
quando não se pode mais, de forma alguma, prosseguir com o trabalho.
A educação para a saúde dos caminhoneiros é uma atividade mais complexa que deve ser
mais completa onde não vise somente, disseminar as informações, mas, originar mudanças de
comportamento, na busca de uma boa qualidade de vida (GELBCKE, 2002).
CONCLUSÕES
Com base nos resultados do presente estudo, a restrição de sono prejudica a qualidade de
vida de caminhoneiros. Além disso quando não ocorre uma boa noite de sono adquirindo o tempo
suficiente em média de oito horas, pode alterar o seu ritmo biológico e provocar alterações em seu
ritmo biológico interno, provocando alterações no seu desenvolvimento cognitivo.
Ainda, a falta de sono também contribui significativamente na redução da atenção e no
aumento de fadiga mental e física, provocando acidentes de trânsito em rodovias. Nesse estudo
pode-se ver o quanto os motoristas de caminhão estão gravemente prejudicados em sua saúde física
e psíquica, tendo assim sua vida gravemente prejudicada e assim prejudicando condutores que
frequentam rodovias, situação essa que pode ocasionar diversos acidentes, tanto com motoristas de
cargas, como de veículos menores. Desta forma, os diversos fatores sociais não são levados em
consideração por alguns desses condutores, afinal, para eles, vincular buscando uma boa higiene de
sono e saúde física é irrelevante quando se veem frente à necessidade de cumprirem prazos.
O presente estudo sugere que projetos e técnicas de prevenção para melhorar à qualidade de
sono e, consequentemente a qualidade de vida de caminhoneiros, sejam implementados, tais como
diálogos, palestras e a elaboração de cartilhas para orientar os condutores a incluirem em sua rotina
diária uma boa higiene do sono, o que pode contribuir para minimizar os acidentes de trânsito. 
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