Logo Passei Direto
Buscar

Ferramentas de estudo

Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Universidade Federal do Ceará 
Faculdade de Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL NO ORDENAMENTO 
JURÍDICO BRASILEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRISCILA FERREIRA MARQUES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fortaleza-CE 
2010 
 
PRISCILA FERREIRA MARQUES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL NO ORDENAMENTO 
JURÍDICO BRASILEIRO 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
submetido à Coordenação do Curso de 
Graduação em Direito da Universidade 
Federal do Ceará, como requisito parcial 
para a obtenção do grau de Bacharel em 
Direito. 
 
Área de concentração: Direito 
Constitucional e Direito Penal. 
 
Orientador: Prof. Fernando Luiz 
Ximenes Rocha 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fortaleza-CE 
2010 
 
 
 
 
 
PRISCILA FERREIRA MARQUES 
 
 
 
O PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL NO ORDENAMENTO 
JURÍDICO BRASILEIRO 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
submetido à Coordenação do Curso de 
Graduação em Direito da Universidade 
Federal do Ceará, como requisito parcial 
para a obtenção do grau de Bacharel em 
Direito. 
 
Área de concentração: Direito 
Constitucional e Direito Penal. 
 
Orientador: Prof. Fernando Luiz 
Ximenes Rocha 
 
Aprovada em ___/____/____. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 _______________________________________________ 
Prof. Fernando Luiz Ximenes Rocha 
Universidade Federal do Ceará - UFC 
 
 
 
_____________________________________________ 
Prof. Daniel Maia 
Universidade Federal do Ceará - UFC 
 
 
 
_____________________________________________ 
Mestrando Vinícius de Mattos Magalhães 
Universidade Federal do Ceará - UFC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao meu pai, que por muitos anos fez de uma 
vara de pescar profissão, mas nunca se 
conformou, lutou e 
Venceu. 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
O momento que estou vivendo reflete não somente o meu trabalho, mas o de 
muitos, com os quais fui agraciada pela convivência, conselhos e ensinamentos. O 
término da Academia me faz pensar em cada uma das pessoas que participaram dessa 
caminhada. Chega, pois, o momento de agradecê-las. 
A Deus, que em sua infinita bondade me concedeu o maior dos seus dons, a 
vida. Obrigada por me guiar nos caminhos floridos e tortuosos e por tornar possível esta 
vitória. 
Ao meu pai, Carlos dos Santos Marques, que comigo esteve até o momento 
permitido por Deus. Obrigada pelo incentivo, pelas repreensões e pela lição de vitória 
que você representa. À minha mãe, Helena Cristina Ferreira Marques, obrigada por 
todos esses anos de dedicação à minha educação, obrigada por acreditar que sou capaz. 
À querida irmã Carla Patrícia Ferreira Marques, pelo exemplo de 
determinação e garra e por me mostrar que tudo é possível, desde que seja realmente 
desejado; à amada tia Solange Ferreira, pelas palavras sempre sábias; à amada tia 
Cristiane Ferreira, pela torcida sempre positiva; à querida avó Maria Zilda, pelas 
orações por minha proteção e pelas tardes de passeios nos shoppings; ao meu afilhado 
Antonio Emanuel da Nóbrega, pelas palavras carinhosas e pelas brincadeiras, que 
amenizam a pesada rotina. 
Ao amado Pedro Ferreira dos Santos Neto, pelo amor, dedicação e 
companheirismo nesses quase sete anos. Você é meu exemplo de sabedoria e 
humildade. 
Ao Professor Fernando Luiz Ximenes Rocha, cuja refinada cultura 
acadêmica foi imprescindível na elaboração desta monografia; ao Professor Daniel Maia 
e ao Mestrando Vinícius de Mattos Magalhães, pela gentileza de terem aceitado este 
humilde convite de maneira tão receptiva. 
Aos amigos do Tribunal de Justiça, na pessoa do Desembargador Francisco 
Barbosa Filho, pelo precioso ganho intelectual. Aos Procuradores Federais José Márcio, 
Márcio Sampaio e Antonio Coutinho, pela convivência diária e amigável nesses dois 
anos. Aos amigos da Assessoria Jurídica do Grupo M. Dias Branco, na pessoa de 
Henrico Perseu Benício, pelos exemplos de humildade e amizade que pude ter e que 
levarei por toda a vida. Aos amigos da Caixa Econômica Federal, em especial ao José 
Alberto Alves de Albuquerque Júnior, por ter sido a primeira pessoa a acreditar na 
minha capacidade profissional. 
 Às melhores descobertas que pude realizar nesses quatro anos e meio na 
Faculdade de Direito: Angélica Mota, Clarissa Palácio, Hivna Terceiro, Jordana Rolim e 
Luciana Lucas, vocês me auxiliaram nas horas que estive mais perdida, vocês me 
ouviram nos momentos mais difíceis. Obrigada pelas conversinhas, estudos e “clubes da 
luluzinha”, eles foram essenciais durante todos esses anos. 
Aos demais amigos da Faculdade de Direito, Camila Leal, Cyntia Couto, 
Matheus Melo, Davi Araújo, João Neto, Ellen Cristine, Lino Queiróz, Fernanda Castelo 
Branco, Bruno Fiúza, Milena Gondim, Gabriel Kubrusly e Renan Bezerra, vocês 
tornaram meus dias mais felizes! 
 Aos amigos do Colégio Militar de Fortaleza, em especial à Ana Paula 
Matos, Mário Filho e Rafael Luz, pelas brincadeiras sem hora, pelas dúvidas tiradas e 
pelo incentivo na superação de um momento tão delicado. Aos demais amigos do CMF, 
Laís Rodrigues, Ana Lívia Monte, Matheus Monte, Flávia Oliveira, Beatrice Nuto, 
Gabriel Nuto, Renata Melo, Cláudia Faustino, Haroldo Lopes, Carol Matos, Tatiana 
Mara, Daniel Valente, obrigada pelos anos de intensa amizade que vivemos. 
À amiga Luana Galvão, pelas duas décadas de companheirismo, que me 
acompanha desde os três anos de idade. Aos amigos Risalvo Júnior e Tereza Carvalho, 
pelas noites de “jogatina”, pelas viagens e pelas delícias gastronômicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Os ventos que, às vezes, tiram algo que 
amamos são os mesmo que nos trazem algo 
que aprendemos a amar. Por isso, não 
deveremos chorar pelo que nos foi tirado. E 
sim aprender a amar o que nos foi dado. Pois 
tudo aquilo que é realmente nosso nunca se 
vai para sempre” 
Fernando Pessoa 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente estudo tem por finalidade discorrer acerca do princípio do promotor natural, 
cuja existência no âmbito do direito brasileiro é discutida há pelo menos quarenta anos. 
A Carta Política de 1988 elenca diversas prerrogativas e garantias aos membros do 
Ministério Público, cujo único objetivo é tornar a atuação livre de represálias e voltada 
tão somente ao interesse público. Sobre o princípio do promotor natural, entretanto, não 
há qualquer manifestação explícita, mas grande parte da doutrina e a maioria dos 
tribunais, à exceção do Supremo Tribunal Federal, acatam sua existência. Desse modo, 
imprescindível o estudo das razões de cada posicionamento, para que, tendo 
conhecimento aprofundado de todas elas, torne-se possível a formação do 
posicionamento da autora. 
 
PALAVRAS-CHAVES: promotor natural – garantia Ministério Público – 
independência funcional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RÉSUMÉ 
 
Cette étude vise à discours sur le principe du promoteur naturel, dont l'existence en droit 
brésilien ont été discutées pendant au moins quarante ans. La Charte Politique de 1988 
listes de plusieurs privilèges et des garanties pour les procureurs, dont le seul but est de 
rendre l'œuvre libre de représailles et axée uniquement à l'intérêt public. Sur le principe 
du promoteur naturel, cependant, il n'ya pas d'expression explicite, mais une grande 
partie de la doctrine, la plupart des tribunaux, à l'exception de la Cour Suprême, 
d'accepter leur existence. Ainsi, essentiel d'étudier les raisons pour chaque poste, de 
sorte que ayant une connaissance approfondie de chacun d'eux, devenu possible de 
former le positionnement de l'auteur. 
 
MOTS-CLÉS : procureur naturel – garantie procureur – indépendance fonctionnelle. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO...............................................................................................................121. O MINISTÉRIO PÚBLICO........................................................................................14 
1.1 O Desenvolvimento Histórico do Ministério Público..........................................15 
1.2 A Evolução Histórica do Ministério Público nas Constituições Brasileiras........17 
1.3 O Ministério Público na Carta Política de 1988........................................................19 
1.4 As Funções Institucionais do Parquet........................................................................22 
1.5 Os Princípios Institucionais do Ministério Público...................................................26 
1.6 A Organização do Ministério Público.......................................................................30 
1.7 A Legislação que disciplina o Ministério Público.....................................................34 
2. OS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO..........................................................36 
2.1 A Vitaliciedade..........................................................................................................36 
2.2 A Inamovibilidade.....................................................................................................37 
2.3 A Irredutibilidade de Subsídios.................................................................................38 
2.4 O Ingresso na Carreira...............................................................................................38 
2.5 As Vedações..............................................................................................................39 
3. O PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL..........................................................40 
3.1 Estudos Anteriores à Carta Política de 1988.............................................................40 
3.2 O Princípio do Promotor Natural e a Constituição Federal de 1988.........................45 
3.3 O Princípio do Promotor Natural e a Legislação Extravagante.................................46 
3.4 A Existência do Princípio do Promotor Natural no Âmbito do Supremo Tribunal 
Federal.............................................................................................................................50 
3.5 A Existência do Princípio do Promotor Natural no Âmbito do Superior Tribunal de 
Justiça..............................................................................................................................50 
3.6 O Princípio do Promotor Natural e o Princípio Institucional da Indivisibilidade do 
Ministério Público...........................................................................................................52 
3.7 O Princípio do Promotor Natural e o Direito Comparado.........................................54 
3.8 A Importância do Reconhecimento do Princípio do Promotor Natural no 
Ordenamento Jurídico Brasileiro.....................................................................................57 
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................60 
REFERÊNCIAS..............................................................................................................62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O princípio do promotor natural tem sua existência discutida há pelo menos 
quarenta anos, quando doutrinadores como Jacques Camargo Penteado, Hugo Nigro 
Mazzilli, Paulo Cézar Pinheiro Carneiro e Sérgio Demoro Hamilton teceram os 
primeiros comentários acerca desta temática, cujo objetivo era evitar as designações 
casuísticas e arbitrárias promovidas pelos Procuradores-Gerais, buscando atender 
interesses alheios em detrimento dos da sociedade. 
Abrolhado num período de extremo desrespeito aos direitos e garantias 
individuais, o princípio, nascido no seio da Instituição cujo escopo é defender os 
interesses sociais, buscou evitar a figura, comum à época, do acusador de exceção. 
A discussão no âmbito dos tribunais também aí se iniciara, embora 
prevalecesse o posicionamento pela inexistência do princípio em análise. Passadas 
algumas décadas, a discussão continua, tendo em vista que a Corte Suprema Brasileira 
não tem posicionamento firmado. 
A promulgação da Carta Política de 1988, ideologicamente protetora dos 
direitos e garantias individuais, fortaleceu ainda mais o posicionamento daqueles que 
acatam a existência do princípio do promotor natural, de modo que quase 
unanimemente ele é reconhecido pela doutrina brasileira como imanente do regramento 
constitucional. 
Nesse ínterim, o presente trabalho busca discutir e conflitar as diversas 
razões pelas quais se entende pela existência e pela inexistência do princípio do 
promotor natural no ordenamento jurídico brasileiro. 
Para tanto, imperioso se faz, num primeiro momento, um arraigado estudo 
sobre o Ministério Público, sua formação, desenvolvimento histórico, natureza jurídica 
e importância no Brasil, como forma de compreender o funcionamento da Instituição. 
Num segundo momento estudar-se-á os membros do Parquet, suas garantias 
e os motivos de suas existências, de modo que se verificará a importância que teria o 
princípio em análise, caso se entenda possível sua aplicação. 
Por último, utilizando os conceitos e exposições até então realizadas, todo o 
estudo que envolve o princípio do promotor natural será desenvolvido, para então se 
concluir ou não pela sua importância no ordenamento jurídico brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 O MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
O Ministério Público trata-se de uma função essencial à justiça, de acordo 
com o que dispõe a Carta Política de 1988. É assim denominado pelo fato de, 
juntamente com a Advocacia Pública, a Advocacia Privada e a Defensoria Pública, ser 
propulsor da atividade jurisdicional. 
Desse modo, enquanto é exigida a inércia do Poder Judiciário, de forma que 
somente atue se instigado a tal, as funções essenciais à justiça devem, por orientação 
constitucional, serem desencadeadoras da atuação deste Poder. 
Essa inércia é essencial para que o Judiciário desempenhe sua função junto 
à sociedade. Inseparável disso está o princípio constitucional da imparcialidade do 
magistrado. Somente o magistrado inerte é imparcial. 
A Advocacia Pública tem a função de representar judicial e 
extrajudicialmente a Administração Direta e Indireta, ou seja, a União, os Estados-
membros, o Distrito Federal, os Municípios, as autarquias e as fundações. 
É composta pela Advocacia-Geral da União, instituição que cuida da defesa 
dos interesses da União e suas autarquias e fundações e pelas Procuradorias dos Estados 
e do Distrito Federal, tendo estas a função de defender os interesses dos Estados-
membros da Federação e do Distrito Federal, respectivamente. 
A Advocacia Privada é, segundo o artigo 133 da Constituição Federal, 
“ indispensável à administração da Justiça, sendo (o advogado) inviolável por seus atos 
e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”. 
Desse modo, o advogado é indispensável ao exercício da jurisdição, pois 
somente em casos excepcionalíssimos sua atuação é dispensada, como ocorre, por 
exemplo, na impetração de habeas corpus. 
 A Defensoria Pública atua no patrocínio das causas daqueles que são 
necessitados, na forma da lei. Assim, caso a parte não tenha condições de arcar com as 
despesas processuais, poderá requerer à Defensoria que atue no processo. 
Há, dessa forma, a Defensoria Pública da União e a Defensoria Pública dos 
Estados. A primeira atuará sempre que a União e suas autarquias forem requeridas, 
enquanto que a segunda, em todas as demais causas. 
E embora todas as funções essenciais à justiça tenham igual importância, a 
Constituição Federal conferiu ao Ministério Público uma gama bem maior de funções. É 
possível ratificar tal informação comuma simples consulta à Magna Carta. No Capítulo 
IV – Das funções essenciais à Justiça, cinco artigos razoavelmente extensos são 
destinados exclusivamente à referida Instituição, enquanto que dois artigos à Advocacia 
Pública e três à Advocacia Privada e à Defensoria Pública, conjuntamente. 
O Ministério Público trata-se de uma instituição que possui, 
primordialmente, duas funções, bastante diferentes entre si: atuar como fiscal da lei, 
função que lhe exige a imparcialidade de um magistrado e atuar como parte no 
processo, o que lhe exige a parcialidade de um advogado: 
 
“Advogado sem paixão, juiz sem imparcialidade, tal é o absurdo 
psicológico no qual o Ministério Público, se não adquirir o sentido do 
equilíbrio, se arrisca, momento a momento, a perder, por amor à 
sinceridade, generosa combatividade do defensor ou, por amor à 
polêmica, a objetividade sem paixão do magistrado” 1. 
 
Daí, então, o fato de a Constituição Federal dedicar tantos artigos ao 
Ministério Público, devido à importância das funções que este desempenha. 
 
1.1 Desenvolvimento histórico do Ministério Público 
O surgimento do Ministério Público tal qual é conhecido hoje é controverso. 
Há autores que vislumbram seus primórdios no Egito Antigo, há mais de quatro mil 
anos, no funcionário real Magiai2. 
Outros consideram os Éforos de Esparta como um embrião do Ministério 
Público, pois estes, embora desempenhassem a função de juízes, deveriam buscar um 
equilíbrio entre o poder real e o senatorial. 
Há, ainda na antiguidade clássica, autores que consideram os advocatus fisci 
e os procuratores caesaris como uma forma, ainda que primitiva, de representação do 
Ministério Público. 
Durante a Idade Média os saions germânicos, os bailios e os senescais 
também são considerados como antecedentes da Instituição. Cabia a eles a defesa dos 
senhores feudais em juízo. 
Ressalte-se que no ano de 1289, no reinado de Afonso III em Portugal, 
existia a figura do procurador da Coroa. Já na Espanha, no reinado de Don Juan I, foi 
criado “El Ministerio Fiscal”, cuja estrutura e função eram semelhantes à do atual 
Ministério Público. 
 
1 Calamandrei, Piero. Eles, os juízes, vistos por nós, os advogados, pág. 59. 
2 Mazzilli, Hugo Nigro. O Ministério Público na Constituição de 1988. 7ª Ed São Paulo: Saraiva, 2008. 
A grande maioria dos doutrinadores, entretanto, vê na figura dos procureurs 
de roi, surgidos no reinado de Felipe, o Belo, na França, no ano de 1302, o verdadeiro 
surgimento do Ministério Público. 
É interessante observar que a nomenclatura Parquet, também bastante 
utilizada para designar o Ministério Público, surgiu na França: 
 
“Desde essa época, o Ministério Público era chamado de Parquet, 
palavra haurida da tradição francesa, que significa assoalho. 
Tendo em vista que os agentes do rei (les gens du roi) assentavam-se 
no assoalho das salas de audiência, para não serem confundidos com a 
magistratura de pé (magistrature débout), a terminologia Parquet 
ficou consagrada”3. 
 
Os procureurs de roi eram integrantes do corps de magistrats, de modo que 
eram responsáveis pela defesa dos interesses sociais. Anos mais tarde lhes foi conferida 
a garantia da vitaliciedade. 
No Brasil, falou-se primeiramente em procuradores no ano de 1609, quando 
foi criado o Tribunal de Relação da Bahia. Mais de 200 anos depois, em 1832, o Código 
de Processo Criminal do Império referiu-se ao promotor da ação penal. 
Necessário mostrou-se, portanto, que fosse regulamentada a nova instituição 
que timidamente surgia. O grau de desenvolvimento dela em outros países já era 
bastante avançado. 
Sob esse prisma, o Decreto n° 120, de 21 de janeiro de 1843, buscou 
justamente regulamentar a situação do Ministério Público, definindo os critérios de 
nomeação dos promotores (que seriam nomeados pelo Imperador do Município da 
Corte e pelos Presidentes nas Províncias). 
Eles ocupariam o cargo por tempo indefinido, enquanto fosse conveniente 
sua conservação e poderiam ser demitidos por quem os nomeara. 
Em 1876 surgiu a Consolidação Ribas, que criou a segunda instância do 
embrionário Ministério Público que se formava. O Procurador da Coroa não possuíam o 
status de chefe dos Procuradores. 
 
1.2 A evolução histórica do Ministério Público nas Constituições Brasileiras 
É notável que a evolução do Ministério Público no Brasil ocorreu de forma 
lenta e gradativa. Vê-se, inicialmente, a figura do procurador da Coroa, depois a menção 
 
3 Bulos, Uadi Lammego. Curso de Direito Constitucional. 5ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010 ( pág. 1135). 
ao promotor da ação penal, para somente em 1843 surgir um decreto que finalmente 
organizasse, ainda que de modo insatisfatório, a instituição que surgia. 
Desse modo, a Constituição Imperial de 1824 e a Constituição Republicana 
de 1891 sequer mencionaram a existência do Parquet. A primeira, somente mencionou 
o procurador da Coroa, enquanto que a segunda dispôs que o cargo de Procurador-Geral 
da República seria ocupado por um dos membros do Supremo Tribunal Federal que 
fosse indicado pelo Presidente da República. 
Nesse espeque, coube à Constituição de 1934 dispor sobre o Ministério 
Público. Elevou-o a órgão de cooperação das atividades governamentais. 
Entretanto, em 1937 o Parquet passou por um infeliz retrocesso. O Estado 
Novo de Getúlio Vargas retirou da carta constitucional qualquer menção à figura do 
Ministério Público, somente se referindo ao processo de escolha do Procurador-Geral da 
Republica que, obviamente, seria feita pelo governante. 
Assim, ainda que por um curto período (menos de uma década), a 
Instituição esteve aprisionada à vontade de um único governante, de forma que não 
pôde se organizar da maneira adequada e nem agir em nome dos interesses da 
sociedade. 
Com o final do Estado Novo, em 1946 uma nova Carta Política foi votada e 
promulgada. Nela, o Ministério Público voltou novamente à esfera constitucional, 
tendo, inclusive, recebido um título próprio. 
A Constituição de 1946 dispôs acerca dos preceitos de organização, ingresso 
na carreira somente através de concurso público, escolha do Procurador-Geral da 
República, estabilidade e inamovibilidade aos membros. 
O golpe militar ocorrido em 1964 teve como conseqüência a elaboração de 
uma constituição em 1967. Embora tenha mantido as diversas garantias trazidas pela 
Constituição de 1946, vinculou o Parquet ao Judiciário. 
A Emenda Constitucional n° 1/69 vinculou o Ministério Público ao 
Executivo e aumentou as atribuições do Procurador-Geral da República, que seria 
nomeado e demitido pelo Presidente. Em 1977 uma nova emenda aumentou seus 
poderes e autorizou a organização ministerial no âmbito estadual, através de lei 
complementar. 
Finalmente, chega-se à Carta Política de 1988. Nela, o Ministério Público 
atingiu seu apogeu no que concerne à organização constitucional. O Parquet finalmente 
ganhou a notoriedade tão merecida como instituição que defende os interesses da 
sociedade. 
Como bem observa Nagib Slaibi Filho: 
 
“O Ministério Público brasileiro, com a moldura e a consistência que 
lhe foi dada pela Constituição de 1988, bem representa a contradição 
decorrente de tais influências, pois: (a) dos Estados Unidos, herdou a 
desvinculação com o Poder Judiciário, a denominação de sua chefia, o 
controle externo de determinadas atividades administrativas ligadas ao 
Poder Executivo, o resquício de poder participar da política partidária, 
ainda que em hipóteses restritas previstas em lei, a postura 
independente que aqui somente se subordina à consciência jurídica de 
seu membro, como, aliás, está na Lei Maior ao assegurar sua 
autonomia funcional e administrativa (art.127); (b) da Europa 
continental, herdou a simetria da carreira com a magistratura, 
inclusive as prerrogativas similares, o direito de assentoao lado de 
juízes, as vestes próprias e até mesmo o vezo de atuar como se 
magistrado fosse, embora devesse ter o ardor do advogado no 
patrocínio da causa. O Ministério Público desenvolveu-se sob a 
influência do Novo e do Velo Mundo, e da simbiose vem a sua 
força...” 4. 
 
Vê-se, portanto, que somente com a Carta Política de 1988 o Ministério 
Público alcançou as garantias máximas, que lhe conferem uma atuação justa e livre de 
quaisquer represálias. 
 
1.3 O Ministério Público na Carta Política de 1988 
Conforme anteriormente mencionado, a Constituição Federal de 1988 
alargou sobremaneira as funções do Ministério Público, de modo que a este são 
dedicados inúmeros dispositivos constitucionais. 
A própria Lei Maior conceitua, em seu artigo 127: 
 
“O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função 
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, 
do regime democrático, e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis”. 
 
Trata-se de instituição permanente por que possui importantes funções, 
ligadas principalmente à defesa dos interesses da sociedade, que somente podem ser 
desempenhadas por ele, de forma que a facilidade de sua dissolução poria em risco 
esses interesses. 
 
4 Slaibi Filho, Nagib. Ação Declaratória de Constitucionalidade. Rio de Janeiro: Forense, 1998 (pág. 
152). 
É essencial à função jurisdicional, pois se presente o interesse público, deve 
atuar como parte ou como fiscal da lei, custus legis. Mas mais do que isso, o Parquet 
atua fora da esfera jurisdicional, cabendo-lhe a fiscalização de prisões e de instituições 
de proteção à criança e ao adolescente e ao idoso, a impugnação mensalidades 
escolares, quando abusivas. Sempre que presente o interesse público, haverá atuação 
desta Instituição, inclusive extrajudicial. 
Cabe, ainda, ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, no sentido de 
fiscalizar a observância dos princípios constitucionais relativos ao processo, como o do 
devido processo legal, contraditório, ampla defesa. Deve, portanto, opinar quando 
houver prejuízo aos litigantes, buscando a via legal para reverter tal prejuízo. 
A defesa do regime democrático também deve ser realizada pelo Ministério 
Público, de modo que é essencial a independência da Instituição, ou seja, que não esteja 
vinculada a nenhum poder. A democracia deve, aliás, ser primordialmente assegurada, 
pois sem ela não como garantir nenhum outro direito. 
Por último, determina o preceito constitucional que o Parquet é o defensor 
dos interesses sociais e individuais indisponíveis. É imprescindível diferenciar os 
referidos interesses. 
Sabe-se que os direitos fundamentais são classificados em três dimensões. 
Os de primeira dimensão são aqueles que exigem do Estado um “não agir”, de modo 
que a abstenção estatal torna possível o exercício de determinados direitos, os 
individuais, como de locomoção, propriedade, liberdade. 
Os direitos de segunda dimensão são os sociais, gozados em grupos e que 
requer uma atuação estatal, no sentido de tornar possível o exercício. São os direitos 
positivos, como saúde, educação, moradia, segurança pública e alimentação 
(acrescentado pela Emenda Constitucional n° 64/10). 
Os direitos de terceira dimensão são os difusos e coletivos, são de vários 
grupos, não pertencendo a ninguém, isoladamente. São aqueles ligados ao meio 
ambiente, ordem urbanística e econômica, patrimônio público e outros. 
Cabe, portanto, ao Ministério Público a defesa dos interesses sociais, e nesse 
conceito entram os direitos sociais, difusos e coletivos e os individuais indisponíveis, 
como a vida, liberdade, incolumidade física, por exemplo. 
É sabido que o Ministério Público já foi vinculado aos Poderes Executivo e 
Judiciário, tendo sido a Constituição Federal de 1988 a primeira que o desvinculou 
completamente dos três Poderes. 
Ressalte-se, entretanto, que o assunto é controverso, existindo três correntes 
quanto ao posicionamento constitucional do Parquet. 
Há grandes doutrinadores, como o constitucionalista José Afonso da Silva, 
que defendem ser a instituição vinculada ao Poder Executivo, pois suas funções seriam, 
em sua maioria, de natureza executiva: 
 
“Ainda assim não é aceitável a tese de alguns que querem ver na 
instituição um quarto Poder do Estado, porque suas atribuições, 
mesmo ampliadas aos níveis acima apontados, são ontologicamente de 
natureza executiva, sendo, pois uma instituição vinculada ao Poder 
Executivo, funcionalmente independente, (...)” 5. 
 
O segundo posicionamento, defendido principalmente por Michel Temer, é 
no sentido de ser o Ministério Público um quarto Poder, devido à intensa desvinculação 
pregada pela Constituição. 
O terceiro posicionamento entende que o Parquet é uma instituição 
autônoma, totalmente desvinculada dos três Poderes, sem ser, entretanto, um quarto. 
Nesse sentido, Hugo Nigro Mazzilli: 
 
“Após longa evolução institucional, a Constituição de 1988 conferiu 
posição ímpar ao Ministério Público brasileiro. Como órgão de Estado 
(e não mais do governo, ou do Poder Executivo), foi erigido à 
condição de instituição, o que significa, na clássica concepção de 
Maurice Haurriou, ter um projeto a realizar, uma organização apta 
para isso e uma comunhão de propósitos entre seus integrantes e o 
meio social 
A opção do constituinte de 1988 foi, sem dúvida, conferir status 
constitucional ao Ministério Público Brasileiro, quase erigindo a um 
quarto Poder: desvinculou-os dos Capítulos do Poder Legislativo, do 
Poder Executivo e do Poder Judiciário” 6. 
 
Nesse mesmo sentido, o ex-Ministro do Supremo Tribunal Federal, 
Sepúlveda Pertence: 
 
“A razão subjacente à crítica contemporânea da integração do 
Ministério Público no Poder Executivo está, na verdade, na postulação 
da independência política e funcional do Ministério Público, 
pressuposto da objetividade e da imparcialidade de sua atuação nas 
funções sintetizadas na proteção da ordem jurídica. Dizia uma das 
inteligências mais lúcidas da magistratura brasileira dos últimos 
tempos, o Ministro Rodrigues Alckmin, e, ao meu ver, com razão, a 
 
5 Silva, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 30ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2008. , 
pág. 599. 
6 Mazzilli, Hugo Nigro. O Ministério Público na Constituição de 1988. São Paulo: Saraiva, 1989. 
questão da colocação constitucional do Ministério Público entre os 
Poderes é uma questão de somenos, pois o verdadeiro problema é sua 
independência. O mal é que partimos de um preconceito de 
unipessoalidade e verticalidade hierárquica do Poder Executivo, que o 
Estado Moderno não conhece mais e que está desmentindo pelos 
fatos, de que o direito comparado dá exemplos significativos... 
Garantida efetivamente a sua independência à colocação 
constitucional do Ministério Público é secundária, de interesse quase 
meramente teórico” 7. 
 
Nesse espeque, a corrente mais aceita quanto ao posicionamento 
constitucional do Ministério Público é aquela que o vê como instituição autônoma, ou 
seja, desvinculada de qualquer Poder estatal, sem configurar, entretanto, um quarto 
Poder. 
 
1.4 As funções institucionais do Parquet 
A Constituição Federal de 1988 ampliou bastante o rol de atuação do 
Ministério Público, de maneira que o Parquet acumula as funções de atuar nos 
processos em que há interesse público e fiscalizar o cumprimento da lei nos demais. 
Desse modo, a Constituição Federal elenca, em seu artigo 129, as diversas 
atribuições do Ministério Público: 
 
“Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
II – zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de 
relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, 
promovendo as medidas necessárias à sua garantia;III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção 
do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros 
interesses difusos e coletivos; 
IV – promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para 
fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta 
Constituição; 
V – defender judicialmente os direitos e interesses das populações 
indígenas; 
VI – expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua 
competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, 
na forma da lei complementar respectiva; 
VII – exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei 
complementar mencionada no artigo anterior; 
VIII – requisitar diligências investigatórias e a instauração de 
inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas 
manifestações processuais; 
IX – exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que 
compatíveis com a sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação 
judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas”. 
 
 
7 RTJ 147/129-30. 
Não só a Constituição prevê as diversas funções do Parquet, mas também a 
Lei Complementar 75, de 1993: 
“Art. 5º São funções institucionais do Ministério Público da União: 
I - a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses 
sociais e dos interesses individuais indisponíveis, considerados, dentre 
outros, os seguintes fundamentos e princípios: 
a) a soberania e a representatividade popular; 
b) os direitos políticos; 
c) os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil; 
d) a indissolubilidade da União; 
e) a independência e a harmonia dos Poderes da União; 
f) a autonomia dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 
g) as vedações impostas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e 
aos Municípios; 
h) a legalidade, a impessoalidade, a moralidade e a publicidade, 
relativas à administração pública direta, indireta ou fundacional, de 
qualquer dos Poderes da União; 
II - zelar pela observância dos princípios constitucionais relativos: 
a) ao sistema tributário, às limitações do poder de tributar, à repartição 
do poder impositivo e das receitas tributárias e aos direitos do 
contribuinte; 
b) às finanças públicas; 
c) à atividade econômica, à política urbana, agrícola, fundiária e de 
reforma agrária e ao sistema financeiro nacional; 
d) à seguridade social, à educação, à cultura e ao desporto, à ciência e 
à tecnologia, à comunicação social e ao meio ambiente; 
e) à segurança pública; 
 III - a defesa dos seguintes bens e interesses: 
 a) o patrimônio nacional; 
 b) o patrimônio público e social; 
 c) o patrimônio cultural brasileiro; 
 d) o meio ambiente; 
 e) os direitos e interesses coletivos, especialmente das comunidades 
indígenas, da família, da criança, do adolescente e do idoso; 
 IV - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos da União, dos 
serviços de relevância pública e dos meios de comunicação social aos 
princípios, garantias, condições, direitos, deveres e vedações previstos 
na Constituição Federal e na lei, relativos à comunicação social; 
V - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos da União e dos 
serviços de relevância pública quanto: 
a) aos direitos assegurados na Constituição Federal relativos às ações 
e aos serviços de saúde e à educação; 
b) aos princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da 
publicidade; 
VI - exercer outras funções previstas na Constituição Federal e na lei. 
§ 1º Os órgãos do Ministério Público da União devem zelar pela 
observância dos princípios e competências da Instituição, bem como 
pelo livre exercício de suas funções. 
§ 2º Somente a lei poderá especificar as funções atribuídas pela 
Constituição Federal e por esta Lei Complementar ao Ministério 
Público da União, observados os princípios e normas nelas 
estabelecidos”. 
 
Trata-se, portanto, de um extenso leque de atribuições, o que demonstra a 
confiança do constituinte na referida Instituição. Ressalte-se que o inciso IX do artigo 
129 da Constituição Federal informa que as funções elencadas são meramente 
exemplificativas, de modo que outras, se compatíveis com o Parquet, poderão lhe ser 
conferidas. 
A ação penal pode ser pública, quando cabe ao Ministério Público, em 
regra, promovê-la, e privada, quando depende do próprio ofendido o ato formal de 
acusação, denominado queixa-crime. Diz-se em regra porque, caso o Parquet não atue 
no prazo legal (geralmente 15 dias), poderá o ofendido mover a ação privada subsidiária 
da pública, por falta de atuação do referido. Daí a função prevista no inciso I do artigo 
129 da Constituição, promover privativamente a ação penal pública. 
Este possui, ainda, uma função fiscalizadora, no sentido de garantir que os 
serviços públicos ou de relevância pública respeitem os princípios constitucionais. 
Assim, cabe ao Parquet observar se serviços de saúde, transporte, educação, entre 
outros, estão condizentes ao que determina a Carta Constitucional. 
No que pertine às populações indígenas, a Instituição deve promover a 
defesa judicial destas, já que no âmbito administrativo a defesa é patrocinada pela 
Fundação Nacional do Índio – FUNAI. 
O Ministério Público deve exercer o controle externo da atividade policial, 
ou seja, prevenir eventuais atos de prevarição da polícia judiciária. Desse modo, 
fiscalizará a sua atuação, sempre garantindo que os direitos fundamentais não sejam 
violados. 
Cabe ao Parquet, assim como a outras instituições, promover a ação civil 
pública, no sentido de buscar a responsabilização moral e patrimonial daqueles que 
causam prejuízos ao meio ambiente; ao consumidor; à ordem urbanística; a bens e 
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; à ordem econômica 
e à economia popular. 
Além do Ministério Público, têm competência para ingressar com a ação 
civil pública a Defensoria Pública, a União, os Estados, o Distrito Federal, os 
Municípios, as autarquias, as empresas públicas, as sociedades de economia mista, as 
fundações e as associações que atendam os requisitos exigidos pela lei. 
Caso a Instituição não possua provas suficientes para fundamentar a ação, 
poderá promover o inquérito civil. Este sim, de competência exclusiva do Ministério 
Público. 
Ele poderá, ainda, requisitar investigações e instauração de inquérito 
policial, caso não exista indícios suficientes para sua atuação. 
A legislação processualista também prevê as ocasiões em que é 
imprescindível a atuação do Ministério Público. A ausência de sua intimação poderá 
gerar, inclusive, a nulidade do processo, ou pelo menos dos atos posteriores à falta. 
Dispõe o artigo 82 do Código de Processo Civil: 
 
“Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir: 
I – nas causas em que há interesse de incapazes; 
II – nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, 
curatela, interdição, casamento, declaração de ausência, disposições 
de ultima vontade; 
III – nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra 
rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado 
pela natureza da lide ou qualidade da parte”. 
 
O Parquet teve, portanto, sua atuação estendida além do que é previsto na 
Constituição, devendo emitir parecer nas matérias em que há menores envolvidos e nas 
ações de direito de família, além de outras ações em que o interesse público torne-se 
evidenciado. 
Nesse espeque, embora a Constituição Federal denomine os incisos do 
artigo 129 de funções institucionais, alguns doutrinadores vêem, além destas, os 
instrumentos de atuação da Instituição, que são as formas de exercer as funções 
institucionais. 
Desse modo, são instrumentos de atuação: a ação direta de 
inconstitucionalidade (ADIn), a ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADIn 
por omissão), arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), 
representação para promoçãoda intervenção federal e estadual, ação penal pública, 
habeas corpus, mandado de segurança, inquérito civil, ação civil pública e ação 
coletiva. 
 
1.5 Os princípios institucionais do Ministério Público 
Os princípios institucionais do Ministério Público são as normas balizadoras 
que regem esta Instituição. São três: unidade, indivisibilidade e independência 
funcional. Eles estão previstos na própria Constituição Federal, in verbis: 
 
“Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à 
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem 
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis. 
§ 1° São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a 
indivisibilidade e a independência funcional”. 
 
A unidade é, na realidade, atributo de qualquer instituição, visto que as 
divisões internas não desvirtuam sua atuação geral. Elas são necessárias para melhor 
organizar as tarefas e, por conseguinte, atingir os objetivos da instituição. 
No dizer de João Trindade Cavalcante Filho: 
 
“No âmbito do Ministério Público, a unidade significa que as divisões 
meramente internas não afetam o caráter uno da instituição. Em outras 
palavras, o Ministério Público (da União) é um só, embora se divida 
(internamente) em quatro ramos (Ministério Público Federal, Militar, 
do Trabalho e do Distrito Federal e Territórios). 
Claro que existem, como instituições diferentes, o MPU e os 
Ministérios Público Estaduais. Mas, em cada um desses âmbitos, o 
MP atua como uma só instituição. Eventuais repartições internas não o 
desnaturam como uma instituição única” 8. 
 
Há autores, entretanto, que defendem não existir o princípio da unidade 
entre o Ministério Público da União e dos Estados, pois se tratam de instituições 
distintas. Mencionado princípio existiria somente no âmbito interno de cada um destes, 
e não entre ambos. 
Nesse sentido se posiciona José Afonso da Silva, ao entender que não é 
razoável a aplicação do princípio da unidade entre o MPU e os MPEs. 
Doutrina mais recente, inclusive corroborada pelo entendimento do 
Supremo Tribunal Federal, vê a existência de duas unidades. Uma seria a orgânica, 
cabível tão somente dentro de cada Ministério Público, enquanto que a outra seria a 
unidade de objetivos, esta sim existente entre o MPU e o MPE. 
Confiram-se, portanto, alguns trechos dos julgados proferidos pelo STF no 
que se refere ao princípio da unidade ministerial: 
 
“O Ministério Público nacional é uno (art. 128, I e II, da Constituição 
do Brasil), compondo-se do Ministério Público da União e dos 
Ministérios Públicos dos Estados. No exercício das atribuições 
previstas nos artigos 109, § 3º da Constituição e 78 e 79 da LC nº 
75/1993, o Ministério Público estadual cumpre papel do Ministério 
Público Federal” 9. 
 
“O ato processual de oferecimento da denúncia, praticado, em foro 
incompetente, por um representante, prescinde, para ser válido e 
eficaz, de ratificação por outro do mesmo grau funcional e do mesmo 
 
8 Cavalcante Filho, João Trindade. Legislação Aplicada ao MPU. 2ª Ed. São Paulo: Gran Cursos, 2010 
(pág. 33). 
9 STF, Pleno, MS 26.690, Relator Ministro Eros Grau, DJE de 19.12.2008. 
Ministério Público, apenas lotado em foro diverso e competente, 
porque o foi em nome da instituição, que é una e indivisível” 10. 
 
O princípio da unidade faz-se, portanto, essencial para que o Ministério 
Público possa desempenhar suas funções, principalmente a de proteger os interesses da 
sociedade de maneira livre e apropriada. 
O princípio da indivisibilidade está ligado ao fato de que o Parquet não 
pode dividir-se internamente entre seus membros. Dessa maneira, cada um deles 
representa toda a instituição. 
Assim, quando os membros do Ministério Público atuam, o fazem em nome 
de toda a instituição, e não em nome próprio, de modo que a indivisibilidade existe 
justamente no sentido de que o Parquet atuou em certa causa, e não o promotor ou 
procurador. 
Desse modo, não se confunde com o princípio da unidade, pois este se 
refere ao fato de a Instituição ser una, enquanto que a indivisibilidade, à representação 
que os membros fazem desta. A consequência direta do referido princípio é a 
possibilidade de os membros serem substituídos, ao longo do processo, sem que isso 
acarrete qualquer nulidade. 
Assim, a atuação do Parquet em certo processo não deve, necessariamente, 
ser realizada por um único membro. O critério da distribuição dos processos vigora, de 
modo que o promotor que atuou em certo momento não estará vinculado a todo o 
trâmite processual. 
O terceiro e último princípio institucional do Parquet é a independência 
funcional, segundo a qual os membros não devem ser submetidos a qualquer tipo de 
controle no que concerne à sua atuação processual. Assim, têm livre manifestação, 
devendo observar tão somente a lei, para não maculá-la. 
Diferente do que ocorre na Administração Pública, a qual está submetida a 
diversos princípios, entre os quais o da obediência hierárquica, os membros do Parquet 
têm sua atuação vinculada à lei e ao seu entendimento pessoal, visando, 
primordialmente, aos objetivos da Instituição. 
Nesse ínterim, não há orientações no que pertine à atuação processual. Em 
relação às atividades fins do Ministério Público, portanto, não há qualquer vinculação 
 
10 STF, 2ª Turma, HC 85.137, Relator Ministro Cezar Peluso, DJ de 28.10.2005. 
dos membros em relação àqueles que exercem cargos de administração da Instituição. 
Eles podem atuar de maneira livre e de acordo com sua convicção. 
Assim, por exemplo, não é possível a expedição de regulamentos e portarias 
para vincular a atuação processual dos membros. Todavia, isso não quer dizer que não 
existe nenhum tipo de subordinação. Esta existe, mas tão somente em relação às 
decisões administrativas, ou seja, não está ligada às funções típicas da instituição de 
atuar nos processos, seja no âmbito cível ou penal. 
Maior exemplo da aplicação do princípio da independência funcional é o 
que dispõe o artigo 28 do Código de Processo Penal, segundo o qual nas hipóteses em 
que o Ministério Público pede o arquivamento de um inquérito policial e o magistrado 
discorde de tal posicionamento, poderá encaminhar os autos ao Procurador-Geral de 
Justiça (no âmbito estadual) ou à 2ª Câmara de Coordenação e Revisão (no âmbito 
federal). 
Caso estes entendam que o promotor ou procurador da república 
posicionou-se de forma equivocada, jamais poderão obrigá-lo a apresentar a denúncia. 
Deverá ser nomeado um segundo membro que o faça. 
É discutido, entretanto, se a Constituição Federal realmente estabeleceu a 
independência funcional aos membros do Ministério Público ou somente à instituição. 
Ora, a unidade e a indivisibilidade referem-se somente ao Parquet, então, por qual 
motivo a independência funcional seria também dos membros? A independência não 
seria tão somente em relação aos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, sem ter 
aplicação direta aos membros? 
Nesse sentido, grandes doutrinadores se posicionam, entendendo que a 
independência funcional refere-se, assim como a unidade e a indivisibilidade, somente 
ao Ministério Público. Sustentam que os membros têm outras garantias e que esses 
princípios, por expressa menção da Magna Carta, referem-se ao Parquet: “Art 127, § 
1°: São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a 
independência funcional”. 
Araújo Cintra, Ada Pellegrini e Cândido Rangel Dinamarco acompanham o 
referido posicionamento: 
 
“Ser uma e indivisível a Instituição significa que todos os membros 
fazem parte de uma só corporação e podem ser indiferentemente 
substituídos um por outro em suas funções, sem que com isso haja 
alguma alteração subjetiva nos processos em que oficiam(quem está 
na relação processual é o Ministério Público, não a pessoa física de 
um promotor ou curador)” 11. 
 
Diferentemente, há quem defenda, como a procuradora da república Luiza 
Cristina Fonseca Frischeisen, que a independência funcional refere-se tanto ao Parquet 
quanto aos seus membros: 
 
“E é sempre bom lembrar que a autonomia funcional estabelecida na 
Constituição Federal refere-se não somente ao Ministério Público 
como instituição perante os Poderes constituídos do Estado Brasileiro, 
na sua administração e tutela de seus interesses, mas também ao 
exercício dos membros da instituição no desempenho de suas funções 
atribuídas pela Constituição e pela lei” 12. 
 
Reafirma-se, portanto, que os membros do Ministério Público possuem 
independência funcional, ou seja, eles têm toda liberdade para atuar nos processos, mas 
sempre estarão submetidos à lei e aos objetivos que almeja a instituição da qual fazem 
parte. 
Não podem atuar contra legem, ou seja, contra o que dispõe a lei, mas 
somente de acordo com os preceitos legais. Está, sob esse aspecto, a independência 
funcional dos membros do Ministério Público. 
 
1.6 A organização do Ministério Público 
A Carta Política de 1988 subdividiu o Parquet em dois: Ministério Público 
da União e Ministérios Públicos Estaduais. 
O Ministério Público da União é formado pelo Ministério Público Federal, 
Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar e Ministério Público do 
Distrito Federal e Territórios. 
A chefia do Ministério Público da União é exercida pelo Procurador-Geral 
da República. O mandato é de dois anos, permitidas ilimitadas reconduções. A escolha é 
realizada pelo Presidente da República e ratificada pela aprovação da maioria absoluta 
do Senado Federal. 
O Ministério Público Federal, cuja chefia também é exercida pelo 
Procurador-Geral da República, tem as funções elencadas no artigo 37 da Lei 
Complementar nº 75, conforme disposto: 
 
11 Araujo Cintra, Ada Pellegrini e Cândido Rangel Dinamarco. Teoria Geral do Processo. 12ª Ed.São 
Paulo: Malheiros Editores, 1996 (pág. 213). 
12 Ministério Público II – Democracia. 
 
“Art. 37. O Ministério Público Federal exercerá as suas funções: 
I – nas causas de competência do Supremo Tribunal Federal, do 
Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e dos 
Juízes Federais, e dos Tribunais e Juízes Eleitorais; 
II – nas causas de competência de quaisquer juízes e tribunais, para a 
defesa de direitos e interesses dos índios e das populações indígenas, 
do meio ambiente, de bens e direitos de valor artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico, integrantes do patrimônio nacional; 
III – (Vetado) 
Parágrafo único. O Ministério Público Federal será parte legítima para 
interpor recurso extraordinário das decisões da Justiça dos Estados nas 
representações de inconstitucionalidade”. 
 
A legislação, portanto, define de maneira clara as funções do Parquet 
Federal, de modo que este atuará quando a competência para julgar a causa for da 
Justiça Federal, se estiver envolvido interesses indígenas e, ainda, perante os tribunais 
superiores, mesmo que a causa, inicialmente, tenha sido de competência do Ministério 
Público Estadual. 
O Ministério Público do Trabalho atua perante a Justiça do Trabalho, 
conforme o disposto no artigo 83 da Lei Complementar n° 75: 
 
“Art. 83. Compete ao Ministério Público do Trabalho o exercício das 
seguintes atribuições junto aos órgãos da Justiça do Trabalho: 
 I - promover as ações que lhe sejam atribuídas pela Constituição 
Federal e pelas leis trabalhistas; 
 II - manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo 
solicitação do juiz ou por sua iniciativa, quando entender existente 
interesse público que justifique a intervenção; 
III - promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, 
para defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos 
sociais constitucionalmente garantidos; 
IV - propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula 
de contrato, acordo coletivo ou convenção coletiva que viole as 
liberdades individuais ou coletivas ou os direitos individuais 
indisponíveis dos trabalhadores; 
V - propor as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos 
menores, incapazes e índios, decorrentes das relações de trabalho; 
VI - recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender 
necessário, tanto nos processos em que for parte, como naqueles em 
que oficiar como fiscal da lei, bem como pedir revisão dos Enunciados 
da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho; 
VII - funcionar nas sessões dos Tribunais Trabalhistas, manifestando-
se verbalmente sobre a matéria em debate, sempre que entender 
necessário, sendo-lhe assegurado o direito de vista dos processos em 
julgamento, podendo solicitar as requisições e diligências que julgar 
convenientes; 
VIII - instaurar instância em caso de greve, quando a defesa da ordem 
jurídica ou o interesse público assim o exigir; 
IX - promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios 
decorrentes da paralisação de serviços de qualquer natureza, oficiando 
obrigatoriamente nos processos, manifestando sua concordância ou 
discordância, em eventuais acordos firmados antes da homologação, 
resguardado o direito de recorrer em caso de violação à lei e à 
Constituição Federal; 
X - promover mandado de injunção, quando a competência for da 
Justiça do Trabalho; 
XI - atuar como árbitro, se assim for solicitado pelas partes, nos 
dissídios de competência da Justiça do Trabalho; 
XII - requerer as diligências que julgar convenientes para o correto 
andamento dos processos e para a melhor solução das lides 
trabalhistas; 
XIII - intervir obrigatoriamente em todos os feitos nos segundo e 
terceiro graus de jurisdição da Justiça do Trabalho, quando a parte for 
pessoa jurídica de Direito Público, Estado estrangeiro ou organismo 
internacional”. 
 
Já ao Ministério Público Militar compete a função de atuar perante a Justiça 
Militar, conforme dispõe os artigos 116 e 117 da Lei Complementar n° 75: 
 
“Art. 116. Compete ao Ministério Público Militar o exercício das 
seguintes atribuições junto aos órgãos da Justiça Militar: 
 I - promover, privativamente, a ação penal pública; 
 II - promover a declaração de indignidade ou de incompatibilidade 
para o oficialato; 
 III - manifestar-se em qualquer fase do processo, acolhendo 
solicitação do juiz ou por sua iniciativa, quando entender existente 
interesse público que justifique a intervenção. 
 Art. 117. Incumbe ao Ministério Público Militar: 
 I - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito 
policial-militar, podendo acompanhá-los e apresentar provas; 
 II - exercer o controle externo da atividade da polícia judiciária 
militar”. 
 
Há, ainda como componente do Ministério Público da União, o Ministério 
Público do Distrito Federal e Territórios, conforme o disposto nos artigos 149 e 150 da 
Lei Complementar n° 75: 
 
“Art. 149. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios 
exercerá as suas funções nas causas de competência do Tribunal de 
Justiça e dos Juízes do Distrito Federal e Territórios. 
Art. 150. Incumbe ao Ministério Público do Distrito Federal e 
Territórios: 
I - instaurar inquérito civil e outros procedimentos administrativos 
correlatos; 
II - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito 
policial, podendo acompanhá-los e apresentar provas; 
III - requisitar à autoridade competente a instauração de 
procedimentos administrativos, ressalvados os de natureza disciplinar, 
podendo acompanhá-los e produzir provas; 
IV - exercer o controle externo da atividade da polícia do Distrito 
Federal e da dos Territórios; 
V - participar dos Conselhos Penitenciários; 
VI - participar, como instituição observadora, na forma e nas 
condições estabelecidas em ato doProcurador-Geral da República, de 
qualquer órgão da administração pública direta, indireta ou 
fundacional do Distrito Federal, que tenha atribuições correlatas às 
funções da Instituição; 
VII - fiscalizar a execução da pena, nos processos de competência da 
Justiça do Distrito Federal e Territórios”. 
 
O Ministério Público Estadual não está vinculado ao Ministério Público da 
União. Desempenha suas funções perante a Justiça Comum até o momento em que a 
causa não alcance as instâncias superiores, quando a competência para atuação passa ao 
Ministério Público Federal. 
O chefe do Parquet Estadual é o Procurador-Geral de Justiça, escolhido 
pelo governador do Estado de uma lista tríplice elaborada pela própria Instituição. É 
permitida apenas uma recondução e o mandato é de dois anos. 
 
1.7 A legislação que disciplina o Ministério Público 
O Ministério Público é objeto de diversas leis, todas promulgadas com o 
objetivo de disciplinar esta Instituição tão importante do nosso país, como Estado 
Democrático de Direito que é. 
Justamente por desempenhar diversas funções indispensáveis à sociedade, o 
Parquet demanda grande atenção do legislador, no sentido de que as leis elaboradas 
disponham acerca das funções, prerrogativas dos membros e formas de atuação desta 
Instituição. 
Foi promulgada em 20 de maio de 1993 a Lei Complementar n° 75, que 
dispõe sobre a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União. 
Vale destacar as palavras da Subprocuradora-Geral da República, Sandra Cureau, então 
Diretora-Geral da Escola Superior do MPU, nas comemorações dos dez anos da 
promulgação da lei: 
 
“Eis a nossa tão sonhada Lei Orgânica do Ministério Público da 
União! 
Foi assim que, em julho de 1993, o então Procurador-Geral da 
República, Dr. Aristides Junqueira Alvarenga, iniciou a apresentação 
da primeira edição da Lei Orgânica (...). 
O estatuto jurídico do Ministério Público da União não decorre apenas 
das normas da Constituição Federal, mas é especificado por uma 
legislação própria: a Lei Complementar n° 75, de 20 de maio de 1993. 
Nela a sociedade pode encontrar não apenas as prerrogativas dos 
membros da Instituição, mas também os deveres funcionais e, 
sobretudo, uma estrutura interna, que permite fazer às inúmeras 
atribuições” 13. 
 
A Lei Complementar n° 75 trata-se do dispositivo mais importante no que 
concerne à regulamentação do Ministério Público. Além de dispor sobre as funções e as 
garantias dos membros, a referida lei criou as Câmaras de Coordenação e Revisão, o 
cargo de Procurador Federal dos Direitos dos Cidadãos, os Colégios dos Procuradores 
(da República, do Trabalho, da Justiça Militar e dos Promotores e Procuradores de 
Justiça). 
Nesse espeque, vê-se quão importante foi a promulgação desta lei, pois ela 
dispõe acerca desta Instituição que tem por função primordial a defesa dos interesses da 
sociedade e, ainda, da ordem jurídica e do regime democrático. 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 OS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
O Ministério Público é regido por diversos princípios, garantias e 
prerrogativas que visam, única e exclusivamente, garantir-lhe uma atuação justa e livre 
de quaisquer formas de represálias. Desse modo, seus membros são igualmente 
favorecidos com tais prerrogativas e garantias, pois estas são capazes de lhes conferir 
maior independência na atuação. 
Pode-se dizer, inclusive, que as garantias são da própria sociedade, tendo 
em vista que o fim primordial da Instituição é a proteção dos interesses desta, de modo 
que esses interesses não sejam preteridos por interesses alheios. 
O constituinte elencou três garantias aos membros do Ministério Público, 
conforme preceitua o artigo 128 da Magna Carta: vitaliciedade, inamovibilidade e 
 
13 Apresentação do Boletim Científico da Escola Superior do Ministério Público da União, ano 11, n° 7, 
abril/julho de 2003. 
irredutibilidade de subsídios. Estas são, aliás, as mesmas garantias dos membros da 
magistratura, com o objetivo único de manter uma atuação livre, em ambos os casos. 
Não só a Constituição Federal confere essas garantias, mas também o artigo 
17 da Lei Complementar n° 75/93, Lei Orgânica do Ministério Público da União. 
Diversos são, portanto, os dispositivos que trazem as garantias da vitaliciedade, 
inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios. 
 
2.1 A vitaliciedade 
De acordo com a garantia da vitaliciedade, o membro do Ministério Público, 
passados dois anos de efetivo exercício, somente perderá o cargo em função de sentença 
judicial transitada em julgado. Ressalte-se que não é suficiente a mera condenação em 
sentença penal, é necessária a interposição de ação civil específica com este objetivo. 
Desse modo, os membros do Parquet, por serem agentes políticos, 
necessitam de ampla liberdade funcional e resguardo para o desempenho das suas 
funções, não se tratando de privilégios pessoais as prerrogativas, como a vitaliciedade, 
que lhe são conferidas. 
A vitaliciedade somente é adquirida passado o período de estágio 
probatório, referente aos dois anos de efetivo exercício na função. Os membros 
vitalícios dos Ministérios Públicos dos Estados somente perderão o cargo em ação 
própria, se restar comprovado o cometimento de algum dos seguintes delitos: prática de 
crime incompatível com a função, exercício da advocacia, abandono do cargo por mais 
de trinta dias corridos. 
A ação civil para a decretação da perda do cargo será proposta no Tribunal 
de Justiça Estadual, pelo próprio Procurador-Geral de Justiça, devidamente autorizado 
pelo Colégio dos Procuradores. 
Ocorrem situações nas quais os membros do Ministério Público não são 
vitalícios, apenas estáveis. Isso se dá quando o membro optou pelo regime antigo do 
Parquet, anterior à Constituição de 1988. 
 
2.2 A inamovibilidade 
A segunda garantia elencada aos membros do Ministério Público é a 
inamovibilidade, segundo a qual este somente poderá ser removido de seu respectivo 
cargo, além, obviamente, de sua iniciativa própria, por motivo justificado no interesse 
público. 
De acordo com o autor Paulo Cezar Pinheiro Carneiro: 
 
“A titularidade do promotor, no seu órgão de atuação, é garantida pela 
impossibilidade do mesmo em ser removido, salvo por motivo de 
interesse público, mediante decisão do órgão colegiado do Ministério 
Público, por voto de dois terços de seus membros, assegurada a ampla 
defesa (art. 128, I, “b”). É preciso deixar claro que a inamovibilidade 
não deve ser encarada somente do ponto de vista geográfico – 
remoção do promotor de um lugar para o outro -, mas sim a 
inamovibilidade na função, ou seja, das respectivas atribuições” 14. 
 
Nesse diapasão, somente é cabível a remoção de membros do Ministério 
Público nos casos em que o interesse público for comprovado, pois, em se tratando de 
mera “vontade” do Procurador-Geral, esta remoção será ilegal. 
A norma constitucional, aliás, autoriza a remoção somente fundada em 
interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente, pelo voto da 
maioria absoluta de seus membros, assegurada a ampla defesa. 
 
2.3 A irredutibilidade de subsídios 
Os membros do Ministério Público não podem ter seus subsídios reduzidos, 
pois isto poderia representar uma forma de pressão. Garante-se, portanto, sua 
irredutibilidade, como forma de preservar a livre atuação. 
Surge importante discussão acerca de a irredutibilidade ser jurídica ou 
formal. De acordo com a jurídica, a garantia estará sendo observada se não houver a 
diminuição nominal do valor. Já a formal é no sentido da impossibilidade de reajustes 
inferiores aos patamares inflacionários, o que seria um “deixar de ganhar”. 
O Supremo Tribunal Federal se posicionou no sentido de a irredutibilidade 
jurídica ser a suficiente para o atendimento da cláusula constitucional. 
É cabível, portanto, aos membros do Ministério Público agarantia 
constitucionalmente elencada da irredutibilidade dos subsídios, sendo esta a jurídica ou 
nominal, de modo que não se observa a inflação vigente. 
 
2.4 O ingresso na carreira 
O ingresso na carreira do Ministério Público se faz através de concurso 
público de provas ou provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos 
 
14 Carneiro, Paulo Cezar Pinheiro. O Ministério Público no processo civil e penal – promotor natural, 
atribuição e conflito, 6ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2001. 
Advogados do Brasil em todas as suas fases, exigindo-se do bacharel em direito, no 
mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem 
classificatória, conforme estabelecido no artigo 129, § 3º da Constituição Federal de 
1988. 
Ressalte-se que os três anos de atividade jurídica devem ser contados a 
partir da conclusão do curso de direito, de modo que não contam os estágios praticados 
durante o período da academia, e devem ser comprovados no momento da inscrição do 
concurso, e não na posse, como era o comum. 
A expressão “atividade jurídica” refere-se somente àquelas exclusivas do 
bacharel em Direito, daí, portanto, essa contagem só se iniciar com a colação de grau. 
Tal conceito foi, inclusive, objeto da Resolução nº 4, de 20 de fevereiro de 2006, 
editada pelo Conselho Nacional do Ministério Público. 
Portanto, as atividades nas quais prepondere a interpretação e a aplicação de 
normas jurídicas, inclusive o magistério superior, são consideradas atividades jurídicas. 
Fazem provas para tais alegativas documentos e certidões que demonstrem o efetivo 
exercício durante o período exigido. 
Todas essas exigências devem ser comprovadas tão somente em prol da 
segurança jurídica da sociedade e dos próprios concorrentes. 
Por último, a Resolução n°4 vedou a participação nas comissões ou bancas 
examinadoras daqueles que exerçam atividade de magistério e/ou direção de cursinhos 
destinados à preparação de candidatos a concursos públicos, até três anos, cessadas 
essas atividades. 
 
2.5 As Vedações 
As vedações elencadas no artigo 128, § 5º, II da Constituição Federal e no 
artigo 38, III da Lei Complementar 75/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério 
Público) são proibições direcionadas aos membros do Parquet, cujo objetivo é tornar 
livre e desimpedida a atuação ministerial. 
Dispõe o artigo 128, § 5º, II da Magna Carta: 
 
“Art. 128. O Ministério Público abrange: 
(...) 
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é 
facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a 
organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, 
observadas, relativamente aos seus membros: 
(...) 
II – as seguintes vedações: 
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, 
percentagens ou custas processuais; 
b) exercer a advocacia; 
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; 
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função 
pública, salvo uma de magistério; 
e) exercer atividade político-partidária; 
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou 
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, 
ressalvadas as exceções previstas em lei”. 
 
Nesse espeque, diante do dispositivo constitucional trazido à baila, é 
possível compreender que tão importante quanto às garantias dos membros do Parquet, 
são também as vedações, tanto que ganharam disposição constitucional junto àquelas. 
Desse modo, a alínea “a” proíbe que o membro do Ministério Público 
perceba quaisquer valores das partes litigantes, sejam honorários, percentagens ou 
custas processuais, de maneira que estes valores não venham a influenciar qualquer 
posicionamento ministerial. 
Tal proibição é, inclusive, direcionada também à magistratura, de maneira 
que visa, primordialmente, à lisura processual, tanto por parte do órgão judicante como 
do Ministério Público. 
A alínea “b” proíbe que os membros do Parquet exerçam a advocacia. A 
Resolução nº 8, de 08 de maio de 2006, editada pelo Conselho Nacional do Ministério 
Público dispõe acerca desta proibição constitucional. Segundo ela, é expressamente 
proibido que o membro do Parquet exerça qualquer atividade advocatícia, nos termos 
do artigo 29, § 3º da ADCT. 
Nesse ínterim, embora persista tal proibição, quase que unanimemente, 
excepcionam-se os casos dos membros que já integravam a carreira na promulgação da 
Constituição Federal de 1988 e, desde então, continuam regularmente inscritos na 
Ordem dos Advogados do Brasil. Desse modo, caso, à época, tenham optado por 
permanecer no regime jurídico anterior, podem continuar advogando. 
Impende salientar que essa ressalva não é válida para os membros do 
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), pois antes da 
promulgação da Carta Política de 1988 já havia expressa proibição de advogar, 
conforme o disposto na Lei Complementar nº 40/81. 
A Resolução nº 8 determinou, ainda, que além dos impedimentos e 
vedações previstos na legislação que regula o exercício da advocacia pelos membros do 
Ministério Público, estes não poderão fazê-lo nas causas que, por força de lei ou em 
face do interesse público, esteja prevista atuação do Parquet, por quaisquer dos seus 
órgãos ou ramos. 
Por último, os membros do Ministério Público não poderão atuar, nem 
mesmo, em causa própria, conforme o disposto no Informativo n° 114 do Supremo 
Tribunal Federal. 
A alínea “c” proíbe a participação em sociedade comercial, de modo que 
poderão, apenas, ser cotista ou acionista, sem nenhum poder de gerência ou decisão. 
 A alínea “d” refere-se à proibição do exercício de qualquer outra função 
pública, salvo uma de magistério. O Supremo Tribunal Federal, entretanto, já se 
manifestou no sentido de que tanto os membros da magistratura como do Ministério 
Público podem ter mais de uma função de magistério, exigindo-se, somente, a 
compatibilidade de horários. 
Nesse sentido, o STF: 
 
“Poderá ocorrer e, certamente, ocorre que o exercício de mais de uma 
função no magistério não importe em lesão ao bem privilegiado pela 
CF – o exercício da magistratura. A questão é a compatibilização de 
horários, que se resolve caso a caso. A CF, evidentemente, privilegia o 
tempo da magistratura que não pode ser submetido ao tempo da 
função secundária – o magistério. Assim, em juízo preliminar, entendo 
deva ser suspensa a expressão ‘único(a)’ constante do artigo 1º”15. 
 
Ressalte-se que os membros que ingressaram antes de 1988 e optaram pelo 
regime jurídico anterior também pode ocupar alguns cargos públicos (LC 40/81, art. 4, 
II, c/c art.29, § 3º, do ADCT). 
A alínea “e” refere-se à proibição ao exercício de atividades político-
partidárias. Tal proibição tornou-se absoluta somente depois da vigência da Emenda 
Constitucional n° 45 de 2004, que alterou por completo a relação entre o Ministério 
Público e a política, passando a proibi-la em qualquer situação. 
Desse modo, não interessa a época na qual o membro se iniciou na carreira, 
ele estará proibido de participar de atividades político-partidárias, sem exceção. 
No dizer de Alexandre de Moraes: 
 
“Essa nova vedação passou a constituir causa absoluta de 
inelegibilidade – assim como já existente aos magistrados -, pois os 
membros do Ministério Público não poderão filiar-se a partidos 
políticos, nem tampouco disputar qualquer cargo eletivo, salvo se 
 
15 ADI 3.126-MC, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ de 28.02.2005. 
estiverem aposentados ou exonerados, independentemente do ingresso 
ter sido após a EC 45/04 ou entre essa e a promulgação do texto 
constitucional” 16. 
 
O Conselho Nacional do Ministério Público, em sentido contrário, editou a 
Resolução nº 5, de 20 de março de 2006, estabelecendo que estão proibidos de exercer 
atividade político-partidária osmembros que ingressaram na carreira após a publicação 
da Emenda Constitucional 45/04. 
A alínea “f” proíbe a percepção de auxílios e contribuições de pessoas 
físicas, entidades públicas ou privadas. De maneira corretíssima, tendo em vista que tais 
valores podem, na realidade, favorecer a interesses alheios, e não da sociedade. 
Por último, proíbe-se que os ex-membros do Ministério Público atuem como 
advogados, antes de decorridos três anos, no juízo ou tribunal no qual atuavam à época 
que faziam parte da Instituição. 
Tais vedações são, pois, imperiosas para tornar independente a atuação do 
Ministério Público, de modo que exigem um “não fazer” dos membros do Parquet. 
Junto às outras garantias, buscam atender, primordialmente, aos interesses públicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 Moraes, Alexandre de. Curso de Direito Constitucional. 21ª edição. São Paulo: Atlas, 2007 (pag. 531). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 O PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL 
 
Finalmente, adentramos na questão central deste trabalho. 
A discussão acerca da existência do princípio do promotor natural ocorre há 
pelo menos quarenta anos. De lá para cá, os doutrinadores buscaram maneiras de 
comprovar, ou não, a existência do referido princípio no ordenamento constitucional 
brasileiro. O fato é que essa questão foi discutida e rediscutida em diversas ocasiões, 
tanto pelo Pleno, como pelas Turmas do Supremo Tribunal Federal, em julgamentos 
sempre não-unânimes. 
Tal discussão, portanto, atravessou duas constituições, a de 1967, com as 
inúmeras reformas sofridas pelo Ato Institucional n° 5, de 1969 e a de 1988, a 
Constituição Democrática, promulgada pouco mais de duas décadas depois de intenso 
desrespeito aos direitos humanos. 
O princípio do promotor natural trata-se de uma garantia, da própria 
sociedade, segundo entendimento daqueles que acatam sua existência, segundo o qual 
se busca evitar a figura do acusador de exceção, ou seja, a designação arbitrária dos 
promotores que atuarão nos processos. 
Tal princípio objetiva, na realidade, diminuir os poderes de designação, 
avocação, devolução, delegação e remoção que possuem os Procuradores-Gerais, 
poderes esses que entram em conflito direto com a independência funcional dos 
membros do Parquet. 
 
3.1 Estudos anteriores à Carta Política de 1988 
Como outrora dito, as discussões acerca da existência do princípio do 
promotor natural datam quase quarenta anos. Autores como Hugo Nigro Mazzilli e 
Jacques Camargo Penteado, em suas obras da década de 70, já se posicionavam quanto 
à existência do princípio em comento. 
No dizer de Hugo Nigro Mazzilli, ferrenho defensor do princípio e membro 
do Ministério Público: 
 
“Afora as garantias à instituição, propriamente ditas, que por certo 
repercutem em seus membros (destinação constitucional, princípios, 
iniciativa de lei, concurso de ingresso, funções privativas, autonomia 
funciona, administrativa e financeira (v.g.), outras há que, por sua vez, 
se prendem mais diretamente aos seus agentes, beneficiando a 
instituição de modo reflexo (independência funcional, vitaliciedade, 
inamovibilidade, e irredutibilidade de vencimentos). O fundamento 
desses predicamentos da instituição e de seus agentes, por evidente, 
não é constituir uma casta privilegiada de funcionários públicos, e sim 
tão-somente assegurar a alguns agentes do Estado, apenas, em razão 
das funções que exercem, garantias para que efetivamente possam 
cumprir seus misteres, em proveito do próprio interesse público” 17. 
 
Corroborando o posicionamento do colega, Jacques Camargo Penteado, 
também considerado um dos precursores na defesa do princípio do promotor natural: 
 
“Tão ou mais importante que o princípio do Juiz Natural é o do 
Promotor Natural, ainda mais quando não se acha entre as atribuições 
deste a corregedoria da polícia. Não se pode ignorar que ‘entre todos 
os cargos judiciários, ensina Calamandrei, o mais difícil, segundo me 
parece, é o do Ministério Público’. Formando opinio delicti ou se 
convencendo da inexistência de crime, dotado de parcela de soberania 
do Estado, o Promotor há de ser natural. Acolha-se a Declaração 
Universal dos Direitos do Homem relativa ao Juiz Natural 
consagrando-se que se acusada, toda pessoa tem direito, em condições 
de plena igualdade, de o ser publicamente e com justiça por Promotor 
independente. Titular de cargo criado pela lei, livre de influências 
estranhas, apto a dar a cada um o que é seu” 18. 
 
 
17 Mazzilli, Hugo Nigro. Regime Jurídico do Ministério Público. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 1971. 
18 Penteado, Jacques Camargo. Palestra proferida no Fórum de Ourinhos sobre a Lei Orgânica do 
Ministério Público. 
No âmbito dos tribunais, o Ministro Antônio Nader, do Supremo Tribunal 
Federal, foi o primeiro a intuir a existência do princípio do promotor natural, no 
julgamento realizado pelo Pleno desta Corte no ano de 1971. O Ministro concebera o 
princípio como uma consequência lógica do juiz natural, além de desdobramento dos 
postulados da legalidade e do devido processo legal. 
Ressalte-se que o julgamento ocorrera sob a vigência do Ato Institucional n° 
5, que modificara substancialmente a Constituição de 1967, suprimindo diversos 
direitos fundamentais. Nesse período, o Ministério Público era subordinado ao 
Executivo, de forma que sua atuação era bastante limitada. 
Desse modo, quando questionado pelo Relator Luiz Galotti, o Ministro 
Antônio Nader justificou seu posicionamento no seguinte sentido: 
 
“(...) se é defeso instituir juízo de exceção, impedido é conceber-se o 
acusador de exceção, pois não se compreende que nossa Constituição 
proíba o juiz de exceção e admita o acusador de exceção, isto é, 
conceda e, ao mesmo tempo, subtraia uma garantia. (...) o princípio da 
legalidade da ação penal diz respeito com os autos dos processos, com 
a competência do juiz, e, também, com a legitimidade do acusador. 
Em nosso sistema judiciário não há acusador sem que a lei o nomeie; 
em outras palavras, o acusador há de ser, sempre e necessariamente, o 
acusador legal, isto é, aquele que for previsto em lei” 19. 
 
Insta esclarecer que as primeiras considerações acerca da existência do 
princípio do promotor natural, seja as do Ministro Antonio Nader, seja as dos 
doutrinadores Hugo Nigro Mazzilli e Jacques Camargo Penteado, foram feitas num 
contexto absolutamente diferente do existente hoje. Ora, vigia à época uma constituição 
que preconizava, antes de tudo, os interesses do Estado, para somente depois cuidar dos 
interesses da sociedade. 
O posicionamento do Ministro, entretanto, não fora ratificado pelos demais 
membros da Corte, razão pela qual o princípio do promotor natural foi considerado 
inexistente no ordenamento jurídico brasileiro. No entanto, embora desconsiderado 
naquela ocasião, o posicionamento do Ministro Antônio Nader serviu para inaugurar a 
discussão do tema no Pretório Excelso, que permanece, diga-se, até hoje, ensejando 
debates e controvérsias. 
 
19 Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, Des. TRF 5ª Região. Trabalho Publicado na Revista do Tribunal 
Regional Federal n° 56. 
Anos a fio a discussão se manteve nos tribunais, juízos monocráticos e, 
principalmente, entre os doutrinadores, que raríssimas exceções, consideram inexistente 
o princípio em tela. 
 
3.2 O princípio do promotor natural e a Constituição Federal de 1988 
Não há dispositivo constitucional que informe, explicitamente, a existência 
do princípio do promotor natural. Sua existência e aplicação no ordenamento jurídico se 
dá através de diversos outros princípios constitucionais, que têm como corolário o 
devido processo legal, seja no âmbito administrativo, seja no âmbito judicial. 
O principal motivo peloqual se acredita na existência desse princípio é a 
proteção que a pré-existência do promotor, cuja designação foi realizada unicamente por 
critérios legais, garante àquele que será acusado. A designação pelo procurador-geral, 
sem que exista motivo relevante, é absolutamente censurável, pois aos membros do 
Parquet é garantida uma atuação livre, a independência funcional, de maneira que para 
garantir esta independência existem diversas garantias (vitaliciedade, inamovibilidade e 
irredutibilidade de vencimentos). 
Nesse ínterim, diversos incisos, principalmente do artigo 5º da Constituição 
Federal de 1988, asseguram a existência do princípio em estudo. O primeiro deles, 
conforme supramencionado, é o devido processos legal, previsto no artigo 5º, LIV, CF. 
Não há tramitação processual justa e livre sem que o acusador tenha sido legalmente 
designado para tal, ou seja, sua escolha tenha se dado através de critérios pré-existentes 
à ocorrência do fato. 
A Constituição Federal de 1988, conforme assevera Alexandre de Moraes: 
 
“(...), incorporou o princípio do devido processo legal, que remonta à 
Magna Charta Libertatum de 1215, de vital importância no direito 
anglo-saxão. Igualmente, o artigo XI, nº 1, da Declaração Universal 
dos Direitos do Homem, garante que ‘todo homem acusado de um ato 
delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que sua 
culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento 
público, no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias 
necessárias à sua defesa” 20. 
 
O princípio do devido processo legal, portanto, traz duas garantias ao 
acusado, uma no âmbito formal e outra no âmbito material. A primeira diz respeito à 
paridade do acusado em relação ao jus puniendi do Estado e sua consequente plenitude 
 
20 Moraes, Alexandre de. Direito Constitucional, 21ª edição. São Paulo: Jurídico Atlas, 2007. 
de defesa. Já a garantia material do devido processo legal está ligada à proteção da 
liberdade réu. 
Nesse sentido há o artigo 5º, LIII, CF, que nos informa “ninguém será 
processado e nem sentenciado senão pela autoridade competente”, de maneira que 
tanto o promotor/procurador quanto o magistrado devem ocupar suas funções 
obedecendo aos critérios legais previstos anteriormente à ocorrência do fato. Caso isto 
não seja obedecido cria-se o tribunal de exceção, cujos membros foram especialmente 
designados para realizar o julgamento, algo que é reprovável no sistema constitucional 
vigente. 
O Poder Judiciário e o Ministério Público, embora tenham funções 
absolutamente diversas e devam, por esse motivo, serem tratados de maneiras 
diferentes, devem ter garantias que assegurem sua livre atuação. Desse modo, assim 
como existe o princípio do juiz natural, que veda os tribunais de exceção, existe o 
princípio do promotor natural, que veda o acusador de exceção, aquele especialmente 
designado por ato do procurador-geral para atuar na causa. 
Há, ainda, o princípio da ampla defesa e do contraditório, consagrado no 
artigo 5º, LV, CF, que garante aos litigantes, independente de o processo tramitar na 
esfera administrativa ou judicial, a ampla defesa e o contraditório, com todos os meios e 
recursos que a eles sejam inerentes. Desse modo, a observância dessas garantias 
constitucionais assegura a existência do princípio do promotor natural. 
No entanto, não é somente no artigo 5º que existem dispositivos 
assegurando a existência do princípio. Na Seção I do Capítulo IV, que dispõe acerca do 
Ministério Público, da inteligência de alguns dispositivos conclui-se que o princípio do 
promotor natural realmente existe, ainda que de forma implícita, na Constituição 
Federal de 1988. 
O artigo 127, § 1º, CF, institui a independência funcional do Ministério 
Público, que deve ser estendida aos membros, pois somente a independência garantirá 
uma atuação livre de pressões e ameaças. Desse modo, a independência funcional dos 
membros do Ministério Público é o pilar da existência do princípio do promotor natural. 
Ainda na seção dedicada ao Ministério Público tem-se o artigo 128, II, “b”, 
que traz a garantia da inamovibilidade dos membros do Parquet, garantindo que estes 
somente serão removidos de sua comarca de atuação por interesse público, mediante 
decisão do órgão colegiado do Ministério Público, por voto de dois terços de seus 
membros, assegurada a ampla defesa. 
Assim, é aceitável a designação do procurador-geral quando evidenciado o 
interesse público, de maneira que da inamovibilidade é possível entender como 
consequencia lógica a inafastabilidade do promotor de suas atribuições legais. Segundo 
afirma Hugo Nigro Mazzilli, ferrenho defensor do princípio do promotor natural: 
 
“O verdadeiro fundamento da inamovibilidade não repousa apenas na 
impossibilidade de afastar o membro do Ministério Público de seu 
cargo, mas também e principalmente visa a proteger suas funções. 
Assim, na próxima revisão constitucional, é desejável que de forma 
expressa se consagre expressamente, par a par com a inamovibilidade, 
a inafastabilidade do membro do Ministério Público do exercício de 
suas funções a ele cometidas por Eli, ou seja, o princípio do promotor 
natural” 21. 
 
Obviamente que a inamovibilidade e a inafastabilidade não possuem o 
mesmo significado, no entanto, é possível compreender que a inamovibilidade (idéia de 
não ser permitida a mudança do local de atuação) também assegura a inafastabilidade 
das funções (ainda que não gere a mudança do local), de maneira que essa garantia 
elencada no artigo 128, II, “b”, da Constituição Federal assegura a existência do 
princípio do promotor natural. 
Nesse espeque, a Carta Política de 1988 não trouxe o princípio do promotor 
natural de forma expressa, sua existência torna-se possível através da inteligência de 
diversos dispositivos constitucionais, e ainda de outros dispositivos da legislação 
extravagante, conforme será estudado em tópico próprio. 
Por último, ressalte-se que própria Constituição, no artigo 5º, § 2º, assegura 
que outras garantias, além das expressamente previstas no diploma, poderão ser 
concedidas, desde que de acordo com o que nela é previsto. 
Desse modo, não há como suprimir a garantia do promotor natural do 
ordenamento jurídico brasileiro, pois inúmeros dispositivos constitucionais certificam 
sua existência, ainda que de maneira implícita. Trata-se de uma garantia ao próprio 
cidadão, que possui o direito de ser acusado por aquele que legalmente ocupada essa 
função. 
 
3.3 O princípio do promotor natural e a legislação extravagante 
Existem, basicamente, duas legislações que regem o Ministério Público, 
conforme já mencionado, a Lei Complementar nº 75/93, (Lei Orgânica do Ministério 
 
21 Mazzilli, Hugo Nigro. Regime Jurídico do Ministério Público. 3ª Ed. São Paulo. Ed. Saraiva, 1971. 
Público da União) e a Lei n° 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público 
dos Estados). Ambas repetem, no que pertine ao princípio do promotor natural, os 
mesmos regramentos da legislação constitucional, sem contudo, trazê-lo explicitamente. 
Logo, repetem os princípios institucionais da unidade, indivisibilidade e 
independência funcional e ainda as garantias dos membros, vitaliciedade, 
inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos. 
Não há, portanto, como não depreender a existência do princípio do 
promotor natural também na legislação extravagante, pois os regramentos 
constitucionais, conforme mencionado, foram repetidos da mesma maneira como se 
encontram na Carta Maior. 
Ressalte-se, entretanto, que a Lei nº 8.625/93 dispõe, em seu artigo 10, IX, 
“g” que o Procurador-Geral de Justiça poderá, “por ato excepcional e fundamentado, 
exercer as funções processuais afetas a outro membro da instituição, submetendo sua 
decisão ao Conselho Superior do MinistérioPúblico”. 
Este dispositivo merece uma atenção maior, pois somente pode ser exercido 
se houver o interesse público, como é exigido constitucionalmente para que um membro 
do Parquet possa ser removido de ofício. O interesse público justifica a designação 
quando, por exemplo, a suspeição não é declarada pelo promotor, há atraso no 
cumprimento dos prazos, há falta de empenho ou diligência nos atos que lhe são 
próprios. 
Assim, com muita cautela deve ser visto o dispositivo em tela, pois as 
designações arbitrárias, submetidas ao mero alvedrio do Procurador-Geral, devem ser 
evitadas, de modo que não seja ofendido o princípio do promotor natural, e 
consequentemente, não se torne este um acusador de exceção. 
Outro dispositivo que gera controvérsia quanto à constitucionalidade é o que 
estabelece que “o Procurador-Geral de Justiça poderá, com a concordância do 
promotor de justiça titular, designar outro promotor para funcionar em feito 
determinado, de atribuição daquele”. 
Mais uma vez entendemos que, se for em prol da sociedade, de maneira que 
o interesse público se sobreponha, na situação concreta, à distribuição legal dos 
processos, é possível a aplicação do dispositivo em tela. 
Diante do que foi esposado, é possível entender as legislações extravagantes 
que regulam o Ministério Público são favoráveis, ainda que implicitamente, ao princípio 
do promotor natural, de modo que não representam nenhum óbice à sua existência. 
 
3.4 A existência do princípio do promotor natural no âmbito do Supremo Tribunal 
Federal 
Conforme supramencionado, as discussões acerca da existência do princípio 
do promotor natural no âmbito do Supremo Tribunal Federal datam o início da década 
de 70, quando o Ministro Antônio Nader considerou sua existência, apontando 
doutrinadores como Hugo Nigro Mazzilli e Jacques Camargo Penteado. 
Nessa ocasião, porém, restou vencido, mas a discussão sobre o fato de 
existir ou não o princípio apenas começara. 
Em 1991, já sob a égide da Constituição Federal de 1988, a Primeira Turma 
do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do habeas corpus nº 68.739-3/DF 
reconheceu a existência do princípio do promotor natural, buscando conciliá-lo com 
dois dos princípios institucionais do Parquet, a unidade e a indivisibilidade. 
No ano de 1992 ocorreu no Rio de Janeiro uma operação da Polícia Federal 
denominada “Operação Bandeja”. Seu objetivo foi desarticular uma quadrilha de tráfico 
de entorpecentes que se organizavam por BIP eletrônico. Expedido mandado de busca e 
apreensão, foram localizados, num apartamento de classe média, quantidade 
considerável de cocaína e maconha, tendo sido presas em flagrantes duas mulheres. 
Ocorre que, legalmente distribuído o processo no Ministério Público, o 
promotor, estranhamente, entendeu que não se tratava de tráfico de entorpecentes, 
opinando pela concessão da liberdade provisória mediante fiança. 
Inconformado com tal posicionamento, o Procurador-Geral de Justiça do 
Rio de Janeiro designou outro promotor para acompanhar o caso. Este, prontamente, 
apresentou a denúncia. 
Nesse espeque, o advogado das acusadas impetrou habeas corpus aduzindo, 
resumidamente, desrespeito ao devido processo legal pela inobservância do princípio do 
promotor natural. 
O Ministro Celso de Mello, relator do presente remédio constitucional, 
defendeu fervorosamente a existência do princípio em análise, conforme o trecho abaixo 
retirado do seu voto: 
 
“O Princípio do Promotor Natural, tendo presente a nova disciplina 
constitucional do Ministério Público, ganha especial significação no 
que se refere ao objetivo último decorrente de sua formulação 
doutrinária: trata-se de garantia de ordem jurídica destinada tanto a 
proteger o membro da instituição, na medida em que lhe assegura o 
exercício pleno e independente de seu ofício, quanto a tutelar a própria 
coletividade, a quem se reconhece o direito de ver atuando, em 
quaisquer causas, apenas o promotor cuja intervenção se justifique a 
partir de critérios abstratos e pré-determinados, estabelecidos em lei. 
(...) A exigência de atuação independente do membro do Ministério 
Público reside na gênese da formação do princípio do Promotor 
Natural, a que repugnam interferências ilegítimas da Chefia a 
Instituição, que rompem, mediante designações casuísticas e 
arbitrárias, a regular ordem de distribuição dos processos e encargos 
funcionais” 22. 
 
Em todo o seu voto o Ministro defendeu a existência e a importância do 
princípio, tanto para os membros do Parquet quanto para a sociedade, de modo que sua 
aplicação está diretamente ligada à pré-determinação do acusador antes da ocorrência 
do fato. 
No entanto, embora Celso de Mello tenha defendido a importância do 
princípio do promotor natural, votou no sentido de que sua aplicação ao caso concreto 
dependeria de ato legislativo que regulasse os limites de sua aplicação, razão pela qual 
indeferiu a concessão da ordem. Os Ministros Marco Aurélio e Carlos Velloso, também 
acatando a existência do princípio, votaram pelo deferimento do habeas corpus, 
acrescentando pouco à argumentação de Celso de Mello. Já os Ministros Paulo 
Brossard, Octavio Gallotti, Moreira Alves e Sydney Sanches votaram pela inexistência 
do princípio em comento. 
A ementa do acórdão do habeas corpus n° 67.759-2/RJ, proferido pelo 
Supremo Tribunal Federal, é nesse sentido: 
 
“EMENTA: “HABEAS CORPUS” – MINISTÉRIO PÚBLICO – 
SUA DESTINAÇÃO CONSTITUCIONAL – PRINCÍPIOS 
INSTITUCIONAIS – A QUESTÃO DO PRINCÍPIO DO 
PROMOTOR NATURAL EM FACE DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL DE 1988 – ALEGADO EXCESSO NO EXERCÍCIO DO 
PODER DE DENUNCIAR - INOCORRÊNCIA – 
CONSTRANGIMENTO INJUSTO NÃO CARACTERIZADO – 
PEDIDO INDEFERIDO. 
- O postulado do Promotor Natural, que se revela imanente ao sistema 
constitucional brasileiro, repele, a partir da vedação de designações 
casuísticas efetuadas pela chefia da Instituição, a figura do acusador 
de exceção. Esse princípio consagra uma garantia de ordem jurídica, 
destinada tanto a proteger o membro do Ministério Público, na medida 
em que lhe assegura o exercício pleno e independente do seu ofício, 
quanto a tutelar a própria coletividade, a quem se reconhece o direito 
de ver atuando, em quaisquer causas, apenas o promotor cuja 
intervenção se justifique a partir de critérios abstratos e pré-
determinados, estabelecidos em lei. 
A matriz constitucional desse princípio assenta-se nas cláusulas da 
independência funcional e da inamovibilidade dos membros da 
 
22 Julgamento do habeas corpus nº 67.759-2/RJ. Ministro Celso de Mello 
Instituição. O postulado do Promotor Natural limita, por isso mesmo, 
o poder do Procurador-Geral que, embora expressão visível da 
unidade institucional, não deve exercer a Chefia do Ministério Público 
de môo hegemônico e incontrastrável. 
Posição dos Ministros CELSO DE MELLO (Relator), SEPULVEDA 
PERTENCE, MARCO AURÉLIO e CARLOS VELLOSO. 
Divergência, apenas, quanto à aplicabilidade imediata do princípio do 
Promotor Natural: necessidade de “interpositio legislatoris” para 
efeito de atuação do princípio (Ministro CELSO DE MELLO); 
incidência do postulado, independentemente de intermediação 
legislativa (Ministros SEPÚLVEDA PERTENCE, MARCO 
AURÉLIO e CARLOS VELLOSO). 
– Reconhecimento da possibilidade de instituição do princípio do 
promotor natural mediante lei (Ministro SIDNEY SANCHES). 
– Posição de expressa rejeição à existência desse princípio consignada 
nos votos dos Ministros PAULO BROSSARD, OCTAVIO 
GALLOTTI, NÉRI DA SILVEIRA e MOREIRA ALVES”. 
 
A indefinição deste julgado foi tanta que, em alguns momentos diz-se que o 
princípio foi rechaçado, em outros, foi aceito, e o Ministro Marco Aurélio, em sessão 
plenária posterior, criou o termo “voto médio”, buscando traduzir o resultado do 
julgamento do habeas corpus. Depois de alguma discussão, proclamou-se o 
entendimento pela existência do princípiodo promotor natural. 
Posteriormente, a Ministra Ellen Gracie, relatora de um recurso 
extraordinário no ano de 2003, afirmou que o supramencionado princípio não existe no 
ordenamento brasileiro, aduzindo que o Ministério Público e o Poder Judiciário 
possuem estruturas e fins diferentes, de modo que não é razoável estender ao Parquet 
certas garantias que possuem os magistrados. A indivisibilidade, princípio ministerial, 
se contrapõe ao promotor natural, pois se a instituição é indivisível, não restam dúvidas 
sobre a possibilidade de substituição dos seus membros, sem que seja desnaturada a 
função. 
Argumentou, ainda, que não há qualquer regra jurídica que estabeleça a 
existência do princípio ou a nulidade processual caso atue promotor especialmente 
designado para tal. Por último, o princípio do promotor natural estaria em conflito com 
o princípio da devolução. 
No ano de 2008, a Ministra foi novamente relatora de um habeas corpus 
cuja tese essencial era fixada no princípio do promotor natural. Nessa oportunidade, sua 
existência foi unanimemente rejeitada, seguindo a relatora os Ministros Eros Grau e 
Cezar Peluso, com a ausência justificada dos Ministros Celso de Mello e Joaquim 
Barbosa. A ementa do acórdão exarado Segunda Turma, em 17.06.2008, é no seguinte 
teor: 
 
“EMENTA: DIREITO PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. 
PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL. INEXISTÊNCIA 
(PRECEDENTES). AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA NO STJ. 
INQUÉRITO JUDICIAL DO TRF. DENEGAÇÃO. 
1. Trata-se de habeas corpus impetrado contra julgamento da Corte 
Especial do Superior Tribunal de Justiça que recebeu denuncia contra 
o paciente como incurso nas sanções do art. 333, do Código Penal. 
2. Tese de nulidade do procedimento que tramitou perante o TRF da 
3ª Região sob o fundamento da violação do princípio do promotor 
natural, o que representaria. 
3. O STF não reconhece o postulado do promotor natural como 
inerente ao direito brasileiro (HC 67.759, Pleno, DJ 01.07.1993): 
“Posição dos Ministros CELSO DE MELLO (Relator), SEPULVEDA 
PERTENCE, MARCO AURÉLIO e CARLOS VELLOSO: 
Divergência, apenas, quanto à aplicabilidade imediata do princípio do 
Promotor Natural: necessidade de “interpositio legislatoris” para 
efeito de atuação do princípio (Ministro CELSO DE MELLO); 
incidência do postulado, independentemente de intermediação 
legislativa (Ministros SEPÚLVEDA PERTENCE, MARCO 
AURÉLIO e CARLOS VELLOSO). – Reconhecimento da 
possibilidade de instituição do princípio do promotor natural mediante 
lei (Ministro SIDNEY SANCHES). – Posição de expressa rejeição à 
existência desse princípio consignada nos votos dos Ministros 
PAULO BROSSARD, OCTAVIO GALLOTTI, NÉRI DA 
SILVEIRA e MOREIRA ALVES” 
4. Tal orientação foi mais recentemente confirmada no HC nº 
84.468/ES (rel. Ministro Cezar Peluso, 1ª Turma, DJ 20.02.2006). Não 
há que se cogitar da existência do princípio do promotor natural no 
ordenamento jurídico brasileiro (...) Habeas Corpus denegado”. 
 
Conclui-se, portanto, que a matéria é absolutamente controversa, inclusive e 
principalmente no âmbito do Supremo Tribunal Federal, de modo que a existência do 
princípio do promotor natural, para esta Corte, é indefinida. Os julgadores, mesmo 
depois da vigência da Lei Complementar n° 75/93 e da Lei n° 8.625/93, ainda não 
formaram um posicionamento concreto sobre o tema, de modo que tem cabido aos 
órgãos judicantes posicionar-se, acatando ou não, o referido princípio. 
 
3.5 A existência do princípio do promotor natural no âmbito do Superior Tribunal 
de Justiça 
Embora o dissenso no Supremo Tribunal Federal seja manifesto, no 
Superior Tribunal de Justiça o posicionamento sobre a matéria é pacificado. Há muito, 
os julgados são sempre no sentido da existência do princípio do promotor natural. 
Os Ministros do STJ entendem que, acima de tudo, a sociedade deve estar 
protegida das designações arbitrárias que podem vir a cometer os Procuradores-Gerais, 
de maneira que, somente em situações excepcionais e devidamente justificadas no 
interesse público, podem ocorrer as designações. 
Nesse sentido, alguns acórdãos proferidos pelas Turmas do STJ, sempre no 
sentido da existência do princípio em comento: 
 
HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO E 
OCULTAÇÃO DE CADÁVER. PROCESSUAL PENAL. 
VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL. NÃO 
DEMONSTRAÇÃO. ARGUIÇÃO OPPORTUNO TEMPORE. 
PRECLUSÃO. ORDEM DENEGADA. 
1. A competência para o julgamento de habeas corpus impetrado 
contra ato coator de Procurador-Geral de Justiça, não se encontra 
prevista no rol taxativo do art. 105 da Constituição Federal, nem no 
art. 11 do Regimento Interno desta Corte, com bem ressaltou o 
Ministério Público Federal em seu parecer. 
2. Entretanto, compulsando os autos, observa-se que a autoridade 
coatora, na realidade, é o Tribunal de Justiça do Pará, que negou 
provimento ao recurso de apelação interposto pela defesa, e não o 
Procurador-Geral de Justiça daquele Estado, como, equivocadamente, 
aponta o impetrante na petição inicial. 
3. De notar que o Tribunal de origem não se pronunciou a respeito da 
nulidade do processo por ofensa ao princípio do promotor natural, 
entretanto, o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento firmado 
no sentido de que em se tratando de habeas corpus impetrado contra 
decisão proferida em sede de apelação, não há falar em supressão de 
instância, em face da devolutividade integral da causa à instância 
superior. 
4. Não prospera a alegada violação do princípio do promotor natural 
sustentada pelo impetrante, pois, conforme se extrai da regra do art. 
5º, LIII, da Carta Magna, é vedado pelo ordenamento pátrio apenas a 
designação de um "acusador de exceção", nomeado mediante 
manipulações casuísticas e em desacordo com os critérios legais 
pertinentes, o que não se vislumbra na hipótese dos autos. 
5. A instituição do Ministério Público é una e indivisível, ou seja, cada 
um de seus membros a representa como um todo, sendo, portanto, 
reciprocamente substituíveis em suas atribuições, tanto que a Lei nº 
8.625/93 prevê, em seus arts. 10, IX, alíneas "e" e "g", e 24, a 
possibilidade de o Procurador-Geral de Justiça designar um Promotor 
de Justiça substituto ao titular, para exercer sua atribuição em 
qualquer fase do processo, inclusive em plenário do Júri. 
6. No caso, pelo que se depreende dos elementos acostados aos autos, 
a designação ocorreu regularmente, mediante portaria e com a devida 
publicidade, sendo certo que os documentos citados pelo impetrante, 
na exordial, são insuficientes para se afirmar que o Parquet designado, 
na época, estava impedido para atuar no presente feito, ou mesmo se 
havia motivos para se arguir a sua suspeição. 
7. Ainda que houvesse motivos, a arguição não pode ser agora 
acolhida, porque formulada a destempo, tendo ocorrido, portanto, a 
preclusão, a teor do disposto no art. 571, V e VIII, do Código de 
Processo Penal. 
8. Habeas corpus denegado. 
(STJ, Habeas Corpus nº 57506 / PA, Sexta Turma, Ministro Og 
Fernandes, DJe 22/02/2010). 
 
HABEAS CORPUS. PENAL. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO 
PÚBLICO. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. FALTA DE 
JUSTA CAUSA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. NECESSIDADE 
DE EXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. 
INCOMPETÊNCIA. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO PROMOTOR 
NATURAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL INEXISTENTE. 
PRECEDENTES. 
1. Reconhecer a atipicidade da conduta por falta de dolo ultrapassa os 
limites do writ, pois depende, inexoravelmente, de amplo 
procedimento probatório e reflexivo, para que se possa concluir, com 
certeza, acerca da prática da infração delitiva. 
2. Não existe prorrogação da competência do Tribunal de Justiça 
quando o co-réu com prerrogativa de função deixa de integrar a 
relação processual. 
3. Inocorrendo lesão ao exercício pleno e independente das atribuições 
do Ministério Público, não há como reconhecer violação ao princípio 
do Promotor Natural. 
4. Precedentes desta Corte. 
5. Ordem denegada. 
(STJ, Habeas Corpus n° 61559 / SP, Quinta Turma, Ministra LauritaVaz, DJ 03/11/2008). 
 
O princípio do promotor natural, segundo o entendimento do Superior 
Tribunal de Justiça, decorre da competência da autoridade processante, de sua 
independência jurisdicional e da garantia de inamovibilidade, previstos na Constituição 
Federal, nos artigos 5º, LIII, 127, § 1º e 128, § 5º, I, b. 
Desse modo, o mencionado princípio trata-se de uma garantia constitucional 
acerca da isenção na escolha dos representantes ministeriais para atuarem na persecução 
penal, almeja assegurar o exercício pleno e independente das atribuições do Ministério 
Público, repelindo do nosso ordenamento jurídico a figura do acusador de exceção. 
O princípio do promotor natural garante a vedação de alguém ser 
processado senão pela autoridade competente, pois impede que promotores de justiça, 
ou procuradores regionais da república, sejam arbitrariamente designados com o intuito 
de prejudicar ou de beneficiar outrem indevidamente. 
Por último, o STJ entende que o referido instituto encontra respaldo na Lei 
Complementar nº 75/93, que dispõe sobre a organização, as atribuições e o estatuto do 
Ministério Público da União, e na Lei nº 8.625/93, que instituiu a Lei Orgânica 
Nacional do Ministério Público. 
 
3.6 O princípio institucional da indivisibilidade do Ministério Público e o princípio 
do promotor natural 
A principal razão que leva o Supremo Tribunal Federal e os seguidores do 
seu posicionamento a não acatar a existência do princípio do promotor natural se deve à 
indivisibilidade, prevista no artigo 127, § 1º da Constituição Federal, presente também 
nos demais dispositivos legais que dispõem sobre o Ministério Público. 
A indivisibilidade, conforme outrora dito, resulta em que os membros do 
Parquet não atuam em seu nome próprio, mas em nome da instituição como um todo, 
podendo ser substituídos uns pelos outros, de acordo com as normas legais. 
O ponto controverso do referido conceito está justamente na expressão “de 
acordo com as normas legais”. Aqueles que acatam a inexistência do princípio do 
promotor natural entendem que esta expressão encontra correspondência nos poderes de 
avocação e designação dos Procuradores-Gerais, uma vez que tais poderes estariam 
fincados no próprio texto constitucional, quando este fala nos princípios institucionais 
da unidade e da indivisibilidade do Ministério Público. 
Tal posicionamento encontra guarida na doutrina mais clássica, influenciada 
pelos estudiosos franceses, que entendem ilimitados os poderes de designação, avocação 
ou delegação do Procurador-Geral. 
Nesse sentido, Júlio Fabbrini Mirabete: 
 
“Pelo princípio da indivisibilidade, os membros do Ministério Público 
podem ser substituídos uns pelos outros, sempre na forma prevista em 
lei, sem que se perca o sentido de unidade, exercendo cada um suas 
tarefas não em nome pessoal e sim como órgão da instituição que atua 
por intermédio de seus agentes para cumprir sua missão. Em 
decorrência desses dois princípios (unidade e indivisibilidade) se tem 
entendido que o chefe do Ministério Público pode avocar qualquer 
processo ou designar promotor para nele ofereça denúncia. Tem-se 
desenvolvido, porém, a idéia do ‘promotor natural’, ou seja, e que, 
tendo os membros do Parquet cargos específicos, estariam proibidas 
as simples e discricionárias designações do Procurador-Geral de 
Justiça” 23. 
 
Entendendo de maneira diametralmente oposta, aqueles que apóiam a 
existência do princípio do promotor natural consideram que “de acordo com as normas 
legais” faz referência àquelas disposições constantes nas Leis Orgânicas que 
disciplinam administrativa e funcionalmente o Parquet. Assim, somente nas situações 
previstas nessas leis a designação de promotores ou procuradores não estará maculando 
o princípio em estudo. 
Entende-se, portanto, que é perfeitamente possível que os princípios da 
indivisibilidade e do promotor natural possam coexistir no mesmo sistema normativo. 
Ora, o conflito aparente de princípios é comum, já que muitos interesses estão 
envolvidos. Ressalte-se, entretanto, que esse conflito é apenas aparente, de modo que é 
possível a composição de ambos. 
 
23 Mirabete, Júlio Fabbrini. Processo Penal, 16ª edição. São Paulo, Ed. Atlas, 2004. 
Em alguns momentos, a aplicação de um se sobreporá ao outro, em outros 
momentos, o contrário, de modo que somente na análise do caso concreto e do interesse 
público poderão determinar qual se sairá. Assim, somente as designações permitidas em 
lei e cujo objetivo seja atender ao interesse público serão válidas frente ao princípio do 
promotor natural. 
 
3.7 O princípio do promotor natural e o direito comparado 
A Ministra Ellen Gracie, ao elaborar seus votos no Supremo Tribunal 
Federal defendendo a inexistência do princípio do promotor natural utilizou-se, em 
diversas ocasiões, de autores estrangeiros e do comparativo entre o Brasil e alguns 
outros países. Tal prática é comum, de modo que o direito comparado é utilizado como 
referência para a construção e aperfeiçoamento dos ordenamentos jurídicos nacionais. 
Nada mais apropriado, no entendimento da Ministra, que se averiguar o 
tratamento dispensado ao Ministério Público por outros países, como forma de 
compará-lo ao modelo aqui praticado, buscando identificar elementos tanto de 
convergência como de divergência no que tange à independência funcional e aos 
poderes do Procurador-Geral. 
No entanto, Paulo Cezar Pinheiro Carneiro afirma que "não encontramos na 
doutrina estrangeira posicionamento sobre a teoria do promotor natural", o que equivale 
a dizer que tal princípio inexiste no direito comparado, fato confirmado pelas 
informações que o autor nos disponibiliza em seqüência a esta afirmativa. Realmente, o 
princípio do promotor natural não existe em outros países, isso se deve, no entanto, à 
diferença estrutural e às peculiaridades do Parquet brasileiro. 
É cabível, antes do comparativo propriamente dito entre o Ministério 
Público do Brasil e de outros países, uma breve explanação acerca dos sistemas de 
direito, de acordo com a exposição de Paulo Cezar Pinheiro Carneiro. 
Este autor divide os países estudados em três grandes grupos: da common 
law, compreendendo os Estados Unidos da América do Norte e a Inglaterra; romano-
germânico, compreendendo Itália e França; e direitos socialistas, compreendendo a ex-
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. 
Os direitos socialistas, entretanto, não serão abordados neste trabalho, não 
só em razão de sua extinção, mas, também, em função de suas características 
ideológicas, políticas e jurídicas próprias, que em muito a diferenciavam do sistema 
adotado pelo Brasil, impossibilitando qualquer análise comparativa. 
Nos Estados Unidos, no qual vige a common law, o Procurador-Geral 
Federal (Attorney General) é o próprio Ministro da Justiça, indicado pelo Presidente da 
República e aprovado pelo Senado, com poderes para exercer ou delegar toda e 
qualquer das atribuições dos membros, tanto do Departamento de Justiça, quanto do 
Ministério Público Federal. As funções administrativas do Órgão são executadas pelo 
Assistente do Procurador-Geral, indicado pelo próprio e aprovado pelo Presidente da 
República, sem passar pela aprovação do Senado. 
Também são indicados pelo Presidente da República e submetidos à 
aprovação do Senado os noventa e quatro Promotores Distritais (Unit States Attorneys) 
que atuam nos tribunais federais de primeira instância. Cada um desses Promotores 
Distritais terão ampla liberdade de contratar o pessoal que comporá o gabinete do 
Promotor, geralmente advogados militantes, que atuarão junto aos tribunais nos 
conformes da orientação hierárquica do Promotor Distrital, isto quando não decide o 
próprio por fazê-lo, notadamente nas causas de grande repercussão. 
O equivalente americano ao nosso Ministério Público Estadual - 
Promotorias DistritaisEstaduais – têm o Procurador-Geral eleito pelas respectivas 
comunidades, em sua grande maioria, embora em alguns Estados sejam nomeados pelo 
Governador, pelo Procurador-Geral do Estado ou pelo Tribunal local. Os Promotores 
Distritais Estaduais contratam seu próprio pessoal, à sua livre escolha, e exercem a mais 
ampla hierarquia administrativa e funcional. Seus assistentes não gozam de nenhum tipo 
de estabilidade, podendo ser demitidos ad nutum. 
Na Inglaterra, na qual também vige a common law, segundo o autor, não 
existe um sistema unificado de acusação pública, incumbindo-se a própria polícia, em 
aproximadamente noventa por cento dos casos, da investigação e da persecução penal, 
ficando os restantes dez por cento por conta do próprio ofendido. Assemelhado ao nosso 
Procurador-Geral tem-se a figura do Attorney General, que além de atuar em nível 
nacional é membro do Parlamento (Ministro). Escolhido pelo Primeiro Ministro, 
responde perante o Parlamento quanto à acusação pública em geral. 
Seguindo uma escala hierárquica, aparece o Director of Public 
Prosecutions, DPP, que é escolhido pelo Ministro do Interior, depois de ouvir o 
Attorney General. Não tem mandato e é nomeado por tempo indefinido, de forma que, 
de 1879 até 1984, somente nove pessoas ocuparam o cargo, com média de permanência 
de doze anos cada uma. Sua área de atuação dividi-se em dois departamentos: um para 
Londres e outro para o resto das Inglaterra e País de Gales, dirigidos por um Diretor-
Assistente. Quando atua o Ministério Público inglês, o ofício é realizado normalmente 
por advogados escolhidos pelo próprio DPP, que tem poderes para avocar ou determinar 
o arquivamento de qualquer processo na fase em que estiver, salvo quando já prolatada 
a sentença. 
Informa ainda o autor, que recentemente foi criado o Serviço Real de 
Persecução (Crown Prosecution Service), em que atuam advogados contratados pelo 
Estado para exercer a atividade persecutória em lugar da polícia. 
Na França, onde o Ministério Público e os juízes não recebem tratamento 
constitucional e são regulados apenas por leis ordinárias, somente aos últimos são 
asseguradas as garantias funcionais da independência e da inamovibilidade. 
Hierarquicamente, o Ministro da Justiça concentra os poderes institucionais. 
Todos os escritórios do Ministério Público são dotados de rígida hierarquia, cabendo 
aos Procuradores da República dar instruções de como devem os membros proceder, 
principalmente do ponto de vista de suas atuações funcionais. Promovem designações e 
substituições, sem qualquer garantia dos membros quanto à inamovibilidade. Embora 
referidos membros possam se manifestar livremente em audiência, devem estrita 
obediência à chefia do órgão, que poderá responsabilizar funcionalmente aquele que 
deixou de seguir suas determinações, inclusive com demissão. 
Os Procuradores-Gerais, por sua vez, devem estrita obediência ao Ministro 
da Justiça, que tem o poder de expedir circulares determinando a forma de atuação dos 
membros da Instituição no desempenho de suas funções. 
Já o Ministério Público italiano integra o Poder Judiciário, sendo o próprio 
Ministro da Justiça quem escolhe os 23 (vinte e três) Procuradores-Gerais de segundo 
grau, que, por seu turno, controlam os 159 (cento e cinqüenta e nove) escritórios onde 
as funções de Ministério Público são exercidas em primeiro grau, tendo, estes últimos 
amplos poderes para avocar os procedimentos distribuídos aos escritórios sob seu 
controle. 
Nota-se, portanto, que a estrutura e a organização dos Ministérios Públicos 
dos países supramencionados são absolutamente diferentes do Ministério Público 
brasileiro, razão pela qual, realmente, não há de se falar em princípio do promotor 
natural, tendo em vista que os membros dessas instituições são designados por 
superiores hierárquicos, devendo, inclusive, obediência no que pertine à atuação 
processual. 
Nesses países, nem mesmo as garantias dos membros do Parquet, a 
vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de vencimentos são asseguradas, o 
que demonstra, mais uma vez, quão diferente é a estrutura ministerial em outros países, 
o que justifica a inexistência do princípio do promotor natural. 
Ora, não há motivos que justifiquem sua existência, pois são livres e 
perfeitamente normais as designações, avocações e até mesmo a contratação de pessoas 
e grupos de advocacia para exercer a função do Ministério Público. 
Não há, portanto, que se defender a inexistência do princípio no Brasil pelo 
simples fato de o mesmo inexistir em outros ordenamentos jurídicos. Conforme foi 
demonstrado, a estrutura do Ministério Público brasileiro é bastante diferente da 
estrutura dos países normalmente utilizados como paradigma pelo direito nacional. 
 
3.8 A importância do reconhecimento do princípio do promotor natural no 
ordenamento jurídico brasileiro 
O Ministério Público trata-se de uma Instituição permanente, como dispõe o 
artigo 127, caput, da Constituição Federal, de modo que se pode, até mesmo, firmá-lo 
como cláusula pétrea, cuja atuação do poder reformador jamais poderá atingir. 
A própria Magna Carta lhe conferiu inúmeras funções, das mais diversas 
possíveis, convergindo sempre num único ponto: defender os interesses da sociedade, 
acima de tudo. Desse modo, defende a ordem jurídica, o regime democrático e os 
interesses sociais e individuais indisponíveis. 
Portanto, as inúmeras garantias elencadas pela Constituição Federal de 1988 
e pela legislação extravagante ao Ministério Público e aos seus membros é justíssima, 
pois a nenhuma outra instituição se conferiu tamanha gama de funções e, 
consequentemente, importância. 
Desse modo, a Magna Carta, além de elencar os princípios institucionais do 
Ministério Público, unidade, indivisibilidade e independência funcional, elencou 
garantias aos seus membros, a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de 
vencimentos. 
Gregório Assagra de Almeida, no artigo intitulado “As atribuições e as 
garantias constitucionais do Ministério Público Brasileiro como cláusulas 
superconstitucionais” informa que: 
 
“As atribuições e garantias constitucionais do Ministério Público 
conferem a própria dimensão constitucional ao Ministério Público, 
além de revelarem o seu verdadeiro e legítimo papel social. A 
supressão ou restrição dessas atribuições representam a supressão e a 
restrição do próprio Ministério Público em sua dimensão substancial. 
O Ministério Público, como Instituição constitucional, é cláusula 
pétrea. Como consequência, as suas atribuições e garantias 
constitucionais, as quais lhe dão dimensão constitucional e revelam o 
seu legítimo valor social, também estão inseridas como cláusulas 
pétreas ou superconstitucionais. Essas cláusulas compõem o núcleo de 
uma Constituição no Estado Democrático de Direito. Por isso, elas 
não podem ser eliminadas nem restringidas. Todavia, elas podem ser 
ampliadas. As atribuições e garantias constitucionais do Ministério 
Público, situando-se no âmbito das cláusulas superconstitucionais, 
podem ser ampliadas, mas não restringidas ou eliminadas da 
Constituição” 24. 
 
O princípio do promotor natural trata-se de mais uma garantia conferida aos 
membros do Parquet, tendo em vista que a intangibilidade do promotor ou procurador é 
essencial para que sua atuação seja independente, livre de quaisquer ameaças e 
represálias. 
Os interesses da sociedade devem estar sempre em primeiro plano, de 
maneira que não sejam postergados em favor de interesses alheios, pois, dessa maneira, 
estaria absolutamente desvirtuada a atuação do Ministério Público. 
Por tais motivos, diz-se que o princípio do promotor natural é uma garantia 
da própria sociedade, na medida em que é mais uma forma de proteger a atuação do 
Parquet, que age tão somente com o intuito de velar pelos direitos da coletividade. 
Desse modo, o reconhecimento da imprescindibilidade do princípiono ordenamento 
jurídico brasileiro se faz imediata. 
A doutrina, em sua maioria, acata a existência do princípio do promotor 
natural. Autores como Hugo Nigro Mazzilli, Jacques Camargo Penteado, Paulo Cezar 
Pinheiro Carneiro, Uadi Lammêgo Bulos, Alexandre de Moraes e outros grandes nomes 
defendem a existência do princípio, pois entendem que, acima dos interesses da própria 
Instituição, estão os interesses da sociedade. 
O Superior Tribunal de Justiça, há anos, possui entendimento firmado no 
sentido de reconhecer o princípio como essencial ao Ministério Público e à sociedade 
brasileira. Diversos habeas corpus impetrados nessa Corte possuem como principal 
 
24 De Almeida, Gregório Assagra. As atribuições e as garantias constitucionais do Ministério Público 
como cláusulas superconstitucionais. VII Congresso Estadual do Ministério Público do Estado de Minas 
Gerais, em Tiradentes, de 21 a 23 de março de 2007. 
fundamentação jurídica ofensa ao princípio do promotor natural. Em algumas ocasiões é 
reconhecida a ofensa, em outras não, de maneira que a existência em si do princípio é 
aceita. 
A celeuma continua, somente, no Supremo Tribunal Federal, de maneira 
que o Pleno jamais se posicionara de maneira firme, acatando ou não o princípio. Os 
doutos Ministros, de notável saber jurídico, perduram, por quase quarenta anos, as 
discussões acerca da existência do princípio do promotor natural, de maneira que a 
Corte Suprema Brasileira ainda não possui entendimento firmado acerca dessa questão 
tão importante para a sociedade. 
José Trindade Cavalcante Filho definiu claramente a situação do STF: 
 
“Aliás, é em virtude da existência do princípio constitucional da 
indivisibilidade que o STF considera, atualmente, que o Brasil não 
adota o princípio do promotor natural (segundo o qual, o réu teria 
direito de ser acusado sempre pelo mesmo membro do MP). 
Na doutrina, a maioria dos autores defende tal princípio. O próprio 
STF já chegou a sustentá-lo, em 1993, mas voltou atrás e, em 2008, 
consignou com todas as letras que o Brasil não adota tal preceito” 25. 
 
A importância do reconhecimento do princípio do promotor natural reside 
justamente no fato de este ser uma garantia aos membros do Ministério Público que 
beneficiará, diretamente, a sociedade, pois ainda que o Parquet seja indivisível, como 
prevê a Constituição Federal, é possível a composição entre este e aquele princípio, de 
maneira que as designações realizadas pelo Procurador-Geral devam atender, 
exclusivamente, o interesse público. 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
25 Cavalcante Filho, João Trindade. Legislação Aplicada ao MPU. 2ª edição. Brasília: Gran Cursos, 2010. 
No primeiro capítulo deste trabalho analisou-se o Ministério Público, função 
essencial à justiça cuja importância no ordenamento jurídico aumentou sobremaneira 
depois de promulgada a Carta Política de 1988. Por essa razão, estudou-se todo o seu 
desenvolvimento histórico, no âmbito internacional e principalmente nacional, 
buscando compreender a Instituição. 
Posteriormente, passou-se à parte conceitual, analisando-se detidamente 
cada uma das funções essenciais do Parquet, como protetor da ordem jurídica, do 
regime democrático e dos direitos sociais e individuais indisponíveis. Analisou-se, 
ainda, os princípios institucionais do Ministério Público e sua organização. Ao final do 
primeiro capítulo, a legislação extravagante que trata do Parquet, a Lei Complementar 
n° 75/93 e a Lei n° 8.625/93 também foram devidamente analisadas. 
No segundo capítulo fez-se um breve estudo acerca dos membros do 
Ministério Público, iniciando-se pelo modo através do qual é possível ingressar na 
carreira. Passou-se às garantias constitucionais que lhe são conferidas, a vitaliciedade, a 
inamovibilidade e a irredutibilidade de subsídios. Finalizando o segundo capítulo 
vieram considerações acerca das vedações, cujo objetivo, assim como as garantias, é 
tornar livre e desimpedida a atuação ministerial. 
No terceiro e último capítulo, posterior à robusta análise realizada nos 
capítulos anteriores, adentrou-se, realmente, à temática. 
Realizou-se exposição acerca do princípio do promotor natural nos anos que 
antecederam a Constituição Federal de 1988, assim como sua existência, implícita, nas 
normas constitucionais e na legislação extravagante. 
Passou-se à análise das razões pelas quais o Supremo Tribunal Federal 
entende pela inexistência do postulado em tela. Analisou-se, portanto, questões como a 
independência funcional ser do Ministério Público e não dos seus membros, o princípio 
institucional da indivisibilidade se contrapor ao promotor natural, a inexistência deste 
no direito comparado, a ofensa ao princípio da devolução e alguns outros motivos. 
Estudou-se, ainda, o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, que 
acata a existência do postulado, tendo sido colacionados alguns excertos 
jurisprudenciais. 
Demonstrou-se que é possível a composição entre os princípios da 
indivisibilidade e do promotor natural, sem que nenhum, de ambos, tenha de ser 
anulado frente ao outro. 
Analisou-se, ainda, os sistemas de funcionamento do Ministério Público de 
alguns países utilizados como paradigmas, em diversas ocasiões, pelos doutrinadores 
brasileiros. Demonstrou-se a impossibilidade de se comparar o Parquet nacional com os 
de países como a França, Itália, Estados Unidos da América e Inglaterra e explicou-se as 
razões da inexistência do postulado do promotor natural nesses países. 
Por fim, reconheceu-se a importância da existência do princípio do 
promotor natural no ordenamento jurídico brasileiro, tendo em vista que se trata de mais 
uma garantia da sociedade de que será acusada por um promotor prévia e legalmente 
admitido no cargo, de maneira que tais interesses não sejam preteridos por interesses 
alheios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALMEIDA, Gregório Assagra. As atribuições e garantias constitucionais do 
Ministério Público Brasileiro como cláusulas superconstitucionais. VII Congresso 
Estadual do Ministério Público do Estado de Minas Gerais. Tiradentes, 2007. 
 
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 25ª Ed. São Paulo: Malheiros 
Editores, 2010. 
 
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 5ª Ed. São Paulo: Saraiva, 
2010. 
 
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7ª Ed. 
Lisboa: Almedina, 2003. 
 
CARNEIRO, Paulo Cezar Pinheiro. O Ministério Público no processo civil e penal: 
promotor natural – atribuição e conflito com base na Constituição Federal de 
1988. 6ª Ed. São Paulo: Forense. 
 
CAVALCANTE FILHO, João Trindade. Legislação Aplicada ao MPU. 2ª Ed. 
Brasília: Gran Cursos, 2010. 
 
CENEVIVA, Walter. Direito Constitucional Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2003. 
 
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, 
Cândido R. Teoria Geral do Processo. 12ª Ed.São Paulo: Malheiros Editores, 1996. 
 
DANTAS, Marcelo Navarro Ribeiro. Trabalho publicado na Revista do Tribunal 
Regional Federal da Quinta Região, n° 56. Abril/Junho 2004. Disponível em 
http://www.trf5.gov.br/component/option,com_docman/task,doc_view/gid,537/>. 
 
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua 
Portuguesa. 2ª Ed. Revista e Aumentada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 
MAZZILLI, Hugo Nigro. Introdução ao Ministério Público. 7ª Ed São Paulo: Saraiva, 
2008. 
 
_____________. O Ministério Público na Constituição de 1988. São Paulo: Saraiva, 
1989. 
 
MEIRELES, José Dilermando. Revista de Informação Legislativa. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 2000. 
 
MENDES, Gilmar Ferreira, COELHO, Inocêncio Mártires, BRANCO, Paulo Gustavo 
Gonet. Curso de Direito Constitucional. 5ª ed. SãoPaulo: Saraiva, 2010. 
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 18ª Ed. São Paulo, Atlas S.A, 2006. 
MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo, Atlas S.A, 2006. 
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli. Curso de Processo Penal. 12ª Ed. atual. Rio de Janeiro: 
Lumen Juris, 2009. 
PENTEADO, Jacques Camargo. O princípio do promotor natural. RT 619/407; 
Justitia 129/114; Justitia 131/131. 
 
PERES, Augusto Martinez. A independência funcional do promotor de justiça. 
Artigo publicado em RT 651/239. 
 
SILVA, Jose Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 30ª Ed. São Paulo: 
Malheiros, 2008. 
 
TUCCI, Rogério Lauria Tucci. Direitos e Garantias Individuais no Processo Penal 
Brasileiro. 3ª edição, revista, atualizada e ampliada. Revista dos Tribunais, 2010.

Mais conteúdos dessa disciplina