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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE QUÌMICA ORGÂNICA E INORGÂNICA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA ELAYNE BESSA FERREIRA AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ATIVIDADES BIOLÓGICAS DE SETE ESPÉCIES DE PLANTAS CULTIVADAS NO NORDESTE DO BRASIL FORTALEZA 2 2012 ELAYNE BESSA FERREIRA AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ATIVIDADES BIOLÓGICAS DE SETE ESPÉCIES DE PLANTAS CULTIVADAS NO NORDESTE DO BRASIL Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-graduação em Química, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Química Orgânica. Área de Concentração: Produtos Naturais Orientador: Profa. Dra. Maria Goretti de Vasconcelos Silva 3 FORTALEZA 2012 4 5 À DEUS Pela vida e pelas graças e oportunidades concedidas. 6 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Everton e Mércia meus eternos incentivadores, sem eles este grande sonho não teria sido realizado. Agradeço aos meus irmãos Emerson e Elana pelo carinho e torcida. Ao meu marido Bosco Filho e ao meu filho Rian, pela paciência e compreensão nos meus momentos de ausência e pelo o amor dedicado e incondicional que me ajuda a continuar trilhando o meu caminho. A Profa. Dra. Maria Goretti de Vasconcelos Silva, orientadora deste trabalho, pela oportunidade, incentivo, orientação e confiança. Seus exemplos de dedicação ao trabalho proporcionaram valorosos ensinamentos, os quais foram fundamentais para o desenvolvimento e conclusão deste projeto. Aos meus amigos do LPN, Carol, Irvila, Mikaelly, Tiago, Jack, Isabel, Ricardo, Katarina, Géssica e outros que já não fazem mais parte, que de uma forma ou outra tiveram sua parcela de contribuição para o desenvolvimento do projeto. A minha amiga e irmã Juliana pela amizade, estímulo e paciência nestes anos. Ao meu amigo, Sales pela disponibilidade da ajuda na coleta do material botânico utilizado em meu projeto. Ao Pesquisador Dr. Ícaro Gusmão Pinto Vieira por me conceder autorização para realizar parte da minha pesquisa no laboratório do qual ele é responsável. E aos colegas, Laís e Gleidson pela ajuda prestada. A FUNCAP pelo suporte financeiro e pela bolsa recebida durante o desenvolvimento deste trabalho. 7 RESUMO Este estudo foi realizado com o objetivo de encontrar novas fontes vegetais do antiinflamatório natural α-humuleno que já é utilizado na elaboração de fitomedicamento comercial. Para alcançar este propósito, realizou-se a extração através de duas técnicas (arraste a vapor e hidrodestilação) dos óleos essenciais de sete espécies: Persea americana Mill, Eclipta prostrata L, Ocimum gratissimum L, Ambrosia artemisiaefolia L, Plectranthus ornatus Cold, Lantana camara L e Aloysia virgata (R. et P.) Juss. Os extratos obtidos foram analisados através de cromatografia gás-líquído acoplada a espectrômetro de massas (CG/EM) e com detector de ionização de chama (CG-DIC). Além do α-humuleno, foram identificados majoritariamente β- cariofileno (34,62%) em Persea americana Mill por hidrodestilação, cedr-8-eno (20,20% e 15,39%, respectivamente por arraste à vapor e hidrodestilação) em Ambrosia artemisiaefolia L; β-cariofileno (51,53% e 39,73%, respectivamente por arraste à vapor e por hidrodestilação) nas folhas de Eclipta prostata L, de Lantana camara L (31,43% e 25,50%) e de Plectranthus ornatus Cold (18,33% e 27,08%). O óleo de Ocimum gratissimum Mill apresentou principalmente eugenol (45,42% e 40,96%, respectivamente por arraste à vapor e por hidrodestilação). Em Aloysia virgata Juss. por arraste a vapor, β-cariofileno (16,30%) e por hidrodestilação, epóxido de cariofileno (29,05%) foram identificados. O α-humuleno foi isolado parcialmente através de CLAE com detector de UV-VIS. A avaliação das atividades antiinflamatória, antioxidante, larvicida e anticolinesterásica dos extratos voláteis das espécies em estudo e dos extratos hexânico e etanólico das folhas da Aloysia virgata (R. et P.) Juss. foram realizadas. Os resultados indicaram os óleos essenciais de Ocimum gratissimum L, Ambrosia artemísiaefolia L e Lantana camara L, como agentes antiinflamatórios naturais. Palavras-chave: Óleos essenciais, alfa-humuleno, Aloysia virgata, atividade antiinflamatória. 8 ABSTRACT This study was aimed at finding new sources of natural anti-inflammatory α-humulene, which is already used in the preparation of commercial phytodrug. For this purpose, the extraction was performed by two techniques (steam distillation and hydrodistillation) of essential oils of seven species: Persea americana Mill, Eclipta prostrata L, Ocimum gratissimum L, Ambrosia artemisiaefolia L, Plectranthus ornatus Cold, Lantana camara L and Aloysia virgata (R. et P.) Juss. The extracts were analyzed by GC / MS) and GC-FID. In addition to the α-humulene were identified mainly β-caryophyllene (34.62%) in Persea americana Mill by hydrodistillation, cedar-8-ene (20.20% and 15.39%, respectively, by steam distillation and hydrodistillation) in Ambrosia artemisiaefolia L, β-caryophyllene (51.53% and 39.73% respectively by steam distillation and hydrodistillation) in the leaves of Eclipta prostata L, of Lantana camara L (31.43% and 25.50%) and of Plectranthus ornatus Cold (18.33% and 27.08%). The oil of Ocimum gratissimum Mill presented mainly eugenol (45.42% and 40.96% respectively by steam distillation and hydrodistillation). In Aloysia virgata Juss. by steam distillation, β-caryophyllene (16.30%) and by hydrodistillation, caryophyllene epoxide (29.05%) were identified. The α-humulene was partially isolated using HPLC with UV-VIS detector. The evaluation of anti-inflammatory activity, antioxidant and larvicidal anticholinesterase volatile extracts of the species under study and the hexane and ethanol extracts of leaves of Aloysia virgata (R. et P.) Juss. were performed. The results indicated the essential oils of Ocimum gratissimum L, Ambrosia artemísiaefolia L and Lantana camara L, as natural anti-inflammatory agents. Keywords: Essential oils, α-humulene, Aloysia virgata, anti-inflammatory activity. 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 Representação estrutural do α-humuleno 19 FIGURA 2 Persea americana Mill 27 FIGURA 3 Eclipta prostata L 28 FIGURA 4 Ocimum gratissimum L 28 FIGURA 5 Ambrosia artemisiaefolia L. 29 FIGURA 6 Plectranthus ornatus Cold 29 FIGURA 7 Lantana camara L 30 FIGURA 8 Aloysia virgata Juss. 30 FIGURA 9 Cromatograma do óleo essencial da Persea americana Mill pela técnica da hidrodestilação 42 FIGURA 10 Cromatograma do óleo essencial da Ambrosia artemisiaefolia L pela técnica da hidrodestilação 43 FIGURA 11 Cromatograma do óleo essencial da Ambrosia artemisiaefolia L pela técnica de arraste a vapor 44 FIGURA 12 Cromatograma do óleo essencial da Eclipta prostrata L. pela técnica da hidrodestilação 46 FIGURA 13 Cromatograma do óleo essencial da Eclipta prostrata L. pela técnica de arraste à vapor 46 FIGURA 14 Cromatograma do óleo essencial da Lantana camara L pela técnica de arraste à vapor 48 FIGURA 15 Cromatograma do óleo essencial da Lantana camara L pela técnica da hidrodestilação 49 FIGURA 16 Cromatograma do óleo essencial do Ocimum gratissimum L pela técnica de arraste a vapor 51 FIGURA 17 Cromatogramado óleo essencial do Ocimum gratissimum L pela técnica da hidrodestilação 51 FIGURA 18 Cromatograma do óleo essencial do Plectranthus ornatus Cold pela técnica de arraste à vapor 53 FIGURA 19 Cromatograma do óleo essencial do Plectranthus 54 10 ornatus Cold pela técnica da hidrodestilação FIGURA 20 Cromatograma do óleo essencial da Aloysia virgata Juss pela técnica de arraste à vapor 56 FIGURA 21 Cromatograma do óleo essencial da Aloysia virgata Juss pela técnica da hidrodestilação 57 FIGURA 22 Espectro de massas e representação estrutural do β- cariofileno 60 FIGURA 23 Espectro de massas e representação estrutural da crisantenona 60 FIGURA 24 Espectro de massas e representação estrutural do γ- elemeno 60 FIGURA 25 Espectro de massas do cedr-8-eno 61 FIGURA 26 Espectro de massas e representação estrutural do α- humuleno 61 FIGURA 27 Espectro de massas e representação da estrutural do β-cubebeno 61 FIGURA 28 Espectro de massas e representação estrutural do eugenol 62 FIGURA 29 Espectro de massas e representação estrutural do 1,8- cineol 62 FIGURA 30 Espectro de massas e representação estrutural do elixeno 62 FIGURA 31 Espectro de massas e representação estrutural do germacreno D 62 FIGURA 32 Espectro de massas e representação estrutural do cariofileno epoxido 63 FIGURA 33 Cromatograma CLAE-UV-VIS do óleo essencial do cravo da índia 64 FIGURA 34 Espectro na região do composto de tempo de retenção de 5,42 min 64 FIGURA 35 Espectro na região do composto de tempo de retenção de 7,18min 65 FIGURA 36 Cromatograma CLAE-UV-VIS de F1 65 11 FIGURA 37 Espectro na região do UV-VIS de F1 66 FIGURA 38 Cromatograma CLAE-UV-VIS de F1 (preto) em sobreposição com a amostra original (azul) 66 FIGURA 39 Cromatograma CLAE UV-VIS de F2 67 FIGURA 40 Espectro na região do UV-VIS de F2 67 FIGURA 41 Cromatograma CLAE-UV-VIS de F2-P 68 FIGURA 42 Espectro na região do UV-VIS de F2-P 68 FIGURA 43 Cromatograma CLAE-UV-VIS de F2-P (preto) em sobreposição a amostra original (azul) 69 FIGURA 44 Cromatograma CLAE-UV-VIS de F1-PP obtida pela cromatografia planar preparativa 69 FIGURA 45 Cromatograma CLAE-UV-VIS de F2-PP (preto) em sobreposição a amostra original (azul) 70 FIGURA 46 Cromatograma CLAE-UV-VIS de F2-PP obtida pela cromatografia planar preparativa 70 FIGURA 47 Cromatograma CLAE-UV-VIS de F2-PP (preto) em sobreposição a amostra original (azul) 70 FIGURA 48 Representação Estrutural de (5) 12-O-Tetradecanoil- 13-acetilforbol 73 FIGURA 49 Representação da estrutura em 3D da enzima ciclooxigenase (COX) 74 FIGURA 50 Representação estrutural dos glicocorticoides hidrocortisona e dexametasona 75 FIGURA 51 Salix alba e a hidrólise da salicina 75 FIGURA 52 Representação estrutural de antiinflamatórios não esteroidais 76 FIGURA 53 Efeitos dos óleos essenciais da folhas da Lantana camara L (camará chumbinho), do Ocimum gratissimum (alfavaca), da Ambrosia artemisiaefolia L (artemisia) e do acheflan sobre a desgranulação de neutrófilos humano induzida por PMA (12-O- Miristil-13-acetil-forbol), determinados pela concentração de mieloperoxidase (MPO). 77 12 FIGURA 54 Gráfico da avaliação da atividade antioxidante dos óleos essenciais 78 FIGURA 55 Acompanhamento cinético da atividade antioxidante de Aloysia virgata Juss 79 FIGURA 56 Análise da atividade larvicida do óleo essencial da Lantana camara L 81 FIGURA 57 Análise da atividade larvicida do óleo essencial do Ocimum gratissimum 82 FIGURA 58 Análise da atividade larvicida do óleo essencial da Ambrosia artemisiaefolia L 82 FIGURA 59 Análise da atividade larvicida do óleo essencial da Aloysia virgata Juss 83 FIGURA 60 Análise da atividade larvicida dos extratos hexânico e etanólico da Aloysia virgata Juss 83 13 LISTA DE TABELAS 1. Lista das plantas que apresentam α- humuleno em sua composição 20 2. Lista das plantas cultivadas no HPM-UFC que apresentam α- humuleno em sua composição, dispostas em ordem alfabética por espécie 24 3. Rendimento de óleo essencial obtido das folhas das espécies selecionadas por hidrodestilação e por arraste 41 4. Composição Química do óleo essencial das folhas de Persea americana Mill 42 5. Composição química do óleo essencial das folhas de Ambrosia artemisiaefolia L 44 6. Composição química do óleo essencial das folhas da Eclipta prostrata L. 47 7. Composição química do óleo essencial das folhas da Lantana camara L 49 8. Composição química do óleo essencial das folhas do Ocimum gratissimum L 52 9. Composição química do óleo essencial das folhas do Plectranthus ornatus Cold 54 10. Composição química do óleo essencial das folhas da Aloysia virgata Juss. 57 11. Lista das plantas selecionadas do Horto de Plantas Medicinais Prof. Francisco José de Abreu Matos e comparação do teor de α-humuleno 59 12. Atividade de inibição da enzima acetilcolinesterase nos óleos essenciais 80 14 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 16 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 19 2.1 α-Humuleno 19 2.2 Considerações sobre as Espécies selecionadas para estudo 27 2.2.1 Persea americana Mill 2.2.2 Eclipta prostrata L. 2.2.3 Ocimum gratissimum L 2.2.4 Ambrosia artemisiaefolia L. 2.2.5 Plectranthus ornatus Cold 2.2.6 Lantana camara L. 2.2.7 Aloysia virgata Juss. 3 MATERIAL E MÉTODOS 32 3.1 Coleta 32 3.2 Extração dos Óleos Essenciais 32 3.3 Análise dos Óleos Essenciais 32 3.4 Extração das Amostras 33 3.5 Isolamento Parcial do α-humuleno 33 3.5.1 Material Utilizado 3.5.2 Métodos Cromatográficos 3.5.2.1 Cromatografia em Camada Delgada (CCD) 3.5.2.2 Cromatografia em Coluna por Adsorção 3.5.2.3 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) 3.6. Tratamento Cromatográfico do Óleo Essencial do Cravo da Índia 34 3.7 Ensaios Biológicos 35 3.7.1 Avaliação da Atividade Antiinflamatória 3.7.1.1 Efeito sobre a Ativação de Neutrófilo mensurada pela Concentração de Mieloperoxidase 3.7.1.2 Desgranulação de neutrófilo humano mensurada pela concentração de mieloperoxidase (MPO) 3.7.1.3 Análise Estatística 3.7.2 Avaliação do Potencial Antioxidante 3.7.2.1 Avaliação Qualitativa da Capacidade Sequestradora de Radicais Livres (DPPH) 3.7.2.2 Preparo das Soluções das Amostras 3.7.2.3 Avaliação Quantitativa da Atividade Antioxidante 3.7.3 Teste Larvicida (utilizando as larvas de Aedes aegypti) 3.7.4 Teste de atividade acetilcolinesterásica 15 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 41 4.1 Obtenção do Óleo Essencial 41 4.2 Análise dos Óleos essenciais 41 4.2.1 Persea americana Mill 4.2.2 Ambrosia artemisiaefolia L 4.2.3 Eclipta prostrata L. 4.2.4 Lantana camara L 4.2.5 Ocimum gratissimum L 4.2.6 Plectranthus ornatus Cold. 4.2.7 Aloysia virgata Juss. 4.3 Espectros de Massas e Representação Estrutural 60 4.4 Isolamento Parcial de α-humuleno 63 5- ENSAIOS BIOLÓGICOS 73 5.1 Avaliação da Atividade Antiinflamatória 73 5.1.1 Atividade antiinflamatória 73 5.2 Avaliação do Potencial Antioxidante 78 5.2.1 Avaliação do Potencial Antioxidante dos Óleos Essenciais 78 5.2.2 Avaliação do Potencial Antioxidante do Extrato Etanólico da Aloysia virgata Juss 79 5.3 Medida da Atividade de Inibição da Enzima Acetilcolinesterase 80 5.4 Avaliação do Potencial Larvicida 81 6 CONCLUSÃO 86 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 88 16 CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO 17 18 1.INTRODUÇÃO Asplantas produzem além do metabolismo primário responsável pela produção de celulose, lignina, proteínas que realizam suas principais funções vitais, os metabólitos secundários, dos quais resultam substâncias com funções nem sempre bem definidas, mas nem por isso de menor importância. Estas substâncias pertencem a diversas classes como flavonoides, alcaloides, fenilpropanoides, cumarinas e terpenoides. Vários terpenoides de baixo peso molecular, destacam-se por serem voláteis, e assim se difundirem com facilidade constituindo um verdadeiro elo de comunicação entre a fonte produtora e o ambiente. Os terpenoides e os fenilpropanoides compõem os extratos voláteis de plantas, comumente designados de óleo essenciais, que apresentam geralmente odor agradável, e são por causa dessa propriedade, amplamente utilizados em vários tipos de produtos industriais, como aromatizantes de ambiente, alimentos, medicamentos e cosméticos, advindo daí uma enorme importância econômica. Além dessa propriedade, vários compostos presentes nos óleos essenciais apresentam importantes atividades farmacológicas como por exemplo, anticandidíase (linalol, ZORE et al., 2011), bactericida e antioxidante (eugenol, BREWER, 2011) e antiinflamatório (α-humuleno, FERNANDES et al., 2007). A utilização de plantas com propriedades medicinais é um recurso terapêutico alternativo que é aprovado por vários povos, desde os primórdios da humanidade e esta aceitação vem crescendo junto a comunidade médica para plantas cujas atividades biológicas tenham sido investigadas cientificamente, comprovando sua eficácia e segurança (NOLDIN et al., 2003). O Acheflan é o primeiro medicamento brasileiro, pois foi pesquisado e desenvolvido totalmente no Brasil. Este fitomedicamento é encontrado nas formas farmacêuticas aerosol e creme é elaborado a partir de 5,0 mg do óleo essencial de Cordia verbenacea D.C. (syn. C. curassavica D.C., Borraginaceae) e indicado para o tratamento de tendinite crônica e dores musculares miofasciais (ACHÉ, 2012). Um fitomedicamento é um produto preparado a partir de fontes vegetais, com extratos cujos princípios ativos são padronizados, assegurando o teor destes em cada dose do produto. Os sesquiterpenos α-humuleno e β-cariofileno, presentes neste óleo 19 essencial, são relatados em várias pesquisas como as principais substâncias responsáveis por esses efeitos (MEDEIROS et al., 2007) encontrados para o Acheflan. Estudos farmacológicos pré-clinicos realizados com o extrato etanólico liofilizado obtido das folhas da C. verbenacea demonstraram um pronunciado efeito antiinflamatório tópico e oral, associado a uma baixa toxicidade (SERTIÉ et al., 2005). Este trabalho relata os resultados obtidos com a extração através de duas técnicas diferentes, dos óleos essenciais de sete espécies relatadas na literatura como produtoras de α-humuleno, na busca de novas fontes deste antiinflamatório natural. Também apresenta-se a descrição dos procedimentos utilizados nas tentativas de isolamento e determinação estrutural do α-humuleno, além das técnicas empregadas e resultados obtidos para avaliar as atividades antiinflamatória, antioxidante, larvicida e anticolinesterásica dos extratos voláteis das espécies em estudo e dos extratos hexânico e etanólico das folhas da Aloysia virgata (R. et P.) Juss. 20 CAPÍTULO 2:REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 21 Figura 1: Representação Estrutural do α-humuleno 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1- α-Humuleno O humuleno, de forma molecular C15H24, é um sesquiterpeno descoberto por Piccard que teve seu nome inspirado na palavra “humulus”, de Humulus lupulus (lúpulo) (AZAMBUJA, 2011). Possui massa molecular de 204,36 g/mol, densidade de 0,886 g/cm 3 e ponto de ebulição entre 106-107 °C a 5 mmHg. É um isômero do beta- cariofileno que, além de ser naturalmente encontrado no óleo essencial de lúpulo, também está presente nos óleos de Eclipta prostrata L. com 31,8% (OGUNBINU, 2009), Aloysia virgata (R. Et P.) Juss. com 11,70% (PINO, 2004) e outros. O alfa-humuleno é o principal constituinte ativo isolado da planta Cordia verbenaceae (erva-baleeira), possui ação anti-inflamatória e analgésica fazendo parte da composição do fitomedicamento Acheflan (CHAVES, 2008). Sua ação pode ser comparada com o diclofanaco, porém com a vantagem de não existirem efeitos colaterais relacionados ao seu uso tópico (AZAMBUJA, 2011). Além disso, ele exibiu propriedades anti-inflamatórias em um modelo de inflamação alérgica das vias aéreas, quando administrado oralmente ou por aerossol, reduzindo a secreção no pulmão (ROGERIO, 2009). Porém, estudos constataram que o alfa-humuleno seria degradado em condições ambientais, não sendo, assim, um componente ideal para ser utilizado em ingredientes naturais e produtos de higiene oral (JENNER, 2011). O óleo essencial de Abies balsamea (bálsamo) foi analisado por CG/EM e a citotoxicidade de cada constituinte do óleo foi analisado, sendo que todos os compostos testados foram inativos, exceto o alfa-humuleno, parecendo assim ser o responsável pela citotoxicidade do óleo. Além disso, a atividade tumoral do óleo e deste composto apresentaram resultados significativos quanto a redução do tumor podendo, assim, implicar este resultado a citotoxicidade do alfa-humuleno no óleo (LEGAULT, 2003). Levantamento bibliográfico realizado no PubMed, levou a detecção de α- humuleno em mais de 60 espécies de cerca de 20 famílias botânicas diferentes 22 predominantemente em espécies de Labiatae. Observou-se que este sesquiterpeno ocorre nos vários órgãos da planta em teores diferenciados. No entanto, os relatos da presença de α-humuleno em espécies de Solanaceae e Zinziberaceae indicam que esta ocorre em quantidades significativas (em torno de 30%). O maior teor de α-humuleno detectado foi nos frutos de Solanum macrantum (36,5%), uma Solanaceae nativa do Brasil. Este composto também foi identificado nas tíbias de abelhas sem ferrão (Hymenoptera meliponini) (PATRICIO et al, 2004). Com os dados obtidos da revisão, compilamos a tabela abaixo que mostra as plantas ordenadas por seu nome científico para as quais foi possível encontrar o teor de α-humuleno. Para outras espécies como Cyclospermum leptophyllum, Apium graveolens var. secalinum, Vitis vinifera L., Lysopersicon esculentum, Pinus caribaea, Eugenia dysenterica, Patrinia rupestris, Humulus lupulus L, Helichrysum arenarium, apesar de ter registro da presença do composto estudado, seu teor não foi determinado. Tabela 1 - Lista das plantas que apresentam α- humuleno em sua composição Família NOME CIENTÍFICO TEOR (%) PARTE DA PLANTA REF. 1. Asteraceae Ageratum fastigiatum (Gardn.) R. M. King et H. R. MATAPASTO 4,9 12,7 Folhas Raízes Del-Vechio- Vieira et al, 2009 2. Apocynaceae Amsonia illustris Woods. ESTRELA AZUL 14,5 Raiz e folhas London et al, 2011 3. Fabaceae Cajanus cajan L. FEIJÃO GUANDÚ 7,1- 8,7 Partes aéreas Ogumbinu m et al, 2009 4. Verbenaceae Callicarpa integerrima Champ 2,5 Folhas Chai et al, 2010 5. Myricaceae Comptonia peregrina (L.) Coulter PEREGRINA 7,4 Folhas Sylvestre et al, 2007 6. Euphorbiaceae Croton flavens L MARMELEIRO 1,1 Folhas Sylvestre et al, 2006 7. Cupressaceae Cupressus atlantica 4,4 Folhas Arjouni et 23 Gaussen CEDRO BRANCO al, 2011 8. Myrtaceae Eugenia caryophyllus (Spreng.) Bullock & S. G. Harrison CRAVINHO-DA ÍNDIA 2,1 Folhas Jirovezt et al, 2006 9. Rubiaceae Eupatorium betonicaeforme D.C. CAMBARÁ 10,4- 19,0 Folhas Albuquerqu e et al, 2004 10. Euphorbiaceae Euphorbia caracasana Boiss BICO DE PAPAGAIO 18,8 Folhas Rojas et al, 2009 11. Asteraceae Gnaphlium affine D. Don. 3,2 Folhas Zeng et al, 2011 12. Cupressaceae Juniperus communis LFRUTO- DE JENEBRA 0,8- 6,2 Frutos Orav et al, 2010 13. Myrtaceae Leptospermum madidum ARVORE DE CHÁ 0,8- 3 Folhas Demuner et al, 2011 14. Lauraceae Lindera obtusiloba Blume ARBUSTO DE TEMPERO 4,1 Folhas Chung et al, 2011 15. Lauraceae Litsea linii C. E. Chang. 7,2 Folhas Ho et al, 2009 16. Lauraceae Litsea mushaensis Hayata 10,1 Folhas Ho et al, 2009 17. Poaceae Litsea nakaii CAMOMILA VULGAR 15,5 Folhas Ho et al, 2009 18. Lamiaceae Mentha spicata L. HORTELÃ PELUDA 0,1- 29,9 Partes aéreas Chauan et al, 2011 19. Rutaceae Murraya exotica MURTA DE CHEIRO 5,8 Folhas Jiang et al, 2009 20. Lamiaceae Nepeta cataria L. ERVA-DE-GATO 14,4 Folhas Gilani et al, 2009 21. Piperaceae Peperomia serpens (Sw.) Loudon PEPERÔMIA 11,5 Folhas Pinheiro et al, 2011 22. Apiaceae Peucedanum ostruthium (L. Koch.) ex DC. 15,8 Rizomas Cisowski et al, 2001 24 23. Apiaceae Peucedanum tauricum Bieb 0,8 Frutos Bartnik et al, 2002 24. Cucurbitaceae Pinus peuce Griseb. PINHEIRO-DA- MACEDÔNIA 0,8 Folhas Nikolic et al, 2008 25. Piperaceae Piper aduncum PIMENTA DE MACACO 5,1 Folhas Rali et al, 2007 26. Piperaceae Piper gaudichaudianum JABORANDI 16,5 Folhas Péres et al, 2009 27. Lamiaceae Plectranthus amboinicus Lour. HORTELÃ- GRAUDA 9,7 Folhas Senthilkum ar et al, 2010 28. Lamiaceae Plectranthus incanus L. 8,6 Folhas e inflorescênci a Padalia et al, 2011 29. Lamiaceae Plectranthus rugosus Wall. BOLDO 6,6 Folhas e inflorescênci a Padalia et al, 2011 30. Burseraceae Protium giganteum Engl AMESCLA GRANDE 6,4 folhas De Freitas et al, 2011 31. Fabaceae Retama raetam (Forssk.) Webb VASSOURA BRANCA 29,3 Flores Ediziri et al, 2010 32. Ericaceae Rhododendron anthopogon D. Don. CITRONELA DE JAVA 4,1 Folhas Guleria et al, 2011 33. Lamiaceae Salvia chionantha Boiss. 4,8 Folhas Tel et al, 2010 34. Lamiaceae Salvia officinalis SALVA-RUBRA 1,9- 8,9 5,1-13,3 Folhas Partes aéreas Ben et al, 2009 Lima et al, 2004, Santos et al, 2003 25 35. Burseraceae Santiria trimera (Oliv.) Aubrév. 34,6 Folhas Bikanga et al, 2010 36. Apiaceae Seseli bocconi Guss 17,7 Folhas Marongiu et al, 2006 37. Solanaceae Solanum erianthum D. Don FUMO BRABO 23,1 Frutos Essien et al, 2011 38. Solanaceae Solanum macranthum Dunal ÁRVORE BATATA 36,5 Frutos Essien et al, 2011 39. Lamiaceae Stachys cretica L. 3,1 Partes aéreas Ozturk et al, 2009 40. Myrtaceae Syzygium aromaticum (L.) Merr. & L.M.Perry CRAVO DA ÍNDIA 4,1 Botões Florais Monteiro et al, 2002 41. Lamiaceae Teucrium quadrifarium Buch.-Ham 5,9 Folhas Mohan et al, 2010 42. Lamiaceae Teucrium royleanum Wall ex. Benth. 5,7 Folhas Mohan et al, 2010 43. Cupressaceae Thuja orientalis L. ÁRVORE DA VIDA 5,6 Folhas Guleria et al, 2008 44. Myrtaceae Ugni myricoides (Kunth) 4,6 Folhas Quintão et al, 2010 45. Zingiberaceae Zingiber nimmonii (J. Graham) Dalzell 27,7 Rizoma Sabulal et al, 2006 46. Zingiberaceae Zingiber zerumbet Sm.(Awapuhi) GENGIBRE-AMARGO 31,9 Rizoma Sutthanont et al, 2010 Com o propósito de determinar nas plantas existentes no horto de plantas medicinais Prof. Francisco José de Abreu Matos da Universidade Federal do Ceará (HPM-UFC), aquelas com maiores teores de α-humuleno e assim selecionar as que seriam estudadas, foi realizado outro levantamento bibliográfico utilizando as ferramentas de busca SciFinder2007 e Scopus.com utilizando como palavra-chave o 26 nome científico das plantas. De 156 plantas pesquisadas, 42 tinham relatos na literatura da presença do composto desejado e várias destas, não tinham sido localizadas na busca anterior apresentada acima. Estes dados das espécies cultivadas no HPM-UFC que a literatura relata conter α- humuleno em sua composição, encontram-se na tabela 2, dispostas em ordem alfabética pelo nome científico. As espécies que se encontram em negrito, foram selecionadas para serem trabalhadas observando três indicadores: o teor de α- humuleno, o rendimento de óleo descritos nos relatos da literatura e a disponibilidade da planta no HPM-UFC. Tabela 2-- Lista das plantas cultivadas no HPM-UFC que apresentam α- humuleno em sua composição, dispostas em ordem alfabética por espécie Família NOME CIENTÍFICO TEOR (%) PARTE DA PLANTA REFERÊNCIAS 47. Asteraceae Ageratum conizoides L. MENTRASTO (TIPO TARDIO) 0,47 0,66 Folhas Folhas Nébié et al, 2004 Kasali et al, 2002 48. Verbenaceae Aloysia virgata LIXINHA 2,70 11,70 Folhas e galhos Folhas Ricciardi et al, 2005 Pino et al, 2004 49. Zingiberaceae Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt & Smith COLÔNIA 1,40 0,10 Semente s Rizoma Lin et al, 2008 Bin Jantan et al, 2003 50. Asteraceae Ambrosia artemisiaefolia L. ARTEMÍSIA (DA TERRA) 4,90 Folhas Tsubaki et al, 1966 51. Asteraceae Artemisia vulgaris L ARTEMÍSIA COMUM. 1,40 8,80 Semente s Partes aéreas Govindaraj et al,2008 Blagojevic et al, 2006 52. Meliaceae Azadirachta indica A. Juss. NEEM 3,70 Flores Aromdee et al, 2005 53. Asteraceae Centratherum punctatum Cass. PERPÉTUA-ROXA 2,40 Flores Craveiro et al, 1986 54. Asteraceae Croton zehntneri Pax et Hoff. CANELINHA 0,20 Folhas Fontenelle et al, 2008 55. Poaceae Cymbopogon citratus Stapf. 0,26 Partes Shahi et al, 2005 27 CAPIM-SANTO aéreas 56. Poaceae Cymbopogon winterianus Jowit CAPIM-CITRONELA 0,10 0,20 Partes aéreas folhas Lorenzo et al,2000 Rao et al,2004 57. Cyperaceae Cyperus esculentus L. JUNÇA 1,50 Folhas Kubmarawa et al, 2005 58. Asteraceae Eclipta prostrata L. AGRIÃO-DO-BREJO 11,23 31,80 Folhas, galhos e flores folhas e galhos Chang et al, 2009 Ogunbinu et al, 2009 59. Myrtaceae Eucalyptus citriodora Hook. EUCALIPTO-LIMÃO 0,10 Folhas Rao et al, 2003 60. Myrtaceae Eucalyptus tereticoris Smith. EUCALIPTO-MEDICINAL DO NORDESTE 0,07 Folhas Singh et al, 2009 61. Myrtaceae Eugenia uniflora L. PITANGA 0,30 0,30 Folhas Frutos Ogunwande et al, 2005 62. Labiatae Hyptis suaveolens Poit. BAMBURRAL 0,50- 3,20 1,53 Folhas Partes aéreas Tripathi et al, 2009, Eshilokun, et al 2005, Tchoumbougnang et al, 2005 Nantitanon et al, 2007 63. Convovulace ae Ipomoea batatas Poir. BATATA-DOCE-GERIMUM 3,40 0,70 Folhas Galhos Junior et al, 2009 64. Verbenaceae Lantana camara L. CAMARÁ-CHUMBINHO 3,10- 21,80 10,70 Flores Folhas Randrianalijaona et al, 2006, Abdel-Hady et al; 2005, Peyron et al,1972 Silva et al, 1999 65. Verbenaceae Lippia alba (Mill.) N.E. Brown (tipo mirceno-citral) CIDREIRA-BRAVA 0,10- 2,30 0,90 Folhas Partes aéreas Hennebelle et al,2006 Fischer et al, 2004 Bahl et al, 2000 Craveiro et al, 1981 Lorenzo et al,2001 28 66. Verbenaceae Lippia sidoides Cham. ALECRIM-PIMENTA 0,56 Folhas Fontenelle et al, 2007 67. Verbenaceae Lippia thymoides Mart. et Schau. ALECRIM-MIÚDO-DE- CHEIRO 0,60- 3,00 4,90 Folhas Flores Mevy et al, 2007 Kasali et al, 2004 68. Lamiaceae Mentha pulegium L. POEJO 0,20 Vian et al, 2008 69. Lamiaceae Mentha X piperita L. HORTELÃ-PIMENTA 0,50 Folhas Dwivedi et al, 2004 70. Lamiaceae Mentha X piperita var. citrata (Ehrh) Briq VERGAMOTA 0,16 Flores Kowalski et al, 2009 71. Lamiaceae Mentha X villosa Huds. HORTELÃ-RASTEIRA 0,51 Folhas Martins et al, 2007 72. Lamiaceae Ocimum americanum L. MANJERONA 1,19 Planta Omer et al, 2008 73. Lamiaceae Ocimum basilicum var. purpurascens Benth. MANJERICÃO-ROXO 1,60 Folhas Trevisan et al,2006 74. Lamiaceae Ocimum gratissimum L. ALFAVACA-CRAVO 0,50 0,40 Folhas Folhas Interaminense et al, 2007 Freire et al, 2006 75.Lamiaceae Ocimum micranthum Willd ALFAVACA MIUDA 0,26- 3,30 Folhas Trevisan et al,2006 Silva et al,2004, Sacchetti et al, 2004 76. Lamiaceae Ocimum selloi Benth. ELIXIR PAREGÓRICO 0,90 Folhas Silva et al, 2004 77. Lauraceae Persea americana Mill ABACATEIRO 5,00 5,90 Folha Fruto Ogunbinu et al,2007 Sinyinda et al,1998 78. Lamiaceae Plectranthus grandis (Cramer) R.H.Willense MALVA-SANTA- GRANDE 2,50- 3,80 Folhas Lima et al,2007 79. Lamiaceae Plectranthus ornatus Cold BOLDO-GAMBÁ 2,90- 3,30 Folhas Lima et al,2007 80. Myrtaceae Psidium guajava L. var. pomifera L. GOIABEIRA- VERMELHA 2,40 1,10 Folhas Folhas e talos finos Ogunwande et al, 2003 Da Silva et al, 2003 29 Figura 2- Persea americana Mill Fonte: MGV Silva 81. Lamiaceae Rosmarinus officinalis L. ALECRIM-VERDADEIRO 0,20- 3,12 1,10 0,20 Folhas Frutos verdes Frutos maduros Cassel et al,2009 Viuda-Martos et al, 2008 Papachristos et al, 2004 82. Anacardiacea e Schinus terebinthifolius Raddi AROEIRA-DA-PRAIA 0,44 Folhas Tucker et al, 1998 83. Anacardiacea e Spondias aff. tuberosa Arr. Com CAJÁ-UMBU. 1,80 Fruto Ceva-Antunes et al, 2003 84. Anacardiacea e Spondias mombim Jacq. CAJAZEIRA 6,67 Folhas Nieves et al, 1992 85. Asteraceae Tagetes minuta L. CRAVO- DE-DEFUNTO-MIÚDO 1,40 Folhas Gillij et al, 2008 86. Asteraceae Vernonia condensara Baker. ALUMÃ 3,10 Partes aéreas Albuquerque et al, 2007 87. Verbenaceae Vitex agnus-castus L. PIMENTA-DOS-MONGES 0,10 Folhas Zoghbi et al, 1999 88. Zingiberiacea e Zingiber officinale Roscoe. GENGIBRE 0,22 Rizoma Onyenekwe et al, 1999 2.2-Considerações sobre as espécies selecionadas para estudo 2.2.1- Persea americana Mill Nome popular: Abacateiro Árvore de copa arredondada e densa, de 7-12 m de altura, nativa da América Central. Folhas simples, cartáceas, de 7-16 cm de comprimento. Flores pequenas, perfumadas, de cor verde-amarelada, reunidas em racemos axilares e terminais. Os frutos são drupas piriformes, ovuladas ou globosas dependendo da variedade, com polpa carnosa e comestível. É originária da América Tropical na 30 Figura 3- Eclipta prostata L Fonte: MGV Silva região compreendida entre o México e o Peru, tendo sido introduzido no Brasil em 1809. A polpa dos frutos, comprovadamente nutritiva, é considerada na medicina tradicional como carminativa e útil contra o ácido úrico, enquanto os chás obtidos das folhas, da casca e das sementes raladas são considerados úteis como diurético, anti- reumático, carminativo, antianêmico, antidiarréico e antiinfeccioso para rins e bexiga, além de estimulante da vesícula biliar, estomáquico, emenagogo e balsâmico. (MATOS; 2007). 2.2.2- Eclipta prostrata L. Nome popular: Agrião-do-brejo Grande erva erecta cosmopolita tropical. Espontânea nos ambientes úmidos em todo Brasil, inclusive no Nordeste. Tem caule e ramos erectos finos, lenhosos, articulados, com flores em capítulos cônicos de bordos esbranquiçados, parecidos com botões de blusa para mulheres. Seu uso é indicado para o tratamento dos estados caracterizados por queda das defesas orgânicas e nos casos de necessidade de proteção hepática como ocorre, por exemplo, durante a administração de medicamentos de ação tóxica para o fígado ou após o uso de substâncias tóxicas e, especialmente, no tratamento dos casos de hepatite e suas conseqüências (LORENZI, 2008). 2.2.3- Ocimum gratissimum L Nome popular: Alfavaca-cravo A planta é um subarbusto aromática com até 1 m de altura, originária do Oriente, e subespontâneo em todo o Brasil do qual existem diversos quimiotipos. Figura 4- Ocimum gratissimum L. Fonte: MGV Silva 31 Figura 5- Ambrosia artemisiaefolia L. Fonte: MGV Silva Possui folhas ovalado-lanceoladas e flores pequenas roxo-pálidas dispostas em racimos paniculados erectos e curtos. O fruto é uma pequena cápsula seca possuindo 4 sementes. Suas folhas e ramos são aromáticos e usados empiricamente nas práticas de medicina caseira como estimulante, carminativa e diurética, tendo também indicação de uso contra a tosse e, na forma de banhos, contra gripe em crianças, moléstias nervosas e paralisias. É também um excelente tempero culinário, para carnes e massas (MATOS, 2007). 2.2.4- Ambrosia artemisiaefolia L. Nome popular: Artemísia (da terra) Planta subarbustiva, de caule piloso com pouco mais de 1 m de altura, folhas multifendidas de lóbulos finos, canescentes, de margem inteira de 7-12 cm de comprimento. Flores em capítulos subglobosos, amarelos, agrupados em panículas. Cresce espontaneamente em locais pedregosos da Europa, Ásia e norte da África. É usada como medicação nos casos de perda de apetite, distúrbios da digestão, do fígado e da vesícula biliar e pode ser feito na forma de chá. Para uso externo nos casos de pequenos ferimentos e picadas de insetos, o tratamento é feito com o uso de lavagens e compressas locais (MATOS; 2007). 2.2.5- Plectranthus ornatus Cold Nome popular: Boldo-gambá É uma planta herbácea, perene, ramificada, muito aromática, conhecida também como boldo pequeno, boldo cheiroso, boldo rasteiro ou boldo gambá. Possui folhas pequenas quase triangulares, dispostas compactamente, pouco Figura 6- Plectranthus ornatus Cold Fonte: MGV Silva 32 Figura 8- Aloysia virgata Juss. Fonte: MGV Silva amargas, de odor forte e inflorescência racemosa de coloração violeta. Suas folhas são utilizadas para o tratamento de insuficiência hepática, dispepsia e dores no estômago (LORENZI, 2008). 2.2.6- Lantana camara L. Nome popular: Camará-chumbinho Arbusto perene, ereto, aromático, muito ramificado,de 0,5-2,0 m de altura, nativa de todo o Brasil. Folhas simples, ásperas, de 5-9 cm de comprimento. Flores de cores variadas, reunidas em espigas curtas com aspecto de capítulo. Os frutos são drupas ovoides. Muito vigorosa e persistente, é considerada planta daninha em áreas de pastagens, além de ser considerada tóxica para o gado vacum e carneiros. É também utilizada na medicina caseira em muitas regiões do Brasil. Suas folhas são consideradas como tônica, sudorífica, antipirética, sendo indicadas para problemas bronco- pulmonares e reumatismo, bem como para sarnas, na forma de banho (LORENZI, 2008). 2.2.7- Aloysia virgata Juss. Nome popular: Lixinha É delgada, densamente ramificada, possui de 3 a 10 metros de altura, nativa da Argentina e cultivada também no Rio Grande do Sul. Possui fragrância nas folhagens e suas flores aparecem na primavera e possuem cores que variam do branco ao amarelo (SERRAGLIO et at, 2007). É considerada planta melífera sendo visitada por várias espécies de abelhas. O estudo químico das folhas e caule de A. virgata permitiu isolar dois cauranos (hoffmaniacetona e Figura 7- Lantana camara L Fonte: MGV Silva 33 seu acetato), dois feniletanoides (verbascosídeo e arenariosídeo) e o flavonol luteolina (VANDRESEN, 2010). CAPÍTULO 3: MATERIAL E MÉTODOS 34 3.MATERIAL E MÉTODOS 3.1- Coleta Folhas frescas de Persea americana Mill, Eclipta prostrata L, Ocimum gratissimum L, Ambrosia artemisiaefolia L, Plectranthus ornatus Cold e Lantana camara L, foram coletadas de 9 às 10h, no mês de setembro de 2010 no Horto de Plantas Medicinais Prof. Francisco José de Abreu Matos da Universidade Federal do Ceará. As amostras das folhas de Aloysia virgata (R. et P.) Juss foram coletadas de 9 às 10h, no mês de fevereiro de 2011 no Apiário da Universidade Federal do Ceará, Campus do Pici. 3.2- Extração dos óleos essenciais Os óleos essenciais das espécies selecionadas foram extraídos por hidrodestilação (890 g para Aloysia virgata e 1kg para as outrasespécies) em aparelho de Clevenger modificado e por arraste a vapor (1,205 kg para Aloysia virgata e 2kg para as outras espécies) em aparelho convencional de vidro por cerca de 2 horas. O óleo foi seco com sulfato de sódio anidro e calculado seu rendimento. 3.3- Análise dos óleos essenciais Os óleos essenciais obtidos foram analisados através de cromatografia gás- líquido acoplada a espectrômetros de massas (CG/EM) , em aparelho HP 5971 provido de coluna capilar de dimetil-fenil siloxano com 25,0 cm de comprimento, 0,20 mm de diâmetro interno e 0,30 mm de diâmetro externo, utilizando-se um gradiente de temperatura de 4 ºC/min de 180 a 280 ºC, tendo Hélio como fase gasosa, sendo a 35 temperatura do injetor de 250 ºC. E por cromatografia gás-líquido com detector de ionização de chama (CG/FID), em aparelho SHIMADZU 17ª GC/FID provido de coluna capilar de dimetil-fenil siloxano com 25,0 cm de comprimento, 0,20 mm de diâmetro interno e 0,30 mm de diâmetro externo, utilizando-se um gradiente de temperatura de 4 ºC/min de 180 a 280 ºC, tendo Hidrogênio como fase gasosa, sendo a temperatura do injetor de 230 ºC 3.4- Extração das amostras As amostras das folhas (305g) da Aloysia virgata (R. et P.) Juss foram trituradas e colocadas separadamente em contato com hexano bruto e posteriormente, essas colocadas em contato com etanol bruto obtendo-se as quantidades de 6,4352g para o extrato hexânico e 34,2769g para o etanólico. 3.5- Isolamento Parcial do α-humuleno 3.5.1- Material Utilizado Os neutros do óleo essencial de cravo foram cedidos pelo Parque de Desenvolvimento Tecnológico (PADETEC), localizado na Universidade Federal do Ceará, para o isolamento do α-humuleno, pois o mesmo apresentava maior rendimento tanto de óleo quanto do constituinte procurado. 3.5.2- Métodos Cromatográficos 3.5.2.1- Cromatografia em Camada Delgada (CCD) As análises por cromatografia de adsorção em camada delgada (CCD) foram realizadas utilizando-se cromatoplacas de gel de sílica sobre poliéster T-6145 da SIGMA CHEMICAL CO, com camada de 250 µm de espessura e dimensões de 20 x 20 cm e cromatofolhas comerciais de gel de sílica 60 da Sigma Chemical CO (com indicador de fluorescência na faixa de 254 µm). O eluente utilizado foi o mesmo descrito por Croteau & Gundy (1984) que consistia na mistura de benzeno: éter etílico: hexano na proporção de 50: 10: 40. Os solventes utilizados apresentavam qualidade P.A. A revelação das substâncias nas cromatoplacas foi realizada utilizando-se o método físico de exposição à radiação de luz ultravioleta (UV) em dois comprimentos 36 de ondas 312 nm e 365 nm obtidos em lâmpada modelo UVLS-28 da Sovereign Computer Systems; e também por método químico: com ácido sulfúrico (H2SO4) 10% em etanol P.A., seguido de aquecimento em estufa a 100 o C por cerca de 5 min ou secador. 3.5.2.2- Cromatografia em Coluna por Adsorção A técnica de cromatografia de adsorção em coluna aberta foi utilizada na purificação dos neutros do óleo essencial do cravo. O comprimento e o diâmetro das colunas variaram de acordo com as quantidades de gel de sílica e de material a ser tratado. A fase estacionária (adsorvente) usada foi: gel de sílica 60 da Merck (230-400 mesh, para cromatografias gravitacionais) para cromatografia em coluna de fase normal. Os eluentes utilizados nesses procedimentos foram hexano e clorofórmio, seguindo a ordem crescente de polaridade. 3.5.2.3- Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) O óleo essencial do cravo e suas frações obtidas após a cromatografia em coluna por adsorção foram analisadas por CLAE-PDA (Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com detector PDA) usando coluna cromatográfica LUNA C18 (5 µm) de marca Phenomenex, com dimensões de 250 x 4,6 mm, mantendo-se fluxo de 1mL/min. de acetonitrila: metanol: 0,01M ortofosfato monopotássico (25: 50: 25) como fase móvel, com comprimento de onda de 254 nm e pressão de 180 Kgf/cm 2 . 3.6.- Tratamento Cromatográfico do Óleo Essencial do Cravo O óleo essencial do cravo (2,0 g) foi adsorvido em 4,0 g de gel de sílica, pulverizada em gral de porcelana e devidamente acondicionada sobre 40,0 g de gel de sílica em coluna cromatográfica. Usando como solvente hexano e clorofórmio puros ou em combinações binárias seguindo uma escala crescente de polaridade. As amostras foram reunidas segundo os resultados observados pela análise em CCD de acordo com a semelhança dos Rf. As frações eluídas com hexano e com hexano: clorofórmio (80: 20) foram analisadas por CLAE-UVvis. 37 Sucessivas colunas cromatográficas mantendo as mesmas condições cromatográficas foram realizadas com o intuito de acumular material para o isolamento do α–humuleno. Outra metodologia também foi realizada para um tratamento prévio do óleo essencial do cravo. Após a análise do óleo por CCD, verificou-se duas manchas de maiores concentrações separadas por alguns centímetros ao ser eluída com benzeno: éter etílico: hexano (5: 1: 4). O óleo foi então submetido à separação utilizando-se como técnica a cromatografia planar preparativa. As placas foram previamente deixadas na estufa à 120°C por 10 min, a amostra foi dissolvida na menor quantidade de solvente (clorofórmio) e foi realizada a aplicação do material em 2 placas. A placa após ser eluída em benzeno: éter etílico: hexano (5:1:4) apresentava-se de forma bastante resolvida, pois as faixas podiam ser vistas utilizando-se o método físico de exposição à radiação de luz ultravioleta (UV) apresentando uma distância, considerável entre elas. Desta forma as faixas foram retiradas das placas por raspagem e deixadas em contato com clorofórmio, depois filtrado e submetido à evaporação em evaporador rotativo à pressão reduzida. Após serem separadas por cromatografia planar preparativa, as amostras foram analisadas por CLAE-UVvis . 3.7- Ensaios Biológicos 3.7.1- Avaliação da Atividade Antiinflamatória Este ensaio foi realizado na faculdade de farmácia, sob a orientação da Profa. Dra. Luzia Kalyne A. M. Leal. 3.7.1.1- Efeito sobre a Ativação de Neutrófilo mensurada pela Concentração de Mieloperoxidase Obtenção de Neutrófilo. O isolamento dos PMNs (células polimorfonucleares) predominantemente neutrófilo (aproximadamente 90 %) foi realizado conforme descrito por Lucisano (1984). Para tanto, será utilizado concentrado de leucócitos humano doado 38 pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (HEMOCE). A viabilidade celular será determinada pela técnica de Azul Tripan a 2%. 3.7.1.2- Desgranulação de neutrófilo humano mensurada pela concentração de mieloperoxidase (MPO) Degranulação de neutrófilo. A suspensão de neutrófilo (2,5 x 10 6 céls/mL) será incubada durante 15 min a 37°C com as drogas testes (1, 10, 25, 50 e 100 g/mL), veículo (controle) ou salina (NaCl 0,9%). A seguir será adicionado forbol-12-miristato- 13-acetato (0,1 μg/mL) ou citocalasina B (10 C)/ N-formil-metionil-leucil- fenilalanina (10 nmol L -1 ). O sobrenadante obtido, rico em enzimas liberadas pela desgranulação leucocitária, será adicionado PBS (100 L), tampão fosfato (50 L) e H2O2 (0,012%). Decorridos 5 min a 37 °C será acrescido 20 L de 3,3’,3,5’- tetrametilbenzidina (TMB, 1,5 mmol L -1 ) e a reação será interrompida pela adição de 30 L de acetato de sódio (1,5 M; pH 3,0). A absorbância será determinada em 620 nm. A construção de uma curva padrão pela adição de quantidades crescentes de MPO (0,125 - 3 U/mL) permitirá relacionar a absorbância com as unidades enzimáticas/mL. Os resultados serão expressos como percentual de inibição da liberação de MPO (ÚBEDA et al., 2002). 3.7.1.3- Análise Estatística A análise estatística foi realizada com auxílio do programa Graph Pad Prism 5.0 (USA). Os resultados serão expressos como média erro padrão da média(EPM) ou desvio padrão (DP), ou ainda como média e coeficiente de variação (%). As médias serão comparadas utilizando o teste "t" de Student, comparação entre duas médias, ou a análise de variância (ANOVA), onde a significância dos contrastes entre as médias serão estudadas pelo teste de Tukey. O critério de significância será de p<0,05. 39 3.7.2- Avaliação do Potencial Antioxidante 3.7.2.1- Avaliação Qualitativa da Capacidade Sequestradora de Radicais Livres (DPPH) Os ensaios para avaliação qualitativa da capacidade seqüestradora de radicais livres frente ao radical sintético 1,1-difenil-2-picril-hidrazila (DPPH) foram realizados de acordo com a metodologia descrita por Soler-Rivas e cols. (2000). Após dissolução dos óleos essenciais (10 mg/mL), 2 µL de cada amostra foram aplicados em cromatoplaca (sílica gel 60 F254, MERCK) e imersa, durante 10 segundos, em solução metanólica a 0,4 mM do radical sintético DPPH, em seguida seca a temperatura ambiente. O surgimento de manchas amareladas, sob um fundo roxo nos spots das amostras, sugeriu resultado positivo. Neste experimento, eugenol (2 µL, 2 mg/mL em MeOH) foi utilizado como controle positivo. 3.7.2.2- Preparo das Soluções das Amostras As soluções das amostras de óleos essenciais foram preparadas na concentração de 1,0 mg/mL em MeOH. Foram testadas no mínimo cinco concentrações que variaram de 500 a 100 µg/mL. Para as soluções do extrato etanólico da Aloysia virgata Juss as concentrações variaram de 500 a 900 µg/mL. 3.7.2.3- Avaliação Quantitativa da Atividade Antioxidante Alíquotas de 0,1 mL das soluções das amostras foram individualmente colocadas em ependorfs etiquetados e adicionadas a cada uma delas 0,9 mL da solução de DPPH (100 µMol/L). As soluções foram protegidas da luz, homogeneizadas, deixadas por 30 min em repouso e, em seguida, retirados 200 µL de cada solução para serem aplicados na microplaca. As leituras foram realizadas no mínimo de cinco concentrações (500 a 40 100 µg/mL). Neste ensaio, o radical estável DPPH absorve entre 515-528 nm (cor violeta). A medida de absorbância dessa solução violeta foi feita, em duplicata, a 515 nm, Leitora de Elisa Thermoplate. Um estudo cinético da absorção do extrato etanólico da Aloysia virgata Juss foi realizado com uma variação de tempo de 0 à 60 min, nas diferentes concentrações. 3.7.3- Teste Larvicida (utilizando as larvas de Aedes aegypti) Neste teste avaliou-se o potencial larvicida dos óleos essenciais. Para isto, foram utilizados dois tipos de larvas; as denominadas Rockfeller, que funcionaram como grupo controle, por se tratar de uma população de larvas que não foram colocadas em contato com nenhuma substância química e as denominadas PAN, que é uma população de larvas resistentes obtidas no bairro Panamericano em Fortaleza-Ce. Essas larvas foram cedidas pelo NUVET (Núcleo de Vetores) da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará. O ensaio foi realizado de acordo com Gadelha e Toda (1985), foram colocadas 25 larvas de Aedes aegypti de 3º estágio dos dois grupos em contato com as soluções de 100, 250, 500 e 1000 ppm dos óleos com água(19,7 mL) e DMSO (0,3 mL) por um período de 24h. Logo após esse período foram feitas as contagens das larvas que morreram. Os testes foram feitos em triplicata. 3.7.4- Teste de atividade acetilcolinesterásica Este ensaio é baseado segundo Ellman et al. (1961), adaptado para CCD por Rhee et al. (2001). É considerado um método colorimétrico e que pode ser utilizado de forma qualitativa e quantitativa (no caso desse trabalho, foi utilizado apenas o modo qualitativo). É um método rápido e sensível para a seleção de amostras com ação anticolinesterásica. A metodologia de Rhee et al. (2001), utiliza uma alíquota de 2,5 L dos extratos (10mg/mL) aplicados em uma cromatoplaca. Após a evaporação dos solventes, borrifou-se uma mistura (1:1) de iodeto de acetiltiocolina (ATCI) 1mmol.L -1 com o reagente de Ellman [ácido 5,5’ – Ditiobis-(2-nitrobenzóico, DTNB, 1 mmol.L -1 ], deixando em repouso por 3 min para a secagem da placa. Em seguida, borrifou-se a 41 enzima acetilcolinesterase 3 U/mL. Após um período de 10 minutos, ocorre o surgimento de uma coloração amarela na placa, porém onde houve inibição da enzima, observou-se um halo branco em torno dos “spots” onde foram aplicadas as amostras. Em 20 - 30 min a coloração desapareceu. 42 CAPÍTULO 4: RESULTADOS E DISCUSSÃO 43 4.RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1- Obtenção do Óleo Essencial Os óleos essenciais das folhas de Persea americana Mill, Eclipta prostrata L, Ocimum gratissimum L, Ambrosia artemisiaefolia L, Plectranthus ornatus Cold, Lantana camara L e Aloysia virgata (R. et P.) Juss foram obtidos e seus rendimentos calculados em relação a matéria seca. Os resultados podem ser observados na Tabela 3. Tabela 3- Rendimento de óleo essencial obtido das folhas das espécies selecionadas por hidrodestilação e por arraste NOME CIENTÍFICO NOME COMUM QUANT. (g) Umidade % RENDIMENTO % HD AV HD AV Aloysia virgata (R. et P.) Juss. Lixinha 0,4022 1,8702 76,84 0,20 0,67 Ambrosia artemisiaefolia L Artemísia (da Terra) 0,6400 0,8560 71,49 0,23 0,15 Eclipta prostrata L Agrião-do- brejo 0,0410 0,0515 78,31 0,02 0,02 Lantana camara L Camará- chumbinho 0,2032 1,2942 58,12 0,05 0,15 Ocimum gratissimum L Alfavaca-cravo 5,3962 11,002 4 73,07 2,00 2,04 Persea americana Mill Abacateiro 0,0500 - 58,73 0,01 - Plectranthus ornatus Cold Boldo-gambá 0,1217 0,0511 90,00 0,12 0,03 AV: Técnica de extração por arraste à vapor HD: Técnica de extração por hidrodestilação 4.2- Análise dos Óleos Essenciais Os óleos obtidos foram analisados por CG-EM e CG-FID, fornecendo os cromatogramas e espectros de massas abaixo. A análise dos cromatogramas, permitiu identificar os compostos listados nas tabelas de 4 a 10. 44 4.2.1- Persea americana Mill Figura 9- Cromatograma do óleo essencial da Persea americana Mill pela técnica da hidrodestilação Tabela 4- Composição Química do óleo essencial das folhas de Persea americana Mill CONSTITUINTES TR MM TEOR (%) HD D-limoneno 6,350 136 0,66 1,8-cineol 6,458 154 2,41 2-pinen-7-ona 9,483 150 0,74 Terpinen-4-ol 11,883 154 3,75 α-cubebeno 19,458 204 1,24 α-copaeno 20,808 204 4,71 β-cubebeno 21,408 204 1,58 β-elemeno 21,500 204 0,70 β-cariofileno 22,858 204 34,62 α-humuleno 24,550 204 5,18 Germacreno D 25,775 204 5,15 45 Cubenol 26,500 222 1,88 α-muuroleno 26,667 204 0,72 8-isoprenil-1,5- dimetilciclodeca-1,5- dieno 26,992 204 0,88 α-muurolol 27,417 222 2,06 δ-cadineno 27,583 204 7,95 β-cadineno 27,758 204 0,60 Germacreno B 29,333 204 1,83 Cariofileno epoxido 30,383 220 2,85 8-cedreno 32,525 204 1,42 α-cadinol 33,208 222 1,63 TR: Tempo de Retenção MM: Massa molar HD: Técnica de extração por hidrodestilação O constituinte majoritário de Persea americana Mill é o 4,11,11-trimetil-8- metilenobiciclo (7.2.0)undec-4-eno (β-cariofileno) cujo o espectro de massas e representação da estrutura encontram-se na Figura 22. Em Persea americana Mill foi encontrado teor de α-humuleno (5,18% por HD), cujo espectro de massas e estrutura encontra-se na Figura 26. Valor semelhante foi encontrado por Ogunbinu, 2007, que obteve um teor de 5,0% nas folhas dessa mesma planta. 4.2.2- Ambrosia artemisiaefolia L 46 Figura 10- Cromatograma do óleo essencial da Ambrosia artemisiaefolia L pela técnica da hidrodestilação Figura 11- Cromatograma do óleo essencial da Ambrosia artemisiaefoliaL pela técnica de arraste a vapor Tabela 5- Composição química do óleo essencial das folhas de Ambrosia artemisiaefolia L Constituintes TR MM Teor (%) AV Teor (%) HD Limoneno 6,358 136 0,50 0,35 1,8-Cineol 6,467 154 1,74 1,16 γ-Terpineno 7,233 136 0,11 - Hidrato de (cis)-Sabineno 7,642 154 0,95 1,16 Verbenona 8,700 150 1,14 2,73 2-Etil-5,5-Dimetil-1,3- Ciclopentadieno 8,950 122 1,35 1,62 Crisantenona 9,508 150 18,92 11,59 2-p-meten-1-ol 9,608 154 - 0,03 47 TR: Tempo de Retenção MM: Massa Molar AV: Técnica de extração por arraste à vapor HD: Técnica de extração por hidrodestilação O constituinte majoritário da Ambrosia artemisiaefolia L identificado foi o mesmo para as duas técnicas, sendo o 2,3,4,7,8,8α-hexahidro-3,6,8,8-tetrametil-,(3R- (3α, 3α, 7β, 8α))-1H-3a, 7-metanoazuleno (cedr-8-eno) para o óleo obtido tanto por HD quanto por AV cujo o espectro de massas encontra-se na Figura 25 . 5,9-Dimetil-5,8-Decadien-2- one 10,292 180 0,22 - Cânfora 10,517 152 4,23 5,92 Verbenol 11,125 152 5,20 7,18 Borneol 11,533 154 3,80 6,20 Terpinen-4-ol 11,900 154 0,90 1,44 α-Terpineol 12,533 154 0,48 0,93 Trans-3-Caren-2-ol 13,267 152 0,16 0,26 α-Cubebeno 21,417 204 0,23 - β-Cariofileno 22,858 204 0,58 0,42 α-humuleno 24,558 204 0,38 0,32 4,11-seladieno 25,450 204 0,09 - Cedr-8-eno 25,817 204 20,20 15,39 β-Himachalene 25,967 204 2,56 - γ-Elemeno 26,500 204 12,72 12,09 Nerolidol 29,733 222 0,18 0,30 Espatulenol 30,200 220 0,15 0,31 γ-Eudesmol 32,717 222 0,21 0,45 α-Bisabolol 35,258 222 0,86 2,13 Fitol 47,925 296 1,82 2,22 48 Em Ambrosia artemisiaefolia L foi encontrado teor de α-humuleno nas duas técnicas (0,38% por AV e 0,32% por HD), porém, uma porcentagem maior foi encontrado por Tsubaki, 1966, que obteve um teor de 4,90% nas folhas dessa mesma planta. Esse resultado deve-se provavelmente a períodos ou horários de coleta diferentes. 4.2.3- Eclipta prostrata L. Figura 12- Cromatograma do óleo essencial da Eclipta prostrata L. pela técnica da hidrodestilação Figura 13- Cromatograma do óleo essencial da Eclipta prostrata L. pela técnica de arraste à vapor 49 Tabela 6- Composição química do óleo essencial das folhas da Eclipta prostrata L. Constituintes TR MM Teor (%) AV Teor (%) HD o-cimeno 6,225 134 1,84 1,74 Limoneno 6,358 136 3,82 0,25 1,8-cineol 6,458 154 - 0,36 2-pinen-7-ona 9,483 150 - 0,24 4-terpineol 11,982 154 - 0,16 Limoneno diepoxido 14,892 168 - 0,44 α-copaeno 20,808 204 - 0,42 β-cubebeno 21,408 204 - 0,37 β-cariofileno 22,858 204 51,53 39,73 α-humuleno 24,558 204 30,22 26,99 4,11-seladieno 25,442 204 - 0,40 Germacreno D 25,775 204 1,66 1,37 α-muurolol 26,508 222 - 0,08 Viridiflorol 30,402 222 - 9,05 α-bisaboleno 30,950 204 - 0,13 1-carboxadeíldo-3,4- dimetil-3-ciclohexeno 31,184 138 - 0,20 Epóxido de cariofileno 31,670 220 4,20 3,62 4,4-dimetiltetraciclo- (6,3,2,0)(2,5)0(1,8)tridecan- 9-ol 32,617 220 - 0,15 6,10,14-trimetilpentadecan- 2-ona 33,050 268 - 0,10 4,8,12,16- 47,850 324 - 0,44 50 tetrametilheptadecan-4- olido TR: Tempo de Retenção MM: Massa Molar AV: Técnica de extração por arraste à vapor HD: Técnica de extração por hidrodestilação O constituinte majoritário da Eclipta prostrata L. é o mesmo para as duas técnicas de extração, 4,11,11-trimetil-8-metilenobiciclo (7.2.0)undec-4-eno (β- cariofileno) cujo o espectro de massas e estrutura encontra-se na Figura 22. Observou- se, no entanto, uma variação quantitativa para este composto, sendo detectado 51,53 % por AV e 39,73 % por HD. Em Eclipta prostrata L. foram encontrados elevados teores de α-humuleno (30,22% por AV e 26,99% por HD), cujo espectro de massas e estrutura encontra-se na Figura 26. Valor semelhante foi encontrado por Ogunbinu, 2009, que obteve um teor de 31,8% nas folhas dessa mesma planta. Entre todas as plantas estudadas, essa foi a que apresentou o maior teor desse constituinte. 4.2.4- Lantana camara L Figura 14- Cromatograma do óleo essencial da Lantana camara L pela técnica de arraste à vapor 51 Figura 15- Cromatograma do óleo essencial da Lantana camara L pela técnica da hidrodestilação Tabela 7- Composição química do óleo essencial das folhas da Lantana camara L Constituintes TR MM Teor (%) AV Teor (%) HD Limoneno 6,333 136 2,49 9,04 1,8-cineol 6,442 154 0,43 0,89 Linalol 8,617 154 0,71 1,83 1,6-Dimetilhepta-1,3,5- trieno 9,473 122 - 0,30 α-cubebeno 20,783 204 9,30 6,33 α-bourboneno 21,142 204 0,79 0,50 β-cubebeno 21,383 204 1,15 1,01 β-elemeno 21,483 204 1,72 1,54 β-cariofileno 22,842 204 31,43 25,50 γ-cadineno 23,333 204 2,11 1,97 α-humuleno 24,525 204 2,06 1,87 aloaromadendreno 24,717 204 1,65 1,35 α-amorfeno 25,517 204 0,47 0,57 52 Germacreno D 25,767 204 24,08 13,46 Germacreno B 26,433 204 10,37 6,25 α-muuroleno 26,642 204 1,01 1,14 8-Isopropenil-1,5- dimetil-1,5- ciclodecadieno 26,967 204 2,52 2,37 δ-cadinol 27,400 222 0,54 1,87 δ-cadineno 27,558 204 4,06 2,91 γ-elemeno 29,300 204 0,67 0,89 Trans-nerolidol 29,725 222 - 0,37 Espatulenol 30,158 220 0,42 3,73 Epóxido de cariofileno 30,350 220 0,72 4,73 Cubenol 31,167 222 - 0,85 2-Isopropil-5-metil-9- metilene[4.4.0]dec-1- eno 33,168 204 - 1,22 α-cadinol 32,710 222 - 0,41 TR: Tempo de Retenção MM: Massa Molar AV: Técnica de extração por arraste à vapor HD: Técnica de extração por hidrodestilação O constituinte majoritário da Lantana camara L é o mesmo para os dois métodos de extração, 4,11,11-trimetil-8-metilenobiciclo (7.2.0)undec-4-eno (β- cariofileno). Observou-se, no entanto, uma variação quantitativa para este composto, sendo detectado 31,43% por AV e 25,50% através de HD. . Em Lantana camara L foram encontrados teores de α-humuleno (2,06% por AV e 1,87% por HD). Valor diferente foi encontrado por Silva, 1999, que obteve um teor de 10,70% nas folhas dessa mesma planta e para as flores Peyron, 1972, obteve um teor elevado de 21,80%. 53 4.2.5- Ocimum gratissimum L Figura 16- Cromatograma do óleo essencial do Ocimum gratissimum L pela técnica de arraste a vapor Figura 17- Cromatograma do óleo essencial do Ocimum gratissimum L pela técnica da hidrodestilação 54 Tabela 8- Composição química do óleo essencial das folhas do Ocimum gratissimum L Constituintes TR MM Teor (%) AV Teor (%) HD Limoneno 6,335 136 0,35 0,45 1,8-cineol 6,445 154 25,35 34,11 α-ocimeno 6,803 136 0,07 - α-terpineno 7,207 136 0,08 0,31 Hidrato de cis- sabineno 7,618 154 0,19 - Linalol 8,614 154 0,40 0,52 3,3-dimetil-6- metileno-1- ciclohexeno 8,918 122 0,03 - 2-pinen-7-ona 9,456 150 0,38 0,81 Cânfora 10,482 152 0,15 0,87 α-terpineol 11,429 154 0,31 0,57 Terpinen-4-ol 11,867 154 0,11 0,43 Eugenol 19,940 164 45,42 40,96 α-copaeno 20,798 204 0,30 - β-bourboneno 21,144 204 0,20 - β-elemeno 21,490 204 0,34 0,21 β-cariofileno 22,836 204 6,45 4,87 2-norpineno 23,576 204 0,07 - α-humuleno 24,523 204 0,97 0,79 Aromadedreno 24,718 204 0,19 - Germacreno D 25,753 204 2,92 2,32 β-guaieno 25,873 204 0,45 0,19 55 β-eudesmeno 26,126 204 8,41 6,88 α-selineno 26,456 204 2,89 2,19 8-isoprenil-1,5- dimetil-1,5- ciclodecadieno 26,964 204 0,66 0,51 Epóxido de Cariofileno 30,356 220 0,17 0,20 TR: Tempo de Retenção MM: Massa Molar AV: Técnica de extração por arraste à vapor HD: Técnica de extração por hidrodestilação O constituinte majoritário doOcimum gratissimum L é o mesmo para as duas técnicas consideradas, o 2-metoxi-4-(2-propenil)fenil (eugenol), sendo detectado 25,35% por AV e 34,11% por HD, cujo o espectro de massas e representação da estrutura encontra-se na Figura 28. De acordo com o relato na literatura (Silva, 2004) o α-humuleno mostrou-se presente nas folhas do Ocimum gratissimum com teor de 0,97% por AV e 0,79% por HD, valores próximos do apresentado na literatura. 4.2.6- Plectranthus ornatus Cold. F Figura 18- Cromatograma do óleo essencial do Plectranthus ornatus Cold pela técnica de arraste à vapor 56 Figura 19- Cromatograma do óleo essencial do Plectranthus ornatus Cold pela técnica da hidrodestilação Tabela 9- Composição química do óleo essencial das folhas do Plectranthus ornatus Cold Constituintes TR MM Teor (%) AV Teor (%) HD Limoneno 6,338 136 0,07 - 1,8-cineol 6,444 154 0,18 0,55 γ-terpineno 7,211 136 0,03 0,16 Terpinen-4-ol 11,867 154 0,10 1,82 p-cimeno 16,908 150 0,08 - α-cubebeno 19,453 204 0,80 0,81 α-copaeno 20,804 204 1,61 1,23 β-bourboneno 21,173 204 2,54 2,42 β-cubebeno 21,404 204 1,27 0,62 β-cariofileno 23,005 204 18,33 27,08 γ-cadineno 23,358 204 0,54 - 57 2-metileno-4,8,8-trimetil-4- vinil-biciclo[5.2.0]nonano 23,599 204 0,16 0,35 α-humuleno 24,558 204 2,03 1,53 Isocariofileno 24,732 204 0,29 - Germacreno D 25,146 204 0,18 4,04 β-himachaleno 25,837 204 12,30 - α-curcumeno 25,957 202 1,79 - γ-elemeno 26,524 204 5,95 - α-amorfeno 26,857 204 0,13 - β-elemeno 27,033 204 0,34 - α-muurolol 27,422 222 0,60 - δ-cadineno 27,593 204 1,53 1,46 Cis-nerolidol 27,980 222 0,07 0,33 Germacreno D-4-ol 30,235 222 0,66 - Epóxido de Cariofileno 30,428 220 4,21 6,49 Humulano-1,6-dien-3-ol 32,185 222 0,06 - α-Cedreno 32,511 204 0,15 0,31 4,4-dimetiltetraciclo- (6,3,2,0)(2,5)0(1,8)trideca n-9-ol 32,898 220 0,51 0,79 Tau-cadinol 33,417 222 0,04 0,88 α-cadinol 33,783 222 0,58 0,83 Isoaromadendreno epoxido 34,141 220 0,29 - Viridiflorol 34,390 222 0,43 0,77 α-bisabolol 35,248 222 0,82 - Fitol 47,924 296 2,13 - TR: Tempo de Retenção 58 MM: Massa Molar AV: Técnica de extração por arraste à vapor HD: Técnica de extração por hidrodestilação O constituinte majoritário de Plectranthus ornatus Cold é o mesmo para os dois métodos de extração, 4,11,11-trimetil-8-metilenobiciclo (7.2.0)undec-4-eno (β- cariofileno) com 18,33% para o óleo obtido por AV e 27,08% para o obtido por HD. Em Plectranthus ornatus Cold foram encontrados teores de α-humuleno (2,03% por AV e 1,53% por HD), valor semelhante foi encontrado por Lima, 2007, cujo óleo possuia entre 2,90-3,30% nas folhas dessa mesma planta 4.2.7- Aloysia virgata Juss. Figura 20- Cromatograma do óleo essencial da Aloysia virgata Juss pela técnica de arraste à vapor 59 Figura 21- Cromatograma do óleo essencial da Aloysia virgata Juss pela técnica da hidrodestilação Tabela 10-Composição química do óleo essencial das folhas da Aloysia virgata Juss. Constituintes TR MM Teor (%) AV Teor (%) HD δ-elemeno 21,658 204 5,71 1,95 β-bourboneno 23,750 204 1,97 - β-elemeno 24,067 204 1,14 - β-cariofileno 25,392 204 16,30 10,24 α-humuleno 26,750 204 10,91 4,34 Aloaromadendreno 27,033 204 4,63 1,59 β-cubebeno 28,050 204 15,51 - Elixeno 28,750 204 16,22 - 8-isoprenil-1,5-dimetil- ciclodeca-1,5-dieno 28,967 204 3,67 - γ-muuroleno 29,633 204 4,99 - Germacreno B 31,008 204 5,32 - Germacreno D-4-ol 31,742 222 0,73 - Espatulenol 31,867 222 3,34 28,74 60 Epóxido de Cariofileno 32,067 220 2,34 29,05 3,3-dimetil-2-(3-metil-1,3- butadienil)-cicloexano-1- metanol 33,100 206 - 7,26 TR: Tempo de Retenção MM: Massa Molar AV: Técnica de extração por arraste à vapor HD: Técnica de extração por hidrodestilação O constituinte majoritário de Aloysia virgata Juss é diferente para os dois métodos de extração, sendo o 4,11,11-trimetil-8-metilenobiciclo (7.2.0)undec-4-eno (β- cariofileno) com 16,30% para o óleo obtido por AV e o (epóxido de cariofileno) com 29,05% para o óleo obtido por HD, cujo o espectro de massas e representação da estrutura encontram-se na Figura 32. Em Aloysia virgata Juss foram encontrados teores de α-humuleno (10,91% por AV e 4,34% por HD), valor semelhante ao da técnica de AV foi encontrado por Pino, 2004, que apresentou um teor de 11,70% nas folhas dessa mesma planta. A tabela 11 contém o teor de α-humuleno das plantas selecionadas obtido neste trabalho. Em relação a composição relatada na literatura, observou-se que os dados de α-humuleno obtidos pela técnica de arraste a vapor e hidrodestilação apresentam valores aproximados dos dados registrados, embora diferenças também possam ser encontradas e que podem ser atribuídas a vários fatores como condições edafoclimáticas, estágio de vida entre outros. 61 Tabela 11- Lista das plantas selecionadas do Horto de Plantas Medicinais Prof. Francisco José de Abreu Matos e comparação do teor de α-humuleno NOME CIENTÍFICO TEOR DE - HUMULENO (%) (LITERATURA) PARTE DA PLANTA TEOR AV (%) TEOR HD (%) 1. Aloysia virgata (R. Et P.) Juss. LIXINHA 11,70 Folhas 10,91 4,34 2. Ambrosia artemisiaefolia L. ARTEMÍSIA (DA TERRA) 4,90 Folhas 0,38 0,32 3. Eclipta prostrata L. AGRIÃO-DO- BREJO 11,23-31,80 Folhas, galhos e flores 30,22 26,99 4. Lantana camara L. CAMARÁ- CHUMBINHO 3,10-21,80 10,70 Flores Folhas 2,06 1,87 5. Ocimum gratissimum L. ALFAVACA- CRAVO 0,80 Folhas 0,97 0,79 6. Persea americana Mill ABACATEIRO 5,00 5,90 Folha Fruto - 5,18 7. Plectranthus ornatus Cold BOLDO- GAMBÁ 2,90-3,30 Folhas 2,03 1,53 AV: Técnica de extração por arraste à vapor HD: Técnica de extração por hidrodestilação 62 4.3- Espectros de Massas e Representação Estrutural Os espectros de massas utilizados na identificação dos constituintes dos extratos voláteis das sete espécies investigadas bem como a representação estrutural de todos os compostos identificados encontram-se abaixo. Figura 22- Espectro de massas e representação estrutural do β-cariofileno Figura 23- Espectro de massas e representação estrutural da crisantenona Figura 24- Espectro de massas e representação estrutural do γ-elemeno H H O 63 Figura 25- Espectro de massas do cedr-8-eno Figura 26- Espectro de massas e representação estrutural do α-humuleno Figura 27- Espectro de massas e representação da estrutural do β-cubebeno 64 Figura 28- Espectro de massas e representação estrutural do eugenol Figura 29- Espectro de massas e representação estrutural do 1,8-cineol Figura 30- Espectro de massas e representação estrutural do elixeno Figura 31- Espectro de massas e representação estrutural do germacreno D OH OCH3 O 65 Figura 32- Espectro de massas e representação estrutural do cariofileno epoxido 4.4- Isolamento Parcial de α-humuleno Nesta etapa do trabalho, objetivou-se isolar o α-humuleno para utilizá-lo como padrão, na elaboração de uma curva analítica, para a determinação quantitativa deste composto em todos os extratos obtidos, em concordância com a metodologia utilizada na padronização de ativos em fitofámacos. Para alcançar este objetivo, realizou-se primeiramente várias extrações por hidrodestilação das folhas de Eclipta prostata, que apresentou o maior teor de α-humuleno, porém o teor deóleo obtido (0,02%) inviabilizou o uso desta planta para este fim. Como segunda opção, foram realizadas mais de 20 extrações por HD das folhas de Aloysia virgata, (material vegetal coletado no Apiário da UFC), sem, no entanto, ter obtido quantidade suficiente para o isolamento do α-humuleno. Devido a indisponibilidade de material vegetal das sete espécies utilizadas neste trabalho, optou-se pelo uso dos neutros do óleo essencial do cravo da índia, que é comercialmente disponível. Seus botões florais podem produzir até 15% de óleo essencial (TAINTER et al., 1993) e a amostra obtida apresentou por análise em CG-EM, 13,43% de -humuleno. Inicialmente a amostra foi analisada por cromatografia líquida de alta eficiência com detector de UV-VIS (CLAE-UV-VIS), para o estabelecimento das condições cromatográficas a ser utilizadas no estudo. O cromatograma desta análise encontra-se na figura 33. O 66 Figura 33: Cromatograma CLAE-UV-VIS do neutros do óleo essencial do cravo da índia Atribuiu-se o pico 3 como sendo referente ao β-cariofileno e o pico 4 como sendo do α-humuleno, cujos tempos de retenção no cromatograma foram de 5,4 e 7,2 min, respectivamente, pois essas substâncias se apresentavam como constituintes majoritários nesta amostra de óleo essencial tendo como base dados fornecidos por CG/EM. Os espectros na região do UV obtidos para os picos com tempos de retenção de 5,42min e 7,18min encontram-se nas figuras 34 e 35, em que observa-se perfil muito semelhante para os dois espectros, com seus máximos em 203 nm e mínimos em 196 nm, o que está de acordo com a estrutura química dos dois sesquiterpenos, ambos cíclicos e com insaturações não conjugadas. Figura 34: Espectro na região do composto de tempo de retenção de 5,42 min Spectrum at time 5.42 min. nm 200 300 400 500 600 m A U 0 200 400 600 m A U 0 200 400 600 5.42 min Lambda max : 203 228 281 656 485 Lambda min : 196 225 253 327 322 67 Figura 35: Espectro na região do composto de tempo de retenção de 7,18min O óleo essencial do cravo foi tratado em coluna cromatográfica em gel de sílica e as frações obtidas analisadas em CCD e comparadas com a amostra original, e reunidas em duas novas frações denominadas F1 e F2 por semelhança de Rf. As frações foram submetidas a análise por CG/EM atribuindo-se a identidade de F1 para β- cariofileno e F2 para α-humuleno. F1 e F2 foram analisadas por CLAE-UV-VIS e seus cromatogramas encontram-se nas figuras 36 e 39. Figura 36: Cromatograma CLAE-UV-VIS de F1 Minutes 0 5 10 15 20 25 30 0 10 20 30 1 2 Spectrum at time 7.18 min. nm 200 300 400 500 600 m A U 0 25 50 75 m A U 0 25 50 75 7.18 min Lambda max : 203 230 280 656 485 Lambda min : 196 219 253 376 594 68 Figura 37: Espectro na região do UV-VIS de F1 Figura 38: Cromatograma CLAE-UV-VIS de F1 (preto) em sobreposição com a amostra original (azul) Observou-se que no cromatograma de F1, o tempo de retenção do pico mais intenso (atribuído ao β-cariofileno) que foi de 3,5 min constatando-se uma diferença significativa do esperado (5,4 min) nas mesmas condições cromatográficas. Fez-se então, a sobreposição dos cromatogramas de F1 e a amostra original, constatando-se a diferença Fig. 38). Com base nestes dados, podemos propor que ocorreu uma modificação estrutural do β-cariofileno durante o processo de purificação, para um composto de menor tempo de retenção, provavelmente de maior polaridade. Minutes 0 5 10 15 20 25 30 0 10 20 30 1 2 Spectrum at time 3.48 min. nm 200 300 400 500 600 m A U 0 25 50 m A U 0 25 50 3.48 min Lambda max : 201 256 251 263 655 Lambda min : 254 261 195 213 354 69 No cromatograma de F2 (figura 39) do pico 12 ocorre no mesmo tempo de retenção (atribuído ao humuleno), porém com várias impurezas. Figura 39: Cromatograma CLAE UV-VIS de F2 Figura 40: Espectro na região do UV-VIS de F2 Sucessivas colunas mantendo as mesmas condições cromatográficas foram realizadas após essa análise com o intuito de acumular material para posteriormente, purificar completamente o composto desejado. Então, todas as frações eluídas com hexano:clorofórmio (8:2) das colunas cromatográficas foram reunidas em uma nova fração F2-P e analisada por CLAE-UV-VIS (figura 41). Minutes 0 5 10 15 20 25 30 0 20 40 60 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 2 0 2 1 2 2 2 3 2 4 2 5 2 6 2 7 2 8 2 9 3 0 3 1 3 2 3 3 3 4 3 5 3 6 Spectrum at time 7.09 min. nm 200 300 400 500 600 m A U 0 1000 2000 m A U 0 1000 2000 7.09 min Lambda max : 208 229 193 279 655 Lambda min : 220 192 195 253 325 70 Figura 41: Cromatograma CLAE-UV-VIS de F2-P Figura 42: Espectro na região do UV-VIS de F2-P Minutes 0 5 10 15 20 25 30 -1 0 1 2 1 2 3 Spectrum at time 7.08 min. nm 200 300 400 500 600 m A U 0 20 40 m A U 0 20 40 7.08 min Lambda max : 202 228 226 656 485 Lambda min : 227 221 195 285 254 71 Figura 43: Cromatograma CLAE-UV-VIS de F2-P (preto) em sobreposição a amostra original (azul) A análise dos dados obtidos permitiu verificar que após todo o procedimento cromatográfico empregado, através de colunas cromatográficas, não tinha levado ao objetivo esperado (obter α-humuleno puro). O óleo foi então submetido à separação utilizando-se como técnica a cromatografia planar preparativa com o objetivo de separar os dois compostos detectados em maior concentração (β-cariofileno e α-humuleno). A placa após ser eluída em benzeno: éter etílico: hexano (5:1:4) foi submetida ao método físico de exposição á radiação de luz ultravioleta (UV) e as faixas foram visualizadas apresentando uma distância considerável entre elas. Desta forma as faixas foram retiradas das placas por raspagem e deixadas em contato com clorofórmio, depois filtrado e submetido à evaporação em evaporador rotativo à pressão reduzida. Após serem separadas por cromatografia planar preparativa, as novas frações foram denominadas F1-PP e F2-PP, e analisadas por CLAE-UV-VIS. Os cromatogramas obtidos encontram-se nas figuras 44 e 45. Figura 44: Cromatograma CLAE-UV-VIS de F1-PP obtida pela cromatografia planar preparativa Minutes 0 5 10 15 20 25 30 -1 0 1 2 1 2 3 Minutes 0 5 10 15 20 25 30 0 25 50 1 2 3 4 5 72 Figura 45: Cromatograma CLAE-UV-VIS de F1-PP (preto) em sobreposição a amostra original (azul) Figura 46: Cromatograma CLAE-UV-VIS de F2-PP obtida pela cromatografia planar preparativa Figura 47: Cromatograma CLAE-UV-VIS de F2-PP (preto) em sobreposição a amostra original (azul) Minutes 0 5 10 15 20 25 30 0 10 20 1 2 3 4 5 Minutes 0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 2 0 2 1 2 2 2 3 2 4 2 5 2 6 2 7 2 8 2 9 3 0 3 1 Minutes 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 -2 0 2 4 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 2 0 2 1 2 2 2 3 2 4 2 5 2 6 2 7 2 8 2 9 3 0 3 1 73 A análise dos cromatogramas obtidos confirmou que também esta técnica, não produziu os resultados esperados. Devido aos vários picos detectados, a amostra ao invés de mais pura se encontrava mais complexa, provavelmente por reação com a sílica no processo de purificação. Devido o exposto, não foi possível obter -humuleno em pureza satisfatória para ser utilizado como padrão e determinar por CLAE o teor deste composto nas amostras de óleos estudadas. 74 CAPÍTULO 5: ENSAIOS BIOLÓGICOS 75 5- ENSAIOS BIOLÓGICOS 5.1- Avaliação da Atividade Antiinflamatória 5.1.1- Atividade antiinflamatória
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